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João Pessoa
2020
Diego Padilha da Cruz Medeiros
João Pessoa
2020
Catalogação na publicação
Seção de Catalogação e Classificação
UFPB/BC
AGRADECIMENTOS
Cracks are inherent and recurring damage when it comes to concrete. They often require
financially costly interventions that use chemicals that are harmful to health and the
environment. In order to present an effective solution to this problem, Bioconcrete was
developed, which uses microbial agents (bacteria) capable of precipitating calcite (𝐶𝑎𝐶𝑂3)
incorporated into the concrete matrix, making it possible to fill the cracks. With this in mind,
this work aimed to develop comparative experimental studies using Bioconcrete specimens
containing Bacillus subtilis and B. cereus bacteria in order to test the closure of the fissures
caused in the Bioconcrete. The methodology consisted of saturating the expanded clay (coarse
aggregate), which works as a protective capsule for bacteria, in a liquid heated to 80ºC
containing calcium lactate and microbial agents, obeying the necessary times. The analyzes
consisted of visual checks carried out on the first and tenth days after crack provocation and in
the capillary water absorption test (not standardized). The results showed that the bacteria were
effective in recovering the fissures and indicated that B. subtilis has a more significant
regenerative capacity of the Bioconcrete when compared to B. cereus.
1. INTRODUÇÃO
Na atual conjuntura do mercado brasileiro da construção civil, com uma economia ainda
instável, deve-se buscar meios para aumentar a vida útil das estruturas ao invés de construí-las
do zero. Soma-se a esse fato, uma tendência mercadológica de se investir cada vez mais em
produtos “verdes”, ou seja, menos agressivos ao meio ambiente. Mesmo assim, cerca de 7% de
todo o 𝐶𝑂2 produzido pelo homem ainda são oriundos da produção de cimento (JONKERS et
al., 2010). O cimento é um dos insumos do concreto e este, por sua vez, é um dos materiais
mais consumidos pela engenharia civil brasileira. Assim, outras soluções mais limpas precisam
ser buscadas sem abrir mão da competitividade, eficiência e economicidade.
Nesse contexto de sustentabilidade, destacam-se diversas soluções ecológicas para o
concreto, como é o caso, por exemplo, do uso de resíduos de construção e demolição como
agregados, uso de cinza do bagaço de cana-de-açúcar e geopolímeros. Nesse enquadramento,
surgiu o Bioconcreto, solução de origem natural que visa aliar a microbiologia à engenharia
civil, promovendo o preenchimento de fissuras com carbonato de cálcio precipitado a partir de
reações metabólicas de bactérias. Esse método não tem por objetivo reabilitar estruturas que
estão em fase avançada de degradação (trincas); o intuito é prolongar a vida útil do concreto,
ao impedir que agentes corrosivos e degradantes consigam adentrar no elemento estrutural.
Além de ser mais durável, o Bioconcreto é considerado uma metodologia ativa no
combate à fissuração, isto é, este material possui elementos intrínsecos à sua matriz que são
capazes de combater continuamente as rachaduras. Em outras palavras, significa dizer que o
Bioconcreto dispensa o uso repetido de agentes cicatrizantes, pois, à medida que novas fissuras
aparecem, atingindo novas partes da estrutura, outras bactérias também passam a contribuir
com o processo de regeneração. Soma-se a isso, a contribuição à sustentabilidade, visto que
existe o consumo de 𝐶𝑂2 na reação realizada pela bactéria, reduzindo a emissão deste poluente.
Por se tratar de um tema recente e pouco abordado especialmente no Brasil, existe um
vasto campo de pesquisa e a necessidade de se entender a influência de diversas variáveis, como
o tipo de bactéria (por exemplo), nas propriedades do Bioconcreto. Nesse sentido, este trabalho
se propõe a estudar de forma comparativa a eficiência de duas bactérias (Bacillus subtilis e B.
cereus) no fechamento de rachaduras no concreto. O intuito é avaliar a capacidade destas
bactérias no fechamento de fissuras e contribuir com o desenvolvimento das pesquisas sobre
este material.
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1.1 JUSTIFICATIVA
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
O concreto é um dos materiais de construção mais usados e possui uma alta tendência
em formar fissuras. Essas fissuras diminuem significativamente a vida útil do concreto e levam
a altos custos de reparação (SEIFAN et al., 2016). Segundo Dal Molin (1988), o efeito de
fissuração é tão antigo quanto o uso do concreto e sua ocorrência se dá, majoritariamente, pela
ausência do controle de qualidade nas diversas fases de construção, afetando não somente a
segurança e o conforto, como também o psicológico dos usuários.
