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REGULAÇÃO CONTÁBIL

Contabilidade em Contexto Mundial e Nacional


A Contabilidade é a ciência que mede a realidade econômica de uma
organização a fim de permitir o planejamento e controle adequados de
entidades econômicas. Trata-se de um ramo do conhecimento cujos
fundamentos e objetivos giram em torno da obtenção de medidas para
a tomada de decisões, através da aplicação de ferramentas e técnicas
matemáticas para a produção de demonstrativos contábeis/financeiros que
evidenciem uma interpretação adequada da realidade econômica, financeira,
física e patrimonial das entidades.
 Consequentemente, o processo de análise financeira baseia-se na
aplicação de ferramentas e num conjunto de técnicas que se aplicam
às demonstrações financeiras e outros dados complementares com o objetivo
de obter medidas e relações quantitativas que indiquem o comportamento, não
apenas da entidade econômica, mas também de algumas de suas variáveis
mais importantes.
Contabilidade é, portanto, a ciência da medição, processamento e
comunicação de informações econômico-financeiras sobre entidades
econômicas, sejam elas empresas públicas ou privadas, com ou sem fins
lucrativos ou uma nação (Contabilidade Nacional). A contabilidade, referida
frequentemente como a "linguagem dos negócios", mede os resultados das
atividades econômicas de uma organização e transmite essa informação a uma
variedade de usuários incluindo investidores, credores, gerentes e agentes
reguladores.
De acordo com a doutrina oficial brasileira (organizada pelo Conselho
Federal de Contabilidade), a contabilidade é uma ciência social da mesma
forma que a economia e a administração. Esta ciência surgiu em decorrência
de necessidade, quando a sociedade produzia excedentes que necessitavam
ser contabilizados.
No Brasil, os profissionais de contabilidade em geral são chamados
de contabilistas. Aqueles que concluem os cursos de nível superior de ciências
contábeis recebem o diploma de bacharel em ciências contábeis. Recebem a
titulação de contador os bacharéis aprovados no exame de suficiência do
Conselho Federal de Contabilidade. 

Harmonização contábil
O crescimento da globalização, e, principalmente, a maior integração
entre os diferentes mercados mundiais trouxeram necessidade da adoção de
padrões contábeis unificados. Com isso, surgiu a Harmonização contábil, ao
qual é um processo pelo qual vários países, de comum acordo, realizam
mudanças nos seus sistemas e normas contábeis, tornando-os compatíveis,
respeitando as peculiaridades e características de cada região. Esse processo
parte da identificação das linhas gerais no marco conceitual e na teoria geral da
contabilidade desses países que fundamentam suas normas contábeis.
Quando se fala em harmonização, é importante dizermos que existem
vantagens, desvantagens e obstáculos. Conforme Lisboa (1998) as vantagens
seriam comparabilidade na avaliação do desempenho de empresas em nível
mundial; maior facilidade para o ensino da contabilidade, maior facilidade para
transferência de pessoal entre as subsidiárias de uma multinacional; maior
facilidade para o acesso das empresas a recursos financeiros internacionais;
permite harmonização de pré-requisitos para que as empresas possam ter
seus papeis negociados em diferentes bolsas de valores.
A desvantagem seria que a harmonização implica na redução de opções
de práticas contábeis bem fundamentadas. Já os obstáculos seriam: o alto grau
das diferenças entre as normas e práticas contábeis dos diversos países; a
falta, em alguns países, de entidades de profissionais com poder de influência
e nacionalismo.

IASB
O International Accounting Standards Board - IASB, traduzido para o
português como "quadro internacional de normas contábeis", é a organização
internacional sem fins lucrativos que publica e atualiza as International
Financial Reporting Standards (IFRS) - Normas Internacionais de Relatório
Financeiro. Ele foi criado em 1 de abril de 2001 na estrutura do International
Accounting Standards Committee (IASC), ou "Fundação Comitê de Normas
Internacionais de Contabilidade", assumindo as responsabilidades técnicas do
IASC a partir dessa data.
Na primeira década de sua existência, o IASB manifestou sua
Declaração de Missão com foco no desenvolvimento de um "conjunto único de
normas contábeis globais de alta qualidade, compreensíveis e exequíveis", que
produz "informações de alta qualidade, transparentes e comparáveis, em
demonstrações financeiras". 
No entanto, em meados de 2015, o IASB adaptou sua declaração,
afirmando então, que a sua missão é desenvolver IFRS que tragam
transparência, responsabilização e eficiência aos mercados financeiros no
mundo todo, servindo ao interesse público, promovendo a confiança, o
crescimento e a estabilidade financeira de longo prazo na economia global.

