Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
E INTERNACIONAL
autor
NEWTON NARCISO PEREIRA
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial solange moura; roberto paes; gladis linhares; karen bortoloti;
marcelo elias dos santos
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
isbn: 978-85-5548-048-5
Prefácio 7
Objetivos 10
1.1 Transporte marítimo no comércio exterior 11
1.2 Pontos críticos a navegação 12
1.3 Shipping 16
1.4 Legislação da navegação marítima 21
1.4.1 Leis 21
1.4.2 Decreto - Lei 21
1.4.3 Decretos 22
1.5 Legislação da navegação interior 22
1.5.1 Leis 22
1.5.2 Decretos 22
1.5.3 Portarias 23
1.6 Portos 23
1.6.1 Decretos 23
1.6.2 Leis 23
1.7 Legislação geral 24
1.7.1 Leis 24
1.7.2 Decretos 25
1.7.3 Normas e Resoluções 25
1.8 Histórico brasileiro de navegações de
longo curso e cabotagem 25
1.9 Atividades dos diferentes tipos de
organizações no transporte marítimo 30
Atividades 31
Reflexão 32
Referências bibliográficas 32
2. Estrutura do Negócio Shipping e
Tipos de Navios e suas Finalidades 33
Objetivos 34
2.1 Funcionamento de uma empresa de navegação
(natureza econômica, aspectos comerciais e operacionais) 35
2.1.1 Constituição de empresas de navegação 39
2.2 Nível de investimentos, concorrência e riscos financeiros 42
2.3 Suprimentos necessários ao navio, manutenção e conservação 44
2.4 Custos que incidem sobre a atividade comercial de um navio 45
2.5 Tipologia das avarias e tipos de
seguros normalmente contratados 46
2.6 Conceituações jurídicas sobre o navio como propriedade 48
2.7 Principais navios usados no transporte marítimo internacional 48
2.8 Características operacionais e finalidades comerciais 50
2.8.1 Navio de carga geral (general cargo ship) 50
2.8.2 Navio frigorífico (reefer vessel) 51
2.8.3 Graneleiros (bulk carrier) 51
2.8.4 Navio tanque (tanker) 52
2.8.5 Roll-On Roll-Off (Ro-Ro) 53
2.8.6 Navio porta-conteiner (Full container ship) 54
2.8.7 Navio multicarga (Multi-purpose ship) 55
2.8.8 Navios porta-barcaças (Lighter Aboard Ship) 55
2.8.9 Navios de passageiros 56
2.8.10 Navios rebocadores 56
Atividades 57
Reflexão 57
Referências bibliográficas 58
Objetivos 60
3.1 Nomenclatura de navio mercante 61
3.2 Definições 76
3.3 Termos comerciais utilizados 87
3.4 Glossário com termos mais usuais a bordo dos navios 89
3.5 Convenções marítimas internacionais 104
3.6 Principais convenções marítimas internacionais
que o Brasil precisa cumprir 105
3.7 Convenção com foco no meio ambiente 108
3.8 Aplicação das convenções na construção,
operação e fiscalização naval 111
Atividades 112
Reflexão 112
Referências bibliográficas 113
4. Tripulação do Navio e
Praticagem dos Portos e Fretes Marítimos 115
Objetivos 116
4.1 Qualificação, regime de trabalho, responsabilidades e
funções desempenhadas pelos tripulantes 117
4.1.1 Pessoal de máquinas 118
4.1.2 Pessoal de radiotecnia 120
4.1.3 Pessoal de alojamento 121
4.1.4 Pessoal de saúde 122
4.1.5 Outro pessoal 122
4.1.6 Formação 122
4.1.7 Condições de trabalho 123
4.1.8 Responsabilidade do Prático do Porto e
sua importância para a segurança da navegação 124
4.2 Fretes marítimos 126
4.2.1 Natureza e tipologia dos fretes marítimos 126
4.2.2 Modelo de Negociação no Mercado de Frete 130
4.2.3 Características do Frete de Viagens Simples 131
4.2.4 Características do Frete de Viagens regulares 131
4.2.5 Características do Contrato de Charter com Tripulação 131
4.2.6 Características do Contrato de Charter sem Tripulação 132
4.3 Conhecimento de Carga no transporte marítimo
(Bill of Lading) 132
Atividades 137
Reflexão 137
Referências bibliográficas 138
5. Afretamento de Navios e
Simulação de um Afretamento 139
Objetivos 140
5.1 Mercado de Afretamento 141
5.2 Os Contratos (Charter Parties) 141
5.3 Simulação de afretamento de navio 143
5.3.1 O cálculo do frete (Voyage estimating) 143
Atividades 148
Reflexão 148
Referências bibliográficas 149
Gabarito 149
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
7
O transporte das cargas é realizado pelos navios, mas alguém tem de pa-
gar a conta deste serviço. Este serviço de transporte é chamado de frete. O frete
pode ser estimado em toneladas, metros cúbicos transportados, pelo número
de contêineres a bordo dos navios ou apenas por uma unidade de contêineres.
