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Material Provisório

Sobre o autor

Arthur Almeida Tavares

O autor do caderno de estudos é o Engenheiro Civil Arthur Almeida Tavares,


natural de Itaperuna/RJ, Bacharel em Engenharia Civil pela UniRedentor (2015),
Especialista em Docência do Ensino Superior pela FAVENI (2018), Especialização
em andamento em Estruturas de Concreto e Fundações (UNIP). Atua como
Engenheiro Civil projetista, especificamente em projetos de estruturas de concreto
armado em um escritório especializado em projetos e responsável técnico de obras
privadas, é professor de curso de aperfeiçoamento em softwares de cálculo
estrutural e softwares em estrutura BIM, atua como orientador externo da
UniRedentor em Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), na área de cálculo
estrutural.
Apresentação

Olá querido aluno (a), seja muito bem-vindo (a)!

Continuando os estudos do concreto armado. Tendo em vista que já foi


estudado o concreto armado I, onde nós vimos as generalidades desse material,
vimos o comportamento do mesmo nas estruturas, dimensionamos elementos a
flexão simples e cisalhamento de vigas. Continuaremos a aprofundar nossos
conhecimentos sobre esse incrível material que é o Concreto Armado!
Neste caderno especificamente, iremos dar continuidade aos estudos sobre
do Estado Limites de Serviço (ELS), torção, escadas e rampas, reservatórios e os
conceitos primários dos pilares.
Este caderno foi desenvolvido em concordância com todas as normas
vigentes e atualizadas dos órgãos competentes, e as melhores bibliografias
disponíveis.
.
.
.
Bons estudos!
Objetivos

A disciplina de Concreto Armado II, tem por finalidade a continuação dos


estudos de um dos materiais mais difundidos nos canteiros de obras de todo o
mundo, o estudo da torção, as especificidades normativas da ancoragem de barras,
dimensionamento de escadas e rampas, dimensionamento dos reservatórios e os
estados limites de serviço (ELS).

Este caderno de estudos tem como objetivos:

➢ Dimensionamento a torção;
➢ Modelagem dos carregamentos;
➢ Modelagem da carga de vento como carga estática;
➢ Dimensionamento de escadas e rampas.
➢ Dimensionamento de reservatórios;
➢ Estados limites de serviço (ELS).
Sumário

AULA 1 - ADERÊNCIA E ANCORAGEM - PARTE I


1 ADERÊNCIA E ANCORAGEM – PARTE I ....................................................... 15
1.1 Introdução ................................................................................................... 15
1.2 Aderência por adesão ............................................................................... 15
1.3 Aderência por atrito ................................................................................... 16
1.4 Aderência Mecânica ................................................................................. 16
1.5 Aderência ................................................................................................... 17
1.6 Comprimento de ancoragem básico (Lb) ............................................... 19
1.7 Zonas de boa e má aderência ................................................................. 20
1.8 Valor da tensão de aderência de cálculo .............................................. 22
1.9 Comprimento de ancoragem necessário ............................................... 23
1.10 Ancoragem de feixes de barras por aderência ...................................... 24
1.11 Ancoragem por ganchos .......................................................................... 24
1.12 Ancoragem dos estribos ............................................................................ 25

AULA 2 - ADERÊNCIA E ANCORAGEM - PARTE II


2 ADERÊNCIA E ANCORAGEM – PARTE ii ...................................................... 38
2.1 Emendas das barras ................................................................................... 38
Emendas por traspasse .............................................................................. 38
Proporção das barras emendadas .......................................................... 40
Armadura transversal nas emendas por traspasse, em barras isoladas 41
Emendas de barras tracionadas da armadura principal ....................... 41
Emendas de barras comprimidas ............................................................. 42
2.2 Ancoragem das barras longitudinais em vigas ....................................... 42
Ancoragem nos apoios ............................................................................. 43
Comprimento mínimo de ancoragem em apoios extremos ................. 44
Armadura necessária em apoios extremos ............................................. 45
Deslocando A1 do diagrama ................................................................... 45
Ponto de início da ancoragem................................................................. 46
Cobrimento do diagrama de momento fletor ........................................ 47
2.3 Ancoragem em apoios intermediários..................................................... 49
2.4 Ancoragem de viga engastada elasticamente no pilar ........................ 50
2.5 Ancoragem nas extremidades de balanços ........................................... 52

AULA 3 - EXERCÍCIOS DE ADERÊNCIA E ANCORAGEM


3 EXERCÍCIOS DE ADERÊNCIA E ANCORAGEM ............................................ 63

AULA 4 - ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO (ELS)


4 ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO..................................................................... 86
4.1 Momento de fissuração (Mr) ..................................................................... 86
4.2 Homogeneização da seção ..................................................................... 87
Estádio I ....................................................................................................... 87
Estádio II ....................................................................................................... 88
Formação de Fissuras ................................................................................. 89
Formação .................................................................................................... 91
Flecha imediata em vigas ......................................................................... 91
Flecha diferida ............................................................................................ 92
Verificação das flechas ............................................................................. 93
Abertura de Fissuras.................................................................................... 94
Valor da abertura de fissura ...................................................................... 94
Cálculo de 𝜎𝑠𝑖............................................................................................. 95
Valor limite ................................................................................................... 96

AULA 5 - TORÇÃO
5 TORÇÃO ..................................................................................................... 109
5.1 Generalidades .......................................................................................... 109
5.2 Teoria de Bredt .......................................................................................... 110
5.3 Treliça espacial generalizada ................................................................. 111
Biela de concreto ..................................................................................... 112
Armadura longitudinal ............................................................................. 113
Estribos ....................................................................................................... 114
Torçor resistente ........................................................................................ 115
5.4 Interação de torção, cisalhamento e flexão ......................................... 115
5.5 Dimensionamento à torção segundo a nova NBR 6118 ....................... 116
Torçor de compatibilidade ...................................................................... 117
Determinação da seção vazada equivalente ..................................... 117
Definição da inclinação da biela comprimida ..................................... 118
Verificação da biela comprimida .......................................................... 118
Verificação da tensão na biela comprimida para solicitações
combinadas .............................................................................................. 118
Determinação da armadura longitudinal.............................................. 119
Determinação dos estribos ...................................................................... 119
Armadura longitudinal e estribos para solicitações combinadas ....... 120
Verificação da taxa de armadura mínima............................................ 120
5.6 Disposições construtivas .......................................................................... 120
Armaduras longitudinais .......................................................................... 121
Estribos ....................................................................................................... 121

AULA 6 - EXERCÍCIOS DE ELS E TORÇÃO


6 EXERCÍCIOS DE ELS E TORÇÃO ................................................................. 132

AULA 7 - ESCADAS - PARTE I


7 ESCADAS - PARTE I .................................................................................... 150
7.1 Generalidades .......................................................................................... 150
Dimensões ................................................................................................. 150
Tipos ........................................................................................................... 151
7.2 Ações......................................................................................................... 152
Peso próprio .............................................................................................. 152
Revestimentos ........................................................................................... 152
Ação variável (ou ação de uso)............................................................. 153
Gradil, mureta ou parede........................................................................ 154
7.3 Escadas retangulares ............................................................................... 155
Escadas armadas transversalmente ....................................................... 155
Escadas armadas transversalmente ....................................................... 156
Escadas armadas em cruz ...................................................................... 159
Escadas com patamar ............................................................................ 159
Escadas com laje em balanço ............................................................... 161
Escadas em viga reta, com degraus em balanço ............................... 162
Escadas com degraus engastados um a um (escada em “cascata”) ....
.................................................................................................................... 163

AULA 8 - EXERCÍCIOS DE REVISÃO PARA V1


8 EXERCÍCIOS DE REVISÃO PARA V1 .......................................................... 174

AULA 9 - ESCADAS - PARTE II


9 ESCADAS - PARTE II (Escadas com lajes ortogonais)............................. 181
9.1 Escadas em L ............................................................................................ 181
Escadas em L com vigas em todo o contorno externo ........................ 181
Escadas em L sem uma viga inclinada .................................................. 184
9.2 Escadas em U............................................................................................ 186
Escadas em U com vigas em todo o contorno externo ....................... 186
Escadas em U sem as vigas inclinadas V2 e V4 ..................................... 188
Escadas em U sem a viga inclinada V3 ................................................. 190
9.3 Escadas em O ........................................................................................... 192
Escadas em O com vigas em todo o contorno externo ...................... 193
Escadas em O sem as vigas inclinadas V2 e V4 ou V1 e V3 ................ 195
9.4 Escadas com lances adjacentes ............................................................ 198
Escadas com lances adjacentes, com vigas inclinadas no contorno
externo....................................................................................................... 198
Escadas com lances adjacentes, com vigas inclinadas V2 e V4 ........ 201
9.5 Outros tipos de escada ............................................................................ 204

AULA 10 - EXERCÍCIOS DE ESCADAS


10 EXERCÍCIOS DE ESCADAS ......................................................................... 219

AULA 11 - RAMPAS
11 RAMPAS ..................................................................................................... 238
11.1 Introdução ................................................................................................. 238
11.2 Características arquitetônicas ................................................................ 238
Materiais .................................................................................................... 239
Tipos ........................................................................................................... 239
Dimensionamento .................................................................................... 241
Construção ............................................................................................... 245

AULA 12 - RESERVATÓRIOS
12 RESERVATÓRIOS......................................................................................... 257
12.1 Classificação ............................................................................................ 257
12.2 Cargas ....................................................................................................... 257
12.3 Generalidades sobre o funcionamento das caixas d’água ................ 259
Reservatório elevado ............................................................................... 259
Reservatório enterrado vazio .................................................................. 259
Reservatório enterrado cheio.................................................................. 259
12.4 Cálculo aproximado ................................................................................ 260

AULA 13 - EXERCÍCIOS DE RESERVATÓRIOS E RAMPAS


13 EXERCÍCIOS DE RESERVATÓRIOS E RAMPAS ............................................ 287

AULA 14 - PILARES
14 PILARES ....................................................................................................... 302
14.1 Cargas nos pilares .................................................................................... 302
14.2 Características geométricas ................................................................... 303
Características geométricas ................................................................... 303
Comprimento equivalente ...................................................................... 304
Raio de giração ........................................................................................ 305
Índice de esbeltez .................................................................................... 305
14.3 Classificação dos pilares ......................................................................... 305
Pilares internos, de borda e de canto .................................................... 305
Classificação quando à esbeltez ........................................................... 306
14.4 Excentricidades de primeira ordem ....................................................... 307
Excentricidade inicial ............................................................................... 307
Excentricidade acidental ........................................................................ 308
Momento mínimo ..................................................................................... 311
Excentricidade de forma ......................................................................... 311
Excentricidade suplementar ................................................................... 314
14.5 Esbeltes limite ............................................................................................ 314
14.6 Excentricidade de segunda ordem ........................................................ 316
AULA 15 - EXERCÍCIOS DE PILARES
15 EXERCÍCIOS DE PILARES ............................................................................ 324

AULA 16 - EXERCÍCIOS DE REVISÃO V2


16 EXERCÍCIOS DE REVISÃO PARA V2 .......................................................... 330
Iconografia
Aula 1
Aderência e Ancoragem – Parte I

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula estudaremos a importância da aderência entre concreto e aço nas


nossas estruturas, entenderemos ainda como nossa norma nos orienta a fazer as
considerações sobre a ancoragem das barras.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

➢ Entender a importância da boa aderência entre barras de aço e o


concreto;
➢ Saber diferenciar os tipos de aderência entre concreto e aço;
➢ Entender o processo de cálculo (verificação) de ancoragem, utilizando
o aço para concreto armado (CA-50, CA-60, etc.);
➢ Detalhar corretamente uma peça de concreto, no que diz respeito a
ancoragem.
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Olá Aluno! Vamos estudar um pouco mais sobre aderência e


ancoragem? Nesta aula iremos ver como detalhar e armar
corretamente nossas barras.
Vamos lá?

1 ADERÊNCIA E ANCORAGEM – PARTE I

1.1 Introdução

A aderência entre a armadura e o concreto é de fundamental importância para


a existência do concreto armado, ou seja, para o trabalho conjunto entre os dois
materiais, o que significa que não deve ocorrer escorregamento relativo entre o
concreto e as barras de aço da armadura.
O fenômeno da aderência envolve dois aspectos: o mecanismo de
transferência de força da barra de aço para o concreto adjacente e a capacidade de
o concreto resistir às tensões oriundas dessa força. A transferência de força é
possibilitada por ações químicas (adesão), pelo atrito e por ações mecânicas, e
ocorre em diferentes estágios do carregamento e em função da textura da superfície
da barra de aço e da qualidade do concreto.
A aderência é dividida em três diferentes parcelas: por adesão, por atrito e
pela mecânica do processo. A classificação da aderência segundo as três parcelas é
meramente esquemática, não sendo possível determinar cada uma delas
isoladamente.

1.2 Aderência por adesão

Lançando-se o concreto fresco sobre uma chapa de aço (figura 1), durante o
endurecimento do concreto ocorrem ligações físico-químicas na interface do
concreto com a chapa de aço, o que dá origem a uma resistência de adesão,
indicada pela força Rb1, que se opõe à separação dos dois materiais.
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Figura 1: Aderência por adesão.

Fonte: FUSCO (2000)

1.3 Aderência por atrito

Ao se aplicar uma força que tende a arrancar uma barra de aço inserida no
concreto, verifica-se que a força de arrancamento (Rb2 – Figura 2) é muito superior
à força Rb1 relativa à aderência por adesão. Considera-se que a superioridade da
força Rb2 sobre a força Rb1 é devida a forças de atrito que se opõem ao
deslocamento relativo entre a barra de aço e o concreto.
A intensidade das forças de atrito depende do coeficiente de atrito entre os
dois materiais e da existência e intensidade de forças de compressão transversais à
barra (Pt), que podem surgir devido à retração do concreto ou por ações externas.

Figura 2: Aderência por atrito.

Fonte: FUSCO (2000)

1.4 Aderência mecânica

A aderência mecânica se deve às saliências ou mossas existentes na


superfície das barras de aço de alta aderência, e às irregularidades da laminação, no
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caso das barras lisas. As saliências criam pontos de apoio no concreto, que
dificultam o escorregamento relativo entre a barra de aço e o concreto (Figura 3). A
aderência mecânica é a parcela mais importante da aderência total.

Figura 3: Aderência mecânica.

Fonte: FUSCO (2000)

Por outro, para que a solidariedade entre o concreto e o aço seja bem-
sucedida, de forma geral, torna-se necessário a introdução de um importante fator
de execução e projeto: a ancoragem.
A ancoragem das armaduras usadas em concreto armado pode ser feita pela
própria extensão do comprimento da barra ou fio, podendo-se usar ganchos nas
extremidades das barras. Em casos excepcionais, quando não há espaço para
realizar a ancoragem por aderência, pode-se recorrer a dispositivos especiais de
ancoragem que podem ser uma ou mais barras transversais soldadas, insertos
metálicos de diversos tipos, como chapas metálicas. Mas tanto pela praticidade
quanto por razões econômicas prefere-se priorizar a ancoragem por aderência.

1.5 Aderência

Toda barra de aço deve ser ancorada numa região onde ela não é mais
necessária, de tal modo que quando ela for solicitada, não ocorra o escorregamento
da barra em relação ao concreto que a envolve. Essa ancoragem é possível graças
à aderência entre os dois materiais.
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As tensões que se formam no concreto, ao longo da barra de aço são


chamadas tensões de aderência. Uma barra de aço envolvida de concreto dentro de
um bloco, apresenta tensões nulas na extremidade da barra e na face do bloco, e
distribuídas ao longo do comprimento lb (comprimento de ancoragem básico).
O diagrama de tensões reais, de aplicação difícil (figura 4), é substituído por
outro cuja tensão média ƒbd representa o “volume” das tensões que envolvem a
barra, determinado experimentalmente (figura 5).
ƒbd é a tensão de aderência de cálculo, e depende da forma da superfície da
barra, da espessura do recobrimento da armadura, da qualidade do concreto e da
posição relativa das barras na estrutura.

Figura 4: Tensões de aderência reais (𝝉𝒃 ).

Fonte: FUSCO (2000)

Figura 5: Tensão de aderência de cálculo (𝒇𝒃𝒅 ).

Fonte: FUSCO (2000)

Nos ensaios de arrancamento (figura 6), obtém-se a força de arranchamento


Rs.
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Figura 6: Ensaio de arranchamento.

Fonte: FUSCO (2000)

Conhecendo-se a força de arranchamento Rs, pode-se calcular o valor da


tensão de aderência de cálculo ƒbd, conforme o procedimento mostrado a seguir:
𝑅𝑠
𝑓𝑏𝑑 . 𝜋. ∅. 𝑙𝑏 = 𝑅𝑠 → 𝑓𝑏𝑑 = 𝜋.∅.𝑙𝑏

Área lateral da barra → lb x


perímetro.
Onde:
• Rs é a força atuante na barra;
• Ø é o diâmetro da barra;
• lb é o comprimento de ancoragem básico.

A tensão de aderência depende de diversos fatores, entre os quais:


• Rugosidade da barra;
• Posição da barra durante a concretagem;
• Diâmetro da barra;
• Resistência do concreto;
• Retração;
• Adensamento;
• Porosidade do concreto, etc...

1.6 Comprimento de ancoragem básico (Lb)

Segundo a NBR 6118/2014 o comprimento de ancoragem básico, lb, é o


comprimento reto de uma barra de armadura passiva necessário para ancorar sua
força limite que ocorre quando se atinge a tensão de escoamento do aço ƒyd.
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Assim exposto, a equação acima, associada à resistência dos materiais


clássica, leva-nos à seguinte expressão; salientando-se que o comprimento de
ancoragem básico deverá ser menor do que vinte e cinco vezes o diâmetro da barra
considerada:

𝜋. ∅2
𝑅𝑠 𝐴𝑠 . 𝑓𝑦𝑑 . 𝑓𝑦𝑑 ∅ 𝑓𝑦𝑑
𝑙𝑏 = = = 4 = . ≥ 25∅
𝜋. ∅. 𝑓𝑏𝑑 𝜋. ∅. 𝑓𝑏𝑑 𝜋. ∅. 𝑓𝑏𝑑 4 𝑓𝑏𝑑

onde Ø é o diâmetro da barra.

1.7 Zonas de boa e má aderência

Na concretagem de uma peça, tanto no lançamento como no adensamento, o


envolvimento da barra pelo concreto é influenciado pela inclinação dessa barra.
Sua inclinação interfere, portanto, nas condições de aderência.
Por causa disso, a NBR 6118/2014 considera em boa situação, quanto à
aderência, os trechos das barras que estejam com inclinação maior que 45º em
relação à horizontal (figura 7a).
As condições de aderência são influenciadas por mais dois aspectos:
1. Altura da camada de concreto sobre a barra, cujo peso favorece o
adensamento, melhorando as condições de aderência;
2. Nível da barra em relação ao fundo da forma; a exsudação produz
porosidade no concreto, que é mais intensa nas camadas mais altas, prejudicando a
aderência.

Essas duas condições fazem com que a norma brasileira considere em boa
situação, quanto à aderência, os trechos das barras que estejam em posição
horizontal ou com inclinação menor que 45º, desde que:
• Para elementos estruturais com h < 60 cm, localizados no máximo 30 cm
acima da face inferior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima
(figuras 7b e 7c);
• Para elementos estruturais com h ≥ 60 cm, localizados no mínimo 30 cm
abaixo da face superior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima
(figura 7d).
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Em outras posições e quando do uso de formas deslizantes, os trechos das


barras devem ser considerados em má situação, quanto à aderência.
No caso de lajes e vigas concretadas simultaneamente, a parte inferior da
viga pode estar em uma região de boa aderência e a parte superior em região de má
aderência. Se a laje tiver espessura menor do que 30 cm, estará em uma região de
boa aderência. Sugere-se, então, a configuração das figuras 7e e 7f para
determinação das zonas aderência.

Figura 7: Zonas de boa e má aderência.

Fonte: FUSCO (2000)


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1.8 Valor da tensão de aderência de cálculo

A tensão de aderência de cálculo entre a armadura passiva e o concreto,


deve ser obtida pela seguinte expressão:

𝑓𝑏𝑑 = ƞ1 ƞ2 ƞ3 𝑓𝑐𝑡𝑑

O valor de ƞ1 depende da conformação superficial da barra de aço. Para cada


categoria de aço esse coeficiente (mínimo) é determinado através de ensaios de
acordo com a NBR 7477/1982.

1,00 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑠𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 25)


ƞ1 = { 1,40 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 60)
2,25 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑛𝑒𝑟𝑣𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 50)

O valor de ƞ2 é determinado pela posição relativa das barras de aço durante a


concretagem, bem como da altura dessas barras em relação ao fundo da forma.

1,00 → 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑡𝑢𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑏𝑜𝑎 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎


ƞ2 = {
0,70 → 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑡𝑢𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑚á 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎

A qualidade da aderência pode ser prejudicada pela segregação do concreto


fresco durante, e logo após, a concretagem; o que pode provocar o acúmulo da
água, que é posteriormente absorvido pelo concreto sob as armaduras, deixando
porosa essa região.
O valor de ƞ3 é função do diâmetro, Ø, da barra de aço, em milímetros.

1,00 → ∅ ≤ 32 𝑚𝑚
ƞ3 = {(132 − ∅)
→ ∅ > 32 𝑚𝑚
100

A resistência à tração de cálculo ƒctd depende da qualidade do concreto no


qual está imersa a barra de aço. É obtida a partir da resistência à tração direta ƒctd
do concreto, que depende, por sua vez, do ƒck, conforme mostra as equações a
seguir:
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2⁄3 2⁄3
𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 0,7.0,3𝑓𝑐𝑘 0,21𝑓𝑐𝑘
𝑓𝑐𝑡𝑑 = = =
𝛾𝑐 𝛾𝑐 𝛾𝑐

para concretos até a classe C50 (extrapolando-se até C54, já que a NBR
6118/2014 desconsidera as classes C51 a C54) e

𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 0,7. [2,12ln(1 + 0,11𝑓𝑐𝑘 )]


𝑓𝑐𝑡𝑑 = =
𝛾𝑐 𝛾𝑐

para concretos de classes C55 a C90 onde ƒck e ƒctd são expressos em
MPa.

1.9 Comprimento de ancoragem necessário

Nos casos em que a área efetiva da armadura As, ef é maior que a área
calculada As, calc, a tensão nas barras diminui e, portanto, o comprimento de
ancoragem pode ser reduzido na mesma proporção.
A presença de gancho na extremidade da barra, também permite a redução
do comprimento de ancoragem, que pode ser calculado pela expressão:

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
𝑙𝑏 = 𝛼. 𝑙𝑏 . ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛
𝐴𝑠,𝑖𝑛𝑓

onde:

1,0 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑠𝑒𝑚 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜𝑠


𝛼= {
0,7 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑡𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜𝑠

Quando houver barras transversais soldadas na barra a ser ancorada, o α


pode ser considerado igual a 0,7. Quando houver barras transversais soldadas
associadas ao gancho, o α pode ser considerado igual a 0,5. Além disso, as barras
com gancho devem apresentar cobrimento ≥ 3 no plano normal ao do gancho.
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Figura 8: 𝒍𝒃,𝒏𝒆𝒄 para barras sem gancho e com gancho.

Fonte: FUSCO (2000)

0,3 𝑙𝑏
𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ { 10∅
10 𝑐𝑚

Este comprimento independe de as barras serem comprimidas ou


tracionadas.

1.10 Ancoragem de feixes de barras por aderência

Considera-se o feixe como uma barra de diâmetro equivalente igual a:

1⁄ )
∅ 𝑛 = ∅𝑓 . 𝑛 ( 2

onde ∅𝑛 é o diâmetro equivalente do feixe constituído de n barras com


diâmetro ∅𝑓 .

1.11 Ancoragem por ganchos

Os ganchos das extremidades das barras da armadura longitudinal de tração


podem ser:
- semicirculares, com ponta reta de comprimento não inferior a 2∅ (figura 9a);
- em ângulo de 45º (interno), com ponta reta de comprimento não inferior a 4∅
(figura 9b);
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- em ângulo reto, com ponta reta de comprimento não inferior a 8∅ (figura 9c).

Vale ressaltar que, as barras lisas deverão ser sempre ancoradas com
ganchos, sendo recomendados os semicirculares.

Figura 9: Tipos de gancho (armadura de tração).

Fonte: FUSCO (2000)

Segundo a NBR 6118/2014, o diâmetro interno da curvatura dos ganchos das


armaduras longitudinais de tração deve ser pelo menos igual ao estabelecido na
Tabela 1. Esta limitação visa não apenas tornar o dobramento exequível como
também limitar o esmagamento do concreto nessa região.

Tabela 1: Diâmetro dos pinos de dobramento.


Ø (mm) CA-25 CA-50 CA-60
< 20 mm 4Ø 5Ø 6Ø
>= 20 mm 5Ø 8Ø -
Fonte: FUSCO (2000)

1.12 Ancoragem dos estribos

A ancoragem dos estribos deve, necessariamente, ser garantida por meio de


ganchos ou barras longitudinais soldadas. Os ganchos dos estribos podem ser:
• semicirculares ou em ângulo de 45° (interno), com ponta reta de
comprimento igual a 5∅t, porém não inferior a 5 cm (figura 11a);
• em ângulo reto, com ponta reta de comprimento maior ou igual a 10∅t,
porém não inferior a 7 cm (figura 11b). Destaca-se que este tipo de gancho
não deve ser utilizado para barras e fios lisos.
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Figura 10: Tipos de ganchos (estribos).

Fonte: FUSCO (2000)

Na tabela 2 estão relacionados os diâmetros dos pinos de dobramento dos


ganchos das armaduras transversais.

Tabela 2: Diâmetros dos pinos de dobramento para estribos.


Tipos de aço
Diâmetro (mm)
CA-25 CA-50 CA-60
<= 10 3Øt 3Ø t 3Ø t
10 < Ø < 20 4Øt 5Ø t -
>= 20 5Øt 8Ø t -
Fonte: FUSCO (2000)
Resumo

Nesta aula, abordamos:

✓ Uma breve introdução a aderência e ancoragem;


✓ Os tipos de aderência que podemos considerar entre o concreto e o
aço;
✓ O conceito de comprimento de ancoragem;
✓ As zonas de boa e má aderência do concreto;
✓ Os tipos de ancoragem feitos no concreto armado.
Complementar

Para enriquecer o conhecimento assista a alguns vídeos


complementares sobre diversos temas, veja:
Veja este vídeo sobre uma máquina que faz a dobragem dos
aços para a construção de maneira bem eficaz e prática:
https://www.youtube.com/watch?v=kzrinh9eZC0.
Referências

Básica:
ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado. Vol. 1. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,
2014.

ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado. Vol. 2. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,


2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 - Projeto


de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: Abnt, 2014.

CARVALHO, R.B.; FILHO, J.R.F. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado: Segundo a NBR6118:2014. 4. ed. São Carlos: Ed. EDUFScar, 2014.

LEONHARDT, F.; MÖNNING, E. Construção de concreto – princípios básicos do


dimensionamento de estruturas de concreto armado. Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed.
Interciência, 1982.

PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projetos de edifícios. Apostila. São


Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.

SÜSSEKIND, J. C. Curso de concreto Vol. 1. Porto Alegre: Ed. Globo, 1985.

CARVALHO, C. B. Concreto armado I: de acordo com a NBR6118/2014. Belo


Horizonte: Unihorizontes, 2017.

FUSCO, P. B. Estruturas de concreto. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Dois S. A.,


1981.

Complementar:
ALAGE, F. Processo de britagem (Mineração). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=yt6i2Us-jzo. Acesso em: 18 dez. 2018.

ALDEIATEAM. Aldeiateam. Disponível em: http://www.aldeiateam.com. Acesso em:


15 set. 2018.

ARQUITETURA. RJ Arquitetura. Disponível em:


https://rjarquitetura.wordpress.com/category/principais-obras/. Acesso em: 10 set. 2018.

BRASIL, Arcelormittal. Laje protendida. Disponível


em:<https://www.youtube.com/watch?v=L15P8CfvlKo. Acesso em: 10 dez. 2017.

CONSTRUCAO, Dicas Para. Dicas para construção. Disponível em:


http://dicasparaconstrucao.com/. Acesso em: 10 set. 2018.

CONSTRUCTAPP.Constructapp. Disponível em: http://www.cosntructapp.io.


Acesso em: 10 set. 2018.

CONSTRUIR, Blog. Blog construir. Disponível em: http://blog.construir.arq.br/.


Acesso em: 10 set. 2018.

ESCALES. Escales. Disponível em: http://escales.files.word-


press.com/2008/11/epsn0002.jpg. Acesso em: 10 set. 2018.
P á g i n a | 30

ESTRUTURAS. Dicio ilustrado estruturas. Disponível em:


http://dicioilustradoestruturas.blogspot.com.br/. Acesso em: 10 set. 2018.

FACIL. Faz fácil. Disponível em: http://www.fazfacil.com.br/wp-


content/uploads/2012/08/tipos-cimento.gif. Acesso em: 10 set. 2018.

METÁLICA. Portal Metálica. Disponível em:


http://www.metalica.com.br/pg_dinamica/bin/pg_dinamica.php. Acesso em: 10 set. 2018.

PEDREIRAO. Pedreirão. Disponível em: http://ww.pedreirao.com.br. Acesso em: 10


dez. 2018.

REVISTA TECHNE. Revista Techne. Disponível em: http://techne.pini.com.br/.


Acesso em: 18 set. 2018.

ROCA FUNDAÇÕES. Roca Fundações. Disponível em:


http://rocafundacoes.com.br/. Acesso em: 10 set. 2018.

ZIPOCOMUNICACAO. Tecnologia Bubbledeck. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=e4O-bbM79YU. Acesso em: 18 dez. 2018.
Exercícios
AULA 1

Exercício Resolvido - Emenda por traspasse de


barras isoladas
Calcule o comprimento de traspasse sem gancho, a
armadura transversal da emenda e estude a disposição das
armaduras longitudinal e transversalmente, a partir dos dados
apresentados, considerando que será necessário emendar todas as barras.
Dados:
• 𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 7,5 cm² (armadura de tração de viga fletida);
• 𝐴𝑠,𝑒𝑓 = 4 φ 16 mm = 8,0 cm²;
• aço CA-50, barras nervuradas (alta aderência) dispostas isoladamente
(sem feixe);
• aço CA-50 na armadura transversal;
• 𝑓𝑐𝑘 = 25 Mpa;
• 𝑏𝑤 = 18 cm, h=45 cm (seção transversal da viga);
• ∅𝑙 = 16 mm, ∅𝑡 = 6.3 mm;
• 𝐶𝑛𝑜𝑚 = 25 mm;
• condição de aderência: boa;
• diâmetro máximo do agregado = 19 mm;

Resolução:
1. Determinação da tensão de aderência (𝑓𝑏𝑑 );
Primeiro devemos encontrar a tensão de aderência da nossa peça.
𝑓𝑏𝑑 = ƞ1 ƞ2 ƞ3 𝑓𝑐𝑡𝑑 , onde n1,n2 e n3 são valores tabelados.

1,00 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑠𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 25)


ƞ1 = { 1,40 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 60)
2,25 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑛𝑒𝑟𝑣𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 50)
1,00 → 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑡𝑢𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑏𝑜𝑎 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎
ƞ2 = {
0,70 → 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑡𝑢𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑚á 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎
P á g i n a | 32

1,00 → ∅ ≤ 32 𝑚𝑚
ƞ3 = {(132 − ∅)
→ ∅ > 32 𝑚𝑚
100

Portanto temos: n1= 2,25 uma vez que a barra de 16 mm é de alta


aderência, n2= 1,00 para barras situadas em zonas de boa aderência e
n3= 1,00 para barras de diâmetro não superior a 32 mm.


2 3 3
0,21𝑓𝑐𝑘 0,21 √25²
𝑓𝑐𝑡𝑑 = = = 1,282 𝑀𝑝𝑎
𝛾𝑐 1,4

Então; 𝑓𝑏𝑑 = 2,25.1.1.1,282 = 2,885 𝑀𝑝𝑎

2. Determinação do comprimento de ancoragem básico (𝑙𝑏 )


Agora vamos encontrar qual é o nosso comprimento de
ancoragem básico, que faz referência com o 𝑓𝑏𝑑 encontrado anteriormente e com a
bitola do aço que estamos trabalhando na nossa viga.
∅ 𝑓𝑦𝑑 1,6 500/1,4
𝑙𝑏 = . = . = 60,3 ≅ 60 𝑐𝑚
4 𝑓𝑏𝑑 4 2,885

3. Determinação do comprimento de ancoragem necessário (𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 )


Bom, com o comprimento de ancoragem básico em mãos,
partimos agora para o comprimento de ancoragem necessário, que já
inserimos as áreas de aço existentes na viga.

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
𝑙𝑏 = 𝛼. 𝑙𝑏 . ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛
𝐴𝑠,𝑖𝑛𝑓
Onde:
1,0 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑠𝑒𝑚 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜𝑠
𝛼= {
0,7 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑡𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜𝑠

Portanto, adotaremos 𝛼 com o valor de 1,0, pois o exercício nos


disse que não adotaremos gancho nesta viga.
7,5
𝑙𝑏 = 1.60. = 56 𝑐𝑚
8
P á g i n a | 33

Verificando o 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛

0,3 𝑙𝑏
𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ { 10 ∅
10 𝑐𝑚

0,3. 60 = 18 𝑐𝑚
𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ { 10.1,6 = 16 𝑐𝑚
10 𝑐𝑚

Portanto, 𝑙𝑏 = 56 𝑐𝑚

Como será necessário emendar todas as barras, a disposição das


barras na seção transversal recai na situação de mais de uma camada,
em virtude do espaçamento mínimo necessário, como mostrado:
2 𝑐𝑚
𝑎ℎ { ∅𝑙
1.2 𝑑𝑚á𝑥,𝑎𝑔𝑟𝑒𝑔𝑎𝑑𝑜

Portando,
2 𝑐𝑚
𝑎ℎ { ∅ = 1,6 𝑐𝑚
1.2 . 19𝑚𝑚 = 2,28 𝑐𝑚

Em uma camada:
18 − 2.2,5 − 2 .0,63 − 4 .1,6
𝑎ℎ = = 1,78 cm
3

Onde, 18 é o Bw da viga, 2x2,5 são os cobrimentos da peça,


2x0,63 é o estribo da viga e 4x1,6 são as 4 barras longitudinais da viga,
e o 3 que divide é o número de espaços entre os ferros, portando,
encontramos um valor que não atende as exigências normativas, portanto não
poderemos colocar 4 barras de 16 mm em uma só camada, deveremos adotar duas
camadas, veja como.
Em uma camada:
18 − 2.2,5 − 2 .0,63 − 3 .1,6
𝑎ℎ = = 3,47 cm
2
P á g i n a | 34

Adotaremos este, pois atende os critérios normativos.

Figura 11

A proporção máxima de barras emendadas numa mesma seção


será de 50%, que é o percentual máximo para o caso de barras de alta
aderência dispostas em mais de uma camada sujeitas a um
carregamento estático;
Para 50% de barras emendadas na mesma seção:
𝛼0𝑡 = 1,8

4. Determinação do comprimento de traspasse:


As barras emendadas serão detalhadas justapostas entre si, ou seja, com
distância menor que 4∅ . Então:
𝑙0𝑡 = 𝛼0𝑡 . 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 ≥ 𝑙0𝑡,𝑚𝑖𝑛

𝑙0𝑡 = 1,8. 56 = 101 𝑐𝑚


0,3. 𝛼0𝑡 . 𝑙𝑏
𝑙0𝑡,𝑚𝑖𝑛 = { 15. ∅𝑙
20 𝑐𝑚
P á g i n a | 35

0,3.1,8.60 = 32 𝑐𝑚
𝑙0𝑡,𝑚𝑖𝑛 = { 15.1,6 = 24 𝑐𝑚
20 𝑐𝑚

Portando adotaremos 101 cm, pois foi maior do que o mínimo.

5. Determinação da armadura transversal nas emendas


Esta armadura deve concentrar-se nos terços extremos da
emenda e ser capaz de resistir à força de uma barra emendada. Como
o aço da armadura transversal é o mesmo da longitudinal, Ast pode ser
calculado diretamente por:

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
𝐴𝑠𝑡 = . 𝐴𝑠,𝑙𝑜𝑛𝑔
𝐴𝑠,𝑒𝑓

7,5
𝐴𝑠𝑡 = .2,0 = 1,88 𝑐𝑚²
8,0

Adotaremos então 5∅ 5.0 mm = 1,00 cm² em cada extremidade da emenda,


resultando em uma área de 2 cm²

Figura 12

Bom, com isso cumprimos todas as exigências impostas pelo


exercício, a seguir veremos outros exercícios para praticarmos
ainda mais.
Exercícios Propostos
AULA 1

Exercício Proposto - Emenda por traspasse de barras


isoladas
Calcule o comprimento de traspasse com/sem gancho, a
armadura transversal da emenda e estude a disposição das
armaduras longitudinal e transversalmente, a partir dos dados apresentados,
considerando que será necessário emendar todas as barras.
Dados:
• 𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 1,35 cm² (armadura longitudinal de flexão da viga);
• 𝐴𝑠,𝑒𝑓 = 2 φ 10 mm = 1,60 cm²;
• aço CA-50, barras nervuradas (alta aderência) dispostas isoladamente
(sem feixe);
• aço CA-60 na armadura transversal;
• 𝑓𝑐𝑘 = 20 Mpa;
• 𝑏𝑤 = 12 cm, h=40 cm (seção transversal da viga);
• ∅𝑙 = 10 mm, ∅𝑡 = 5.0 mm;
• 𝐶𝑛𝑜𝑚 = 25 mm;
• condição de aderência: boa;
• diâmetro máximo do agregado = 19 mm.
Aula 2
Aderência e Ancoragem – Parte II

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula continuaremos a estudar sobre a aderência e ancoragem entre


concreto e aço nas nossas estruturas, entenderemos ainda como nossa norma nos
orienta a fazer as considerações sobre as emendas das barras longitudinais.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

➢ Entender o funcionamento do processo de cálculo das emendas das


barras longitudinais, vendo ainda os tipos de emendas disponíveis no
mercado;
➢ Entender o dimensionamento de ancoragem das barras longitudinais
em apoios externos e internos da viga, veremos ainda a ancoragem de
vigas engastadas.
P á g i n a | 38

2 ADERÊNCIA E ANCORAGEM – PARTE II

Olá Aluno! Vamos continuar estudando sobre aderência e


ancoragem? Nesta aula iremos dar continuidade no estudo dessa
verificação superimportante nas peças de concreto armado.

Vamos lá?

2.1 Emendas das barras

As emendas nas barras devem ser evitadas sempre que possível,


aproveitando-se integralmente o comprimento das mesmas. No entanto, é comum a
necessidade de se efetuar emendas nas barras de aço para atender as
necessidades de detalhamento (comprimento das peças maiores do que 12 metros).
Nesses casos é fundamental garantir que ocorra a transmissão de esforços de uma
barra a outra.
As emendas podem ser:
• por traspasse (transpasse ou trespasse);
• por luvas com preenchimento metálico, rosqueadas ou prensadas;
• por solda;
• por outros dispositivos devidamente justificados.

A primeira é denominada emenda indireta, por não haver o contato entre as


barras, e as demais, emendas diretas.

Emendas por traspasse

São aquelas que necessitam do concreto para a transmissão dos esforços de


uma barra a outra. As barras estão aderidas ao concreto, e, quando tracionadas,
provocam o aparecimento de bielas de concreto comprimido, que transferem a força
aplicada em uma barra à outra (figura 13).
P á g i n a | 39

Figura 13: Transmissão de esforços em uma emenda por traspasse.

Fonte: FUSCO (2000)

A emenda por traspasse não é permitida para os seguintes casos:


• barras com bitola maior que 32 mm;
• tirantes e pendurais (elementos estruturais lineares de seção inteiramente
tracionada) sem cuidados especiais;
• feixes cujo diâmetro do círculo de mesma área seja superior a 45 mm.

➢ Tração
𝑙0𝑡 = 𝛼0𝑡 . 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 ≥ 𝑙0𝑡 , 𝑚𝑖𝑛
0,3. 𝛼0𝑡 . 𝑙𝑏
𝑙0𝑡,𝑚𝑖𝑛 ≥ { 15Ø
20 𝑐𝑚
➢ Compressão
𝑙0𝑐 = 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 ≥ 𝑙0𝑐,𝑚𝑖𝑛
0,6. 𝑙𝑏
𝑙0𝑐,𝑚𝑖𝑛 ≥ { 15Ø
20 𝑐𝑚

Tabela 3: Transmissão de esforços em uma emenda por traspasse.


Barras
emendadas
<= 20 25 33 50 ≥ 50
na mesma
seção (%)
Valores de
1,2 1,4 1,6 1,8 2,0
α0t
Fonte: FUSCO (2000)
P á g i n a | 40

Proporção das barras emendadas

Consideram-se, como na mesma seção transversal, as emendas que se


superpõem ou cujas extremidades mais próximas estejam afastadas de menos que
20% do comprimento do trecho de traspasse (figura 15).
Para barras com diâmetros diferentes, o comprimento de traspasse deve ser
calculado pela barra de maior diâmetro.

Figura 14: Critério de barras emendadas na mesma seção.

Fonte: FUSCO (2000)

A proporção máxima de barras tracionadas da armadura principal emendadas


por traspasse na mesma seção transversal do elemento estrutural deve ser a
indicada na tabela 4.

Tabela 4: Proporção de barras tracionadas emendadas.


Tipo de carregamento
Tipo de barra Situação
Estático Dinâmico
Em uma camada 100% 100%
Alta aderência Em mais de uma
50% 50%
camada
Ø < 16 mm 50% 25%
Lisa
Ø >= 16 mm 25% 25%
Fonte: FUSCO (2000)

Quando se tratar de armadura permanentemente comprimida ou de


distribuição, todas as barras podem ser emendadas na mesma seção.
P á g i n a | 41

Armadura transversal nas emendas por traspasse, em barras isoladas

Conforme já mencionado, a transferência de esforço de uma barra para outra


se faz através de bielas comprimidas de concreto. Logo, existe a necessidade da
colocação de uma armadura transversal à emenda com o objetivo de equilibrar
essas bielas. Como armadura transversal nessa região pode ser levada em
consideração os ramos horizontais dos estribos.

Emendas de barras tracionadas da armadura principal

Quando Ø < 16 mm e a proporção de barras emendadas na mesma seção for


menor que 25%, faz-se necessária uma armadura transversal capaz de resistir a
25% da força longitudinal de uma das barras ancoradas.
Nos casos em que Ø ≥ 16 mm ou quando a proporção de barras emendadas
na mesma seção for maior ou igual a 25%, a armadura transversal deve:
• ser capaz de resistir a uma força igual à de uma barra emendada,
considerando os ramos paralelos ao plano da emenda;

Figura 15: Ramos paralelos.

Fonte: FUSCO (2000)

• ser constituída por barras fechadas se a distância entre as duas barras


mais próximas de duas emendas na mesma seção for < 10Ø (Ø = diâmetro da barra
emendada);
P á g i n a | 42

Figura 16: Distância entre duas barras < 10Ø.

Fonte: FUSCO (2000)

• concentrar-se nos terços extremos das emendas.

Emendas de barras comprimidas

Devem ser mantidos os critérios estabelecidos para o caso anterior, com pelo
menos uma barra de armadura transversal posicionada 4Ø além das extremidades
da emenda.

Figura 17: Armadura transversal nas emendas (para barras tracionadas e comprimidas).

Fonte: FUSCO (2000)

2.2 Ancoragem das barras longitudinais em vigas

Nem todas as barras da armadura longitudinal, dimensionadas para o máximo


momento fletor de cálculo, necessitam chegar ao apoio. Algumas delas podem ser
interrompidas, economizando armadura, desde que estejam devidamente ancoradas
no concreto. Deve-se, no entanto, garantir que uma quantidade mínima necessária
seja ancorada nos apoios.
P á g i n a | 43

Ancoragem nos apoios

A armadura longitudinal de tração junto aos apoios deve ser calculada para
satisfazer a mais severa das condições expostas nos itens abaixo:
A. no caso de ocorrência de momentos positivos, a armadura obtida através
do dimensionamento da seção;

Figura 18: Momentos positivos no apoio.

Fonte: FUSCO (2000)

B. em apoios extremos, para garantir a ancoragem da diagonal de


compressão, necessita-se de uma área de armadura capaz de resistir a uma força
de tração Rs dada por:

𝑎
𝑅𝑠 = ( 𝑑𝑙) . 𝑉𝑑,𝑓𝑎𝑐𝑒 + 𝑁𝑑 , onde

• Vd,face é a força cortante na face do apoio;


• Nd é a força de tração eventualmente existente;
• d é a altura útil da seção transversal;
• al é o valor do deslocamento do diagrama de momento, que ocorre em
função do comportamento de treliça de uma viga fissurada, que será visto adiante.

𝑎
Na flexão simples, o esforço a ancorar é dado por: 𝑅𝑠 = ( 𝑑𝑙 ) . 𝑉𝑑,𝑓𝑎𝑐𝑒

A armadura para resistir a esse esforço, com tensão 𝜎𝑠 = 𝑓𝑦𝑑 , é dada por:
𝑅𝑠
𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = ⁄𝑓
𝑦𝑑
P á g i n a | 44

Figura 19: Diagonal de compressão.

