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A PERCEPÇÃO DE POPULAÇÕES VULNERÁVEIS E A COPA DE MUNDO

EM CUIABÁ/MT: O LOCAL E O LUGAR NA CIDADE.

Giseli Dalla Nora (giseli.nora@gmail.com)


Cleusa Aparecida Gonçalves Pereira Zamparoni (cazamp@gmail.com)
Onélia Carmem Rossetto (carmemrossetto@gmail.com)

INTRODUÇÃO

O desenvolvimento das cidades pode ser interpretado a partir das transformações


pelas quais passou a sociedade desde que as pessoas começaram a se agrupar. Nessa
ótica, as análises sobre a cidade realizadas por Soja (1993) baseiam-se nos estudos
marxistas que levam em consideração três elementos: o tempo, o trabalho e o espaço.
Para ele, são essas categorias que possibilitariam entender a formação do espaço urbano
como parte de uma composição histórica em que diferentes sociedades imprimiram em
uma porção do solo a sua maneira de viver, criaram espaços de moradias, de atividades
comerciais e culturais e marcaram ao longo do tempo, a vida das diferentes civilizações
da terra. Esses registros delineiam os espaços urbanos e caracterizam as primeiras áreas
centrais e periféricas, as localidades dotadas de infraestrutura, a organização das
atividades trabalhistas, o ritmo de festas bem como os padrões de moradias, que
atualmente são alguns dos mais expressivos símbolos da organização social que
compõem as cidades.
Na fase capitalista, pode-se compreender o desenvolvimento urbano a partir
das alterações ocorridas frente às atividades industriais que intensificaram o modelo de
cidade que ainda conhecido. Nessa mesma sociedade, as disputas por espaço passam a
reproduzir as diferenças de renda que segregam classes sociais: de um lado as classes
dotadas de capital, instalando-se em áreas consideradas valorizadas, sejam pela
localização ou pela infraestrutura. Por outro lado, a classe desprovida de capital
organiza o espaço de acordo com a sua necessidade, fazendo surgir nele novas
representações de moradia, em áreas denominadas periferia (que nesse momento fica
entendida como local de moradia dos pobres). Logo, no espaço urbano, essa diferença,
que gera segregação, constrói espaços precários, numa tentativa de copiar as áreas
planejadas, mas com o recurso disponível e com força de trabalho e renda limitada
(MARICATO, 2001).
Os dados quantitativos e qualitativos serão utilizados para a análise das
respostas obtidas na área de estudos, visto que na metodologia e respectivo instrumento
de pesquisa, foi prevista esta abordagem, com espaços para depoimentos e perguntas
semiestruturadas.
Um local só tem sentido para alguém a partir da permanência e pertencimento,
sendo estas as condições para o desenvolvimento das relações sociais, cuja afetividade
permita denominá-lo de “lugar”. Os bairros em estudo, localizados as margens do
Córrego do Barbado, tornaram-se lugares que geram satisfação para os responsáveis
pela família. Observa-se que 90,9% dos entrevistados (responsáveis pelas famílias)
afirmam estar satisfeitos em seus bairros e domicílios; sendo que 8,1% disseram não
estar satisfeitos, fato que nos permite entender que desejam a mudança. Essas
informações podem ser visualizadas na Tabela 1.
Tabela 01 -Grau de Satisfação do Responsável pela Família em Residir nos Bairros - Bela Vista,
Castelo Branco, Pedregal e Renascer – Cuiabá/MT
Castelo
Satisfação do responsável pela Bela Vista Pedregal Renascer Total
Branco
fam ília em residir no bairro
N* % N % N % N % N %
Sim 110 88,7 183 89,7 101 91,0 57 100,0 451 90,9
Não 12 9,7 19 9,3 9 8,1 0 0,0 40 8,1
NS 1 0,8 1 0,5 1 0,9 0 0,0 3 0,6
NR 1 0,8 1 0,5 0 0,0 0 0,0 2 0,4
Dados ausentes 1 2 0 0 3
Total 125 100,0 206 100,0 111 100,0 57 100,0 499 100,0
Fonte: Autodeclaração – Instrumento de Pesquisa (novembro/2011)
Dados Ausentes: Pessoas que não responderam a questão ou não se enquadram na temática da tabela