Sendo assim, quem contrata está sempre monitorando os valores de frete para
negociar o melhor valor desta operação.
Deste modo, podemos perceber que o transporte marítimo tem uma série
de nuanças e regras, cujo funcionamento será mostrado a seguir.
Este livro foi desenvolvido a partir de consulta de material disponível na in-
ternet, bem como notas de aulas dos cursos de transporte marítimo oferecidos
pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Procuramos referenciar
todos os autores dos trechos extraídos neste material, mas não foi possível ob-
ter as fontes de alguns. Por isso, estamos citando as notas de aulas que foram
utilizadas. Trata-se de uma série de informações que foram usadas para o de-
senvolvimento deste material, que deverá fornecer ao estudante uma visão am-
pla do assunto.
Bons estudos!
1
Transporte
Marítimo no
Comércio Exterior e
Conceitos Básicos
de Shipping
Função do transporte marítimo e conceitos básicos
Neste capitulo nós iremos tratar sobre o transporte marítimo e sua influência
no comercio exterior. Iremos mostrar a importância do transporte marítimo
e sua responsabilidade no transporte de cargas em todo o mundo. Veremos
como este transporte conecta as nações e veremos os requisitos básicos para
a navegação mercante mundial. Também iremos falar, neste capítulo, sobre
os conceitos de shipping. A tradução do termo shipping é navegação, ou seja,
vamos discutir os aspectos principais que regulam o mercado de shipping
mundial. Isso é importante para você compreender que existem regras de
operação para o mercado de transporte marítimo mercante. Deste modo, va-
mos apresentar estes conceitos para que você aprender a se comunicar com
as pessoas envolvidas neste setor.
Ao final do capítulo o aluno irá:
1. Compreender a importância do transporte marítimo para o comércio
internacional;
2. Identificar as principais rotas de navegação marítima internacionais e
os pontos críticos para a navegação;
3. Compreender conceitos sobre transporte marítimo que são peculiares
a esta atividade;
4. Compreender as atividades típicas de cada uma das organizações in-
tervenientes no transporte marítimo.
OBJETIVOS
Depois de ler e estudar essa unidade, você deverá ser capaz de compreender as finalidades, ou
seja, para que é utilizado transporte marítimo no mundo. Você deverá ser capaz de compreen-
der sua necessidade, rotas de navegação, bem como, os requisitos que norteiam as operações
mercantes, além de visualizar os aspectos legais que envolvem o transporte marítimo interna-
cional.
10 • capítulo 1
1.1 Transporte marítimo no comércio exterior
As águas lacustres, fluviais e oceânicas há muito tempo servem de ambiente
para o transporte de seres humanos e cargas. Os navios são utilizados como
meio de transporte nas vias aquosas. O desenvolvimento da indústria naval per-
mitiu que os navios ficassem cada vez maiores e que fossem encontradas novas
alternativas mais eficientes para realizar o transporte.