As fissuras podem ser consideradas como a manifestação patológica
característica das estruturas de concreto, sendo mesmo o dano de
ocorrência mais comum e aquele que, a par das deformações muito
acentuadas, mais chama a atenção dos leigos, proprietários e usuários
aí incluídos, para o fato de que algo de anormal está a acontecer
(SOUZA & RIPPER, 1998).
Os conceitos de vida útil e durabilidade são indissociáveis. O primeiro representa o
limite de tempo que a edificação é capaz de atender de forma satisfatória às expectativas de
desempenho dos usuários. Já o segundo representa a resistência da edificação à agressividade
a que ela está exposta (SOUZA & RIPPER, 1998). A norma brasileira de desempenho ABNT
NBR 15575 (2013) preconiza que a vida útil de projeto de estruturas de concreto armado é de,
no mínimo, 50 anos. Contudo torna-se um desafio atingi-la sobretudo devido à fissuração deste
material.
Os problemas patológicos, salvo raras exceções, apresentam
manifestações externas características, a partir das quais se pode
deduzir qual a natureza, a origem e os mecanismos dos fenômenos
envolvidos, bem como se podem estimar suas prováveis consequências.
Esses sintomas, também denominados lesões, danos, defeitos ou
manifestações patológicas, podem ser descritos e classificados,
orientando um primeiro diagnóstico, a partir de minuciosas e
experientes observações visuais (MONTEIRO, 2005, p. 1110).
método possui suas vantagens e suas limitações. No caso do Bioconcreto, apesar de contribuir
para o meio ambiente e ser eficiente, ainda é uma tecnologia cara.
Embora não seja possível extinguir totalmente o surgimento das fissuras, existem muitas
técnicas para repará-las. Já foi demonstrado que métodos usuais de reparação com aplicação de
produtos químicos ou polímeros são prejudiciais à saúde e ao meio ambiente, e além disso, seus
efeitos possuem uma curta duração (SEIFAN et al., 2016).
O efeito de fissuração do concreto armado pode ser classificado em: fissuras ocorridas
ainda no estado fresco e fissuras ocorridas no estado endurecido. O estado fresco é aquele em
que se pode moldar a forma da peça estrutural, enquanto que o estado endurecido impossibilita
esta moldagem (DAL MOLIN, 1988). Os exemplos de cada estado de fissuração serão
mostrados nos itens 2.1.1 e 2.1.2 deste trabalho. Todavia, como se trata de uma breve revisão
bibliográfica e o cerne deste trabalho não se trata de um estudo aprofundado sobre fissuração,
não serão discutidos os pormenores de cada exemplo.
Andrade et al. (2005) advertem que erros de execução, principalmente no que tange à
concretagem, podem levar ao comprometimento da durabilidade da estrutura e de sua
segurança. Para Dal Molin (1988), as fissuras que podem ser controladas pelo cálculo estrutural
são aquelas oriundas das cargas, porém as demais fissuras podem ser atenuadas por cuidados
tomados no projeto e também na execução. A autora afirma ainda que as causas de fissuração
do concreto no estado fresco podem ser divididas em:
1) Assentamento plástico;
2) Dessecação superficial;
3) Deformação excessiva da fôrma.
Essas três causas podem ser vistas, respectivamente, nas Figuras 1, 2 e 3:
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2.2 BIOCONCRETO
Certas bactérias, como as do gênero Bacillus, são notoriamente conhecidas pela capacidade de
resistir a essas condições de agressividade elevada (SEIFAN et al., 2016).
A eficiência de autocicatrização em amostras com fissuras induzidas e impregnadas por
esporos bacterianos micro encapsulados foi demonstrada com base nos resultados
experimentais da microscopia de luz e no teste de permeabilidade à água. Os corpos de prova
com bactérias apresentaram uma taxa de cicatrização muito maior quando comparados aos sem
bactérias: 18% a 50% da área de fissura curada em séries não-bacterianas e 48% a 80% da área
de fissura curada na série bacteriana. A largura máxima de trincas curada nas amostras da série
de bactérias foi de 970 μm, que foi muito maior (cerca de 4 vezes) do que na amostra de série
não bacteriana (máx. 250 μm) (WANG et al., 2014).
