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Harmonização contábil
O crescimento da globalização, e, principalmente, a maior integração
entre os diferentes mercados mundiais trouxeram necessidade da adoção de
padrões contábeis unificados. Com isso, surgiu a Harmonização contábil, ao
qual é um processo pelo qual vários países, de comum acordo, realizam
mudanças nos seus sistemas e normas contábeis, tornando-os compatíveis,
respeitando as peculiaridades e características de cada região. Esse processo
parte da identificação das linhas gerais no marco conceitual e na teoria geral da
contabilidade desses países que fundamentam suas normas contábeis.
Quando se fala em harmonização, é importante dizermos que existem
vantagens, desvantagens e obstáculos. Conforme Lisboa (1998) as vantagens
seriam comparabilidade na avaliação do desempenho de empresas em nível
mundial; maior facilidade para o ensino da contabilidade, maior facilidade para
transferência de pessoal entre as subsidiárias de uma multinacional; maior
facilidade para o acesso das empresas a recursos financeiros internacionais;
permite harmonização de pré-requisitos para que as empresas possam ter
seus papeis negociados em diferentes bolsas de valores.
A desvantagem seria que a harmonização implica na redução de opções
de práticas contábeis bem fundamentadas. Já os obstáculos seriam: o alto grau
das diferenças entre as normas e práticas contábeis dos diversos países; a
falta, em alguns países, de entidades de profissionais com poder de influência
e nacionalismo.
IASB
O International Accounting Standards Board - IASB, traduzido para o
português como "quadro internacional de normas contábeis", é a organização
internacional sem fins lucrativos que publica e atualiza as International
Financial Reporting Standards (IFRS) - Normas Internacionais de Relatório
Financeiro. Ele foi criado em 1 de abril de 2001 na estrutura do International
Accounting Standards Committee (IASC), ou "Fundação Comitê de Normas
Internacionais de Contabilidade", assumindo as responsabilidades técnicas do
IASC a partir dessa data.
Na primeira década de sua existência, o IASB manifestou sua
Declaração de Missão com foco no desenvolvimento de um "conjunto único de
normas contábeis globais de alta qualidade, compreensíveis e exequíveis", que
produz "informações de alta qualidade, transparentes e comparáveis, em
demonstrações financeiras".
No entanto, em meados de 2015, o IASB adaptou sua declaração,
afirmando então, que a sua missão é desenvolver IFRS que tragam
transparência, responsabilização e eficiência aos mercados financeiros no
mundo todo, servindo ao interesse público, promovendo a confiança, o
crescimento e a estabilidade financeira de longo prazo na economia global.
FASB
O Financial Accounting Standards Board (FASB) é uma
organização estadunidense sem fins lucrativos criado em 1973 para padronizar
os procedimentos da contabilidade financeira de empresas cotadas em bolsa e
não governamentais. O FASB tem objetivo de trazer padronização, maior
eficiência na economia e nas decisões tomadas pelas empresas trazendo
maior clareza nas informações divulgadas.
SEC
A SEC (ou U.S. Securities and Exchange Commission) é uma agência
independente responsável por proteger e regular o mercado de capitais
americano. Adicionalmente, ela também é responsável por manter o
funcionamento justo dos mercados de valores mobiliários através do
monitoramento da operação das empresas.
Essa agência foi criada pelo Congresso americano no ano de 1934,
como sendo o primeiro regulador de nível federal dos mercados de valores
mobiliários daquele país.
Dentre alguns dos papeis dessa agência federal voltada para o mercado
americano, é possível citar a proteção aos investidores contra práticas
fraudulentas dentro do mercado de capitais, monitoramento de fusões e
aquisições dentro do ambiente corporativo americano, entre outras atividades.
CFC
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) é uma Autarquia Especial
Corporativa dotada de personalidade jurídica de direito público.
Criado e regido por legislação específica, o Decreto-Lei nº 9.295, de 27
de maio de 1946, o CFC possui estrutura, organização e funcionamento
regulamentados pela Resolução CFC nº 1.612, de 11 de fevereiro de 2021, que
aprova o Regulamento Geral dos Conselhos de Contabilidade, e pela
Resolução CFC nº 1.616, de 18 de março de 2021, que aprova seu Regimento
Interno. Ressalta-se, ainda, a Lei n.º 12.249, de 11 de junho de 2010, que
instituiu a obrigatoriedade do Exame de Suficiência na área contábil.
O CFC é integrado por um representante de cada estado e mais o
Distrito Federal, no total de 27 conselheiros efetivos e igual número de
suplentes – Lei nº 11.160/05, e tem, dentre outras finalidades, nos termos da
legislação em vigor, principalmente a de orientar, normatizar e fiscalizar o
exercício da profissão contábil, por intermédio dos Conselhos Regionais de
Contabilidade (CRCs), cada um em sua base jurisdicional, nos Estados e no
Distrito Federal; decidir, em última instância, os recursos de penalidade
imposta pelos CRCs; regular acerca dos princípios contábeis, do Exame de
Suficiência, do cadastro de qualificação técnica e dos programas de educação
continuada; e editar Normas Brasileiras de Contabilidade de natureza técnica e
profissional.