FASB
O Financial Accounting Standards Board (FASB) é uma
organização estadunidense sem fins lucrativos criado em 1973 para padronizar
os procedimentos da contabilidade financeira de empresas cotadas em bolsa e
não governamentais. O FASB tem objetivo de trazer padronização, maior
eficiência na economia e nas decisões tomadas pelas empresas trazendo
maior clareza nas informações divulgadas.

SEC
A SEC (ou U.S. Securities and Exchange Commission) é uma agência
independente responsável por proteger e regular o mercado de capitais
americano. Adicionalmente, ela também é responsável por manter o
funcionamento justo dos mercados de valores mobiliários através do
monitoramento da operação das empresas.
Essa agência foi criada pelo Congresso americano no ano de 1934,
como sendo o primeiro regulador de nível federal dos mercados de valores
mobiliários daquele país.
Dentre alguns dos papeis dessa agência federal voltada para o mercado
americano, é possível citar a proteção aos investidores contra práticas
fraudulentas dentro do mercado de capitais, monitoramento de fusões e
aquisições dentro do ambiente corporativo americano, entre outras atividades.
CFC
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) é uma Autarquia Especial
Corporativa dotada de personalidade jurídica de direito público.
Criado e regido por legislação específica, o Decreto-Lei nº 9.295, de 27
de maio de 1946, o CFC possui estrutura, organização e funcionamento
regulamentados pela Resolução CFC nº 1.612, de 11 de fevereiro de 2021, que
aprova o Regulamento Geral dos Conselhos de Contabilidade, e pela
Resolução CFC nº 1.616, de 18 de março de 2021, que aprova seu Regimento
Interno. Ressalta-se, ainda, a Lei n.º 12.249, de 11 de junho de 2010, que
instituiu a obrigatoriedade do Exame de Suficiência na área contábil.
O CFC é integrado por um representante de cada estado e mais o
Distrito Federal, no total de 27 conselheiros efetivos e igual número de
suplentes – Lei nº 11.160/05, e tem, dentre outras finalidades, nos termos da
legislação em vigor, principalmente a de orientar, normatizar e fiscalizar o
exercício da profissão contábil, por intermédio dos Conselhos Regionais de
Contabilidade (CRCs), cada um em sua base jurisdicional, nos Estados e no
Distrito Federal; decidir, em última instância, os recursos de penalidade
imposta pelos CRCs; regular acerca dos princípios contábeis, do Exame de
Suficiência, do cadastro de qualificação técnica e dos programas de educação
continuada; e editar Normas Brasileiras de Contabilidade de natureza técnica e
profissional.

CPC
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado a partir da
união de esforços e comunhão de objetivos das seguintes entidades:
 Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca);
 Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do
Mercado de Capitais (Apimec Nacional);
 B3 Brasil Bolsa Balcão;
 Conselho Federal de Contabilidade (CFC);
 Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon);
 Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e
Financeiras (Fipecafi);
 Entidades representativas de investidores do mercado de capitais.
Criado pela Resolução CFC nº 1.055/05, o CPC tem como objetivo "o
estudo, o preparo e a emissão de documentos técnicos sobre procedimentos
de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir
a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à
centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre
em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões
internacionais".

NBC-TG
NBC TG - são as Normas Brasileiras de Contabilidade convergentes
com as normas internacionais emitidas pelo International Accounting Standards
Board (Iasb); e as Normas Brasileiras de Contabilidade editadas por
necessidades locais, sem equivalentes internacionais;
As NBC TG são segregadas em:
a) normas completas que compreendem as normas editadas pelo CFC a
partir dos documentos emitidos pelo CPC que estão convergentes com as
normas do Iasb, numeradas de 00 a 999;
b) normas simplificadas para PMEs que compreendem a norma de PME
editada pelo CFC a partir do documento emitido pelo Iasb, bem como as ITs e
os CTs editados pelo CFC sobre o assunto, numerados de 1000 a 1999;
c) normas específicas que compreendem as ITs e os CTs editados pelo
CFC sobre entidades, atividades e assuntos específicos, numerados de 2000 a
2999.

