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Natália da Silva
Yasmin Marcos
Santo André
2017
Natália da Silva RA: 11061711
Santo André
2017
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE MAPAS
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 7
4 ASPECTOS SOCIAIS........................................................................................................... 51
ANEXOS .................................................................................................................................. 85
7
1 INTRODUÇÃO
Pretende-se reunir no presente diagnóstico dados que embasem a elaboração de uma proposta
de intervenção no local de estudo. Para tal, serão reunidas informações acerca dos aspectos
físicos, ambientais, sociais e fundiários da localidade a fim de que a proposta se adeque à
realidade vivenciada no assentamento de estudo.
8
2 INFORMAÇÕES GERAIS
Em 2010, a população era de 417.064 habitantes e a área da unidade territorial 61,909 km2,
resultando em uma densidade demográfica de 6.741,41 hab/km2 (IBGE, 2010). Entre os sete
municípios do ABC Paulista, Mauá é o 3° mais populoso, ocupando ainda a 11° posição entre
os 39 municípios da RMSP (BARBOSA et al., 2014).
Estima-se que em 2010 a população do Chafik era de 25.750 habitantes, em uma área dividida
em 9 setores, apresentando uma densidade demográfica de 13.036 hab/km2 (QUINTINO,
2012). A área objeto de estudo do presente diagnóstico engloba, entretanto, somente os
setores 1, 2, 3 e 4 do assentamento precário, que ocupam uma área de aproximadamente
800.350 m2, ilustrados na Figura 2.
gradativa diminuição das edificações nos demais setores, chegando praticamente à ausência
dessas no setor 4, que possui área ambiental mais preservada, com mata arbórea.
Sabe-se ainda que o município de Mauá apresenta ampla rede de drenagem, sendo que todos
os cursos d’água que o cortam possuem nascentes dentro do mesmo. O rio Tamanduateí, um
dos mais importantes do Estado de São Paulo, tem suas nascentes na porção sudeste do
município, no Parque da Gruta de Santa Luzia, próximo à divisa com o município de Ribeirão
Pires, no Jardim Adelina. O referido curso d'água é o principal canal de drenagem de grande
parte da região do ABC (CONCEIÇÃO, 2013).
A hidrografia do município de Mauá apresenta, entretanto, boa parte dos inúmeros cursos
d’água e nascentes contaminados por esgotos domésticos, efluentes industriais, ou ainda
disposições irregulares de resíduos sólidos. A área do Chafik, especificamente, situa-se na
microbacia do Tamanduateí, e, assim como no restante do município, seus corpos d’água e
nascentes encontram-se descaracterizados.
Além disso, segundo Fernandes (2015), a área de estudo encontra-se em um bairro que se
destaca entre os outros do município como o mais suscetível e vulnerável social e
economicamente.
Tais vias são categorizadas de acordo com a Lei Municipal nº 4.968/2014, que dispõe sobre o
uso, ocupação e urbanização do solo. No Anexo XII desta lei, é possível observar o descrito
na Tabela 1.
11
Além disso, é importante citar que ao longo da Avenida Capitão João, existe uma via férrea,
na qual opera a linha 10 - Turquesa da CPTM. Sendo assim, a estação de trem mais próxima
do assentamento é a estação Mauá.
Segundo o Projeto de Trabalho Social (PTS) (Mauá, 2013), que obteve informação direta dos
moradores do assentamento precário Chafik-Macuco, 310 famílias estão incluídas em
programas sociais, tais como Bolsa Família, Ação Jovem, Leve Leite e Renda Cidadã.
12
3.1.1 Microbacia
Observa-se ainda que a maior parte do córrego Corumbé, para o qual drenam diversos
afluentes menores da área de estudo, possui canalização aberta. Os córregos menores, por sua
vez, possuem canalização fechada. Já o rio Tamanduateí, em toda a sua extensão dentro do
município, possui canalização aberta, exceto nas proximidades de sua nascente. Existem ainda
pequenos córregos na área do Chafik que possuem canalização natural e que, mediante
constatação realizada em campo, encontram-se extremamente degradados, com lançamento de
efluentes e resíduos sólidos.
Ressalta-se, por outro lado, que há incerteza sobre a existência de alguns dos cursos d'água
que constam no mapeamento uma vez que nem todos foram verificados em campo. A
confirmação da existência e estado de tais córregos demanda análises de campo específicas.
Ainda, no âmbito de caracterização dos cursos d'água, segundo SAMA (2014) é importe notar
que, conforme também observado na área de estudo:
Segundo Conceição (2013), a área do município de Mauá era originalmente ocupada por
exuberante vegetação do Bioma Mata Atlântica misturada com espécies do Planalto Paulista e
araucárias nas encostas dos morros, e plantas características de regiões alagadiças e
pantanosas nas áreas de várzea. Os picos de morros, por sua vez, possuíam vegetação rala e
eram cobertos por gramíneas.
A área do Chafik possui, mais especificamente (Figura 6), predominância de manchas de mata
capoeira e alguns fragmentos de vegetação antrópica.
Ressalta-se que a vegetação desempenha papel fundamental na dinâmica natural das encostas,
que se altera em função do desmatamento e do cultivo de espécies exóticas. O desmatamento
e a abertura de clareiras, especificamente, removem a proteção do solo, levando não só à
erosão, mas possivelmente ao deslizamento coletivo de solo, conforme eventos anteriormente
relatados na área de estudo.
Para identificação das manchas que caracterizam o tecido urbano da área de estudo (Figura
12), considerou-se aspectos como o padrão construtivo, presença de rede de esgoto e rede de
abastecimento de água, densidade das moradias, coleta de resíduos sólidos, cobertura vegetal,
e características das vias de acesso.
