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Brasília (DF), 19 de outubro de 2021.

VIA VIVA

Seminário Socioambiental em Infraestrutura de transportes

Ministério da Infraestrutura
Introdução
• Boa tarde a todos.
• Gostaria de começar cumprimentando todos os participantes do evento e os componentes
desta mesa de abertura:
o Tarcísio Gomes de Freitas, Ministro da Infraestrutura;
o Marcelo Sampaio, Secretário Executivo do Ministério da Infraestrutura;
o Larissa Carolina dos Santos, Subsecretária de Sustentabilidade do Ministério da
Infraestrutura;
o Marcelo Marcos Morales, Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações – Substituto;
o Morgan Doyle, Representante do Grupo BID no Brasil;
o Heiko Thoms, Embaixador da Alemanha no Brasil;
o Leisa Sousa, Head da América Latina, Climate Bonds Initiative.
• É um prazer participar desse evento, que trata de estratégias para fortalecer investimentos
sustentáveis na infraestrutura de transportes e aspectos de resiliência relacionados a
mudanças do clima.

• A questão ambiental e climática, que há muito tempo é tema de grande importância na


agenda internacional, ganhou um impulso ainda mais significativo após a pandemia da
Covid-19 e tem permeados todos os aspectos das decisões econômicas.

o A sociedade demanda cada vez mais que a recuperação seja sustentável e inclusiva.

• Estamos cientes das crescentes preocupações com o desenvolvimento sustentável.

• Essa agenda sustentável apresenta enormes desafios, mas também grandes


oportunidades.

o No caso do sistema financeiro, há um componente de gerenciamento dos riscos


sociais, ambientais e climáticos, mas há também potencial para o desenvolvimento
de investimentos sustentáveis.

o O Brasil, tendo em vista sua riqueza ambiental, possui enorme potencial de


crescimento de investimentos sustentáveis.

▪ Isso inclui a área de infraestrutura de transportes.

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• Assim, gostaria de falar um pouco sobre a contribuição do Banco Central (BC) para essa
agenda.

• Em setembro de 2020, o Banco Central lançou a sua agenda de sustentabilidade, como


novo pilar da sua agenda estratégica (Agenda BC#).
• No caso dos bancos centrais, uma agenda de sustentabilidade é importante porque as
questões relacionadas à sustentabilidade têm potencial para afetar as duas principais
missões dessas instituições:
o A política monetária; e
o A estabilidade financeira.
• No que tange a política monetária:
o Choques ambientais e climáticos podem afetar a oferta de produtos e serviços,
impactando a taxa de inflação.
o No período recente, o Brasil presenciou diversos choques climáticos adversos como
ondas de calor, geadas e secas prolongadas.
o Esses choques afetaram os preços de alimentos e energia, com impactos na inflação
brasileira.
o Esse, contudo, não é um problema de caráter local, mas mundial.
o No longo prazo, esses choques podem ter efeitos duradouros na economia,
afetando a produtividade, o crescimento econômico e a taxa de juros neutra.
• No que diz respeito a solidez dos sistemas financeiros:
o As autoridades monetárias precisam avaliar as vulnerabilidades do sistema
financeiro em relação aos choques climáticos, uma vez que eles podem provocar
mudanças nas avaliações de ativos e perdas para o sistema.
o É preciso também que cada vez mais os reguladores incorporem às suas atividades
de supervisão a análise dos riscos sociais, ambientais e climáticos, que podem ter
impacto na estabilidade de curto e longo prazo do sistema financeiro e nas variáveis
macroeconômicas de cada país.
• Para lidar com esses desafios, os bancos centrais precisam permanecer na fronteira do
conhecimento e das ações, respondendo:
o À evolução das demandas da sociedade;
o Às mudanças estruturais na economia; e

