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Apostila de Sociologia

Agosto de 2021
Primeiro Ano

Cultura como representação da realidade


As culturas são complexas e expressam inúmeros conhecimentos, são sistemas simbólicos
que permitem o funcionamento de uma sociedade.

As culturas se baseiam em códigos coletivos os quais recriam e transformam o mundo.

Os símbolos são representações sobre a realidade. Variam de acordo com o tempo


histórico e com a sociedade, se expressam de inúmeras formas. Podem ser um objeto ou
um conceito.

Os símbolos culturais se expressam em uma linguagem, regra social, ritual, bens materiais
de um povo, por exemplo. E são produtos da cultura de uma comunidade, estado, país,
região.

“...a Antropologia nos diz que o conhecimento de nossa cultura passa inevitavelmente pelo
conhecimento de outras culturas; e devemos especialmente reconhecer que somos uma
cultura possível entre tantas outras”.

Hoje em dia é impossível imaginar sociedades padronizadas. Pelo contrário, “existem várias
culturas no interior de uma mesma sociedade”, por isso vivemos a multiculturalidade.

As diferenças culturais podem estabelecer uma relação entre as pessoas de tolerância ou


de conflito, de liberdade ou de opressão, de respeito ou de violência.

“Existe um provérbio nagô-iorubá - uma sociedade africana milenar localizada na Nigéria - ,


que afirma que ‘os dedos não são todos iguais’, mas como pertencem a uma mesma mão,
precisam viver juntos, lado a lado [...] todos os seres humanos precisam se respeitar e
saber conviver entre si”.

Bibliografia:

Oliveira, Luiz Fernandes de. Sociologia para jovens do século XXI / Luiz Fernandes de
Oliveira, Ricardo Cesar Rocha da Costa -- 4. ed. -- Rio de Janeiro : Imperial Novo Milênio,
2016.

Questões:

1) O que é cultura?
2) Compare o trecho “As diferenças culturais podem estabelecer uma relação entre as
pessoas de tolerância ou de conflito, de liberdade ou de opressão, de respeito ou de
violência” com algum fato da realidade atual:
3) Em que as ideias do texto se assemelham e/ou de diferenciam das ideias da tirinha
Disponível em: https://sites.google.com/site/rodriguesdeassisrenata/?tmpl=%2Fsystem
%2Fapp%2Ftemplates%2Fprint%2F&showPrintDialog=1 . Acesso em: 16/08/2021.

O etnocentrismo

Etimologicamente, “etno” deriva do grego “ethnos” e se refere à etnia, raça, povo, clã.
Assim, “etnocentrismo” significa considerar a sua etnia como o centro ou o eixo de tudo, a
base que serve de referência ou o ponto de vista de onde se deve olhar e avaliar o mundo
ao redor. Estendendo essa definição, podemos entender o ETNOCENTRISMO como uma
tendência a considerar a própria cultura ao analisar os demais. Isto significa dizer que as
visões de um determinado grupo - política, econômica e socialmente dominante em uma
dada sociedade - são considerados como o centro e a referência de tudo. Tudo - inclusive
outros grupos e indivíduos - é pensado e sentido através dos valores, modelos e definições
segundo o grupo dominante, que seria a própria representação da existência humana.

(...) a História humana é repleta de exemplos onde o etnocentrismo implica um julgamento


do outro, na sua forma mais violenta. (...) o etnocentrismo formula representações e
imagens distorcidas sobre aqueles que entendemos como “diferente” de nós, sendo
representações sempre manipuláveis como bem entendemos. Além disso, no fundo,
transforma a diferença em pura e simples num juízo de valor, perigosamente prejudicial à
humanidade.

Etnocentrismo - termo criado pelo sociólogo americano William Graham Summer (1840-
1910) - , portanto, é a base explicativa sociológica e antropologicamente dos preconceitos,
discriminações, racismos, homofobia, sexismo e estereótipos sobre os mais variados
grupos, considerados diferentes em comparação a um determinado padrão.

Oliveira, Luiz Fernandes de. Sociologia para os jovens do século XXI/ Luiz Fernandes de
Oliveira e Ricardo Cesar Rocha da Costa. - 4. ed. - Rio de Janeiro : Imperial Novo Milênio,
2016.