Da vela aos motores de combustão interna, inúmeras transformações ocor-
rem no projeto dos navios e nos materiais empregados na sua construção. Um
exemplo é o advento do aço, pois os navios passaram a ser uma estrutura rígida
capaz de resistir às mais variadas condições operacionais. Deste modo, os na-
vios podem vencer as grandes distâncias entre os pontos de origem e destino.
CONEXÃO
Para verificar as principais rotas do transporte marítimo mundial acesse o link <http://1.bp.b-
logspot.com/-7qebQhK1v1E/T8McKT27LmI/AAAAAAAAAHE/LM3qIuqLXHU/s1600/
Map_main_shipping_routes.png>.
capítulo 1 • 11
1.2 Pontos críticos a navegação
Quando dizemos pontos críticos estamos falando de locais que foram construí-
dos com o objetivo de encurtar o tráfego marítimo. No entanto, hoje são pontos
de restrições, pois limitam o tipo de embarcação que podem circular por eles.
Um dos mais famosos pontos críticos para a navegação é o canal do Panamá.
O canal do Panamá foi construído pelos americanos em 1915 com o objetivo de
conectar dois oceanos, o Atlântico e o Pacífico. Para isso, foi realizada uma obra
de construção de um canal para ligar os oceanos. Contudo, fisicamente, existia
uma restrição de altura entre eles. Para vencer essas diferenças, foi construído
um conjunto de eclusas, que são câmaras que enchem de água e permitem que
as embarcações façam a travessia pelo canal, vencendo os desníveis existentes.
A figura 1.1 mostra o canal do Panamá.
©© PICTUREMAKERSLLC | DREAMSTIME.COM
Figura 1.1 – Canal do Panamá e detalhes da dimensão das eclusas para a travessia dos
navios.
12 • capítulo 1
Canal do panamá
Comprimento: 305 m
Boca: 33.5 m
Calado: 12,04 m
Altura: não há
A figura 1.2 mostra as eclusas existentes no canal. Por meio destas eclusas
os navios partem de um lado para outro do canal. A cada passagem, vão subin-
do ou descendo, vencendo as distâncias e as alturas do canal.
Figura 1.2 – Conjunto de eclusas ligando os dois oceanos que são interligadas pelo Lago
Gatún.
Outro canal muito famoso é o canal de Suez. Este canal foi inaugurado
em 1869 e liga Porto Said, porto egípcio no Mar Mediterrâneo, a Suez, no Mar
Vermelho. Este canal é muito utilizado para o transporte de navios de petróleo
que operam na região do oriente médio. A figura 1.3 mostra o detalhe do canal,
bem como suas características físicas.
capítulo 1 • 13
©© IGOR GROSHEV | DREAMSTIME.COM
Canal de Suez
Comprimento: não há
Boca: 77.5 m (em algumas situações)
Calado: 19 m
Altura: 68 m
CONEXÃO
Para visualizar o Estreito de Malaca acesse o link <http://embuscadaculturageral.blogs.
sapo.pt/estreito-de-malaca-26806>.
14 • capítulo 1
Estreito de Malaca
Comprimento: 470 m
Boca: 60 m
Calado: 23 m
Altura: não há
Além das restrições físicas destes canais por onde circulam inúmeros na-
vios anualmente, existem outras restrições que podem impactar na operação
dos navios, que é a profundidade dos portos.
CONEXÃO
Acesse o link <http://www.sintrammarlitoralsp.com.br/assets/upload/noticia/1399361484.
jpg >, para ver os principais componentes que restringem o acesso dos navios aos portos.
O calado do casco que fica imersa dentro da água. Esta é uma medida do
navio que veremos mais para frente. A largura do canal é outro componente
extremamente importante, pois limita o canal de acesso em termos de cruza-
mento de embarcações durante sua circulação. A distância que fica entre o cas-
co (quilha) e o fundo canal é uma folga para permitir que o navio não encalhe,
sendo denominada de pé de piloto.