CVM
A sigla CVM se refere à Comissão de Valores Mobiliários, uma entidade
autárquica ligada ao Ministério da Fazenda. Ela foi criada através da Lei nº
6.385 de 1976. Sendo assim, apesar de ser vinculada ao Ministério da
Economia, a CVM atua de forma completamente independente. 
As principais funções da Comissão de Valores Mobiliários são fiscalizar,
normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários. Em
síntese, os valores mobiliários são os ativos negociados com o intuito de captar
recursos, como ações, cotas de fundos e debêntures. 
Portanto, todas as negociações que envolvem valores mobiliários devem
ser reguladas pela Comissão de Valores Mobiliários. Ou seja, tanto os títulos
públicos, quanto os privados, devem ser registrados na CVM antes de serem
distribuídos no mercado. 
A Comissão de Valores Mobiliários é composta por um presidente e
quatro diretores, que formam o Colegiado. Apesar da CVM atuar de maneira
independente, as cinco pessoas que compõem o Colegiado devem ser
nomeadas pelo Presidente da República e aprovadas pelo Senado.

LOBBY
O lobby pode ser entendido como o conjunto de ações que indivíduos ou
grupos empreendem para tentar influenciar as decisões dos reguladores
contábeis no seu processo de elaboração de normas. Para Lodi (1986, p. 10),
“o lobby é moralmente neutro, podendo servir para o Bem e para o Mal. Ele é
destituído de ideologia, apesar de ser poderoso condutor de interesses e
ideologias”.
Conforme Carmo 2016, o lobby está ligado à organização de interesses.
Consiste na ação de influenciar o tomador de decisão por meio da atuação
persuasória sobre o poder constituído, seja ele público ou privado,
representando um mecanismo de pressão e de representação do interesse de
grupos ou de indivíduos junto a tal poder.

Profissão contábil no passado


No Brasil, mesmo antes de serem organizadas as primeiras escolas
técnicas comerciais, já se praticava a contabilidade através da figura do então
"guarda-livros", profissional definido no Código Comercial de 1850 e que,
segundo Francisco D'Áuria, era o elemento que cuidava de registrar as
transações dos estabelecimentos comerciais da época.
Conforme Simeone (2013) somente a partir da aprovação do Decreto-
lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946, que criou o Conselho Federal de
Contabilidade, além de definir as atribuições dos contadores, técnicos de
contabilidade e guarda-livros, é que começa a haver razoável desenvolvimento
da profissão contábil.
Se, de um lado, a profissão se expandiu, de outro, os problemas que
foram criados com a equiparação do "guarda-livros", ou seja, do praticante de
contabilidade sem escolaridade formal em ciências contábeis, do técnico de
contabilidade, isto é, do técnico de nível médio formado pelas escolas técnicas
comerciais, ao profissional de formação universitária - contador - originaram
uma perda de prestígio em relação às outras profissões de nível superior,
fazendo com que os jovens que ingressavam nas faculdades não tivessem
interesse em abraçar aquela carreira, pelo fato de não lhes conceder o
mesmo status das outras profissões.
Tal fato acarretou sérios prejuízos para o desenvolvimento da profissão,
pois se deixou de receber um grande contingente de jovens talentosos que, na
certa, teriam ajudado a mudar aquela visão puramente escriturai da
contabilidade de então, para uma visão mais criativa e superior.
A partir da década de 60, uma série de acontecimentos passou a
requerer, dos profissionais contábeis, uma mudança radical no seu modus
operandi, como por exemplo, à Lei Orçamentária (Lei nº 4.320), à Lei de
Reforma Bancária (Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964), à Lei do
Mercado de Capitais (Lei nº 4.728, de julho de 1965) e etc. Toda essa
legislação implicou maiores controles fiscais e contábeis, tanto para os órgãos
públicos como para as empresas particulares.
Com isso, passa-se a consagrar, como prerrogativa exclusiva do
contador, o exercício da profissão de auditor, requerendo-se-lhe
conhecimentos técnicos não oferecidos aos técnicos de contabilidade, nas
escolas comerciais.
Somente a partir de 1972 é que ocorre a regulamentação da auditoria,
através da Resolução nº 220 e das Circulares nº" 178 e 179, todas do Banco
Central do Brasil, que, além de estabelecerem normas e princípios de auditoria
e contabilidade, também padronizaram os demonstrativos das empresas de
capital aberto, com exigência de demonstrativos certificados por auditores
independentes.
Ainda não consolidada a profissão, surge, após quatro anos, em
dezembro de 1976, o marco definitivo do desenvolvimento da profissão contábil
no Brasil. Depois de muita discussão, é aprovada a nova Lei das Sociedades
Anônimas, ao mesmo tempo em que é criada a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM), que iria substituir o Banco Central, no que diz respeito à
emissão de parte da legislação contábil e ao controle do mercado de capitais
no Brasil.