Questões:

1) Defina etnocentrismo:
2) Quais são as consequências sociais do etnocentrismo? Escreva sobre:
Leia o trecho abaixo:
“Para Morin, há uma intrínseca relação entre conhecimento e cultura. Para demonstrar esta
relação, o pensador francês recorre à metáfora do Grande Computador (cultura), do qual
cada pessoa (cada espírito/cérebro) é um terminal. Esse Grande Computador reconstitui-se
e regenera-se a partir dos espíritos. Desta forma, assim como a cultura impacta sobre as
ideias presentes nos indivíduos, estes também a produzem. Aqui, percebe-se a recorrente
forma dialógica do pensamento de Morin, quando afirma que ‘os homens de uma cultura,
pelo seu modo de conhecimento, produzem a cultura que produz o seu modo de
conhecimento’.
Aos determinismos culturais, Morin denomina “imprinting”, responsáveis pela normalização,
invariância e reprodução das ideias na vida e da vida dos indivíduos. Ao mesmo tempo,
existem as reações a essa força dos determinismos culturais, que podem provocar
enfraquecimentos do “imprinting”. Estes são os momentos de efervescências, a partir do
quais se abre lacunas nesta normalização das ideias, provocando desvios, evolução do
conhecimento e modificações nas estruturas de sua reprodução.”
Portal IHU. Edgar Morin e a vida das ideias. A cultura é um Grande Computador. Disponível
em: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/523723-edgar-morin-e-a-vida-das-ideias-a-cultura-e-
um-grande-computador. Acesso em: 16/08/2021.
Interprete e comente as frases:
1) “os homens de uma cultura, pelo seu modo de conhecimento, produzem a cultura
que produz o seu modo de conhecimento”
2) “Estes momentos de efervescências, a partir dos quais se abre lacunas nesta
normalização das ideias, provocando desvios, evolução do conhecimento e
modificações nas estruturas de sua reprodução”:

Viva a simbiose de culturas


Cada cultura tem suas virtudes, seus vícios, seus conhecimentos, seus modos de vida,
seus erros, suas ilusões. Na nossa atual era planetária, o mais importante é cada nação
aspirar a integrar aquilo que as outras têm de melhor, e a buscar a simbiose do melhor de
todas as culturas.
A França deve ser considerada em sua história não somente segundo os ideais de
Liberdade-Igualdade-Fraternidade promulgados por sua Revolução, mas também segundo
o comportamento de uma potência que, como seus vizinhos europeus, praticou durante
séculos a escravidão em massa, e em sua colonização oprimiu povos e negou suas
aspirações à emancipação. Há uma barbárie europeia cuja cultura produziu o colonialismo e
os totalitarismos fascistas, nazistas, comunistas. Devemos considerar uma cultura não
somente segundo seus nobres ideais, mas também segundo sua maneira de camuflar sua
barbárie sob esses ideais.
Podemos nos orgulhar da corrente autocrítica minoritária de nossa cultura, desde
Montaigne até Lévi-Strauss, passando por Montesquieu, que não somente denunciou a
barbárie da conquista das Américas, como também a barbárie de um pensamento que
“chama de bárbaros os povos de outras civilizações” (Montaigne).
Da mesma forma, o cristianismo não pode ser considerado somente segundo os preceitos
do amor evangélico, mas também segundo uma intolerância histórica em relação às outras
religiões, seu milenar antijudaísmo, sua erradicação dos muçulmanos dos territórios
cristãos, ao passo que, historicamente, cristãos e judeus foram tolerados em terras
islâmicas, mais especificamente no Império Otomano.
Falando mais amplamente, a civilização moderna nascida do Ocidente europeu difundiu
pelo mundo inúmeros progressos materiais, mas também inúmeras deficiências morais, a
começar pela arrogância e pelo complexo de superioridade, os quais sempre suscitaram o
pior do desprezo e da humilhação do outro.
Não se trata de um relativismo cultural, mas de um universalismo humanista. Trata-se de
ultrapassar um ocidentalocentrismo e de reconhecer as riquezas da variedade das culturas
humanas. Trata-se de reconhecer não somente as virtudes de nossa cultura e suas
potencialidades emancipadoras, mas também suas deficiências e seus vícios, sobretudo o
surto da vontade de poder e de dominação sobre o mundo, o mito da conquista da
natureza, a crença no progresso como destino da História.
Devemos reconhecer os vícios autoritários das culturas tradicionais, mas também a
existência de solidariedades que nossa modernidade fez desaparecer, uma relação melhor
com a natureza, e nas pequenas culturas indígenas sabedorias e modos de vida.
O falso universalismo consiste em acreditarmos que somos donos do universal – aquilo que
permitiu camuflar nossa falta de respeito pelos humanos de outras culturas e os vícios de
nossa dominação. O verdadeiro universalismo tenta nos situar em um metaponto de vista
humano que nos engloba e nos ultrapassa, para quem o tesouro da unidade humana está
na diversidade de culturas. E o tesouro da diversidade cultural, na unidade humana.
Portal IHU. Viva a simbiose de culturas. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/172-
noticias/noticias-2012/506369-vivaasimbiose-deculturas. Acesso em: 16/08/2021.

A partir dos temas trazidos pelo texto, escreva e analise a realidade atual através de um
texto de no mínimo 15 linhas.

Bom trabalho!
Abraços!

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