Você está na página 1de 4

Fernand Braudel

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Fernand Braudel (Luméville-en-Ornois, 24 de agosto de


1902[1][2] — Cluses, 27 de novembro de 1985) foi um
Fernand Braudel
historiador francês e um dos mais importantes representantes
da chamada "escola dos Annales".
Nascimento 24 de agosto de 1902
Luméville-en-Ornois
Ao longo de sua vida, os seus estudos concentraram-se em
três projetos principais: Morte 27 de novembro de
1985 (83 anos)
Cluses
O Mediterrâneo (1923 – 1949, e depois 1949 –
1966); Sepultamento cemitério do Père-
Lachaise
Civilização e Capitalismo (1955-1979); e a
inacabada Cidadania França

Identidade de França (1970-1985). Cônjuge Paule Braudel


Alma mater Universidade de Paris
A sua reputação decorre em parte dos seus escritos, mas Lycée Voltaire
principalmente de seu sucesso em fazer da escola dos Annales
Ocupação historiador, professor,
o mais importante motor da pesquisa histórica em França, e professor universitário,
em grande parte do mundo, após a década de 1950. Como professor
principal líder da escola historiográfica dos Annales nas Prêmios Comandante da
décadas de 1950 e 1960, exerceu enorme influência na escrita Legião de Honra
da História na França e em outros países a partir de então. Doctor honoris causa
pela Universidade
Braudel tem sido considerado um dos maiores historiadores Complutense de Madri
modernos que têm enfatizado o papel dos fatores (1964)
socioeconómicos em grande escala na pesquisa e escrita da doutor honoris causa
da Universidade de
História. Ele também pode ser considerado como um dos Leiden (1975)
precursores da teoria dos sistemas-mundo.
Empregador Universidade de São
Paulo, École des
hautes études en
sciences sociales,
Índice Collège de France,
Instituto de Estudos
Biografia Políticos de Paris,
Universidade de Paris,
Obra escola Prática de Altos
Ver também Estudos, Universidade
de Argel Benyoucef
Referências Benkhedda, Lycée
d'Aumale
[edite no Wikidata]
Biografia
Braudel nasceu em Luméville-en-Ornois (a partir de 1943 mesclado com, e parte do Gondrecourt-le-
Château), no departamento de Meuse, na França. O seu pai, que era um matemático natural, ajudou-o em
seus estudos. Braudel também estudou Latim e um pouco de Grego.
Aos 20 anos tornou-se "agrégé" em História. Enquanto lecionava em uma escola secundária na Argélia
(1923–1932), ficou fascinado pelo mar Mediterrâneo. De 1932 a 1935 lecionou nos liceus Pasteur,
Condorcet e Henri-IV em Paris, vindo a conhecer Lucien Febvre, o co-fundador da influente revista
Annales.[3]

No início do século XX o estado de São Paulo, no Brasil, embora enriquecido pelas exportações de café,
ainda não tinha uma universidade. Em 1934, por decisão e sugestão dos intelectuais que se reuniam todas
as noites na redação do jornal O Estado de S. Paulo, liderados pelo jornalista positivista Júlio de Mesquita
Filho, o então governador do estado de São Paulo, Armando de Salles Oliveira, decidiu criar a
Universidade de São Paulo, como universidade pública, laica e gratuita. Enviou à Europa o matemático,
também positivista, professor Teodoro Ramos, da já existente Escola Politécnica de São Paulo, para
recrutamento de professores e pesquisadores das várias áreas do conhecimento. Dentre os convidados, na
França, jovens professores como o antropólogo Claude Lévi-Strauss, o historiador Fernand Braudel, o
sociólogo Roger Bastide, o geógrafo Pierre Deffontaines, que já se encontrava no Brasil e que proferiria a
aula inaugural. Nas áreas das Ciências Exatas e Biológicas, professores foram também recrutados na
Alemanha e na França. Braudel retornou a Paris em 1937. Tinha então iniciado a pesquisa arquivística em
seu doutoramento no Mediterrâneo quando caiu sob a influência da escola dos Annales por volta de 1938.
Nessa época ingressou na École pratique des hautes études (EPHE) como docente de História. Trabalhou
com Lucien Febvre, autor de "Philippe II et la Franche-Comté. Étude d'histoire politique, religieuse et
sociale." (1912), que mais tarde iria ler as primeiras versões da obra magna de Braudel e fornecer-lhe
aconselhamento editorial.[4]

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial em 1939, foi convocado para o serviço militar, e
posteriormente foi feito prisioneiro em 1940 pelos alemães. Enquanto prisioneiro de guerra em um campo
perto de Lübeck, na Alemanha, Braudel elaborou o seu trabalho "La Méditerranée et le Monde
Méditerranéen à l'époque de Philippe II" ("O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico à Época de Filipe
II"), sem acesso a seus livros ou notas, baseando-se apenas em sua prodigiosa memória e numa biblioteca
local.[5]

Braudel tornou-se o líder da segunda geração de historiadores dos Annales após 1945. Em 1947, com
Febvre e Charles Morazé, obteve financiamento da Fundação Rockefeller, em Nova York e fundou a
prestigiosa Sixième Section, para "Economia e Ciências Sociais" na "École pratique des hautes études".