19
esgoto e a rede de abastecimento de água formal é presente em apenas uma pequena parcela
da área, existindo no restante apenas ligações provisórias. Parte da mancha é coberta por mata
capoeira, não há coleta de resíduos sólidos e observa-se média densidade de moradias. As vias
não são pavimentadas e há vielas e escadarias. As nascentes e córregos encontram-se
descaracterizados e a maior parte das residências estão em áreas de risco R3 (alto) e R4
(muito alto). Devido essas características, essas áreas foram agrupadas e denominadas de
“Tipo 3 – Parcialmente Consolidado".
Em relação à rede elétrica, não se considerou tal aspecto para delimitação das manchas uma
vez que não há maiores informações a respeito. Sabe-se apenas que os funcionários da
Prefeitura de Mauá relataram que os moradores da área tem acesso a esse serviço de maneira
formal, o que de fato foi verificado em campo. Por outro lado, não há informações
consolidadas a respeito.
Na Figura 13 é possível visualizar um exemplo de área para cada mancha delimitada. É válido
salientar que não há linhas bem definidas de divisão entre as manchas, entretanto buscou-se
agrupar as áreas que possuem características similares para facilitar a visualização.
Dessa forma, as vias foram classificadas em quatro categorias: (i) Viário principal – que
corresponde às vias com larguras variáveis, onde é possível a passagem de veículos pesados,
de alta importância de acesso ao assentamento e majoritariamente com declividades menos
acentuadas; (ii) Viário secundário – vias fragmentadas que partem do sistema principal, com
largura menor e declividades maiores, onde é possível a passagem apenas de veículos
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menores e pedestres; (iii) Vielas – vias estreitas, onde é possível apenas a passagem de
pedestres e que podem apresentar declividades extremamente acentuadas; (iv) Escadarias.
Durante verificação de campo, observou-se que as vias principais, que possuem larguras
maiores e permitem a passagem de carros e veículos maiores, limitam-se às regiões com
topografia mais favorável. No entanto, o acesso às residências em locais de declividade mais
acentuada é majoritariamente realizado através das vielas e escadarias. Em campo, foi
possível caminhar no interior do sistema viário do assentamento e observar que muitas das
vielas eram tão estreitas que só havia possibilidade da passagem de uma pessoa por vez
(Figura 15). Ainda, foi possível observar que as vielas se apresentavam pavimentadas com
concreto ou sem qualquer pavimentação.
dão acesso aos pedestres e possibilitam o acesso dos veículos aos lotes. Na Tabela 2 estão
relacionadas as vias classificadas segundo a tipologia estabelecida pelo município.
Quanto às escadarias, estas se caracterizam pela alta declividade (Figura 16) e continuidade
com as vielas. Assim como as vielas, as escadarias também apresentam a característica de
largura estreita, sendo possível afirmar também que constituem o principal acesso à um
grande número de residências. Ainda, as escadarias se exibem nas mais diversas tipologias,
tais como alvenaria, madeira ou cavadas na própria encosta.
Ainda durante trabalho de campo, foi possível observar que para atravessar alguns dos
córregos, pontes foram improvisadas com remanescentes de móveis, pedaços de madeira e
portas. Também foi identificado in loco que muitas vias não acompanham as curvas de nível
da área de estudo e as atravessam, como por exemplo, a Rua Figueiras (Figuras 9 e 10), que
apresenta declividade extremamente acentuada.
No que tange à iluminação pública, observa-se que a boa parte das vias da área são dotadas
desse tipo de infraestrutura, inclusive algumas vielas e escadarias verificadas em campo.
Apesar disso, em alguns trechos acentuadamente precários verificou-se ausência de
iluminação pública. A Figura 17, na sequência, ilustra as estruturas de iluminação presentes
na área.
Quanto ao fator acessibilidade, é possível destacar que o assentamento possui acesso restrito
às linhas de ônibus municipais e intermunicipais, pois os pontos de parada de ônibus
encontram-se nas vias ao longo dos limites da área de estudo ou externos a estes (Figura 18),
sendo a região o local de ponto inicial/final destas linhas. Conforme ilustrado na Figura 18, os
moradores no interior do assentamento devem se deslocar até os limites da área de estudo para
acessar o sistema de transporte público da região.
25
Ainda, o acesso ao local também é possível através de outros modais de transporte, tais como
automóveis e motocicletas. No entanto, muitas residências podem ser acessadas apenas a pé
devido à tipologia, largura ou alta declividade da via.
Durante verificação de campo, observou-se ainda que o acesso a muitas residências só poderia
ser realizado através de vielas e/ou escadarias, dificultando algumas tarefas diárias, tais como
dispor os resíduos para coleta, indisponível na grande maioria do assentamento, ou acesso a
transporte público. Ainda durante o campo, uma moradora da Viela Oceano (Figura 19),
relatou que uma vizinha deu à luz ao seu bebê nesta mesma viela, pois não houve tempo hábil
de chegada até o hospital e que o percurso se tornou mais difícil em razão das condições do
viário local, que não permitiu o acesso de veículos, fazendo com que a gestante tivesse que
descer até a Rua Manoel Carlos Pinto.
Também é importante ressaltar que a estação de trem mais próxima é a Mauá, da Linha 10 –
Turquesa da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que se encontra mais de 6
quilômetros distante da área de estudo, sendo viável o acesso apenas através de ônibus ou
veículo particular. Ainda, o Terminal Municipal de Mauá está ao lado da estação de trem de
Mauá, estando distante do Chafik-Macuco na mesma proporção.
Figura 20: Localização da adutora que passa pelo setor 1 da área de estudo
Ainda assim, poucos trechos do assentamento são atendidos por redes permanentes de
abastecimento de água (Figura 21). Segundo informações dos funcionários da Prefeitura
Municipal de Mauá, as demais residências são atendidas por ligações provisórias. A Figura
22, na sequência, ilustra as ligações provisórias existentes na área, que passam por becos e
vielas em contato com trechos em que há empoçamento de água e até mesmo presença de
efluentes, conforme Figuras 23 e 24.
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Figura 22: Rede provisória de abastecimento de água na área do Chafik - Viela Oceano
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Figura 23: Tubulação provisória de água em Figura 24: Tubulação provisória de água em
contato com efluentes - Viela Oceano contato com córrego em que há despejo de esgoto -
Viela Manacá da Serra
Figura 26: Tubulação de esgoto ligada diretamente à margem direita do córrego - Viela Gaia
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Figura 27: Trecho do assentamento com esgoto a Figura 28: Acúmulo de esgoto em beco da área de
céu aberto na Avenida Guilherme Polydoro estudo - Viela Gaia
Há também trechos em que a própria população construiu algum tipo de estrutura para
encaminhamento de águas servidas (Figura 29) segundo relatado por funcionários da
Prefeitura de Mauá.
Figura 29: Estrutura construída pela população para encaminhamento de águas servidas na Rua João Aragão
32
Os serviços de coleta e disposição de resíduos sólidos em Mauá são realizados pela empresa
Lara Central de Tratamento de Resíduos Ltda. Especificamente na área do Chafik-Macuco,
existe coleta nas regiões que o caminhão de lixo, que é 4x4, consegue acessar. A dificuldade
de acesso se dá em razão não só das características do sistema viário, mas devido à
declividade local, extremamente acentuada em determinadas localidades. O caminhão coletor
acessa as regiões mais baixas do assentamento. Para as demais, são disponibilizadas caçambas
coletoras em alguns pontos, conforme Figura 30, na sequência. A população residente nos
trechos não carroçáveis é responsável por encaminhar o lixo às caçambas existentes nas ruas
principais. A coleta é realizada todas as terças, quintas e sábados na região.
Figura 30: Caçambas coletoras de resíduos sólidos na esquina da Rua Manuel Nascimento com a Avenida
Guilherme Polydoro
Segundo dados do PTS (Mauá, 2013), moradores locais relatam transtornos decorrentes do
ponto de coleta de resíduos ilustrado na Figura 30 e localizado na Rua Manuel Nascimento.
Dentre as reclamações está a questão de atração de vetores, insetos e ratos, o mau cheiro e a
problemática relacionada às manobras de caminhões na área, que interferem no trânsito e
ocasionam a quebra de calçadas. Ainda segundo o PTS (Mauá, 2013), existe grande
reivindicação popular para a retirada das caçambas.
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Figura 31: Acúmulo de resíduos na lateral do Figura 32: Acúmulo de resíduos às margens de um
sistema viário na Rua Figueiras córrego local na Rua José Ferreira Cunha
Observa-se que praticamente toda a área de estudo encontra-se dentro das manchas de
declividade entre 30 e 45% e maior do que 45%. Mais especificamente, 1.844 famílias
residem em regiões com declividade maior que 45%, que torna a área restrita para qualquer
finalidade, e cerca de 3.402 famílias encontram-se em áreas com declividade entre 30 e 45%,
restando apenas uma pequena parcela do total de 4.842 famílias do assentamento vivendo fora
das restrições por declividade. A Tabela 4 apresenta a síntese de restrições por declividade.
Adicionalmente, ressalta-se que a Lei Municipal n°4.968/2014, que trata do uso e ocupação
do solo na cidade de Mauá, classifica áreas com declividade superior a 30% como de
complexidade geológica, permitindo urbanização somente mediante correção de situações
desfavoráveis à ocupação.
35
O novo Código Florestal apresenta ainda a delimitação das diversas tipologias de áreas
classificadas como APPs. Mantendo-se os limites estabelecidos anteriormente pelo Código
Florestal instituído pela Lei n°7.803 de 1989, é tida como APP a faixa marginal de 30 metros
ao longo de cursos d'água de até 10 metros de largura e um raio de 50 metros no entorno de
nascentes.
Figura 35: Edificação sobreposta a curso d'água na rua Manoel Carlos Pinto
Segundo IPT (2017), para determinar se uma área é ou não de risco, é preciso verificar, pelo
menos, o meio físico ou geológico, identificando o solo, o relevo e observando atentamente a
inclinação das encostas, e o tipo de ocupação feita no lugar, uma vez que moradias de baixo
padrão construtivo são mais vulneráveis.
O mapeamento realizado pelo IPT classifica o risco em diferentes graus, conforme Tabela 6.
A Tabela 7, a seguir, apresenta a síntese da classificação de risco segundo IPT (2012) para a
área de Chafik.
É possível constatar que a maior parcela da área se encontra sob graus de risco R3 (alto) e R2
(médio), estando pequenos trechos classificados como graus R4 (muito alto), R1 (baixo) e
fora da área de risco. Observa-se ainda que praticamente todas as edificações, com poucos
casos de exceção, encontram-se em áreas com algum grau de risco, indicando a extensão do
problema habitacional existente dentro do perímetro de estudo.
Além disso, verificou-se que há diversos trechos com despejo de efluentes diretamente nas
encostas dos morros, o que leva ao encharcamento dos terrenos, facilitando a ocorrência de
deslizamentos. Somada à tal fator, está ainda a existência de diversas bananeiras na
localidade, característica que também agrava o cenário de vulnerabilidade à ocorrência de
escorregamentos, conforme anteriormente mencionado. A Figura 38, na sequência, ilustra
ambas as características mencionadas na área do Chafik.
Figura 38: Despejo de efluente diretamente em encosta e presença de bananeira na Rua João Alves Duarte
Figura 39: Cicatriz de deslizamento ao lado esquerdo e barreira de proteção ao lado direito - Viela próxima à
Rua Pitangueiras
42
As áreas com restrições à ocupação foram determinadas a partir das análises previamente
efetuadas acerca da existência de edificações em trechos com alta declividade, em APP de
cursos d’água e nascentes e com base no mapeamento de risco realizado pelo IPT para a
região.
Foram elaborados dois mapas de restrição. O primeiro deles, mais restritivo (Figura 41),
considera a faixa de APP de curso d’água mais abrangente, de 30 m, o perímetro de APP de
nascente, a região classificada como graus de risco R3 e R4 pelo IPT e ainda as manchas de
declividade com declividade maior que 30%, abrangendo as classes de declividade entre 30 e
45% e maior que 45%. Encontram-se nas áreas de restrição mencionadas um total de 4.189
famílias, cerca de 86% do total, praticamente todo o assentamento de estudo. Ainda, a Tabela
8 apresenta a síntese de restrições por tipologia e o percentual correspondente.
43
Constata-se que dentro da área de estudo há apenas um equipamento público, a Praça Joana
Darc Alcantara da Silva, inaugurada em setembro de 2017. Associa-se como principais
motivos dessa ausência de equipamentos públicos, o fato de o assentamento caracterizar-se
como uma ocupação irregular em uma área privada e as características do próprio terreno, que
possui alta declividade, o que por si só já seria um fator limitante para construção de
equipamentos em boa parte do território em questão.
Na Figura 43, exposta a seguir, é possível verificar a localização dos equipamentos que estão
nos arredores da área. Em um raio de 500m da área há apenas duas escolas municipais, uma
escola estadual, uma Unidade Básica de Saúde (UBS) e um Centro de Referência de
Assistência Social (CRAS).
• Equipamentos de Educação
Segundo Ferreto apud Moretti (2012), quanto à localização dos equipamentos de educação,
indica-se que preferencialmente devem estar situados de tal forma que possibilite o acesso a
pé em até 15 minutos, com um raio de atendimento de cerca de 800 m. Partindo desse
pressuposto, a área é atendida pelas escolas: E. M. João Rodrigues Ferreira, E.M. Maria
Rosemary de Azevedo e E.E. Prof ª Olinda Furtado de A. Cavalcanti.
A E.M. Maria Rosemary de Azevedo atende as mesmas etapas de ensino que a E. M. João
Rodrigues Ferreira, entretanto, possui 13 salas de aula e 70 funcionários, e não possui quadra
de esportes. Já a E.E. Prof ª Olinda Furtado de A. Cavalcanti atende apenas o ensino
fundamental (anos iniciais), possui 20 salas de aula e 61 funcionários (INEP, 2016).
• Equipamentos de Saúde
A UBS (Unidade Básica de Saúde) Jd. Zaira III, situada na Rua Joaquim Alves de Oliveira, é
a unidade de saúde mais próxima da área de estudo, e está em um raio de 500 m de distância.
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• Equipamentos de Segurança
Com relação aos equipamentos de segurança, Ferreto apud Ferrari (2012) afirmam que deve
existir um posto policial localizado em um raio de atendimento de 800 m das residências.
Entretanto, o posto policial mais próximo da área de estudo está a cerca de 1km, e é o da
polícia civil, situado na Avenida Presidente Castelo Branco. Considerando um raio de
abrangência de 2,5 km, não há nenhum outro posto policial.
De acordo com a prefeitura do município, através da Guarda Civil Municipal são realizadas
rondas para segurança nos espaços públicos, tais como postos de saúde, praças, parques, zona
comercial, paço municipal e unidade escolares. Há ainda as Rondas Escolares, que são
responsáveis por garantir a proteção dos alunos, docentes, funcionários e todos os munícipes
nas instituições de ensino, essas rondas têm também como objetivo estabelecer uma relação
48
A cidade também conta com monitoramento por vídeo eletrônico de segurança pública. De
acordo com informações divulgadas pela prefeitura, a criminalidade no município diminuiu,
de acordo com dados estatísticos da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo,
comparando-se o mês de maio de 2017 com maio de 2016 (PREFEITURA MUNICIPAL DE
MAUÁ, 2017).
No período de inauguração do equipamento, a região foi atendida por uma série de serviços,
dentre eles, é válido destacar a operação cata-bagulho (para o recolhimento dos resíduos
sólidos), tapa-buraco, sinalização de trânsito, pintura de vias e praças públicas, jardinagem e
capinação. Entretanto, dentro da área não há nenhum equipamento de cultura ou esporte.
Além dessa quadra, o equipamento mais próximo da área é o Ginásio Poliesportivo Celso
Daniel, que se situa na Rua Fabio José Delpoio, no bairro Vila Noêmia, e está a cerca de 7 km
da área.
O parque mais próximo é o Parque Ecológico da Gruta Santa Luzia, localizado na Rua Luzia
da Silva Itabaiana no bairro Jardim Itapeva. O parque abriga a nascente do Rio Tamanduateí e
está a 7 km da área de estudo.
50
O CRAS Zaíra, situa-se na Avenida Presidente Castelo Branco e atende parte do Zaíra e do
Chafik. O CRAS Macuco, por sua vez, localiza-se na Rua Remo Luiz Corradine e possui uma
área de abrangência maior, atendendo os bairros Alto da Boa Vista, Nova Mauá, Parque das
Flores, Paranavaí e parte do Jardim Zaíra, incluindo o Chafik (PTS, 2013).
Como dentro do perímetro de estudo não há áreas vazias para as quais recomenda-se
ocupação, foram identificadas as áreas vazias que estão em um raio de 2 km e inseridas em
Zonas Especiais de Interesse Social 2 (ZEIS 2), que são áreas compostas por terrenos não
edificados em imóveis subutilizados ou não utilizados, e que são necessários à implantação de
programas habitacionais.
4 ASPECTOS SOCIAIS
Em relação ao número de pessoas por domicílio (Gráfico 1), a maior parcela das moradias
possui 3 e 4 pessoas, 22,7% e 22,5%, respectivamente. Há também parcelas significativas de
domicílios com 1 (14,6%) e 2 pessoas (18,2%). Verifica-se assim que a maior parcela dos
domicílios possui um número reduzido de moradores, mas que alguns dos casos levantados
chegam a apresentar até 12 pessoas residindo na mesma edificação.
Sabe-se que o processo de ocupação irregular da área do Chafik teve início por volta de 1970,
entretanto não há informações mais detalhadas a respeito do tempo de residência das famílias
no assentamento. Acredita-se que esses valores variem significativamente. Em conversa com
profissionais da Prefeitura de Mauá, por exemplo, foram ouvidos relatos de desapropriações
de edificações em áreas de risco do Chafik que recentemente foram reconstruídas e ocupadas
por novas famílias. Por outro lado, em visita de campo à área foi ouvido o relato de uma
moradora que reside na área do assentamento há 26 anos.
Por outro lado, observa-se que a maior parcela dos moradores do assentamento se encontra na
faixa dos 31 aos 43 anos (23,5%) e porcentagens semelhantes da população está entre 44 e 59
anos (20,9%) e 22 a 30 anos (19,1%).
Por fim, cerca de 6,4% dos moradores tem 60 anos ou mais, acentuando a problemática da
acessibilidade na área de estudo, que, conforme já abordado, encontra-se bastante
comprometida em razão das características das ruas e vielas e da declividade locais.
Os Gráficos 3 e 4 apresentam a divisão por faixa etária para os chefes de família do sexo
masculino e feminino, respectivamente. Observa-se que as mulheres assumem, em maior
porcentagem, a responsabilidade domiciliar já a partir da adolescência, uma vez que 1,6% das
chefes de família estão na faixa dos 15 a 18 anos, em comparação com apenas 0,2% no caso
dos homens. Verifica-se ainda que a maior parcela dos chefes de família possui entre 22 e 48
anos.
Gráfico 3: Faixa etária dos chefes de família do Gráfico 4: Faixa etária dos chefes de família do
sexo masculino sexo feminino
Em relação à renda familiar (Gráfico 5), em 94,4% dos casos as famílias possuem rendimento
de até 3 salários mínimos, com porcentagem elevada de renda entre 1,1 e 1,5 salários mínimos
(41,7%) e 0 a 1 salários mínimos (23,6%). Observa-se assim condições de rendimentos
bastante baixos na área de estudo, confirmando o cenário de precariedade observado no
assentamento.
Segundo IBGE (2017), a renda média dos moradores do município de Mauá em 2015 era de
3,5 salários mínimos, de maneira que é possível constatar que o rendimento da população
residente no Chafik-Macuco é inferior ao da cidade em que o assentamento se encontra
inserido.
Segundo PTS (Mauá, 2013) muitos dos moradores exercem atividades na construção civil ou
no setor de serviços.
carteira assinada fica também bastante próximo. Além disso, verifica-se que 6,4% dos chefes
de família são aposentados ou pensionistas.
Segundo dados do PTS (Mauá, 2013), a análise de frequência escolar por faixa etária revela
que 21,3% dos moradores da área verificada frequenta os bancos escolares. Na faixa de 0 a 3
anos, relata-se 88,7% das crianças não são atendidas por creches, constatando a necessidade
de implementação desses serviços na localidade. Verifica-se também uma frequência de
98,2% no grupo de 7 a 16 anos, percentual que cai bruscamente a partir dessa faixa etária, em
que ocorre a inserção no mercado de trabalho. Segundo IBGE (2010), a taxa de escolarização
de 6 a 14 anos no município de Mauá é de 97,4%, semelhante ao cenário observado na área de
estudo.
Para análise de vulnerabilidade social é preciso considerar diversos indicadores que permitam
a verificação da situação socioeconômica, ambiental, de saúde, de direitos e muitos outros
(MONTEIRO, 2011).
Em relação à participação em programas sociais, sabe-se que cerca de 310 famílias estão
incluídas em programas como o Bolsa Família, Renda Cidadã, Ação Jovem e Leve Leite
(Mauá, 2013).
Por meio de levantamento realizado para o PTS (Mauá, 2013), constatou-se alguns casos de
maior vulnerabilidade, que correspondem aos casos de moradores que possuem algum tipo de
deficiência. Estima-se que estes representem cerca de 43 pessoas, sendo 1 deficiente visual,
04 deficientes auditivos, 18 deficientes físicos e 20 deficientes mentais.
Por meio de verificação realizada em campo foi possível constatar que percorrer um trajeto
curto pode se tornar extremamente cansativo na presença de declividades acentuadas, o que
se agravar dependendo das condições de mobilidade dos habitantes.
Dentre todas as limitações de acesso aos equipamentos, ressalta-se as que se referem à saúde
da população. Em relação aos serviços de saúde, são fatores impeditivos não só a distância
dos equipamentos à área e a existência de um único hospital público em Mauá, mas a
dificuldade de acesso, principalmente em caso de urgência. Quando há a necessidade de
acionar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), esse demora muito para
chegar na área, e, quando chega, dificilmente consegue localizar a residência do solicitante, já
que as condições do viário não permitem que a ambulância chegue até o local onde a pessoa
que precisa de atendimento aguarda.
Ressalta-se que os equipamentos de cultura, esporte e lazer são bastante escassos na cidade
como um todo, mas para a área de estudo a situação é ainda mais crítica, existindo baixa
diversidade de tais tipologias de equipamentos.
5 ASPECTOS JURÍDICO-FUNDIÁRIOS
O Jardim Zaíra, antes de ser loteado, fazia parte de uma enorme fazenda denominada Bocaina,
com área de 4.284.860 m2. A referida propriedade pertencia a João Jorge Figueiredo, que
instalou a primeira fábrica de louças da região na localidade e construiu ainda uma vila
operária que se tornou o primeiro núcleo habitacional da área (QUINTINO, 2012).
A propriedade foi posteriormente vendida, em 1952, a Chafik Mansur Sadek, que iniciou na
localidade loteamentos populares com 200 e 300 m2. Há relatos de que o loteador fornecia
59
ainda como material de construção alguns tijolos, telhas, uma porta, um vitrô e uma janela no
ato de venda dos lotes, de maneira que este tornou-se um negócio bastante atrativo para a
população de baixa renda, que dava entrada no pagamento e construía as residências em
mutirões aos finais de semana. Chafik dividiu as terras em glebas, de maneira a loteá-las para
venda. Registros da Prefeitura de Mauá indicam que a aprovação das 3 primeiras glebas,
denominadas A, B e C, deu-se nos anos de 1956, 1960 e 1963, respectivamente (QUINTINO,
2012).
Chafik Mansur não vendeu, entretanto, toda a extensão de sua propriedade, de maneira que
até hoje parcela das terras, localizadas junto aos trechos mais altos do bairro, na gleba C,
pertencem aos herdeiros da família. Tais áreas, com restrições físicas severas quanto à
ocupação territorial, foram ocupadas irregularmente (QUINTINO, 2012). O parcelamento
irregular da gleba C deu origem às glebas D, E, F e G, que constituem um loteamento que
nunca atendeu a legislação municipal por envolver áreas de risco, que apresenta infraestrutura
precária e título de propriedade com descrição inadequada e insuficiente da área (Mauá,
2013).
Constata-se assim que a área é de propriedade particular e foi ocupada de maneira irregular. O
fato de a propriedade da terra ser particular dificultou a construção de equipamentos públicos,
de tal maneira que se verifica, por exemplo, ausência de serviços de saúde e de educação
dentro dos limites da área, conforme anteriormente mencionado.
O Estatuto da Cidade (EC) estabelece diretrizes gerais da política urbana brasileira e tem
como princípio básico o planejamento participativo e a função social da cidade e da
propriedade. Por meio do EC, define-se o direito não só à moradia, mas a cidades
sustentáveis, à terra urbana, ao saneamento, à infraestrutura urbana, ao transporte, aos
60
Ainda no âmbito da legislação federal que incide sobre o caso de estudo, tem-se a Lei n°
11.977/2009, que dispõe sobre a regularização fundiária dos assentamentos localizados em
áreas urbanas e sobre o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV). Fica estabelecido por
tal lei que regularização fundiária consiste no conjunto de medidas jurídicas, urbanísticas,
ambientais e sociais que visam a regularização de assentamentos irregulares e a titulação de
seus ocupantes, de modo a garantir o direito social a moradia, o pleno desenvolvimento das
funções sociais da propriedade urbana e o direito ao meio ambiente ecologicamente
equilibrado.
Recentemente, a referida Lei foi alterada pela Lei n° 13.465, de 11 de julho de 2017, que
dispõe, dentre outras coisas, sobre a regularização fundiária rural e urbana. Estabelece-se pela
Lei n°13.465/2017, que a regularização fundiária de interesse social em áreas de APP não
identificadas como áreas de risco será permitida por meio da aprovação do projeto de
regularização fundiária, na forma da lei específica de regularização fundiária urbana. Ainda
nesse sentido, a Lei n°12.651/2012 autoriza a intervenção ou a supressão de vegetação nativa
em APP excepcionalmente para execução de obras habitacionais e de urbanização inseridas
em projetos de regularização fundiária de interesse social em áreas urbanas consolidadas
ocupadas por população de baixa renda.
• Plano Diretor
A Constituição Federal Brasileira estabelece, no Capítulo II, de Política Urbana, em seu artigo
n°182, que a política de desenvolvimento urbano, que é executada pelo poder público
municipal, objetiva ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir
o bem-estar de seus habitantes. O mesmo artigo, em seu parágrafo 1°, aponta a
obrigatoriedade da elaboração e aprovação em Câmara Municipal do Plano Diretor
Municipal, que é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana,
para cidades com mais de vinte mil habitantes.
Nesse sentido, o Plano Diretor de Mauá estabelece Áreas Especiais de Interesse Social (AEIS)
para as quais são estabelecidos normas e padrões urbanísticos diferenciados com o intuito de,
dentre outras coisas, ampliar os mecanismos de democratização do acesso à terra,
favorecendo o acesso à população de baixa renda e promovendo a urbanização e regularização
fundiária dos assentamentos habitacionais irregulares que já estão inseridos no tecido urbano,
conforme será abordado no tópico a seguir.
A Lei n°4.968/2014 dispõe sobre uso e ocupação do solo no município de Mauá e insere a
área do Chafik na macrozona não adensável da cidade, considerando-a como Zona de Uso
Diversificado 2 (ZUD 2), que corresponde a regiões com infraestrutura e condições
geotécnicas desfavoráveis ao adensamento populacional.
A Lei de Uso e Ocupação do Solo define ainda, em sua Seção III, artigo n°22, que nos
terrenos com declividade predominante igual ou superior a 30%, a ocupação somente será
permitida mediante taludamento, construção de muro de arrimo ou outra solução técnica.
Ainda nesse sentido, no Título IV, artigo n°42, conforme anteriormente mencionado, define-
se que a urbanização somente será permitida em terrenos de complexidade geológica, tais
como de declividade predominante igual ou superior a 30% ou ainda em zonas de erosão ou
risco de escorregamento, mediante correção das situações inadequadas ou comprovação de
que há situação favorável para tal.
A Lei n°4.968/2014 dispõe ainda sobre padrões de uso, ocupação e urbanização do solo,
estabelecendo parâmetros específicos para habitações em áreas de interesse social.
Adicionalmente, define as áreas de Zona Especial de Interesse Social (ZEIS) e Zona Especial
de Interesse Ambiental (ZEIAS).
