Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte. Inciso I, II, III, IV.
Se concorrer com o pai e mãe do de cujus, a herança será dividida em 3 partes iguais cabendo
1/3 ao pai, 1/3 à mãe e 1/3 ao cônjuge. Em qualquer outra hipótese de sucessão
com ascendentes, ½ da herança ficará com o cônjuge e a outra metade será dividia entre
os ascendentes.
Sobre a herança deixada, composta por bens comuns ou particulares, o cônjuge terá
direito a concorrer com os ascendentes. Não há a premissa pela qual se houver meação não
haverá sucessão. Essa premissa só se aplica à sucessão em concorrência com o descendente.
Exemplificamos.
b) Comunhão parcial de bens com bem particular: Dos bens comuns, 50% pertence ao marido
e 50% à mulher. O bem particular pertence 100% ao marido. Assim, com o falecimento do
marido, seus 50% dos bens comuns e 100% do bem particular serão partilhados entre a esposa
e os pais do falecido.
Se concorrer com o pai e mãe do de cujus, a herança será dividida em 3 partes iguais
cabendo 1/3 ao pai, 1/3 à mãe e 1/3 ao cônjuge.
b) Falecido deixa 3 avós vivos e a esposa. Metade para a esposa e outra metade para os três
avós.
E, O cônjuge não concorrerá com os descendentes (ou seja, não dividirá a herança deixada
que irá integralmente para os descendentes):
b) na separação obrigatória do artigo 1641 (há um erro na remissão do legislador), pois, nesta
hipótese, se a lei impediu a meação em vida, não admitiria a meação entre descendentes e
cônjuge mortis causa.
O cônjuge concorrerá com os descendentes (ou seja, dividirá a herança com os descendentes
do de cujus):
a) na participação final nos aqüestos, pois neste regime não haverá comunhão jamais, e o
cônjuge sobrevivente poderá ver-se sem qualquer patrimônio ao fim do casamento;
b) na separação convencional de bens, pois, com a revogação do artigo 259 [1] , fica claro que
não haverá comunicação de qualquer tipo de bem, mesmo em caso de silêncio do contrato.
Fica definitivamente superada a questão e não haverá a comunicação de nenhum bem
adquirido durante o casamento, se os cônjuges optarem pelo regime da separação
convencional de bens, e por conseqüência, ao fim do casamento, o cônjuge sobrevivente pode
ficar desamparado. Não havendo meação, haverá sucesso e concorrência com os
descendentes.
Esta hipótese é uma das mais tormentosas para a doutrina. Se o autor da herança
deixou bens particulares, concorreria o cônjuge com os descendentes na totalidade da herança
(inclusive com relação aos bens em que há meação) ou apenas quanto aos bens particulares?
Essa decisão rompe mais um paradigma importante e reflete, diretamente, nas questões
patrimoniais decorrentes da sucessão, ao considerar inconstitucional o art. 1790 do CC, que
estabelecia condições menos favoráveis ao companheiro e a companheira, na sucessão de
um ou de outro, equiparando-os, todos, às condições de sucessão aplicáveis aos cônjuges
em geral (art. 1.829 do CC).