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1) RE 651.703, STF:
O elemento central que conduziu a conclusão do Tribunal, foi que a regra do art. 146, III,
“a”, combinado com o art. 146, I, CRFB/88, remete à lei complementar a função de definir o
conceito “de serviços de qualquer natureza”, o que é efetuado pela LC nº 116/2003, e que
nesse contexto, o conceito de prestação de serviços não tem por premissa a configuração
dada pelo Direito Civil, mas relacionado ao oferecimento de uma utilidade para outrem, a
partir de um conjunto de atividades materiais ou imateriais, prestadas com habitualidade e
intuito de lucro, podendo estar conjugada ou não com a entrega de bens ao tomador . Por
maioria de votos, apreciando o tema 581 da repercussão geral, o Tribunal negou provimento ao
recurso extraordinário, nos termos do voto do Ministro Luiz Fux (Relator), fixando a seguinte tese:
“"As operadoras de planos de saúde realizam prestação de serviço sujeita ao Imposto
Sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156, III, da CRFB/88.”
Segundo o Min. LUIZ FUX, “a Suprema Corte, no julgamento dos RREE 547.245 e
592.905, ao permitir a incidência do ISSQN nas operações de leasing financeiro e leaseback
1
O debate em questão, analisado sob a ótica da Teoria das Obrigações (Direito Civil),
indica a presença de um facere, a justificar a caracterização de serviço, pois, a rigor, não há nesta
relação a entrega de coisa e sim a prestação de um serviço que se prolonga no tempo. A questão
da interpretação destinada ao conceito legal de serviço, previsto na lista anexa a LC 116/2002 (rol
expresso dos serviços submetidos a ISS) deve ser extensiva, com o intuito de abranger situações
que se enquadram, num sentido amplo, à previsão literal.
Veja que a solução adotada pela doutrina e jurisprudência é classificação com base na
descrição legal prevista , no conceito do fato gerador dado pelo Legislador complementar, já
que a própria Constituição elegeu a LC para a “demarcação de fronteiras” de cada um dos
impostos mencionados na CF. Nesse sentido, o Ilustre Professor Gustavo da Gama Vital de
Oliveira1 destaca:
“É evidente que a solução oferecida pela lei complementar não pode ser soberana, insindicável
à apreciação da Jurisdição constitucional. Todavia, a superação do critério adotado pela lei
complementar deve exigir ônus argumentativo reforçado, capaz de comprovar o manifesta
descompasso do critério adotado pelo Legislador e a materialidade econômica indicada na
CF.”2
A preocupação, porém, a luz do caso, é sobre o papel do art. 110 CTN. Se de um lado,
“não se admite a interpretação isolada do art. 110 do CTN, sob pena conduzir o método literal à
1
Professor Adjunto de Direito Financeiro na UERJ. Professor no LL.M Direito Tributário e Contabilidade Tributária do Ibmec. Mestre e Doutor em Direito
Público pela UERJ. Procurador do Município do Rio de Janeiro. Advogado.
2
OLIVEIRA, Gustavo da Gama Vital. TEMAS DE FEDERALISMO FISCAL BRASILEIRO. Ed. Gramma, 2016, p. 100.
3
Ibid., p. 102
3
2) RE 878.313, STF:
4
MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 39. ed. São Paulo: Editora Malheiros, 2018. p. 423.
5
Segundo o site https://www.contabilidadenatv.com.br/2020/08/stf-mantem-contribuicao-social-de-10-do-fgts-nos-desligamentos-sem-justa-causa/.
6
“Consequencialismo nas decisões: não se pode ignorar os impactos no mundo dos fatos”, Acesso em https://www.conjur.com.br/2020-jul-
24/consequencialismo-decisoes-judiciais#:~:text=Consequencialismo%20jur%C3%ADdico%3A%20o%20lugar%20da,1009%2C%20p.
5
De fato, como ensina MacCormick, alguns tipos de razões sobre consequências são de
importância decisiva na justificação de decisões jurídicas8. Porém, em todos os casos lida-se com
problemas legais, não com questões morais ou políticas, de modo que, a resposta deve ser
enquadrada em termos legais, através da “interpretação de estatutos ou de precedentes, ou de
princípios jurídicos que desenvolveram a reflexão sobre o direito como uma ordem normativa
praticamente coerente”.
7
Teresa Arruda Alvim. “Consequencialismo nas decisões: não se pode ignorar os impactos no mundo dos fatos”, Revista Consultor Jurídico, 24 de julho
de 2020, 9h34. Acesso em https://www.conjur.com.br/2020-jul-24/consequencialismo-decisoes-judiciais#:~:text=Consequencialismo%20jur%C3%ADdico
%3A%20o%20lugar%20da,1009%2C%20p. Consulta em 01/02/2021.
8
MACCORMICK, Neil. Rhetoric and the Rule of Law: a theory of legal reasoning. Oxford: Oxford University Press, 2005, p. 101. Revista Consultor Jurídico,
22 de junho de 2017. Acesso em https://www.conjur.com.br/2017-jun-22/basile-christopoulos-juiz-nao-refem-consequencialismo#sdfootnote10sym.
Consulta em 01/02/2021
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