Profissão contábil do presente para o futuro


A profissão contábil está e estará em ascensão contínua, sendo uma
das carreiras mais nobres e valorizadas, não só no Brasil, como em todo
mundo (ZANLUCA, 2019).
Engana-se quem julga que contabilidade é um luxo, ou algo burocrático
para atender a legislação fiscal ou societária. É muito mais que isto: é uma
ciência, e como tal, contribui para o aprimoramento de nossa sociedade visto
que a maior parte da riqueza econômica gerada provém das entidades
organizadas, cujo patrimônio é alvo da ciência contábil.
A contabilidade é uma enorme fonte de registro, interpretação e
informação de dados empresariais, governamentais e de entidades do terceiro
setor. Devido a isso, o contabilista pode atuar em várias frentes profissionais,
além da própria gestão contábil de empresas, entidades públicas e não-
governamentais, especializando-se em várias áreas, como: perícia
contábil, auditoria, fiscal, atuarial, consultoria, ensino, pesquisa e etc.

Visão dos professores sobre o futuro da profissão contábil


Dinamismo e capacidade de conviver com diversos cenários é
imprescindível no mercado de trabalho, sendo assim, novas tendências
aparecem nas profissões com muita velocidade, exigindo flexibilidade dos
profissionais para um bom desempenho.
Devido a tecnologia, professores alertam para a chamada contabilidade
4.0, uma vez que a função do simples registro foi sendo substituída pela da
orientação sobre as coisas registradas, ou seja, a de oferecer opiniões de
como estão caminhando os negócios e a gestão das empresas.
O papel de apenas informante de saldos ou de zelador de assuntos
fiscais, vem sendo cada vez mais superado, pois, se substitui
pela tecnologia avançada da informática. No entanto, o que se extingue não é a
profissão contábil, mas, algumas das funções que absorvia muito tempo e
acabava comprometendo a sua real importância, que é a de explicar os fatos e
traçar modelos de comportamento da riqueza.
O profissional contábil do futuro deve estar bastante atento ao avanço
tecnológico para apresentar uma performance de alto nível. Para isso, deve-se
acompanhar as atualizações; ter sabedoria para ser consultor; apresentar
comunicação ágil; apostar no marketing digital; ter visão estratégica e etc.

Teoria do Interesse Público


A teoria do interesse público segue a visão clássica da regulação que
teria como propósito zelar pelo interesse público. Portanto, sempre que este
estiver na iminência de ser atingido, o Estado (órgão regulador) deve agir, por
exemplo, para evitar que determinada empresa com concentração do poder de
mercado (um monopolista) prejudique os consumidores.
Segundo essa teoria, a regulação é justificada, principalmente, para os
casos que envolvem monopólios naturais e externalidades negativas. Assim, os
atores da regulação funcionam como agentes do interesse público. O propósito
da regulação é atingir certos resultados desejados pela comunidade e que o
mercado não teria condições de facilitar. (SARAVIA et al, 2008)

