Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
No início do século XX o estado de São Paulo, no Brasil, embora enriquecido pelas exportações de café,
ainda não tinha uma universidade. Em 1934, por decisão e sugestão dos intelectuais que se reuniam todas
as noites na redação do jornal O Estado de S. Paulo, liderados pelo jornalista positivista Júlio de Mesquita
Filho, o então governador do estado de São Paulo, Armando de Salles Oliveira, decidiu criar a
Universidade de São Paulo, como universidade pública, laica e gratuita. Enviou à Europa o matemático,
também positivista, professor Teodoro Ramos, da já existente Escola Politécnica de São Paulo, para
recrutamento de professores e pesquisadores das várias áreas do conhecimento. Dentre os convidados, na
França, jovens professores como o antropólogo Claude Lévi-Strauss, o historiador Fernand Braudel, o
sociólogo Roger Bastide, o geógrafo Pierre Deffontaines, que já se encontrava no Brasil e que proferiria a
aula inaugural. Nas áreas das Ciências Exatas e Biológicas, professores foram também recrutados na
Alemanha e na França. Braudel retornou a Paris em 1937. Tinha então iniciado a pesquisa arquivística em
seu doutoramento no Mediterrâneo quando caiu sob a influência da escola dos Annales por volta de 1938.
Nessa época ingressou na École pratique des hautes études (EPHE) como docente de História. Trabalhou
com Lucien Febvre, autor de "Philippe II et la Franche-Comté. Étude d'histoire politique, religieuse et
sociale." (1912), que mais tarde iria ler as primeiras versões da obra magna de Braudel e fornecer-lhe
aconselhamento editorial.[4]
Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial em 1939, foi convocado para o serviço militar, e
posteriormente foi feito prisioneiro em 1940 pelos alemães. Enquanto prisioneiro de guerra em um campo
perto de Lübeck, na Alemanha, Braudel elaborou o seu trabalho "La Méditerranée et le Monde
Méditerranéen à l'époque de Philippe II" ("O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico à Época de Filipe
II"), sem acesso a seus livros ou notas, baseando-se apenas em sua prodigiosa memória e numa biblioteca
local.[5]
Braudel tornou-se o líder da segunda geração de historiadores dos Annales após 1945. Em 1947, com
Febvre e Charles Morazé, obteve financiamento da Fundação Rockefeller, em Nova York e fundou a
prestigiosa Sixième Section, para "Economia e Ciências Sociais" na "École pratique des hautes études".
Em 1962 ele e Gaston Berger usaram a garantia da Fundação Ford e fundos do governo para criar uma
nova fundação independente, a "Fondation Maison des Sciences de l'Homme" (FMSH), sediada no
edifício de mesmo nome, e que Braudel dirigiu a partir de 1970 até à sua morte. A FMSH focou as suas
atividades em "networking" internacional para disseminar a abordagem dos Annales à Europa e ao mundo.
Em 1972 Braudel deixou toda a responsabilidade editorial na revista, embora o seu nome tenha
permanecido no cabeçalho.[6]
Em 1962 escreveu uma "História das Civilizações", como base para um currículo de História, mas a sua
rejeição da narrativa tradicional baseada em eventos era arrojada demais para o Ministro Francês da
Educação, que a recusou.
Uma característica do trabalho do Braudel era sua compaixão para com o sofrimento dos povos
marginalizados. Ele observou que muitas das fontes históricas sobreviventes provinham das classes ricas
alfabetizadas. Enfatizou a importância da vida efêmera dos escravos, servos, camponeses e dos pobres
urbanos, demonstrando a sua contribuição para a riqueza e o poder dos seus respectivos senhores e das
sociedades. O seu trabalho foi muitas vezes ilustrado com representações contemporâneas da vida
quotidiana, e raramente com imagens de nobres ou reis.
Em 1949, Braudel foi eleito para o "Collège de France" diante da aposentadoria de Febvre. Co-fundou o
jornal acadêmico "Revue économique" em 1950. Aposentou-se em 1968. Em 1983 foi eleito para a
"Académie française".