Algumas bactérias fazem uso de sais orgânicos (por exemplo, lactato de cálcio) como
fonte de energia em reações de conversão metabólica que acabam por produzir cristais de
carbonato de cálcio (SEIFAN et al., 2016). A utilização de lactato de cálcio (ou outros sais
como acetato de cálcio, peptona e extrato de levedura) no processo de impregnação de agentes
biológicos em argila expandida garante o aumento da eficiência do processo de autocura do
Bioconcreto. Isso se deve à produção de 6 mols de carbonato de cálcio ao todo quando essas
substâncias são misturadas com certas bactérias no líquido de saturação do agregado graúdo
(JONKERS, 2011).
Dentre os vários compostos orgânicos mencionados anteriormente, todos resultaram,
quando utilizados, em diminuição dramática da resistência à compressão. A única exceção é o
lactato de cálcio que resultou em um aumento de 10% na resistência à compressão em
comparação com amostras controle (JONKERS et al., 2010).
No gráfico (Figura 9) é possível perceber que o lactato de cálcio realmente se sobressai
em relação aos outros sais no que tange à capacidade de conferir mais resistência à compressão
para o concreto.
Figura 9 - Resistência à compressão de corpos de prova de controle e de Bioconcreto feitos a partir de
fontes de cálcio variadas
Além disso, o uso de lactato de cálcio não promove o ataque de íons cloretos, como é o
caso do sal cloreto de cálcio, o que torna sua utilização preferível por não afetar negativamente
a durabilidade da estrutura de concreto (SEIFAN et al., 2016).
2.3 BIOMINERALIZAÇÃO
(𝑁𝐻4+ ), através da qual a célula bacteriana produz energia para sobreviver, e carbonato (𝐶𝑂32− )
que posteriormente vêm se unir com íons 𝐶𝑎2+ produzindo cristais de calcita (REIS, 2017).
A hidrólise da ureia é o método mais usual de se realizar a MICP (do inglês, Microbial-
Induced Carbonate Precipitation). Os íons 𝐶𝑎2+ se ligam à parede celular,que é carregada
negativamente e depois os íons 𝐶𝑂32− se juntam aos anteriores em um processo químico que
acaba por matar a célula, mas que produz 𝐶𝑎𝐶𝑂3 (REIS, 2017). Uma outra forma de se realizar
a MICP que, embora seja menos usual, possui a vantagem de não produzir agentes corrosivos
às barras de aço e que ainda consome 𝐶𝑂2 é a conversão metabólica bacteriana de sais ácidos
orgânicos como lactato de cálcio e acetato de cálcio (JONKERS, 2011).
Muito embora concretos com altas concentrações de cimento já possuam a capacidade
de autocicatrização (JONKERS, 2011), existe uma clara superioridade na eficiência de
fechamento de fissuras (cerca de quatro vezes mais) quando se aplicam agentes microbianos
voltados para esse intuito na matriz de concreto (WANG et al., 2014). Essa superioridade pode
ser vista na Figura 10.
Figura 10–Autocicatrização em corpos de prova de controle (A) e em corpos de prova deBioconcreto (B)
amônio e um mol de ácido carbônico. Então, o amônio reage com a água, formando dois mols
de amônia e dois mols de hidroxila. Depois os dois mols de hidroxila reagem com o ácido
carbônico (𝐻2 𝐶𝑂3), produzindo carbonato (𝐶𝑂32− ) e água (SEIFAN et al., 2016):
𝐶𝑂(𝑁𝐻2 )2 + 𝐻2 𝑂 → 𝑁𝐻2 𝐶𝑂𝑂𝐻 + 𝑁𝐻3 (1)
(Micro-organismo)
𝑁𝐻2 𝐶𝑂𝑂𝐻 + 𝐻2 𝑂 → 𝑁𝐻3 + 𝐻2 𝐶𝑂3 (2)
2𝑁𝐻3 + 2𝐻2 𝑂 → 2𝑁𝐻4+ + 2𝑂𝐻 − (3)
2𝑂𝐻 − + 𝐻2 𝐶𝑂3 → 𝐶𝑂32− + 2𝐻2 𝑂 (4)
Por fim, os íons de cálcio (𝐶𝑎2+ ) conseguem se ligar à parede celular carregada
negativamente e essa, por sua vez, se liga aos cabonatos formados no processo descrito acima,
ocorrendo, então, a precipitação do carbonato de cálcio (Figura 11). A precipitação de carbonato
de Cálcio ocorre da seguinte forma:
𝐶𝑎2+ - Célula bacteriana → Célula bacteriana –𝐶𝑎2+ (5)
(Célula bacteriana –𝐶𝑎2+ ) + 𝐶𝑂32− → Célula bacteriana –𝐶𝑎𝐶𝑂3 (6)
Figura 11– (a) Estrutura bacteriana. (b) Parede celular carregada negativamente e íons positivos em volta.