A área de estudo foi delimitada como Área Especial de Interesse Social pela primeira vez
através da Lei n°2.959 de 1998. Atualmente, a Lei n°4.968 de 2014 define as ZEIS do
município de Mauá. O artigo n° 128 da referida legislação aponta a classificação das áreas em
ZEIS 1A, 1B e 2:
A Figura 47, a seguir, aponta as regiões classificadas como ZEIS na área de estudo. Observa-
se que praticamente toda a extensão dos setores da área é classificada como ZEIS, à exceção
do setor 4, que é classificado como Zona Especial de Interesse Ambiental II (ZEIA II), em
que é permitido o uso sustentável e compatível com a conservação das características
ambientais da área, tais como instalação de áreas de lazer, parque linear, cultivo e plantio de
mudas de compensação ambiental.
Figura 47: Definição das áreas classificadas como ZEIS no perímetro de estudo
É possível relacionar o previsto nesta lei com a área de estudo Chafik-Macuco, pois uma
porção significativa das áreas de preservação permanente existentes encontram-se ocupadas.
A resolução ainda prevê, nos incisos I, II e III do Art. 2º, que as áreas de preservação
permanente só serão autorizadas a sofrer intervenção ou supressão para os casos de utilidade
pública, interesse social e de baixo impacto ambiental.
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A seguir, são analisados itens desta resolução e comparado com as características da área de
interesse.
• Art. 9º, Inciso I - condiciona o uso das APPs a ocupações de baixa renda
predominantemente residenciais. Este critério é totalmente compatível com a área de estudo,
visto que a maior parte da população tem renda familiar de até 1,5 salários mínimos;
• Art. 9º, Inciso II – estabelece que as ocupações estejam em área urbana decretada
como zona especial de interesse social. Esta condição se enquadra inteiramente com o
assentamento de estudo, visto que o local está em área de ZEIS 1B (Figura 47) estabelecida na
Lei Municipal nº 4.968/2014;
• Art. 9º, Inciso III – (a) estabelece que a ocupação em área urbana deve atender ao
menos três critérios referentes à infraestrutura. Como já previsto nos tópicos anteriores, o
assentamento possui malha viária em alguns setores, esgotamento sanitário em poucos trechos
(Figura 25), rede de distribuição de água permanente em áreas limitadas e provisórias nas
demais residências (Figuras 21 e 22) e rede de distribuição de energia em diversos pontos da
área de estudo (Figura17). E referente à alínea "b", que estabelece que a densidade
demográfica deverá ser maior que 50hab/ha. Dessa forma, a densidade da área de estudo é
maior que o estabelecido na resolução, pois os quatro setores de estudo possuem um total de
322hab/ha;
• Art. 9º, Inciso V – estabelece que as ocupações devem ser consolidadas, até 10 de
julho de 2001, conforme previsto na Lei 10.257/2001 e Medida Provisória nº 2.220/2001.
Conforme elucidado no tópico 4.1.2 deste trabalho, não existem informações detalhadas sobre
o tempo de residência dos moradores na área, porém durante a visita de campo uma moradora
informou que morava no local há 26 anos;
Relacionando essa legislação com a área de estudo, o artigo 6º desta resolução estabelece
que o órgão ambiental municipal é responsável pelo licenciamento dos empreendimentos e
atividades de impacto ambiental local. Desta forma, no caso de intervenções para
67
Já a Lei Complementar nº 140/2011 fixa normas de cooperação entre União, Estados, Distrito
Federal e Municípios nos processos administrativos consequentes da execução da
competência comum em função da proteção das paisagens naturais e do meio ambiente bem
como no combate à poluição em quaisquer formas, além da preservação de florestas, fauna e
flora. A referida lei complementar atua como complemento no processo de licenciamento
ambiental discutido sucintamente acima.
68
6 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
• Remover a população residente em áreas de risco muito alto, classificadas como R4,
em que há grande probabilidade de ocorrência de eventos de deslizamentos;
6.2 Propostas
Apresentam-se nos tópicos a seguir as propostas de intervenção elaboradas para a área com o
objetivo de melhoria das condições de qualidade de vida e recuperação ambiental mediante
consolidação de determinadas áreas, rearranjo de outras e fornecimento dos serviços
e infraestrutura adequados. Os mapas aqui apresentados encontram-se também nos anexos
para melhor visualização de detalhes.
6.2.1 Remoções
Propõe-se remoção das edificações localizadas em área de risco de grau R4, considerando-
se a segurança da população e a impossibilidade de adequação. Da mesma maneira, as
construções dispersas classificadas como "não consolidadas" no diagnóstico e algumas outras
em diferentes trechos foram consideradas impróprias para readequação em virtude de sua
localização no meio de encostas com vegetação e/ou alta declividade, onde se verifica ainda
precariedade significativa, e, portanto, não será admitida consolidação. A Figura 48 ilustra o
relevo extremamente acidentado de um dos trechos onde se propõe remoção das edificações.
71
É proposta ainda a remoção das edificações do setor 4 que se encontram na Rua Deise, bem
como a desativação do trecho do viário referente à essas residências, como forma de conter a
expansão para a área, que é AEIA 1, conforme verificado no diagnóstico realizado.
A Figura 49 ilustra, tal qual informações da Tabela 9, a proposta de remoções separadas por
categoria.
Ainda, realizou-se a setorização das remoções (Figura 50), associando cada setor ao conjunto
de motivos que levaram à proposta de retirada das famílias. De maneira simplificada:
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• O setor S4 foi definido com remoção de 10% das edificações para fins
de desadensamento e garantia de condições de salubridade;
Ainda, apresenta-se na Tabela 10 a síntese das famílias removidas em cada um dos setores,
totalizando o mesmo valor de 1095 remoções apresentado na Tabela 9.
Após a definição das moradias que deverão ser removidas, elaborou-se a proposta para o
sistema viário (Figura 51), que conforme uma das diretrizes da proposta, visa adequar as
condições das vias em termos de pavimentação, dimensões e garantir sua ampliação de
maneira a promover a integração do assentamento ao bairro e à cidade.
75
Devido à proposta de remoções, parte de algumas vias ficará sem funcionalidade. São elas:
Rua das Laranjeiras, Rua Manoel Carlos Pinto, Rua Manoel Nascimento e Rua das
Goiabeiras. Assim, os referidos trechos serão desativados.