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o Aos choques e riscos, presentes e futuros.
Agenda de sustentabilidade do BC
• O BC tem um longo histórico de apoiar a agenda ambiental, de implementar medidas
relacionadas ao assunto e de participar ativamente do debate internacional.
• Especialmente na última década, o BC emitiu diversos normativos com o intuito de iniciar
a integração de fatores sociais e ambientais na análise de risco das instituições financeiras.
o Em 2014, por exemplo, estabelecemos as diretrizes das políticas de
responsabilidade socioambiental (S&E) para as IFs brasileiras; e
o Em 2017, incluímos o risco socioambiental entre aqueles que as IFs devem
identificar, medir, avaliar, controlar e mitigar.
• A atual Agenda BC# Sustentabilidade tem como objetivo liderar pelo exemplo dentro do
Sistema Financeiro Nacional (SFN) e entregar resultados concretos à sociedade, em
consonância com as melhores práticas internacionais.
• Essa agenda de sustentabilidade tem diversos tipos de ações:
o Internas;
o Políticas;
o Regulatórias e de supervisão; e
o Parcerias.
• Gostaria de mencionar exemplos de ações da nossa agenda sustentável, algumas já
entregues e outras ainda em andamento:
• Considerando o seu objetivo de liderar pelo exemplo, o BC implementou internamente
diversas medidas, tais como:
o A inclusão de aspectos socioambientais na Gestão Integrada de Riscos do BC;
o O desenvolvimento do relatório de riscos socioambientais do BC; e
o A inclusão de critérios de sustentabilidade na gestão das reservas internacionais.
• Outro fator importante para o desenvolvimento da nossa agenda foi o estabelecimento de
parcerias. Nesse sentido, o BC:
o Aderiu à Network for Greening the Financial System (NGFS);
o Assinou memorando de entendimento com a Climate Bonds Initiative (CBI);
o Participa em cooperação técnica com a Sociedade Alemã para a Cooperação
Internacional (GIZ) no projeto Finanças Brasileiras Sustentáveis (FIBraS) .

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• As parcerias trazem diversos benefícios, tais como:
o A troca de experiências e de conhecimento acerca das melhores práticas em
questões socioambientais;
o A troca de informações sobre a promoção de finanças sustentáveis e a gestão
adequada dos riscos sociais, ambientais e climáticos no setor financeiro; e
o A melhoria na análise de dados e a mitigação dos riscos socioambientais no sistema
financeiro.
• Na área de supervisão, o BC está promovendo a estruturação e a ampliação da coleta de
informações sobre riscos socioambientais, bem como a realização de testes de estresse
para riscos climáticos.
o Trata-se da inclusão de cenários de risco climático em novos e aprimorados testes
de estresse realizados pelo BC, em consonância com as melhores práticas
internacionais.
• Na área de regulação, o BC tem dialogado com a sociedade. Para isso, o BC tem feito uso
de consultas públicas para receber contribuições da sociedade para diversos temas a serem
regulados.
o Em 2021, por exemplo, duas ações da agenda de sustentabilidade foram
regulamentadas após serem objetos de consulta pública. Essas ações tratavam:
▪ Da política de gerenciamento de riscos sociais, ambientais e climáticos; e
▪ Da divulgação, pelas IFs, de informações relacionadas a questões sociais,
ambientais e climáticas.
o A primeira ação estende os requisitos regulatórios aplicáveis à gestão dos riscos
tradicionais aos riscos sociais, ambientais e climáticos. Além disso, também
estabelece uma gestão integrada de todos os riscos.
o A segunda ação trata dos requisitos para a divulgação de informações relativas aos
riscos e às oportunidades decorrentes de questões sociais, ambientais e climáticas.
Os requisitos são organizados em quatro grupos: governança; estratégias;
gerenciamento de riscos; e métricas e metas.
• Por último, gostaria de falar de uma importante ação em desenvolvimento: a Criação do
Bureau de Crédito Rural Sustentável (Bureau Verde)

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o A medida busca definir critérios de sustentabilidade aplicáveis às concessões de
crédito rural, que permitirão caracterizar as operações de crédito rural como
sustentáveis dos pontos de vista social, ambiental e climático.
o O Bureau será uma ferramenta para a gestão de risco pelas instituições financeiras
e um passo importante para o desenvolvimento de um mercado de títulos verdes,
bem como para a securitização dessas operações de crédito verde.
o Orientado pelos princípios do Open Finance, permitirá que beneficiários do crédito
rural compartilhem suas informações com qualquer interessado, sem necessidade
de intermediação de agentes financeiros.
o Esse compartilhamento de informações permitirá uma melhor precificação dos
ativos, beneficiando as condições de crédito para aqueles em conformidade com os
critérios de sustentabilidade.
o Além disso, o Bureau também poderá auxiliar os formuladores de políticas na
concessão de incentivos para projetos rurais sustentáveis.

Conclusão
• Para finalizar, gostaria de ressaltar que o objetivo dessa agenda é, dentro do mandato do
BC, induzir as condições para o desenvolvimento de finanças sustentáveis no SFN, o que
inclui:
o Melhores práticas internacionais relacionadas a finanças sustentáveis;
o Maior disponibilidade de recursos do sistema financeiro para empreendimentos
sustentáveis; e
o Melhor gerenciamento dos riscos sociais, ambientais e climáticos.
• Esse conjunto de medidas é extenso, mas de forma alguma exaustivo.
• O plano é permanecer na fronteira para enfrentar os presentes e os futuros desafios
sociais, ambientais e climáticos, uma vez que esta é uma área em constante evolução.

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