Obra
"La Méditerranée et le Monde Méditerranéen a l'époque de Philippe II" (3 vols.) Tradução
portuguesa: O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Filipe II - 2 vols. Lisboa,
Publicações D. Quixote. Também publicado no Brasil, com o mesmo título e em 2 volumes
pela Edusp, 2016.
"[La part du milieu']'" (v. 1) Tradução portuguesa: A parte do Meio ISBN 2-253-06168-9
"Destins collectifs et mouvements d'ensemble" (v. 2) Tradução portuguesa: Destinos
coletivos e movimentos de conjunto ISBN 2-253-06169-7
"Les événements, la politique et les hommes" (v. 3) Tradução portuguesa: Os
acontecimentos, a política e os homens ISBN 2-253-06170-0
"Ecrits sur l'Histoire" (1969) ISBN 2-08-081023-5 Tradução portuguesa: Escritos sobre a
História. Lisboa, Publicações D. Quixote.
"The Mediterranean in the Ancient World"
"Civilisation matérielle, économie et capitalisme, XVe-XVIIIe siècle" (1979) Tradução
portuguesa: A Civilização Material - 3 vols. Lisboa, Teorema.
"Les structures du quotidien" (v. 1) ISBN 2-253-06455-6
"Les jeux de l'échange" (v. 2) ISBN 2-253-06456-4
"Le temps du monde" (v. 3) ISBN 2-253-06457-2
"Civilization and Capitalism, 15th–18th Centuries" (3 vols.) (1979)
"On History" (1980), tradução inglesa de "Ecrits sur l'Histoire" por Sian Reynolds
"La Dynamique du Capitalisme" (1985) ISBN 2-08-081192-4 Tradução portuguesa: A
Dinâmica do Capitalismo. Lisboa, Teorema.
"The Identity of France" (1986)
"Ecrits sur l'Histoire II" (1990) ISBN 2-08-081304-8
"Out of Italy, 1450–1650" (1991)
"A History of Civilizations" (1995)
"Les mémoires de la Méditerranée" (1998) Tradução portuguesa: Memórias do
Mediterrâneo - Pré-História e Antiguidade. Lisboa, Terramar.
"Personal Testimony" in: Journal of Modern History, vol. 44, no. 4. (Dezembro de 1972)
Ver também
Escola dos Annales
Longa duração
Referências
1. Antonio Gasparetto Junior. «Biografia de Fernand Braudel» (http://www.infoescola.com/biogr
afias/fernand-braudel/). InfoEscola. Consultado em 13 de março de 2017
2. «Fernand Braudel» (http://brasilescola.uol.com.br/biografia/fernand-braudel.htm). Brasil
Escola UOL Consultado em 13 de março de 2017
Escola. UOL. Consultado em 13 de março de 2017
3. «Annales» (http://annales.ehess.fr/index.php?228). A revista dos Annales
4. «Fernand Braudel – A Biography» (http://www.riseofthewest.net/thinkers/braudel02.htm).
www.riseofthewest.net. Consultado em 29 de março de 2018
5. Fernand Braudel, Civilization & Capitalism, 15th-18th Century, translated from the French
and revised by Sian Reynolds, 3 vols. (New York: Harper & Row, Publishers, 1985);
Immanuel Maurice Wallerstein, The Politics of the World-Economy: The States, the
Movements, and the Civilizations (Cambridge, New York and Paris: Cambridge University
Press and Editions de la Maison des sciences de l’homme, 1984); and Giovanni Arrighi, The
Long Twentieth Century: Money, Power, and the Origins of Our Times. London: Verso, 1994.
6. «Fernand Braudel facts, information, pictures | Encyclopedia.com articles about Fernand
Braudel» (https://www.encyclopedia.com/people/history/historians-european-biographies/fer
nand-braudel). www.encyclopedia.com (em inglês). Consultado em 29 de março de 2018
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Fernand_Braudel&oldid=61386074"
Esta página foi editada pela última vez às 12h58min de 14 de junho de 2021.
Este texto é disponibilizado nos termos da licença Atribuição-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada (CC BY-SA 3.0) da
Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de
utilização.
Política de privacidade
Sobre a Wikipédia
Avisos gerais
Programadores
Estatísticas
Declaração sobre ''cookies''