A profundidade é sempre calculada descontando o efeito da maré, ou seja,
o efeito da gravitacional da Lua e do Sol que causa influência sobre os corpos
d’água do mar. A maré é uma elevação temporária do nível de água de uma de-
terminada região.
Deste modo, o calado máximo de um navio num porto pode ser calculado
por:
CMR = (P+M) – TSQ
capítulo 1 • 15
Onde:
• P = profundidade
• M = maré
• TSQ = tolerância ou folga sob quilha (10% do calado do navio).
É importante que você saiba que um navio sempre tem por finalidade levar
a carga de um local para outro. Então, ele sempre irá precisar carregar em um
porto e descarregar em outro, mas para isso acontecer ambos tem que ter ca-
racterísticas semelhantes de acesso marítimo para que o navio carregado saia
de um local e chegue ao outro. Caso contrário, ele ficará encalhado em algum
lugar.
1.3 Shipping
Ao longo dos anos o transporte marítimo foi se adaptando ao crescimento in-
ternacional da demanda por transporte de cargas de grandes distâncias e gran-
des volumes. O desenvolvimento das nações mundiais gerou aumento das de-
mandas e de produtos que são transportados pelos navios. Das infinidades de
produtos que são produzidos, alguns deles são transportados a granel, enquan-
to outros são transportados em líquidos, em contêineres ou unitizados.
Para conquistar novos mercados e com o objetivo de redução dos custos
para aumentar os lucros das empresas e companhias de transportes, os navios
passaram a ficar cada vez maiores. O conceito básico por trás disso é chamado
de economia de escala, ou seja, quanto mais se produz de um mesmo produto
reduz-se o seu custo de produção.
Botter (2005) explica, que obviamente, não podemos esquecer que o efeito
da globalização entre os países fizeram com que o comércio internacional cres-
cesse vertiginosamente nos últimos anos. Alguns fatores podem ser citados
para o desenvolvimento deste transporte:
a) Necessidade de comercialização de excedente de produção, seja ele de
matérias primas ou produtos acabados;
b) Identificação de mercados consumidores para os excedentes de
produção;
c) Presença de restrições tanto para produção quanto para consumo de
produtos importados por parte de países com economia fechada;
16 • capítulo 1
d) Instalação de empresas multinacionais e transnacionais nos vários
mercados mundiais, especialmente em países com grandes restrições ao co-
mércio internacional (o intuito dessas empresas era o de explorar mercados vir-
gens e de alta lucratividade em virtude da ausência de concorrentes externos);
e) Obtenção de privilégios comerciais como permissão de importação de
matérias-primas não produzidas localmente e utilizadas nas indústrias;
f) A redução mais abrangente de impostos de importação incidentes so-
bre matérias-primas ou componentes utilizados na manufatura de produtos
destinados à exportação;
g) Negociações internacionais para facilitar o comércio internacional
(para que se possa exportar um determinado produto a um país sem restrições
é necessário que se conceda algum tipo de reciprocidade em outro produto)
“toma cá da lá”;
h) Preocupação mundial com a geração de novos empregos, impulsionan-
do a concessão de benefícios à instalação de novas empresas com o objetivo
de atrair investimentos internacionais concedendo garantias de livre comércio;
capítulo 1 • 17
• Se a empresa é S.A. ou Ltda;
• Composição acionária, sócios participativos, contrato social, quadro hie-
rárquico. Registros para a atividade. Órgãos federais, estaduais, municipais
envolvidos;
• Nomeação/ contratação dos agentes marítimos - portos de embarque -
portos de descarga;
• Nomeação/ contratação dos agentes portuários - operadores nos portos;
1 Parte do texto foi extraído das notas de aula de transporte marítimo da Universidade de São Paulo.
18 • capítulo 1
Consiste na operação de embarcações em hidrovias
interiores, em percurso nacional ou internacional. No
Brasil, temos vários exemplos de navegação interior,
NAVEGAÇÃO como por exemplo o transporte de soja pela hidrovia
INTERIOR Tietê-Paraná ou transporte de minério de ferro pela
hidrovia Paraguai-Paraná. Ou seja, os minérios par-
tem de Corumbá (MS) e são transferidos para navios
na Argentina;
2 Parte do texto foi extraído das notas de aula de transporte marítimo da Universidade de São Paulo, apresentado
em Botter (2005)..