Em 1962 ele e Gaston Berger usaram a garantia da Fundação Ford e fundos do governo para criar uma
nova fundação independente, a "Fondation Maison des Sciences de l'Homme" (FMSH), sediada no
edifício de mesmo nome, e que Braudel dirigiu a partir de 1970 até à sua morte. A FMSH focou as suas
atividades em "networking" internacional para disseminar a abordagem dos Annales à Europa e ao mundo.
Em 1972 Braudel deixou toda a responsabilidade editorial na revista, embora o seu nome tenha
permanecido no cabeçalho.[6]

Em 1962 escreveu uma "História das Civilizações", como base para um currículo de História, mas a sua
rejeição da narrativa tradicional baseada em eventos era arrojada demais para o Ministro Francês da
Educação, que a recusou.

Uma característica do trabalho do Braudel era sua compaixão para com o sofrimento dos povos
marginalizados. Ele observou que muitas das fontes históricas sobreviventes provinham das classes ricas
alfabetizadas. Enfatizou a importância da vida efêmera dos escravos, servos, camponeses e dos pobres
urbanos, demonstrando a sua contribuição para a riqueza e o poder dos seus respectivos senhores e das
sociedades. O seu trabalho foi muitas vezes ilustrado com representações contemporâneas da vida
quotidiana, e raramente com imagens de nobres ou reis.
Em 1949, Braudel foi eleito para o "Collège de France" diante da aposentadoria de Febvre. Co-fundou o
jornal acadêmico "Revue économique" em 1950. Aposentou-se em 1968. Em 1983 foi eleito para a
"Académie française".

Obra
"La Méditerranée et le Monde Méditerranéen a l'époque de Philippe II" (3 vols.) Tradução
portuguesa: O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Filipe II - 2 vols. Lisboa,
Publicações D. Quixote. Também publicado no Brasil, com o mesmo título e em 2 volumes
pela Edusp, 2016.
"[La part du milieu']'" (v. 1) Tradução portuguesa: A parte do Meio ISBN 2-253-06168-9
"Destins collectifs et mouvements d'ensemble" (v. 2) Tradução portuguesa: Destinos
coletivos e movimentos de conjunto ISBN 2-253-06169-7
"Les événements, la politique et les hommes" (v. 3) Tradução portuguesa: Os
acontecimentos, a política e os homens ISBN 2-253-06170-0
"Ecrits sur l'Histoire" (1969) ISBN 2-08-081023-5 Tradução portuguesa: Escritos sobre a
História. Lisboa, Publicações D. Quixote.
"The Mediterranean in the Ancient World"
"Civilisation matérielle, économie et capitalisme, XVe-XVIIIe siècle" (1979) Tradução
portuguesa: A Civilização Material - 3 vols. Lisboa, Teorema.
"Les structures du quotidien" (v. 1) ISBN 2-253-06455-6
"Les jeux de l'échange" (v. 2) ISBN 2-253-06456-4
"Le temps du monde" (v. 3) ISBN 2-253-06457-2
"Civilization and Capitalism, 15th–18th Centuries" (3 vols.) (1979)
"On History" (1980), tradução inglesa de "Ecrits sur l'Histoire" por Sian Reynolds
"La Dynamique du Capitalisme" (1985) ISBN 2-08-081192-4 Tradução portuguesa: A
Dinâmica do Capitalismo. Lisboa, Teorema.
"The Identity of France" (1986)
"Ecrits sur l'Histoire II" (1990) ISBN 2-08-081304-8
"Out of Italy, 1450–1650" (1991)
"A History of Civilizations" (1995)
"Les mémoires de la Méditerranée" (1998) Tradução portuguesa: Memórias do
Mediterrâneo - Pré-História e Antiguidade. Lisboa, Terramar.
"Personal Testimony" in: Journal of Modern History, vol. 44, no. 4. (Dezembro de 1972)

Ver também
Escola dos Annales
Longa duração

Referências
1. Antonio Gasparetto Junior. «Biografia de Fernand Braudel» (http://www.infoescola.com/biogr
afias/fernand-braudel/). InfoEscola. Consultado em 13 de março de 2017
2. «Fernand Braudel» (http://brasilescola.uol.com.br/biografia/fernand-braudel.htm). Brasil
Escola UOL Consultado em 13 de março de 2017
Escola. UOL. Consultado em 13 de março de 2017
3. «Annales» (http://annales.ehess.fr/index.php?228). A revista dos Annales
4. «Fernand Braudel – A Biography» (http://www.riseofthewest.net/thinkers/braudel02.htm).
www.riseofthewest.net. Consultado em 29 de março de 2018
5. Fernand Braudel, Civilization & Capitalism, 15th-18th Century, translated from the French
and revised by Sian Reynolds, 3 vols. (New York: Harper & Row, Publishers, 1985);
Immanuel Maurice Wallerstein, The Politics of the World-Economy: The States, the
Movements, and the Civilizations (Cambridge, New York and Paris: Cambridge University
Press and Editions de la Maison des sciences de l’homme, 1984); and Giovanni Arrighi, The
Long Twentieth Century: Money, Power, and the Origins of Our Times. London: Verso, 1994.
6. «Fernand Braudel facts, information, pictures | Encyclopedia.com articles about Fernand
Braudel» (https://www.encyclopedia.com/people/history/historians-european-biographies/fer
nand-braudel). www.encyclopedia.com (em inglês). Consultado em 29 de março de 2018

Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Fernand_Braudel&oldid=61386074"

Esta página foi editada pela última vez às 12h58min de 14 de junho de 2021.

Este texto é disponibilizado nos termos da licença Atribuição-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada (CC BY-SA 3.0) da
Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de
utilização.

Política de privacidade
Sobre a Wikipédia
Avisos gerais

Programadores
Estatísticas
Declaração sobre ''cookies''

Você também pode gostar