(c) Biomineral produzido pela ligação dos íons à parede celular
Figura 13 - Esporo de Bacillus dentro (endósporo) de bactérias (estrutura não corada - verde claro) e
célula vegetativa corada em vermelho
capazes de converter lactato de cálcio incorporado em carbonato de cálcio, após a ativação pela
entrada denutrientes nas fissuras (JONKERS et al., 2010).
As bactérias B. subtilis tem como habitat o solo, mas podem, ainda, viver nas raízes e
tecidos das plantas, onde conseguem se proteger de outros seres vivos. Além disso, promovem
o crescimento das plantas através do aumento da fixação de nitrogênio e nutrientes e também
conseguem controlar as enfermidades desses vegetais. (LANNA FILHO et al., 2010).
B. subtilis é uma bactéria muito resistente, sendo esta característica encontrada
justamente por conseguir realizar o processo de esporulação. Esta bactéria é utilizada inclusive
como indicador biológico de eficiência do processo de esterilização por calor seco. Após a
esterilização do meio, se não houver crescimento dos esporos, significa dizer que o meio está
estéril (TRABULSI et al., 2015).
Além de resistente, esse micro-organismo possui a capacidade de induzir a precipitação
de carbonato de cálcio assim como outras espécies de Bacillus, por exemplo: B.cereus, B.
sphaericus, B. licheniformis, B. cohnii e B.lentus (OMOREGIE, 2016).
Na Figura 14, observa-se uma das formas de aparição deste micro-organismo na
natureza.
Figura 14– Agrupamentos em cadeia de Bacillus subtilis pela coloração de Gram
Quando aplicada de forma direta, ou seja, sem cápsula protetora, a B. subtilis é capaz de
fechar fissuras de até 85nm e aumentar a resistência à compressão em 16,6%. Já, sob mesmas
condições, B. cereus, possui a capacidade de aumentar a resistência à compressão em 27,8% e
uma capacidade ainda não determinada de preenchimento de aberturas (CASTRO-ALONSO et
al., 2019).
3. MATERIAIS E MÉTODOS
A sequência metodológica utilizada pode ser visualizada na Figura 16, que apresenta
um fluxograma em forma de resumo com todas as etapas do processo. As etapas de 1 a 4
compreendem o planejamento experimental, enquanto que as etapas de 5 a 9 compreendem o
procedimento experimental propriamente dito.
Cimento Lactato
Areia Argila B. B.
Tratamentos CP II Z de Fissuras
fina expandida subtilis cereus
32 RS cálcio
1 X X X X
2 X X X X X
3 X X X X X X
4 X X X X X X
Sendo:
R = razão de proporcionalidade;
V1 = Volume do corpo de prova utilizado neste trabalho;
V2 = Volume do corpo de prova utilizado no trabalho de Wiktor e Jonkers (2011).
Sendo:
V1 = Volume do cilindro;
D = Diâmetro do cilindro;
h = Altura do cilindro.
Portanto:
𝜋 𝑥 5²
V1 = ( ) x 10 = 196,25 cm³
4
L = largura do prisma.
Portanto:
V2 = 4 x 4 x 16 = 256,00 cm³
Desse modo:
196,25
R =256,00= 0,77
350 𝑔
Massa por grupo = 𝑥 0,674 𝑙 = 236 g.
𝑙
33
As bactérias Bacillus subtilis e B.cereus foram cedidas pelo CCS (Centro de Ciências da
Saúde) e pelo Cbiotec (Centro de Biotecnologia) ambos da UFPB, que as mantinham em sua
coleção. A B. subtilis (linhagem UFPEDA 16), foi multiplicada em laboratório em placa de
Petri contendo meio agar-nutritivo incubada em estufa a 37ºC durante 48 horas. As bactérias B.
cereus, foram multiplicadas a partir do Biovicerin (probiótico). As bactérias e seus esporos
podem ser visualizados na Figura 18. Esta imagem foi obtida com o auxílio do microscópio
Olympus CX 41. Observa-se na imagem (com ampliação de 1000 vezes) a presença das
bactérias em cor rosa (vegetativa) e de seus esporos que estão na cor azul.