Fonte: FUSCO (2000)

C. em apoios extremos e intermediários, por prolongamento de uma parte da


armadura de tração do vão (As, vão), correspondente ao máximo momento positivo
do tramo (Mvão), de modo que:
➢ As,apoio ≥ As, vão/3 ≥ 2 barras, para momentos nos apoios nulos ou
negativos inferiores a 0,5 do momento máximo no vão (figura 20a);
➢ As,apoio ≥ As, vão/4 ≥ 2 barras, para momentos nos apoios negativos e
maiores que 0,5 do momento máximo no vão (figura 20b);

Figura 20: Diagrama de momento fletor.

Fonte: FUSCO (2000)

Comprimento mínimo de ancoragem em apoios extremos

Em apoios extremos, para os casos (b) e (c) anteriores, a NBR 6118/2014


prescreve que as barras devem ser ancoradas a partir da face do apoio, com
comprimento mínimo dado por:
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 (𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒)
𝑙𝑏𝑒,𝑚𝑖𝑛 ≥ {(𝑟 + 5,5Ø ), 𝑠𝑒𝑛𝑑𝑜 𝑟 𝑜 𝑟𝑎𝑖𝑜 𝑑𝑒 𝑑𝑜𝑏𝑟𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
6𝑐𝑚

Desta forma, pode-se determinar o comprimento mínimo necessário do apoio


(figura 21):
P á g i n a | 45

Figura 21: Ancoragem no apoio.

Fonte: FUSCO (2000)

A NBR 6118/2014 estabelece que quando houver cobrimento da barra no


trecho do gancho, medido normalmente ao plano do gancho, de pelo menos 7 cm, e
as ações acidentais não ocorrerem com grande frequência com seu valor máximo, o
primeiro dos três valores anteriores pode ser desconsiderado, prevalecendo as duas
condições restantes.

Armadura necessária em apoios extremos

Na expressão do comprimento de ancoragem necessário, tem-se que:


𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝛼. 𝑙𝑏 . ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛
𝐴𝑠,𝑒𝑓

Onde: Impondo 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 = 𝑙𝑏,𝑑𝑖𝑠𝑝 e 𝐴𝑠,𝑛𝑒𝑐 = 𝐴𝑠,𝑒𝑓 , se obtém:


𝛼. 𝑙𝑏 . 𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
𝐴𝑠,𝑛𝑒𝑐 =
𝑙𝑏,𝑑𝑖𝑠𝑝
Portanto, a área das barras ancoradas no apoio não pode ser inferior a 𝐴𝑠,𝑛𝑒𝑐 .

Deslocando A1 do diagrama

O valor de a1 é dado pela expressão:


𝑉𝑠𝑑,𝑚𝑎𝑥
𝑎1 = 𝑑. [ . (1 + 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝛼)] ≤ 𝑑, 𝑜𝑛𝑑𝑒:
2. (𝑉𝑠𝑑,𝑚𝑎𝑥 − 𝑉𝑐 )
P á g i n a | 46

𝑉𝑐 = 𝑉𝑐0 = 0,6. 𝑓𝑐𝑡𝑑 . 𝑏𝑤 . 𝑑


𝑓𝑐𝑡𝑑 = resistência de cálculo à tração direita (em Mpa);

Nos casos usuais, onde a armadura transversal (estribos) é normal ao eixo da


peça (α = 90°), a expressão de al resulta:
𝑉𝑠𝑑,𝑚𝑎𝑥 𝛿𝑠𝑑
𝑎1 = 𝑑. [2.(𝑉 ] ou 𝑎1 = 𝑑. [2.(𝛿 ](em função de 𝛿)
𝑠𝑑,𝑚𝑎𝑥 − 𝑉𝑐 ) 𝑠𝑑 − 𝛿𝑐 )

• al ≥ 0,2d para estribos inclinados a 45º ou 0,5d para estribos a 90º (caso
geral);
• al ≤ d (limite sugerido com base na versão anterior da norma brasileira);
• para valores negativos usar al = d

Ponto de início da ancoragem

Figura 22: Ancoragem de barras em peças fletidas.

Fonte: FUSCO (2000)

A → ponto de início de ancoragem da barra (onde a tensão σs começa a


diminuir).
B → ponto teórico de tensão σs nula. Ponto de início de dobramento para as
barras dobradas.
P á g i n a | 47

Define-se a seguir em que ponto ao longo do vão da viga se pode retirar de


serviço a barra da armadura longitudinal tracionada de flexão, o que normalmente é
feito na prática com o propósito de diminuir o consumo de aço na viga e,
consequentemente, gerar economia.
Para determinar em que seção pode-se retirar de serviço uma barra da
armadura de flexão, deve-se deslocar o diagrama de momentos fletores no sentido
mais desfavorável do valor al. Após determinadas, a quantidade e a bitola das barras
de flexão, pode-se dividir a ordenada do momento máximo em tantas partes forem
as barras indicadas para se combater o momento. Pelos pontos de divisão, traçam-
se linhas paralelas ao eixo da viga até encontrar o diagrama de momento deslocado.
Dessa forma, podemos começar a retirar de serviço a armadura nos pontos de
interseção (ponto A da figura 22), ancorando a partir desta seção.
No caso de ancoragem reta a mesma deverá ser tal que ultrapasse a seção B
(figura 23) em pelo menos 10 Ø.

Cobrimento do diagrama de momento fletor

A. Barras com o mesmo diâmetro


• Para armadura tracionada

➢ Divide-se o diagrama deslocado de a1 em (n) faixas, onde (n) representa o


número de barras escalonadas de comprimentos diferentes.
𝑀𝑚á𝑥⁄
➢ Cada faixa terá uma altura X igual a figura 25: 𝑋 = 𝑛
P á g i n a | 48

Figura 23: Divisão do diagrama de momento fletor deslocado em faixas.

Fonte: FUSCO (2000)

• Para armadura comprimida


➢ Para as barras comprimidas (As’), não há necessidade de se efetuar o
deslocamento do diagrama do valor al, em função da analogia com a treliça clássica
(figura 24).

Figura 24: Armadura comprimida: diagrama de momento fletor sem deslocamento.

Fonte: FUSCO (2000)


P á g i n a | 49

B. Barras com diâmetros diferentes


Neste caso, deve-se usar o 𝑙𝑏 ao invés de 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 e a altura de cada faixa (𝑋𝑖 )
será proporcional à área de cada barra:
𝑀𝑚á𝑥
𝑋𝑖 = . 𝐴 , 𝑜𝑛𝑑𝑒
𝐴𝑠,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑠𝑖

𝐴𝑠,𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 é a armadura total calculada para resistir a 𝑀𝑚á𝑥 e 𝐴𝑠𝑖 é a área das
barras responsáveis por absorver o quinhão de esforços 𝑋𝑖 .

2.3 Ancoragem em apoios intermediários

Se o ponto A de início de ancoragem estiver na face do apoio ou além dela


(figura 25a) e a força Rs diminuir em direção ao centro do apoio, o trecho de
ancoragem deve ser medido a partir dessa face, com a força Rs dada anteriormente.
Quando o diagrama de momentos fletores de cálculo (já deslocado de al) não
atingir a face do apoio (figura 25b), as barras prolongadas até o apoio devem ter o
comprimento de ancoragem marcado a partir do ponto A e, obrigatoriamente, devem
ultrapassar 10 Ø da face de apoio.

Figura 25: Ancoragem em apoios intermediários.

Fonte: FUSCO (2000)

Quando houver qualquer possibilidade da ocorrência de momentos positivos


nessa região, provocados por situações imprevistas, particularmente por efeitos de
P á g i n a | 50

vento e eventuais recalques, as barras deverão ser contínuas ou emendadas sobre


o apoio.

2.4 Ancoragem de viga engastada elasticamente no pilar

Sempre que no cálculo for considerada a transmissão de momento fletor da


viga para o pilar (figura 26), é preciso prever armaduras no nó viga/pilar que garanta
a existência e transferência desse momento fletor.

Figura 26: Viga engastada no pilar.

Fonte: FUSCO (2000)

Duas situações distintas podem ocorrer em função da distribuição das


tensões normais que atuam no pilar:
A. quando o pilar apresenta somente tensões de compressão pode-se adotar
uma ancoragem comum (figura 27).

Figura 27: Pilar submetido somente a tensões de compressão.

Fonte: FUSCO (2000)


P á g i n a | 51

B. quando o pilar apresenta tensões de tração e compressão, deve-se garantir


um comprimento do trecho reto do gancho igual ao comprimento equivalente a uma
emenda por traspasse, relativo a uma barra tracionada (𝑙0𝑡 ). Além disso, deve-se
adotar o raio de curvatura do gancho indicado na figura 28.

Figura 28: Pilar submetido a tensões de tração e de compressão.

Fonte: FUSCO (2000)

Além disso, segundo Leonhardt (1977) a transmissão dos momentos fletores


da viga para os pilares extremos contínuos provoca, na região do nó, não só
esforços de tração na direção diagonal, como também altas tensões de aderência na
armadura tracionada do pilar (figura 29).

Figura 29: Tensões de tração e de compressão na região do nó.

Fonte: FUSCO (2000)


P á g i n a | 52

O detalhamento recomendado por LEONHARDT está mostrado na figura 32.


A armadura inclinada deve ter área igual à metade da área da armadura a ancorar, e
o diâmetro das barras deve ser igual a 70% do diâmetro das barras daquela
armadura. Os estribos do pilar devem ter o espaçamento reduzido para 10 cm (no
máximo) no trecho de comprimento igual a duas vezes a largura do pilar (medida na
direção da viga), acrescido da altura da viga.

Figura 30: Detalhamento recomendado por Leonhardt (1977).

Fonte: LEONHARDT (1977)

2.5 Ancoragem nas extremidades de balanços

As barras que chegam até a extremidade de um balanço deverão ser


ancoradas em forma de gancho, conforme mostrado na figura 31.

Figura 31: Ancoragem da barra na extremidade do balanço.

Fonte: FUSCO (2000)


P á g i n a | 53

Quando a extremidade do balanço servir de apoio para outro elemento


(geralmente vigas), a armadura ancorada deverá ser capaz de resistir ao seguinte
esforço Rst (figura 32):
𝑉𝑑 . 𝑎𝑙
𝑅𝑠𝑡 =
𝑑

O trecho efetivo disponível para ancoragem de barra vale: 𝑙𝑏𝑒 = 𝑏𝑤2 − 𝑐.


Quando 𝑙𝑏𝑒 < 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 é comum recorrer-se ao uso de grampos.

Figura 32: Ancoragem da barra em extremidade de um balanço.

Fonte: FUSCO (2000)

É comum, para proteger a borda livre, estender o gancho da armadura


superior até a face inferior da viga, respeitados os cobrimentos (figura 33).

Figura 33: Detalhe do gancho na extremidade de um balanço.

Fonte: FUSCO (2000)


Resumo

Nesta aula, abordamos:

✓ Os tipos de emendas mais utilizadas em campo para barras


longitudinais;
✓ Ancoragem das barras longitudinais e transversais;
✓ Ancoragem das barras longitudinais em apoios externos e internos.
Complementar

Para enriquecer o conhecimento assista a alguns vídeos complementares


sobre diversos temas, veja:

Veja este vídeo sobre algumas considerações sobre aderência:


https://www.youtube.com/watch?v=Jvw_vn4LWKM&t=16s.
Referências

Básica:
ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado. Vol. 1. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,
2014.

ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado. Vol. 2. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,


2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 - Projeto


de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: Abnt, 2014.

CARVALHO, R.B.; FILHO, J.R.F. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado: Segundo a NBR6118:2014. 4. ed. São Carlos: Ed. EDUFScar, 2014.

LEONHARDT, F.; MÖNNING, E. Construção de concreto – princípios básicos do


dimensionamento de estruturas de concreto armado. Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed.
Interciência, 1982.

PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projetos de edifícios. Apostila. São


Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.

SÜSSEKIND, J. C. Curso de concreto Vol. 1. Porto Alegre: Ed. Globo, 1985.

CARVALHO, C. B. Concreto armado I: de acordo com a NBR6118/2014. Belo


Horizonte: Unihorizontes, 2017.

FUSCO, P. B. Estruturas de concreto. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Dois S. A.,


1981.

Complementar:
ALAGE, F. Processo de britagem (Mineração). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=yt6i2Us-jzo. Acesso em: 18 dez. 2018.

ALDEIATEAM. Aldeiateam. Disponível em: http://www.aldeiateam.com. Acesso em:


15 set. 2018.

ARQUITETURA. RJ Arquitetura. Disponível em:


https://rjarquitetura.wordpress.com/category/principais-obras/. Acesso em: 10 set. 2018.

BRASIL, Arcelormittal. Laje protendida. Disponível


em:<https://www.youtube.com/watch?v=L15P8CfvlKo. Acesso em: 10 dez. 2017.

CONSTRUCAO, Dicas Para. Dicas para construção. Disponível em:


http://dicasparaconstrucao.com/. Acesso em: 10 set. 2018.

CONSTRUCTAPP.Constructapp. Disponível em: http://www.cosntructapp.io.


Acesso em: 10 set. 2018.

CONSTRUIR, Blog. Blog construir. Disponível em: http://blog.construir.arq.br/.


Acesso em: 10 set. 2018.

ESCALES. Escales. Disponível em: http://escales.files.word-


press.com/2008/11/epsn0002.jpg. Acesso em: 10 set. 2018.
P á g i n a | 57

ESTRUTURAS. Dicio ilustrado estruturas. Disponível em:


http://dicioilustradoestruturas.blogspot.com.br/. Acesso em: 10 set. 2018.

FACIL. Faz fácil. Disponível em: http://www.fazfacil.com.br/wp-


content/uploads/2012/08/tipos-cimento.gif. Acesso em: 10 set. 2018.

METÁLICA. Portal Metálica. Disponível em:


http://www.metalica.com.br/pg_dinamica/bin/pg_dinamica.php. Acesso em: 10 set. 2018.

PEDREIRAO. Pedreirão. Disponível em: http://ww.pedreirao.com.br. Acesso em: 10


dez. 2018.

REVISTA TECHNE. Revista Techne. Disponível em: http://techne.pini.com.br/.


Acesso em: 18 set. 2018.

ROCA FUNDAÇÕES. Roca Fundações. Disponível em:


http://rocafundacoes.com.br/. Acesso em: 10 set. 2018.

ZIPOCOMUNICACAO. Tecnologia Bubbledeck. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=e4O-bbM79YU. Acesso em: 18 dez. 2018.
Exercícios
AULA 2

Exercício Resolvido - Ancoragem de feixes de barras


Calcule o comprimento de ancoragem e a armadura
transversal de confinamento a partir dos dados apresentados.
Dados:
• 𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 19,1 cm² (armadura de tração de viga fletida);
• 𝐴𝑠,𝑒𝑓 = 10 φ 16 mm = 20,0 cm²;
• aço CA-50, barras nervuradas (alta aderência) dispostas em 5 feixes de 2
barras;
• aço CA-50 na armadura transversal;
• 𝑓𝑐𝑘 = 30 Mpa;
• 𝑏𝑤 = 22 cm, h=60cm (seção transversal da viga);
• ∅𝑙 = 16 mm, ∅𝑡 = 6.3mm;
• 𝐶𝑛𝑜𝑚 = 30 mm;
• condição de aderência: má (armadura negativa);
• diâmetro máximo do agregado = 19 mm;

Resolução:
1. Determinação do diâmetro equivalente (∅𝑛 );

∅𝑛 = ∅𝑓 . √ 𝑛

∅𝑛 = 16. √2 = 22,6 𝑚𝑚

Como ∅𝑛 ≤ 25 mm, o feixe pode ser tratado como uma barra única, de
diâmetro φn.

2. Determinação da tensão de aderência (fbd)


𝑓𝑏𝑑 = ƞ1 ƞ2 ƞ3 𝑓𝑐𝑡𝑑 , onde n1,n2 e n3 são valores tabelados.

1,00 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑠𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 25)


ƞ1 = { 1,40 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 60)
2,25 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑛𝑒𝑟𝑣𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 50)
P á g i n a | 59

1,00 → 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑡𝑢𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑏𝑜𝑎 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎


ƞ2 = {
0,70 → 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑡𝑢𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑚á 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎
1,00 → ∅ ≤ 32 𝑚𝑚
ƞ3 = {(132 − ∅)
→ ∅ > 32 𝑚𝑚
100

Portanto temos: n1= 2,25 uma vez que a barra de 16 mm é de alta


aderência, n2= 0,7 para barras situadas em zonas de má aderência e n3=
1,00 para barras de diâmetro não superior a 32 mm, no caso ∅𝑛 =
22,6 𝑚𝑚.

2 3 3
0,21𝑓𝑐𝑘 0,21 √30²
𝑓𝑐𝑡𝑑 = = = 1,448 𝑀𝑝𝑎
𝛾𝑐 1,4
Então; 𝑓𝑏𝑑 = 2,25.0,7.1.1,448 = 2,281 𝑀𝑝𝑎

3. Determinação do comprimento de ancoragem básico (lb)


Agora vamos encontrar qual é o nosso comprimento de ancoragem
básico, que faz referência com o 𝑓𝑏𝑑 encontrado anteriormente e com a
bitola do aço que estamos trabalhando na nossa viga.

∅ 𝑓𝑦𝑑 2,26 500/1,4


𝑙𝑏 = . = . = 107,7 ≅ 108 𝑐𝑚
4 𝑓𝑏𝑑 4 2,281

4. Determinação do comprimento de ancoragem necessário


(lb,nec)
Bom, com o comprimento de ancoragem básico em mãos, partimos
agora para o comprimento de ancoragem necessário, que já inserimos as áreas de
aço existentes na viga.

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
𝑙𝑏 = 𝛼. 𝑙𝑏 . ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛
𝐴𝑠,𝑖𝑛𝑓
Onde:
1,0 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑠𝑒𝑚 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜𝑠
𝛼= {
0,7 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑡𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜𝑠
P á g i n a | 60

Portanto, adotaremos 𝛼 com o valor de 1,0, pois o exercício nos disse que
não adotaremos gancho nesta viga. Não é aconselhável o uso de gancho em vigas
armadas em feixes.

19,1
𝑙𝑏 = 1.108. = 103 𝑐𝑚
20

Verificando o 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛

0,3 𝑙𝑏
𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ { 10∅
10 𝑐𝑚

0,3. 108 = 32 𝑐𝑚
𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ {10.2,26 = 22,6 𝑐𝑚
10 𝑐𝑚

Portanto, 𝑙𝑏 = 103 𝑐𝑚

5. Armadura transversal de confinamento


Como o diâmetro equivalente é menor que 32 mm, deve haver
armadura transversal capaz de resistir a 25% do esforço de ancoragem
de um feixe. Essa armadura deve estar disposta ao longo do
comprimento de ancoragem.
Podem ser consideradas as armaduras transversais existentes ao longo do
comprimento de ancoragem.

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
𝐴𝑠𝑡 = 0,25. . 𝐴𝑠,𝑙𝑜𝑛𝑔
𝐴𝑠,𝑒𝑓

19,1
𝐴𝑠𝑡 = 0,25. . (2.2,0) = 0,96 𝑐𝑚²
20

Adotaremos então 3∅ 5.0 mm = 0,60 cm² em cada extremidade da emenda,


resultando em uma área de 1,20 cm².
Exercícios Propostos
AULA 2

Exercício Proposto - Ancoragem de feixes de barras


Calcule o comprimento de ancoragem e a armadura
transversal de confinamento a partir dos dados apresentados.
Dados:
• 𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 5,00 cm² (armadura longitudinal de flexão de viga);
• 𝐴𝑠,𝑒𝑓 = 4 φ 12,5 mm = 5,00 cm²;
• aço CA-50, barras nervuradas (alta aderência) dispostas em 2 feixes de 2
barras;
• aço CA-50 na armadura transversal;
• 𝑓𝑐𝑘 = 20 Mpa;
• 𝑏𝑤 = 14 cm, h=50 cm (seção transversal da viga);
• ∅𝑙 = 12,5 mm, ∅𝑡 = 5.0 mm;
• 𝐶𝑛𝑜𝑚 = 25 mm;
• condição de aderência: boa (armadura positiva);
• diâmetro máximo do agregado = 19 mm;
Aula 3
Exercícios sobre aderência e
ancoragem

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula colocaremos em prática o que aprendemos nas aulas anteriores


em relação a aderência e ancoragem, verificaremos por diversas vezes ancoragens
em vigas de extremidade, transpasse de barras, etc.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

➢ Entender a importância das verificações das peças de concreto armado


quanto a ancoragem do aço no material concreto;
➢ Dimensionar uma peça de concreto armado, verificando suas
ancoragens.
P á g i n a | 63

3 EXERCÍCIOS DE ADERÊNCIA E ANCORAGEM

Olá Aluno! Vamos praticar um pouco alguns exercícios de


aderência e ancoragem? Nesta aula resolveremos um exercício
fazendo todas as verificações.
Vamos lá?
Exercício 1 - Emenda por traspasse de barras isoladas
Calcule o comprimento de traspasse com gancho, a armadura
transversal da emenda e estude a disposição das armaduras
longitudinal e transversalmente, a partir dos dados apresentados, considerando que
será necessário emendar todas as barras.
Dados:
• 𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 10,5 cm² (armadura de tração de viga fletida);
• 𝐴𝑠,𝑒𝑓 = 6 φ 16 mm = 12,0 cm²;
• aço CA-50, barras nervuradas (alta aderência) dispostas isoladamente
(sem feixe);
• aço CA-50 na armadura transversal;
• 𝑓𝑐𝑘 = 30 Mpa;
• 𝑏𝑤 = 20 cm, h=60 cm (seção transversal da viga);
• ∅𝑙 = 16 mm, ∅𝑡 = 6.3 mm;
• 𝐶𝑛𝑜𝑚 = 30 mm;
• condição de aderência: boa;
• diâmetro máximo do agregado = 19 mm

Resolução:
1. Determinação da tensão de aderência (𝑓𝑏𝑑 );
Primeiro devemos encontrar a tensão de aderência da nossa
peça.
𝑓𝑏𝑑 = ƞ1 ƞ2 ƞ3 𝑓𝑐𝑡𝑑 , onde n1, n2 e n3 são valores tabelados.

1,00 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑠𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 25)


ƞ1 = { 1,40 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 60)
2,25 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑛𝑒𝑟𝑣𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 50)
P á g i n a | 64

1,00 → 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑡𝑢𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑏𝑜𝑎 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎


ƞ2 = {
0,70 → 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑡𝑢𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑚á 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎
1,00 → ∅ ≤ 32 𝑚𝑚
ƞ3 = {(132 − ∅)
→ ∅ > 32 𝑚𝑚
100

Portanto temos: n1= 2,25 uma vez que a barra de 16 mm é de alta


aderência, n2= 1,00 para barras situadas em zonas de boa aderência e
n3= 1,00 para barras de diâmetro não superior a 32 mm.


2 3 3
0,21𝑓𝑐𝑘 0,21 √30²
𝑓𝑐𝑡𝑑 = = = 1,448 𝑀𝑝𝑎
𝛾𝑐 1,4
Então; 𝑓𝑏𝑑 = 2,25.1.1.1,448 = 3,258 𝑀𝑝𝑎

2. Determinação do comprimento de ancoragem básico (𝑙𝑏 )


Agora vamos encontrar qual é o nosso comprimento de ancoragem
básico, que faz referência com o 𝑓𝑏𝑑 encontrado anteriormente e com a
bitola do aço que estamos trabalhando na nossa viga.

∅ 𝑓𝑦𝑑 1,6 500/1,4


𝑙𝑏 = . = . = 43,8 ≅ 43 𝑐𝑚
4 𝑓𝑏𝑑 4 3,258

3. Determinação do comprimento de ancoragem necessário


(𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 )
Bom, com o comprimento de ancoragem básico em mãos,
partimos agora para o comprimento de ancoragem necessário, que já inserimos as
áreas de aço existentes na viga.

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
𝑙𝑏 = 𝛼. 𝑙𝑏 . ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛
𝐴𝑠,𝑖𝑛𝑓
Onde:
1,0 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑠𝑒𝑚 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜𝑠
𝛼= {
0,7 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑡𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜𝑠
P á g i n a | 65

Portanto, adotaremos 𝛼 com o valor de 0,7, pois o exercício nos disse que
adotaremos gancho nesta viga.
10,5
𝑙𝑏 = 0,7.43. = 26,34𝑐𝑚 ≈ 26 𝑐𝑚
12

Verificando o 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛

0,3 𝑙𝑏
𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ { 10∅
10 𝑐𝑚

0,3. 43 = 12,9 𝑐𝑚
𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ { 10.1,6 = 16 𝑐𝑚
10 𝑐𝑚

Portanto, 𝑙𝑏 = 26 𝑐𝑚

Como será necessário emendar todas as barras, a disposição das barras na


seção transversal recai na situação de mais de uma camada, em virtude do
espaçamento mínimo necessário, como mostrado:
2 𝑐𝑚
𝑎ℎ { ∅𝑙
1.2 𝑑𝑚á𝑥,𝑎𝑔𝑟𝑒𝑔𝑎𝑑𝑜
Portando,
2 𝑐𝑚
𝑎ℎ { ∅ = 1,6 𝑐𝑚
1.2 . 19 𝑚𝑚 = 2,28 𝑐𝑚
Em uma camada:
20 − 2.3,0 − 2 .0,63 − 6 .1,6
𝑎ℎ = = 0,628 cm
5

Onde, 20 é o Bw da viga, 2x3,0 são os cobrimentos da peça, 2x0,63 é o


estribo da viga e 6x1,6 são as 6 barras longitudinais da viga, e o 5 que divide é o
número de espaços entre os ferros, portando, encontramos um valor que não atende
as exigências normativas, portanto não poderemos colocar 6 barras de 16 mm em
uma só camada, deveremos adotar duas camadas, veja como.
P á g i n a | 66

Em uma camada:
20 − 2.2,5 − 2 .0,63 − 3 .1,6
𝑎ℎ = = 4,47 cm
2

Adotaremos este, pois atende os critérios normativos.

Figura 34

A proporção máxima de barras emendadas numa mesma seção


será de 50%, que é o percentual máximo para o caso de barras de alta
aderência dispostas em mais de uma camada sujeitas a um
carregamento estático;
Para 50% de barras emendadas na mesma seção:
𝛼0𝑡 = 1,8

4. Determinação do comprimento de traspasse:


As barras emendadas serão detalhadas justapostas entre si, ou seja, com
distância menor que 4∅ . Então:

𝑙0𝑡 = 𝛼0𝑡 . 𝑙𝑏,𝑛𝑒𝑐 ≥ 𝑙0𝑡,𝑚𝑖𝑛

𝑙0𝑡 = 1,8. 26 = 46,8𝑐𝑚 ≈ 47 𝑐𝑚


0,3. 𝛼0𝑡 . 𝑙𝑏
𝑙0𝑡,𝑚𝑖𝑛 = { 15. ∅𝑙
20 𝑐𝑚
P á g i n a | 67

0,3.1,8.26 = 14 𝑐𝑚
𝑙0𝑡,𝑚𝑖𝑛 = { 15.1,6 = 24 𝑐𝑚
20 𝑐𝑚

Portando adotaremos 47 cm, pois foi maior do que o mínimo.

5. Determinação da armadura transversal nas emendas


Esta armadura deve concentrar-se nos terços extremos da emenda
e ser capaz de resistir à força de uma barra emendada. Como o aço da
armadura transversal é o mesmo da longitudinal, Ast pode ser calculado diretamente
por:

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
𝐴𝑠𝑡 = . 𝐴𝑠,𝑙𝑜𝑛𝑔
𝐴𝑠,𝑒𝑓

10,5
𝐴𝑠𝑡 = .2,0 = 1,75 𝑐𝑚²
12

Adotaremos então 5∅ 5.0 mm = 1,00 cm² em cada extremidade da emenda,


resultando em uma área de 2 cm²
P á g i n a | 68

Figura 35

Bom, com isso cumprimos todas as exigências impostas pelo


exercício, a seguir veremos outros exercícios para praticarmos ainda
mais.

Exercício 2 - Ancoragem de feixes de barras


Calcule o comprimento de ancoragem e a armadura
transversal de confinamento a partir dos dados apresentados.
Dados:
• 𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 11,5 cm² (armadura de tração de viga fletida);
• 𝐴𝑠,𝑒𝑓 = 10 φ 12,5 mm = 12,5 cm²;
• aço CA-50, barras nervuradas (alta aderência) dispostas em 5 feixes de 2
barras;
• aço CA-50 na armadura transversal;
• 𝑓𝑐𝑘 = 30 Mpa;
• 𝑏𝑤 = 20 cm, h=60 cm (seção transversal da viga);
• ∅𝑙 = 12,5 mm, ∅𝑡 = 5.0 mm;
• 𝐶𝑛𝑜𝑚 = 25 mm;
• condição de aderência: má (armadura negativa);
• diâmetro máximo do agregado = 19 mm;
P á g i n a | 69

Resolução:
1. Determinação do diâmetro equivalente (∅𝑛 );

∅𝑛 = ∅𝑓 . √ 𝑛

∅𝑛 = 12,5. √2 = 17,7 𝑚𝑚

Como ∅𝑛 ≤ 25 mm, o feixe pode ser tratado como uma barra única, de
diâmetro φn.

2. Determinação da tensão de aderência (fbd)


𝑓𝑏𝑑 = ƞ1 ƞ2 ƞ3 𝑓𝑐𝑡𝑑 , onde n1, n2 e n3 são valores tabelados.

1,00 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑠𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 25)


ƞ1 = { 1,40 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 60)
2,25 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑛𝑒𝑟𝑣𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 50)
1,00 → 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑡𝑢𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑏𝑜𝑎 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎
ƞ2 = {
0,70 → 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑡𝑢𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑚á 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎
1,00 → ∅ ≤ 32 𝑚𝑚
ƞ3 = {(132 − ∅)
→ ∅ > 32 𝑚𝑚
100

Portanto temos: n1= 2,25 uma vez que a barra de 16 mm é de alta


aderência, n2= 0,7 para barras situadas em zonas de má aderência e n3=
1,00 para barras de diâmetro não superior a 32 mm, no caso ∅𝑛 =
17,7 𝑚𝑚.

2 3 3
0,21𝑓𝑐𝑘 0,21 √30²
𝑓𝑐𝑡𝑑 = = = 1,448 𝑀𝑝𝑎
𝛾𝑐 1,4

Então; 𝑓𝑏𝑑 = 2,25.0,7.1.1,448 = 2,281 𝑀𝑝𝑎

3. Determinação do comprimento de ancoragem básico (lb)


Agora vamos encontrar qual é o nosso comprimento de
ancoragem básico, que faz referência com o 𝑓𝑏𝑑 encontrado
anteriormente e com a bitola do aço que estamos trabalhando na nossa viga.
P á g i n a | 70

∅ 𝑓𝑦𝑑 17,7 500/1,4


𝑙𝑏 = . = . = 692,83 𝑚𝑚 ≅ 70 𝑐𝑚
4 𝑓𝑏𝑑 4 2,281

4. Determinação do comprimento de ancoragem necessário (lb,


nec)
Bom, com o comprimento de ancoragem básico em mãos, partimos
agora para o comprimento de ancoragem necessário, que já inserimos as áreas de
aço existentes na viga.

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
𝑙𝑏 = 𝛼. 𝑙𝑏 . ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛
𝐴𝑠,𝑖𝑛𝑓
Onde:
1,0 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑠𝑒𝑚 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜𝑠
𝛼= {
0,7 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑡𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜𝑠

Portanto, adotaremos 𝛼 com o valor de 1,0, pois o exercício nos


disse que não adotaremos gancho nesta viga. Não é aconselhável o uso
de gancho em vigas armadas em feixes.

11,5
𝑙𝑏 = 1.70. = 63,4 𝑐𝑚 ≈ 64 𝑐𝑚
12,5

Verificando o 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛

0,3 𝑙𝑏
𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ { 10∅
10 𝑐𝑚

0,3. 70 = 21 𝑐𝑚
𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ {10.1,77 = 17,7 𝑐𝑚
10 𝑐𝑚
Portanto, 𝑙𝑏 = 64 𝑐𝑚
P á g i n a | 71

5. Armadura transversal de confinamento


Como o diâmetro equivalente é menor que 32 mm, deve haver
armadura transversal capaz de resistir a 25% do esforço de ancoragem
de um feixe. Essa armadura deve estar disposta ao longo do comprimento de
ancoragem.
Podem ser consideradas as armaduras transversais existentes ao longo do
comprimento de ancoragem.

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
𝐴𝑠𝑡 = 0,25. . 𝐴𝑠,𝑙𝑜𝑛𝑔
𝐴𝑠,𝑒𝑓

11,5
𝐴𝑠𝑡 = 0,25. . (2.1,77) = 0,8142 𝑐𝑚²
12,5

Adotaremos então 3∅ 5.0 mm = 0,60 cm² em cada extremidade da emenda,


resultando em uma área de 1,20 cm².

Exercício 3 - Ancoragem de barras


Calcule o comprimento de ancoragem a partir dos dados
apresentados.
Dados:
• 𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 1,3 cm² (armadura de tração de viga fletida);
• 𝐴𝑠,𝑒𝑓 = 2 φ 10,0 mm = 1,6 cm²;
• aço CA-50 na armadura transversal;
• 𝑓𝑐𝑘 = 20 Mpa;
• 𝑏𝑤 = 10 cm, h=40 cm (seção transversal da viga);
• ∅𝑙 = 10,0 mm, ∅𝑡 = 5.0 mm;
• 𝐶𝑛𝑜𝑚 = 25 mm;
• condição de aderência: boa (armadura positiva);
• diâmetro máximo do agregado = 19 mm;
• será adotado gancho nessa viga.
P á g i n a | 72

Resolução:
1. Determinação da tensão de aderência (fbd)

𝑓𝑏𝑑 = ƞ1 ƞ2 ƞ3 𝑓𝑐𝑡𝑑 , onde n1,n2 e n3 são valores tabelados.

1,00 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑠𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 25)


ƞ1 = { 1,40 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 60)
2,25 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑛𝑒𝑟𝑣𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 50)
1,00 → 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑡𝑢𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑏𝑜𝑎 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎
ƞ2 = {
0,70 → 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑡𝑢𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑚á 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎
1,00 → ∅ ≤ 32 𝑚𝑚
ƞ3 = { (132 − ∅)
→ ∅ > 32 𝑚𝑚
100

Portanto temos: n1= 2,25 uma vez que a barra de 10 mm é de alta


aderência, n2= 1,0 para barras situadas em zonas de boa aderência e
n3= 1,00 para barras de diâmetro não superior a 32 mm, no caso.

2 3 3
0,21𝑓𝑐𝑘 0,21 √20²
𝑓𝑐𝑡𝑑 = = = 1,105 𝑀𝑝𝑎
𝛾𝑐 1,4

Então; 𝑓𝑏𝑑 = 2,25.1,0.1.1,105 = 2,486 𝑀𝑝𝑎

2. Determinação do comprimento de ancoragem básico (lb)


Agora vamos encontrar qual é o nosso comprimento de
ancoragem básico, que faz referência com o 𝑓𝑏𝑑 encontrado
anteriormente e com a bitola do aço que estamos trabalhando na nossa viga.

∅ 𝑓𝑦𝑑 10,0 500/1,4


𝑙𝑏 = . = . = 359,15 𝑚𝑚 ≅ 36 𝑐𝑚
4 𝑓𝑏𝑑 4 2,486

3. Determinação do comprimento de ancoragem necessário (lb,nec)


Bom, com o comprimento de ancoragem básico em mãos, partimos agora
para o comprimento de ancoragem necessário, que já inserimos as áreas de aço
existentes na viga.
P á g i n a | 73

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
𝑙𝑏 = 𝛼. 𝑙𝑏 . ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛
𝐴𝑠,𝑖𝑛𝑓
Onde:
1,0 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑠𝑒𝑚 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜𝑠
𝛼= {
0,7 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑡𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜𝑠

Portanto, adotaremos 𝛼 com o valor de 0,7, pois o exercício nos


disse que adotaremos gancho nesta viga.

1,3
𝑙𝑏 = 0,7.36. = 20,47𝑐𝑚 ≈ 21 𝑐𝑚
1,6

Verificando o 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛

0,3 𝑙𝑏
𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ { 10∅
10 𝑐𝑚

0,3. 36 = 10,8 𝑐𝑚
𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ { 10.1,0 = 10 𝑐𝑚
10 𝑐𝑚
Portanto, 𝑙𝑏 = 21 𝑐𝑚

Com isso, chegamos à conclusão que precisamos de 21 cm para


ancorar essas duas barras de 10,0 mm de diâmetro.

Exercício 4 - Ancoragem de barras de uma viga


Calcule o comprimento de ancoragem a partir dos dados
apresentados.
Dados:
• 𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 1,3 cm² (armadura de tração de viga fletida);
• 𝐴𝑠,𝑒𝑓 = 2 φ 10,0 mm = 1,6 cm²;
• aço CA-50 na armadura transversal;
• 𝑓𝑐𝑘 = 20 Mpa;
• 𝑏𝑤 = 15 cm, h=40 cm (seção transversal da viga);
P á g i n a | 74

• ∅𝑙 = 10,0 mm, ∅𝑡 = 5.0 mm;


• 𝐶𝑛𝑜𝑚 = 25 mm;
• condição de aderência: boa (armadura positiva);
• diâmetro máximo do agregado = 19 mm;
• será adotado gancho nessa viga.

Figura 36

Resolução:
1. Determinação da tensão de aderência (fbd)
𝑓𝑏𝑑 = ƞ1 ƞ2 ƞ3 𝑓𝑐𝑡𝑑 , onde n1, n2 e n3 são valores tabelados.

1,00 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑠𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 25)


ƞ1 = { 1,40 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑒𝑛𝑡𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 60)
2,25 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑛𝑒𝑟𝑣𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠 (𝐶𝐴 − 50)
1,00 → 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑡𝑢𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑏𝑜𝑎 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎
ƞ2 = {
0,70 → 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑡𝑢𝑎çõ𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑚á 𝑎𝑑𝑒𝑟ê𝑛𝑐𝑖𝑎
1,00 → ∅ ≤ 32 𝑚𝑚
ƞ3 = {(132 − ∅)
→ ∅ > 32 𝑚𝑚
100

Portanto temos: n1= 2,25 uma vez que a barra de 10 mm é de


alta aderência, n2= 1,0 para barras situadas em zonas de boa aderência
e n3= 1,00 para barras de diâmetro não superior a 32 mm, no caso.
P á g i n a | 75


2 3 3
0,21𝑓𝑐𝑘 0,21 √20²
𝑓𝑐𝑡𝑑 = = = 1,105 𝑀𝑝𝑎
𝛾𝑐 1,4
Então; 𝑓𝑏𝑑 = 2,25.1,0.1.1,105 = 2,486 𝑀𝑝𝑎

2. Determinação do comprimento de ancoragem básico (lb)


Agora vamos encontrar qual é o nosso comprimento de
ancoragem básico, que faz referência com o 𝑓𝑏𝑑 encontrado
anteriormente e com a bitola do aço que estamos trabalhando na nossa viga.

∅ 𝑓𝑦𝑑 10,0 500/1,4


𝑙𝑏 = . = . = 359,15 𝑚𝑚 ≅ 36 𝑐𝑚
4 𝑓𝑏𝑑 4 2,486

3. Determinação do comprimento de ancoragem necessário (lb,


nec)
Bom, com o comprimento de ancoragem básico em mãos, partimos
agora para o comprimento de ancoragem necessário, que já inserimos as áreas de
aço existentes na viga.

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
𝑙𝑏 = 𝛼. 𝑙𝑏 . ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛
𝐴𝑠,𝑖𝑛𝑓
Onde:
1,0 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑠𝑒𝑚 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜𝑠
𝛼= {
0,7 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑡𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜𝑠

Portanto, adotaremos 𝛼 com o valor de 0,7, pois o exercício nos


disse que adotaremos gancho nesta viga.

1,3
𝑙𝑏 = 0,7.36. = 20,47 𝑐𝑚 ≈ 21 𝑐𝑚
1,6

Verificando o 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛

0,3 𝑙𝑏
𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ { 10∅
10 𝑐𝑚
P á g i n a | 76

0,3. 36 = 10,8 𝑐𝑚
𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛 ≥ { 10.1,0 = 10 𝑐𝑚
10 𝑐𝑚
Portanto, 𝑙𝑏 = 21 𝑐𝑚

Com isso, chegamos à conclusão que precisamos de 21 cm para


ancorar essas duas barras de 10,0 mm de diâmetro, porém agora temos
que verificar se esse valor se tem disponível no pilar que ancorará esta
viga.

Figura 37

Observe que temos um pilar de 15 cm recebendo essa viga, temos


que descontar o cobrimento de 25 mm para proteção das barras, então
nos sobrou somente 12,5 cm de pilar para ancorar nossas barras
longitudinais, como calculamos 21 cm e só temos 12,5 cm disponíveis teremos que
adotar os grampos para “aumentar” nossa ancoragem.

4. Impondo Lb sendo 12,5 cm


Bom, como já sabemos que temos somente 12,5 cm de
ancoragem o que devemos fazer é aumentar a área de aço nesta região
para garantir a mesma ancoragem.
P á g i n a | 77

𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
𝑙𝑏 = 𝛼. 𝑙𝑏 . ≥ 𝑙𝑏,𝑚𝑖𝑛
𝐴𝑠,𝑖𝑛𝑓
Onde:
1,0 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑠𝑒𝑚 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜𝑠
𝛼= {
0,7 → 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑡𝑟𝑎𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑔𝑎𝑛𝑐ℎ𝑜𝑠

𝛼 . 𝑙𝑏 . 𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐
𝐴𝑠,𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑜 =
𝑙𝑏,𝑑𝑖𝑠𝑝
0,7 . 21 . 1,3
𝐴𝑠,𝑛𝑒𝑐𝑒𝑠𝑠á𝑟𝑖𝑜 = = 1,53 𝑐𝑚²
12,5

Chegamos enfim, a área necessária para ancorar nossa viga.


Precisamos colocar 1,53 cm² extras, em forma de grampos, para uma
correta ancoragem no apoio. Vamos lá, como nossos grampos tem duas
“pernas” essa área nós podemos dividir por 2, então temos uma área de 0,77 cm²
aproximadamente, ou seja, se colocarmos uma barra de 10 mm conseguimos uma
área e 0,8 cm² superior ao necessário, portanto faremos dessa forma, veja o detalhe.

Figura 38

O comprimento desse gancho pode ser utilizado o dobro do valor


da ancoragem encontrada, ou seja, 2x21 cm, para aproximações e
facilidades de corte usaremos 45 cm.
P á g i n a | 78

Figura 39

Com isso finalizamos o dimensionamento/verificação desta viga a ancoragem,


poderíamos também ao invés de utilizar 1 grampo de 10 mm, dois grampos de 5
mm, fica a critério do projetista.
Exercícios Propostos
Exercício 1 - Emendas por traspasse de barras isoladas
com gancho
Calcule o comprimento de traspasse com gancho, a armadura
transversal da emenda e estude a disposição das armaduras longitudinal e
transversalmente, a partir dos dados apresentados, considerando que será
necessário emendar duas das barras.
Dados:
• 𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 11,5 cm² (armadura de tração de viga fletida);
• 𝐴𝑠,𝑒𝑓 = 4 φ 20 mm = 12,6 cm²;
• aço CA-50, barras nervuradas (alta aderência) dispostas isoladamente
(sem feixe);
• aço CA-50 na armadura transversal;
• 𝑓𝑐𝑘 = 30 Mpa;
• 𝑏𝑤 = 25 cm, h=60 cm (seção transversal da viga);
P á g i n a | 79

• ∅𝑙 = 20 mm, ∅𝑡 = 5.0 mm;


• 𝐶𝑛𝑜𝑚 = 30 mm;
• condição de aderência: boa;
• diâmetro máximo do agregado = 19 mm

Respostas Parciais:
lb = 66,8 ≅ 67 cm
l0t = 1,8.43 = 75 cm
𝐴𝑠𝑡 = 2,4 cm²

Exercício 2 - Emendas por traspasse de barras isoladas


com gancho
Calcule o comprimento de ancoragem e a armadura transversal
de confinamento a partir dos dados apresentados.
Dados:
• 𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 23,0 cm² (armadura de tração de viga fletida);
• 𝐴𝑠,𝑒𝑓 = 8 φ 20 mm = 25,2 cm²;
• aço CA-50, barras nervuradas (alta aderência) dispostas em 4 feixes de 2
barras;
• aço CA-50 na armadura transversal;
• 𝑓𝑐𝑘 = 28 Mpa;
• 𝑏𝑤 = 18 cm, h=50 cm (seção transversal da viga);
• ∅𝑙 = 20 mm, ∅𝑡 = 6.3 mm;
• 𝐶𝑛𝑜𝑚 = 30 mm;
• condição de aderência: má;
• diâmetro máximo do agregado = 19 mm

Respostas Parciais:
𝑓𝑏𝑑 = 2,178 Mpa
lb,nec = 129 cm
𝐴𝑠𝑡 = 1,44 cm²
P á g i n a | 80

Exercício 3 - Ancoragem de barras de uma viga e


Transpasse de barra negativa em meio vão
Calcule o comprimento de ancoragem a partir dos dados
apresentados abaixo, juntamente com a emenda/transpasse da barra negativa no
meio do vão.
Dados:
• 𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 1,3 cm² (armadura de tração de viga fletida);
• 𝐴𝑠,𝑒𝑓 = 2 φ 10,0 mm = 1,6 cm²;
• aço CA-50 na armadura transversal;
• 𝑓𝑐𝑘 = 20 Mpa;
• 𝑏𝑤 = 15 cm, h=40 cm (seção transversal da viga);
• ∅𝑙 = 10,0 mm, ∅𝑡 = 5.0 mm;
• 𝐶𝑛𝑜𝑚 = 25 mm;
• condição de aderência: boa (armadura positiva);
• diâmetro máximo do agregado = 19 mm;
• será adotado gancho nessa viga.