capítulo 1 • 19
A Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ é uma entidade que integra
a administração federal indireta, de regime autárquico especial, com personalidade jurí-
dica de direito público, independência administrativa, autonomia financeira e funcional,
vinculada à Secretaria de Portos da Presidência da República – SEP/PR. Foi criada
pela Lei nº 10.233/2001 e instalada em 17 de fevereiro de 2002 (ANTAQ, 2015, s/p).
20 • capítulo 1
conferindo maior segurança jurídica, promovendo maior competição e redefi-
nindo as competências institucionais da ANTAQ. Os aspectos legais que gerem
a operação de shipping no Brasil são mostrados a seguir.
1.4.1 Leis
capítulo 1 • 21
1.4.3 Decretos
1.5.1 Leis
1.5.2 Decretos
22 • capítulo 1
• Decreto 3.691 - Dispõe sobre a acessibilidade de portadores de deficiência;
• Decreto 5.130 - Regulamenta o art. 40 da Lei 10.471/2003 (Estatuto do
Idoso). Revogado pelo Decreto 5.934;
• Decreto 5.155 - Altera dispositivos do Decreto nº 5.130/2004. Revogado
pelo Decreto 5.934;
• Decreto 5.276 - Altera os art. 2º e 3º do Decreto nº 3.411/2000;
• Decreto 5.296 - Regulamenta as Leis 10.048/2000 e 10.098/2000;
• Decreto 5.934 - Dispõe sobre mecanismos e critérios para aplicação do
art. 40 da Lei 10.741/03 (Estatuto do Idoso, inciso III - os serviços de transporte
aquaviário interestadual, abertos ao público, realizados nos rios, lagos, lagoas
e baías, que operam linhas regulares, inclusive travessias).
1.5.3 Portarias
1.6 Portos
Abaixo estarão listados leis e decretos responsáveis pelos portos.
1.6.1 Decretos
1.6.2 Leis
• Lei 12.815 - Dispõe sobre a exploração direta e indireta pela União de por-
tos e instalações portuárias e sobre as atividades desempenhadas pelos ope-
radores portuários; altera as Leis nº 5.025, de 10 de junho de 1966, 10.233, de
5 de junho de 2001, 10.683, de 28 de maio de 2003, 9.719, de 27 de novembro
capítulo 1 • 23
de 1998, e 8.213, de 24 de julho de 1991; revoga as Leis nº 8.630, de 25 de feve-
reiro de 1993, e 11.610, de 12 de dezembro de 2007 e dispositivos das Leis nº
11.314, de 3 de julho de 2006, e 11.518, de 5 de setembro de 2007; e, dá outras
providências;
• Lei 11.314 - Altera a Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, que dispõe
sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias
e das fundações públicas federais, a Lei nº 10.233, de 5 de junho de 2001, que
dispõe sobre a reestruturação dos transportes aquaviário e terrestre, cria o
Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transporte, a Agência Nacional
de Transportes Terrestres, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários e o
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. (Lei dos Portos);
• Lei 11.518 - Acresce e altera dispositivos das Leis nos 10.683, de 28 de
maio de 2003, 10.233, de 5 de junho de 2001, 10.893, de 13 de julho de 2004,
5.917, de 10 de setembro de 1973, 11.457, de 16 de março de 2007, e 8.630, de
25 de fevereiro de 1993, para criar a Secretaria Especial de Portos, e dá outras
providências. (Lei dos Portos).
1.7.1 Leis
24 • capítulo 1
Agência Nacional de Transportes Terrestres, a Agência Nacional de Transportes
Aquaviários e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, e dá
outras providências;
• Lei 10.871 - Dispõe sobre a criação de carreiras e organização de cargos
efetivos das autarquias especiais denominadas Agências Reguladoras, e dá ou-
tras providências.