Teoria da Captura
A teoria da captura surgiu como contraponto à teoria do interesse
público,
uma vez que diversas evidências empíricas apresentavam provas de que a
regulação fora exercida em prol da empresa regulada e, consequentemente,
em detrimento da sociedade.
Beaver (1998) explica a teoria da captura: “o principal beneficiário da
regulação não é o público (ou investidores, no caso da Lei das Sociedades por
Ações), mas aqueles sendo regulados”. Segundo Stigler e Friedland (1962), a
regulação do serviço de energia elétrica (um monopólio natural) garantiu lucros
anormais para as concessionárias do serviço público em detrimento dos
consumidores.
Cohen e Stigler citados por Beaver (1998) apresentam os principais
beneficiários da legislação societária como os membros da comunidade de
investidores profissionais em vez dos investidores individuais de uma forma
mais ampla. Viscusi, Vernon e Harrington Jr. (2000) afirmam que, segundo a
teoria da captura, ou a regulação é oferecida como resposta à demanda da
indústria por regulação de forma que “os legisladores são capturados pela
indústria”, ou a agência reguladora se torna controlada pela indústria com o
passar do tempo, isto é, “os reguladores são capturados pela indústria”.

Teoria da Competição entre os Grupos de Interesse


Pelo fato das duas teorias citadas anteriormente se posicionarem nos
extremos e se basearem exclusivamente em evidências empíricas, foram
duramente criticadas, até que emergiu a teoria da competição entre os grupos
de interesse, segundo a qual, o legislador e o regulador estão preocupados em
se perpetuarem no poder.
Portanto, a regulação é desenhada para atender às necessidades do
grupo de interesse que exercer maior pressão relativa sobre o regulador e o
legislador. Os formuladores da teoria veem regulação como o produto da
relação de diferentes grupos entre si e destes com o Estado. Para eles, a
regulação não está imbuída de espírito público, mas sim de competição pelo
poder (Balwin e Cave, 1999).
A teoria da competição entre os grupos de interesse pode ser
visualmente explicada pela física mecânica, teoria dos vetores. A regulação
pode ser representada por um pêndulo e as pressões exercidas pelos grupos
de interesse
correspondem aos vetores de força. Caso as forças sejam exercidas em
mesma
intensidade e em sentidos opostos, o pêndulo permanece parado (a regulação
é
mantida no status quo). Por outro lado, o grupo que conseguir exercer pressão
relativa maior que os demais grupos de interesse provavelmente obterá a
regulação
Teoria tridimensional
A teoria desenvolvida por Reale procurava entender a elaboração de
normas jurídicas, daí porque é conhecida por teoria tridimensional do direito.
Segundo Reale, a regulação é uma construção social que decorre da dinâmica
dialética entre o fato, o valor e a norma.
Resumidamente, pode-se dizer que a norma (N) é produzida por um
órgão dotado de poder normativo (P) que interpreta os fatos (F) à luz dos
valores (V1, V2, V3) compartilhados pela sociedade (intenções de valor),
conforme o que seja entendido por “interesse público” (direções normativas).