Figura 40
Resumo

Nesta aula, abordamos:

✓ Exercícios de fixação sobre emendas de barras por transpasse;


✓ Exercícios de fixação sobre emendas de barras em feixes;
✓ Exercícios de fixação sobre ancoragem de barras, verificação de
comprimento de ancoragem;
✓ Exercícios de fixação sobre dimensionamento/verificação, de uma
ancoragem de uma viga.
Complementar

Para enriquecer o conhecimento assista a alguns vídeos complementares


sobre diversos temas, veja:

Veja este vídeo sobre como armar corretamente uma viga:


https://www.youtube.com/watch?v=KjI-wNS0w7k.
Referências

Básica:
ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado. Vol. 1. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,
2014.

ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado. Vol. 2. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,


2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 - Projeto


de estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: Abnt, 2014.

CARVALHO, R.B.; FILHO, J.R.F. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado: Segundo a NBR6118:2014. 4. ed. São Carlos: Ed. EDUFScar, 2014.

LEONHARDT, F.; MÖNNING, E. Construção de concreto – princípios básicos do


dimensionamento de estruturas de concreto armado. Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed.
Interciência, 1982.

PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projetos de edifícios. Apostila. São


Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.

SÜSSEKIND, J. C. Curso de concreto Vol. 1. Porto Alegre: Ed. Globo, 1985.

CARVALHO, C. B. Concreto armado I: de acordo com a NBR6118/2014. Belo


Horizonte: Unihorizontes, 2017.

FUSCO, P. B. Estruturas de concreto. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Dois S. A.,


1981.

Complementar:
ALAGE, F. Processo de britagem (Mineração). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=yt6i2Us-jzo. Acesso em: 18 dez. 2018.

ALDEIATEAM. Aldeiateam. Disponível em: http://www.aldeiateam.com. Acesso em:


15 set. 2018.

ARQUITETURA. RJ Arquitetura. Disponível em:


https://rjarquitetura.wordpress.com/category/principais-obras/. Acesso em: 10 set. 2018.

BRASIL, Arcelormittal. Laje protendida. Disponível


em:<https://www.youtube.com/watch?v=L15P8CfvlKo. Acesso em: 10 dez. 2017.

CONSTRUCAO, Dicas Para. Dicas para construção. Disponível em:


http://dicasparaconstrucao.com/. Acesso em: 10 set. 2018.

CONSTRUCTAPP.Constructapp. Disponível em: http://www.cosntructapp.io.


Acesso em: 10 set. 2018.

CONSTRUIR, Blog. Blog construir. Disponível em: http://blog.construir.arq.br/.


Acesso em: 10 set. 2018.

ESCALES. Escales. Disponível em: http://escales.files.word-


press.com/2008/11/epsn0002.jpg. Acesso em: 10 set. 2018.
P á g i n a | 84

ESTRUTURAS. Dicio ilustrado estruturas. Disponível em:


http://dicioilustradoestruturas.blogspot.com.br/. Acesso em: 10 set. 2018.

FACIL. Faz fácil. Disponível em: http://www.fazfacil.com.br/wp-


content/uploads/2012/08/tipos-cimento.gif. Acesso em: 10 set. 2018.

METÁLICA. Portal Metálica. Disponível em:


http://www.metalica.com.br/pg_dinamica/bin/pg_dinamica.php. Acesso em: 10 set. 2018.

PEDREIRAO. Pedreirão. Disponível em: http://ww.pedreirao.com.br. Acesso em: 10


dez. 2018.

REVISTA TECHNE. Revista Techne. Disponível em: http://techne.pini.com.br/.


Acesso em: 18 set. 2018.

ROCA FUNDAÇÕES. Roca Fundações. Disponível em:


http://rocafundacoes.com.br/. Acesso em: 10 set. 2018.

ZIPOCOMUNICACAO. Tecnologia Bubbledeck. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=e4O-bbM79YU. Acesso em: 18 dez. 2018.
Aula 4
Estados Limites de Serviço - ELS

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula iremos fazer algumas verificações quanto ao Estado Limite de


Serviço – ELS, tal verificação é de extrema importância para nossas estruturas de
concreto armado, tendo em vista que visa principalmente a durabilidade e ainda a
confortabilidade visual e sensorial da mesma.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

➢ Entender como funciona a verificação no Estádio II;


➢ Verificar uma peça de concreto quanto a fissuração;
➢ Verificar uma peça de concreto quanto as flechas máximas.
P á g i n a | 86

4 ESTADOS LIMITES DE SERVIÇO

4.1 Momento de fissuração (Mr)

“Nos estados limites de serviço as estruturas trabalham parcialmente no


estádio I e parcialmente no estádio II. A separação entre essas duas partes é
definida pelo momento de fissuração. Esse momento pode ser calculado pela
seguinte expressão aproximada” (item 17.3 da NBR 6118:2003):

𝛼. 𝑓𝑐𝑡 . 𝐼𝑐
𝑀𝑟 = , 𝑜𝑛𝑑𝑒:
𝑦𝑡

𝛼 é o fator que correlaciona aproximadamente a resistência à tração na flexão


com a resistência à tração direta:

1,2 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑒çõ𝑒𝑠 𝑇 𝑜𝑢 𝑑𝑢𝑝𝑙𝑜 𝑇


𝛼= {
1,5 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑒çõ𝑒𝑠 𝑟𝑒𝑡𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟𝑒𝑠

A resistência do concreto à tração direta, fct, é obtida conforme o item 8.2.5


da NBR 6118:2003.
Para determinação de Mr, no estado de limite de formação de fissura, deve
ser usado o fctk,inf, e no estado limite de deformação excessiva, o fctm;
2⁄
𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 = 0,21. 𝑓𝑐𝑘 3 (𝑒𝑚 𝑀𝑝𝑎, 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑖𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎)
𝑓𝑐𝑡 = { 2⁄
𝑓𝑐𝑡𝑚 = 0,3. 𝑓𝑐𝑘 3 (𝑒𝑚 𝑀𝑝𝑎, 𝑑𝑒𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑒𝑥𝑐𝑒𝑠𝑠𝑖𝑣𝑎)

Ic é o momento de inércia da seção bruta de concreto;


yt é a distância do centro de gravidade da seção à fibra mais tracionada.
Para seção retangular, resulta:

𝑏 . ℎ³
𝐼𝑐 =
12
𝑦𝑡 = ℎ − 𝑥 = 𝑥
P á g i n a | 87

4.2 Homogeneização da seção

Por ser formado por dois materiais – concreto e aço – com propriedades
diferentes, é necessário homogeneizar a seção, para alguns cálculos.
Essa homogeneização é feita substituindo-se a área de aço por uma área
correspondente de concreto, obtida a partir da área de aço 𝐴𝑠 , multiplicando-a por
𝐸𝑠
𝛼𝑒 = ⁄𝐸 .
𝑐

Estádio I

No estádio I o concreto resiste à tração. Para seção retangular, a posição da


linha neutra e o momento de inércia são calculados com base na Figura 41.

Figura 41: Seção retangular no Estádio I.

Fonte: PINHEIRO (2007)

No cálculo da posição x1 da linha neutra, basta fazer MLN = 0, sendo MLN o


momento estático da seção em relação à linha neutra. Para a seção retangular da
figura 41 tem-se:
𝑥 (ℎ − 𝑥)
𝑀𝑙𝑛 = 𝑏. 𝑥. − 𝑏. (ℎ − 𝑥). − (𝛼𝑒 − 1). 𝐴𝑠 . (𝑑 − 𝑥) = 0 → 𝑥1
2 2
𝐸
𝛼𝑒 = 𝑠⁄𝐸
𝑐

𝐸𝑠 = 210 𝐺𝑝𝑎 = 210.000 (Item 8.3.5 da NBR 6118:2003)


1⁄ 1⁄
𝐸𝑐 = 0,85.5600. 𝑓𝑐𝑘 2 = 4760. 𝑓𝑐𝑘 2 (em MPa, item 8.2.8 da NBR 6118:2003)

A expressão para cálculo da posição x1 da linha neutra resulta:


P á g i n a | 88

𝑏. ℎ2
+ (𝛼ᵉ − 1). 𝐴𝑠 . 𝑑
𝑋1 = 2
𝑏. ℎ + (𝛼ᵉ − 1). 𝐴𝑠

Para seção circular da figura 41, o momento de inércia resulta:


𝑏. ℎ3 ℎ
𝐼1 = + 𝑏. ℎ. (𝑥1 − )2 + (𝛼ᵉ − 1). 𝐴𝑠 . (𝑑 − 𝑥1 )2
12 2

Para a seção retangular, tem-se:


𝜋. Φ4
𝐼1,𝑐𝑖𝑟 =
64

No cálculo de I1, é desprezível o momento de inércia da armadura em relação


ao próprio eixo.

Estádio II

No estádio II o concreto tracionado é desprezado, pois ele está fissurado


(Figura 42).

Figura 42: Seção retangular no Estádio II.

Com procedimento análogo ao do estádio I, desprezando-se a resistência do


concreto à tração, tem-se para seção retangular no estádio II (Figura 41):
𝑥
𝑀𝐿𝑁 = 𝑏. 𝑥. − 𝛼𝑒 . 𝐴𝑠 . (𝑑 − 𝑥) = 0 → 𝑥2
2

Portanto, a posição da linha neutra x2 é obtida por meio da equação:


P á g i n a | 89

𝑏 2
𝑥 + 𝛼𝑒 . 𝐴𝑠 . 𝑥2 − 𝛼𝑒 . 𝐴𝑠 . 𝑑 = 0
2 2

Momento de inércia I2:

𝑏. 𝑥2 3 𝑥2 2
𝐼2 = + 𝑏. 𝑥2 . ( ) + 𝛼𝑒 . 𝐴𝑠 . (𝑑 − 𝑥2 )2
12 2

Ou,
𝑏. 𝑥2 3
𝐼2 = + 𝛼𝑒 . 𝐴𝑠 . (𝑑 − 𝑥2 )2
3

Formação de fissuras

O estado limite de formação de fissuras corresponde ao momento de

fissuração calculado com fct = fctk,inf. esse valor de mr é comparado com o

momento fletor relativo à combinação rara de serviço, dada por (item 11.8.3.2 da nbr
6118:2003):

𝐹𝑑,𝑠𝑒𝑟 = ∑Fgik + Fq1k + ∑ ψ1j . Fqjk

𝐹𝑑,𝑠𝑒𝑟 é o valor de cálculo das ações para combinações de serviço


Fgik é o valor característico das ações variáveis principais diretas
ψ1j é o fator de redução de combinação frequente para ELS
P á g i n a | 90

Tabela 5: Valores de ψ0, ψ1 e ψ2. NBR 6118 (2003).


Ações
ψ0 ψ1 ψ2
Locais em que
não há
predominância
de pesos de
equipamentos
que
permanecem 0,5 0,4 0,3
fixos por longos
períodos de
tempo, nem de
elevadas
concentrações
de pessoas (2)
Locais em que
Cargas

acidentais de
predominância
edifícios
de pesos de
equipamentos
que
permanecem 0,7 0,6 0,4
fixos por longos
períodos de
tempo, ou de
elevada
concentração de
pessoas (3)
Bibliotecas,
arquivos,
0,8 0,7 0,6
oficinas e
garagens
Pressão
dinâmica do
Vento vento nas 0,6 0,3 0
estruturas em
geral
Variações
uniformes de
Temperatura temperatura em 0,6 0,5 0,3
relação à média
anual local
(1)
Para valores de relativos às pontes e principalmente aos problemas de fadiga, ver seção 23 da NBR 6118:2003
(2)
Edifícios residenciais
(3)
Edifícios comerciais e de escritórios
Fonte: NBR 6118 (2003)

Para edifícios, em geral, em que a única ação variável é a carga de uso, tem-
se:
𝐹d,ser = 𝐹𝑔𝑘 + 𝐹𝑔𝑘 = 𝐹𝑘
P á g i n a | 91

Portanto, 𝑀𝑑,rara = 𝑀𝑟 .
Se 𝑀𝑑,rara > 𝑀𝑟 há fissuras; caso contrário, não.

Formação

Na verificação das deformações de uma estrutura, deve-se considerar:


combinação quase-permanente de ações e rigidez efetiva das seções.
A combinação quase-permanente é dada por (item 11.8.3.2 da NBR
6118:2003):

𝐹𝑑,𝑠𝑒𝑟 = ∑Fgik + ∑ ψ2j . Fqjk

𝐹𝑑,𝑠𝑒𝑟 é o valor de cálculo das ações para combinações de serviço


Fgik é o valor característico das ações variáveis principais diretas
ψ2j é o fator de redução de combinação frequente para ELS

Para edifícios, em geral, em que a única ação variável é a carga de uso, tem-
se (ψ2j =0,3):

𝐹𝑑,𝑠𝑒𝑟 = Fgk + ψ2j . Fqk

Flecha imediata em vigas

A flecha imediata pode ser calculada admitindo-se comportamento elástico e


pode ser obtida por meio de tabelas, em função das condições de apoio e do tipo de
carregamento. PINHEIRO (1993) apresenta tabelas com expressões do tipo:

𝑝𝑙 4
α (p é uma carga linearmente distribuída)
𝐸𝐼
𝑃𝑙 3
𝑎𝑖 = β (P é uma carga concentrada)
𝐸𝐼
𝑀𝑙 2
{ δ (M é um momento aplicado)
𝐸𝐼

α, β, δ são coeficientes tabelados e 𝑙 é o vão teórico.


P á g i n a | 92

Conforme a NBR 6118:2003, o módulo de elasticidade e o momento de


inércia podem ser obtidos, respectivamente, conforme os itens 8.2.8 e 17.3.2.1.1:
1 1
𝐸 = 𝐸𝑐𝑠 = 0,85. 𝐸𝑐𝑖 = 0,85.5600. 𝑓𝑐𝑘 2 = 4760. 𝑓𝑐𝑘 2
𝑀𝑟 3 𝑀𝑟 3
𝐼 = 𝐼𝑒𝑞 = ( ) . 𝐼𝑐 + [1 − ( ) ] . 𝐼2
𝑀𝑎 𝑀𝑎

𝐼𝑐 é o momento de inércia da seção bruta de concreto;


𝐼2 é o momento de inércia da no estádio II, calculado com 𝑎𝑒 =𝐸𝑠 /𝐸𝑐 ;
𝑀𝑎 é o momento fletor na seção crítica, para combinação quase permanente;
𝑀𝑟 é o momento de fissuração calculado com 𝑓𝑐𝑡 =𝑓𝑐𝑡𝑚 .

O valor de 𝑀𝑟 deve ser reduzido à metade, no caso de utilização de barras


lisas.

Flecha diferida

A flecha adicional diferida, decorrente das cargas de longa duração em função


da fluência, pode ser calculada de maneira aproximada pela multiplicação da flecha
imediata pelo fator αf dado pela expressão (NBR 6118:2003 – item 17.3.1.1.2):
∆ξ
𝛼𝑓 =
1 + 50. ρ′

ρ’ é a taxa de armadura de compressão (armadura dupla), dada por:


𝐴𝑠 ′
ρ′ =
𝑏. 𝑑
∆ξ = ξ(t) − ξ(𝑡𝑜 )

t é o tempo, em meses, quando se deseja o valor da flecha diferida;


𝑡𝑜 é a idade, em meses, relativa à data de aplicação da carga de longa
duração.

Obtém-se, portanto:
Flecha diferida: 𝑎𝑓 = 𝛼𝑓 . 𝑎𝑖
P á g i n a | 93

Flecha total: 𝑎𝑡 = 𝑎𝑖 + 𝛼𝑓 . 𝑎𝑖 = 𝑎𝑖 . (1 + 𝛼𝑓 )

Tabela 6: Valores de ξ.
Tempo (t) >=
0 0,5 1 2 3 4 5 10 20 40
meses 70
Coeficiente
(t) 0 0,54 0,68 0,84 0,95 1,04 1,12 1,36 1,64 1,89 2
Fonte: NBR 6118 (2003)

Verificação das flechas

Os deslocamentos obtidos devem ser comparados com os valores limites


dados na Tabela 14.3 e com os demais valores indicados na Tabela 13.2 da NBR
6118:2003.
Caso esses limites sejam ultrapassados, tem-se entre as soluções possíveis:
Aumentar a idade para aplicação da carga (aumentar 𝑡𝑜 ), mantendo o
escoramento por mais tempo ou retardando a execução de revestimentos, paredes
etc.
Adotar uma contra flecha (𝑎𝑐 ), que pode ser estimada por meio da expressão
(flecha imediata mais metade da flecha diferida):

𝛼𝑓 𝑎𝑓
𝑎𝑐 = 𝑎𝑖 . (1 + ) = 𝑎𝑖 +
2 2

É usual arredondar o valor da contra flecha (ac) para o múltiplo de 0,5 cm


mais próximo do valor calculado. A contra flecha pode ser adotada mesmo quando
os deslocamentos estiverem abaixo dos limites da Norma.
P á g i n a | 94

Quadro 1: Limites para deslocamentos.

Fonte: NBR 6118 (2003)

Abertura de fissuras

Na verificação de abertura de fissuras deve ser considerada combinação


frequente de ações. Para edifícios em geral, em que a carga de uso é a única ação
variável, tem-se:

𝐹𝑑,𝑠𝑒𝑟 = Fgk + ψ1 . Fqk com ψ1 =0,4 (Figura 38)

Valor da abertura de fissura

A abertura de fissuras, w, determinada para cada região de envolvimento, é a


menor entre 𝑤1 e 𝑤2 , dadas pelas expressões (item 17.3.3.2 da NBR 6118:2003):

𝛷𝑖 𝜎𝑠𝑖 3. 𝜎𝑠𝑖
𝑤1 = . .
12,5. 𝑛𝑖 𝐸𝑠𝑖 𝑓𝑐𝑡𝑚
w≤
𝛷𝑖 𝜎𝑠𝑖 4
𝑤2 = . . ( + 45)
{ 12,5. 𝑛𝑖 𝐸𝑠𝑖 ρ𝑟𝑖
P á g i n a | 95

𝜎𝑠𝑖 , 𝛷𝑖 , 𝐸𝑠𝑖 , ρ𝑟𝑖 são definidos para cada área de envolvimento em exame:
𝐴𝑐𝑟𝑖 é a área da região de envolvimento protegida pela barra
𝐸𝑠𝑖 ; Esi é o módulo de elasticidade do aço da barra considerada, de diâmetro
𝛷𝑖 ;
ρ𝑟𝑖 é a taxa de armadura em relação à área 𝐴𝑐𝑟𝑖 , dada por:
𝐴𝑠𝑖
ρ𝑟𝑖 =
𝐴𝑐𝑟𝑖

𝜎𝑠𝑖 é a tensão de tração no centro de gravidade da armadura considerada,


calculada no Estádio II, cálculo este que pode ser feito com 𝛼e =15 (item 17.3.3.2 da
NBR 6118:2003).
𝑛𝑖 é o coeficiente de conformação superficial da armadura considerada (𝑛1
para armadura passiva dado no item 9.3.2.1 da NBR 6118:2003)

1,0 𝑝𝑎𝑟 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑙𝑖𝑠𝑎𝑠


𝑛1 = { 1,4 parabarras dentadas
2,25 para barras nervuradas
2
𝑓𝑐𝑡𝑚 = 0,3. 𝑓𝑐𝑘 3 (em MPa, item 8.2.5 da NBR 6118:2003)

Figura 43: Concreto de envolvimento da armadura.

Fonte: NBR 6118 (2003)

Cálculo de 𝜎𝑠𝑖

Há duas maneiras de se calcular o valor de 𝜎𝑠𝑖 , indicadas a seguir.


a) Cálculo refinado
P á g i n a | 96

No Estádio II obtém-se 𝑥2 e 𝐼2 (item 14.2.2). Neste caso, a Norma permite


adotar αe=15.
𝜎𝑠 𝑀𝑑,𝑓𝑟𝑒𝑞 𝛼e . 𝑀𝑑,𝑓𝑟𝑒𝑞 . (𝑑 − 𝑥2 )
𝜎𝑐𝑠 = = . (𝑑 − 𝑥2 ) → 𝜎𝑠 =
𝛼e 𝐼2 𝐼2

b) Cálculo aproximado
É feito adotando-se z = 0,80d (Figura 44):
𝑀𝑑,𝑓𝑟𝑒𝑞
𝜎𝑠 =
0,80. 𝑑. 𝑥2

Figura 44: Braço de alavanca.

Valor limite

Em função da classe de agressividade ambiental, (Tabela 6.1 da NBR


6118:2003), a abertura máxima característica wk das fissuras é dada na Tabela 14.4.

Quadro 2: Exigências de durabilidade relacionadas à fissuração e à proteção da armadura.

Fonte: NBR 6118 (2003)

Caso o valor obtido para 𝑤𝑘 > 𝑤𝑘,𝑙𝑖𝑚 , as providências possíveis são:


• Diminuir o diâmetro da barra (diminui Φ);
P á g i n a | 97

• Aumentar o número de barras mantendo o diâmetro (diminui σs);


• Aumentar a seção transversal da peça (diminui Φ).
Resumo

Nesta aula, abordamos:

✓ Os ELS (Estados Limites de Serviço);


✓ A formação de fissuras nos elementos;
✓ As flechas imediatas;
✓ As flechas diferidas;
✓ Os valores limites normativos.
Complementar

Para enriquecer o conhecimento assista a alguns vídeos complementares


sobre diversos temas, veja:

Veja este vídeo sobre as considerações sobre flechas nas


lajes:
https://www.youtube.com/watch?v=TiuHtqnPSps.
Referências

Básica:
ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado Vol. 1. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,
2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7480 - Barras


e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado. Rio de Janeiro: Abnt, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 - Projeto


de Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: Abnt, 2014.

CARVALHO, R.B.; FILHO, J.R.F. Cálculo e Detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado: Segundo a NBR6118:2014. 4. ed. São Carlos: Ed. EDUFScar, 2014.

LEONHARDT, F.; MÖNNING, E. Construção de concreto – princípios básicos do


dimensionamento de estruturas de concreto armado, Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed.
Interciência, 1982.

PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projetos de edifícios. Apostila. São


Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.

SÜSSEKIND, J. C. Curso de concreto Vol. 1. Porto Alegre: Ed. Globo, 1985.

CARVALHO, Clauderson Basileu. Concreto armado I: de acordo com a


NBR6118/2014. Belo Horizonte: Unihorizontes, 2017.

Complementar:
BRASIL, R. Central de Concreto RCO - CDR 40 (Tow-Go). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=B4x-qkqXK8U. Acesso em: 10 set. 2018.

ENGENHARIA, S. Ensaio de abatimento em concreto (Slump Test). Disponível


em: https://www.youtube.com/watch?v=Awh9blmXBs0. Acesso em: 10 set. 2018.

FUSCO, P. B. Técnica de armar as estruturas de concreto. São Paulo: Ed. Pini,


2000.

ROSSATO, L. Aço - Indústria humana. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=z5VpDlGJDto. Acesso em: 10 set. 2018.
Exercícios
AULA 4

Exercício 1 - ELS
Verificar os ELS para a viga biapoiada indicada na Figura 14.5.
Dados: seção 22 cm x 40 cm, l = 410 cm, concreto C25, aço CA-50,
armadura longitudinal 4φ20 (12,60 cm2), d = 35,9 cm, classe II de
Agressividade Ambiental. Carregamento distribuído de 40 kN/m
(permanente) e 10 kN/m (sobrecarga)

Figura 45

1. Momento de Fissuração:
Vamos começar nossos cálculos encontrando o momento de
fissuração, que seria a carga máxima que a viga suportaria sem fissurar.
𝛼. 𝑓𝑐𝑡 . 𝐼𝑐
𝑀𝑟 = , 𝑜𝑛𝑑𝑒:
𝑦𝑡
1,2 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑒çõ𝑒𝑠 𝑇 𝑜𝑢 𝑑𝑢𝑝𝑙𝑜 𝑇
𝛼= {
1,5 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑒çõ𝑒𝑠 𝑟𝑒𝑡𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟𝑒𝑠
𝑏 . ℎ³ 22.40³
𝐼𝑐 = = = 117333 𝑐𝑚4
12 12
ℎ 40
𝑦𝑡 = ℎ − 𝑥 = = = 20 𝑐𝑚
2 2

A. Formação de fissura
2⁄
3
𝑓𝑐𝑡 = {𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 = 0,21. 𝑓𝑐𝑘 (𝑒𝑚 𝑀𝑝𝑎, 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑖𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎)

2⁄ 2⁄
𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 = 0,21. 𝑓𝑐𝑘 3 = 0,21. 25 3 = 1,795𝑀𝑝𝑎 = 0,1795 𝑘𝑛/𝑐𝑚²
P á g i n a | 102

𝛼. 𝑓𝑐𝑡 . 𝐼𝑐 1,5.0,1795.117333
𝑀𝑟 = = = 1580 𝑘𝑛. 𝑐𝑚 = 15,8 𝑘𝑛. 𝑚
𝑦𝑡 20
𝑃. 𝑙² 50.4,10²
𝑀𝑑,𝑟𝑎𝑟𝑎 = = = 105,1 𝑘𝑛. 𝑚
8 8
𝑀𝑑,𝑟𝑎𝑟𝑎 = 105,1 𝑘𝑛. 𝑚 > 𝑀𝑟 = 15,8 𝑘𝑛. 𝑚 → 𝐻á 𝑓𝑖𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎𝑠 𝑛𝑎 𝑣𝑖𝑔𝑎!

B. Deformação excessiva
2⁄ 2⁄
𝑓𝑐𝑡𝑚 = 0,3. 𝑓𝑐𝑘 3 = 0,3. 25 3 = 2,565 𝑀𝑝𝑎 = 0,2565 𝑘𝑛/𝑐𝑚²

𝛼. 𝑓𝑐𝑡 . 𝐼𝑐 1,5.0,2565.117333
𝑀𝑟 = = = 2257 𝑘𝑛. 𝑐𝑚 = 22,6 𝑘𝑛. 𝑚
𝑦𝑡 20

2. Momento de inercia no estádio II


Agora nós vamos encontrar o momento de inércia da nossa viga
no estádio II, também conhecida como inércia de Bransson.

𝑏 2
𝑥 + 𝛼𝑒 . 𝐴𝑠 . 𝑥2 − 𝛼𝑒 . 𝐴𝑠 . 𝑑 = 0
2 2
𝐸𝑠 = 210000 𝑀𝑝𝑎
1⁄ 1⁄
𝐸𝑐 = 4760. 𝑓𝑐𝑘 2 = 4760. 25 2 = 23800 𝑀𝑝𝑎
𝐸𝑠 210000
𝛼𝑒 = = = 8,82
𝐸𝑐 23800
22 2
𝑥 + 8,82.12,60. 𝑥2 − 8,82.12,60.35,9 = 0
2 2
𝑥2 2 + 10,10. 𝑥2 − 362,69 = 0
𝑋2−1 = 14,66

𝑋2−2 = −24,75 (desprezamos a raiz negativa)


𝑏. 𝑥2 3
𝐼2 = + 𝛼𝑒 . 𝐴𝑠 . (𝑑 − 𝑥2 )2
3
22. 14,663
𝐼2 = + 8,82.12,60. (35,9 − 14,66)2 = 73240 𝑐𝑚4
3
P á g i n a | 103

3. Deformação excessiva
Vamos fazer agora as verificações pertinentes a deformação
excessiva (flechas).
A. Combinação quase permanente
𝑃𝑞𝑝 = 𝑔 + Ψ2 . 𝑞
43 𝑘𝑛 0,43 𝑘𝑛
𝑃𝑞𝑝 = 40 + 0,3.10 = =
𝑚 𝑐𝑚

B. Momento de inércia equivalente


𝑀𝑟 3 𝑀𝑟 3
𝐼 = 𝐼𝑒𝑞 = ( ) . 𝐼𝑐 + [1 − ( ) ] . 𝐼2
𝑀𝑎 𝑀𝑎
22,6 3 22,6 3
𝐼 = 𝐼𝑒𝑞 =( ) . 117333 + [1 − ( ) ] . 73240 = 73679 𝑐𝑚4
105,1 105,1

C. Flecha Imediata
5 𝑝. 𝑙 4
𝑎𝑖 = .
384 𝐸. 𝐼
5 0,43. 4104
𝑎𝑖 = . = 0,902 𝑐𝑚
384 2380.73679

D. Flecha diferida
∆ξ
𝛼𝑓 =
1 + 50. ρ′

𝑇 ≥ 70 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠
{ → ∆𝜉 = 2 − 0,68 = 1,32 (Pela figura 39)
𝑇𝑜 = 1 𝑚ê𝑠

𝜌′ = 𝑜 → 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
1,32
𝛼𝑓 = = 1,32
1
𝑎𝑓 = 𝛼𝑓 . 𝑎𝑖 = 1,32 . 0,902 = 1,191 𝑐𝑚

E. Flecha Total
𝑎𝑡 = 𝑎𝑖 . (1 + 𝛼𝑓 ) = 0,902. (1 + 1,32) = 2,09 𝑐𝑚
P á g i n a | 104

F. Flecha Limite
Pela figura 40, para aceitabilidade visual.
𝐿 410
𝑎𝑙𝑖𝑚 = = = 1,64 𝑐𝑚 → 𝑇𝑒𝑟𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑢𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑓𝑙𝑒𝑐ℎ𝑎
250 250
𝑎𝑡 = 2,09 𝑐𝑚 > 𝑎𝑙𝑖𝑚 = 1,64 𝑐𝑚

G. Contraflecha
𝑎𝑓
𝑎𝑐 = 𝑎𝑖 +
2
1,191
𝑎𝑐 = 0,902 + = 1,49 𝑐𝑚 ≅ 1,50 𝑐𝑚
2

4. Abertura de Fissuras
Vamos fazer agora as verificações pertinentes a fissuração.
A. Dados Iniciais
∅ = 20 𝑚𝑚
𝜂 = 2,25 (𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑛𝑒𝑟𝑣𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠, 𝐶𝐴50)
𝐸𝑠 = 210000 𝑀𝑝𝑎 = 21000 𝑘𝑛/𝑐𝑚²

B. Taxa de armadura (Pri)


Com base na Figura 41, há duas regiões de envolvimento a
considerar (Figura a seguir): das barras externas, 𝐴𝑐𝑟𝑖,𝑒𝑥𝑡 , e das barras internas,
𝐴𝑐𝑟𝑖,𝑖𝑛𝑡 . O espaçamento horizontal 𝑒ℎ das barras longitudinais é dado por:

𝑏 − (2𝑐 + 2𝜙𝑡 + 4𝜙𝑙)


𝑒ℎ =
3

Onde: b é a base da viga, c é o cobrimento das armaduras, 𝜙𝑡 é o estribo, 𝜙𝑙


é o aço de flexão longitudinal, e 3 é o número de espaços entre as barras.

22 − (2.2,5 + 2.0,63 + 4.2,0)


𝑒ℎ = = 2,58 𝑐𝑚
3

As respectivas áreas de envolvimento resultam:


𝑒
𝐴𝑐𝑟𝑖,𝑒𝑥𝑡 = (𝑐 + 𝜙𝑡 + 𝜙𝑙 + ℎ⁄2). (𝑐 + 𝜙𝑡 + 8. 𝜙𝑙)
P á g i n a | 105

𝐴𝑐𝑟𝑖,𝑒𝑥𝑡 = (2,5 + 0,63 + 2,0 + 2,58⁄2) . (2,5 + 0,63 + 8.2) = 122,81 𝑐𝑚²

𝐴𝑐𝑟𝑖,𝑖𝑛𝑡 = (𝜙𝑙 + 𝑒ℎ ). (𝑐 + 𝜙𝑡 + 8. 𝜙𝑙)


𝐴𝑐𝑟𝑖,𝑖𝑛𝑡 = (2,0 + 2,58). (2,5 + 0,63 + 8.2,0) = 87,62 𝑐𝑚²

Adota-se o menor desses dois valores, resultando:


𝐴𝑐𝑟𝑖,𝑖𝑛𝑡 = 87,62 𝑐𝑚²
𝐴𝑠𝑙 2,0
𝜌𝑐𝑟𝑖 = = = 0,0228 = 2,28%
𝐴𝑠,𝑐𝑟𝑖 87,62

Figura 46

C. Momento Fletor para combinação frequente


Vamos fazer agora o momento fletor com a combinação de cargas
frequentes.

𝑀𝑑,𝑓𝑟𝑒 = 𝑀𝑔𝑘 + Ψ1 . 𝑀𝑞𝑘 → Ψ1 = 0,4 → Pela Figura 38


𝑃. 𝑙² 40 . 4,10²
𝑀𝑔𝑘 = = = 84,1 𝑘𝑛. 𝑚
8 8
𝑃. 𝑙² 10 . 4,10²
𝑀𝑞𝑘 = = = 21,0 𝑘𝑛. 𝑚
8 8
𝑀𝑑,𝑓𝑟𝑒 = 84,1 + 0,4 . 21 = 92,5 𝑘𝑛. 𝑚
P á g i n a | 106

D. Cálculo aproximado de 𝜎𝑠
𝑀𝑑,𝑓𝑟𝑒𝑞
𝜎𝑠 =
0,80. 𝑑. 𝑥2
92,5
𝜎𝑠 = = 25,56 𝑘𝑛/𝑐𝑚²
0,80.35,9.12,6

E. Cálculo de σs no estádio II com αe = Es / Ec = 8,82


𝛼e . 𝑀𝑑,𝑓𝑟𝑒𝑞 . (𝑑 − 𝑥2 )
𝜎𝑠 =
𝐼2
8,82.9250. (35,9 − 14,66)
𝜎𝑠 = = 23,66 𝑘𝑛/𝑐𝑚²
73240

F. Cálculo de σs no estádio II com αe = 15


• Linha Neutra
𝑏 2
𝑥 + 𝛼𝑒 . 𝐴𝑠 . 𝑥2 − 𝛼𝑒 . 𝐴𝑠 . 𝑑 = 0
2 2
22 2
𝑥 + 15.12,6. 𝑥2 − 15.12,60.35,9 = 0
2 2
𝑥2 2 + 17,18. 𝑥2 − 616,82 = 0
𝑥2−1 = 17,7

𝑥2−2 = −34,87 desprezamos a raiz negativa

• Momento de Inércia
𝑏. 𝑥2 3
𝐼2 = + 𝛼𝑒 . 𝐴𝑠 . (𝑑 − 𝑥2 )2
3
22. 17,693
𝐼2 = + 15.12,60. (35,9 − 17,69)2 = 103269 𝑐𝑚4
3

• Valor de σs para αe = 15
𝛼e . 𝑀𝑑,𝑓𝑟𝑒𝑞 . (𝑑 − 𝑥2 )
𝜎𝑠 =
𝐼2
15.9250. (35,9 − 17,69)
𝜎𝑠 = = 24,47 𝑘𝑛/𝑐𝑚²
103269
P á g i n a | 107

G. Cálculo de Wk
𝛷𝑖 𝜎𝑠𝑖 3. 𝜎𝑠𝑖
𝑤1 = . .
12,5. 𝑛𝑖 𝐸𝑠𝑖 𝑓𝑐𝑡𝑚
w≤
𝛷𝑖 𝜎𝑠𝑖 4
𝑤2 = . . ( + 45)
{ 12,5. 𝑛𝑖 𝐸𝑠𝑖 ρ𝑟𝑖

𝛷𝑖 𝜎𝑠𝑖 3. 𝜎𝑠𝑖
𝑤1 = . .
12,5. 𝑛𝑖 𝐸𝑠𝑖 𝑓𝑐𝑡𝑚
20 25,56 3.25,56
𝑤1 = . . = 0,26
12,5.2,25 21000 0,2565
𝑚𝑚

𝛷𝑖 𝜎𝑠𝑖 4
𝑤2 = . . ( + 45)
12,5. 𝑛𝑖 𝐸𝑠𝑖 ρ𝑟𝑖

20 25,56 4
𝑤2 = . .( + 45) = 0,19 𝑚𝑚
12,5.2,25 21000 0,0228

Portanto Wk = 0,19 mm < Wliim = 0,4 mm (pela figura 43)

Exercício Proposto
Verificar os ELS para a viga biapoiada indicada na figura abaixo.
Dados: seção 15 cm x 40 cm, L = 350 cm, concreto C30, aço CA-50,
armadura longitudinal 4φ16 (8,00 cm2), d = 36,0 cm, classe III de Agressividade
Ambiental.

Figura 47
Aula 5
Torção

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula estudaremos sobre a torção em elementos de concreto armado,


fazendo todas as observações e verificações normativas, vale ressaltar que com a
atualização da norma NBR6118/2014, acrescentou-se um peso maior nas
verificações a torção, pensando nos acidentes recentes e comuns com marquises,
elementos muito sujeitos a torção.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

➢ Entender os efeitos da torção;


➢ Entender o funcionamento da treliça espacial generalizada;
➢ Dimensionar uma viga a torção.
P á g i n a | 109

Olá Aluno! Vamos continuar estudando sobre o concreto armado?


Agora, nesta aula iremos ver sobre os efeitos da torção. Vamos lá!
5 TORÇÃO

5.1 Generalidades

O fenômeno da torção em vigas vem sendo estudado há algum tempo, com


base nos conceitos fundamentais da Resistência dos Materiais e da Teoria da
Elasticidade. Vários pesquisadores já se dedicaram à compreensão dos tipos de
torção, à análise da distribuição das tensões cisalhantes em cada um deles, e,
finalmente, à proposição de verificações que permitam estimar resistências para as
peças e impedir sua ruína.
Apesar dos primeiros estudos sobre torção serem atribuídos a Coulomb, as
contribuições de Saint-Venant (aplicação da torção livre em seção qualquer) e
Prandlt (utilização da analogia de membrana) é que impulsionaram a solução para o
problema da torção. No caso específico de análise de peças de concreto, foi a partir
de Bredt (teoria dos tubos de paredes finas) que o fluxo das tensões foi
compreendido. Na parte experimental, podem-se destacar os estudos de Mörsch,
Thürlimann e Lampert, fundamentais para o conhecimento do comportamento
mecânico de vigas submetidas à torção.
Em geral, os estudos sobre torção desconsideram a restrição ao
empenamento, como nas hipóteses de Saint-Venant, mas, na prática, as próprias
regiões de apoio (pilares ou outras vigas) tornam praticamente impossível o livre
empenamento.
Como consequência, surgem tensões normais (de coação) no eixo da peça e
há uma certa redução da tensão cisalhante. Esse efeito pode ser desconsiderado no
dimensionamento das seções mais usuais de concreto armado (perfis maciços ou
fechados, nos quais a rigidez à torção é alta), uma vez que as tensões de coação
tendem a cair bastante com a fissuração da peça e o restante passa a ser resistido
apenas pelas armaduras mínimas. Assim, os princípios básicos de dimensionamento
propostos para a torção clássica de Saint-Venant continuam adequados, com uma
certa aproximação, para várias situações práticas. No caso de seções delgadas,
entretanto, a influência do empenamento pode ser considerável, e devem ser
utilizadas as hipóteses da flexo-torção de Vlassov para o dimensionamento. Um
P á g i n a | 110

método simplificado é apresentado na Revisão da NBR 6118, mas não será objeto
de análise deste trabalho.
O dimensionamento à torção baseia-se nas mesmas condições dos demais
esforços: enquanto o concreto resiste às tensões de compressão, as tensões de
tração devem ser absorvidas pela armadura. A distribuição dos esforços pode ser
feita de diversas formas, a depender da teoria e do modelo adotado.
A teoria que é mais amplamente aceita para a distribuição das tensões
decorrentes da torção é a da treliça espacial generalizada, na qual se baseiam
as formulações das principais normas internacionais. A filosofia desse método é a
idealização da peça como uma treliça, cujas tensões de compressão causadas pelo
momento torçor serão resistidas por bielas comprimidas (concreto), e as de tração,
por diagonais tracionadas (armaduras).
Vale a lembrança de que não é todo tipo de momento torçor que precisa ser
considerado para o dimensionamento das vigas. A chamada torção de
compatibilidade, resultante do impedimento à deformação, pode ser desprezada,
desde que a peça tenha capacidade de adaptação plástica. Em outras palavras, com
a fissuração da peça, sua rigidez à torção cai significativamente, reduzindo também
o valor do momento atuante. É o que ocorre em vigas de bordo, que tendem a girar
devido ao engastamento na laje e são impedidas pela rigidez dos pilares. Por outro
lado, se a chamada torção de equilíbrio, que é a resultante da própria condição de
equilíbrio da estrutura, não for considerada no dimensionamento de uma peça, pode
levar à ruína. É o caso de vigas-balcão e de algumas marquises.
A seguir, será apresentada uma síntese dos conceitos que fundamentam os
critérios de dimensionamento à torção, relacionados às disposições da Revisão da
NBR 6118.

5.2 Teoria de Bredt

A partir dos estudos de Bredt, percebeu-se que quando o concreto fissura


(Estádio II), seu comportamento à torção é equivalente ao de peças ocas (tubos) de
paredes finas ainda não fissuradas - Estádio I (figura 48c). Essa afirmativa é
respaldada na própria distribuição das tensões tangenciais provocadas por
momentos torçores (figura 48b), as quais, na maioria das seções, são nulas no
centro e máximas nas extremidades.
P á g i n a | 111

Figura 48: Tubo de paredes finas.

A partir dos conceitos de Resistência dos Materiais, pode-se chegar à


chamada primeira fórmula de Bredt, dada por:
𝑇
τ𝑐 = 2.𝐴 (1)
𝑒 .𝑡

τ𝑐 é a tensão tangencial na parede, provocada pelo momento torçor; T é o


momento torçor atuante;
𝐴𝑒 é a área delimitada pela linha média da parede da seção equivalente; t é a
espessura da parede equivalente.

5.3 Treliça espacial generalizada

O modelo da treliça espacial generalizada que é adotado para os estudos de


torção tem origem na treliça clássica idealizada por Ritter e Mörsch para
cisalhamento, e foi desenvolvido por Thürlimann e Lampert. Essa treliça espacial é
composta por quatro treliças planas na periferia da peça (tubo de paredes finas da
Teoria de Bredt), sendo as tensões de compressão absorvidas por barras (bielas)
que fazem um ângulo θ com o eixo da peça, e as tensões de tração absorvidas por
barras decompostas nas direções longitudinal (armação longitudinal) e transversal

(estribos a 90o). Pode-se observar que a concepção desse modelo se baseia na


própria trajetória das tensões principais de peças submetidas à torção (figura 49).
P á g i n a | 112

Figura 49: Trajetória das tensões principais provocadas por torção.

Apenas para a apresentação das expressões que regem o dimensionamento,


será considerada uma seção quadrada com armadura longitudinal formada por
quatro barras, uma em cada canto da seção, e armadura transversal formada por

estribos a 90o (figura 50).

Biela de concreto

Como o momento atuante deve igualar o resistente, tem-se, no plano ABCD:


2. 𝐶𝑑 . 𝑠𝑒𝑛 θ. 𝑙 = 𝑇𝑑 (2)

Figura 50: Treliça espacial generalizada.


𝑇𝑑
𝐶𝑑 = 2.𝑙.𝑠𝑒𝑛 (3)
θ
P á g i n a | 113

Sendo 𝜎𝑐𝑑 o valor de cálculo da tensão de compressão, e observando que a


força Cd atua sobre uma área dada por 𝒚 ⋅ 𝒕 , tem-se:
𝑇𝑑
𝜎𝑐𝑑 . 𝑦. 𝑡 =
2. 𝑙. 𝑠𝑒𝑛 θ
𝑇 𝑑
𝜎𝑐𝑑 = 2.y.l.t.𝑠𝑒𝑛 (4)
θ

Mas,
𝑦 = 𝑙. cos 𝜃 (5)
𝐴𝑒 = 𝑙² (6)

Logo,
𝑇𝑑
𝜎𝑐𝑑 = 𝐴 (7)
𝑒 .𝑡.𝑠𝑒𝑛 2θ

Nas bielas comprimidas, a tensão resistente é menor que o valor do 𝑓𝑐𝑑 .


Dentre as várias razões, pode-se citar a existência de tensões transversais (que não
são consideradas no modelo, e interferem no estado de tensões da região), e a
abertura de fissuras da peça. Assim:
𝜎𝑐𝑑 ≤ 0,5. 𝛼𝑣 . 𝑓𝑐𝑑 (8)

Onde:
𝑓𝑐𝑑 é a resistência de cálculo do concreto à compressão;
𝛼𝑣 é o coeficiente de efetividade do concreto, dado por:
𝑐𝑘 𝑓
𝛼𝑣 = (1 − 250 ) (𝑀𝑃𝑎) (9)

Armadura longitudinal

Para o equilíbrio de forças na direção X,


4. 𝑅𝑙𝑑 = 4. 𝐶𝑑 . 𝑐𝑜𝑠𝜃 (10)

Como:
𝑅𝑙𝑑 = 𝐴𝑠𝑜 . 𝑓𝑦𝑤𝑑
P á g i n a | 114

Onde:
𝐴𝑠𝑜 é a área de uma das barras longitudinais;
𝑓𝑦𝑤𝑑 é a tensão de escoamento do aço, com seus valores de cálculo, e,
𝐴𝑠𝑙 = 4. 𝐴𝑠𝑜

utilizando-se a eq.(3), a eq. (10) pode ser escrita como:


2. 𝑇𝑑
𝐴𝑠𝑙 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 = . 𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃
𝑙. 𝑢

Distribuindo a armação de forma uniforme em todo o contorno 𝑢 = 4. 𝑙, para


reduzir a possibilidade de abertura de fissuras nas faces da viga, e lembrando da
eq.(6), tem-se:
𝐴𝑠𝑙 2. 𝑇𝑑
( ) . 𝑓𝑦𝑤𝑑 = . 𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃
𝑢 𝑙. 𝑢
𝐴 2.𝑇𝑑
( 𝑢𝑠𝑙) . 𝑓𝑦𝑤𝑑 = . 𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃 (11)
𝑙.𝑢

Estribos

Para o equilíbrio das forças do nó A, na direção Z,


𝑅𝑤𝑑 = 𝐶𝑑 . 𝑠𝑒𝑛𝜃 (12)
𝑙. 𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃
𝑅𝑤𝑑 = . 𝐴90 . 𝑓𝑦𝑤𝑑
𝑠

Onde:
𝑙.𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃
s é o espaçamento longitudinal dos estribos; é o número de estribos
𝑠
concentrados na área de influência do nó A. Substituindo na eq.(12), lembrando da
eq. (2):
𝑙. 𝑐𝑜𝑡𝑔𝜃 𝑇𝑑
. 𝐴90 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 = . 𝑠𝑒𝑛 𝜃
𝑠 2. 𝑙. 𝑠𝑒𝑛 𝜃

Substituindo a eq. (6) e rearrumando:


𝐴90 𝑇𝑑
= . 𝑡𝑔 𝜃 (13)
𝑠 2.𝐴𝑒 .𝑓𝑦𝑤𝑑
P á g i n a | 115

Torçor resistente

Para determinação do momento torçor resistente de uma seção já


dimensionada, pode-se rearrumar a eq. (11),
𝑇𝑑
𝑡𝑔𝜃 =
𝐴𝑠𝑙
2. 𝐴𝑒 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 . (
𝑢)

que fornece a inclinação da biela comprimida, e substituí-la na eq.(13),


resultando:
𝐴90 𝐴𝑠𝑙 𝑇𝑑 2
( ).( ) =
𝑠 𝑢 (2. 𝐴𝑒 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 )²

𝐴90 𝐴
𝑇𝑑 = 2. 𝐴𝑒 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 . √( ) . ( 𝑢𝑠𝑙) (14)
𝑠

5.4 Interação de torção, cisalhamento e flexão

Boa parte dos estudos de torção é relativa a torção pura, isto é, aquela
decorrente da aplicação exclusiva de um momento torçor em uma viga. Essa
situação, entretanto, não é usual. A grande maioria das vigas torcionadas também
está submetida a forças cortantes e momentos fletores, o que dá origem a um
estado de tensões mais complexo e mais difícil de ser analisado.
A experiência vem demonstrando que, de uma maneira geral, a filosofia e os
princípios básicos de dimensionamento propostos para a torção simples também são
adequados, com uma certa aproximação, para solicitações compostas.
Por isso, em geral, o procedimento adotado para o dimensionamento a
solicitações compostas é a simples superposição dos resultados obtidos para cada
um dos esforços solicitantes separadamente, que se mostra a favor da segurança.
Por exemplo, a armadura de tração prevista pela torção que estiver na parte
comprimida pela flexão poderia ser reduzida, se fosse considerado o alívio sofrido
por sua resultante (de tração) nessa região. Ou ainda, como em uma das faces
laterais da peça as diagonais solicitadas pela torção e pelo cisalhamento são
opostas, poderia ser considerado o alívio na resultante de tração no estribo, e
consequentemente, reduzir-se sua área.
P á g i n a | 116

Evidentemente, na face lateral oposta, as diagonais têm a mesma direção, e a


armação necessária vem do somatório daquelas calculadas para cada um dos dois
esforços separadamente. E para a verificação da tensão na biela comprimida desta
face, não bastará se observar o comportamento das resultantes relativas à torção e
ao cisalhamento separadamente - surge a necessidade de uma nova verificação,
que considere a interação delas.
Na figura 51, apresenta-se uma superfície que mostra a interação dos três
tipos de esforços, com base em resultados experimentais. Qualquer ponto interior a
essa superfície indica que a verificação da tensão na biela foi atendida. Pode-se
𝑉𝑠𝑑
observar que, para uma mesma relação 𝑉𝑢𝑙𝑡
o momento torçor resistente diminui com o
𝑀
aumento da relação 𝑀 𝑠𝑑 .
𝑢𝑙𝑡

Cabe a ressalva de que a superposição dos efeitos das treliças de


cisalhamento e de torção só estará coerente se a inclinação da biela comprimida for
adotada a mesma nos dois casos.

Figura 51: Diagrama de interação.

5.5 Dimensionamento à torção segundo a nova NBR 6118

A grande novidade desse novo texto em relação à NBR 6118/78 é que agora
o modelo adotado é o de treliça espacial generalizada, descrito anteriormente, e
não mais a treliça clássica. Assim, o projetista tem a possibilidade de determinar a
inclinação da biela comprimida, e com mais liberdade para trabalhar o arranjo das
P á g i n a | 117

armaduras a serem utilizadas, realizando um dimensionamento totalmente


compatível com o cisalhamento.
Ocorreram alterações na determinação da seção vazada equivalente e nas
verificações a serem realizadas para o dimensionamento, sendo estas agora escritas
em termos de momentos torçores, e não mais em termos de tensões. Dessa forma,
acredita-se que o processo de dimensionamento se torna mais coerente, inclusive
com a tendência das normas internacionais.
As taxas mínimas e os espaçamentos também foram modificados em relação
flexão e ao cisalhamento isoladamente. Para a torção, as novas prescrições são
descritas a seguir.

Torçor de compatibilidade

Como já foi comentado, apenas a torção de equilíbrio precisa ser considerada


no dimensionamento de vigas. A torção de compatibilidade pode ser desprezada,
desde que sejam respeitados os limites de armadura mínima de cisalhamento, e:
V𝑠𝑑 ≤ 0,7. V𝑅𝑑,2 (15)

Sendo:
V𝑅𝑑,2 = 0,27. 𝛼𝑣 . 𝑓𝑐𝑑 . 𝑏𝑤 . 𝑑. 𝑠𝑒𝑛 2𝜃 (16)

já para estribos a 90o com o eixo da peça.

Determinação da seção vazada equivalente

Uma novidade da nova NBR 6118 é que não se define mais a espessura da
parede equivalente apenas com base no cobrimento das armaduras, como era feito
anteriormente. Ficam definidos os seguintes critérios:
𝐴
ℎ𝑒 ≤ 𝜇 (17)

ℎ𝑒 ≥ 2. 𝐶1 (18)

Onde:
ℎ𝑒 é a espessura da parede da seção equivalente
P á g i n a | 118

A é a área da seção
𝜇 é o perímetro da seção cheia
𝛷𝑙
𝐶1 = + 𝛷𝑡 + 𝑐 (19)
2

Sendo:
𝛷𝑙 o diâmetro da armadura longitudinal;
𝛷𝑡 o diâmetro da armadura transversal;
C o cobrimento da armadura.

Definição da inclinação da biela comprimida

Assim como no cisalhamento, a inclinação da biela deve estar compreendida

entre 30o e 45o, sendo que o valor adotado deve ser o mesmo para as duas
verificações.

Verificação da biela comprimida

Para se assegurar o não esmagamento da biela comprimida na torção pura, a


nova NBR 6118 exige a verificação da seguinte condição:
𝑇𝑠𝑑 ≤ 𝑇𝑟𝑑,2 (20)

sendo 𝑇𝑟𝑑,2 o momento torçor que pode ser resistido pela biela. Este torçor
pode ser obtido pela substituição da eq. (8) na eq. (7), que, rearrumada, fornece:
𝑇𝑟𝑑,2 = 0,5. 𝛼𝑣 . 𝑓𝑐𝑑 . 𝐴𝑒 . ℎ𝑒 . 𝑠𝑒𝑛 2𝜃 (21)

Verificação da tensão na biela comprimida para solicitações combinadas

A nova NBR 6118 menciona que, no caso de torção e cisalhamento, deve ser
obedecida a seguinte verificação:
𝑉𝑠𝑑 𝑇
+ 𝑇 𝑠𝑑 ≤ 1 (22)
𝑉𝑟𝑑,2 𝑟𝑑,2
P á g i n a | 119

Observe que essa expressão linear (figura 52) fornece resultados


conservadores em relação àqueles esboçados na figura 52. No EUROCODE 2
(1992), por exemplo, a expressão equivalente a eq. (22) é de segundo grau.
Observe-se ainda, também com base na figura 52, que a eq. (22) só se
mostra adequada para situações em que o momento fletor de cálculo não ultrapassa
cerca de 50 a 60% do momento último da seção, apesar da nova NBR 6118 não
trazer comentários a respeito disso.

Figura 52: Diagrama de interação torção x cortante, segundo a nova NBR 6118.

Determinação da armadura longitudinal

Deve ser verificada a seguinte condição:


𝑇𝑠𝑑 ≤ 𝑇𝑟𝑑,4 (23)

sendo 𝑇𝑟𝑑,4 o momento torçor que pode ser resistido pela armadura
longitudinal, dado por:
𝐴
𝑇𝑟𝑑,4 = ( 𝑢𝑠𝑙) . 2. 𝐴𝑒 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 . 𝑡𝑔 𝜃 (24)

que é decorrente da eq. (11), lembrando que u é o perímetro da seção


equivalente.

Determinação dos estribos

Deve ser verificada a seguinte condição:


𝑇𝑠𝑑 ≤ 𝑇𝑟𝑑,3 (25)
P á g i n a | 120

sendo 𝑇𝑟𝑑,3 o momento torçor que pode ser resistido pelos estribos, dado por:
𝐴90
𝑇𝑟𝑑,3 = ( ) . 2. 𝐴𝑒 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 . 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝜃 (26)
𝑠

que é obtida a partir da eq. (13).

Armadura longitudinal e estribos para solicitações combinadas

No banzo tracionado pela flexão, somam-se as armaduras longitudinais de


flexão e de torção. A armadura transversal total também deve ser obtida pela soma
das armaduras de cisalhamento e de torção.
No banzo comprimido, pode-se reduzir a armadura de torção, devido aos
esforços de compressão do concreto na espessura ℎ𝑒 e comprimento u
correspondente à barra considerada.

Verificação da taxa de armadura mínima

A taxa de armadura mínima, como se sabe, vem da necessidade de se


garantir a ductilidade da peça e melhorar a distribuição das fissuras. Em relação à
NBR 6118/78, sua Revisão está mais coerente, por reconhecer que há influência da
resistência característica do concreto. É dada por:
𝐴 𝑓
𝜌𝑤 = 𝑏 𝑠𝑤.𝑠 ≥ 0,2. 𝑓𝑐𝑡𝑚 (27)
𝑤 𝑦𝑤𝑘

3
sendo 𝑓𝑐𝑡𝑚 a tensão média de tração, dada por 𝑓𝑐𝑡𝑚 = 0,3. √𝑓𝑐𝑘 2 .

Não há referência quanto à taxa mínima de armadura longitudinal.

5.6 Disposições construtivas

Apenas as barras longitudinais e os estribos que estiverem posicionados no


interior da parede da seção vazada equivalente deverão ser considerados efetivos
para resistir aos esforços gerados pela torção.
São válidas as mesmas disposições construtivas de diâmetros, espaçamentos
e ancoragem para armaduras longitudinais de flexão e estribos de cisalhamento,
P á g i n a | 121

propostos na nova NBR 6118 (que tem alterações em relação ao texto anterior).
Especificamente para a torção, valem as recomendações apresentadas a seguir.

Armaduras longitudinais

Para que efetivamente existam os tirantes supostos no modelo de treliça, é


necessário se dispor uma barra de armadura longitudinal em cada canto da seção.
∆𝐴𝑠𝑙
De acordo com a nova NBR 6118, deve-se procurar atender à relação em
∆𝑢
todo o contorno da viga, sendo u o trecho do perímetro correspondente a cada barra,
de área ∆𝐴𝑠 . Em outras palavras, a armadura longitudinal de torção não deve estar
concentrada nas faces superior e inferior da viga, e sim, uniformemente distribuída
em todo o perímetro da seção efetiva.
Apesar de não haver prescrição na norma, deve-se preferencialmente adotar
𝛷𝑙 ≥ 10mm nos cantos. O espaçamento de eixo a eixo de barra, tanto na direção
vertical quanto na horizontal, deverá ser 𝑆𝑙 ≤ 350 mm.

Estribos

Os estribos devem estar posicionados a 90 o com o eixo longitudinal da peça,

devendo ser fechados e adequadamente ancorados por ganchos em ângulo de 45 o.


Além disso, devem envolver as armaduras longitudinais.
Resumo

Nesta aula, abordamos:

✓ As generalidades sobre a torção;


✓ A teoria de Bredt;
✓ A treliça espacial generalizada;
✓ A interação entre o cisalhamento e a torção;
✓ Dimensionamento a torção;
✓ Disposições normativas.
Complementar

Para enriquecer o conhecimento assista a alguns vídeos complementares


sobre diversos temas, veja:

Veja como é feito o ensaio de torção em uma viga de


concreto:
https://www.youtube.com/watch?v=rH4ZLs8QbbE.
Referências

Básica:
ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado Vol. 1. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,
2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7480 - Barras


e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado. Rio de Janeiro: Abnt, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 - Projeto


de Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: Abnt, 2014.

CARVALHO, R.B.; FILHO, J.R.F. Cálculo e Detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado: Segundo a NBR6118:2014. 4. ed. São Carlos: Ed. EDUFScar, 2014.

LEONHARDT, F.; MÖNNING, E. Construção de concreto – princípios básicos do


dimensionamento de estruturas de concreto armado, Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed.
Interciência, 1982.

PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projetos de edifícios. Apostila. São


Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.

SÜSSEKIND, J. C. Curso de concreto Vol. 1. Porto Alegre: Ed. Globo, 1985.

CARVALHO, Clauderson Basileu. Concreto armado I: de acordo com a


NBR6118/2014. Belo Horizonte: Unihorizontes, 2017.

Fontes consultadas:
ANDRADE, S. Modulo de elasticidade do concreto. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=U-71cdrsM1M. Acesso em: 16 dez. 2018.

CIVIL, Construção. Ensaio de resistência à tração na flexão de argamassa


industrializada (ABNT NBR 13279/05). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=HX8ys4BwCwM. Acesso em: 18 dez. 2018.

Disponível em: http:// http://construcaociviltips.blogspot.com.br/. Acesso em: 10 set.


2018.

Disponível em: http://www.dec.ufcg.edu.br/miltoncf. Acesso em: 10 set. 2018.

ESTRUTURAS, Dicio Ilustrado Estruturas. Disponível em:


http://dicioilustradoestruturas.blogspot.com.br/. Acesso em: 10 set. 2018.

LEAL, A. C. F. S. Investigação experimental do módulo de elasticidade nos


concretos produzidos em Brasília. 2012. 176 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Engenharia Civil e Ambiental, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Faculdade de
Tecnologia da Universidade de Brasília, Brasília, 2012. Cap. 5. Disponível em:
http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/11532/1/2012_AntonioCarlosFerreiraSouzaLeal.pdf.
Acesso em: 10 dez. 2018.

LIBÂNIO M. PINHEIRO. Fundamentos do concreto e projeto de edifícios. São


Paulo: Departamento de Engenharia de Estruturas, 2007. Disponível em:
http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Apost_EESC_USP_Libanio.pdf. Acesso em:
12 dez. 2018.
P á g i n a | 125

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: microestrutura, propriedades e


materiais. 3. ed. São Paulo: Ibracon, 2008.

SÁ, J. Ensaio de resistência à compressão de concreto - LABMATEC -


UNIVASF. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6TsqUeLjHA8. Acesso em: 18
dez. 2018.

STEPHENS, T. Ensaio Tração por Compressão Diametral. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=M-5WG4akAKc. Acesso em: 18 dez. 2018.
Exercícios
AULA 5

Exercício - Torção
Seja a viga V1 da marquise esquematizada abaixo, a qual
está submetida à torção de equilíbrio, além de flexão e
cisalhamento. O fck adotado foi de 25 MPa, o cobrimento de 2,5
cm (de acordo com as exigências da nova NBR 6118), e a altura
da viga é de 50 cm., Armadura longitudinal superior (negativa) 0,65 cm², armadura
longitudinal inferior (positiva) 2,11cm².

Figura 53

A. Dimensionamento ao cisalhamento
• Verificação do concreto

1,4 . 𝑉𝑠𝑑,𝑚á𝑥
𝛿𝑠𝑑 =
𝑏𝑤 . 𝑑
P á g i n a | 127

1,4 .38,46
𝛿𝑠𝑑 = = 0,0342 𝑘𝑛/𝑐𝑚²
35 .45
𝛿𝑟𝑑2 = 0,27 . 𝛼𝑣2 . 𝑓𝑐𝑑
2,5
𝛿𝑟𝑑2 = 0,27 . (1 − 25⁄250). = 0,4339 𝑘𝑛/𝑐𝑚²
1,4

Como 𝛿𝑠𝑑< 𝛿𝑅𝑑2, a biela comprimida de concreto resistirá, não irá romper.
• Cálculo da armadura
2 2
𝛿𝑐0 = 0,09 . 𝑓𝑐𝑘 3 = 0,09 . 253 = 0,0769 𝐾𝑛/𝑐𝑚²
(𝛿𝑠𝑑 − 𝛿𝑐0 ) (0,0342 − 0,0769)
𝜌𝑤 = 100. = 100. = 0,1090
39,15 39,15

2 2
𝜌𝑤 𝑚𝑖𝑛 = 0,012. 𝑓𝑐𝑘 3 = 0,012 . 253 = 0,10259, como 𝜌𝑤 > 𝜌𝑤 𝑚𝑖𝑛 , adotar 𝜌𝑤

𝐴𝑠𝑤 = 𝜌𝑤 . 𝑏𝑤 = 0,1090 . 35 = 3,82 𝑐𝑚2 /𝑚

B. Dimensionamento a Torção
• Cálculo da armadura longitudinal

𝑇𝑠𝑑 ≤ 𝑇𝑟𝑑,4

𝐴𝑠𝑙
𝑇𝑟𝑑,4 = ( ) . 2. 𝐴𝑒 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 . 𝑡𝑔 𝜃
𝑢

Precisamos encontrar alguns valores para jogar na fórmula acima,


são eles: 𝐴𝑒 , que é a área externa da nossa peça com redução de ℎ𝑒
(veremos o que é a seguir), e u é o perímetro da peça, também reduzido
de ℎ𝑒 . Vamos fazer algumas considerações sobre isso.
𝐴 = 𝑏. ℎ = 35.50 = 1750 𝑐𝑚² (área)
𝑢 = 2. (𝑏 + ℎ) = 2. (35 + 50) = 170 𝑐𝑚 (perímetro)
𝐴 1750
ℎ𝑒 ≤ = = 10,29 𝑐𝑚 ≅ 11 𝑐𝑚
{ 𝑢 170 → Portanto, iremos adotar o ℎ𝑒 = 8 𝑐𝑚
ℎ𝑒 ≥ 2. 𝑐1 = 2.3,63 = 7,26 𝑐𝑚 ≅ 8 𝑐𝑚
∅𝑙 1
𝐶1 = + ∅𝑡 + 𝑐 = + 0,63 + 2,5 = 3,63 𝑐𝑚
2 2
P á g i n a | 128

𝐴𝑒 = (35 − 8). (50 − 8) = 1134 𝑐𝑚²


𝑢 = 2. [(35 − 8) + (50 − 8)] = 138 𝑐𝑚
𝐴𝑠𝑙 𝐴𝑠𝑙 50 𝐴𝑠𝑙
𝑇𝑟𝑑,4 = ( ) . 2. 𝐴𝑒 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 . 𝑡𝑔 𝜃 = ( ) . 2.1134. . 𝑡𝑔 45 = ( ) . 98608,7
𝑢 𝑢 1,15 𝑢
𝑇𝑠𝑑 = 1,4 . 𝑉𝑠𝑑,𝑚á𝑥 . 100 = 1,4. 39,15.100 = 5481 𝑘𝑛. 𝑐𝑚
𝐴𝑠𝑙
5481 < ( ) . 98608,7
𝑢
𝑇𝑠𝑑 < 𝑇𝑟𝑑,4 → ok!
𝐴𝑠𝑙 𝐴𝑠𝑙 5481 . 100 𝐴𝑠𝑙
5481 < ( ) . 98608,7 = ( ) = = ( ) = 5,56 𝑐𝑚²
𝑢 𝑢 98608,7 𝑢

• Cálculo da armadura transversal (estribos)


𝑇𝑠𝑑 ≤ 𝑇𝑟𝑑,3

𝐴90
𝑇𝑟𝑑,3 = ( ) . 2. 𝐴𝑒 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 . 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝜃
𝑠

Como agora nós já temos todas as incógnitas encontradas do


exemplo anterior, vamos agora somente substituir.
𝐴90 50 𝐴90
𝑇𝑟𝑑,3 = ( ) . 2.1134. . 𝑐𝑜𝑡𝑔45 = 98698,7. ( )
𝑠 1,15 𝑠

𝑇𝑠𝑑 = 1,4 . 𝑉𝑠𝑑,𝑚á𝑥 . 100 = 1,4. 39,15.100 = 5481 𝑘𝑛. 𝑐𝑚

𝑇𝑠𝑑 < 𝑇𝑟𝑑,3 → ok!

𝐴90 𝐴90 5481 . 100 𝐴90


5481 < ( ) . 98608,7 = ( ) = = ( ) = 5,56 𝑐𝑚²
𝑠 𝑠 98608,7 𝑠

• Detalhamento
A. Armadura Longitudinal
A área total da armadura longitudinal é obtida pela soma das
parcelas correspondentes à flexão e à torção, que deve ser feita para
cada uma das faces da viga. Na face superior, a flexão exige 𝐴𝑠𝑙 = 0,65
cm2. (Armadura negativa dada no problema), A parcela da torção é dada por 𝐴𝑠𝑙 =
P á g i n a | 129

5,56 . (0,35 − 0,08) = 1,50𝑐𝑚² 0,35 – 0,08 é a relação entre a base da viga (35 cm) e
o He que encontramos anteriormente que faz alusão ao D da viga. A parcela total
então é: 𝐴𝑠𝑙 = 0,65 + 1,50 = 2,15 𝑐𝑚², porém temos que lembrar que existe uma
área mínima de aço para considerar em uma viga, que é: 𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,0015, 𝑏𝑤 . ℎ =
0,0015.35.50 = 2,63 𝑐𝑚² (4∅10.0) que é maior que a área de aço calculada, então
iremos adotar a área de aço mínima.
Agora iremos analisar a face inferior, a flexão exige 𝐴𝑠𝑙 = 2,11 𝑐𝑚² (armadura
positiva dada pelo problema), A parcela da torção continua a mesma, 𝐴𝑠𝑙 =
5,56 . (0,35 − 0,08) = 1,50 𝑐𝑚². A parcela total então é de: 𝐴𝑠𝑙 = 2,11 + 1,50 =
3,60 𝑐𝑚² (5∅10.0), que é maior do que a área de aço mínima na viga, usaremos a
mesma.
Nas faces laterais, como a altura da viga é menor que 60 cm, não é
necessária a utilização de armadura de pele. Há apenas a parcela da torção, cuja
área de aço vale: 𝐴𝑠𝑙 = 5,56 . (0,50 − 0,08) = 2,34 𝑐𝑚² → (3∅10.0). Na face lateral,
não há a necessidade de adotar a área de aço mínima, tendo em vista que este aço
somente tem validade para efeitos de torção e as armaduras longitudinais que além
de servir como aço para os efeitos de torção, trabalham ainda para a flexão e as
mesmas estão em ordem com a norma.

B. Armadura transversal (estribo)


A área final dos estribos é dada pela soma das parcelas correspondentes ao
𝐴𝑠𝑤 𝐴90
cisalhamento e à torção, + , mas neste exemplo, como já foi visto, não é
𝑠 𝑠

necessária armadura para o cisalhamento. Há apenas a parcela da torção, que já


𝐴90
supera a área de aço mínima exigida. Assim, em cada face deve-se ter: ( ) =
𝑠 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙

5,56 𝑐𝑚2 /𝑚 → (∅8.0 𝑐. 9 𝑐𝑚). O detalhamento final da seção transversal é


apresentado na figura abaixo.
P á g i n a | 130

Figura 54
Aula 6
Exercícios ELS e Torção

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula iremos praticar alguns exercícios sobre ELS e Torção.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

➢ Compreender sobre a importância do dimensionamento ao ELS;


➢ Dimensionar os elementos estruturais a torção.
P á g i n a | 132

6 EXERCÍCIOS DE ELS E TORÇÃO

Olá Aluno! Vamos praticar um pouco alguns exercícios de


ELS e Torção? Nesta aula resolveremos um exercício fazendo
todas as verificações.
Vamos lá?

Exercício Resolvido - Torção


Seja a viga V1 da marquise esquematizada abaixo, a qual
está submetida à torção de equilíbrio, além de flexão e cisalhamento.
O fck adotado foi de 30 MPa, o cobrimento de 3,0 cm (de acordo
com as exigências da nova NBR 6118), e a altura da viga é de 60
cm., armadura longitudinal superior (negativa) 0,8 cm², armadura longitudinal inferior
(positiva) 3,00 cm².
Dados:
• 𝑉𝑠𝑑,𝑚á𝑥 = 40 kn
• 𝑇𝑠𝑑,𝑚á𝑥 = 48 kn.m
• 𝑀𝑠𝑑,𝑚á𝑥 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜 = 37 kn.m

Figura 55
P á g i n a | 133

Figura 56

A. Dimensionamento ao cisalhamento
• Verificação do concreto
1,4 . 𝑉𝑠𝑑,𝑚á𝑥
𝛿𝑠𝑑 =
𝑏𝑤 . 𝑑
1,4 .40
𝛿𝑠𝑑 = = 0,07 𝑘𝑛/𝑐𝑚²
20 .40
𝛿𝑟𝑑2 = 0,27 . 𝛼𝑣2 . 𝑓𝑐𝑑
3,0
𝛿𝑟𝑑2 = 0,27 . (1 − 30⁄250). = 0,509 𝑘𝑛/𝑐𝑚²
1,4

Como 𝛿𝑠𝑑< 𝛿𝑅𝑑2, a biela comprimida de concreto resistirá, não irá romper.

• Cálculo da armadura
2 2
𝛿𝑐0 = 0,09 . 𝑓𝑐𝑘 3 = 0,09 . 303 = 0,0869 𝐾𝑛/𝑐𝑚²
(𝛿𝑠𝑑 − 𝛿𝑐0 ) (0,07 − 0,0869)𝑥(−1)
𝜌𝑤 = 100. = 100. = 0,043
39,15 39,15
P á g i n a | 134
2 2
𝜌𝑤 𝑚𝑖𝑛 = 0,012. 𝑓𝑐𝑘 3 = 0,012 . 303 = 0,1158, como 𝜌𝑤 < 𝜌𝑤 𝑚𝑖𝑛 , adotar 𝜌𝑤,𝑚𝑖𝑛

𝐴𝑠𝑤 = 𝜌𝑤 . 𝑏𝑤 = 0,1158 . 20 = 2,32 𝑐𝑚2 /𝑚

B. Dimensionamento a Torção
• Cálculo da armadura longitudinal

𝑇𝑠𝑑 ≤ 𝑇𝑟𝑑,4

𝐴𝑠𝑙
𝑇𝑟𝑑,4 = ( ) . 2. 𝐴𝑒 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 . 𝑡𝑔 𝜃
𝑢

Precisamos encontrar alguns valores para jogar na fórmula acima,


são eles: 𝐴𝑒 , que é a área externa da nossa peça com redução de ℎ𝑒
(veremos o que é a seguir), e u é o perímetro da peça, também reduzido
de ℎ𝑒 . Vamos fazer algumas considerações sobre iso.
𝐴 = 𝑏. ℎ = 20.60 = 1200 𝑐𝑚² (área)
𝑢 = 2. (𝑏 + ℎ) = 2. (20 + 60) = 160 𝑐𝑚 (perímetro)
𝐴 1200
ℎ𝑒 ≤ = = 7,5 𝑐𝑚
{ 𝑢 160 → Portanto, iremos adotar o ℎ𝑒 =
ℎ𝑒 ≥ 2. 𝑐1 = 2.4,13 = 8,26 𝑐𝑚 ≅ 8,5 𝑐𝑚
8𝑐𝑚
∅𝑙 1
𝐶1 = + ∅𝑡 + 𝑐 = + 0,63 + 3,0 = 4,13 𝑐𝑚, neste ponto
2 2

escolhemos algumas bitolas que vamos utilizar no dimensionamento o


primeiro valor é o diâmetro da barra longitudinal, escolhemos os 10 mm
(1 cm), depois o diâmetro da barra transversal (estribos) que foi de 6,3 mm (0,63
cm), e por fim colocamos o nosso cobrimento que foi informado.
𝐴𝑒 = (20 − 8,5). (60 − 8,5) = 592,25 𝑐𝑚²
𝑢 = 2. [(20 − 8,5) + (60 − 8,5)] = 126 𝑐𝑚
𝐴𝑠𝑙 𝐴𝑠𝑙 50 𝐴𝑠𝑙
𝑇𝑟𝑑,4 = ( ) . 2. 𝐴𝑒 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 . 𝑡𝑔 𝜃 = ( ) . 2.592,25. . 𝑡𝑔 45 = ( ) . 51500
𝑢 𝑢 1,15 𝑢
𝑇𝑠𝑑 = 1,4 . 𝑉𝑠𝑑,𝑚á𝑥 . 100 = 1,4. 40.100 = 5600 𝑘𝑛. 𝑐𝑚
𝐴𝑠𝑙
5600 < ( ) . 51500
𝑢
P á g i n a | 135

𝑇𝑠𝑑 < 𝑇𝑟𝑑,4 → ok!


𝐴𝑠𝑙 𝐴𝑠𝑙 5600 . 100 𝐴𝑠𝑙
5600 < ( ) . 51500 = ( ) = = ( ) = 10,87 𝑐𝑚²
𝑢 𝑢 51500 𝑢

• Cálculo da armadura transversal (estribos)


𝑇𝑠𝑑 ≤ 𝑇𝑟𝑑,3

𝐴90
𝑇𝑟𝑑,3 = ( ) . 2. 𝐴𝑒 . 𝑓𝑦𝑤𝑑 . 𝑐𝑜𝑡𝑔 𝜃
𝑠

Como agora nós já temos todas as incógnitas encontradas do


exemplo anterior, vamos agora somente substituir.
𝐴90 50 𝐴90
𝑇𝑟𝑑,3 = ( ) . 2.592,25. . 𝑐𝑜𝑡𝑔45 = 51500. ( )
𝑠 1,15 𝑠

𝑇𝑠𝑑 = 1,4 . 𝑉𝑠𝑑,𝑚á𝑥 . 100 = 1,4. 40.100 = 5600 𝑘𝑛. 𝑐𝑚

𝑇𝑠𝑑 < 𝑇𝑟𝑑,3 → ok!

𝐴90 𝐴90 5600 . 100 𝐴90


5600 < ( ) . 51500 = ( ) = = ( ) = 10,87 𝑐𝑚²
𝑠 𝑠 51500 𝑠

• Detalhamento
A. Armadura Longitudinal
A área total da armadura longitudinal é obtida pela soma das
parcelas correspondentes à flexão e à torção, que deve ser feita para
cada uma das faces da viga. Na face superior, a flexão exige 𝐴𝑠𝑙 = 0,80
cm2. (Armadura negativa dada no problema), A parcela da torção é dada por 𝐴𝑠𝑙 =
10,87 . (0,20 − 0,085) = 1,25 𝑐𝑚² , 0,20 – 0,085 é a relação entre a base da viga (20
cm) e o He que encontramos anteriormente que faz alusão ao D da viga, que tem o
valor de 8,5cm. A parcela total então é: 𝐴𝑠𝑙 = 0,8 + 1,25 = 2,05 𝑐𝑚² → 2∅12,5 mm,
porém temos que lembrar que existe uma área mínima de aço para considerar em
uma viga, que é: 𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,0015, 𝑏𝑤 . ℎ = 0,0015.20.60 = 1,80 𝑐𝑚², que é menor que
a área de aço calculada, então iremos adotar a área de aço calculada.
P á g i n a | 136

Agora iremos analisar a face inferior, a flexão exige 𝐴𝑠𝑙 = 3,00 𝑐𝑚² (armadura
positiva dada pelo problema), A parcela da torção continua a mesma, 𝐴𝑠𝑙 =
10,87 . (0,20 − 0,085) = 1,25 𝑐𝑚². A parcela total então é de: 𝐴𝑠𝑙 = 3,00 + 1,25 =
4,25 𝑐𝑚² → 4∅12,5 mm, que é maior do que a área de aço mínima na viga,
usaremos a mesma.
Nas faces laterais, como a altura da viga é 60 cm, é necessária a utilização de
armadura de pele, que utilizamos a área de aço mínima para armadura de pele,
𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,0010, 𝑏𝑤 . ℎ = 0,0010.20.60 = 1,20 𝑐𝑚², mais a parcela da torção, cuja área
de aço vale: 𝐴𝑠𝑙 = 10,87 . (0,60 − 0,085) = 5,59 𝑐𝑚² , esse valor pode ser dividido
por dois, tendo em vista que ele será distribuído nas duas faces da viga. → 9∅6,3
mm por face, podemos observar que a área de aço calculada para a parcela da
torção foi superior a área de aço mínima para armadura de pele, portanto podemos
desconsiderar a parcela mínima e adotar somente o valor da torção, tendo em vista
que o mesmo fará o papel de armadura de pele, estando disposta nas faces laterais
da viga.

B. Armadura transversal (estribo)


A área final dos estribos é dada pela soma das parcelas correspondentes ao
𝐴𝑠𝑤 𝐴90 𝐴𝑠𝑤
cisalhamento e à torção, + , com isso temos os valores de = 2,32 𝑐𝑚2 +
𝑠 𝑠 𝑠
𝐴90
= 𝐴𝑠𝑙 = 10,87 . (0,60 − 0,085) = 5,59 𝑐𝑚² , dando um total de 7,91 cm²/m,
𝑠

lembrando que podemos dividir esse valor pelo número de “pernas” do nosso
estribo, neste exemplo, pelo valor ter dado alto, usaremos um estribo duplo, com 4
pernas. → 7∅6,3 mm/m cada estribo. O detalhamento final da seção transversal é
apresentado na figura abaixo.
P á g i n a | 137

Figura 57

Exercício Proposto - Torção


Seja a viga V1 da marquise esquematizada abaixo, a qual está
submetida à torção de equilíbrio, além de flexão e cisalhamento. O fck
adotado foi de 20 MPa, o cobrimento de 2,5 cm (de acordo com as exigências da
nova NBR 6118), a base da viga é de 15 cm e a altura da viga é de 70 cm, armadura
longitudinal superior (negativa) 1,7 cm² (armadura mínima), armadura longitudinal
inferior (positiva) 2,00 cm².
Dados:
• 𝑉𝑠𝑑,𝑚á𝑥 = 42 kn
• 𝑇𝑠𝑑,𝑚á𝑥 = 45 kn.m
• 𝑀𝑠𝑑,𝑚á𝑥 𝑝𝑜𝑠𝑖𝑡𝑖𝑣𝑜 = 35 kn.m
P á g i n a | 138

Figura 58

Figura 59

Exercício Resolvido - ELS


Verificar os ELS para a viga biapoiada indicada na Figura abaixo.
Dados: seção 25 cm x 80 cm, L = 7 m, concreto C30, aço CA-50,
armadura longitudinal 6φ16 (12,00 cm2), d = 72 cm, classe II de Agressividade
Ambiental. Carregamento distribuído de 40 kN/m (permanente) e 10 kN/m
(sobrecarga)
P á g i n a | 139

Figura 60

1. Momento de Fissuração:
Vamos começar nossos cálculos encontrando o momento de
fissuração, que seria a carga máxima que a viga suportaria sem
fissurar.

𝛼. 𝑓𝑐𝑡 . 𝐼𝑐
𝑀𝑟 = , 𝑜𝑛𝑑𝑒:
𝑦𝑡
1,2 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑒çõ𝑒𝑠 𝑇 𝑜𝑢 𝑑𝑢𝑝𝑙𝑜 𝑇
𝛼= {
1,5 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑠𝑒çõ𝑒𝑠 𝑟𝑒𝑡𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟𝑒𝑠
𝑏 . ℎ³ 25.80³
𝐼𝑐 = = = 1066666,66 𝑐𝑚4
12 12
ℎ 80
𝑦𝑡 = ℎ − 𝑥 = = = 40 𝑐𝑚
2 2

A. Formação de fissura
2⁄
3
𝑓𝑐𝑡 = {𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 = 0,21. 𝑓𝑐𝑘 (𝑒𝑚 𝑀𝑝𝑎, 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑖𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎)

2⁄ 2⁄
𝑓𝑐𝑡𝑘,𝑖𝑛𝑓 = 0,21. 𝑓𝑐𝑘 3 = 0,21. 30 3 = 2,03 𝑀𝑝𝑎 = 0,203 𝑘𝑛/𝑐𝑚²

𝛼. 𝑓𝑐𝑡 . 𝐼𝑐 1,5.0,203.1066666,66
𝑀𝑟 = = = 8120 𝑘𝑛. 𝑐𝑚 = 81,2 𝑘𝑛. 𝑚
𝑦𝑡 40
𝑃. 𝑙² 50.8²
𝑀𝑑,𝑟𝑎𝑟𝑎 = = = 400 𝑘𝑛. 𝑚
8 8
𝑀𝑑,𝑟𝑎𝑟𝑎 = 400 𝑘𝑛. 𝑚 > 𝑀𝑟 = 81,2 𝑘𝑛. 𝑚 → 𝐻á 𝑓𝑖𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎𝑠 𝑛𝑎 𝑣𝑖𝑔𝑎!

B. Deformação excessiva
2⁄ 2⁄
𝑓𝑐𝑡𝑚 = 0,3. 𝑓𝑐𝑘 3 = 0,3. 30 3 = 2,896 𝑀𝑝𝑎 = 0,2896 𝑘𝑛/𝑐𝑚²
P á g i n a | 140

𝛼. 𝑓𝑐𝑡 . 𝐼𝑐 1,5.0,2896.1066666,66
𝑀𝑟 = = = 11583,99 𝑘𝑛. 𝑐𝑚 = 115,84 𝑘𝑛. 𝑚
𝑦𝑡 40

2. Momento de inercia no estádio II


Agora nós vamos encontrar o momento de inércia da nossa viga
no estádio II, também conhecida como inércia de Bransson.

𝑏 2
𝑥 + 𝛼𝑒 . 𝐴𝑠 . 𝑥2 − 𝛼𝑒 . 𝐴𝑠 . 𝑑 = 0
2 2
𝐸𝑠 = 210000 𝑀𝑝𝑎
1⁄ 1⁄
𝐸𝑐 = 4760. 𝑓𝑐𝑘 2 = 4760. 30 2 = 26071,59 𝑀𝑝𝑎
𝐸𝑠 210000
𝛼𝑒 = = = 8,05
𝐸𝑐 26071,59
25 2
𝑥 + 8,05.12,00. 𝑥2 − 8,05.12,00.72 = 0
2 2
12,5𝑥2 2 + 96,6. 𝑥2 − 6955,2 = 0
𝑋2−1 = 20,04
𝑋2−2 = −27,77 (desprezamos a raiz negativa)
𝑏. 𝑥2 3
𝐼2 = + 𝛼𝑒 . 𝐴𝑠 . (𝑑 − 𝑥2 )2
3
25. 20,043
𝐼2 = + 8,05.12. (72 − 20,04)2 = 327872,16 𝑐𝑚4
3

3. Deformação excessiva
Vamos fazer agora as verificações pertinentes a deformação
excessiva (flechas).
H. Combinação quase permanente

𝑃𝑞𝑝 = 𝑔 + Ψ2 . 𝑞
43 𝑘𝑛 0,43 𝑘𝑛
𝑃𝑞𝑝 = 40 + 0,3.10 = =
𝑚 𝑐𝑚

I. Momento de inércia equivalente


P á g i n a | 141

𝑀𝑟 3 𝑀𝑟 3
𝐼 = 𝐼𝑒𝑞 = ( ) . 𝐼𝑐 + [1 − ( ) ] . 𝐼2
𝑀𝑎 𝑀𝑎
81,2 3 81,2 3
𝐼 = 𝐼𝑒𝑞 = ( ) . 1066666,66 + [1 − ( ) ] . 327872,16 = 582330,15 𝑐𝑚4
115,84 115,84

J. Flecha Imediata

5 𝑝. 𝑙 4
𝑎𝑖 = .
384 𝐸. 𝐼
5 0,43. 7004
𝑎𝑖 = . = 6,8 𝑐𝑚
384 26071,59.582330,15

K. Flecha diferida

∆ξ
𝛼𝑓 =
1 + 50. ρ′

𝑇 ≥ 70 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠
{ → ∆𝜉 = 2 − 0,68 = 1,32 (Pela figura 39)
𝑇𝑜 = 1 𝑚ê𝑠

𝜌′ = 𝑜 → 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
1,32
𝛼𝑓 = = 1,32
1
𝑎𝑓 = 𝛼𝑓 . 𝑎𝑖 = 1,32 . 6,8 = 8,84 𝑐𝑚

L. Flecha Total

𝑎𝑡 = 𝑎𝑖 . (1 + 𝛼𝑓 ) = 6,8. (1 + 8,84) = 66,91 𝑐𝑚

M. Flecha Limite

Pela figura 40, para aceitabilidade visual.


𝐿 700
𝑎𝑙𝑖𝑚 = = = 2,80 𝑐𝑚 → 𝑇𝑒𝑟𝑒𝑚𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑢𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑟𝑎𝑓𝑙𝑒𝑐ℎ𝑎
250 250
𝑎𝑡 = 66,91𝑐𝑚 > 𝑎𝑙𝑖𝑚 = 2,80 𝑐𝑚
P á g i n a | 142

N. Contraflecha

𝑎𝑓
𝑎𝑐 = 𝑎𝑖 +
2
8,84
𝑎𝑐 = 6,8 + = 11,22 𝑐𝑚 ≅ 11,5 𝑐𝑚
2

4. Abertura de Fissuras
Vamos fazer agora as verificações pertinentes a fissuração.
H. Dados Iniciais

∅ = 16 𝑚𝑚
𝜂 = 2,25 (𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 𝑛𝑒𝑟𝑣𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎𝑠, 𝐶𝐴50)
𝐸𝑠 = 210000𝑀𝑝𝑎 = 21000 𝑘𝑛/𝑐𝑚²

I. Taxa de armadura (Pri)


Com base na Figura 41, há duas regiões de envolvimento a
considerar (Figura a seguir): das barras externas, 𝐴𝑐𝑟𝑖,𝑒𝑥𝑡 , e das barras internas,
𝐴𝑐𝑟𝑖,𝑖𝑛𝑡 . O espaçamento horizontal 𝑒ℎ das barras longitudinais é dado por:

𝑏 − (2𝑐 + 2𝜙𝑡 + 6𝜙𝑙)


𝑒ℎ =
5
Onde: b é a base da viga, c é o cobrimento das armaduras, 𝜙𝑡 é o estribo, 𝜙𝑙
é o aço de flexão longitudinal, e 5 é o número de espaços entre as barras.

25 − (2.3,0 + 2.0,63 + 6.1,6)


𝑒ℎ = = 1,628 𝑐𝑚
5
As respectivas áreas de envolvimento resultam:
𝑒
𝐴𝑐𝑟𝑖,𝑒𝑥𝑡 = (𝑐 + 𝜙𝑡 + 𝜙𝑙 + ℎ⁄2). (𝑐 + 𝜙𝑡 + 12. 𝜙𝑙)

𝐴𝑐𝑟𝑖,𝑒𝑥𝑡 = (3 + 0,63 + 1,6 + 1,628⁄2) . (3 + 0,63 + 12.1,6) = 137,98 𝑐𝑚²

𝐴𝑐𝑟𝑖,𝑖𝑛𝑡 = (𝜙𝑙 + 𝑒ℎ ). (𝑐 + 𝜙𝑡 + 12. 𝜙𝑙)


𝐴𝑐𝑟𝑖,𝑖𝑛𝑡 = (1,6 + 1,628). (3 + 0,63 + 12.1,6) = 73,69 𝑐𝑚²
P á g i n a | 143

Adota-se o menor desses dois valores, resultando:


𝐴𝑐𝑟𝑖,𝑖𝑛𝑡 = 73,69 𝑐𝑚²
𝐴𝑠𝑙 1,6
𝜌𝑐𝑟𝑖 = = = 0,0217 = 2,17%
𝐴𝑠,𝑐𝑟𝑖 73,69

J. Momento Fletor para combinação frequente


Vamos fazer agora o momento fletor com a combinação de cargas
frequentes.

𝑀𝑑,𝑓𝑟𝑒 = 𝑀𝑔𝑘 + Ψ1 . 𝑀𝑞𝑘 → Ψ1 = 0,4 → Pela Figura 38


𝑃. 𝑙² 40 . 7²
𝑀𝑔𝑘 = = = 245 𝑘𝑛. 𝑚
8 8
𝑃. 𝑙² 10 . 7²
𝑀𝑞𝑘 = = = 61,25 𝑘𝑛. 𝑚
8 8
𝑀𝑑,𝑓𝑟𝑒 = 245 + 0,4 . 61,25 = 269,5 𝑘𝑛. 𝑚

K. Cálculo aproximado de 𝜎𝑠

𝑀𝑑,𝑓𝑟𝑒𝑞
𝜎𝑠 =
0,80. 𝑑. 𝑥2
269,5
𝜎𝑠 = = 0,2334 𝑘𝑛/𝑐𝑚²
0,80.72.20,04

L. Cálculo de σs no estádio II com αe = Es / Ec = 8,05

𝛼e . 𝑀𝑑,𝑓𝑟𝑒𝑞 . (𝑑 − 𝑥2 )
𝜎𝑠 =
𝐼2
8,05.269,5. (72 − 20,04)
𝜎𝑠 = = 0,343 𝑘𝑛/𝑐𝑚²
327872,16

M. Cálculo de Wk
P á g i n a | 144

𝛷𝑖 𝜎𝑠𝑖 3. 𝜎𝑠𝑖
𝑤1 = . .
12,5. 𝑛𝑖 𝐸𝑠𝑖 𝑓𝑐𝑡𝑚
w≤
𝛷𝑖 𝜎𝑠𝑖 4
𝑤2 = . . ( + 45)
{ 12,5. 𝑛𝑖 𝐸𝑠𝑖 ρ𝑟𝑖

𝛷𝑖 𝜎𝑠𝑖 3. 𝜎𝑠𝑖
𝑤1 = . .
12,5. 𝑛𝑖 𝐸𝑠𝑖 𝑓𝑐𝑡𝑚
16 73,69 3.73,69
𝑤1 = . . = 1,72 𝑚𝑚
12,5.2,25 21000 0,2565

𝛷𝑖 𝜎𝑠𝑖 4
𝑤2 = . . ( + 45)
12,5. 𝑛𝑖 𝐸𝑠𝑖 ρ𝑟𝑖

16 73,69 4
𝑤2 = . .( + 45) = 0,457 𝑚𝑚
12,5.2,25 21000 0,0217

Portanto Wk = 0,457 mm > Wliim = 0,4 mm (pela figura 43), portando deve-se
tomar as seguintes providências:
• Diminuir o diâmetro da barra (diminui Φ);
• Aumentar o número de barras mantendo o diâmetro (diminui σs);
• Aumentar a seção transversal da peça (diminui Φ).
Resumo

Nesta aula, abordamos:

✓ Exercícios de fixação e práticos sobre ELS e Torção, mais exercícios


propostos de mesmo tema.
Complementar

Para enriquecer o seu conhecimento é importante que você:


Revise os tópicos abordados nesta aula em bibliografia
presentes na Biblioteca Digital e material complementar;
Procure nos materiais complementares, principalmente na
norma que rege o uso do concreto armado no Brasil, que é NBR6118/2014, sobre os
coeficientes de segurança e as ações atuantes nas estruturas, esses temas tem que
ficar muito bem estabelecidos para você, aluno. Estude bastante.
Referências

Básica:
ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado Vol. 1. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,
2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7480 - Barras


e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado. Rio de Janeiro: Abnt, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 - Projeto


de Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: Abnt, 2014.

CARVALHO, R.B.; FILHO, J.R.F. Cálculo e Detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado: Segundo a NBR6118:2014. 4. ed. São Carlos: Ed. EDUFScar, 2014.

LEONHARDT, F.; MÖNNING, E. Construção de concreto – princípios básicos do


dimensionamento de estruturas de concreto armado, Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed.
Interciência, 1982.

PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projetos de edifícios. Apostila. São


Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.

SÜSSEKIND, J. C. Curso de concreto Vol. 1. Porto Alegre: Ed. Globo, 1985.

CARVALHO, Clauderson Basileu. Concreto armado I: de acordo com a


NBR6118/2014. Belo Horizonte: Unihorizontes, 2017.

Fontes consultadas:
ANDRADE, S. Modulo de elasticidade do concreto. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=U-71cdrsM1M. Acesso em: 16 dez. 2018.

CIVIL, Construção. Ensaio de resistência à tração na flexão de argamassa


industrializada (ABNT NBR 13279/05). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=HX8ys4BwCwM. Acesso em: 18 dez. 2018.

Disponível em: http:// http://construcaociviltips.blogspot.com.br/. Acesso em: 10 set.


2018.

Disponível em: http://www.dec.ufcg.edu.br/miltoncf. Acesso em: 10 set. 2018.

ESTRUTURAS, Dicio Ilustrado Estruturas. Disponível em:


http://dicioilustradoestruturas.blogspot.com.br/. Acesso em: 10 set. 2018.

LEAL, A. C. F. S. Investigação experimental do módulo de elasticidade nos


concretos produzidos em Brasília. 2012. 176 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Engenharia Civil e Ambiental, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Faculdade de
Tecnologia da Universidade de Brasília, Brasília, 2012. Cap. 5. Disponível em:
http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/11532/1/2012_AntonioCarlosFerreiraSouzaLeal.pdf.
Acesso em: 10 dez. 2018.

LIBÂNIO M. PINHEIRO. Fundamentos do concreto e projeto de edifícios. São


Paulo: Departamento de Engenharia de Estruturas, 2007. Disponível em:
http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Apost_EESC_USP_Libanio.pdf. Acesso em:
12 dez. 2018.
P á g i n a | 148

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: microestrutura, propriedades e


materiais. 3. ed. São Paulo: Ibracon, 2008.

SÁ, J. Ensaio de resistência à compressão de concreto - LABMATEC -


UNIVASF. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6TsqUeLjHA8. Acesso em: 18
dez. 2018.

STEPHENS, T. Ensaio Tração por Compressão Diametral. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=M-5WG4akAKc. Acesso em: 18 dez. 2018.
Aula 7
Escadas – Parte I

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula veremos a primeira parte dos estudos sobre as escadas, mais
especificamente as generalidades construtivas, as ações e os principais tipos
geométricos das escadas.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

➢ Entender as generalidades das escadas de concreto armado;


➢ Compreender sobre as cargas e as ações impostas sobre as
escadas;
➢ Identificar os diferentes tipos de escadas existentes.
P á g i n a | 150

Olá Aluno! Preparado para continuar os estudos sobre


concreto? Nessa aula vamos estudar algo muito interessante, as
escadas! Mais precisamente veremos sobre as cargas atuantes e
os tipos de escadas existentes.
Vamos lá!
7 ESCADAS - PARTE I

7.1 Generalidades

Apresenta-se um estudo das escadas usuais de concreto armado.


Escadas especiais, com comportamento diferente do trivial, não serão aqui
analisadas.

Dimensões

Recomenda-se, para a obtenção de uma escada confortável, que seja


verificada a relação: s + 2 e = 60 cm a 64 cm (Figura 49), onde s representa o valor
do "passo" e e representa o valor do "espelho", ou seja, a altura do degrau.
Entretanto, alguns códigos de obra especificam valores extremos, como, por
exemplo: s ≥ 25 cm e e ≤ 19 cm.
Valores fora destes intervalos só se justificam para escadas com fins
especiais, como por exemplo escadas de uso eventual. Impõe-se ainda que a altura
livre (ℎ𝑙 ) seja no mínimo igual a 2,10 m.
Sendo 𝑙𝑣 o desnível a vencer com a escada, lh o seu desenvolvimento
horizontal e n o número de degraus, tem-se:

𝑙𝑣
𝑒= ; ℎ𝑙 = 𝑠(𝑛 − 1)
𝑛
P á g i n a | 151

Figura 61: Recomendações para algumas dimensões da escada.

Considerando-se 𝑠 + 2 𝑒 = 62 𝑐𝑚 (valor médio entre 60 cm e 64 cm),


apresentam-se alguns exemplos:
• escadas interiores apertadas: 𝑠 = 25 𝑐𝑚; 𝑒 = 18,5 𝑐𝑚
• escadas interiores folgadas: 𝑠 = 28 𝑐𝑚; 𝑒 = 17,0 𝑐𝑚
• escadas externas: 𝑠 = 32 𝑐𝑚; 𝑒 = 15,0 𝑐𝑚
• escadas de marinheiro: 𝑠 = 0; 𝑒 = 31,0 𝑐𝑚

Segundo Machado (1983) a largura da escada deve ser superior a 80 cm em


geral e da ordem de 120 cm em edifícios de apartamentos, de escritórios e também
em hotéis. Já segundo outros projetistas, a largura correntemente adotada para
escadas interiores é de 100 cm, sendo que, para escadas de serviço, pode-se ter o
mínimo de 70 cm.

Tipos

Serão estudados os seguintes tipos de escadas:


• retangulares armadas transversalmente, longitudinalmente ou em cruz;
• com patamar;
• com laje em balanço;
• em viga reta, com degraus em balanço;
P á g i n a | 152

• com degraus engastados um a um (escada em "cascata");


• com lajes ortogonais;
• com lances adjacentes.

7.2 Ações

As ações serão consideradas verticais por m2 de projeção horizontal.

Peso próprio

O peso próprio é calculado com a espessura média h m, definida na Figura

47, e com o peso específico do concreto igual a 25 𝑘𝑁/𝑚3 .


Se a laje for de espessura constante e o enchimento dos degraus for de
alvenaria, o peso próprio será calculado somando-se o peso da laje, calculado em
função da espessura ℎ1 , ao peso do enchimento, calculado em função da espessura
𝑒
média 2 (Figura 62).

Figura 62: Laje com degraus de concreto e Laje com degrau de alvenaria.

Revestimentos

Para a força uniformemente distribuída de revestimento inferior (forro),


somada de piso, costumam ser adotados valores no intervalo de 0,8 𝑘𝑁⁄𝑚² a 1,2

𝑘𝑁⁄𝑚². Para o caso de materiais que aumentem consideravelmente o valor da


ação, como por exemplo o mármore, aconselha-se utilizar um valor maior.
P á g i n a | 153

Ação variável (ou ação de uso)

Os valores mínimos para as ações de uso, especificados pela NBR 6120


(1980), são os seguintes:
• escadas com acesso público: 3,0 𝑘𝑁⁄𝑚²;

• escadas sem acesso público: 2,5 𝑘𝑁⁄𝑚².

Ainda conforme a NBR 6120 (1980) em seu item 2.2.1.7, quando uma escada
for constituída de degraus isolados, estes também devem ser calculados para
suportar uma força concentrada de 2,5 kN, aplicada na posição mais desfavorável.
Como exemplo, para o dimensionamento de uma escada com degraus isolados em
balanço, além da verificação utilizando-se ações permanentes (g) e variáveis (q),
deve-se verificar o seguinte esquema de carregamento, ilustrado na Figura 63.

Figura 63: Degraus isolados em balanço: dimensionamento.

utilizando-se a força concentrada variável Q

Neste esquema, o termo g representa as ações permanentes linearmente


distribuídas e Q representa a força concentrada de 2,5 kN. Portanto, para esta
verificação, têm-se os seguintes esforços:
𝑔𝑙2
Momento fletor: 𝑀 = + 𝑄𝑙 ; Força cortante: 𝑉 = 𝑔𝑙 + 𝑄
2

No entanto, este carregamento não deve ser considerado na composição das


ações aplicadas às vigas que suportam os degraus, as quais devem ser calculadas
para a carga indicada anteriormente (3,0 𝑘𝑁⁄𝑚² ou 2,5 𝑘𝑁 ⁄𝑚²), conforme a Figura
64.
P á g i n a | 154

Figura 64: Ações a serem consideradas no dimensionamento da viga.

Gradil, mureta ou parede

Quando a ação de gradil, mureta ou parede não está aplicada diretamente


sobre uma viga de apoio, ela deve ser considerada no cálculo da laje.
A rigor esta ação é uma força linearmente distribuída ao longo da borda da
laje. No entanto, esta consideração acarreta um trabalho que não se justifica nos
casos comuns. Sendo assim, uma simplificação que geralmente conduz a bons
resultados consiste em transformar a resultante desta ação em outra uniformemente
distribuída, podendo esta ser somada às ações anteriores. O cálculo dos esforços é
feito, então, de uma única vez.
a) Gradil
O peso do gradil varia, em geral, no intervalo de 0,3 𝑘𝑁⁄𝑚 a 𝑘𝑁⁄𝑚.

b) Mureta ou parede
O valor desta ação depende do material empregado: tijolo maciço, tijolo
cerâmico furado ou bloco de concreto. Os valores usuais, incluindo revestimentos,
são indicados na tabela 7.

Tabela 7: Ações para mureta ou parede.


P á g i n a | 155

Segundo o item 2.2.1.5 da NBR 6120 (1980) ao longo dos parapeitos e


balcões devem ser consideradas aplicadas uma carga horizontal de 0,8 𝑘𝑁⁄𝑚 na
altura do corrimão e uma carga vertical mínima de 2 𝑘𝑁⁄𝑚 (Figura 66).

Figura 65: Ações definidas pela NBR 6120 (1980), para parapeitos.

7.3 Escadas retangulares

Serão consideradas as escadas armadas transversalmente, longitudinalmente


e em cruz, as escadas com patamar e as com laje em balanço, além das escadas
com degraus isolados engastados em viga reta e as escadas em cascata.

Escadas armadas transversalmente

Sendo "l" o vão teórico indicado na Figura 7 e "p" a força total uniformemente
distribuída, os esforços máximos, dados por unidade de comprimento, são:
𝑝𝑙2 𝑝𝑙
Momento fletor: 𝑀 = ; Força cortante: 𝑉 =
8 2

Em geral, a taxa de armadura de flexão resulta inferior à mínima (𝑎smín).


No cálculo da armadura mínima recomenda-se usar ℎ1 :
𝑎smín = 0,15% 𝑏𝑤 ℎ1 , sendo ℎ1 ≥ 7 cm.

Permite-se usar também a espessura h, mostrada na Figura 67, por ela ser
pouco inferior a ℎ1 .
P á g i n a | 156

Figura 66: Escada armada transversalmente.

Denominando-se a armadura de distribuição de 𝑎sdistr , obtém-se:


1⁄5 𝑑𝑎 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑝𝑟𝑖𝑛𝑐𝑖𝑝𝑎𝑙
𝑎sdistr ≥ 𝑓(𝑥) = {
0,90 𝑐𝑚²⁄𝑚

O espaçamento máximo das barras da armadura principal não deve ser


superior a 20 cm. Já o espaçamento da armadura de distribuição não deve superar
33 cm. Este tipo de escada é comumente encontrado em residências, sendo
construída entre duas paredes que lhe servem de apoio.
Neste caso, não se deve esquecer de considerar, no cálculo da viga-
baldrame, a reação da escada na alvenaria.

Escadas armadas transversalmente

O peso próprio é em geral avaliado por m2 de projeção horizontal. É pouco


usual a consideração da força uniformemente distribuída por m 2 de superfície
inclinada. Conforme a notação indicada na Figura 68, o momento máximo, dado por
unidade de largura, é igual a:
𝑝𝑙2 𝑝𝑖 𝑙𝑖 2
𝑚= ou 𝑚 =
8 8
P á g i n a | 157

𝑙 = vão na direção horizontal


𝑝 = força vertical uniformemente distribuída
𝑙𝑖 = vão na direção inclinada
𝑝𝑖 = força uniformemente distribuída perpendicular ao vão inclinado

Figura 67: Escada armada longitudinalmente.

O valor da força inclinada uniformemente distribuída (𝑝𝑖 ) pode ser obtido da


seguinte forma: considera-se largura unitária e calcula-se a força resultante que atua
verticalmente (𝑝); projeta-se esta força na direção perpendicular ao vão inclinado
(𝑝𝑖 ); divide-se essa força (𝑝𝑖 ) pelo valor do vão inclinado (𝑙𝑖 ), de forma a se obter
uma força uniformemente distribuída (𝑝𝑖 ), na direção perpendicular ao vão inclinado.
P á g i n a | 158

Figura 68: Roteiro para obtenção do valor de 𝒑𝒊 .

O roteiro referente a este cálculo está ilustrado na Figura 69. Com base no
procedimento mencionado, têm-se as seguintes expressões:

𝑙𝑖 = 𝑙 ⁄cos 𝛼
𝑃 = 𝑝. 𝑙
𝑝𝑖 = 𝑃. 𝑐𝑜𝑠 𝛼 = 𝑝. 𝑙. 𝑐𝑜𝑠 𝛼
𝑝𝑖 = 𝑃𝑖 ⁄𝑙𝑖 = (𝑝. 𝑙. 𝑐𝑜𝑠 𝛼)⁄(𝑙 ⁄cos 𝛼) = 𝑝. (𝑐𝑜𝑠 𝛼)²

O esforço cortante (v), por unidade de largura, nas extremidades resulta:

2 𝑙
𝑝𝑖 . 𝑙𝑖 𝑝(𝑐𝑜𝑠 𝛼) . 𝑐𝑜𝑠 𝛼 𝑝. 𝑙. 𝑐𝑜𝑠 𝛼
𝑣= = =
2 2 2

Supondo as mesmas condições de apoio nas duas extremidades, a força


resultante projetada na direção do vão inclinado (P sen α) irá produzir as reações
(𝑝. 𝑙. 𝑠𝑒𝑛 𝛼 ⁄2) / 2, de tração na extremidade superior e de compressão na
extremidade inferior. As tensões produzidas são pequenas e em geral não precisam
ser levadas em consideração. As extremidades poderão ser engastadas e, para este
caso, deverão ser consideradas as devidas condições estáticas.
Tanto no dimensionamento quanto no cálculo da armadura mínima, utiliza-se
a altura h (Figura 68).
P á g i n a | 159

Escadas armadas em cruz

Os esforços são calculados utilizando-se tabelas para ações verticais e


considerando-se os vãos medidos na horizontal.
Este tipo de escada está ilustrado na Figura 70.
Para o dimensionamento, na direção transversal, pode-se utilizar a altura ℎ1
no cálculo da armadura mínima. Já na direção longitudinal utiliza-se a altura h.
O cálculo das vigas horizontais não apresenta novidades. Nas vigas
inclinadas, as ações são admitidas verticais por metro de projeção horizontal e os
vãos são medidos na horizontal.

Figura 69: Escada armada em cruz.

Escadas com patamar

Para este tipo de escada, são possíveis várias disposições conforme mostra a
Figura 71. O cálculo consiste em se considerar a laje como simplesmente apoiada,
lembrando que a ação atuante no patamar em geral é diferente daquela atuante na
escada propriamente dita.
P á g i n a | 160

Figura 70: Tipos de patamares.

Fonte: MANCINI (1971)

Nos casos (a) e (b), dependendo das condições de extremidade, o


funcionamento real da estrutura pode ser melhor interpretado com o cálculo
detalhado a seguir. Considera-se o comportamento estático da estrutura
representado na Figura 72.

Figura 71: Comportamento estático.

Fonte: MANCINI (1971)

A reação 𝑅𝐵 pode ser dada pela composição das compressões 𝐶𝑒 e 𝐶𝑝 , que


ocorrem na escada e no patamar, respectivamente. Essas compressões podem
ocorrer em função das condições de apoio, nas extremidades da escada. Já os
P á g i n a | 161

casos e (d) não são passíveis deste tratamento, por se tratarem de estruturas
deformáveis.
Considerando-se o cálculo mencionado (escada simplesmente apoiada),
deve-se tomar muito cuidado no detalhamento da armadura positiva. A armadura
mostrada na Figura 73a tenderá a se retificar, saltando para fora da massa de
concreto que, nessa região, tem apenas a espessura do cobrimento. Para que isso
não aconteça, tem-se o detalhamento correto ilustrado na Figura 73b.

Figura 72: Detalhamento da armadura.

Fonte: MANCINI (1971)

Escadas com laje em balanço

Neste tipo de escada, uma de suas extremidades é engastada e a outra é


livre. Na Figura 74, o engastamento da escada se faz na viga lateral V.
O cálculo da laje é bastante simples, sendo armada em uma única direção,
com barras principais superiores (armadura negativa).
No dimensionamento da viga, deve-se considerar o cálculo à flexão e à
torção. Este último esforço deverá ser absorvido por pilares ou por vigas ortogonais.
Na Figura 74, os espelhos dos degraus trabalham como vigas engastadas na
viga lateral, recebendo as ações verticais provenientes dos degraus, dadas por
unidade de projeção horizontal. Já os elementos horizontais (passos) são
dimensionados como lajes, geralmente utilizando-se uma armadura construtiva.
P á g i n a | 162

Figura 73: Laje em balanço, engastada em viga lateral e Laje em balanço, com espelhos
trabalhando como vigas.

Fonte: MANCINI (1971)

Escadas em viga reta, com degraus em balanço

Os degraus são isolados e se engastam em vigas, que podem ocupar posição


central ou lateral (Figura 75).

Figura 74: Escada em viga reta, com degraus em balanço.

Mesmo no caso de a viga ocupar posição central, deve-se considerar a


possibilidade de carregamento assimétrico ocasionando torção na viga, com ações
variáveis (q e Q) atuando só de um lado (ver item 2.3).
Os degraus são armados como pequenas vigas, sendo interessante, devido à
sua pequena largura, a utilização de estribos.
Detalhes típicos são mostrados na Figura 75.
Para estes casos, a prática demonstra que é interessante adotar dimensões
mais robustas que as mínimas estaticamente determinadas. A leveza deste tipo de
escada pode ser responsável por problemas de vibração na estrutura.
P á g i n a | 163

Os degraus podem também ser engastados em uma coluna, que, neste caso,
estará sujeita a flexão composta.

Figura 75: Detalhes típicos.

Escadas com degraus engastados um a um (escada em “cascata”)

Se a escada for armada transversalmente, ou seja, caso se possa contar com


pelo menos uma viga lateral, recai-se no tipo ilustrado na Figura 76 do item 3.5.
Caso a escada seja armada longitudinalmente, segundo Machado (1983) ela
deverá ser calculada como sendo uma viga de eixo não reto. Os elementos verticais
poderão estar flexo-comprimidos ou flexo-tracionados. Já os elementos horizontais
são solicitados por momento fletor e por força cortante, para o caso de estruturas
isostáticas com reações verticais. Tem-se este exemplo ilustrado na Figura 76.
Segundo outros projetistas, pode-se considerar os degraus engastados um no
outro, ao longo das arestas, resistindo aos momentos de cálculo.
P á g i n a | 164

Neste caso, devido ao grande número de cantos vivos, recomenda-se dispor


de uma armadura na face superior (Figura 77).
As armaduras indicadas na Figura 77 podem ser substituídas pelas barras
indicadas na Figura 77b, referente a vãos grandes.

Figura 76: Exemplo de escada em cascata (MACHADO, 1983)


P á g i n a | 165

Figura 77: Esquema para escada em cascata.


Resumo

Nesta aula, abordamos:

✓ As generalidades das escadas de concreto armado;


✓ As ações que atuam ou podem atuar em uma escada;
✓ Alguns tipos de escadas de concreto armado.
Complementar

Para enriquecer o seu conhecimento é importante que você:


Revise os tópicos abordados nesta aula em bibliografia
presentes na Biblioteca Digital e material complementar;
Procure nos materiais complementares, principalmente na
norma que rege o uso do concreto armado no Brasil, que é NBR6118/2014, sobre os
coeficientes de segurança e as ações atuantes nas estruturas, esses temas tem que
ficar muito bem estabelecidos para você, aluno. Estude bastante.
Referências

Básica:
ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado Vol. 1. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,
2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7480 - Barras e


fios de aço destinados a armaduras para concreto armado. Rio de Janeiro: Abnt, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 - Projeto


de Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: Abnt, 2014.

CARVALHO, R.B.; FILHO, J.R.F. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado: Segundo a NBR6118:2014. 4. ed. São Carlos: Ed. EDUFScar, 2014.

LEONHARDT, F.; MÖNNING, E. Construção de concreto – princípios básicos do


dimensionamento de estruturas de concreto armado, Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed.
Interciência, 1982.

PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projetos de edifícios. Apostila. São


Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.

SÜSSEKIND, J. C. Curso de concreto Vol. 1. Porto Alegre: Ed. Globo, 1985.

Complementar:
CARVALHO, C. B. Concreto armado I: de acordo com a NBR6118/2014. Belo
Horizonte: Unihorizontes, 2017.

CIVIL, Blog do Engenheiro. Construção Civil. Disponível em:


http://construcaociviltips.blogspot.com.br/. Acesso em: 12 dez. 2018.
Exercícios
AULA 7

Exercício Resolvido
Encontre as ações atuantes na escada do exemplo a ser
desenvolvido será o de uma escada com lances adjacentes, com
patamares, para um edifício residencial. As Figuras abaixo
apresentam o desenho da forma estrutural da escada em planta, que é o corte
horizontal da estrutura, com o observador olhando para baixo. Como dados iniciais,
serão utilizados, neste projeto, concreto C25 e aço CA 50A; além disso, os valores
do passo (s) da escada e da altura do degrau (e) são, respectivamente, 30 cm e
17,00 cm.

Figura 78: Planta baixa.


P á g i n a | 170

Figura 79: Corte AA.

A. Avaliação da espessura da laje


Iniciaremos nosso exercício adotando uma espessura de 10 cm
para nossa laje, caso seja necessário aumentaremos posteriormente.

B. Cálculo da espessura média


Têm-se que a largura (s) e a altura (e) dos degraus são iguais a 30 cm e 17
cm, respectivamente. Portanto:
s + 2 e = 64 cm, o que satisfaz à condição de conforto.
As espessuras h, h1 e hm estão ilustradas na Figura abaixo.
P á g i n a | 171

17
𝑡𝑔 𝛼 = = 0,566
30
𝛼 = 𝑡𝑔−1 0,566 = 29,54°
ℎ 10
ℎ1 = = = 11,49 𝑐𝑚
cos 𝛼 cos 29,54
𝑒 17
ℎ𝑚 = ℎ1 + = 11,49 + = 19,99𝑐𝑚 ≈ 20 𝑐𝑚
2 2

C. Ações nas lajes


• Peso Próprio
O peso próprio é calculado utilizando-se a espessura média (hm)
para os lances inclinados e a espessura da laje (h) para os patamares.
Considera-se o peso específico do concreto igual a 25 kN/m3. Portanto:

𝛾𝑐 . (ℎ𝑚 . 𝐴𝑙 + ℎ. 2. 𝐴𝑝 )
𝑃𝑝 =
𝐴𝑡

A = área dos lances = 9x0,30. 1,2. 2 = 6,48 m²


Ap = área do patamar = 1,20. 2,40 = 2,88 m²
At = área total do espaço a ser ocupado pela escada = 9,36 m²

𝛾𝑐 . (ℎ𝑚 . 𝐴𝑙 + ℎ. 2. 𝐴𝑝 ) 25 (0,2.6,48 + 0,10.2.2,88)


𝑃𝑝 = = = 5 𝐾𝑛/𝑚²
𝐴𝑡 9,36

• Piso e Revestimento
Adotou-se um valor médio igual a 1,0 kN/m2. (NBR 6120)

• Mureta de meio tijolo furado


A ação proveniente da mureta deverá ser considerada em dobro, uma vez
que esta ação está presente nos dois lances da escada.
Peso próprio das muretas (ppm) = (pm. Am. 2) / At
pm = peso de parede de ½ tijolo furado = 1,90 kN/m2
Am = área de mureta presente em um lance de escada = 1,1. 2,40 = 2,64 m 2
At = área total do espaço a ser ocupado pela escada = 5,26. 3,10 = 16,31 m 2
Peso próprio das muretas (ppm): (1,90. 2,64. 2) / 16,31 = 0,62 kN/m2
P á g i n a | 172

• Ação Variável
NBR 6120 (1980), para escadas com acesso público: 3,0 kN/m2

• Resumo das Ações


Peso Próprio da Escada → 5 kn/m²
Acidental → 3 kn/m²
Revestimento → 1 kn/m²
Mureta → 0,62 kn/m²
Total → 9,62 kn/m²
Aula 8
Exercícios de revisão V1

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula faremos exercícios de fixação de tudo o que foi visto até agora
para a avaliação.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

➢ Entender as questões com mais facilidade, aproveitando para estudar


para a avaliação.
P á g i n a | 174

8 EXERCÍCIOS DE REVISÃO PARA V1

Olá Aluno! Vamos revisar tudo o que foi visto até agora?
Nesta aula resolveremos alguns exercícios para fixação para a
primeira avaliação.
Vamos lá?
Exercícios Propostos
Exercício 1 - ELS
Verificar os ELS para a viga biapoiada indicada na Figura abaixo.
Dados: seção 20 cm x 50 cm, l = 500 cm, concreto C20, aço CA-50, armadura
longitudinal 4φ12,5 (4,91 cm²), d = 45 cm, classe II de Agressividade Ambiental.
Carregamento distribuído de 40 kN/m (permanente) e 10 kN/m (sobrecarga).

Figura 80

Exercício 2 - Torção
Seja a viga V1 da marquise esquematizada abaixo, a qual está
submetida à torção de equilíbrio, além de flexão e cisalhamento. O fck
adotado foi de 20 MPa, o cobrimento de 2,5 cm (de acordo com as exigências da
nova NBR 6118), e a altura da viga é de 50 cm., armadura longitudinal superior
(negativa) 2φ10.0 mm – 1,57 cm², armadura longitudinal inferior (positiva) 3φ10.0
mm - 2,36 cm², 𝑉𝑆𝐷 = 40 𝐾𝑁, 𝑇𝑆𝐷 = 45 𝐾𝑁. 𝑚, 𝑀𝑆𝐷 = 30 𝐾𝑁. 𝑚 .
P á g i n a | 175

Figura 81

Exercício 3 - Aderência e Ancoragem


Calcule o comprimento de traspasse sem gancho, a armadura
transversal da emenda e estude a disposição das armaduras longitudinal
e transversalmente, a partir dos dados apresentados, considerando que será
necessário emendar todas as barras.
Dados:
• 𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 4,5 cm² (armadura de tração de viga fletida);
• 𝐴𝑠,𝑒𝑓 = 4 φ 12,5 mm = 4,91 cm²;
• aço CA-50, barras nervuradas (alta aderência) dispostas isoladamente
(sem feixe);
• aço CA-50 na armadura transversal;
• 𝑓𝑐𝑘 = 20 Mpa;
• 𝑏𝑤 = 20 cm, h=50 cm (seção transversal da viga);
• ∅𝑙 = 12,5 mm, ∅𝑡 = 5.0 mm;
• 𝐶𝑛𝑜𝑚 = 25 mm;
• condição de aderência: boa;
• diâmetro máximo do agregado = 19 mm;
P á g i n a | 176

Exercício 4 - Escada
O exemplo a ser desenvolvido será o de uma escada com lances
adjacentes, com patamares, para um edifício de escritórios. As Figuras
abaixo apresentam o desenho da forma estrutural da escada em planta, que é o
corte horizontal da estrutura, com o observador olhando para baixo. Como dados
iniciais, serão utilizados, neste projeto, concreto C20 e aço CA 50A; além disso, os
valores do passo (s) da escada e da altura do degrau (e) são, respectivamente, 30
cm e 17,00 cm.

Figura 82: Planta baixa.

Figura 83: Corte AA.


Resumo

Nesta aula, abordamos:

✓ Exercícios de fixação sobre Aderência e Ancoragem, ELS, Torção e


Escadas, tudo o que foi visto até agora, servindo de estudo para a
primeira avaliação.
Complementar

Para enriquecer o seu conhecimento é importante que você:


Revise os tópicos abordados nesta aula em bibliografia presentes
na Biblioteca Digital e material complementar.
Procure nos materiais complementares, principalmente na norma que rege o
uso do concreto armado no Brasil, que é NBR6118/2014, sobre os coeficientes de
segurança e as ações atuantes nas estruturas, esses temas tem que ficar muito bem
estabelecidos para você, aluno. Estude bastante.
Referências

Básica:
ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado Vol. 1. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,
2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7480 - Barras e


fios de aço destinados a armaduras para concreto armado. Rio de Janeiro: Abnt, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 - Projeto


de Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: Abnt, 2014.

CARVALHO, R.B.; FILHO, J.R.F. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado: Segundo a NBR6118:2014. 4. ed. São Carlos: Ed. EDUFScar, 2014.

LEONHARDT, F.; MÖNNING, E. Construção de concreto – princípios básicos do


dimensionamento de estruturas de concreto armado, Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed.
Interciência, 1982.

PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projetos de edifícios. Apostila. São


Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.

SÜSSEKIND, J. C. Curso de concreto Vol. 1. Porto Alegre: Ed. Globo, 1985.

Complementar:
CARVALHO, C. B. Concreto armado I: de acordo com a NBR6118/2014. Belo
Horizonte: Unihorizontes, 2017.
Aula 9
Escadas Parte II

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula daremos continuidade ao estudo das escadas, desta vez veremos
outros modelos construtivos para escadas.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

➢ Entender as características geométricas e construtivas das escadas em


formatos de L, U e O;
➢ Consiga dimensionar qualquer seção geométrica das escadas.
P á g i n a | 181

Olá Aluno! Preparado para continuar os estudos sobre


concreto? Nessa aula vamos continuar a estudar sobre as escadas,
continuaremos ainda a ver os tipos de escadas e dimensionar todos
eles! Vamos lá!
9 ESCADAS - PARTE II (ESCADAS COM LAJES ORTOGONAIS)

Podem ser em L, em U ou em O. Apresenta-se processo de cálculo


simplificado, que pode ser utilizado nos casos comuns.

9.1 Escadas em L

Este tipo de escada está ilustrado na Figura 81. Podem ter ou não vigas ao
longo do contorno externo.

Figura 84: Escada em L.

Escadas em L com vigas em todo o contorno externo

Uma escada em L com vigas em todo o contorno externo encontra-se


esquematizada na Figura 82a.
As reações de apoio podem ser calculadas pelo processo das áreas,
conforme indicado na Figura 82b.
P á g i n a | 182

O processo simplificado ora sugerido para cálculo dos momentos fletores


consiste em dividir a escada conforme o esquema indicado na Figura 83. As lajes L1
e L2 são consideradas apoiadas em três bordas, com a quarta borda livre. As ações
são admitidas uniformemente distribuídas nas lajes.
Os momentos fletores podem ser obtidos, por exemplo, nas tabelas indicadas
por Pinheiro (1993), utilizando-se, para este caso, a tabela referente à laje tipo 7. O
detalhamento típico das armaduras encontra-se na Figura 84.

Figura 85: Escada em L com vigas no contorno externo: forma estrutural e esquema das
reações de apoio.
P á g i n a | 183

Figura 86: Esquema para cálculo dos momentos fletores.

Figura 87: Detalhe típico das armaduras.


P á g i n a | 184

Escadas em L sem uma viga inclinada

Uma escada em L, sem uma das vigas inclinadas, encontra-se indicada na


Figura 85a. A Figura 85b indica a distribuição das reações de apoio, segundo o
processo das áreas.

Figura 88: Escada em L sem uma viga inclinada: forma estrutural e esquema das reações
de apoio.

O cálculo dos momentos fletores encontra-se esquematizado na Figura 86a.


Considera-se que a laje L1 esteja apoiada nas vigas V1 e V2 e na laje L2. Já a laje
L2 é considerada apoiada nas vigas V2 e V3. A reação de apoio da laje L1 na L2,
obtida pelo processo das áreas, é considerada uniformemente distribuída na L2.
Esta reação resulta no valor indicado a seguir, que é somado à ação que atua
diretamente na laje L2:

𝑝. 𝑐 2 1
=
2 𝑎(𝑐 + 𝑑)

Para obtenção dos momentos fletores na laje L1, como já foi visto, podem-se
utilizar tabelas, considerando-se carregamento uniformemente distribuído, três
bordas apoiadas e a outra livre. Já a laje L2 é considerada biapoiada, com:
P á g i n a | 185

𝑝 ∗. 𝑙 2
𝑚=
8

O termo p* representa a ação total que atua na laje L2, sendo esta constituída
pela soma da ação que atua diretamente na laje à reação proveniente da laje L1.
O detalhamento das armaduras está ilustrado na Figura 86b, recomendando-
se posicionar as barras longitudinais da laje L2 por baixo das relativas à laje L1.

Figura 89: Esquema para cálculo dos momentos fletores e detalhe das armaduras.
P á g i n a | 186

9.2 Escadas em U

Este tipo de escada está ilustrado na Figura 87. Pode ter ou não vigas ao
longo do contorno externo.

Figura 90: Escada em U.

Escadas em U com vigas em todo o contorno externo

Uma escada em U com vigas em todo o contorno externo encontra-se


esquematizada na Figura 88a. As reações de apoio podem ser calculadas pelo
processo das áreas, conforme indicado na Figura 88b.
O processo simplificado ora sugerido para cálculo dos momentos fletores
consiste em dividir a escada conforme o esquema indicado na Figura 86.
As lajes L1, L2 e L3 são consideradas apoiadas em três bordas, com a quarta
borda livre.
As ações são admitidas uniformemente distribuídas nas lajes.
Conforme já visto no item 4.1.1, os momentos fletores podem ser obtidos
através de tabelas.
O detalhamento típico das armaduras encontra-se na Figura 88.
P á g i n a | 187

Figura 91: Escada em U com vigas no contorno externo: forma estrutural e esquema das
reações de apoio.

Figura 92: Esquema para cálculo dos momentos fletores.


P á g i n a | 188

Figura 93: Detalhe típico das armaduras.

Escadas em U sem as vigas inclinadas V2 e V4

Uma escada em U, sem as vigas inclinadas V2 e V4, encontra-se indicada na


Figura 91a. A Figura 91b indica a distribuição das reações de apoio, segundo o
processo das áreas.
O cálculo dos momentos fletores encontra-se esquematizado na Figura 31a.
Considera-se a laje L1 apoiada nas vigas V1 e V3. Já a laje L2 é considerada
apoiada na viga V3 e nas lajes L1 e L3. Por fim, a laje L3 apoia-se nas vigas V3 e
V5. As reações de apoio da laje L2 nas lajes L1 e L3, obtidas pelo processo das
áreas, são consideradas uniformemente distribuídas nas lajes L1 e L3. Portanto
essas reações devem ser somadas às ações que atuam diretamente nas lajes L1 e
L3.
Os momentos fletores que atuam na laje L2 podem ser calculados utilizando-
se tabelas e considerando-se carregamento uniformemente distribuído, três bordas
apoiadas e a outra livre. Já as lajes L1 e L3 são consideradas biapoiadas, com:
𝑝∗.𝑙2
𝑚= , onde 𝑙, no caso, é igual ao comprimento (a + b).
8

O termo p* representa a ação total que atua em cada laje, sendo esta
constituída pela soma da ação que atua diretamente em cada laje à reação
proveniente da laje L2.
O detalhamento das armaduras está ilustrado na Figura 91b, com as
armaduras longitudinais das lajes L1 e L3 passando por baixo das relativas à laje L2.
P á g i n a | 189

Figura 94: Escada em U sem vigas inclinadas V2 e V4: forma estrutural e esquema das
reações de apoio.
P á g i n a | 190

Figura 95: Esquema para cálculo dos momentos fletores e detalhe das armaduras.

Escadas em U sem a viga inclinada V3

Uma escada em U, sem a viga inclinada V3, encontra-se indicada na Figura


93a. A Figura 93b indica a distribuição das reações de apoio, segundo o processo
das áreas. O cálculo dos momentos fletores encontra-se esquematizado na Figura
94a. Considera-se a laje L1 apoiada nas vigas V1 e V2 e na laje L2. Já a laje L2 é
considerada apoiada nas vigas V2 e V4. Por fim, a laje L3 apoia-se na laje L2 e nas
vigas V4 e V5.
P á g i n a | 191

As reações de apoio das lajes L1 e L3, obtidas pelo processo das áreas, são
consideradas uniformemente distribuídas na laje L2.
Portanto essas reações devem ser somadas à ação que atua diretamente na
laje L2. Os momentos fletores que atuam nas lajes L1 e L3 podem ser calculados
utilizando-se tabelas e considerando-se carregamento uniformemente distribuído,
três bordas apoiadas e a outra livre.
Já a laje L2 é considerada biapoiada, com:
𝑝∗.𝑙2
𝑚= , onde 𝑙, no caso, é igual ao comprimento (2c + d).
8

O termo p* representa a ação total que atua na laje L2, sendo esta constituída
pela soma da ação que atua diretamente na laje às reações provenientes das lajes
L1 e L3. O detalhamento das armaduras está mostrado na Figura 94b. Recomenda-
se que as barras da armadura longitudinal da laje L2 passem por baixo daquelas
correspondentes às lajes L1 e L3.

Figura 96: Escada em U sem a viga inclinada V3: forma estrutural e esquema das reações
de apoio.
P á g i n a | 192

Figura 97: Esquema para cálculo dos momentos fletores e detalhe das armaduras.

9.3 Escadas em O

Este tipo de escada está ilustrado na Figura 95. Pode ter ou não vigas ao
longo do contorno externo.
P á g i n a | 193

Figura 98: Escada em O.

Escadas em O com vigas em todo o contorno externo

Uma escada em O com vigas em todo o contorno externo encontra-se


esquematizada na Figura 96a.
As reações de apoio podem ser calculadas pelo processo das áreas,
conforme indicado na Figura 96b.
O processo simplificado ora sugerido para cálculo dos momentos fletores
consiste em dividir a escada conforme o esquema indicado na Figura 97.
As lajes L1, L2, L3 e L4 são consideradas apoiadas em três bordas, com a
quarta borda livre. As ações são admitidas uniformemente distribuídas nas lajes. Os
momentos fletores podem ser obtidos mediante o uso de tabelas, considerando-se
carregamento uniformemente distribuído, três bordas apoiadas e uma livre.
O detalhamento típico das armaduras é análogo ao mostrado para escada em
U, corte BB. Deve-se, sempre que possível, passar a armadura perpendicular à uma
borda livre por cima da armadura que tenha extremidades ancoradas em vigas.
P á g i n a | 194

Figura 99: Escada em O com vigas no contorno externo: forma estrutural e esquema das
reações de apoio.

Figura 100: Escada em O com vigas no contorno externo: esquema para cálculo dos
momentos fletores.
P á g i n a | 195

Escadas em O sem as vigas inclinadas V2 e V4 ou V1 e V3

Uma escada em O, sem as vigas inclinadas V2 e V4, encontra-se indicada na


Figura 98a.
A Figura 98b indica a distribuição das reações de apoio segundo o processo
das áreas.
O cálculo dos momentos fletores encontra-se esquematizado na Figura 99a.
Consideram-se as lajes L2 e L4 apoiadas nas vigas V1 e V3. Já a laje L1 é
considerada apoiada na viga V1 e nas lajes L2 e L4. Por fim, a laje L3 apoia-se na
viga V3 e nas lajes L2 e L4.
As reações de apoio das lajes L1 e L3, obtidas pelo processo das áreas, são
consideradas uniformemente distribuídas nas lajes L2 e L4.
Portanto as reações provenientes das lajes L1 e L3 devem ser somadas às
ações que atuam diretamente nas lajes L2 e L4.
Os momentos fletores que atuam nas lajes L1 e L3 podem ser calculados
mediante o uso de tabelas, considerando-se carregamento uniformemente
distribuído, três bordas apoiadas e a outra livre. Já as lajes L2 e L4 são
consideradas biapoiadas, com:
𝑝∗.𝑙2
𝑚= , onde 𝑙, no caso, é igual ao comprimento (2c + d).
8

O termo p* representa a ação total que atua na laje, sendo esta constituída
pela soma da ação que atua diretamente em cada laje às reações provenientes das
lajes L1 e L3.
P á g i n a | 196

Figura 101: Escada em O sem vigas inclinadas V2 e V4: forma estrutural e esquema das
reações de apoio.

O detalhamento das armaduras está mostrado na Figura 38b. Recomenda-se


que a armadura longitudinal das lajes L2 e L4 passe por baixo daquelas
correspondentes às lajes L1 e L3.
P á g i n a | 197

Figura 102: Esquema para cálculo dos momentos fletores e detalhe das armaduras.
P á g i n a | 198

9.4 Escadas com lances adjacentes

Este tipo de escada está ilustrado na Figura 100. Podem ter ou não vigas ao
longo do contorno externo. Nas figuras utilizadas para representar este tipo de
escada, a linha tracejada que acompanha internamente os lances da escada
representa a faixa de sobreposição de um lance em outro.

Figura 103: Escada com lances adjacentes.

Escadas com lances adjacentes, com vigas inclinadas no contorno externo

Uma escada com lances adjacentes, com vigas em todo o contorno externo,
encontra-se esquematizada na Figura 101a. As reações de apoio podem ser
calculadas pelo processo das áreas, conforme indicado na Figura 102b. O processo
simplificado ora sugerido para cálculo dos momentos fletores consiste em dividir a
escada conforme o esquema indicado na Figura 101a. As lajes L1, L2 e L3 são
consideradas apoiadas em três bordas, com a quarta borda livre.
P á g i n a | 199

Figura 104: Escada com lances adjacentes, com vigas no contorno externo: forma estrutural
e esquema das reações de apoio.

Os momentos fletores podem ser obtidos mediante o uso de tabelas,


considerando-se carregamento uniformemente distribuído e considerando-se três
bordas apoiadas e a outra livre. O detalhamento típico das armaduras encontra-se
na Figura 102b.
P á g i n a | 200

Figura 105: Escada com lances adjacentes com vigas no contorno externo: esquema de
cálculo e detalhe das armaduras.
P á g i n a | 201

Escadas com lances adjacentes, com vigas inclinadas V2 e V4

Uma escada com lances adjacentes, sem as vigas inclinadas V2 e V4,


encontra-se indicada na Figura 103a. A Figura 103b indica a distribuição das
reações de apoio segundo o processo das áreas.

Figura 106: Escada com lances adjacentes, sem as vigas inclinadas V2 e V4: forma
estrutural e esquema das reações de apoio.

O cálculo dos momentos fletores encontra-se esquematizado na Figura 103a.


Considera-se a laje L1 como estando apoiada nas vigas V1 e V3. Já a laje L2 é
considerada apoiada nas vigas V3 e V5. Os momentos fletores que atuam nas lajes
L1 e L2 são calculados considerando-as biapoiadas:

𝑝 ∗. 𝑙 2
𝑚=
8

O termo p representa a ação total que atua nas lajes L1 e L2. Com relação à
Figura 89a, o termo l representa o maior vão (a+b). O detalhamento das armaduras
está ilustrado na Figura 103b.
P á g i n a | 202

Figura 107: Esquema para cálculo dos momentos fletores e detalhe das armaduras.

Escadas com lances adjacentes, sem a viga V3.


Uma escada com lances adjacentes, sem a viga V3, encontra-se indicada na
Figura 104a. A Figura 104b indica a distribuição das reações de apoio segundo o
processo das áreas.
O cálculo dos momentos fletores encontra-se esquematizado na Figura 104a.
Considera-se a laje L1 apoiada nas vigas V1 e V2 e na laje L2. Já a laje L2 é
considerada apoiada nas vigas V2 e V4.
P á g i n a | 203

Por fim, a laje L3 apoia-se nas vigas V4 e V5 e na laje L2. As reações de


apoio das lajes L1 e L3, na laje L2, obtidas pelo processo das áreas, são
consideradas uniformemente distribuídas na laje L2. Portanto estas reações devem
ser somadas às ações que atuam diretamente na laje L2.
Os momentos fletores que atuam nas lajes L1 e L3 podem ser calculados
utilizando-se tabelas e considerando-se carregamento uniformemente distribuído,
três bordas apoiadas e a outra livre. Já a laje L2 é considerada biapoiada, com:
𝑝∗.𝑙2
𝑚= , onde 𝑙, no caso, é igual ao comprimento (d).
8

O termo p* representa a ação total que atua na laje, sendo esta constituída
pela soma da ação que atua diretamente na laje L2 às reações provenientes das
lajes L1 e L3. O detalhamento das armaduras está mostrado na Figura 91b.
Recomenda-se que a armadura longitudinal da laje L2 passe por baixo daquela
correspondente às lajes L1 e L3.

Figura 108: Escada com lances adjacentes, sem a viga V3: forma estrutural e esquema das
reações de apoio.
P á g i n a | 204

Figura 109: Esquema para cálculo dos momentos fletores e detalhe das armaduras.

9.5 Outros tipos de escada

Para escadas diferentes das aqui apresentadas, devem ser consultados


trabalhos específicos. Por exemplo, para escadas helicoidais, tem-se o trabalho de
Azambuja (1962); para escadas autoportantes sem apoio no patamar tem-se o
trabalho de Knijnik; Tavares (1977); para escadas em espiral com apoio no centro,
tem-se o trabalho de Rutemberg (1975).
Resumo

Nesta aula, abordamos:

✓ Os diferentes tipos de escadas;


✓ As características geométricas das mesmas;
✓ Os dimensionamentos dos mesmos.
Complementar

Para enriquecer o seu conhecimento é importante que você:


Revise os tópicos abordados nesta aula em bibliografia presentes na
Biblioteca Digital e material complementar.
Veja mais sobre o tema de estádios de cálculo na NBR6118/2014, entender
sobre isso é de extrema importância para um bom dimensionamento de uma peça
de concreto armado, tornar uma estrutura segura, eficiente e econômica é tudo
que precisamos. Estude sobre isso, vai lá!
Referências

Básica:
ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado Vol. 1. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,
2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7480 - Barras


e fios de aço destinados a armaduras para concreto armado. Rio de Janeiro: Abnt, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 - Projeto


de Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: Abnt, 2014.

CARVALHO, R.B.; FILHO, J.R.F. Cálculo e Detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado: Segundo a NBR6118:2014. 4. ed. São Carlos: Ed. EDUFScar, 2014.

LEONHARDT, F.; MÖNNING, E. Construção de concreto – princípios básicos do


dimensionamento de estruturas de concreto armado, Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed.
Interciência, 1982.

PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projetos de edifícios. Apostila. São


Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.

SÜSSEKIND, J. C. Curso de concreto Vol. 1. Porto Alegre: Ed. Globo, 1985.

CARVALHO, Clauderson Basileu. Concreto armado I: de acordo com a


NBR6118/2014. Belo Horizonte: Unihorizontes, 2017.

Fontes consultadas:
ANDRADE, S. Modulo de elasticidade do concreto. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=U-71cdrsM1M. Acesso em: 16 dez. 2018.

CIVIL, Construção. Ensaio de resistência à tração na flexão de argamassa


industrializada (ABNT NBR 13279/05). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=HX8ys4BwCwM. Acesso em: 18 dez. 2018.

Disponível em: http:// http://construcaociviltips.blogspot.com.br/. Acesso em: 10 set.


2018.

Disponível em: http://www.dec.ufcg.edu.br/miltoncf. Acesso em: 10 set. 2018.

ESTRUTURAS, Dicio Ilustrado Estruturas. Disponível em:


http://dicioilustradoestruturas.blogspot.com.br/. Acesso em: 10 set. 2018.

LEAL, A. C. F. S. Investigação experimental do módulo de elasticidade nos


concretos produzidos em Brasília. 2012. 176 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Engenharia Civil e Ambiental, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Faculdade de
Tecnologia da Universidade de Brasília, Brasília, 2012. Cap. 5. Disponível em:
http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/11532/1/2012_AntonioCarlosFerreiraSouzaLeal.pdf.
Acesso em: 10 dez. 2018.

LIBÂNIO M. PINHEIRO. Fundamentos do concreto e projeto de edifícios. São


Paulo: Departamento de Engenharia de Estruturas, 2007. Disponível em:
http://coral.ufsm.br/decc/ECC1006/Downloads/Apost_EESC_USP_Libanio.pdf. Acesso em:
12 dez. 2018.
P á g i n a | 208

MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: microestrutura, propriedades e


materiais. 3. ed. São Paulo: Ibracon, 2008.

SÁ, J. Ensaio de resistência à compressão de concreto - LABMATEC -


UNIVASF. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6TsqUeLjHA8. Acesso em: 18
dez. 2018.

STEPHENS, T. Ensaio Tração por Compressão Diametral. Disponível em:


https://www.youtube.com/watch?v=M-5WG4akAKc. Acesso em: 18 dez. 2018..
Exercícios Resolvidos
1. Com base na planta da escada apresentada a seguir, calcule com as
características descritas e com os dados apresentados.

Dados: Fck=25 Mpa; h=10 cm; escada residencial; guarda corpo de metal
com 1 metro de altura.

Figura 110: Exercício.


P á g i n a | 210

Avaliação da espessura da laje.


Iniciaremos nosso exercício adotando uma espessura de 10cm para nossa
laje, caso seja necessário aumentaremos posteriormente.

B. Cálculo da espessura média


Têm-se que a largura (s) e a altura (e) dos degraus são iguais a 30 cm e 17
cm, respectivamente. Portanto:
s + 2 e = 64 cm, o que satisfaz à condição de conforto.
As espessuras h, h1 e hm estão ilustradas na Figura abaixo.

Figura 111

17
𝑡𝑔 𝛼 = = 0,566
30
𝛼 = 𝑡𝑔−1 0,566 = 29,54°
ℎ 10
ℎ1 = = = 11,49 𝑐𝑚
cos 𝛼 cos 29,54
𝑒 17
ℎ𝑚 = ℎ1 + = 11,49 + = 19,99𝑐𝑚 ≈ 20 𝑐𝑚
2 2

C. Ações nas lajes


• Peso Próprio
P á g i n a | 211

O peso próprio é calculado utilizando-se a espessura média (hm) para os


lances inclinados e a espessura da laje (h) para os patamares. Considera-se o peso
específico do concreto igual a 25 kN/m3. Portanto:

𝛾𝑐 . (ℎ𝑚 . 𝐴𝑙 + ℎ. 2. 𝐴𝑝 )
𝑃𝑝 =
𝐴𝑡

A = área dos lances = 8x0,30. 1,2. 2 = 5,76 m²


Ap = área do patamar = 1,20. 2,40 = 2,88 m²
At = área total do espaço a ser ocupado pela escada = 8,64 m²

𝛾𝑐 . (ℎ𝑚 . 𝐴𝑙 + ℎ. 𝐴𝑝 ) 25 (0,2.5,76 + 0,10.2,88)


𝑃𝑝 = = = 4,16 𝐾𝑛/𝑚²
𝐴𝑡 8,64

Para os revestimentos, guarda corpo e carga acidental iremos


consultar na norma NBR6120.
• Piso e Revestimento
Adotou-se um valor médio igual a 1,0 kN/m2. (NBR 6120)

• Guarda corpo metálico


Adotou-se um valor médio igual a 0,5 kN/m2. (NBR 6120)

• Carga acidental
NBR 6120 (1980), para escadas sem acesso público: 2,5 kN/m2

• Resumo das Ações


Com o resumo das ações temos:
Peso Próprio da Escada →4,16 kn/m²
Acidental → 2,5 kn/m²
Revestimento → 1 kn/m²
Guarda corpo → 0,5 kn/m²
Total → 8,16 kn/m²
P á g i n a | 212

Bom, com a carga em mãos podemos encontrar os valores de momento para


calcular nossa laje. Fazendo: 𝑆𝑑 = 1,4.8,16 = 11,42 𝑘𝑛/𝑚²
Utilizaremos o programa Ftool para encontrar o valor do momento atuante.
Modelo da escada, lance e o patamar, perceba que ambos estão apoiados, do
mesmo modo que foi nos dados no enunciado.

Figura 112

Gráfico de momento fletor, perceba que teremos um valor de 8 kn.m de


momento positivo e 8,8 kn.m para momento negativo.

Figura 113
P á g i n a | 213

Com os valores de momento nas mãos partimos então para o


dimensionamento da laje. Neste primeiro momento vamos encontrar o valor do K.
• Determinação do k - Negativo
𝑀𝑑 𝑘 ≤ 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
𝑘= ⇒ {
𝑓𝑐𝑑 . 𝑏𝑤 . 𝑑 2 𝑘 > 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘𝐿 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑢𝑝𝑙𝑎

𝑀𝑑 8,8 𝑥 100
𝑘= 2
= = 0,1456 > 0,295 → 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
𝑓𝑐𝑑 . 𝑏𝑤 . 𝑑 1,43.100.6,5²

• Para 𝑓𝑐𝑘 < 50 Mpa o valor de 𝑘𝑙 é igual a 0,295


• Bw para lajes é 100 cm, pois trabalhamos lajes a cada 1 m
• D = h-cobrimento = 10 – 3,5 = 6,5 cm

• Determinação da armadura – Negativo

𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑
𝐴𝑠1 = . (1 − √1 − 2𝑘 ′ )
𝑓𝑦𝑑
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ 𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑 (𝑘 − 𝑘 ′ )
𝐴𝑠2 = .
𝑓𝑦𝑑 𝑑′
{ (1 − )
𝑑

1,43.100.6,5
𝐴𝑠1 = . (1 − √1 − 2.0,1456)
43,48
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ 1,43.100.6,5 (0,1456 − 0,1456)
𝐴𝑠2 = .
43,48 3,5
{ (1 − )
6,5
𝐴𝑠1 = 3,38 𝑐𝑚²
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ {
𝐴𝑠2 = 0

• Determinação do k - Positivo
𝑀𝑑 𝑘 ≤ 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
𝑘= ⇒ {
𝑓𝑐𝑑 . 𝑏𝑤 . 𝑑 2 𝑘 > 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘𝐿 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑢𝑝𝑙𝑎

𝑀𝑑 8,0 𝑥 100
𝑘= 2
= = 0,1324 > 0,295 → 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
𝑓𝑐𝑑 . 𝑏𝑤 . 𝑑 1,43.100.6,5²
P á g i n a | 214

• Para 𝑓𝑐𝑘 < 50 Mpa o valor de 𝑘𝑙 é igual a 0,295


• Bw para lajes é 100 cm, pois trabalhamos lajes a cada 1 m
• D = h-cobrimento = 10 – 3,5 = 6,5 cm

• Determinação da armadura - Positiva

𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑
𝐴𝑠1 = . (1 − √1 − 2𝑘 ′ )
𝑓𝑦𝑑
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ 𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑 (𝑘 − 𝑘 ′ )
𝐴𝑠2 = .
𝑓𝑦𝑑 𝑑′
{ (1 − )
𝑑

1,43.100.6,5
𝐴𝑠1 = . (1 − √1 − 2.0,1324)
43,48
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ 1,43.100.6,5 (0,1324 − 0,1324)
𝐴𝑠2 = .
43,48 3,5
{ (1 − )
6,5
𝐴𝑠1 = 3,04 𝑐𝑚²
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ {
𝐴𝑠2 = 0

• Detalhamento do aço necessário


➔ Barras positivas e negativas
Vamos utilizar barras de 8 mm para detalhamento desta escada, o
aço CA50 de 8 mm de diâmetro tem uma área de 0,503 cm², portanto
3,38
para o detalhamento do aço negativo temos, 𝐴𝑠 = 0,503 = 6,72 ~ 7 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠
100
por metro, 𝑆 = = 14,28 𝑐𝑚 ~ 14𝑐𝑚, como nossa escada tem 1,20 m de
7
120
largura teremos, 𝑆 = = 8,57 ~ 9 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠. Para as barras positivas teremos: 𝐴𝑠 =
14
3,04
= 6,04 ~ 7 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠, seguindo a mesma lógica do negativo, teremos as mesmas 9
0,503

barras a cada 14 cm, tanto positivo, quanto negativo. Vamos ao detalhamento final
agora.

• Detalhamento Final
Analisando o gráfico de momento fletor podemos perceber que em algum
ponto, o momento negativo toca a linha neutra e passa para o momento positivo,
P á g i n a | 215

tendo em vista isso, não precisamos levar a barra negativa até o outro apoio, temos
que medir onde o gráfico toca o zero e levar a barra negativa até esse ponto.

Figura 114

No software ftool, podemos conferir exatamente onde fica esse ponto.

Figura 115
P á g i n a | 216

Como podemos perceber, o ponto zero fica situado a 2,53 m a partir do apoio
inferior do nosso lance.

Figura 116

Podemos perceber que o detalhamento da barra superior (negativa) não


percorre toda a escada, parando onde o gráfico do momento toca a zero, por
questões construtivas arredondamos (para cima, a favor da segurança) os valores
para a melhor execução. Observe o detalhe a seguir:
P á g i n a | 217

Figura 117

Perceba que o aço negativo, quando troca de direção chegando no


patamar, ele passa para baixo, fazendo o positivo e a barra positiva que desce por
toda a escada na parte inferior, quando chega no patamar sobre para fazer o
negativo. Esse cruzamento, possibilita uma melhor rigidez para a laje na troca de
direção, evitando o fenômeno do empuxo no vazio. Perceba que sempre vai existir
barras positivas e negativas neste trecho.
Aula 10
Exercícios de escadas

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula veremos alguns exercícios sobre as escadas.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

➢ Entender os cálculos de escadas de concreto armado;


➢ Resolver exercícios de escadas de concreto armado.
P á g i n a | 219

10 EXERCÍCIOS DE ESCADAS

Olá Aluno! Vamos praticar um pouco alguns exercícios de


escadas? Nesta aula resolveremos um exercício fazendo todas as
verificações.
Vamos lá?
Exercício 1 - ELS
Verificar os ELS para a viga biapoiada indicada na Figura abaixo.
Dados: seção 20 cm x 50 cm, l = 500 cm, concreto C20, aço CA-50,
armadura longitudinal 4φ12,5 (4,91 cm²), d = 45 cm, classe II de Agressividade
Ambiental. Carregamento distribuído de 40 kN/m (permanente) e 10 kN/m
(sobrecarga).

Figura 118

Exercício 2 - Torção
Seja a viga V1 da marquise esquematizada abaixo, a qual está
submetida à torção de equilíbrio, além de flexão e cisalhamento. O fck
adotado foi de 20 MPa, o cobrimento de 2,5 cm (de acordo com as exigências da
nova NBR 6118), e a altura da viga é de 50 cm., armadura longitudinal superior
(negativa) 2φ10.0 mm – 1,57cm², armadura longitudinal inferior (positiva) 3φ10.0 mm
- 2,36 cm², 𝑉𝑆𝐷 = 40 𝐾𝑁, 𝑇𝑆𝐷 = 45 𝐾𝑁. 𝑚, 𝑀𝑆𝐷 = 30 𝐾𝑁. 𝑚 .
P á g i n a | 220

Figura 119

Exercício 3 - Aderência e Ancoragem


Calcule o comprimento de traspasse sem gancho, a armadura
transversal da emenda e estude a disposição das armaduras longitudinal
e transversalmente, a partir dos dados apresentados, considerando que será
necessário emendar todas as barras.
Dados:
• 𝐴𝑠,𝑐𝑎𝑙𝑐 = 4,5 cm² (armadura de tração de viga fletida);
• 𝐴𝑠,𝑒𝑓 = 4 φ 12,5 mm = 4,91 cm²;
• aço CA-50, barras nervuradas (alta aderência) dispostas isoladamente
(sem feixe);
• aço CA-50 na armadura transversal;
• 𝑓𝑐𝑘 = 20 Mpa;
• 𝑏𝑤 = 20 cm, h=50 cm (seção transversal da viga);
• ∅𝑙 = 12,5 mm, ∅𝑡 = 5.0 mm;
• 𝐶𝑛𝑜𝑚 = 25 mm;
• condição de aderência: boa;
• diâmetro máximo do agregado = 19 mm;
P á g i n a | 221

Exercício 4 - Escada
O exemplo a ser desenvolvido será o de uma escada com lances
adjacentes, com patamares, para um edifício de escritórios. Deverá ser
considerada a existência de uma mureta de 1/2 tijolo furado separando os lances,
com altura igual a 1,1 m e ação correspondente a 1,9 kN/m2 de parede. Já com
relação às paredes localizadas sobre as vigas, considerou-se uma ação de 3,2
kN/m2, referente à espessura de 1 tijolo. A Figura A apresenta o desenho da forma
estrutural da escada em planta, que é o corte horizontal da estrutura, com o
observador olhando para baixo. Uma vista e dois cortes são apresentados nas
figuras B, C e D, respectivamente. Como dados iniciais, serão utilizados, neste
projeto, concreto C20 e aço CA 50A; além disso, os valores do passo (s) da escada
e da altura do degrau (e) são, respectivamente, 30 cm e 16,67 cm, sendo este último
um valor aproximado.

Figura 120: Forma da escada (dimensões em cm).

Fonte: LIBANIO (1997)


P á g i n a | 222

Figura 121: Corte AA.

Fonte: LIBANIO (1997)

Figura 122: Corte BB.

Fonte: LIBANIO (1997)


P á g i n a | 223

Figura 123: Corte CC.

Fonte: LIBANIO (1997)

Considera-se que a viga inclinada VE3 esteja apoiada na viga VT2 do


pavimento tipo e no pilar P4. Já a viga inclinada VE1 é considerada apoiada na viga
VT1 do pavimento tipo e no pilar P2. Os vãos das vigas inclinadas foram obtidos
considerando-se a distância horizontal entre os pontos de intersecção dos eixos
longitudinais das vigas e dos pilares (Figura 118).

Figura 124: Vãos das vigas inclinadas.

Fonte: LIBANIO (1997)

Para melhor visualizar o esquema das ligações entre as vigas e os pilares,


tem-se a Figura 119.
P á g i n a | 224

Figura 125: Esquemas das ligações entre vigas e pilares.

Fonte: LIBANIO (1997)

A. Avaliação da espessura da laje


Iniciaremos nosso exercício adotando uma espessura de 10 cm
para nossa laje, caso seja necessário aumentaremos posteriormente.
B. Cálculo da espessura média
Têm-se que a largura (s) e a altura (e) dos degraus são iguais a 30 cm e
16,67 cm, respectivamente. Portanto:
s + 2 e = 63 cm, o que satisfaz à condição de conforto.
As espessuras h, h1 e hm estão ilustradas na Figura 120.

Figura 126: Espessura média.

Fonte: MILITO (1997)


P á g i n a | 225

C. Ações nas lajes


• Peso Próprio
O peso próprio é calculado utilizando-se a espessura média (hm) para os
lances inclinados e a espessura da laje (h) para os patamares. Considera-se o peso
específico do concreto igual a 25 kN/m3. Portanto:

𝛾𝑐 . (ℎ𝑚 . 𝐴𝑙 + ℎ. 2. 𝐴𝑝 )
𝑃𝑝 =
𝐴𝑡

A = área dos lances = 2,40. 3,10 = 7,44 m2


Ap = área do patamar = 1,43. 3,10 = 4,43 m2
At = área total do espaço a ser ocupado pela escada = 5,26. 3,10 = 16,31 m2

𝛾𝑐 . (ℎ𝑚 . 𝐴𝑙 + ℎ. 2. 𝐴𝑝 ) 25 (0,1978.7,44 + 0,10.2.4,43)


𝑃𝑝 = = = 3,62 𝐾𝑛/𝑚²
𝐴𝑡 16,31

• Piso e Revestimento
Adotou-se um valor médio igual a 1,0 kN/m2. (NBR 6120)
• Mureta de meio tijolo furado
A ação proveniente da mureta deverá ser considerada em dobro, uma vez
que
esta ação está presente nos dois lances da escada.
Peso próprio das muretas (ppm) = (pm. Am. 2) / At
pm = peso de parede de ½ tijolo furado = 1,90 kN/m 2
Am = área de mureta presente em um lance de escada = 1,1. 2,40 = 2,64 m2
At = área total do espaço a ser ocupado pela escada = 5,26. 3,10 = 16,31 m2
Peso próprio das muretas (ppm): (1,90. 2,64. 2) / 16,31 = 0,62 kN/m2
• Ação Variável
NBR 6120 (1980), para escadas com acesso público: 3,0 kN/m 2.
• Resumo das ações
P á g i n a | 226

Tabela 8: Resumo das ações.

Fonte: MILITO (1997)

D. Reações de Apoio
As reações de apoio serão obtidas utilizando-se a notação indicada na Figura
54 e a tabela 2.3b, de BARES.
As reações de apoio (v) são determinadas pela expressão:
𝜗 (𝐺+𝑄).𝑙
𝑉= , onde: 𝜗 = coeficiente (tabela 2.3.b)
10

L = menor lado da laje (vão) Lx=332 cm

Com relação à notação utilizada, observa-se que a reação vx refere-se aos


lados da laje que são perpendiculares ao eixo x.

Figura 127: Reações da laje.

Fonte: MILITO (1997)

E. Vãos referentes aos lances inclinados e aos patamares


P á g i n a | 227

Na Figura 122 estão mostrados os vãos teóricos dos lances e dos patamares,
que serão calculados separadamente.

Figura 128: Esquema dos vãos referentes aos lances e aos patamares.

Fonte: MILITO (1997)

F. Dimensionamento dos lances (L2 e L4)


O cálculo dos momentos fletores e o dimensionamento das lajes à flexão
serão feitos utilizando-se, respectivamente, as tabelas 2.5d (laje tipo 7) e 1.1, dadas
em Pinheiro (1993) ou similar (Tabela de Bares).
• Momentos Fletores
O cálculo será feito considerando-se o esquema dado na Figura J. Os
momentos serão obtidos através da seguinte expressão:
𝜇 .(𝐺+𝑄).𝑙2
𝑀= , μ = coeficiente (tabela 2.5d)
100

l = 1,66 m (menor vão entre la e lb - Figura J)


la = 1,66 m (lado perpendicular à borda livre)
lb = 3,94 m (lado paralelo à borda livre)
λ = la / lb = 0,421
P á g i n a | 228

Figura 129: Notação para cálculo de momentos fletores (dimensões em m).

Fonte: MILITO (1997)

Como este valor não está presente na tabela, faz-se uma interpolação. Esta
interpolação, para cada um dos coeficientes, está ilustrada na figura 9.

Tabela 9: Valores interpolados (lances).

Fonte: MILITO (1997)

mx = (9,595. 8,24. 1,662) / 100 = 2,179 kN.m/m


my = (14,956. 8,24. 1,662) / 100 = 3,396 kN.m/m
myb = (25,313. 8,24. 1,662) / 100 = 5,748 kN.m/m

Com relação à convenção utilizada, considera-se que os momentos fletores


calculados são dados por unidade de largura e atuam em um plano de ação indicado
pelo índice. Por exemplo, mx é o momento fletor, dado por unidade de largura, com
plano de ação paralelo ao eixo x.
• Cálculo das Armaduras
Para este exemplo, o cálculo da armadura mínima foi feito considerando-se a
espessura h na direção longitudinal ao lance e a espessura h1 na direção
transversal. Para aço CA 50 e CA 60, tem-se:
➢ direção longitudinal: asmin = 0,15% . bw. h = (0,15/100) . 100. 10 = 1,50
cm2/m;
P á g i n a | 229

➢ direção transversal: asmin = 0,15% . bw. h1 = (0,15/100) . 100. 11,44 =


1,72 cm2/m.

Em lajes armadas em duas direções, o espaçamento entre as barras (s) não


deve superar 20 cm e o diâmetro das barras não deve ser superior a 0,1 h.
Portanto: s ≤ 20 cm
φ ≤ 0,1 h = 0,1 . 10 = 1 cm = 10 mm

Adotando-se a altura útil (d) como sendo igual a 9 cm, o cálculo das
armaduras está indicado na tabela 10. A disposição das armaduras paralelas a eixo
y está ilustrada na Figura 124.

Tabela 10: Dimensionamento dos lances (L2 e L4).

Fonte: MILITO (1997)

Figura 130: Armaduras paralelas ao eixo y (lances).

Fonte: MILITO (1997)

G. Dimensionamento dos patamares (L1 e L3)


O cálculo e dimensionamento dos patamares é feito de forma análoga ao já
visto no item anterior.
• Momentos Fletores
O esquema referente ao cálculo dos momentos fletores está mostrado na
Figura N.
P á g i n a | 230

Figura 131: Esquema dos momentos fletores no patamar (dimensões em m).

Fonte: MILITO (1997)

Como o valor de não está presente na tabela, faz-se uma interpolação. Esta
interpolação, para cada um dos coeficientes, está ilustrada na tabela 11.

Tabela 11: Valores interpolados (patamares).

Fonte: MILITO (1997)

Portanto:
mx = (8,906. 8,24. 1,542) / 100 = 1,740 kN.m/m
my = (14,247. 8,24. 1,542) / 100 = 2,784 kN.m/m
myb = (24,063. 8,24. 1,542) / 100 = 4,702 kN.m/m

• Cálculo das armaduras


Para o patamar, utiliza-se a espessura h para o cálculo da armadura mínima.

Para aço CA 50 e CA 60, tem-se:


asmin = 0,15% . bw. h = (0,15 / 100) . 100. 10 = 1,50 cm²/m

Analogamente ao item anterior, tem-se ainda que:


P á g i n a | 231

s ≤ 20 cm ; φ ≤ 0,1 h = 0,1 . 10 = 1 cm = 10 mm

Adotando-se a altura útil (d) como sendo igual a 9 cm, o cálculo das
armaduras está indicado na Figura P (PINHEIRO, 1993, tabela 1.1). A disposição
das armaduras paralelas ao eixo y está ilustrada na Tabela 12.

Tabela 12: Dimensionamento dos patamares (L1 e L3).

Fonte: MILITO (1997)

Figura 132: Armaduras paralelas ao eixo y (patamares).

Fonte: MILITO (1997)

K. Detalhamento
P á g i n a | 232

Figura 133: Esquema geral da armação entre lances e patamares (dimensões em cm).

Fonte: MILITO (1997)

Figura 134: Corte D-D (dimensões em cm).

Fonte: MILITO (1997)


P á g i n a | 233

Figura 135: Corte B-B (dimensões em cm).

Fonte: MILITO (1997)

Exercício 2 - Escada
Dimensione a escada a seguir com os dados apresentados.
Dados:
➔ Fck = 20Mpa;
➔ Escada de acesso ao público;
➔ Guarda corpo com mureta de 1m de altura e de 15 cm de espessura;

Figura 136
Resumo

Nesta aula, abordamos:

✓ Exercício de fixação de escadas.


Complementar

Para enriquecer o seu conhecimento é importante que você:


Revise os tópicos abordados nesta aula em bibliografia
presentes na Biblioteca Digital e material complementar;
Veja mais sobre o tema de estádios de cálculo na
NBR6118/2014, entender sobre isso é de extrema importância para um bom
dimensionamento de uma peça de concreto armado, tornar uma estrutura segura,
eficiente e econômica é tudo que precisamos. Estude sobre isso, vai lá!
Referências

Básica:
ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado Vol. 1. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,
2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7480 - Barras e


fios de aço destinados a armaduras para concreto armado. Rio de Janeiro: Abnt, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 - Projeto


de Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: Abnt, 2014.

CARVALHO, R.B.; FILHO, J.R.F. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado: Segundo a NBR6118:2014. 4. ed. São Carlos: Ed. EDUFScar, 2014.

LEONHARDT, F.; MÖNNING, E. Construção de concreto – princípios básicos do


dimensionamento de estruturas de concreto armado, Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed.
Interciência, 1982.

PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projetos de edifícios. Apostila. São


Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.

SÜSSEKIND, J. C. Curso de concreto Vol. 1. Porto Alegre: Ed. Globo, 1985.

Complementar:
CARVALHO, C. B. Concreto armado I: de acordo com a NBR6118/2014. Belo
Horizonte: Unihorizontes, 2017.
Aula 11
Rampas

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula estudaremos as rampas, conceitos de arquitetura e estruturais.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

➢ Entender os conceitos arquitetônicos;


➢ Compreender a distribuição das cargas;
➢ Calcular uma rampa.
P á g i n a | 238

11 RAMPAS

11.1 Introdução

As rampas na visão arquitetônica não se limitam apenas a soluções de


acessos. As gerações modernistas do século XX trouxeram não só a tecnologia,
mas novas possibilidades formais. A rampa começa a ser também um elemento
estético e formal, que determina conceito e é o protagonista de obras dos mais
célebres arquitetos. Rampas não excluem a presença da escada no projeto,
demandam espaço por causa da inclinação. Por questões de acessibilidade sempre
que houver escada, terá a necessidade de uma rampa ao lado.

Figura 137

Fonte: jcuberaba.com.br. (2014)

11.2 Características arquitetônicas

As rampas consomem muito mais área do que outras formas de circulação


vertical, como escadas e elevadores, porque devem ter inclinação suave.
Esse fator torna limitada a sua aplicação, pois não é todo projeto que dispõe
de espaço suficiente. Nos edifícios públicos, são elementos da acessibilidade
universal e devem cumprir exigências normativas. Já em espaços privados, como
residências, podem ter inclinação mais acentuada.
P á g i n a | 239

Exemplos menos felizes dessa solução arquitetônica são as rampas que dão
acesso às passarelas para pedestres sobre rodovias. São muitas, de percurso
cansativo e burocrático. Trata-se de um jogo de rampas vertical, isolado. Segundo
Hereñú, porém, é difícil pensar em outro desenho para elas. O ideal é que os
patamares intermediários cheguem a ambientes como um pequeno bar ou uma
banca de jornal, que dão um sentido mais urbano ao percurso. Ou que se integre
com a topografia, como ocorre na passarela projetada também por Artigas, na
Avenida 9 de Julho, em São Paulo. “Rampas são, portanto, projetos que exigem
muita integração, seja com os espaços do edifício, seja com os espaços urbanos”,
reafirma o arquiteto e urbanista.

Materiais

Os elementos construtivos mais frequentes para compor as rampas são


concretos e aço. Mesmo sendo tecnicamente viável a construção com madeira, a
norma técnica proíbe seu uso em edifícios públicos. O revestimento do piso deve ser
especificado de acordo com a função do edifício, mas sempre objetivando o conforto
e a segurança do usuário. No caso do Auditório Ibirapuera, também projetado por
Niemeyer, a rampa curta e helicoidal tem piso de concreto, como na maioria desses
elementos em espaços públicos.
A solução helicoidal tem a vantagem de ganhar algum espaço horizontal, se
comparada com a linear. Hereñú descarta qualquer possibilidade de rampas
circulares, que, no desenho, acabam por se tornar helicoidais. “A diferença entre
projetar rampas lineares ou helicoidais, mais largas ou estreitas, está na relação do
elemento com o restante do edifício. O projeto determina se a rampa está
estruturando tudo, se pode ser adicionada ou substituída por outra solução”, ensina,
indicando que a largura mínima é de 1,20 m para edifícios públicos.

Tipos

a) Rampas para garagem


Os materiais mais utilizados para a construção da rampa são o concreto e o
aço. Juntos, esses dois materiais deixam a estrutura resistente o bastante para
suportar o peso dos veículos. A norma técnica estabelece que a inclinação máxima
P á g i n a | 240

das rampas para garagens de edifícios seja de 20%. Essa é uma condição comum
nos acessos aos estacionamentos de edifícios, que se revelam íngremes e
desconfortáveis para pedestres, mas suficientes para automóveis. As larguras
variam de acordo com o desenho do elemento, ou seja, se for helicoidal, deve ser
mais larga. O mesmo vale para tráfego de mão dupla e circulação de ônibus e
caminhões. É preciso, ainda, que o projeto crie patamares horizontais, intercalando
trechos de rampas.
Em shopping centers e supermercados, as rampas ganham o conforto
adicional das esteiras rolantes, principalmente para que os usuários possam circular,
com segurança, com os carrinhos de compras. “Esse equipamento também permite
aumentar o fluxo de pessoas, como ocorre em algumas estações de metrô”, destaca
o arquiteto. Um bom exemplo é a estação Paulista, na rua da Consolação, onde o
intenso tráfego nos horários de pico seria ainda mais lento não fosse pela esteira
rolante – por ali, passam 22,5 mil passageiros/hora.

b) Rampas em balanço
Rampas em balanço, também devem pensadas como lajes. Os apoios das
lajes podem ser feitos por vigas em balanço, engastadas em outras vigas da
estrutura formadora da edificação.

Figura 138

Fonte: https://cddcarqfeevale.wordpress.com/2017/03/21/rampas-em-concreto-armado-
pedestres. (2018)
P á g i n a | 241

Dimensionamento

O dimensionamento de rampas em concreto armado deve seguir as mesmas


etapas de dimensionamento de lajes maciças de concreto armado, ditados pela NBR
6118: 2013. As espessuras que normalmente variam de 7 a 15 cm, lembrando que a
previsão de cargas baseada no uso da estrutura, nos mostra espessuras mais
usuais como (valores mínimos):
➢ 5 cm para lajes de cobertura não em balanço;
➢ 7 cm para lajes de piso ou de cobertura em balanço;
➢ 10 cm para lajes que suportem veículos de peso total menor ou igual a 30
kN;
➢ 12 cm para lajes que suportem veículos de peso total maior que 30 kN.

O cálculo de rampas, por mais que pareça simples, sempre surgem dúvidas
em como deixá-la dentro da norma e principalmente utilizável por aqueles que
precisam:

ℎ 𝑥 100
𝑖=
𝑐

Onde: i = a inclinação da rampa em porcentagem;


h = a altura do desnível;
c = o comprimento da projeção horizontal.

Ou seja, se tivermos um desnível de 16 cm, precisaremos de uma rampa com


comprimento total de 2 m.
P á g i n a | 242

Figura 139

Fonte: https://arqdicasblog.wordpress.com/2016/06/17/nbr-9050-calculo-de-rampas/. (2018)

Segundo a Norma: Acessibilidade: Edifícios públicos e privados são


obrigados a oferecer acessibilidade universal, porém, não é mandatório que o façam
por meio de rampas – a outra opção são os elevadores. A ABNT NBR 9050,
referente à acessibilidade em edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos determina que as rampas tenham inclinação máxima de 8,3%. “O cálculo de
quanto a linha vertical sobe em relação à horizontal é sempre feito em porcentagem.
Assim, para subir 1 m na vertical em relação a 10 m na horizontal, temos 1/10, ou
10%. A porcentagem normativa de 8,3% representa quase 1/12 – para subir 1 m,
são necessários 12 m de extensão”, esclarece Hereñú, acrescentando que o valor é
polêmico, com críticas de setores que o consideram elevado. As rampas da FAU-
USP, por exemplo, têm inclinação de cerca de 10%.
A norma tem uma tabela na qual coloca o as inclinações permitidas e o
desnível máximo permitido em cada seguimento e recomenda criar patamares de
descanso a cada 50 m de percurso.
P á g i n a | 243

Tabela 13: Patamares de descanso.

Fonte: NBR 9050 (2004)

Em reformas, quando todas as possibilidades de soluções estão esgotadas,


permite-se a utilização de inclinações maiores que 8,33% nas seguintes condições:

Tabela 14: Patamares de descanso.

Fonte: NBR 9050 (2004)

Patamares

Figura 140: Representação de patamares.

Fonte: NBR 9050 (2004)


P á g i n a | 244

Figura 141: Representação de patamares.

Fonte: https://qualificad.com.br/rampa-acessivel-nbr-9050-revit. (2017)

Os patamares devem estar no início e término das rampas e ter o


comprimento de 1.20 m, assim como os patamares dos seguimentos das rampas.
Quando forem patamares de mudança de direção, a dimensão deve ser igual à
largura da rampa.
Largura: A largura da rampa deve ser estabelecida de acordo com o fluxo de
pessoas. Para rampas em rotas acessíveis a largura deve ser de 1.50m, admitindo-
se o mínimo de 1.20.
No caso de edificações existentes, quando a largura da rampa for
impraticável, as rampas podem ser executadas com largura mínima de 0,90 m com
seguimentos de n máximo quatro metros (medidos na projeção horizontal),
respeitando os parâmetros de área de circulação e manobra previstos na norma.
Corrimão: A guia de balizamento deve ser em alvenaria e ter a altura mínima
de 5 cm com corrimão de duas alturas em cada lado.
P á g i n a | 245

Figura 142: Corte transversal com detalhe de guia e corrimão.

Fonte: NBR 9050 (2004)

Construção

Podemos pensar na sequência de execução, como sendo:


1. Confecção de forma de madeira sobre escoramento (Caso seja rampa sob
o solo, deverá ser compactar o nível do piso para deixar o molde no formato e
inclinação devida para assim receber a nata de concreto por cima, tendo uma boa
aderência e resistência dos materiais, Figura I);
2. Execução de armadura, com o posicionamento das barras de aço,
conforme projeto verificando os comprimentos de ancoragem, Figura J;
3. Concretagem, onde o traço de concreto deve produzir um concreto com
índice de fluidez mais baixo, na tentativa de garantir que ele não se deposite todo,
por gravidade, no pé da rampa, Figura K.
4. Retirar as formas e dar o acabamento com o revestimento adequado.

Figura 143

Fonte: www.fazfacil.com.br/reforma-construcao. (2014)


P á g i n a | 246

Figura 144

Fonte: www.unifal-mg.edu.br/planejamento/pocos-caldas-predio-f (2012)

Figura 145

Fonte: [YouTube - Concretagem de Laje Inclinada (Part.1) ] (2011)

Uma rampa de inclinação constante, como a que dá acesso ao Palácio do


Planalto em Brasília, tem 4 metros de altura na sua parte mais alta. Uma pessoa,
tendo começado a subi-la, nota que após caminhar 12,3 metros sobre a rampa está
a 1,5 metros de altura em relação ao solo. a) Faça uma figura ilustrativa da situação
descrita. b) Calcule quantos metros a pessoa ainda deve caminhar para atingir o
ponto mais alto da rampa. c) Qual a inclinação dessa rampa e questione se ela se
enquadra nas normas técnicas construtivas de uma rampa.
Resumo

Nesta aula, abordamos:

✓ As características arquitetônicas das rampas;


✓ As características e cuidados com as rampas acessíveis;
✓ Procedimento de cálculo das rampas como lajes inclinadas.
Complementar

Para enriquecer o seu conhecimento é importante que você:


Revise os tópicos abordados nesta aula em bibliografia presentes
na Biblioteca Digital e material complementar.
Procure nos materiais complementares, principalmente na norma que rege o
uso do concreto armado no Brasil, que é NBR6118/2014, sobre os coeficientes de
segurança e as ações atuantes nas estruturas, esses temas tem que ficar muito bem
estabelecidos para você, aluno. Estude bastante.
Exercícios
AULA 11

Olá Aluno! Vamos colocar em prática o que foi visto até


agora? Nesta aula resolveremos exercícios de fixação sobre as
rampas.
Vamos lá?

Exercício 1
Calcule a rampa a seguir com os dados informados.
Dados: Rampa de garagem com acesso de veículos de médio
porte e alguns veículos utilitários (caminhonetes); Concreto Fck=30 Mpa;
Cobrimento de 3 cm, laje com espessura de 15 cm.

Figura 146

Neste exercício iremos dimensionar a laje em questão, comece


verificando se a laje é armada em uma ou em duas direções, dependendo
do caso varia o processo de cálculo das ações atuantes, porém o cálculo
da armadura segue o mesmo conceito de flexão já vistos na aula 8 de concreto
armado I.
Vamos lá!
P á g i n a | 250

Figura 147

Resolução:
➔ Classificação quanto a relação entre os lados
O primeiro passo é verificar que tipos de laje estamos trabalhando,
se é uma laje armada em uma direção (trabalha como viga), ou uma laje
armada em duas direções (trabalha com valores tabelados, tabela de bares em
anexo), para isso utilizamos as seguintes formulas:
𝑙𝑥 𝑙𝑦
𝜆= ou 𝜆 = a relação entre x e y fica a seu critério, para esse exemplo
𝑙𝑦 𝑙𝑥

iremos adora X como sendo o menor lado e Y sendo o maior lado, ou seja, Lx = 310
cm e Ly = 1015 cm.
𝑙𝑦 1015
𝜆= = = 3,27 → como o valor λ foi maior que 2, a laje é armada em
𝑙𝑥 310

uma direção.
➔ Cargas
O segundo passo é achar as cargas atuantes nessa laje, o
enunciado já nos deu a carga acidental e o revestimento, faltando apenas
acharmos o peso próprio da laje:
• Peso próprio:
𝑃𝑝 = 𝛾𝑐 . ℎ, iremos adotar uma altura de 15 cm para essa laje tendo em vista
que no enunciado nos alerta que irá ter tráfego de veículos, de acordo com a norma,
trafego de veículos até 3 kn/m a espessura mínima adotada deve ser de 10 cm, para
P á g i n a | 251

3,5 kn/m ou mais deverá ser de 12 cm. Como nossa carga acidental é de 5,0 kn/m
podemos utilizar uma laje com espessura de 15 cm.
𝑃𝑝 = 𝛾𝑐 . ℎ = 25 . 0,15 = 3,75 𝑘𝑛/𝑚²
• Revestimento
𝑄𝑟𝑒𝑣 = 1,0𝑘 𝑛/𝑚²
• Acidental
𝑄𝑎𝑐𝑖𝑑 = 5,0 𝑘𝑛/𝑚²
Combinação de Cálculo
• 𝑆𝑑 = 1,4 . (3,75 + 1,0 + 5,0) = 13,65 𝑘𝑛/𝑚² → A carga que
utilizaremos para o cálculo é a soma de todas as cargas atuantes, vezes o
coeficiente de segurança majorador de cargas.
➔ Momentos característicos de cálculo
O momento de cálculo será a formulação básica de vigas bi-apoiadas,
tendo em vista que uma laje unidirecional trabalha com vigas.
𝑆𝑑 . 𝑙² 13,65.3,1.3,1
𝑀𝑠𝑑 = = = 16,40 𝑘𝑛. 𝑚
8 8
➔ Determinação do k – para o eixo X
Agora vamos determinar qual é o valor da constante k, que é um
valor adimensional que mede a intensidade do momento fletor solicitante de
cálculo.
𝑀𝑑 𝑘 ≤ 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
𝑘= ⇒ {
𝑓𝑐𝑑 . 𝑏𝑤 . 𝑑 2 𝑘 > 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘𝐿 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑢𝑝𝑙𝑎
𝑀𝑑 16,40 𝑥 100
𝑘=𝑓 = 2,14 . = 0,053 < 0,295 → armação simples
𝑐𝑑 .𝑏𝑤 .𝑑2 100 . 12²

• Para 𝑓𝑐𝑘 < 50 Mpa o valor de 𝑘𝑙 é igual a 0,295


• Bw para lajes é 100 cm, pois trabalhamos lajes a cada 1 m
• D = h-cobrimento = 15 – 3,0 = 12,0 cm
➔ Definição da armadura (tracionada)
Vamos agora para o sexto passo, vamos determinar qual é o valor da
armadura tracionada (área de aço).
𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑
𝐴𝑠1 = . (1 − √1 − 2𝑘 ′ )
𝑓𝑦𝑑
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ 𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑 (𝑘 − 𝑘 ′ )
𝐴𝑠2 = .
𝑓𝑦𝑑 𝑑′
{ (1 − )
𝑑
P á g i n a | 252

2,14 .100 .12


𝐴𝑠1 = 43,48
. (1 − √1 − 2.0,053) = 3,22 𝑐𝑚²
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ { 1,43 .100 .6,5 (0,053−0,053) = 3,22 cm²/m
𝐴𝑠2 = 43,48 . 12 = 0 𝑐𝑚²
(1− )
15

➔ Definição da armadura (tracionada)


Como dimensionamos o aço para o momento na menor direção, temos que
colocar uma área de aço mínima na outra direção, por questões de controle de
fissuras e também por questões de armação.
𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,15%. 𝐴𝑐 = 0,0015.100.15 = 2,25 𝑐𝑚2 /𝑚
➔ Detalhamento do aço necessário
Agora com os valores da área de aço calculados vamos detalhar a armadura
necessária.
• Área de aço para a direção X = 3,22 cm²
• Área de aço para a direção Y = 2,25 cm²

Vamos utilizar o aço CA50 no diâmetro de 8.0 mm. No capítulo 2 da apostila


de concreto armado 1 existe um quadro com os valores de área do aço de cada
bitola, para o de 8.0 mm o valor é de 0,503 cm², ou podemos ainda utilizar a fórmula
de área do círculo para achar esse valor. Nas lajes, como já foi dito, nós
dimensionamos para cada 1 m de laje.
Observe como fica fácil achar a quantidade de barras necessárias:
3,22
𝐴𝑠𝑥 = 0,503 = 6,40 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 ≈ 7 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 para cada 1 m de laje nesta direção,

precisamos agora, achar o valor do aço disposto em toda a laje, para isso achamos
a distância que o aço deverá ficar um do outro, e depois detalhamos toda a laje. 𝑆 =
100
= 14,28 𝑐𝑚 ≈ 14 𝑐𝑚 , ou seja, em 1m de laje temos que ter 7 barras, dividindo o
7

valor de 1 m pelo número de barras necessário, conseguimos o espaçamento entre


elas. Procure arredondar os valores para números inteiros para facilitar a execução,
porém tome cuidado, nunca arredonde para cima, fazendo isso você colocaria
menos aço do que é necessário, arredondando para baixo você está a favor da
segurança. Para a outra direção, a maior delas, iremos detalhar com aço mais fino,
no diâmetro de 6.3 mm, pois na maior direção temos uma área de aço menor e a
incidência de cargas é menor também.
P á g i n a | 253

Figura 148

2,25
𝐴𝑠𝑥 = 0,315 = 7,14 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 ≈ 8 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 para cada 1m de laje nesta direção,

precisamos agora, achar o valor do aço disposto em toda a laje, para isso achamos
a distância que o aço deverá ficar um do outro, e depois detalhamos toda a laje. 𝑆 =
100
= 12,5 𝑐𝑚 , ou seja, em 1m de laje temos que ter 8 barras, dividindo o valor de
8

1m pelo número de barras necessário, conseguimos o espaçamento entre elas.

Exercício 2
Calcule a rampa a seguir com os dados informados.
Dados: Rampa de pedestres; Concreto Fck=25 Mpa; Cobrimento
de 3 cm, laje com espessura de 12 cm, mureta de guarda corpo com 15 cm de
espessura e 1m de altura circulando toda a rampa.
P á g i n a | 254

Figura 149

Figura 150
P á g i n a | 255

Figura 151

Figura 152
Aula 12
Exercícios de reservatórios e rampas

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula estudaremos sobre os reservatórios de água em concreto armado.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

➢ Entender as cargas atuantes nos reservatórios;


➢ Entender as diferenças entre os reservatórios enterrados e suspensos;
➢ Dimensionar os reservatórios com o carregamento de empuxo.
P á g i n a | 257

12 RESERVATÓRIOS

Olá Aluno! Preparado para continuar os estudos sobre


concreto? Nessa aula vamos estudar sobre os reservatórios,
entendendo a diferença dos carregamentos nos diferentes tipos de
reservatório, aplicar a carga triangular de empuxo, de solo e de água!
Vamos lá!

12.1 Classificação

Nos edifícios, as caixas d’água se apresentam, em geral, constituídas de


várias placas planas, podendo ser adotada uma classificação simples abrangendo
os principais tipos encontrados na prática. As caixas d’água serão divididas em duas
classes quanto à situação em relação à estrutura de base: elevadas e enterradas.
Ambos estes tipos são subdivididos em:
a) Caixas d’água armadas segundo um plano horizontal;
b) Caixas d’água armadas segundo um plano vertical;
c) Caixas d’água armadas em vários planos;
d) Caixas d’água contendo vigas ou paredes intermediárias.

12.2 Cargas

As cargas que atuam nas caixas d’água, além das sobrecargas e do peso
próprio, temos:
- Nas caixas elevadas: empuxo d’água;
- Nas caixas enterradas: empuxo d’água, empuxo de terra e subpressão
d’água. O empuxo d’água será representado por uma carga triangular atuando
normalmente às paredes, e o valor em qualquer ponto será:
𝑞água = 1000. h, onde h é a altura da coluna d’água em metros e 𝑞a o empuxo
em kgf/m². Na figura 151 apresentamos a configuração dos diagramas dos esforços
solicitantes oriundos do peso d’água.
P á g i n a | 258

Figura 153: Carregamento em kgf/m².

Assim, temos nas paredes cargas triangulares e no fundo carga uniforme.


Quanto ao empuxo de terra que atua nas caixas enterradas, seu valor
depende da natureza e das propriedades do solo (ângulo de “repouso” e peso
específico, por exemplo), e de uma maneira simplificada adotaremos o diagrama
triangular, e o valor em qualquer ponto será:
𝑞𝑠𝑜𝑙𝑜 = 𝛾𝑠𝑜𝑙𝑜 . ℎ, onde h é a altura do solo em metros e 𝑞𝑠𝑜𝑙𝑜 o empuxo em
kgf/m². A título de orientação, esse valor foi tomado a partir de um peso específico
médio, 𝛾𝑠𝑜𝑙𝑜 , igual a 1800 kgf/m³ e ângulo de “repouso” médio,  igual a 30º.
Nos reservatórios enterrados, quando o nível do lençol freático (nível d’água)
é mais elevado que o fundo da caixa, temos que considerar uma pressão exercida
pela água no sentido ascendente (baixo para cima), denominada subpressão (ver
figura 152). Chamando de h’ a diferença entre o nível d’água (NA) e o fundo da
caixa, podemos considerar a subpressão com o valor igual a 1000.h’, expresso em
kgf/m².

Figura 154: Carregamento, em kgf/m², para caixas enterradas – empuxo de terra e nível
d’água elevado, respectivamente.
P á g i n a | 259

12.3 Generalidades sobre o funcionamento das caixas d’água

De um modo geral, fazendo um corte vertical ou horizontal em um


reservatório, obteremos um quadro fechado de forma retangular representando as
solicitações, como mostram as figuras 153, 154, 155.

Reservatório elevado

Figura 155

Reservatório enterrado vazio

Figura 156: Corte vertical e horizontal de reservatório enterrado vazio, respectivamente.

Reservatório enterrado cheio

Figura 157: Corte vertical e horizontal de reservatório enterrado cheio, respectivamente.


P á g i n a | 260

Nas caixas d’água enterradas, teremos que acrescentar as cargas devidas à


subpressão, quando houver.
Ainda nas caixas enterradas, desde que o terreno permita, podemos
aproveitar o fundo da caixa como fundação da mesma, de modo que teremos uma
carga de baixo para a cima constituída pela reação do terreno que é igual ao peso
total da caixa acrescido das sobrecargas e dividido pela área do fundo. Nota-se,
também, que para a caixa cheia há concomitância da carga devida ao empuxo
d’água com a devida ao empuxo de terra, podendo ser calculada desde o início pela
resultante das duas. Porém, devido a vários fatores que podem ocorrer na situação
de caixa enterrada cheia, tais como: o solo adjacente não ter sido bem compactado,
ou mesmo a retirada deste material por alguma necessidade futura (por exemplo
manutenção), o autor aconselha não subtrair o empuxo de solo do empuxo da água,
ou seja, o carregamento ficará conforme a figura 156.

Figura 158: Corte vertical e horizontal de reservatório enterrado cheio, respectivamente.

12.4 Cálculo aproximado

Nas caixas d’água armadas em mais de uma direção, o cálculo exato se torna
muito complexo, pois teríamos que considerar a situação da caixa com seu
funcionamento em conjunto no espaço, estudando o problema à luz da teoria da
elasticidade. Para estudar o cálculo das lajes armadas em mais de uma direção por
métodos aproximados, podemos inicialmente observar que, na união das lajes entre
si, isto é, nas 8 arestas da caixa d’água existem dois tipos de situação distintas:
P á g i n a | 261

a) Arestas que possuem grandes momentos devido à continuidade, os quais


se aproximam dos valores que se obtêm imaginando engastamento perfeito;
b) Arestas que possuem momentos pequenos, podendo ser assimiladas a
apoio simples, para efeito de cálculo aproximado.
As arestas verticais, que unem as paredes entre si, são sempre do tipo “a”,
isto é, tem grandes momentos e podem ser consideradas como engaste perfeito,
para efeito de cálculo aproximado. Quanto às arestas horizontais que ligam as
paredes com a tampa e as paredes com o fundo, devemos considerar a direção das
cargas de acordo com as figuras 157, 158 e 159.

Figura 159: Esquema de cálculo para reservatório elevado.

Figura 160: Esquema de cálculo para reservatório enterrado vazio.

Figura 161: Esquema de cálculo para reservatório enterrado cheio.


Resumo

Nesta aula, abordamos:

✓ O funcionamento dos reservatórios;


✓ O dimensionamento dos mesmos.
Complementar

Para enriquecer o seu conhecimento é importante que você:


Revise os tópicos abordados nesta aula em bibliografia presentes na
Biblioteca Digital e material complementar.
Procure nos materiais complementares, principalmente na norma que rege o
uso do concreto armado no Brasil, que é NBR6118/2014, e também no material do
CARVALHO, R. C., FIGUEIREDO, J.R. – Cálculo e Detalhamento de Estruturas de
Concreto Armado Segundo a NBR6118/2014, Ed. EDUFscar, São Carlos, 2017. Sobre
os domínios de cálculo. Assim como as aulas anteriores esse tema é de suma
importância para um correto dimensionamento.
Referências

Básica:
ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado Vol. 1. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,
2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7480 - Barras e


fios de aço destinados a armaduras para concreto armado. Rio de Janeiro: Abnt, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 - Projeto


de Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: Abnt, 2014.

CARVALHO, R.B.; FILHO, J.R.F. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado: Segundo a NBR6118:2014. 4. ed. São Carlos: Ed. EDUFScar, 2014.

LEONHARDT, F.; MÖNNING, E. Construção de concreto – princípios básicos do


dimensionamento de estruturas de concreto armado, Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed.
Interciência, 1982.

PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projetos de edifícios. Apostila. São


Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.

SÜSSEKIND, J. C. Curso de concreto Vol. 1. Porto Alegre: Ed. Globo, 1985.

Complementar:
CARVALHO, C. B. Concreto armado I: de acordo com a NBR6118/2014. Belo
Horizonte: Unihorizontes, 2017.
Exercícios
AULA 12

Responda as questões abaixo com base no que foi


estudado até agora!

Exercício 1
Calcule o reservatório elevado a seguir com os dados informados.
Dados: altura da lâmina d’água: 2,00 m, altura interna do reservatório: 2, 30
m, paredes e lajes com espessura de 15 cm, concreto utilizado de Fck= 30 Mpa,
cobrimento de 3 cm.

Figura 162
P á g i n a | 266

Figura 163

Neste exercício iremos dimensionar o reservatório em questão,


vamos começar a dimensionar a laje de fundo, dimensionamos da forma
que já conhecemos, porém iremos considerar que esta laje está
engastada em todas as suas bordas.
Resolução:
1. Laje de fundo
➔ Classificação quanto a relação entre os lados
O primeiro passo é verificar que tipos de laje estamos trabalhando,
se é uma laje armada em uma direção (trabalha como viga), ou uma laje armada em
duas direções (trabalha com valores tabelados, tabela de bares em anexo), para isso
utilizamos as seguintes formulas:
𝑙𝑥 𝑙𝑦
𝜆= ou 𝜆 = a relação entre x e y fica a seu critério, para esse exemplo
𝑙𝑦 𝑙𝑥

iremos adora X como sendo o menor lado e Y sendo o maior lado, ou seja, Lx = 255
cm e Ly = 555 cm.
𝑙𝑦 555
𝜆= = = 2,17 → como o valor λ foi maior que 2, a laje é armada em
𝑙𝑥 255

uma direção.
P á g i n a | 267

➔ Cargas
O segundo passo é achar as cargas atuantes nessa laje, temos o
volume de água do reservatório, conseguimos achar de forma simples o
peso próprio da mesma, iremos considerar ainda um possível
revestimento de 1 kn/m²:

• Peso próprio:
𝑃𝑝 = 𝛾𝑐 . ℎ, iremos adotar uma altura de 15cm tendo visto que no enunciado
isso foi informado
𝑃𝑝 = 𝛾𝑐 . ℎ = 25 . 0,15 = 3,75 𝑘𝑛/𝑚²
• Revestimento
𝑄𝑟𝑒𝑣 = 1,0 𝑘𝑛/𝑚²
• Peso da água
𝑃á𝑔𝑢𝑎 = 27.360 𝑘𝑔 ÷ á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑙𝑎𝑗𝑒
𝑃á𝑔𝑢𝑎 = 27.360 𝑘𝑔 ÷ 2,40𝑥5,70
𝑃á𝑔𝑢𝑎 = 2000 𝑘𝑔𝑓/𝑚2
𝑃á𝑔𝑢𝑎 = 2 𝑡𝑓/𝑚2
𝑃á𝑔𝑢𝑎 = 20 𝑘𝑛/𝑚2

Combinação de Cálculo
• 𝑆𝑑 = 1,4 . (3,75 + 1 + 20) = 34,65 𝑘𝑛/𝑚² → A carga que utilizaremos para o
cálculo é a soma de todas as cargas atuantes, vezes o coeficiente de segurança
majorador de cargas.
➔ Momentos característicos de cálculo
O momento de cálculo será a formulação básica de vigas bi-engastadas,
tendo em vista que uma laje unidirecional trabalha como vigas, e dissemos no
começo do exercício que iriamos engastar a laje em todas as bordas.
P á g i n a | 268

Figura 164

Figura 165

Momento negativo encontrado no Ftool = 18,8 kn.m


Momento positivo encontrado no Ftool = 9,4 kn.m

➔ Determinação do k – para o eixo X (momento positivo)


Agora vamos determinar qual é o valor da constante k, que é um valor
adimensional que mede a intensidade do momento fletor solicitante de cálculo.
𝑀𝑑 𝑘 ≤ 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
𝑘= ⇒ {
𝑓𝑐𝑑 . 𝑏𝑤 . 𝑑 2 𝑘 > 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘𝐿 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑢𝑝𝑙𝑎
𝑀𝑑 9,40 𝑥 100
𝑘=𝑓 2
= 2,14 . = 0,030 < 0,295 → armação simples
𝑐𝑑 .𝑏𝑤 .𝑑 100 . 12²

• Para 𝑓𝑐𝑘 < 50 Mpa o valor de 𝑘𝑙 é igual a 0,295


• Bw para lajes é 100 cm, pois trabalhamos lajes a cada 1 m
• D = h-cobrimento = 15 – 3,0 = 12,0 cm

➔ Definição da armadura positiva (tracionada) – eixo x


Vamos agora para o sexto passo, vamos determinar qual é o valor da
armadura tracionada (área de aço).
P á g i n a | 269

𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑
𝐴𝑠1 = . (1 − √1 − 2𝑘 ′ )
𝑓𝑦𝑑
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ 𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑 (𝑘 − 𝑘 ′ )
𝐴𝑠2 = .
𝑓𝑦𝑑 𝑑′
{ (1 − )
𝑑
2,14 .100 .12
𝐴𝑠1 = . (1 − √1 − 2.0,030) = 1,79 𝑐𝑚²
43,48
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ { 1,43 .100 .6,5 (0,03−0,03) = 1,79 cm²/m
𝐴𝑠2 = . 12 = 0 𝑐𝑚²
43,48 (1− )
15

➔ Definição da armadura mínima (tracionada)


Como dimensionamos o aço para o momento na menor direção, temos que
colocar uma área de aço mínima na outra direção, por questões de controle de
fissuras e também por questões de armação, verificaremos ainda se o valor de área
mínima é superior ao valor da área de aço calculada.
𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,15%. 𝐴𝑐 = 0,0015.100.15 = 2,25 𝑐𝑚2 /𝑚

➔ Determinação do k – para o eixo X (momento negativo)


Agora vamos determinar qual é o valor da constante k, que é um valor
adimensional que mede a intensidade do momento fletor solicitante de cálculo.
𝑀𝑑 𝑘 ≤ 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
𝑘= ⇒ {
𝑓𝑐𝑑 . 𝑏𝑤 . 𝑑 2 𝑘 > 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘𝐿 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑢𝑝𝑙𝑎
𝑀𝑑 18,80 𝑥 100
𝑘=𝑓 2
= 2,14 . = 0,061 < 0,295 → armação simples
𝑐𝑑 .𝑏𝑤 .𝑑 100 . 12²

• Para 𝑓𝑐𝑘 < 50 Mpa o valor de 𝑘𝑙 é igual a 0,295


• Bw para lajes é 100 cm, pois trabalhamos lajes a cada 1 m
• D = h-cobrimento = 15 – 3,0 = 12,0 cm

➔ Definição da armadura negativa (tracionada) – eixo x


Vamos agora para o sexto passo, vamos determinar qual é o valor da
armadura tracionada (área de aço).
𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑
𝐴𝑠1 = . (1 − √1 − 2𝑘 ′ )
𝑓𝑦𝑑
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ 𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑 (𝑘 − 𝑘 ′ )
𝐴𝑠2 = .
𝑓𝑦𝑑 𝑑′
{ (1 − )
𝑑
2,14 .100 .12
𝐴𝑠1 = 43,48
. (1 − √1 − 2.0,061) = 3,71 𝑐𝑚²
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ { 1,43 .100 .6,5 (0,03−0,03) = 3,71 cm²/m
𝐴𝑠2 = 43,48 . 12 = 0 𝑐𝑚²
(1− )
15
P á g i n a | 270

➔ Detalhamento do aço necessário – laje de fundo


Agora com os valores da área de aço calculados vamos detalhar a armadura
necessária.
• Área de aço para a direção X positivo = 2,25 cm²
• Área de aço para a direção x negativa = 3,71 m²
• Área de aço para a direção Y positiva = 2,25 cm²
• Área de aço para a direção Y negativa = 3,71 cm²

2. Laje de tampa
➔ Classificação quanto a relação entre os lados
O primeiro passo é verificar que tipos de laje estamos trabalhando, se é uma
laje armada em uma direção (trabalha como viga), ou uma laje armada em duas
direções (trabalha com valores tabelados, tabela de bares em anexo), para isso
utilizamos as seguintes formulas:
𝑙𝑥 𝑙𝑦
𝜆= ou 𝜆 = a relação entre x e y fica a seu critério, para esse exemplo
𝑙𝑦 𝑙𝑥

iremos adora X como sendo o menor lado e Y sendo o maior lado, ou seja, Lx = 255
cm e Ly = 555 cm.
𝑙𝑦 555
𝜆= = = 2,17 → como o valor λ foi maior que 2, a laje é armada em
𝑙𝑥 255

uma direção.

➔ Cargas
O segundo passo é achar as cargas atuantes nessa laje, como é uma laje de
tampa apenas não temos carga de água, temos apenas o peso próprio, carga de
revestimento e podemos adotar uma carga acidental com um valor qualquer,
adotaremos 1,5 kn/m², que é a mesma carga acidental de edificações.

• Peso próprio:
𝑃𝑝 = 𝛾𝑐 . ℎ, iremos adotar uma altura de 15 cm tendo visto que no enunciado
isso foi informado
𝑃𝑝 = 𝛾𝑐 . ℎ = 25 . 0,15 = 3,75 𝑘𝑛/𝑚²
• Revestimento
𝑄𝑟𝑒𝑣 = 1,0 𝑘𝑛/𝑚²
P á g i n a | 271

• Carga acidental

𝑄𝑎𝑐𝑖𝑑 = 1,5 𝑘𝑛/𝑚²

Combinação de Cálculo
• 𝑆𝑑 = 1,4 . (3,75 + 1 + 1,5) = 8,75 𝑘𝑛/𝑚² → A carga que utilizaremos para o
cálculo é a soma de todas as cargas atuantes, vezes o coeficiente de segurança
majorador de cargas.

➔ Momentos característicos de cálculo


O momento de cálculo será a formulação básica de vigas bi-engastadas,
tendo em vista que uma laje unidirecional trabalha como vigas, e dissemos no
começo do exercício que iriamos engastar a laje em todas as bordas.

Figura 166
P á g i n a | 272

Figura 167

Momento negativo encontrado no Ftool = 4,7 kn.m


Momento positivo encontrado no Ftool = 2,4 kn.m

➔ Determinação do k – para o eixo X (momento positivo)


Agora vamos determinar qual é o valor da constante k, que é um valor
adimensional que mede a intensidade do momento fletor solicitante de cálculo.
𝑀𝑑 𝑘 ≤ 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
𝑘= ⇒ {
𝑓𝑐𝑑 . 𝑏𝑤 . 𝑑 2 𝑘 > 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘𝐿 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑢𝑝𝑙𝑎
𝑀𝑑 2,40 𝑥 100
𝑘=𝑓 2
= 2,14 . = 0,0078 < 0,295 → armação simples
𝑐𝑑 .𝑏𝑤 .𝑑 100 . 12²

• Para 𝑓𝑐𝑘 < 50 Mpa o valor de 𝑘𝑙 é igual a 0,295


• Bw para lajes é 100 cm, pois trabalhamos lajes a cada 1 m
• D = h-cobrimento = 15 – 3,0 = 12,0 cm

➔ Definição da armadura positiva (tracionada) – eixo x


Vamos agora para o sexto passo, vamos determinar qual é o valor da
armadura tracionada (área de aço).
𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑
𝐴𝑠1 = . (1 − √1 − 2𝑘 ′ )
𝑓𝑦𝑑
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ 𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑 (𝑘 − 𝑘 ′ )
𝐴𝑠2 = .
𝑓𝑦𝑑 𝑑′
{ (1 − )
𝑑
2,14 .100 .12
𝐴𝑠1 = . (1 − √1 − 2.0,0078) = 0,46 𝑐𝑚²
43,48
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ { 1,43 .100 .6,5 (0,0078−0,0078) = 0,46 cm²/m
𝐴𝑠2 = 43,48 . 12 = 0 𝑐𝑚²
(1− )
15
P á g i n a | 273

➔ Definição da armadura mínima (tracionada)


Como dimensionamos o aço para o momento na menor direção, temos que
colocar uma área de aço mínima na outra direção, por questões de controle de
fissuras e também por questões de armação, verificaremos ainda se o valor de área
mínima é superior ao valor da área de aço calculada.

𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,15%. 𝐴𝑐 = 0,0015.100.15 = 2,25 𝑐𝑚2 /𝑚

➔ Determinação do k – para o eixo X (momento negativo)


Agora vamos determinar qual é o valor da constante k, que é um valor
adimensional que mede a intensidade do momento fletor solicitante de cálculo.

𝑀𝑑 𝑘 ≤ 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
𝑘= ⇒ {
𝑓𝑐𝑑 . 𝑏𝑤 . 𝑑 2 𝑘 > 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘𝐿 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑢𝑝𝑙𝑎
𝑀𝑑 4,70 𝑥 100
𝑘=𝑓 = 2,14 . = 0,01525 < 0,295 → armação simples
𝑐𝑑 .𝑏𝑤 .𝑑2 100 . 12²

• Para 𝑓𝑐𝑘 < 50 Mpa o valor de 𝑘𝑙 é igual a 0,295


• Bw para lajes é 100 cm, pois trabalhamos lajes a cada 1 m
• D = h-cobrimento = 15 – 3,0 = 12,0 cm

➔ Definição da armadura negativa (tracionada) – eixo x


Vamos agora para o sexto passo, vamos determinar qual é o valor da
armadura tracionada (área de aço).
𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑
𝐴𝑠1 = . (1 − √1 − 2𝑘 ′ )
𝑓𝑦𝑑
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ 𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑 (𝑘 − 𝑘 ′ )
𝐴𝑠2 = .
𝑓𝑦𝑑 𝑑′
{ (1 − )
𝑑
2,14 .100 .12
𝐴𝑠1 = 43,48 . (1 − √1 − 2.0,01525) = 0,90 𝑐𝑚²
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ { 1,43 .100 .6,5 (0,01525−0,01525) = 0,90 cm²/m
𝐴𝑠2 = 43,48 . 12 = 0 𝑐𝑚²
(1− )
15

➔ Detalhamento do aço necessário – laje de teto


Agora com os valores da área de aço calculados vamos detalhar a armadura
necessária, podemos perceber que utilizaremos a área de aço mínima em ambas as
direções.
P á g i n a | 274

• Área de aço para a direção X positivo = 2,25 cm²


• Área de aço para a direção x negativa = 2,25 m²
• Área de aço para a direção Y positiva = 2,25 cm²
• Área de aço para a direção Y negativa = 2,25 cm²

3. Parede menor (direção X) – calculo como laje (carga de empuxo de


água)
Vamos dimensionar primeiramente a menor parede (direção X) para a carga
triangular de empuxo de água, portanto o dimensionamento é feito como laje.

➔ Classificação quanto a relação entre os lados


O primeiro passo é verificar que tipos de laje estamos trabalhando, se é uma
laje armada em uma direção (trabalha como viga), ou uma laje armada em duas
direções (trabalha com valores tabelados, tabela de bares em anexo), para isso
utilizamos as seguintes formulas:
𝑙𝑥 𝑙𝑦
𝜆= ou 𝜆 = a relação entre x e y fica a seu critério, para esse exemplo
𝑙𝑦 𝑙𝑥

iremos adora X como sendo o menor lado e Y sendo o maior lado, ou seja, Lx = 245
cm e Ly = 255 cm.
𝑙𝑦 255
𝜆= = = 1,05 → como o valor λ foi menor que 2, a laje é armada em
𝑙𝑥 245

duas direções.

➔ Cargas
O segundo passo é achar as cargas atuantes nessa laje, como é uma laje de
que recebe carga de empuxo de água, teremos tal carga, mais um revestimento
mais o peso próprio da mesma.
P á g i n a | 275

• Peso próprio:
𝑃𝑝 = 𝛾𝑐 . ℎ, iremos adotar uma altura de 15 cm tendo visto que no enunciado
isso foi informado
𝑃𝑝 = 𝛾𝑐 . ℎ = 25 . 0,15 = 3,75 𝑘𝑛/𝑚²

• Revestimento

𝑄𝑟𝑒𝑣 = 1,0 𝑘𝑛/𝑚²

• Carga de empuxo de água

𝑄á𝑔𝑢𝑎 = 10 𝑘𝑛. ℎ = 10𝑥2 = 20 𝑘𝑛/𝑚²

Combinação de Cálculo
• 𝑆𝑑 = 1,4 . (3,75 + 1 + 20) = 34,65 𝑘𝑛/𝑚² → A carga que utilizaremos para o
cálculo é a soma de todas as cargas atuantes, vezes o coeficiente de segurança
majorador de cargas.

➔ Momentos característicos de cálculo


Como estamos trabalhando com cargas triangulares de empuxo e é uma
laje bi-direcional, devemos encontrar os valores de momentos através de tabelas
apresentas neste caderno.
P á g i n a | 276

Tabela 15

• Momento negativo entre as paredes e entre a parede a laje de fundo/tampa

𝑀𝑚𝑎𝑥 = 𝑋𝑏𝑚á𝑥 . 𝑆𝑑 . ℎ²
𝑀𝑚𝑎𝑥 = −0,0375 . 34,65.2,452 = −7,79 𝑘𝑛. 𝑚/𝑚
• Momento positivo na direção de A (h=2,45 m)

𝑀𝑚𝑎𝑥 = 𝑀𝑎 𝑚á𝑥 . 𝑆𝑑 . ℎ²
𝑀𝑚𝑎𝑥 = 0,013 . 34,65.2,452 = 2,70 𝑘𝑛. 𝑚/𝑚
• Momento positivo na direção de A (h=2,45 m)

𝑀𝑚𝑎𝑥 = 𝑀𝑏 𝑚á𝑥 . 𝑆𝑑 . ℎ²
𝑀𝑚𝑎𝑥 = 0,0142 . 34,65.2,552 = 3,19 𝑘𝑛. 𝑚/𝑚

Podemos observar que os valores dos momentos positivos não variaram


muito, para simplificação de cálculo e de armação, vamos adotar o maior momento
positivo e calcular as duas armaduras sendo iguais.
P á g i n a | 277

➔ Determinação do k – para o momento positivo


Agora vamos determinar qual é o valor da constante k, que é um valor
adimensional que mede a intensidade do momento fletor solicitante de cálculo.
𝑀𝑑 𝑘 ≤ 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
𝑘= ⇒ {
𝑓𝑐𝑑 . 𝑏𝑤 . 𝑑 2 𝑘 > 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘𝐿 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑢𝑝𝑙𝑎
𝑀𝑑 3,19 𝑥 100
𝑘=𝑓 = 2,14 . = 0,010 < 0,295 → armação simples
𝑐𝑑 .𝑏𝑤 .𝑑2 100 . 12²

• Para 𝑓𝑐𝑘 < 50 Mpa o valor de 𝑘𝑙 é igual a 0,295


• Bw para lajes é 100cm, pois trabalhamos lajes a cada 1 m
• D = h-cobrimento = 15 – 3,0 = 12,0 cm

➔ Definição da armadura positiva (tracionada) – eixo x


Vamos agora para o sexto passo, vamos determinar qual é o valor da
armadura tracionada (área de aço).
𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑
𝐴𝑠1 = . (1 − √1 − 2𝑘 ′ )
𝑓𝑦𝑑
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ 𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑 (𝑘 − 𝑘 ′ )
𝐴𝑠2 = .
𝑓𝑦𝑑 𝑑′
{ (1 − )
𝑑
2,14 .100 .12
𝐴𝑠1 = 43,48
. (1 − √1 − 2.0,01) = 0,60 𝑐𝑚²
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ { 1,43 .100 .6,5 (0,01−0,01) = 0,60 cm²/m
𝐴𝑠2 = 43,48 . 12 = 0 𝑐𝑚²
(1− )
15

➔ Definição da armadura mínima (tracionada)


Como dimensionamos o aço para o momento na menor direção, temos que
colocar uma área de aço mínima na outra direção, por questões de controle de
fissuras e também por questões de armação, verificaremos ainda se o valor de área
mínima é superior ao valor da área de aço calculada.
𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,15%. 𝐴𝑐 = 0,0015.100.15 = 2,25 𝑐𝑚2 /𝑚

➔ Determinação do k – para o momento negativo


Agora vamos determinar qual é o valor da constante k, que é um valor
adimensional que mede a intensidade do momento fletor solicitante de cálculo.
𝑀𝑑 𝑘 ≤ 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
𝑘= ⇒ {
𝑓𝑐𝑑 . 𝑏𝑤 . 𝑑 2 𝑘 > 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘𝐿 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑢𝑝𝑙𝑎
𝑀𝑑 7,79 𝑥 100
𝑘=𝑓 = 2,14 . = 0,02527 < 0,295 → armação simples
𝑐𝑑 .𝑏𝑤 .𝑑2 100 . 12²
P á g i n a | 278

• Para 𝑓𝑐𝑘 < 50 Mpa o valor de 𝑘𝑙 é igual a 0,295


• Bw para lajes é 100 cm, pois trabalhamos lajes a cada 1 m
• D = h-cobrimento = 15 – 3,0 = 12,0 cm

➔ Definição da armadura negativa (tracionada) – eixo x


Vamos agora para o sexto passo, vamos determinar qual é o valor da
armadura tracionada (área de aço).
𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑
𝐴𝑠1 = . (1 − √1 − 2𝑘 ′ )
𝑓𝑦𝑑
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ 𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑 (𝑘 − 𝑘 ′ )
𝐴𝑠2 = .
𝑓𝑦𝑑 𝑑′
{ (1 − )
𝑑
2,14 .100 .12
𝐴𝑠1 = 43,48
. (1 − √1 − 2.0,02527) = 1,51𝑐 𝑚²
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ { 1,43 .100 .6,5 (0,02527−0,02527) = 1,51 cm²/m
𝐴𝑠2 = 43,48 . 12 = 0 𝑐𝑚²
(1− )
15

➔ Detalhamento do aço necessário – parede como laje


Agora com os valores da área de aço calculados vamos detalhar a armadura
necessária, podemos perceber que utilizaremos a área de aço mínima em ambas as
direções.
• Área de aço para a direção X positivo = 2,25 cm²
• Área de aço para a direção X negativa = 2,25 m²
• Área de aço para a direção Y positiva = 2,25 cm²
• Área de aço para a direção Y negativa = 2,25 cm²

Podemos observar que mais uma vez, quem prevaleceu foi a área de aço
mínima.

4. Parede menor (direção X) – calculo como Viga


Vamos dimensionar agora nossa parede recebendo a carga da laje de fundo,
calculando como viga, para isso precisamos da reação da laje de fundo e da laje de
teto nessa parede (viga).
A parede recebe uma carga de 11,2 kn da laje de teto.
P á g i n a | 279

Figura 168

A parede recebe uma carga de 44,2kn da laje de fundo.

Figura 169

Temos então um total de 55,4 kn. Bom, precisamos entender agora a


vinculação desta parede, pensando como viga, ela tem que descarregar tal carga,
seriam agora nossos pilares, como não foi dado no enunciado, vamos dizer que
esse reservatório está apoiado em 4 pilares, um em cada extremidade e a viga
estaria simplesmente apoiada nos pilares. Então para achar o momento de cálculo
𝑆𝑑 .𝐿2
desta viga podemos usar o 𝑀𝑠𝑑 = , podemos ainda dizer que o valor encontrado
8

é sim o de cálculo, pois adotamos os coeficientes nos primeiros cálculos. Portanto:


𝑆𝑑 . 𝐿2 55,4 . 2,55²
𝑀𝑠𝑑 = = = 45,03 𝑘𝑛. 𝑚
8 8
P á g i n a | 280

➔ Determinação do k – para o momento de cálculo da parede como viga


Agora vamos determinar qual é o valor da constante k, que é um valor
adimensional que mede a intensidade do momento fletor solicitante de cálculo.
𝑀𝑑 𝑘 ≤ 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
𝑘= ⇒ {
𝑓𝑐𝑑 . 𝑏𝑤 . 𝑑 2 𝑘 > 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘𝐿 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑢𝑝𝑙𝑎
𝑀𝑑 45,03 𝑥 100
𝑘=𝑓 = 2,14 . = 0,0024 < 0,295 → armação simples
𝑐𝑑 .𝑏𝑤 .𝑑2 15 . 242²

• Para 𝑓𝑐𝑘 < 50 Mpa o valor de 𝑘𝑙 é igual a 0,295


• Bw é a base da viga, ou seja, 15 cm
• D = h-cobrimento = 245 – 3,0 = 242 cm (altura da viga parede)

➔ Definição da armadura
Vamos agora determinar qual é o valor da armadura tracionada (área de aço).
𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑
𝐴𝑠1 = . (1 − √1 − 2𝑘 ′ )
𝑓𝑦𝑑
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ 𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑 (𝑘 − 𝑘 ′ )
𝐴𝑠2 = .
𝑓𝑦𝑑 𝑑′
{ (1 − )
𝑑
2,14 .9 .242
𝐴 = . (1 − √1 − 2.0,0024) = 0,25 𝑐𝑚²
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ { 𝑠1 43,48 = 0,25 cm²/m

➔ Definição da armadura mínima (tracionada)


Vamos verificar a área de aço mínima para nossa viga parede
𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,15%. 𝐴𝑐 = 0,0015.15.245 = 5,51 𝑐𝑚2

➔ Definição da armadura mínima (armadura de pele)


Vamos verificar a área de aço mínima para a armadura de pele da nossa
viga, tendo em vista que a altura passa dos 60cm que a norma diz.
𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,10%. 𝐴𝑐 = 0,0010.15.245 = 3,67 𝑐𝑚2

Bom, a única coisa que nos falta é detalhar nosso reservatório. Vamos
observar que no detalhamento da nossa parede como viga, encontramos um valor
para a armadura de pele (costela lateral) superior ao valor encontrado no
dimensionamento como laje dessa mesma parede, portanto, teremos que detalhar
P á g i n a | 281

somente a armadura de pele, pois sua construção é idêntica à da laje, as lajes de


fundo e tampa detalharemos normalmente.

5. Detalhamento da laje de Fundo


➔ Detalhamento do aço necessário – laje de fundo
• Área de aço para a direção X positivo = 2,25 cm²
• Área de aço para a direção x negativa = 3,71 m²
• Área de aço para a direção Y positiva = 2,25 cm²
• Área de aço para a direção Y negativa = 3,71 cm²

Para os momentos positivos, iremos detalhar igualmente para as duas


direções com o valor de 2,25 cm²/m. Vamos utilizar aço CA50 de 8 mm, cujo o
2,25
mesmo tem uma área de 0,5cm². 𝑁𝑏 = = 4,5 ~ 5 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠/𝑚.
0,5
100
Com um espaçamento de: 𝑆 = = 20 𝑐𝑚. Para o momento negativo
5

também igualaremos as direções e utilizaremos também a mesma barra com o


3,71
mesmo diâmetro para o detalhamento. 𝑁𝑏 = = 7,4 ~ 8 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠/𝑚.
0,5
100
Com um espaçamento de: 𝑆 = = 12,5 𝑐𝑚 ~ 12 𝑐𝑚. Bom, como iremos
8

engastar nossa laje de fundo nas nossas paredes, temos que adotar armadura
superior (negativa), por questões construtivas e facilidade de execução utilizaremos
a mesma barra fazendo o positivo e o negativo juntos, para isso então teremos que
modificar nosso cálculo de barras positivas, pois o valor de 12 cm encontrado no
negativo é uma área maior de aço, estaremos indo a favor da segurança
acrescentando aço positivo. Precisamos saber qual o tamanho da barra negativa
que teremos que usar, para isso vamos utilizar o software ftool mais uma vez para
saber onde o gráfico toca a zero e transfere o negativo para positivo.

O software nos mostra que o gráfico toca a zero a 0,54 m a partir do apoio,
então vamos adotar 0,55 com mais uns 20% de segurança, dando um total de 0,65
m vamos adotar 0,70 m para execução. Nossa barra ficaria da seguinte forma:
P á g i n a | 282

Figura 170

Temos nossa armadura positiva e negativa detalhadas para o reservatório nas


duas direções.

Figura 171

6. Detalhamento da laje de Tampa


➔ Detalhamento do aço necessário – laje de teto
• Área de aço para a direção X positivo = 2,25 cm²
• Área de aço para a direção X negativa = 2,25 m²
• Área de aço para a direção Y positiva = 2,25 cm²
• Área de aço para a direção Y negativa = 2,25 cm²

Para os momentos positivos e negativos, iremos detalhar igualmente para as


duas direções com o valor de 2,25 cm²/m. Vamos utilizar aço CA50 de 8 mm, cujo o
2,25
mesmo tem uma área de 0,5 cm². 𝑁𝑏 = = 4,5 ~ 5 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠/𝑚. Com um
0,5
100
espaçamento de: 𝑆 = = 20𝑐 𝑚. Bom, precisamos saber qual o tamanho da barra
5
P á g i n a | 283

negativa que teremos que usar, para isso vamos utilizar o software ftool mais uma
vez para saber onde o gráfico toca a zero e transfere o negativo para positivo.

Figura 172

O software nos mostra que o gráfico toca a zero a 0,54 m a partir do apoio,
então vamos adotar 0,55 com mais uns 20% de segurança, dando um total de 0,65
m vamos adotar 0,70 m para execução. Nossa barra ficaria da seguinte forma:

Figura 173

Temos nossa armadura positiva e negativa detalhadas para o reservatório nas


duas direções.

7. Detalhamento da parede como viga


Como já foi dito anteriormente, vamos detalhar nossas paredes somente
como viga, pois os valores encontrados para armadura de pele, que é a mesma
armadura de laje (cálculo da parede como laje), foi superior ao encontrado como
laje.
➔ Detalhamento de aço da viga
Área de aço tracionada → 5,51 𝑐𝑚2
Área de aço Armadura de Pele → 3,67 𝑐𝑚2
P á g i n a | 284

Iremos utilizar para armadura de pele (constela lateral) o diâmetro de 8mm,


para igualar com o aço positivo e negativo das lajes. Para o aço positivo e negativo
longitudinal das vigas vamos adotar diâmetro de 10 mm. A única verificação que
deixou de ser executada é o cisalhamento nas vigas para o dimensionamento dos
estribos, iremos adotar diâmetro de 8mm também e o espaçamento de 12 cm para
facilitar a execução/amarração dos aços das lajes com as vigas, ficando com o
mesmo espaçamento. Vamos começar pela armadura longitudinal com diâmetro de
5,51
10mm, cuja área é de: 0,8 cm² então: 𝑁𝑏 = = 6,9 ~ 7 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠. A armadura de
0,8

pele nós temos que tomar um certo cuidado pois a área que encontramos nós
dividimos por 2 e colocamos em cada face da viga, porém como estamos
trabalhando substituindo a armadura de flexão da laje pela armadura de pele, temos
que ver se a metade da armadura de pele é o mesmo valor do cálculo como laje.
Temos do cálculo da laje um valor de 2,25 cm² da flexão na laje. A metade da
armadura de pele: 3,67/2 = 1,83 cm². Ou seja, não atende. Vamos detalhar a
armadura de pele com 2,25 cm² por face. Como já foi dito, vamos usar o diâmetro de
2,25
8mm para armadura de pele. 𝑁𝑏 = = 4,5 ~ 5 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠/𝑓𝑎𝑐𝑒. Temos que verificar
0,5

ainda, que esse valor de 2,25 cm² é por uma faixa de 1m (cálculo de laje) e para
vigas não calculamos dessa forma. Ou seja, temos que colocar 5 barras em cada
face, porém com um espaçamento de 20 cm entre elas, dando assim um número
maior que 5 barras por face, a nossa viga tem 2,45 m de altura (h), tirando os
cobrimentos temos 2,39 m devindo por 20 cm cada espaçamento temos um número
de 12 barras por face.
P á g i n a | 285

Figura 174

Com isso terminamos o dimensionamento do reservatório.


Aula 13
Exercícios de reservatórios e rampas

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula veremos alguns exercícios sobre os reservatórios e rampas.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

➢ Entender os cálculos de reservatórios em concreto armado;


➢ Resolver exercícios de reservatórios em concreto armado;
➢ Entender o funcionamento de rampas de concreto armado juntamente
com o seu dimensionamento.
P á g i n a | 287

13 EXERCÍCIOS DE RESERVATÓRIOS E RAMPAS

Olá Aluno! Vamos praticar um pouco alguns exercícios de


reservatórios? Nesta aula resolveremos um exercício fazendo todas
as verificações.
Vamos lá?
Exercício 1 - Resolvido - Reservatório
Dimensionar a laje de fundo de um reservatório elevado cúbico,
com espessura igual a 15 cm e vão efetivo igual a 3 metros. Adotar f ck
igual a 25 MPa, aço CA-50 e cobrimento igual a 3 cm.