1.7.2 Decretos
O Brasil foi descoberto pelos portugueses que chegaram ao país por meio do
mar. Então, iniciou-se a navegação de longo curso brasileira. Caravelas precisa-
vam trazer suprimentos de Portugal e ao mesmo tempo retirar os recursos na-
turais brasileiros para levar de volta para o reino. Nesta época, a navegação era
bastante arriscada devido à natureza das embarcações, mas por muitos anos
permaneceram assim, até a melhoria tecnológica.
capítulo 1 • 25
A costa brasileira tem aproximadamente 7.408 km, o que demonstra a gran-
de vocação do nosso país para o mar. Deste modo, é natural que as cidades bra-
sileiras desenvolvam-se em torno do mar.
Assim, como o aumento do transporte internacional de cargas e a constru-
ção de portos em praticamente toda a costa brasileira, o transporte marítimo
teve forte expansão no país. Atualmente, existem 34 portos públicos e mais de
100 terminais privativos em toda a costa brasileira, segundo a ANTAQ (2015).
Estes portos são os elos de conexão das cadeias logísticas, em que as cargas
chegam e/ou saem pelos veículos terrestres e são transferidos ou recebidos das
embarcações (ANTAQ, 2015).
Contudo, para que se possa existir navegação é necessário que se tenha em-
barcações. O histórico da navegação no Brasil está diretamente relacionado à
construção naval brasileira, conforme veremos a seguir.
Segundo o Eng. Naval Nelson Luiz Carlini, a construção naval no Brasil pas-
sou por alguns marcos, conforme mostrado a seguir:
• 1951/1953 – Comissão Brasil Estados Unidos: estabelece Projetos para
Portos e Navegação de Cabotagem e Dragagem.
• 1958 - Plano de Metas Juscelino Kubitscheck: GEICON
• Meta 11 – Renovação da Marinha Mercante (FMM);
• Meta 28 – Implantação da Construção Naval;
26 • capítulo 1
• Planos de Construção Naval (I e II PCN).
• II PCN propicia maior encomenda simultânea de navios no mundo!
• Estaleiros Brasileiros possuem a segunda carteira de encomendas
mundial.
• Prêmios de até 35%: Diferença do Preço Internacional.
• Expansão de capacidade e modernização dos processos de produção.
• Conselho de Desenvolvimento Industrial controlando importação de na-
vios e nacionalização de navipeças e equipamentos.
• Atraso da execução do II PCN pelas alterações de projetos durante a exe-
cução decorrentes da nacionalização de componentes a “qualquer custo”.
• Início do esforço de Exportação de navios; simultaneamente se importa-
vam navios especializados ou resultados de acordos internacionais.
• Crescimento recorde da Frota Nacional Brasileira atingindo, na década
seguinte, 10 milhões de toneladas (TDW).
• após 1982 – Declínio da Construção Naval. Primeira moratória brasileira,
crise cambial.
• 1983 – Transferido o financiamento de navios ao BNDES com o fim da
Sunamam.
• Armadores são supostos a assumir o risco de produção dos Estaleiros.
• Desaquecimento da economia global. Início do processo de
hiperinflação.
• Retração da capacidade de investimento do Governo.
Contingenciamento do FMM com transferência de recursos ao Tesouro.
• Programas de importação de navios ligados a financiamentos ao
Brasil.
capítulo 1 • 27
• Complementação das estruturas das FPSO’s nos Estaleiros Brasileiros.
• Novos estaleiros com aumento significativo da capacidade com os
Estaleiros Rio Grande e Atlântico Sul em Suape. Descentralização dos produto-
res e ampliação do mercado empregador.
• 40 000 empregados no setor!
• Navios mercantes privados em construção para Log In; 3 navios de 2700
TEU’s a preços mais de 50% acima do mercado internacional.
• Tímida retomada da Exportação para PDVSA e Gypsum.