CPC
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado a partir da
união de esforços e comunhão de objetivos das seguintes entidades:
Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca);
Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do
Mercado de Capitais (Apimec Nacional);
B3 Brasil Bolsa Balcão;
Conselho Federal de Contabilidade (CFC);
Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon);
Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e
Financeiras (Fipecafi);
Entidades representativas de investidores do mercado de capitais.
Criado pela Resolução CFC nº 1.055/05, o CPC tem como objetivo "o
estudo, o preparo e a emissão de documentos técnicos sobre procedimentos
de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir
a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à
centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre
em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões
internacionais".
NBC-TG
NBC TG - são as Normas Brasileiras de Contabilidade convergentes
com as normas internacionais emitidas pelo International Accounting Standards
Board (Iasb); e as Normas Brasileiras de Contabilidade editadas por
necessidades locais, sem equivalentes internacionais;
As NBC TG são segregadas em:
a) normas completas que compreendem as normas editadas pelo CFC a
partir dos documentos emitidos pelo CPC que estão convergentes com as
normas do Iasb, numeradas de 00 a 999;
b) normas simplificadas para PMEs que compreendem a norma de PME
editada pelo CFC a partir do documento emitido pelo Iasb, bem como as ITs e
os CTs editados pelo CFC sobre o assunto, numerados de 1000 a 1999;
c) normas específicas que compreendem as ITs e os CTs editados pelo
CFC sobre entidades, atividades e assuntos específicos, numerados de 2000 a
2999.
CVM
A sigla CVM se refere à Comissão de Valores Mobiliários, uma entidade
autárquica ligada ao Ministério da Fazenda. Ela foi criada através da Lei nº
6.385 de 1976. Sendo assim, apesar de ser vinculada ao Ministério da
Economia, a CVM atua de forma completamente independente.
As principais funções da Comissão de Valores Mobiliários são fiscalizar,
normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários. Em
síntese, os valores mobiliários são os ativos negociados com o intuito de captar
recursos, como ações, cotas de fundos e debêntures.
Portanto, todas as negociações que envolvem valores mobiliários devem
ser reguladas pela Comissão de Valores Mobiliários. Ou seja, tanto os títulos
públicos, quanto os privados, devem ser registrados na CVM antes de serem
distribuídos no mercado.
A Comissão de Valores Mobiliários é composta por um presidente e
quatro diretores, que formam o Colegiado. Apesar da CVM atuar de maneira
independente, as cinco pessoas que compõem o Colegiado devem ser
nomeadas pelo Presidente da República e aprovadas pelo Senado.
LOBBY
O lobby pode ser entendido como o conjunto de ações que indivíduos ou
grupos empreendem para tentar influenciar as decisões dos reguladores
contábeis no seu processo de elaboração de normas. Para Lodi (1986, p. 10),
“o lobby é moralmente neutro, podendo servir para o Bem e para o Mal. Ele é
destituído de ideologia, apesar de ser poderoso condutor de interesses e
ideologias”.
Conforme Carmo 2016, o lobby está ligado à organização de interesses.
Consiste na ação de influenciar o tomador de decisão por meio da atuação
persuasória sobre o poder constituído, seja ele público ou privado,
representando um mecanismo de pressão e de representação do interesse de
grupos ou de indivíduos junto a tal poder.
Teoria da Captura
A teoria da captura surgiu como contraponto à teoria do interesse
público,
uma vez que diversas evidências empíricas apresentavam provas de que a
regulação fora exercida em prol da empresa regulada e, consequentemente,
em detrimento da sociedade.
Beaver (1998) explica a teoria da captura: “o principal beneficiário da
regulação não é o público (ou investidores, no caso da Lei das Sociedades por
Ações), mas aqueles sendo regulados”. Segundo Stigler e Friedland (1962), a
regulação do serviço de energia elétrica (um monopólio natural) garantiu lucros
anormais para as concessionárias do serviço público em detrimento dos
consumidores.
Cohen e Stigler citados por Beaver (1998) apresentam os principais
beneficiários da legislação societária como os membros da comunidade de
investidores profissionais em vez dos investidores individuais de uma forma
mais ampla. Viscusi, Vernon e Harrington Jr. (2000) afirmam que, segundo a
teoria da captura, ou a regulação é oferecida como resposta à demanda da
indústria por regulação de forma que “os legisladores são capturados pela
indústria”, ou a agência reguladora se torna controlada pela indústria com o
passar do tempo, isto é, “os reguladores são capturados pela indústria”.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS