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QUESTÃO

A Polícia Federal em Roraima recebeu notícia de que veículo de placas HUZ 0099 chegaria a Boa Vista
com material ilícito oriundo da Venezuela. O delegado de sobreaviso determinou que fosse montada blitz na en-
trada da cidade para interceptar referido automotor. O citado carro foi abordado e, no seu interior, foram apreendi-
dos 10 Kg de cocaína, 2 fuzis e 10 granadas de gás lacrimogêneo, dentro de caixas.
O motorista foi autuado em flagrante e, em seu interrogatório, alegou que não sabia o que transportava.
Afirmou que faz transporte clandestino e que fora contratado por indivíduo conhecido como PEDRO BARÃO, no
posto de gasolina LUBREX, na cidade de Pacaraima/RR, para fazer uma viagem até a fronteira com a Venezuela
e, de lá, seguir para Boa Vista.
Segundo relatado pelo detido, ele foi com seu carro próprio e, quando chegou no local indicado em um
mapa que não mais possui (na fronteira com a Venezuela), encontrou indivíduo até aqui identificado como JÚLIO
LOPES, que colocou as caixas no carro sem dizer do que se tratava e o instruiu a entregar tal “encomenda” a
IGOR PAULO, que estaria esperando o preso na rodoviária da cidade de Boa Vista, em um veículo prata.
Questionado como identificaria IGOR PAULO, o preso afirmou que foi instruído que ele estaria vestido
com uma camisa do Flamengo, encostado em um carro de cor prata, cujo último número da placa é 9, no estacio-
namento da rodoviária da capital de Roraima. Perguntado como conheceu PEDRO BARÃO, o conduzido disse
que ele recruta motoristas de transporte clandestino que fazem ponto no posto de combustível LUBREX, ofere-
cendo boa quantia em dinheiro por cada viagem.
O preso asseverou ouviu de colegas que essas viagens são realizadas com frequência e que os envolvi-
dos são sempre os mesmos (as pessoas até identificadas como PEDRO BARÃO, JÚLIO LOPES e IGOR PAULO).
O auto de prisão em flagrante deu origem ao inquérito policial 67/2019. O preso foi libertado, mediante concessão
de liberdade provisória sem fiança, na audiência de custódia, com distribuição do feito ao juízo da 2ª Vara Federal.
Em face do caso narrado, na qualidade de Delegado de Polícia Federal responsável pela investigação, elabore,
fundamentadamente, a(s) medida(s) pertinente(s) ao caso, para que todos os envolvidos sejam devidamente iden-
tificados, tipifique o(s) crime(s) praticado(s) e enderece o pleito ao juízo competente.

Análise do caso

Trata-se de inquérito policial instaurado para apurar os crimes de tráfico internacional de drogas, associa-
ção para o tráfico de drogas, tráfico internacional de armas e contrabando, tipificados nos artigos 33 c/c 40, I e 35
da Lei 11.343/06, 18 da Lei 10.826/03 e 334-A do Código Penal, praticados por PEDRO BARÃO, JÚLIO LOPES e
IGOR PAULO.
O candidato deverá confeccionar representação pela infiltração policial, com uso da técnica de ação con-
trolada, com fulcro no artigo 53, I e II, da Lei 11.343/06, deixando claro que esse é o único meio identificar os in-
vestigados e obter meios de prova aptos a elucidar os crimes praticados, além de esclarecer o alcance das tarefas
do policial infiltrado e que se sabe a rota e que há elementos que identifiquem os alvos (artigo 53, parágrafo único,
da Lei 11.343/06). Como há juízo prevento, a representação deve ser dirigida ao juízo federal da 2ª. Vara da Se-
ção Judiciária de Roraima.

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Espelho de correção

SUGESTÃO DE RESPOSTA

EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ FEDERAL DA 2ª VARA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE RORAIMA

A Polícia Federal, por meio do delegado federal que esta subscreve, no exercício de suas atribuições e
com fulcro no artigo 144 da Constituição Federal, na Lei 12.830/13 e no Código de Processo Penal, vem, perante
Vossa Excelência, REPRESENTAR PELA INFILTRAÇÃO POLICIAL e pela autorização para utilização da técnica
de AÇÃO CONTROLADA, com fulcro no artigo 53, I e II, da Lei 11.343/06.

1. Resumo fático

Foi instaurado, mediante confecção de auto de prisão em flagrante, o inquérito policial 67/2019, com o fito
de apurar os crimes de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico de drogas, tráfico internacional de
armas e contrabando, tipificados nos artigos 33 c/c 40, I e 35, da Lei 11.343/06, 18 da Lei 10.826/03 e 334-A do
Código Penal, praticados por PEDRO BARÃO, JÚLIO LOPES e IGOR PAULO.
Segundo se extrai do apuratório, a Polícia Federal prendeu em flagrante delito o condutor do veículo de
placas HUZ 0099, na entrada de Boa Vista. Foi detectado que tal indivíduo transportava 10 Kg de cocaína, 2 fuzis
e 10 granadas de gás lacrimogêneo, dentro de caixas.
O motorista disse, em seu interrogatório, que faz transporte clandestino e que fora contratado por indiví-
duo conhecido como PEDRO BARÃO, no posto de gasolina LUBREX, na cidade de Pacaraima/RR, para fazer
uma viagem até a fronteira da Venezuela e, de lá, seguir para Boa Vista.
O detido disse que foi com seu carro próprio e, quando chegou no local indicado em um mapa que não
mais possui, encontrou indivíduo até aqui identificado como JÚLIO LOPES, que colocou as caixas no carro sem
dizer do que se tratava e o instruiu a entregar tal “encomenda” a IGOR PAULO, que estaria esperando o preso na
rodoviária da cidade de Boa Vista, em um veículo prata.
Afirmou que foi informado que identificaria IGOR PAULO no estacionamento da rodoviária da capital de
Roraima, nos termos de dados passados por JULIO.
Disse que PEDRO BARÃO recruta motoristas de transporte clandestino que fazem ponto no posto de
combustível LUBREX, oferecendo boa quantia em dinheiro por cada viagem. O preso asseverou ouviu de colegas
que essas viagens são realizadas com frequência e que os envolvidos são sempre os mesmos (as pessoas até
identificadas como PEDRO BARÃO, JÚLIO LOPES e IGOR PAULO).

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Como acima declinado, restou comprovada a prática, pelos investigados, dos crimes de tráfico internacio-
nal de drogas (cocaína apreendida, vinda do país vizinho), associação para o tráfico de drogas (indivíduos associ-
ados com estabilidade e permanência para praticar tráfico de drogas), tráfico internacional de armas (fuzis apre-
endidos) e contrabando (granadas de gás lacrimogêneo apreendidas), tipificados nos artigos 33 c/c 40, I e 35, da
Lei 11.343/06, 18 da Lei 10.826/03 e 334-A do Código Penal, praticados por PEDRO BARÃO, JÚLIO LOPES e
IGOR PAULO.

2. A infiltração policial e a ação controlada

O deslinde da presente investigação clama pela utilização da técnica denominada infiltração policial. Só
será possível conhecer profundamente a associação para o trafico investigada se o Estado inserir no seio do con-
sórcio criminoso um de seus agentes, com o fito de colecionar material probante apto a desarticular a agremiação.

A Lei 11.343/06 disciplina o uso da infiltração no seu artigo 53, I.

A técnica será executada com a inserção de policial que se passará por motorista clandestino e atuará no
posto LUBREX, a fim de ser contatado por PEDRO BARÃO e, assim, conhecer o modus operandi, saber de onde
vem a droga e as armas e a completa identificação dos investigados.

Para garantir o sucesso da técnica, é necessário autorização judicial para que sejam confeccionados no-
vos documentos para o policial designado, que serão utilizados exclusivamente no curso da infiltração.

Por fim, representa-se a Vossa Excelência pela utilização da técnica denominada ação controlada (artigo
53, II, da Lei 11.343/06) no curso das investigações, podendo o aparelho policial, eventualmente, retardar sua
ação, com o fito de prova seja coligida de maneira mais eficaz e para que o maior número de integrantes da asso-
ciação seja identificado e futuramente responsabilizado. Anote-se que se sabe a rota utilizada e há elementos que
identificam, ainda que superficialmente, os alvos (artigo 53, parágrafo único, da Lei 11.343/06).

3. Conclusão e pedidos.

Do exposto, abroquelado nas razões de fato e de direito lançadas supra, REPRESENTA o signatário des-
ta peça, depois de ouvido o Ministério Público, seja autorizada a INFILTRAÇÃO POLICIAL no seio da associação
para o tráfico investigada, pelo prazo inicial de seis meses, devendo para tanto ser o policial designado autorizado
a confeccionar novos documentos, salientando que todo procedimento para confecção de tais documentos será
documentado e que a documentação será usada apenas no curso da infiltração (com ulterior inutilização) e pela
AUTORIZAÇÃO para utilização da técnica de ação controlada.

Local, data.

Delegado de Polícia Federal

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