Figura 175
P á g i n a | 288

Neste exercício iremos dimensionar a laje do reservatório em questão,


iremos considerar que esta laje está engastada em todas as suas bordas.
Resolução:
1. Laje de fundo
➔ Classificação quanto a relação entre os lados
O primeiro passo é verificar que tipos de laje estamos trabalhando, se é uma
laje armada em uma direção (trabalha como viga), ou uma laje armada em duas
direções (trabalha com valores tabelados, tabela de bares em anexo), para isso
utilizamos as seguintes formulas:
𝑙𝑥 𝑙𝑦
𝜆= ou 𝜆 = a relação entre x e y fica a seu critério, para esse exemplo
𝑙𝑦 𝑙𝑥

iremos adora X como sendo o menor lado e Y sendo o maior lado, ou seja, Lx = 285
cm e Ly = 285 cm.
𝑙𝑦 285
𝜆= = = 1 → como o valor λ foi menor que 2, a laje é armada em duas
𝑙𝑥 285

direções.
➔ Cargas
O segundo passo é achar as cargas atuantes nessa laje, temos o volume de
água do reservatório, conseguimos achar de forma simples o peso próprio da
mesma, iremos considerar ainda um possível revestimento de 1 kn/m²:
• Peso próprio:
𝑃𝑝 = 𝛾𝑐 . ℎ, iremos adotar uma altura de 15 cm tendo visto que no enunciado
isso foi informado
𝑃𝑝 = 𝛾𝑐 . ℎ = 25 . 0,15 = 3,75 𝑘𝑛/𝑚²
• Revestimento
𝑄𝑟𝑒𝑣 = 1,0 𝑘𝑛/𝑚²
• Peso da água
𝑃á𝑔𝑢𝑎 = 17.869 𝑘𝑔 ÷ á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑙𝑎𝑗𝑒
𝑃á𝑔𝑢𝑎 = 17.869 𝑘𝑔 ÷ 2,70𝑥2,70
𝑃á𝑔𝑢𝑎 = 2451 𝑘𝑔𝑓/𝑚2
𝑃á𝑔𝑢𝑎 = 2,45 𝑡𝑓/𝑚2
𝑃á𝑔𝑢𝑎 = 24,51 𝑘𝑛/𝑚2
P á g i n a | 289

Combinação de Cálculo
• 𝑆𝑑 = 1,4 . (3,75 + 1 + 24,51) = 40,96 𝑘𝑛/𝑚² → A carga que utilizaremos
para o cálculo é a soma de todas as cargas atuantes, vezes o coeficiente de
segurança majorador de cargas.
➔ Momentos característicos de cálculo
Como estamos trabalhando com cargas triangulares de empuxo e é uma laje
bi-direcional, devemos encontrar os valores de momentos através de tabelas
apresentas neste caderno.

Tabela 16

• Momento negativo entre as paredes e entre a parede a laje de


fundo/tampa

𝑀𝑚𝑎𝑥 = 𝑋𝑏𝑚á𝑥 . 𝑆𝑑 . ℎ²
𝑀𝑚𝑎𝑥 = −0,0375 . 40,96.2,52 = −9,60 𝑘𝑛. 𝑚/𝑚

• Momento positivo na direção de A (h=2,5 m)

𝑀𝑚𝑎𝑥 = 𝑀𝑎 𝑚á𝑥 . 𝑆𝑑 . ℎ²
𝑀𝑚𝑎𝑥 = 0,013 . 40,96.2,52 = 3,33 𝑘𝑛. 𝑚/𝑚
P á g i n a | 290

• Momento positivo na direção de A (h=2,45 m)

𝑀𝑚𝑎𝑥 = 𝑀𝑏 𝑚á𝑥 . 𝑆𝑑 . ℎ²
𝑀𝑚𝑎𝑥 = 0,0142 . 40,96.2,52 = 3,63 𝑘𝑛. 𝑚/𝑚

Podemos observar que os valores dos momentos positivos não variaram


muito, para simplificação de cálculo e de armação, vamos adotar o maior momento
positivo e calcular as duas armaduras sendo iguais.
➔ Determinação do k – para o eixo X (momento positivo)
Agora vamos determinar qual é o valor da constante k, que é um valor
adimensional que mede a intensidade do momento fletor solicitante de cálculo.
𝑀𝑑 𝑘 ≤ 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
𝑘= ⇒ {
𝑓𝑐𝑑 . 𝑏𝑤 . 𝑑 2 𝑘 > 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘𝐿 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑢𝑝𝑙𝑎
𝑀𝑑 3,63 𝑥 100
𝑘=𝑓 2
= 1,78 . = 0,014 < 0,295 → armação simples
𝑐𝑑 .𝑏𝑤 .𝑑 100 . 12²

• Para 𝑓𝑐𝑘 < 50 Mpa o valor de 𝑘𝑙 é igual a 0,295


• Bw para lajes é 100 cm, pois trabalhamos lajes a cada 1 m
• D = h-cobrimento = 15 – 3,0 = 12,0 cm
➔ Definição da armadura positiva (tracionada) – eixo x
Vamos agora para o sexto passo, vamos determinar qual é o valor da
armadura tracionada (área de aço).
𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑
𝐴𝑠1 = . (1 − √1 − 2𝑘 ′ )
𝑓𝑦𝑑
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ 𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑 (𝑘 − 𝑘 ′ )
𝐴𝑠2 = .
𝑓𝑦𝑑 𝑑′
{ (1 − )
𝑑
1,78 .100 .12
𝐴𝑠1 = 43,48
. (1 − √1 − 2.0,014) = 0,69 𝑐𝑚²
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ { 1,43 .100 .12 (0,014−0,014) = 0,69 cm²/m
𝐴𝑠2 = 43,48 . 12 = 0 𝑐𝑚²
(1− )
15

➔ Definição da armadura mínima (tracionada)


Como dimensionamos o aço para o momento na menor direção, temos que
colocar uma área de aço mínima na outra direção, por questões de controle de
fissuras e também por questões de armação, verificaremos ainda se o valor de área
mínima é superior ao valor da área de aço calculada.

𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,15%. 𝐴𝑐 = 0,0015.100.15 = 2,25 𝑐𝑚2 /𝑚


P á g i n a | 291

➔ Determinação do k – para o eixo X (momento negativo)


Agora vamos determinar qual é o valor da constante k, que é um valor
adimensional que mede a intensidade do momento fletor solicitante de cálculo.
𝑀𝑑 𝑘 ≤ 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
𝑘= ⇒ {
𝑓𝑐𝑑 . 𝑏𝑤 . 𝑑 2 𝑘 > 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘𝐿 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑢𝑝𝑙𝑎
𝑀𝑑 9,60 𝑥 100
𝑘=𝑓 2
= 1,78 . = 0,037 < 0,295 → armação simples
𝑐𝑑 .𝑏𝑤 .𝑑 100 . 12²

• Para 𝑓𝑐𝑘 < 50 Mpa o valor de 𝑘𝑙 é igual a 0,295


• Bw para lajes é 100 cm, pois trabalhamos lajes a cada 1 m
• D = h-cobrimento = 15 – 3,0 = 12,0 cm
➔ Definição da armadura negativa (tracionada) – eixo x
Vamos agora para o sexto passo, vamos determinar qual é o valor da
armadura tracionada (área de aço).
𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑
𝐴𝑠1 = . (1 − √1 − 2𝑘 ′ )
𝑓𝑦𝑑
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ 𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑 (𝑘 − 𝑘 ′ )
𝐴𝑠2 = .
𝑓𝑦𝑑 𝑑′
{ (1 − )
𝑑
1,78 .100 .12
𝐴𝑠1 = 43,48
. (1 − √1 − 2.0,037) = 1,85 𝑐𝑚²
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ { 1,43 .100 .6,5 (0,03−0,03) = 1,85 cm²/m
𝐴𝑠2 = 43,48 . 12 = 0 𝑐𝑚²
(1− )
15

➔ Detalhamento do aço necessário – laje de fundo


Agora com os valores da área de aço calculados vamos detalhar a armadura
necessária.
• Área de aço para a direção X positivo = 2,25 cm²
• Área de aço para a direção x negativa = 2,25 m²
• Área de aço para a direção Y positiva = 2,25 cm²
• Área de aço para a direção Y negativa = 2,25 cm²
➔ Detalhamento final da laje
Vamos detalhar nossa laje utilizando aço 6.3 mm tendo em vista que tanto no
momento positivo quanto no momento negativo foi a área de aço mínima que
2,25
prevaleceu. 𝑁𝑏 = = 7,14 ~ 8 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠/𝑚, temos então um espaçamento de 𝑆𝑏 =
0,315
100
= 12,5 ~ 12 𝑐𝑚. Temos então o seguinte detalhe:
8
P á g i n a | 292

Figura 176

Observe que adotamos o valor de 1 m para o engaste, tendo em vista a regra


de 1/3 da laje engastada.
Exercício 2 - Resolvido - Rampa
Dimensionar a rampa, com espessura igual a 12 cm. Adotar f ck
igual a 25 MPa, aço CA-50 e cobrimento igual a 3 cm, rampa de
acesso ao público.
P á g i n a | 293

Figura 177

Neste exercício iremos dimensionar a laje em questão, comece


verificando se a laje é armada em uma ou em duas direções, dependendo
do caso varia o processo de cálculo das ações atuantes, porém o cálculo
da armadura segue o mesmo conceito de flexão já vistos na aula 8 de
concreto armado I. Vamos lá!
Resolução:
➔ Classificação quanto a relação entre os lados
O primeiro passo é verificar que tipos de laje estamos trabalhando, se é uma
laje armada em uma direção (trabalha como viga), ou uma laje armada em duas
direções (trabalha com valores tabelados, tabela de bares em anexo), para isso
utilizamos as seguintes formulas:
𝑙𝑥 𝑙𝑦
𝜆= ou 𝜆 = a relação entre x e y fica a seu critério, para esse exemplo
𝑙𝑦 𝑙𝑥

iremos adora X como sendo o menor lado e Y sendo o maior lado, ou seja, Lx = 310
cm e Ly = 1015 cm.
𝑙𝑦 515
𝜆= = = 3,82 → como o valor λ foi maior que 2, a laje é armada em
𝑙𝑥 135

uma direção.
➔ Cargas
O segundo passo é achar as cargas atuantes nessa laje, o enunciado já nos
deu a carga acidental e o revestimento, faltando apenas acharmos o peso próprio da
laje:
P á g i n a | 294

• Peso próprio:
𝑃𝑝 = 𝛾𝑐 . ℎ, iremos adotar uma altura de 12 cm para essa laje tendo em
vista que no enunciado foi informado.
𝑃𝑝 = 𝛾𝑐 . ℎ = 25 . 0,12 = 3,00 𝑘𝑛/𝑚²
• Revestimento
𝑄𝑟𝑒𝑣 = 1,0 𝑘𝑛/𝑚²
• Acidental
𝑄𝑎𝑐𝑖𝑑 = 3,0 𝑘𝑛/𝑚², de acordo com a norma ABNT6120
Combinação de Cálculo
• 𝑆𝑑 = 1,4 . (3,00 + 1,0 + 3,0) = 9,8 𝑘𝑛/𝑚² → A carga que utilizaremos para o
cálculo é a soma de todas as cargas atuantes, vezes o coeficiente de segurança
majorador de cargas.
➔ Momentos característicos de cálculo
O momento de cálculo será a formulação básica de vigas bi-apoiadas,
tendo em vista que uma laje unidirecional trabalha com vigas.
𝑆𝑑 . 𝑙² 9,8.1,35²
𝑀𝑠𝑑 = = = 2,23 𝑘𝑛. 𝑚
8 8
➔ Determinação do k – para o eixo X
Agora vamos determinar qual é o valor da constante k, que é um valor
adimensional que mede a intensidade do momento fletor solicitante de cálculo.
𝑀𝑑 𝑘 ≤ 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑠𝑖𝑚𝑝𝑙𝑒𝑠
𝑘= ⇒ {
𝑓𝑐𝑑 . 𝑏𝑤 . 𝑑 2 𝑘 > 𝑘𝐿 → 𝑘 ′ = 𝑘𝐿 ⇔ 𝐴𝑟𝑚𝑎çã𝑜 𝑑𝑢𝑝𝑙𝑎
𝑀𝑑 2,23 𝑥 100
𝑘=𝑓 2
= 1,78 . = 0,015 < 0,295 → armação simples
𝑐𝑑 .𝑏𝑤 .𝑑 100 . 9²

• Para 𝑓𝑐𝑘 < 50 Mpa o valor de 𝑘𝑙 é igual a 0,295


• Bw para lajes é 100 cm, pois trabalhamos lajes a cada 1 m
• D = h-cobrimento = 12 – 3,0 = 9,0 cm
➔ Definição da armadura (tracionada)
Vamos agora para o sexto passo, vamos determinar qual é o valor da
armadura tracionada (área de aço).
𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑
𝐴𝑠1 = . (1 − √1 − 2𝑘 ′ )
𝑓𝑦𝑑
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ 𝑓𝑐 . 𝑏𝑤 . 𝑑 (𝑘 − 𝑘 ′ )
𝐴𝑠2 = .
𝑓𝑦𝑑 𝑑′
{ (1 − )
𝑑
P á g i n a | 295

1,78 .100 .9
𝐴𝑠1 = 43,48 . (1 − √1 − 2.0,015) = 0,55 𝑐𝑚²
𝐴𝑠 = 𝐴𝑠1 + 𝐴𝑠2 ⇒ { 1,43 .100 .6,5 (0,053−0,053) = 0,55 cm²/m
𝐴𝑠2 = 43,48 . 12 = 0 𝑐𝑚²
(1− )
15

➔ Definição da armadura (tracionada)


Como dimensionamos o aço para o momento na menor direção, temos que
colocar uma área de aço mínima na outra direção, por questões de controle de
fissuras e também por questões de armação, utilizaremos também para verificar se a
área de aço mínima é superior a área de aço calculada
𝐴𝑠,𝑚𝑖𝑛 = 0,15%. 𝐴𝑐 = 0,0015.100.12 = 1,80 𝑐𝑚2 /𝑚
➔ Detalhamento do aço necessário
Agora com os valores da área de aço calculados vamos detalhar a armadura
necessária.
• Área de aço para a direção X = 1,80 cm²
• Área de aço para a direção Y = 1,80 cm²

Vamos utilizar o aço CA50 no diâmetro de 5.0 mm.


No capítulo 2 da apostila de concreto armado 1 existe um quadro com os
valores de área do aço de cada bitola, para o de 5.0 mm o valor é de 0,2 cm², ou
podemos ainda utilizar a fórmula de área do círculo para achar esse valor.
Nas lajes, como já foi dito, nós dimensionamos para cada 1 m de laje.
Observe como fica fácil achar a quantidade de barras necessárias:
1,80
𝐴𝑠𝑥 = 0,20 = 9 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 para cada 1 m de laje nesta direção, precisamos agora,

achar o valor do aço disposto em toda a laje, para isso achamos a distância que o
100
aço deverá ficar um do outro, e depois detalhamos toda a laje. 𝑆 = 9
= 11,11 𝑐𝑚 ≈

10 𝑐𝑚 , ou seja, em 1 m de laje temos que ter 9 barras, dividindo o valor de 1 m pelo


número de barras necessário, conseguimos o espaçamento entre elas.
Procure arredondar os valores para números inteiros para facilitar a execução,
porém tome cuidado, nunca arredonde para cima, fazendo isso você colocaria
menos aço do que é necessário, arredondando para baixo você está a favor da
segurança.
P á g i n a | 296

Figura 178

Exercício 3 - Proposto - Rampa


Dimensionar a rampa, com espessura igual a 10 cm. Adotar fck
igual a 30 MPa, aço CA-50 e cobrimento igual a 2,5 cm, rampa de
acesso ao público e acesso automotivo.

Figura 179
P á g i n a | 297

Exercício 3 - Proposto - Reservatório


Dimensionar a piscina abaixo, com os dados apresentados:
Dados: altura da lâmina d’água: 1,60 m, altura interna da
piscina: 1,70 m, paredes e lajes com espessura de 15 cm, concreto utilizado de
Fck=30 Mpa, cobrimento de 4cm, considere 𝛾𝑠𝑜𝑙𝑜 = 500 𝑘𝑔𝑓/𝑚².

Figura 180
Resumo

Nesta aula, abordamos:

✓ Exercícios de fixação sobre reservatórios enterrados e elevados;


✓ Exercícios de fixação sobre rampas de acesso a pedestres e a
veículos.
Complementar

Para enriquecer o seu conhecimento é importante que você:


Revise os tópicos abordados nesta aula em bibliografia presentes na
Biblioteca Digital e material complementar.
Procure nos materiais complementares, principalmente na norma que rege o
uso do concreto armado no Brasil, que é NBR6118/2014, e também no material do
CARVALHO, R. C., FIGUEIREDO, J.R. – Cálculo e Detalhamento de Estruturas de
Concreto Armado Segundo a NBR6118/2014, Ed. EDUFscar, São Carlos, 2017.
Referências

Básica:
ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado Vol. 1. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,
2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7480 - Barras e


fios de aço destinados a armaduras para concreto armado. Rio de Janeiro: Abnt, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 - Projeto


de Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: Abnt, 2014.

CARVALHO, R.B.; FILHO, J.R.F. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado: Segundo a NBR6118:2014. 4. ed. São Carlos: Ed. EDUFScar, 2014.

LEONHARDT, F.; MÖNNING, E. Construção de concreto – princípios básicos do


dimensionamento de estruturas de concreto armado, Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed.
Interciência, 1982.

PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projetos de edifícios. Apostila. São


Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.

SÜSSEKIND, J. C. Curso de concreto Vol. 1. Porto Alegre: Ed. Globo, 1985.

Complementar:
CARVALHO, C. B. Concreto armado I: de acordo com a NBR6118/2014. Belo
Horizonte: Unihorizontes, 2017.
Aula 14
Pilares

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula daremos início ao estudo dos pilares, uma breve introdução para
um correto alinhamento de ideias para o próximo curso, concreto armado III.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

➢ Entenda as cargas nos pilares;


➢ As características geométricas dos pilares;
➢ A classificação dos pilares;
➢ As excentricidades de 1ª e 2ª ordem;
➢ Entender o que é a esbeltez limite.
P á g i n a | 302

Olá Aluno! Preparado para continuar os estudos sobre


concreto? Nessa aula vamos aprender um pouco sobre os pilares,
fazendo apenas a introdução desse tema para discutirmos melhor
na disciplina de Concreto Armado III.
14 PILARES

Pilares são elementos estruturais lineares de eixo reto, usualmente dispostos


na vertical, em que as forças normais de compressão são preponderantes e cuja
função principal é receber as ações atuantes nos diversos níveis e conduzi-las até
as fundações.
Junto com as vigas, os pilares formam os pórticos, que na maior parte dos
edifícios são os responsáveis por resistir às ações verticais e horizontais e garantir a
estabilidade global da estrutura.
As ações verticais são transferidas aos pórticos pelas estruturas dos andares,
e as ações horizontais decorrentes do vento são levadas aos pórticos pelas paredes
externas.

14.1 Cargas nos pilares

Nas estruturas usuais, compostas por lajes, vigas e pilares, o caminho das
cargas começa nas lajes, que delas vão para as vigas e, em seguida, para os
pilares, que as conduzem até a fundação.
As lajes recebem as cargas permanentes (peso próprio, revestimentos etc.) e
as variáveis (pessoas, máquinas, equipamentos etc.) e as transmitem para as vigas
de apoio.
As vigas, por sua vez, além do peso próprio e das cargas das lajes, recebem
também cargas de paredes dispostas sobre elas, além de cargas concentradas
provenientes de outras vigas, levando todas essas cargas para os pilares em que
estão apoiadas.
Os pilares são responsáveis por receber as cargas dos andares superiores,
acumular as reações das vigas em cada andar e conduzir esses esforços até as
fundações.
Nos edifícios de vários andares, para cada pilar e no nível de cada andar,
obtém-se o subtotal de carga atuante, desde a cobertura até os andares inferiores.
P á g i n a | 303

Essas cargas, no nível de cada andar, são utilizadas para dimensionamento dos
tramos do pilar. A carga total é usada no projeto da fundação.
Nas estruturas constituídas por lajes sem vigas, os esforços são transmitidos
diretamente das lajes para os pilares. Nessas lajes, deve-se dedicar atenção
especial à verificação de punção.

14.2 Características geométricas

No dimensionamento de pilares, a determinação das características


geométricas está entre as primeiras etapas.

Características geométricas

Com o objetivo de evitar um desempenho inadequado e propiciar boas


condições de execução, a NBR 6118:2003, no seu item 13.2.3, estabelece que a
seção transversal dos pilares, qualquer que seja a sua forma, não deve apresentar
dimensão menor que 19 cm. Em casos especiais, permite-se a consideração de
dimensões entre 19 cm e 12 cm, desde que no dimensionamento se multipliquem as
ações por um coeficiente adicional γn, indicado na Tabela 1 e baseado na equação:

𝑌𝑛 = 1,95 − 0,05. 𝑏

b é a menor dimensão da seção transversal do pilar (em cm).

Tabela 17: Valores do coeficiente adicional γn em função de b (NBR 6118:2003).

Fonte: NBR 6118 (2003)

Portanto, o coeficiente γn deve majorar os esforços solicitantes finais de


cálculo nos pilares, quando de seu dimensionamento.
Todas as recomendações referentes aos pilares são válidas nos casos em
que a maior dimensão da seção transversal não exceda cinco vezes a menor
P á g i n a | 304

dimensão (h≤ 5b). Quando esta condição não for satisfeita, o pilar deve ser tratado
como pilar-parede (NBR 6118:2003, item 18.5).
Em qualquer caso, não se permite pilar com seção transversal de área inferior
a 360 cm². Exemplos de seções mínimas: 12 cm x 30 cm, 15 cm x 24 cm, 18 cm x
20 cm.

Comprimento equivalente

Segundo a NBR 6118:2003, item 15.6, o comprimento equivalente 𝑙𝑒 do pilar,


suposto vinculado em ambas extremidades, é o menor dos valores (Figura 108):

𝑙0 + ℎ
𝑙𝑒 ≤ {
𝑙

𝑙0 é a distância entre as faces internas dos elementos estruturais, supostos


horizontais, que vinculam o pilar;
ℎ é a altura da seção transversal do pilar, medida no plano da estrutura;
𝑙 é a distância entre os eixos dos elementos estruturais aos quais o pilar está
vinculado.

No caso de pilar engastado na base e livre no topo, 𝑙𝑒 = 2𝑙.

Figura 181: Distâncias 𝒍𝟎 e 𝒍.


P á g i n a | 305

Raio de giração

Define-se o raio de giração i como sendo:

𝐼
𝑖=√
𝐴

𝐼 é o momento de inércia da seção transversal;


𝐴 A é a área de seção transversal.
Para o caso em que a seção transversal é retangular, resulta:

𝑏. ℎ³
𝐼 √ 12 = √ ℎ² = 𝑖 = ℎ
𝑖=√ =
𝐴 𝑏. ℎ 12 √12

Índice de esbeltez

O índice de esbeltez é definido pela relação:


𝑙𝑒
λ=
𝑖

14.3 Classificação dos pilares

Os pilares podem ser classificados conforme as solicitações iniciais e a


esbeltez.

Pilares internos, de borda e de canto

Quanto às solicitações iniciais, os tipos de pilares são mostrados na Figura


181.
P á g i n a | 306

Figura 182

Classificação quanto às solicitações iniciais

Serão considerados internos os pilares em que se pode admitir compressão


simples, ou seja, em que as excentricidades iniciais podem ser desprezadas.
Nos pilares de borda, as solicitações iniciais correspondem a flexão composta
normal, ou seja, admite-se excentricidade inicial em uma direção. Para seção
quadrada ou retangular, a excentricidade inicial é perpendicular à borda.
Pilares de canto são submetidos a flexão oblíqua. As excentricidades iniciais
ocorrem nas direções das bordas.

Classificação quando à esbeltez

De acordo com o índice de esbeltez (λ), os pilares podem ser classificados


em:

• pilares robustos ou pouco esbeltos → λ ≤ λ1

• pilares de esbeltez média → λ1 < λ ≤ 90


• pilares esbeltos ou muito esbeltos → 90 < λ ≤ 140
• pilares excessivamente esbeltos → 140 < λ ≤ 200
P á g i n a | 307

A NBR 6118:2003 não admite, em nenhum caso, pilares com λ superior a


200.

14.4 Excentricidades de primeira ordem

As excentricidades de primeira ordem são comentadas a seguir.

Excentricidade inicial

Em estruturas usuais de edifícios, ocorre um monolitismo nas ligações entre


vigas e pilares que compõem os pórticos. A excentricidade inicial, oriunda das
ligações dos pilares com as vigas neles interrompidas, ocorre em pilares de borda e
de canto.
A partir das ações atuantes em cada tramo do pilar, as excentricidades iniciais
no topo e na base são obtidas com as expressões (Figura 182):
𝑀𝑡𝑜𝑝𝑜 𝑀𝑏𝑎𝑠𝑒
𝑒𝑖,𝑡𝑜𝑝𝑜 = e 𝑒𝑖,𝑏𝑎𝑠𝑒 =
𝑁 𝑁

Figura 183

Excentricidades iniciais no topo e na base do pilar

Os momentos no topo e na base podem ser obtidos no cálculo do pórtico,


usando, por exemplo, o programa Ftool (MARTHA, 2001). Segundo a NBR
6118:2003, pode, também, ser admitido esquema estático apresentado na Figura
182.
P á g i n a | 308

Figura 184

Esquema estático

Para esse esquema estático, pode ser considerado, nos apoios extremos,
momento fletor igual ao momento de engastamento perfeito multiplicado pelos
coeficientes estabelecidos nas seguintes relações:
3𝑟𝑖𝑛𝑓 +3𝑟𝑠𝑢𝑝
• Na viga: 4𝑟𝑣𝑖𝑔 +3𝑟𝑖𝑛𝑓 +3𝑟𝑠𝑢𝑝

3𝑟𝑠𝑢𝑝
• No tramo superior do pilar: 4𝑟𝑣𝑖𝑔 +3𝑟𝑖𝑛𝑓 +3𝑟𝑠𝑢𝑝

3𝑟𝑖𝑛𝑓
• No tramo inferior do pilar:
4𝑟𝑣𝑖𝑔 +3𝑟𝑖𝑛𝑓 +3𝑟𝑠𝑢𝑝

ri é a rigidez do elemento i no nó considerado, avaliada de acordo com a


Figura 111 e dada por:
𝐼𝑖
𝑟𝑖 =
𝑙𝑖

Excentricidade acidental

Segundo a NBR 6118:2003, na verificação do estado limite último das


estruturas reticuladas, devem ser consideradas as imperfeições do eixo dos
elementos da estrutura descarregada. Essas imperfeições podem ser divididas em
dois grupos: imperfeições globais e imperfeições locais.
Muitas das imperfeições podem ser cobertas apenas pelos coeficientes de
ponderação, mas as imperfeições dos eixos das peças não. Elas devem ser
explicitamente consideradas porque têm efeitos significativos sobre a estabilidade da
construção.
P á g i n a | 309

a) Imperfeições globais
Na análise global das estruturas reticuladas, sejam elas contraventadas ou
não, deve ser considerado um desaprumo dos elementos verticais conforme mostra
a Figura 112:

Figura 185

Imperfeições geométricas globais (NBR 6118:2003)

1 1+1⁄𝑛
𝜃1 = 100√𝑙 𝜃1 = √ 2

𝑙 é a altura total da estrutura (em metros);


𝑛 é o número total de elementos verticais contínuos;
𝜃1𝑚𝑖𝑛 = 1/400 para estruturas de nós fixos; ou
𝜃1𝑚𝑖𝑛 = 1/300 para estruturas de nós móveis e imperfeições locais.

Esse desaprumo não precisa ser superposto ao carregamento de vento. Entre


os dois, vento e desaprumo, pode ser considerado apenas o mais desfavorável (que
provoca o maior momento total na base de construção). O valor máximo de θ1 será
de 1/200.
b) Imperfeições locais
Na análise local de elementos dessas estruturas reticuladas, devem também
ser levados em conta efeitos de imperfeições geométricas locais. Para a verificação
de um lance de pilar deve ser considerado o efeito do desaprumo ou da falta de
retilinidade do eixo do pilar (Figura 113).
P á g i n a | 310

Figura 186

Imperfeições geométricas locais (NBR 6118:2003)

Admite-se que, nos casos usuais, a consideração da falta de retilinidade seja


suficiente. Assim, a excentricidade acidental 𝑒𝑎 pode ser obtida pela expressão:

𝑒𝑎 = 𝜃1 . 𝑙⁄2

No caso de elementos, usualmente vigas e lajes, que ligam pilares


contraventados a pilares de contraventamento, deve ser considerada a tração
decorrente do desaprumo do pilar contraventado (Figura 113). Para pilar em
balanço, obrigatoriamente deve ser considerado o desaprumo, ou seja:

𝑒𝑎 = 𝜃1 . 𝑙
P á g i n a | 311

Momento mínimo

Segundo a NBR 6118:2003, o efeito das imperfeições locais nos pilares pode
ser substituído em estruturas reticuladas pela consideração do momento mínimo de
1a ordem, dado por:

𝑀1𝑑,𝑚𝑖𝑛 = 𝑁𝑑 . (0,015 + 0,03ℎ)

ℎ é a altura total da seção transversal na direção considerada (em metros).

Nas estruturas reticuladas usuais admite-se que o efeito das imperfeições


locais esteja atendido se for respeitado esse valor de momento total mínimo. A este
momento devem ser acrescidos os momentos de 2a ordem.
No caso de pilares submetidos à flexão oblíqua composta, esse mínimo deve
ser respeitado em cada uma das direções principais, separadamente; isto é, o pilar
deve ser verificado sempre à flexão oblíqua composta onde, em cada verificação,
pelo menos um dos momentos respeita o valor mínimo indicado.

Excentricidade de forma

Em edifícios, as posições das vigas e dos pilares dependem


fundamentalmente do projeto arquitetônico. Assim, é comum em projetos a
coincidência entre faces (internas ou externas) das vigas com as faces dos pilares
que as apoiam.
Quando os eixos baricêntricos das vigas não passam pelo centro de
gravidade da seção transversal do pilar, as reações das vigas apresentam
excentricidades que são denominadas excentricidades de forma. A Figura 114
apresenta exemplos de excentricidades de forma em pilares intermediários, de borda
e de canto.
As excentricidades de forma, em geral, não são consideradas no
dimensionamento dos pilares, pelas razões apresentadas a seguir. A Figura 115
mostra as vigas VT01 e VT04 que se apoiam no pilar P01, com excentricidades de
forma 𝑒𝑓𝑦 e 𝑒𝑓𝑥 , respectivamente. As tensões causadas pela reação da viga VT01,
P á g i n a | 312

pelo Princípio de Saint-Venant, propagam-se com um ângulo de 45o e logo se


uniformizam, distribuindo-se por toda a seção do pilar em um plano P.
A excentricidade de forma provoca, no nível de cada andar, um momento
fletor 𝑀VT01 =𝑅VT01 .𝑒𝑓𝑦 que tende a ser equilibrado por um binário. A Figura 115
também representa esquematicamente os eixos dos pilares em vários tramos
sucessivos, os momentos introduzidos pela excentricidade de forma e os binários
que os equilibram.
Observa-se que, em cada piso, atuam pares de forças em sentidos contrários
com valores da mesma ordem de grandeza e que, portanto, tendem a se anular.

Figura 187

Exemplos de excentricidades de forma em pilares


P á g i n a | 313

Figura 188

Excentricidades de forma e binários correspondentes

A rigor, apenas nos níveis da fundação e da cobertura as excentricidades de


forma deveriam ser consideradas. Entretanto, mesmo nesses níveis, elas costumam
ser desprezadas.
No nível da fundação, sendo muito grande o valor da força normal proveniente
dos andares superiores, o acréscimo de uma pequena excentricidade da reação da
viga não afeta significativamente os resultados do dimensionamento. Já no nível da
cobertura, os pilares são pouco solicitados e dispõem de armadura mínima, em
geral, capaz de absorver os esforços adicionais causados pela excentricidade de
forma.
P á g i n a | 314

Excentricidade suplementar

A excentricidade suplementar leva em conta o efeito da fluência. A


consideração da fluência é complexa, pois a duração de cada ação tem que ser
levada em conta, ou seja, o histórico de cada ação precisaria ser conhecido.
O cálculo da excentricidade suplementar é obrigatório em pilares com índice
de esbeltez λ > 90, de acordo com a NBR 6118:2003.
Valor dessa excentricidade ec, em que o índice c refere-se a “creep” (fluência,
em inglês), pode ser obtida de maneira aproximada pela expressão:
𝜑𝑁𝑠𝑔
𝑀𝑠𝑔
𝑒𝑐 = ( + 𝑒𝑎 ) (2,7188𝑁𝑒−𝑁𝑠𝑔 − 1)
𝑁𝑠𝑔

10.𝐸𝑐𝑖 .𝐼𝑐
𝑁𝑒 = (força de flambagem de Euler);
𝑙𝑒 2

𝑀𝑠𝑔 , 𝑁𝑠𝑔 são os esforços solicitantes devidos à combinação quase


permanente; 𝑒𝑎 é a excentricidade acidental devida a imperfeições locais;
𝜑 é o coeficiente de fluência;
1
𝐸𝑐𝑖 = 5600. 𝑓𝑐𝑘 2 (MPa);
𝐼𝑐 é o momento de inércia no estádio I;
𝑙𝑒 é o comprimento equivalente do pilar.

14.5 Esbeltes limite

O conceito de esbeltez limite surgiu a partir de análises teóricas de pilares,


considerando material elástico-linear. Corresponde ao valor da esbeltez a partir do
qual os efeitos de 2a ordem começam a provocar uma redução da capacidade
resistente do pilar.
Em estruturas de nós fixos, dificilmente um pilar de pórtico, não muito esbelto,
terá seu dimensionamento afetado pelos efeitos de 2 a ordem, pois o momento fletor

total máximo provavelmente será apenas o de 1a ordem, num de seus extremos.


Diversos fatores influenciam no valor da esbeltez limite.
Os preponderantes são:
P á g i n a | 315

𝑒1
• excentricidade relativa de 1a ordem ⁄ℎ;

• vinculação dos extremos do pilar isolado;


• forma do diagrama de momentos de 1a ordem.

Segundo a NBR 6118:2003, os esforços locais de 2 a ordem em elementos


isolados podem ser desprezados quando o índice de esbeltez λ for menor que o
valor limite λ1, que pode ser calculado pelas expressões:
𝑒
(25+12,5. 1⁄ℎ)
λ1 = 35 ≤ λ1 ≤ 90
α𝑏

sendo e1 a excentricidade de 1a ordem. A NBR 6118:2003 não deixa claro

como se adota este valor. Na dúvida, pode-se admitir, no cálculo de λ1 , e1 igual ao

menor valor da excentricidade de 1a ordem, no trecho considerado. Para pilares


usuais de edifícios, vinculados nas duas extremidades, na falta de um critério mais
específico, é razoável considerar 𝑒1 = 0.
O coeficiente α𝑏 deve ser obtido conforme estabelecido a seguir.
a) Pilares biapoiados sem forças transversais
𝑀
α𝑏 = 0,60 + 0,40 𝑀𝐵 ≥ 0,40 sendo: 0,4 ≤ α𝑏 ≤ 1,0
𝐴

MA é o momento fletor de 1a ordem no extremo A do pilar (maior valor


absoluto ao longo do pilar biapoiado);
MB é o momento fletor de 1a ordem no outro extremo B do pilar (toma-se para
MB o sinal positivo se tracionar a mesma face que MA e negativo em caso contrário).

b) Pilares biapoiados com forças transversais significativas, ao longo da


altura
α𝑏 = 1
c) Pilares em balanço
𝑀
α𝑏 = 0,80 + 0,20 𝑀𝐶 ≥ 0,85 sendo: 0,85 ≤ α𝑏 ≤ 1,0
𝐴

MA é o momento fletor de 1a ordem no engaste;

MC é o momento fletor de 1a ordem no meio do pilar em balanço.


P á g i n a | 316

d) Pilares biapoiados ou em balanço com momentos fletores menores


que o momento mínimo (ver item 16.4.3)

α𝑏 = 1

14.6 Excentricidade de segunda ordem

A força normal atuante no pilar, sob as excentricidades de 1 a ordem


(excentricidade inicial), provoca deformações que dão origem a uma nova
excentricidade, denominada excentricidade de 2a ordem.

A determinação dos efeitos locais de 2a ordem, segundo a NBR 6118:2003,


em barras submetidas à flexo-compressão normal, pode ser feita pelo método geral
ou por métodos aproximados.
A consideração da fluência é obrigatória para índice de esbeltez λ > 90,
acrescentando-se ao momento de 1a ordem M1d a parcela relativa à excentricidade

suplementar ec.
Resumo

Nesta aula, abordamos:

✓ O estudo inicial dos pilares de concreto armado;


✓ Características importantes do elemento;
✓ Cuidados e deveres a tomar na classificação e uso dos pilares.
Complementar

Para enriquecer o seu conhecimento é importante que você:


Revise os tópicos abordados nesta aula em bibliografia
presentes na Biblioteca Digital e material complementar.
Procure fazer mais exercícios sobre dimensionamento a flexão treine
bastante.
Referências

Básica:
ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado Vol. 1. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,
2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7480 - Barras e


fios de aço destinados a armaduras para concreto armado. Rio de Janeiro: Abnt, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 - Projeto


de Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: Abnt, 2014.

CARVALHO, R.B.; FILHO, J.R.F. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado: Segundo a NBR6118:2014. 4. ed. São Carlos: Ed. EDUFScar, 2014.

LEONHARDT, F.; MÖNNING, E. Construção de concreto – princípios básicos do


dimensionamento de estruturas de concreto armado, Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed.
Interciência, 1982.

PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projetos de edifícios. Apostila. São


Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.

SÜSSEKIND, J. C. Curso de concreto Vol. 1. Porto Alegre: Ed. Globo, 1985.

Complementar:
CARVALHO, C. B. Concreto armado I: de acordo com a NBR6118/2014. Belo
Horizonte: Unihorizontes, 2017.
Exercícios
AULA 14

Responda as questões abaixo com base no que foi


estudado até agora!
Exercício 1 - Resolvido - Pilares
Classifique os pilares a baixo quanto a sua posição na edificação e justifique.

Figura 189

Resolução:
O primeiro pilar, é um pilar de borda, as solicitações iniciais correspondem a
flexão composta normal, ou seja, admite-se excentricidade inicial em uma direção. O
segundo pilar são os pilares internos, em que se pode admitir compressão simples,
ou seja, em que as excentricidades iniciais podem ser desprezadas.
P á g i n a | 321

O terceiro pilar é o pilar de canto, são submetidos a flexão oblíqua. As


excentricidades iniciais ocorrem nas direções das bordas.

Exercício 2 - Resolvido - Pilares


Classifique os pilares a baixo quanto a sua esbeltez.

Figura 190

Resolução:
𝑙𝑒
λ= quando Le é o lance efetivo do pilar, normalmente medido entre as vigas de
𝑖

travamento, I é o raio de giração do pilar, formulado da seguinte forma


𝑏. ℎ³
𝐼 √ 12 ℎ² ℎ
𝑖=√ = = √ =𝑖=
𝐴 𝑏. ℎ 12 √12
P á g i n a | 322

Resolvendo:

ℎ 40
𝑖= = = 11,54 𝑐𝑚
√12 3,46
𝑙𝑒 350
λ= = = 30,31
𝑖 11,54

Como o valor encontrado foi inferior a 90, este pilar é robusto.


Aula 15
Exercícios de pilares

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula iremos exercitar as classificações e as primeiras verificações sobre


os pilares.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

➢ Classificar corretamente o pilar quanto à forma;


➢ Classificar corretamente o pilar quanto a sua rigidez;
➢ Aprenda a calcular o comprimento equivalente do pilar;
➢ Entenda os cálculos de excentricidade.
P á g i n a | 324

Olá Aluno! Preparado para continuar os estudos sobre


concreto?
Nessa aula vamos exercitar. Vamos lá!

15 EXERCÍCIOS DE PILARES

Exercício 1 – Pilares
Calcule para o pilar abaixo qual seria sua esbeltez com a seção indicada?
Seria possível fazer este mesmo pilar com a seção de 15x30 cm? Explique.

Figura 191
P á g i n a | 325

Exercício 2 – Pilares
Ainda para o pilar do exercício anterior, calcule suas excentricidades, e
explique o porquê de cada uma.

Exercício 3 – Pilares
Diferencie excentricidade de 1ª ordem para excentricidade de 2ª ordem.
Resumo

Nesta aula, abordamos:

✓ Exercícios de Pilares.
Complementar

Para enriquecer o seu conhecimento é importante que você:


Revise os tópicos abordados nesta aula em bibliografia
presentes na Biblioteca Digital e material complementar.
Procure fazer mais exercícios sobre dimensionamento de lajes.
Referências

Básica:
ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado Vol. 1. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,
2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7480 - Barras e


fios de aço destinados a armaduras para concreto armado. Rio de Janeiro: Abnt, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 - Projeto


de Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: Abnt, 2014.

CARVALHO, R.B.; FILHO, J.R.F. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado: Segundo a NBR6118:2014. 4. ed. São Carlos: Ed. EDUFScar, 2014.

LEONHARDT, F.; MÖNNING, E. Construção de concreto – princípios básicos do


dimensionamento de estruturas de concreto armado, Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed.
Interciência, 1982.

PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projetos de edifícios. Apostila. São


Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.

SÜSSEKIND, J. C. Curso de concreto Vol. 1. Porto Alegre: Ed. Globo, 1985.

Complementar:
CARVALHO, C. B. Concreto armado I: de acordo com a NBR6118/2014. Belo
Horizonte: Unihorizontes, 2017.
Aula 16
Exercícios de revisão – V2

APRESENTAÇÃO DA AULA

Nesta aula iremos praticar o que foi aprendido na aula anterior.

OBJETIVOS DA AULA

Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:

➢ Consiga dimensionar lajes armadas em uma e duas direções.


P á g i n a | 330

16 EXERCÍCIOS DE REVISÃO PARA V2

Exercício 1 – Rampas
Num espaço de 22,00 m de comprimento entre a calçada e a garagem,
projetar uma rampa para veículos para vencer um desnível de 1,50 m. Calcular a
inclinação e afastamento.
• Definir afastamento da rampa;
• Definir o comprimento máximo possível;
• Calcular a inclinação;
• Desenhar planta e corte.

Exercício 2 - Reservatório
Dimensionar as paredes de um reservatório elevado, com geometria
retangular, com espessura igual a 15 cm tendo seu menor vão efetivo igual a 3 m e
seu maior vão efetivo igual a 4 m. Adotar f ck igual a 30 MPa, aço CA-50 e cobrimento
igual a 3 cm.

Figura 192
P á g i n a | 331

Exercício 3 - Escada
Dimensionar a escada apresentada, com geometria retangular, com
espessura igual a 10 cm. Adotar f ck igual a 30 MPa, aço CA-50 e cobrimento igual a
3 cm, mureta de 1 m de altura fazendo o guarda-corpo.

Figura 193
P á g i n a | 332

Exercício 4 – Pilares
Faça o que se pede em relação ao pilar apresentado:

Figura 194

A. Explique com suas palavras como é a distribuição de cargas nos pilares.


B. Quais são as características geométricas dos pilares? O que é mais
importante durante tal verificação? Quais são os valores obtidos?
C. Explique e indique a classificação dos pilares quanto seu posicionamento
na edificação.
D. Ainda sobre o item anterior, como funciona a classificação quanto a
esbeltez?
E. Explique a diferença entre excentricidade de 1ª e 2ª ordem.
Resumo

Nesta aula, abordamos:

✓ Exercícios de revisão para a AV2;


✓ Pilares;
✓ Reservatórios;
✓ Escadas;
✓ Rampas.
Complementar

Para enriquecer o seu conhecimento é importante que você:

Revise os tópicos abordados nesta aula em bibliografia presentes na


Biblioteca Digital e material complementar.
Procure fazer mais exercícios sobre dimensionamento de lajes.
Referências

Básica:
ARAÚJO, J. M. Curso de concreto armado Vol. 1. Rio Grande/RS: Ed. DUNAS,
2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7480 - Barras e


fios de aço destinados a armaduras para concreto armado. Rio de Janeiro: Abnt, 1996.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 - Projeto


de Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: Abnt, 2014.

CARVALHO, R.B.; FILHO, J.R.F. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de


concreto armado: Segundo a NBR6118:2014. 4. ed. São Carlos: Ed. EDUFScar, 2014.

LEONHARDT, F.; MÖNNING, E. Construção de concreto – princípios básicos do


dimensionamento de estruturas de concreto armado, Vol. 1. Rio de Janeiro: Ed.
Interciência, 1982.

PINHEIRO, L. M. Fundamentos do concreto e projetos de edifícios. Apostila. São


Paulo: Escola de Engenharia de São Carlos, 2007.

SÜSSEKIND, J. C. Curso de concreto Vol. 1. Porto Alegre: Ed. Globo, 1985.

Complementar:
CARVALHO, C. B. Concreto armado I: de acordo com a NBR6118/2014. Belo
Horizonte: Unihorizontes, 2017.
Anexo

Tabela para cálculo e lajes com carga triangular

Figura 195

Tabela 18: Laje retangular simplesmente apoiada em dois lados opostos e engastada nos
outros, sujeita a carga triangular – Tipo 1.
P á g i n a | 337

Tabela 19: Laje retangular simplesmente apoiada em dois lados opostos e engastada nos
outros, sujeita a carga triangular – Tipo 2.

Tabela 20: Laje retangular engastada em seu contorno, sujeita a carga triangular – Tipo 1.
P á g i n a | 338

Tabela 21: Laje retangular engastada em seu contorno, sujeita a carga triangular – Tipo 2.

Tabela 22: Laje retangular simplesmente apoiada em um dos lados e engastada nos
restantes, sujeita a carga triangular com valor mínimo no lado ap.
P á g i n a | 339

Tabela 23: Laje retangular simplesmente apoiada em um dos lados e engastada nos
restantes, sujeita a carga triangular com valor mínimo no lado apoiado – Tipo 2.

Para A/B < 1: para flechas 𝑞𝑎4 /𝐷; para os momentos qa²
Para B/A < 1: para flechas 𝑞𝑎4 /𝐷; para os momentos qb²

Observação: as tampas dos reservatórios e as lajes de fundo, que


apresentam cargas uniformes (retangulares), são dimensionadas como as lajes
convencionais das edificações e estudadas anteriormente; inclusive com as mesmas
orientações adotadas.

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