Você está na página 1de 4

https://blog.juriscorrespondente.com.

br/o-que-todo-profissional-de-
direito-precisa-saber-sobre-o-pacote-anticrime/
A Lei nº 13.964/19, popularmente conhecida como Pacote Anticrime,
entrou em vigor no dia 23/01/2020, com exceção do juiz de garantias
e artigo 310, parágrafo 4º do Código de Processo Penal (CPP),
institutos com aplicação suspensa por decisão do STF e, apesar de
ser uma lei nova, impacta todo o sistema penal brasileiro, pois
promoveu diversas alterações legislativas.
O objetivo do Pacote Anticrime é tornar mais efetivo o combate à
criminalidade e, para isso, promoveu mudança em 51 artigos do
Código Penal e 17 leis especiais, como a Lei nº 8.702/90 (Lei de
Crimes Hediondos), Lei nº 8.429/92 (Lei de Improbidade
Administrativa), Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), dentre
outras.
A seguir, separamos para você as principais mudanças do Pacote
Anticrime.

1 – Afinal, o que é o Juiz de Garantias?


O juiz de garantias, previsto no artigo 3º-A e seguintes do Pacote
Anticrime, prevê uma juíza ou juiz específico para atuar na fase de
inquérito policial e outra juíza ou juiz responsável pelo julgamento do
processo.
Atualmente, todos os atos relativos ao processo penal são feitos por
um único juiz ou juíza, sendo que, a existência do juiz de garantias
pode conduzir ao julgamento imparcial de uma causa.
Entretanto, a aplicação desse instituto está suspensa por tempo
indeterminado, segundo decisão proferida em 22 de janeiro de 2020,
pelo Ministro do STF, Luiz Fux, na Ação Direta de Inconstitucionalidade
6.229/DF.
De acordo com a decisão do STF, é preciso que haja uma análise da
constitucionalidade do juiz de garantias antes de sua aplicação. Além
disso, deve ser verificada a dotação orçamentária do Judiciário para
assegurar a criação e funcionamento do instituto de forma eficiente.

2 – Aumento de pena privativa de


liberdade
O Código Penal estabelecia que a pena privativa de liberdade não
podia ser superior a 30 anos.
Atualmente, com a redação do artigo 75 do Pacote Anticrime, esse
prazo aumentou para 40 anos. Assim, de acordo com a nova previsão
legal:
Art. 75 – O tempo de cumprimento das penas privativas

de liberdade não pode ser superior a 40 (quarenta) anos.

3 – Combate às organizações
criminosas
O Pacote Anticrime alterou, em alguns aspectos, a Lei nº 12.850/2013,
que trata sobre as Organizações Criminosas, para estipular
penalidades mais severas aos que cometem tais crimes.
O artigo 2º, § 8º da Lei nº 12.850/2013, regulamentado pelo Pacote
Anticrime, estabelece que as lideranças de organizações criminosas
armadas ou que tenham armas à disposição, deverão iniciar o
cumprimento da pena em estabelecimentos penais de segurança
máxima.
Já o § 9º da Lei nº 12.850/2013, também regulamentado pelo Pacote
Anticrime, dispõe que os integrantes de organização criminosa ou
quem praticou crime por meio de organização criminosa, após
condenação expressa em sentença, não poderão progredir de regime
de cumprimento de pena ou obter livramento condicional ou outros
benefícios prisionais, se houver elementos probatórios que indiquem a
manutenção do vínculo associativo.

4 – Legítima defesa aplicada ao agente


de segurança pública
O art. 25 do Código Penal dispõe sobre as hipóteses de legítima
defesa. O Pacote Anticrime ampliou tais hipóteses, ao incluir o
parágrafo único, que estende esse benefício aos agentes de
segurança pública.
Entende-se por agentes de segurança pública todos aqueles definidos
no art. 144 da Constituição Federal de 1988:
 Polícia federal;
 Polícia rodoviária federal;
 Polícia ferroviária federal;
 Polícias civis;
 Policias militares e corpos de bombeiros militares.
Assim, durante a prática de um crime, em casos de agressão ou risco
de agressão à vítima, as polícias acima mencionadas poderão utilizar
de qualquer forma de cessar a ofensa, como, por exemplo, por meio de
atiradores de elite. Nesses casos, os agentes de segurança pública
poderão alegar em seu favor, o argumento da legítima defesa.

5 – Alterações no artigo 157 do Código


Penal (Crime de Roubo)
O Pacote Anticrime alterou o art. 157 do Código Penal, que dispõe
sobre o crime de roubo, para incluir nas hipóteses de majoração da
pena o emprego de arma branca, cuja penalidade poderá aumentar de
um terço até a metade.
Além disso, o Pacote Anticrime incluiu o parágrafo § 2º-B ao artigo
157 do Código Penal, que prevê a possibilidade de aumento do dobro
da pena, ou seja, de 8 a 20 anos de reclusão, quando o crime for
cometido com arma de fogo de uso restrito ou proibido.
A saber, arma de fogo de uso permitido é aquela cuja utilização é
autorizada a pessoas físicas, bem como a pessoas jurídicas, de
acordo com as normas do Comando do Exército e nas condições
previstas na Lei nº 10.826/03 e, arma de fogo de uso restrito, é aquela
de uso das Forças Armadas, de instituições de segurança pública e de
pessoas físicas e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo
Comando do Exército, de acordo com legislação específica.
As alterações legislativas feitas pelo Pacote Anticrime estão, ainda,
em fase de construção doutrinária e jurisprudencial, pois muitos
aspectos não foram aplicados na prática, devido a recente entrada em
vigor da Lei.
Neste artigo abordamos as principais novidades sobre a matéria e
selecionamos os pontos da Lei que não podem passar despercebidos
pelos profissionais de Direito.
À medida em que houver novidades e pontos controvertidos desta Lei,
este tema será abordado aqui no blog do Juris. Nos acompanhe para
se atualizar sobre os impactos do Pacote Anticrime no sistema penal
brasileiro.

Você também pode gostar