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“Católicas” dissidentes

Que pensar de uma ONG de católicas dissidentes, que defende o aborto, o


matrimônio homossexual, um segundo matrimônio em caso de divórcio, o fim do
celibato e a ordenação de mulheres? Por que as mulheres não podem ser
ordenadas? (Márcio)

Primeiramente, é necessário dizer que não é bom católico aquele que funda uma
associação com a finalidade de contestar de modo sistemático a doutrina da Igreja.

Depois, é necessária uma distinção: se se trata de questões de disciplina (como o fim


do celibato), é possível discutir e desejar mudanças, apesar de o modo que essas senhoras
escolheram para reclamar não ser o mais construtivo. Contudo, se se trata de questões
doutrinais (casamento sacramental de homossexuais, ordenação de mulheres, aborto) aí
esse grupo afasta-se da fé católica e já não pode ser considerado realmente católico.

Quanto à questão da ordenação de mulheres, vejamos. Cristo e os apóstolos


chamaram somente homens para o sacerdócio:

(1) Cristo quebrou tantos tabus em relação às mulheres: aceitou dinheiro delas,
confiou a uma delas o anúncio da ressurreição, conversava publicamente com elas - o que
era um escândalo para a época. Mas, não chamou nenhuma delas para o grupo dos Doze.
Não era por machismo nem por medo da mentalidade da época, já que em outras coisas ele
rompeu com os preconceitos. Devia haver outro motivo...

(2) Os apóstolos tiveram o mesmo comportamento. Mais ainda: no mundo grego,


onde eles anunciaram o Evangelho, havia sacerdotisas... Teria sido fácil aceitar mulheres
cristãs no ministério ordenado... No entanto, somente aos homens os apóstolos conferiram
esse ministério. Seguiram o comportamento de Jesus...

(3) Ao longo de toda a sua história, a Igreja jamais ordenou mulheres e sempre
considerou que o Senhor não as chamou para o ministério ordenado. Na Idade Média houve
abadessas poderosíssimas, como a de Las Huelgas, por exemplo; houve mulheres de
prestígio enorme, como Santa Catarina de Sena, que repreendeu o próprio Papa, mas
nenhuma delas foi ordenada.

(4) Recentemente, o Papa João Paulo II, num documento oficial aos Bispos, a Carta
Ordinatio Sacerdotalis, de 1992, confirmou como sendo doutrina de fé que a Igreja NÃO
PODE, NÃO TEM AUTORIDADE, para ordenar mulheres! E o Papa explicou que tal
ensinamento é DEFINITIVO, isto é jamais poderá ser modificado por nenhum papa futuro!
Isto é, o Papa ensinou que a Igreja, ao não ordenar mulheres, não estava simplesmente
seguindo um costume cultural, mas algo determinado pelo próprio Senhor. Isto significa que
essa questão não é somente de disciplina, mas de doutrina católica. Um católico que seja
fiel ao magistério da Igreja não deve mais colocar em questão a não ordenação de
mulheres.

Mas, por que Cristo não ordenou mulheres?

Esta é uma questão que a teologia deve ainda aprofundar melhor. Contudo, uma
primeira reposta é a seguinte: o Novo Testamento apresenta Cristo como Esposo da Igreja.
Ele a desposou para sempre na cruz. Cristo é o Esposo e Cabeça da Igreja, que é seu
Corpo e sua Esposa. Ora, o ministro ordenado, pelo sacramento da Ordem, é imagem e
representação do Cristo Cabeça e Esposo da Igreja. Somente alguém do sexo masculino
está apto para tal representação, pois, se o Filho eterno não tem sexo, enquanto Deus,
enquanto ser humano concreto assumiu o sexo masculino. A ordenação das mulheres
quebraria toda esta simbologia da Aliança, tão presente e importante na Sagrada Escritura.
A Igreja-comunidade é esposa que, reunida sob a presidência do Cristo-Esposo, tornado
presente sacramentalmente pelo ministro ordenado, oferece a Deus o sacrifício de louvor, a
Eucaristia.

É importante salientar que aqui não há desrespeito aos direitos das mulheres, por
dois motivos: (1) diante de Deus não temos direito algum: tudo é GRAÇA; Deus chama
quem ele quer! Seria absurdo reivindicar uma vocação! e (2) o sacerdócio não deve ser
visto como uma honra, um poder, mas como um serviço. Reivindicar o ministério ordenado
como direito é não compreender a dinâmica da graça, nem o ministério como serviço, nem
a Igreja como comunidade diversificada, na qual nem todos fazem a mesma coisa! As
mulheres têm a missão de participar ativamente da vida da Igreja, inclusive das decisões...
Poderiam até ser Cardeais (que não necessita do sacramento da Ordem - um leigo pode sê-
lo...). Certamente as mulheres e os leigos em geral devem ser mais ouvidos na Igreja. Para
isso, não precisam ser ordenadas!

Uma última observação: a Igreja não é uma democracia, na qual a maioria vence.
Ela é comunhão no Espírito do Cristo ressuscitado. A Igreja é de Cristo: estar nela é aceitar
o Senhor e seu poder soberano com humildade e fé. A Igreja não pode inventar-se e
reinventar-se a si mesma!

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