Ainda, sugere-se a criação de 4 novas vias. Três delas visam melhorar a conectividade e
promover acesso a vias carroçáveis em um raio de 50 metros para todas as edificações. Por
outro lado, uma dessas novas vias, que será a mais larga do assentamento, com 7 metros, e
paralela à Rua Manoel Nascimento, visa conter o vetor de expansão e facilitar a fiscalização
na área. Ressalta-se que as vias propostas seguem o traçado das curvas de nível da área de
estudo, evitando problemas relacionados à declividade excessiva.
A Figura 52, a seguir, ilustra a classificação do sistema viário após as intervenções propostas.
76
A via classificada como “Carroçável 1 “ é uma das novas vias propostas, com 7 metros de
largura. A referida via foi proposta para funcionar como uma barreira física à novas
ocupações e permitir fiscalização, conforme citado anteriormente.
Por outro lado, as vias classificadas como “Carroçável 2”, que estão em maior número,
possuirão 5 metros de largura. Para tal, parte destas passará por obras de readequação.
Por fim, a classificação “Carroçável 3” engloba a Rua das Figueiras e parte da Rua Manoel
Rodrigues da Costa, que possuem altíssima declividade ao mesmo tempo em que conectam
áreas com edificações consolidadas e com bom padrão construtivo. Propõe-se então a
implantação de mão única e a construção de escadaria com platôs para facilitar o
deslocamento e acesso dos moradores, e, dessa maneira permitir que não sejam removidas as
moradias existentes no local.
Ressalta-se que todas as vias serão pavimentadas e atendidas por iluminação pública. Propõe-
se que todas as vielas e escadarias existentes na área sejam readequadas, e que haja
padronização dessas, com construção em cimento e instalação de corrimãos para aumentar a
segurança e acessibilidade.
77
De acordo com a síntese de remoções (Tabela 9), 1095 famílias serão removidas, e, portanto,
deverão ser remanejadas e reassentadas.
A área disponível devido à remoção por precariedade, em que será efetuada substituição de
tecido e que, após a intervenção será delimitada por uma ampla via, totaliza 15.890 m². Desse
montante, 1.410 m² serão utilizados para a implantação de uma Unidade Básica de Saúde
(UBS), 780 m² serão destinados para a construção de uma creche, e o excedente, que é de
13.700 m², será destinado ao remanejamento.
A área destinada ao reassentamento, que está inserida em ZEIS 2, possui altitude variando
entre 873 e 889 metros, conforme o perfil de elevação apresentado na Figura 55.
Considerando que para cada família reassentada serão destinados 70 m², o que inclui
infraestrutura viária e de acesso, será necessária uma área de 65.450 m² para construção de
935 moradias para as famílias remanescentes. A Tabela 11, a seguir, expõe a síntese do
número de famílias reassentadas e remanejadas.
Como meio de recuperação da qualidade ambiental local, pretende-se também que seja feita a
requalificação ambiental das áreas de remoção nas encostas, mediante substituição de solo nos
casos necessários e utilização de espécies nativas adequadas às condições de declividade
locais.
Por fim, a Figura 56 apresenta o cenário pós intervenção, com todas as alterações propostas.
80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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de Mauá. Revista Eletrônica Gestão e Serviços, v.5, n. 1, jan./jun. 2014.
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Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação e dá outras providências.
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Vida – PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas;
altera o Decreto-Lei no 3.365, de 21 de junho de 1941, as Leis nos 4.380, de 21 de agosto de
81
BRASIL. Lei n°13.465, de 11 de julho de 2017. Dispõe sobre a regularização fundiária rural
e urbana, sobre a liquidação de créditos concedidos aos assentados da reforma agrária e sobre
a regularização fundiária no âmbito da Amazônia Legal; institui mecanismos para aprimorar a
eficiência dos procedimentos de alienação de imóveis da União; altera as Leis nos 8.629, de 25
de fevereiro de 1993, 13.001, de 20 de junho de 2014, 11.952, de 25 de junho de 2009,
13.340, de 28 de setembro de 2016, 8.666, de 21 de junho de 1993, 6.015, de 31 de dezembro
de 1973, 12.512, de 14 de outubro de 2011,10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil),
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), 11.977, de 7 de julho de 2009,
9.514, de 20 de novembro de 1997, 11.124, de 16 de junho de 2005, 6.766, de 19 de
dezembro de 1979, 10.257, de 10 de julho de 2001, 12.651, de 25 de maio de 2012, 13.240,
de 30 de dezembro de 2015, 9.636, de 15 de maio de 1998, 8.036, de 11 de maio de 1990,
13.139, de 26 de junho de 2015, 11.483, de 31 de maio de 2007, e a 12.712, de 30 de agosto
de 2012, a Medida Provisória no 2.220, de 4 de setembro de 2001, e os Decretos-Leis nos
2.398, de 21 de dezembro de 1987, 1.876, de 15 de julho de 1981, 9.760, de 5 de setembro de
1946, e 3.365, de 21 de junho de 1941; revoga dispositivos da Lei Complementar no76, de 6
de julho de 1993, e da Lei no 13.347, de 10 de outubro de 2016; e dá outras providências.
BRASIL. Lei Complementar n°140, de 8 de dezembro de 2001. Fixa normas, nos termos
dos incisos III, VI e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para
a cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas ações
administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à proteção das
paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao combate à poluição em qualquer
82
de suas formas e à preservação das florestas, da fauna e da flora; e altera a Lei no 6.938, de 31
de agosto de 1981.
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Jardim Zaíra, município de Mauá/SP: Uma análise episódica. 2013. 267 f. Dissertação
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MAUÁ. Lei n° 4.968, de 1 de julho de 2014. Dispõe sobre uso, ocupação e urbanização do
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ANEXOS
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