Abordagem de Habermas segundo Laughlin

A abordagem de Habermas, interpretada por Laughlin (2007), é


semelhante à teoria desenvolvida por Reale. Pelo menos, quanto ao fato da
regulação ser uma construção social permeada por valores e formalizada por
instituições dotadas de poder normativo que interpretam os valores em
consonância aos mecanismos norteadores (direções normativas).
Em Tenório (2007), percebe-se que o acordo (explícito ou implícito)
quanto ao conjunto de valores ocorre, segundo Habermas, na “esfera pública”
e que isso é determinante para a constituição da democracia. Para Laughlin
(2007) e Broadbent (1998), os mecanismos norteadores apresentados na teoria
habermasiana correspondem à lógica contábil das partidas dobradas, segundo
a qual os agentes, não só os contabilistas, mas todos os agentes da sociedade
avaliam os custos e os benefícios de suas ações, isto é, a relação custo versus
benefício é acessada pelo binômio aplicação e origem (débito e crédito), que
demonstra os dois lados de uma mesma transação, ou seja, que caixa é
trocado por alguma coisa.
Laughlin (2007) distingue a regulação da contabilidade da regulação
contábil. A regulação da contabilidade é externa à contabilidade, e pode ser
formalizada pelos padrões contábeis e pela regulação social baseada na lógica
contábil. Portanto, é aquela emanada por uma instituição dotada de poder
normativo (por exemplo, a CVM, o Conselho Federal de Contabilidade - CFC, o
CPC, o Iasb, entre outros).
EVENTOS SUBSEQUENTES
“Eventos subsequentes são os eventos favoráveis ou desfavoráveis que
ocorrem após a data do balanço e antes da divulgação das demonstrações
contábeis”. (TAMBOSI, 2012)
Os eventos subsequentes que já existiam antes da data do balanço são
eventos que originam ajustes, pois como já havia indícios destes
acontecimentos, entende-se que já deveriam constar nas demonstrações, pois
já era de conhecimento dos responsáveis pela elaboração das demonstrações.
Exemplo: acordo de fusão, ou ainda algum tipo de dano ambiental significativo
que pode comprometer a continuidade das atividades da entidade.
Os eventos ou condições que surgiram após a data do Balanço são
eventos que não originam ajustes, apenas nota explicativa, pois na ocasião da
elaboração das demonstrações não havia quaisquer indícios do acontecimento.
Exemplo: destruição de ativos e paralisação da produção por inundação ou
incêndio de grandes proporções em uma das partes produtivas da empresa.
O CPC 24 define as formas de reconhecimento e mensuração dos
eventos subsequentes que originam ajustes, da seguinte forma:
a) A entidade deve ajustar os valores reconhecidos em suas
demonstrações contábeis para que reflitam os eventos subsequentes que
evidenciem condições que já existiam na data final do período contábil a que se
referem às demonstrações contábeis.
b) São reconhecidos da seguinte maneira: decisão ou pagamento em
processo judicial, confirmando que a entidade já tinha obrigação presente ao
final daquele período contábil. A entidade deve reconhecer de acordo com CPC
25- Provisões, Passivos Contingentes ou registrar nova provisão.
c) Deve divulgar se um bem ou ativo sofreu perdas ou desvalorização
após apresentação das demonstrações contábeis, inclusive, fazer os ajustes a
valor de mercado ou outra forma de avaliação que mensure ao valor justo
desse evento subsequente.
d) Falência de clientes ocorridas após divulgação dos demonstrativos
contábeis a que se referem e confirmar se já existia algum prejuízo na conta a
receber no final daquele período e nesse caso ajustar o valor contábil da conta
a receber. Se no caso de falência de sócios controladores, deverá verificar
quem responderá pela sua participação e como irá proceder a avaliação do
capital investido ou das ações adquiridas e qual será o destino dessa parte
originária.
Por fim, pode-se dizer que a importância da divulgação dos eventos
subsequentes é indiscutível, pois resume-se na questão da qualidade e
transparência das informações. A omissão dos eventos subsequentes pode
caracterizar-se como fraude, que é o ato intencional de manipulação das
transações, pelo fato de as informações divulgadas não demonstrarem a
realidade da empresa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SARAVIA, Enrique et al. Regulação da Contabilidade e Regulação Contábil:


Teorias e análise da Lei nº 11.638/07. 2008. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rap/a/RwCkwrTf5fpCTx6CKWKKY5D/?lang=pt. Acesso
em: 03 out 2021.

CARMO, Silva et al. Lobbyng na regulação contábil: desenvolvimentos teóricos


e pesquisas empíricas. Revista Universo Contábil, 2016. Disponível em:
https://www.redalyc.org/pdf/1170/117046856005.pdf. Acesso em: 03 out 2021.

TAMBOSI, Bernadete. CPC 24 – Eventos Subsequentes: conceito e


importância de sua divulgação. 2012. Acesso em:
https://www.afixcode.com.br/blog/cpc-24-eventos-subsequentes/. Acesso em:
04 out 2021.

ZANLUCA, Júlio César. Contabilista – Profissão do presente e do futuro. Portal


de Contabilidade, 2019. Disponível em:
http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/profissaocontabil.htm.
Acesso em: 03 out 2021.
PORTAL DE CONTABILIDADE. Normas Brasileiras de Contabilidade.
Disponível em:
http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/normascontabilidade.htm. Acesso
em: 03 out 2021.

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