Aquaviário 12,8
Aéreo 0,3
Rodoviário 62,6
Ferroviário 19,9
28 • capítulo 1
Dentre ainda as vantagens podemos citar o menor preço relativo de frete,
ou seja, quando comparamos o custo total do transporte pelo volume de carga
transportada frente ao rodoviário. A título de exemplo, podemos citar que o ín-
dice de avarias no transporte rodoviário de televisões oriundas de Manaus para
São Paulo é da ordem de 2%, enquanto que pela cabotagem esse índice é quase
zero. Além disso, existe o fator da cabotagem ser mais eficiente ambientalmen-
te falando, pois uma mesma embarcação é capaz de transportar a carga de mi-
lhares de caminhões nas ruas, reduzindo assim as emissões de gases poluentes
como o CO2. Outra vantagem significativa é a questão da redução do tráfego
de veículos nas estradas brasileiras, além de maior segurança ao transporte de
cargas, pois se reduzem os furtos e acidentes.
Contudo, apesar do potencial de crescimento, este segmento enfrenta vá-
rios desafios: o preço do bunker, o combustível de navegação, que é cerca de
30% mais caro que o rodoviário, além de sofrer o efeito do câmbio no mercado
internacional. Não existem incentivos para a aquisição de combustível para na-
vegação das embarcações no Brasil que operam na cabotagem.
Para aquisição de embarcações que operem na navegação de cabotagem, as
empresas precisam construir os navios no Brasil, ou até mesmo construir fora
do país, mas nacionalizá-los pagando todos os impostos e taxas. Atualmente,
existe certa escassez de estaleiros disponíveis para atender os armadores brasi-
leiros, obrigando-os a construir no exterior. A vantagem é que nestas condições
eles conseguem preços menores que no Brasil, e mesmo pagando todas as ta-
xas, o custo total chega a ser 20% menor do que construir internamente, além
de não ter problemas com os prazos de entrega e qualidade. Obviamente, isso é
uma barreira para operação de cabotagem no país.
Além destes problemas estruturais, existe a competição entre a cabotagem
e o rodoviário que tem forte impacto na sua expansão. Existe uma grande oferta
de caminhões nas ruas, sendo que uma parcela significativa é de motoristas
autônomos que realizam o transporte. Isso faz com que o valor do frete seja
relativamente baixo quando comparado a outros países. Como existe a lei da
oferta e demanda, sempre quando a oferta é alta e a demanda é baixa, o preço
cai. Isso tem impacto significativo sobre a navegação de cabotagem no Brasil.
No entanto, como vimos na tabela 1.1, o volume de movimentação de carga
tem aumentado ano após ano, mostrando que a cabotagem tem aumentado
sua participação no mercado brasileiro.
capítulo 1 • 29
1.9 Atividades dos diferentes tipos de
organizações no transporte marítimo
3 Os parágrafos seguintes foram extraídos das notas de aulas de transporte marítimo da Universidade de São Paulo,
apresentado por Botter (2005).
30 • capítulo 1
são analisados todos os planos (desenhos) da embarcação, bem como os cálculos
realizados para os projetos. Além disso, fazem um acompanhamento da constru-
ção, vistorias no casco e equipamentos, bem como o acompanhamento da prova
de mar, teste realizado quando o navio é construído para verificar se as condições
de projeto foram atendidas. Existem inúmeras sociedades classificadoras que
tem um papel importantíssimo para a segurança do transporte marítimo.
Outra estrutura importante para o transporte marítimo internacional são
os P&I Clubs (Protection and Indemnity), ou seja, os clubes de seguro. Os P&I
Clubs são organizações formadas pelos próprios armadores, sem fins lucrati-
vos, com o objetivo de prover indenizações e proteção na base do seguro mútuo
para casos que o mercado de seguros normalmente não inclui. Dentre esses ris-
cos, podem se mencionar: danos contra pessoas físicas (tripulantes, passagei-
ros ou quaisquer outras), danos a cargas, danos por poluição ao meio ambiente
etc. Ou seja, mediante um acidente ocorrido com uma embarcação, aciona-se o
clube de seguro para fazer a indenização e cobrir os danos causados pelos aci-
dentes. Na prática, ninguém quer que os acidentes ocorram, então é por isso,
que existem as sociedades classificadoras para ajudar a mitigar o seu risco.
