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AO JUÍZO DE DIREITO DA...

VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA


COMARCA… DO ESTADO...

JOANA, brasileira, estado civil..., profissão..., portadora do RG nº... e do CPF


nº..., portadora de título de eleitor nº…, endereço eletrônico..., residente e
domiciliada..., nesta cidade, por seu advogado infra-assinado, conforme procuração
anexa…, com escritório..., endereço que indica para os fins do art. 77, V, do CPC, com
fundamento no art. 5º, LXXIII da CRFB/88 e da Lei nº 4717/65, vem ajuizar

AÇÃO POPULAR

Em face do MUNICÍPIO BETA, pessoa jurídica de direito público interno, com sede
na..., bairro..., cidade..., estado..., do Prefeito JOÃO do município BETA, nacionalidade,
estado civil, prefeito, RG nº ... CPF nº..., com endereço..., no estado ..., do SECRETÁRIO
DE ADMINISTRAÇÃO, nacionalidade, estado civil, prefeito, RG nº ... CPF nº..., com
endereço..., no estado ...,pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos.

I - DOS FATOS
O Reclamado (prefeito municipal João), o qual faz parte das iniciativas de
modernização que vêm sendo adotadas no plano urbanístico do Município Beta,
determinou sua assessoria para realizar estudos para a promoção de uma ampla reforma
dos prédios em que estão instaladas as repartições públicas municipais. Esses prédios, os
quais se localizam na região central do Município, formam um belo e importante conjunto
arquitetônico do século XVIII, tendo sua importância no processo evolutivo da
humanidade reconhecida por diversas organizações nacionais e internacionais, tanto que
tombados.
A partir desses estudos, foi escolhido o projeto apresentado por um renomado
arquiteto modernista, que substituiria as fachadas originais de todos os prédios, as quais
passariam a ser compostas por estruturas mesclando vidro e alumínio. Concluída a
licitação, o Município Beta, representado pelo prefeito municipal, celebrou contrato
administrativo com a sociedade empresária WW, a qual seria responsável pela realização
das obras de reforma, o anúncio foi divulgado em concorrida cerimônia.
Passado se um dia da referida divulgação, a Reclamante, cidadã brasileira,
atuante líder comunitária e com seus direitos políticos em dia, formulou um requerimento
administrativo solicitando que fosse anulado o contrato, o qual foi indeferido pelo prefeito
municipal, no mesmo dia em que apresentado, sob o argumento de que a modernização
dos prédios indicados fora expressamente prevista na Lei municipal nº XX/2019, que
determinara o rompimento com uma tradição que, ao ver da maioria dos munícipes, era
responsável pelo atraso civilizatório do Município Beta.

II - DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS


Diante do que expressa o art 5 º LXXIII da CF/88 c/c art. 1º da Lei 4717/65 ação
popular visa a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado
participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural. Verifica-se no presente caso que o ato adotado pelo Reclamado é lesivo ao
patrimônio histórico. Logo, é cabível a declaração de nulidade, via ação popular.
A competência para processar e julgar é da justiça de 1º grau. Porém, tendo em
vista que se trata de ação cível, a mesma não tem espaço para as hipóteses de prerrogativas
de foro, os quais são expressos pela CRFB/88. Portanto, a ação será demandada no Juízo
Cível (ou da Fazenda Pública) do local que ocorreu o ato lesivo, nos termos do art. 5º da
Lei 4717/65.
Quanto a legitimidade ativa da parte Reclamante o Art. 5º, inciso LXXIII,
da CRFB c/c Art. 1º, caput, da Lei nº 4.717/65 expressam que qualquer cidadão é parte
legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou
de entidade de que o Estado participe, ao patrimônio histórico e cultural ficando salvo o
autor isento de custas judiciais e do ônus de sucumbência, salvo provada má-fé.
No que diz respeito a legitimidade passiva do Reclamado, origina-se do fato do
mesmo ter firmado o contrato administrativo, nos termos do Art. 6º, caput, da Lei
nº 4.717/65; a da sociedade empresária WW pelo fato de ter celebrado e ser beneficiária
do contrato administrativo, nos termos do art. 6º, caput, da Lei nº 4.717/65; e do
Município Beta, por querer anular o contrato administrativo celebrado, nos termos do
Art. 6º, § 3º, da Lei nº 4.717/65.
Observa-se, que a Lei Municipal nº XX/2019, torna-se materialmente
inconstitucional por afrontar o dever do Município de proteger os bens de valores
históricos, diante do que expressa o art. 23, inciso III, da CRFB/88 c/c Art. 30, inciso IX,
da CRFB/88, além disto, viola o dever de impedir a descaracterização dos bens de valor
histórico, nos termos do art. 23, inciso IV, da CRFB/88. Posto que, o conjunto urbano de
valor histórico, alcançado pelo contrato administrativo, integra o patrimônio cultural
brasileiro nos termos do art. 216, inciso V, da CRFB/88.
Sendo assim, a inconstitucionalidade da Lei Municipal nº XX/2019 deve ser
reconhecida.
Não obstante, o contrato administrativo que fora celebrado deverá ser
considerado nulo, em razão de sua ilegalidade nos termos do art. 2º, alínea “c”, e
parágrafo único, alínea “c”, ambos da Lei nº 4.717/65.

III - DA TUTELA DE URGÊNCIA


O art. 5º, § 4º, da Lei 4717/65 c/c art. 300 do CPC/15, expressão os requisitos
para a impugnação de tutela de urgência na Ação Popular.
“Art. 5º da Lei 4717/65 - Conforme a origem do ato
impugnado, é competente para conhecer da ação,
processá-la e julgá-la o juiz que, de acordo com a
organização judiciária de cada Estado, o for para as
causas que interessem à União, ao Distrito Federal, ao
Estado ou ao Município.
§ 4º Na defesa do patrimônio público caberá a suspensão
liminar do ato lesivo impugnado. (Incluído pela Lei nº
6.513, de 1977)”

“Art. 300 do NCPC. A tutela de urgência será concedida


quando houver elementos que evidenciem a probabilidade
do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.”

O “fumus boni iuris” decorre da ofensa à ordem constitucional, ocasionando a


nulidade do ato, e o periculum in mora se configura na iminência de serem causados
danos ao patrimônio-histórico.

IV - DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, requer-se:
a) a concessão da tutela de urgência para determinar a suspensão do contrato, nos termos
do art. 5º, § 4º, da Lei nº 4.717/65;
b) a procedência do pedido para a declaração de nulidade do contrato;
c) a citação dos réus nos endereços acima indicados, nos termos do art. 7º, I, ‘a’, da Lei
nº 4.717/65;
d) a condenação dos responsáveis ao ressarcimento dos danos causados, nos termos do
art. 12 da Lei nº 4.717/65;
e) a condenação dos Réus em custas e em honorários advocatícios, nos termos do
art. 11 da Lei nº 4.717/65;
f) a intimação do Representante do Ministério Público, nos termos do art. 7º, I, ‘a’, da Lei
nº 4.717/65
g) a juntada de documentos, nos termos do art. 320 do CPC/15.

V - DAS PROVAS
Em cumprimento ao art. 319, VI, do CPC/15, requer a produção de todos os meios de
provas em direito admitidas.

VI - DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
Em cumprimento ao art. 319, VII, do CPC/15, o autor opta pela realização da audiência
de conciliação ou de mediação.

VII - DO VALOR DA CAUSA


Dá-se a causa, o valor de R$...

Nestes Termos,
Pede deferimento.
Local... e data...
Advogado...
OAB nº...

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