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Unifran Curso de Medicina Veterinária

Trabalho de Medicina de animais silvestres

Nome: Higor Henrique Andrade Bastianini

Rgm: 17695287

Miopatia de captura

A miopatia de captura é uma síndrome que envolve o estresse em animais selvagens ao


passarem por uma situação de contenção, manuseio e transporte destes animais, gerando
uma série de alterações fisiológicas, como a prolongada utilização do metabolismo anaeróbico,
produzindo grande quantidade de ácido lático, acidose metabólica severa, necrose muscular
secundária. Para evitar a ocorrência dessa enfermidade, o melhor é a prevenção, respeitando
metodologias estudadas e revisadas que diminuem o impacto da contenção sobre
os animais, métodos de contenção a partir de substâncias químicas, como a xilazina e
algumas drogas neurolépticas (LENNES et al., 2010).

Para as praticas de manejo, a contenção física dos animais se encontra necessária e este
é um dos principais fatores estressantes para os animais silvestres. Deste modo a contenção
do animal pode desencadear uma situação de estresse agudo, gerando uma resposta
fisiológica e comportamental de um indivíduo que procura se adaptar às forças adversas,
denominadas agentes estressores, capazes de alterar a homeostasia (GIRALT, 2002; ROHLFS et
al., 2005).Efeitos negativos no crescimento, metabolismo, circulação, reprodução e resposta
imunológica podem aparecer quando este estimulo nocivo for intenso ou excessivamente
prolongado provocando um desequilíbrio no organismo do animal , afetando as funções
fisiológicas (CHARMANDARI et al., 2005). Ao sofrer de estresse, o eixo hipotalâmico libera
catecolaminas, que irão causar uma série de eventos no corpo. Essa ação do hipotálamo deixa
o animal alerta, causando aumento da frequência cardíaca e contração do baço, além de
reduzir a circulação sanguínea periférica, com o objetivo de aumentar a distribuição do sangue
aos órgãos vitais. Além disso, as catecolaminas causam falta de ar e captam mais oxigênio para
o corpo (BONDAN & ORSINI, 2006). O hormônio liberado sob alto estresse é o cortisol (SCHOLZ
& REINHARDT, 2007). O cortisol altera o metabolismo de carboidratos, gorduras e proteínas,
permite que as células obtenham energia e pode prolongar a resposta aos estressores
(GUYTON & HALL, 2006). A miopatia de captura pode ser definida como uma doença muscular
degenerativa com um prognóstico muito ruim.. Essa síndrome é manifestada por severa
acidose metabólica, além de necrose muscular secundária à intensa atividade dos músculos e
acúmulo de ácido lático (BEDOTTI et al., 2004).

Classificação

Pode apresentar a forma hiperaguda (a morte ocorre em poucos minutos, por falha do
sistema cardiovascular), aguda (havendo ruptura muscular, os animais podem permanecer
parados, mas com quadros de ataxia, o animal vem a óbito em um período de 24 a 48 horas),
subaguda (caracterizada por um quadro de acidose metabólica, fase responsável por lesões
musculares e renais) e crônica (os animais podem sobreviver durante dias ou meses, até
evoluírem ao óbito subitamente devido a um colapso cardíaco) (LANNES ST et al., 2010).
Patogenia

A patogênese da miopatia de captura envolve duas teorias inter-relacionadas:


alterações do pH e hipóxia tecidual, levando à morte das fibras musculares e liberação de
potássio, mioglobina e ácido lático, essas substâncias desempenham um papel importante na
ocorrência da miopatia (DIAS, 1993) . O potássio atua no músculo cardíaco, causando
fibrilação, e a hipercalemia pode explicar a causa da morte por insuficiência cardíaca. Devido à
toxicidade extremamente alta da mioglobina, a hipermioglobinemia pode causar necrose
tubular aguda, que por sua vez causa insuficiência renal aguda. A acidose causada por altos
níveis de ácido lático pode diminuir o pH, levando a choque e falha sistêmica (DIAS, 1993).

Diagnóstico

As principais alterações laboratoriais são acidose, aumento da creatinina fosfoquinase e


lactato desidrogenase e baixa frequência de hipercalemia (DIAS, 1993). Uma forma diagnóstica
de miopatia é a dosagem da lactato desidrogenase (LDH) sérica por ser um importante
marcador de lesão muscular (LANNES ST et al., 2010). A LDH é uma enzima encontrada em
vários tecidos, principalmente no músculo esquelético, miocárdio, fígado e células vermelhas
do sangue, bem como nos rins, ossos e pulmão (BAPTISTELLA, 2009). O uso prolongado do
metabolismo anaeróbio levará à redução do piruvato, utilizando, assim, o NADH gerado na
fase de oxidação para a produção de ácido lático. Durante o exercício prolongado, ocorre nas
hemácias (sem mitocôndrias) e nos músculos esqueléticos (GONZÁLEZ & SILVA, 2006). O
aumento da LDH pode estar relacionado a várias causas de lesão muscular e deficiência de
vitamina E, selênio e mioglobinúria.. É uma enzima que se apresenta como um bom indicador
de lesão muscular, entretanto usa-se em conjunto com CK e AST para monitorar a intensidade
de exercícios (GONZÁLEZ & SILVA, 2006).

Tratamento

A principal forma de tratamento da miopatia de captura é a prevenção. Evite


procedimentos de contenção que coloquem pressão excessiva sobre os animais, evitar
capturar animais durante as estações mais quentes e chuvosas do dia e / ou do ano, realizar
transporte adequado e monitorar continuamente a temperatura corporal do animal (LANNES
ST et al., 2010). Uma vez que a miopatia de captura provou ser um obstáculo para o manuseio
seguro de espécies de animais selvagens, o principal desafio para o manuseio durante a
contenção é desenvolver tecnologias que minimizem o risco de estresse, ferimentos e morte
dos animais. É uma prática comum capturar animais silvestres, incluindo filhotes como veados
(KILPATRICK & SPOHR, 1999). Práticas erradas se tornaram a causa da morte desses animais.

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