Figura 17 - Bactérias Bacillus cereus (A) e seus esporos (B); Bactérias Bacillus subtilis (C) e seus esporos
(D)
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura 22– Frasco de Erlenmeyer quebrado contendo Bacillus cereus (A). Diferença na velocidade de
embranquecimento da mistura (B)
Figura 23 – Surgimento de cristais nos corpos de prova nas repetições com Bacillus cereus (A) e Bacillus
subtilis (B)
se um resultado divergente. Isto deve ter ocorrido, muito provavelmente, por conta do tipo de
impregnação utilizada (o autor referido utilizou a impregnação a vácuo).
Observa-se, na Figura 22, que ocorreu uma diminuição nas espessuras das fissuras
provocadas no corpo de prova do tratamento 4 (B. cereus), sendo mais visível a redução da
fissura maior. Em (a) é possível perceber o tamanho original das fissuras no primeiro dia de
vida do concreto e em (b) vê-se estas mesmas rachaduras 10 dias depois. No entanto, devido ao
fato de ter sido feito o acompanhamento sem o auxílio de aparelhos adequados, não foi possível
mensurar a intensidade da regeneração, obtendo-se então apenas uma análise visual qualitativa.
Figura 21 - Fissuras provocadas em corpo de prova contendo B.cereus sendo (a) 1 dia de vida e (b) 10 dias
de vida
forma tão significativa na Figura 24, que corresponde ao tratamento 2 (corpos de prova de
controle com fissuras). Isso ratifica os resultados de Jonkers (2011), que observou o
preenchimento das fissuras, em repetições bacterianas imersas em água durante duas semanas.
Porém, neste trabalho, não se visualizou o fechamento total dessas rachaduras, provavelmente,
devido ao menor tempo de ação, ou seja, em apenas dez dias.
Figura 22 - Fissuras provocadas em corpo de prova com B. subtilis sendo (a) 1 dia de vida e (b) 10 dias de
vida
Figura 23 - Fissuras provocadas em corpo de prova no tratamento controle sendo (a) 1 dia de vida e (b) 10
dias de vida
Como dito no item 2.4.1, Castro-Alonso (2019) apontou em seu estudo bibliográfico
sobre Bioconcreto que quando aplicada sem cápsula protetora, a B. subtilis é capaz de fechar
fissuras de até 85nm e a B. cereus possui uma capacidade ainda não definida de preenchimento
de aberturas. Uma outra bactéria deste gênero, a B. alkalinitrilicus, de acordo com Wiktor e
Jonkers (2011) é capaz de preencher fissuras até 0,46 mm. Contudo, análises comparativas entre
esses micro-organismos mais aprofundadas ainda precisam ser feitas em maior quantidade para
que seja possível balizar trabalhos futuros.
Nesse sentido, o ensaio de absorção de água por capilaridade surge como um indicador
fundamental na comparação, fornecendo dados mais precisos, a fim de se depreender que não
somente as diferenças dos tratamentos com bactérias em detrimento dos demais, como também
diferenças de um tratamento bacteriano em relação ao outro.
O indicador utilizado neste trabalho para mensurar e comparar a regeneração dos corpos
de prova foi o ensaio de absorção de água por capilaridade (não normatizado). Visto que a
ascensão capilar é dada pelo inverso do diâmetro do poro, quanto mais água adentra na matriz
de concreto, menores as dimensões dos interstícios dos corpos de prova. Observou-se que, após
duas horas sobre lâmina d’água, os tratamentos com bactérias apresentaram maior altura de
ascensão capilar. Essa constatação foi corroborada pela medição (e comparação) das massas
secas e úmidas que indicou um maior ganho de massa nas repetições com bactérias. Observou-
se que a altura de ascensão capilar do tratamento 3 (B. subtilis) atingiu o topo do corpo de prova,
enquanto nos demais tratamentos esta ascensão não foi tão significativa. Este resultado indica
que pode haver uma maior eficiência de regeneração do Bioconcreto quando foi utilizada a
bactéria B. subtilis em relação à B. cereus.
Na Tabela 3, observa-se as medições das massas secas dos quatro corpos de prova de
cada tratamento e posteriormente da massa úmida. Também foi possível observar o aumento na
massa, que indica a ascensão capilar, dada pela razão entre a média 2 sobre a média 1.
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5. CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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