Nos depoimentos registrados é frequente a afirmação que o entrevistado


“sente-se feliz morando no Bairro”. Entre os fatores citados para justificar tal afirmativa
está o nascimento dos filhos, o crescimento e a multiplicação das famílias, que se
percebem nucleares e extensas, e ainda várias elementos do universo simbólico que
permeiam os valores humanos e os sentimentos forjados nas instituições como as
famílias, igrejas, escolas e creches, associações e outros setores como no comércio, nas
ruas, quintais e moradias. As relações de sociabilidade se desenvolvem nestes e em
outros espaços apresentados, dos quais se ressalta o fato de que 46% dos entrevistados
(responsáveis pelas famílias) frequentam igrejas; no caso dos sindicatos a frequência é
de 14,5%, sendo que a baixa estatística é atribuída a existências de poucas destas
instituições nos bairros e, por outros a não existência, como o caso de Cooperativa,
Grupo ou Associação Cultural, ONG ou Grupo cívico.
Observa-se que quando questionados sobre a participação em algum tipo de
cooperativa ou sindicato existente no bairro, 95% dos responsáveis pela família
afirmaram que não fazem parte, e apenas um dos moradores do Castelo Branco,
declarou que participava do grupo Irmão Praeiro, uma cooperativa de catadores de papel
reciclado, essa mesma instituição aparece novamente como uma ONG localizada no
mesmo bairro.
Os percentuais de participação da população entrevistada nas instituições
religiosas são significativos, sendo que algumas delas foram construídas com recursos
materiais, pelo esforço da comunidade e são mencionadas como locais de encontro e
lazer (Quadro 01).

Quadro 01 – Principais instituições sociais frequentadas pelos membros da família – Bairros


Bela Vista, Castelo Branco, Pedregal e Renascer – Cuiabá/MT.
Igreja Sindicato
Assembleia de Deus Condomínio
Congregação Cristã no Brasil Sindicato
Adventista SINDICOBARES
Batista Reunião do bairro
Casa da Benção Sintec/MT
Católica Sinprocond
Deus é Amor SISMA
Espírita Associação cultural
Evangelho Quadrangular Associação de moradores
Igreja Internacional da Graça de Deus Centro comunitário
Outras Eventos da Igreja
Presbiteriana Time de futebol
Testemunhas de Jeová Mangueiral
Universal do Reino de Deus Projeto "Educa Mais"
Cooperativa Projeto Siminina
Pastor Irmão Praeiro Projeto da escola
Associação de moradores ONG ou grupo cívico
Célula Alan Kardec
Associação de moradores Grupo de jovens da igreja
Outros grupos Grupo de louvor da igreja
Associação de moradores Grupo de oração
Centro espírita Entidade filantrópica/creche
Centro comunitário Igreja
Clube de mães Mangueirão
Comissão Renegada
Futebol Socorrista
Grupo fraterno Time de futebol
Grupo de evangelização Verdinho

Fonte: Autodeclaração dos entrevistados – Instrumento de Pesquisa (novembro/2011)


Dados ausentes – número de pessoas que não responderam a questão ou que não se enquadram na temática da tabela
Quando os responsáveis pelas moradias foram questionados sobre a sua
participação em relação às atividades culturais no bairro, a maioria deles (97,5%)
afirmou que não está envolvida em nenhuma atividade cultural, essa tendência ocorreu
em todos os bairros.
Na esfera do Patrimônio Cultural registra-se o sentimento de pertencimento ao
lugar que se consolida no cotidiano das famílias e da vizinhança por meio das relações
sociais. Nos Bairros em investigação, não há referências históricas com temporalidades
diferentes da contemporaneidade, como que ali tenha sido local de quilombo, terra de
povos indígenas ou que detenha monumentos histórico, cultural ou arqueológico
reconhecidos oficialmente pelos órgãos de competência em nível municipal, estadual ou
federal; entretanto, como já se mencionou cerca de 46% dos responsáveis pela família
(tabela 2) reconhecem a existência de bens culturais que são relevantes para suas
famílias e histórias de vidas.

