Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 RELAÇÃO DE CONSUMO
Neste sentido Filomeno (2003, p. 31, grifo do autor) esclarece que o CDC
exerce
1.1.1 Consumidor
intenção apenas de suprir uma necessidade pessoal ou para revender com fim de
obter lucros (FILOMENO, 2003, p. 39).
Neste sentido, cabe ressaltar ainda, outros artigos do CDC que auxiliam na
conceituação de coletividade de consumidores, quais sejam:
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas
as vítimas do evento.
[...]
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos
consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas
nele previstas.
1.1.2 Fornecedor
Segundo Filomeno (2004, p. 43), fornecedor, poderá ser qualquer pessoa física
que “a título singular, mediante desempenho de atividade mercantil ou civil e de
forma habitual, ofereça no mercado produtos ou serviços, e a jurídica, da mesma
forma, mas em associação mercantil ou civil e de forma habitual.”
Nesse sentido, lembra ainda Filomeno (2004, p. 43) que fornecedores são:
Como exemplo seria o caso de uma loja de roupas vender seu computador
usado para adquirir um novo, embora haja o destinatário final, não há aqui uma
atividade que gera relação de consumo, pois a loja não é considerada fornecedora,
pois a simples venda de ativos de forma não regular não consiste em relação
jurídica de consumo, aplicando-se ao caso a norma comum civil ou comercial. Já, se
esta mesma empresa vender computadores de maneira regular e com a intenção de
almejar lucros, estabelecer-se-á uma relação de consumo, cabendo então a
aplicação das normas do CDC (NUNES, 2000, p. 91).
17
Trata ainda o art. 3º do CDC quanto ao fornecedor poder ser de regime privado
através da prestação de bem ou serviço por particular, ou ainda, quando prestada
diretamente pelo poder público, ou ainda, através das empresas públicas ou
concessionárias. Ainda poderá ser o fornecedor nacional ou estrangeiro, o qual
exporta serviços ou produtos para o país.
1.2.1 Produto
A doutrina adota o termo bem ao invés de produto, tendo em vista que aquele é
muito mais abrangente que este e ainda é mais técnico do ponto de vista jurídico,
como do ponto de vista da economia política.
Para a economia política, “bens são coisas que sendo úteis ao homem
provocam a sua cupidez e, por conseguinte, são objeto de apropriação privada”.
Sendo assim, bem se define como um objeto que sendo útil ao homem, tem
característica econômica e é passível de apropriação (RODRIGUES apud
FILOMENO, 2003 p. 55).
Quanto a sua classificação, os bens podem ser caracterizados pela sua taxa de
consumo conforme art. 26 do CDC: bens duráveis, caracterizados por bens
tangíveis normalmente com prazo de validade extenso (eletrodomésticos, roupas);
bens não duráveis, caracterizados por bens tangíveis normalmente consumidos em
poucos usos (alimentos). O simples fato de o produto não se extinguir numa única
19
utilização não lhe retira o status de não durável, o que caracteriza essa qualificação
é sua maneira de extinção enquanto é utilizado (FILOMENO, 2004, p. 48).
Por fim, é relevante ressaltar que o produto ou serviço gratuito, conhecido por
"amostra grátis", também está regulado pelo CDC conforme art. 39, parágrafo único,
estando sujeito a todas as suas regras.
1.2.2 Serviço
Já, Di Pietro (2003, p. 99) define serviço público como “toda atividade material
que a lei atribui ao Estado para que a exerça diretamente ou por meio de seus
delegados, com o objetivo de satisfazer concretamente às necessidades coletivas,
sob regime jurídico total ou parcialmente público.”
É a legislação que definirá o que vem a ser serviço público, e o Estado será
sempre detentor da sua titularidade, mesmo nos casos em que o serviço for
delegado a iniciativa privada.
Com isso, a norma do CDC tanto se aplica aos casos em que o Poder Público
exerce diretamente o fornecimento do serviço, como também quando
24
Assim, nenhum desses serviços pode ser interrompido. O CDC é claro, taxativo
e não abre exceções: os serviços essenciais são contínuos. “E diga-se em reforço
que essa garantia decorre do texto constitucional.” (NUNES, 2000, p. 308).
Estabelece o art. 170 da CF/88 que a ordem econômica tem como base
ditames da justiça social, destacando-se entre seus princípios a defesa do
consumidor. Por sua vez, o art. 175 preceitua que a prestação de serviços públicos
compete ao poder público, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,
sempre através de licitação, na forma da lei, e que “a lei disporá sobre obrigação de
manter serviço adequado”. Com esse fundamento, editou-se a Lei n. 8.987/95
(BANDEIRA DE MELLO, 2003, p. 643).
A doutrina civilista clássica entende por boa-fé “a intenção pura, isenta de dolo
ou malícia, manifestada com lealdade e sinceridade, de modo a não induzir a outra
parte ao engano ou erro.” (SEGALLA, 2001, p. 136).
Com isso, a boa-fé objetiva deverá reger o espírito contratual onde as cláusulas
que atinjam negativamente tal princípio serão consideradas abusivas e os atos
praticados implicam em lesão contra o consumidor, cabendo a busca pela reparação
de seu direito.
construir uma sociedade livre, justa e solidária”. Este entendimento vem assegurar
um dos princípios fundamentais constitucionais, do qual a justiça deve primar pela
busca da solidariedade para o ideal equilíbrio das relações de consumo.
Assim, segundo Bittar (apud SEGALLA, 2001, p. 137), “cumpre a cada qual
respeitar a posição do outro contratante e operar com fidelidade e com probidade, a
fim de que alcance os objetivos pretendidos com o contrato, agindo consoante
padrões éticos normais à contratação pretendida.”
Por sua vez, enunciava o § 23, do art. 150, da Constituição Federal de 1967: “É
livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, observadas as condições
de capacidade que a lei estabelecer.” (grifo nosso).
Sempre que a profissão liberal, para que o público alvo seja bem servido e o
interesse coletivo satisfeito, requeira habilitação, não constitui violação a
legislação que estabeleça o mínimo de conhecimentos necessários. Para o
próprio provimento de cargos públicos, é de mister que o candidato preencha
os pressupostos que a Constituição estatui e a lei estatuir. Tais os limites
gerais da liberdade de profissão.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito;
[...]
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido
processo legal; (grifo nosso).
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em
geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes;
Não podem as leis ou atos judiciais, quer direta, quer indiretamente, subtrair
da apreciação do Poder Judiciário, através da criação de obstáculos,
qualquer lesão ou ameaça a direito. Com efeito, constitui a proteção contra a
lesão ou ameaça um direito fundamental assegurado às pessoas físicas ou
jurídicas.
37
Quanto ao art. 22 do CDC prevê que “os órgãos públicos, por sí ou suas
empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de
emprendimento, são obrigadas a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e,
quanto aos essenciais contínuos.”
Entretanto, o aludido Código não define quais são os serviços essenciais. Por
outro lado temos o disposto no art. 10 da Lei n. 7.783 (Lei de Greve) que estabelece
as atividades essenciais que não podem ser interrompidas, conforme apresentado
anteriormente. Desse modo, segundo o caput do art. 22 do CDC, esses serviços
devem ser contínuos, logo não admitindo sua suspensão (NUNES, 2000, p. 308).
39
2.3 Jurisprudência