Tabela 02 - Percepção dos Responsáveis pela Família sobre a Existência de Bens Culturais nos Bairros
Bela Vista, Castelo Branco, Pedregal e Renascer – Cuiabá/MT
Castelo
Existência ou não de bem cultural na história do bairro Bela Vista Pedregal Renascer Total
Branco
conform e a percepção do responsável pela fam ília
N* % N % N % N % N %
Sim 51 41,5 84 41,2 65 58,6 31 54,4 231 46,7
Não 64 52,0 116 56,9 44 39,6 25 43,9 249 50,3
NS 7 5,7 4 2,0 2 1,8 1 1,8 14 2,8
NR 1 0,8 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 0,2
Dados ausentes 2 2 0 0 4
Total 125 100,0 206 100,0 111 100,0 57 100,0 499 100,0
Fonte: Autodeclaração dos entrevistados – Instrumento de Pesquisa (novembro/2011)
Dados ausentes – número de pessoas que não responderam a questão ou que não se enquadram na temática da tabela
Entre os bens culturais considerados importantes (Tabela 03) o maior
percentual refere-se às edificações (Igrejas, escolas, clubes, etc.) com 63,5%; na
sequência 8,3% apontam os locais de encontros (bar, Clube, entre outros); seguido de
7,4% se reportam as festas religiosas. No caso dos itens “outros” e “mais de uma
opção”, devido à diversidade de bens culturais mencionados, que se expressam no
somatório de mais de 17% dos entrevistados, optou-se por colocá-los no mesmo
universo das festas populares e tradicionais, com 1,7%; das quadras de esportes e
campos de futebol com 0,9%.

Tabela 03 - Identificação dos Bens Culturais dos bairros Bela Vista, Castelo Branco,
Pedregal e Renascer – Cuiabá/MT
Bens culturais considerados importantes Castelo
Bela Vista Pedregal Renascer Total
existentes no bairro identificados pelo Branco
responsável pela família
N % N % N % N % N %
Edificação (Igreja, escola, clube etc) 31 62,0 52 62,7 45 68,2 18 58,1 146 63,5
Festas religiosas 6 12,0 2 2,4 6 9,1 3 9,7 17 7,4
Festas populares tradicionais 1 2,0 0 0,0 2 3,0 1 3,2 4 1,7
Locais de encontros (bar, clube etc.) 3 6,0 9 10,8 6 9,1 1 3,2 19 8,3
Quadra de esportes ou campo de futebol 1 2,0 0 0,0 1 1,5 0 0,0 2 0,9
Galpão da escola de samba 1 2,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 0,4
Mais de uma opção 0 0,0 2 2,4 1 1,5 0 0,0 3 1,3
Outros 6 12,0 18 21,7 5 7,6 8 25,8 37 16,1
Não sabe 1 2,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0 1 0,4
Dados ausentes 75 123 45 26 269
Total 125 100,0 206 100,0 111 100,0 57 100,0 499 100,0
Fonte: Autodeclaração dos entrevistados – Instrumento de Pesquisa (novembro/2011)
Dados ausentes – número de pessoas que não responderam a questão ou que não se enquadram na temática da tabela

A religiosidade é representada pelo número de instituições existentes, que


oferecem além dos ritos e práticas litúrgicas, diferentes serviços de assistência
comunitária, como cursos, refeições, agasalhos e festejos que integram e identificam os
moradores em comunidades.
As instituições sociais são citadas pelos moradores, quando indagados sobre
suas preocupações com a construção da Avenida Parque do Barbado:
“ A única coisa que me preocupa é se eu mudar daqui , não vou mais participar da
igreja”. (J.R.B- Bairro Bela Vista/Nov.2011)
“ Se nós vamos sair daqui, para onde vamos? Aqui tem tudo perto, escola, tem
parentes aqui no bairro. Tem trabalho aqui perto, e tem a questão da igreja”. (C.L.S-
Bairro Castelo Branco/Nov.2011)

Observa-se nestas colocações que a Igreja e demais instituições a que


pertencem, geram sentimentos de identidade e a localização do bairro em relação á
proximidade geográfica da escola e do trabalho é um aspecto que gera preocupações
quando se menciona um possível remanejamento.
Os mais velhos fazem memórias de fatos ocorridos em tais lugares, se reportam
a tempos pretéritos, por exemplo, como quando o córrego Barbado era livre da poluição
e esgotos urbanos. Mas sãos as Igrejas apontadas uma vez mais, com 75% das respostas
dos entrevistados (responsáveis pelas famílias), como o Bem Cultural/edificação mais
importante para o bairro Bela Vista (62%); (62,7%) no Castelo Branco; (68,2%) no
Pedregal e 58,1% no Renascer, seguido com o Centro Comunitário com 6,7 % e a
escola com 4,7%.
O Bem Cultural/Festas religiosas foram assim classificadas, Festa da Igreja
Assembleia de Deus, com 42,9%, a Festa São Francisco de Assis, com 21,4% e a festa
de Santo Antônio com 14,3; sendo este também o percentual 14,3% para o item “Festas
de Igrejas” de forma genérica; as Festas o Grupo Fraterno, referindo-se a casa Espírita
do Bairro Bela Vista, foram apontadas por 7,1% dos entrevistados.
O Bem Cultural/Festas populares é apontado com igual percentual 25%, para
cada modalidade. São elas: Feira do Bairro, Viva meu Bairro, Festa Junina e Almoço
Dançante no Centro Comunitário.
Enquanto bem cultural local de encontro que são geradores de espaços de
sociabilidade, referem-se ao centenário Mangueiral com 40%; a praça com 13,3%; e os
demais locais de encontros são apontados em 6,7% em média, trata-se do Bar do Sr.
Pitito; do Centro Comunitário; da bica e do olho d’água, do campo de futebol, do grupo
de jovens da igreja, da Feira Livre e da Praça da Igreja Santo Antônio.
No item Outro/Bem Cultural destaca-se novamente o Mangueiral com 15,6 % e
o Córrego do Barbado com o mesmo índice de 15,6%; o Centro Comunitário com
12,5%; e outros itens, que se aproximam no percentual de indicações. Neste bojo, é bom
que se ressalte os domicílios, também indicados como Bem Cultural relevante.
Os domicílios nos levam a dimensão da vida privada, aos quintais e
edificações, tornando-se oportuno algumas considerações qualitativas, dado os
depoimentos dos entrevistados. Neste aspecto adentremos pelos quintais que são
espaços sombreados e gestores de sociabilidades entre os familiares, os amigos e a
vizinhança. Nestes se encontram os marcos do tempo vivido no lugar, a exemplo dos
cajueiros, mangueiras, abacateiros e jaqueiras entre outras árvores frutíferas adultas e
frondosas que compõem os pomares.
“.... Estamos acostumadinhos aqui! até com a plantação de mangueira, tão
aí tudo dando fruta”.( A. S. P- Bairro Pedregal.)

E em seguida busquemos o principal elemento do lócus privado, as moradias.


Estas são edificações concluídas ou não, sendo que o sentido de posse se dá pelo tempo
de permanência no mesmo terreno, as relações socioculturais e ambientais construídas
que juntas conferem direito sobre o Bem, no caso o terreno e a casa. Assim, “a minha
casa” é também citada, como um Bem Cultural de relevância para o Patrimônio
Histórico e Cultural do bairro:

“ A minha casa foi construída aos poucos. Eu mesmo construí com pouco
dinheiro, durante muitos anos. A minha casa foi uma das primeiras nesta
região. Veja... aquele pé de jaca, também fui eu quem plantei! Se eu tiver que
me mudar daqui, gostaria de levar meu “pé de jaca”. E ele precisa de tempo
para se adaptar ao novo lugar. Será que vão me ajudar a transportar minha
árvore para o outro quintal? Ela é muito importante para mim. Plantei
quando meu filho nasceu!”(J.M.L. Bairro Pedregal)

Observa-se também a relevância conferida pelos moradores as pontes sobre os


veios d’água e as vias de acesso que “de carreiros tornaram-se ruas”, e embora, a
maioria ainda permaneça sem pavimentação ou esgoto, atende as necessidades dos
transeuntes e moradores que se deslocam para outros equipamentos culturais da cidade e
dos bairros vizinhos, a exemplo do Shopping Pantanal, do Papódromo, do SESI Park, e
da área verde da UFMT.
Demonstrando o nível de conhecimento de alguns, as “Pessoas ou os
Moradores” são citados como os Bens Culturais de maior relevância, inclusive são
estes, o foco de preocupação da maioria, quando inquiridos a fazer um depoimento. Pois
significativa parte dos familiares também mora no bairro, estes partilham refeições,
celebram e festejam as datas tradicionais; se ajudam nos cuidados com as crianças,
idosos e portadores de necessidades especiais:

A minha preocupação é que levem a gente para lugar longe do centro, por
que meu menino anda na cadeira de rodas e estuda. Então fica difícil. E
também por causa da igreja que congrego aqui no bairro próximo. Só isso
mesmo. (M.S.P.B -Bairro Bela Vista).

Considerações Finais

O presente trabalho apresenta parte dos resultados do Estudo Socioeconômico


da Implantação da Avenida Parque do Barbado relacionado com as alterações de caráter
estruturais devido às obras para a Copa 2014.
Cuiabá será uma das cidades escolhida para sediar jogos da Copa do Mundo de
2014. Para isso, estão sendo realizadas obras de mobilidade urbana em vários locais da
cidade e, assim, as desapropriações e remanejamentos são considerados necessários
pelos órgãos de planejamento local. Neste contexto, a população que vive nos bairros
Pedregal, Renascer, Bela Vista e Castelo Branco, localizados em áreas de APP´s do
Córrego do Barbado encontra-se em situação de vulnerabilidade por causa da
localização dos seus imóveis que, na sua maioria não possuem documentação de posse
legal registrada em cartório da cidade, já que se trata de uma área de ocupação, que na
época, foi consentida informalmente.
O diagnóstico socioeconômico permitiu identificar o perfil desta população que
vive na beira e no entorno do Córrego do Barbado e que correm o risco de serem
realocadas para outras localidades da cidade de Cuiabá.
As informações disponibilizadas neste estudo, derivam de técnicas de entrevistas
que resultaram em dados quantitativos e qualitativos, visto que na metodologia e
respectivo instrumento de pesquisa, foi prevista esta abordagem, com espaços para
depoimentos e perguntas semiestruturadas.
As respostas da maioria dos entrevistados permitiu vislumbrar que um local só
tem sentido para alguém a partir da permanência e certeza de pertencimento, sendo estas
as condições básicas para o desenvolvimento das relações sociais, cuja afetividade está
calcada no conceito de lugar.
Os bairros em estudo, localizados as margens do Córrego do Barbado, são lugares
que geram satisfação para 90,9% dos responsáveis pela família. Além da questão do
espaço de moradia foi apontada, também, pelos entrevistados, a questão das relações
com o local no que se refere às condições de acesso à religiosidade, festas e bens
culturais, relação de parentesco e vizinhança.
Entre outros resultados observados neste estudo percebeu-se que o tempo de
vivência no lugar é acima de 20 anos o que configura uma relação expressiva de
pertencimento com o lugar e que deve ser relevante no processo de tomada de decisão.
Assim sendo, este diagnóstico socioeconômico ofertou informações importantes
sobre o perfil das famílias que habitam a área estudada e concluiu que a mudança de
local de moradia para a implantação da Estrada Córrego do Barbado, pode ser negativa
para estas pessoas.
Entretanto, o desenvolvimento urbano é necessário e faz parte do processo
histórico das cidades, mas para deve ter como meta a sustentabilidade do ponto de vista
político e econômico, mas sobretudo social.
Assim sendo, recomenda-se que, para o remanejamento desta parcela da população
sejam realizados estudos focados em previsões de localidades onde condições iguais ou
semelhantes sejam garantidas para o bem estar e construção de sentimento de
pertencimento sejam criados entre os membros da comunidade com a nova área de
vivência.

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