Basicamente, o sistema funciona como um seguro de carros, em que quan-
do ocorre dano acionamos o seguro para recuperar o bem perdido, ou avariado,
e indenizar as partes que foram acometidas pelo acidente.
Sendo assim, observamos que a indústria de transporte marítimo é extre-
mamente complexa. As regras são necessárias para regular o setor e fazer com
que todos os operadores neste segmento sintam-se seguros e que traga confia-
bilidade ao usuário final.
ATIVIDADES
01. Explique porque o transporte marítimo é importante para a sociedade atual.
02. Porque existem pontos de restrição à navegação no mundo? Você considera essas res-
trições importantes? Quais são suas vantagens e desvantagens?
capítulo 1 • 31
REFLEXÃO
Diante do exposto acima, agora você poderá começar a pensar como os produtos importados
começam a chegar as suas mãos. Da mesma forma, você poderá começar a pensar como
as exportações de grãos, minérios e outros produtos brasileiros, em sua maioria chegam nos
países de destino.
Uma vez que conseguimos vislumbra este cenário, é natural imaginarmos que para que
esse sistema complexo funcione exista a necessidade de legislação e regulação para que o
mesmo possa funcionar de maneira harmoniosa.
Portanto, reflita toda vez que estiver passando perto de um porto e ver um navio por
quais países e mares que está maquina já passou transporte cargas e integrando as cadeias
logísticas nacionais e internacionais.
LEITURA
MARINHA DO BRASIL. Arte naval. Disponível em: <https://www.marinha.mil.br/>. Acesso em: 02 jun.
2015.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTAQ. Acesso a informação. Disponível em: <http://www.antaq.gov.br/acessoainformacao/>.
Acesso em: 02 jun. 2015.
CARLINI, Nelson Luiz. Obtenção de Embarcações no Brasil. 2009.
BOTTER, Rui, Carlos. Apostila de shipping. 2005.
BOTTER, Rui, Carlos. Notas de aula de transporte marítimo. 2005.
BOTTER, Rui, Carlos. Notas de Aula. Transporte Marítimo. 2013.
FLORIANO, C. M.; PIRES, Jr.. Transporte Marítimo. Pós-Graduação em Engenharia Portuária.
Disponível em: <http://netmarinha.uol.com.br/classificacao-de-navios-no-seguro-de-transporte-
internacional/http://www.eia.gov/countries/regions-topics.cfm?fips=wotc&trk=p3>. Acesso em: 02
jun. 2015.
STOPFORD, Martin. Maritime Economics. 3. ed.. Routledge, 2009.
32 • capítulo 1
2
Estrutura do
Negócio Shipping e
Tipos de Navios e
suas Finalidades
Funções do mercado de transporte marítimo
OBJETIVOS
O objetivo é que você compreenda este funcionamento e veja como as empresas devem se
preparar para obter financiamentos, comprar navios e etc. Geralmente, nós estamos distan-
tes do mundo marítimo. Muitas vezes nos vamos fazer uma visita a alguma cidade litorânea
e ficamos vislumbrados quando vemos os navios. Também vamos apresentar a você o que é
um navio, como ele funciona, bem como as principais características de sua operação. Deste
modo, você estará apto a entender seu comportamento e a forma com ele foi projetado para
operar.
Ao final deste capítulo você irá:
• Conhecer a estrutura e funcionamento de uma empresa de navegação marítima, abordan-
do a natureza dos serviços prestados, aspectos comerciais e operacionais, concorrência e
riscos financeiros;
• Identificar a composição e a tipologia dos custos incidentes sobre a operação comercial
de um navio.
• Identificar as características dos principais tipos de navios utilizados no transporte marítimo
internacional;
• Reconhecer as finalidades a que se destinam comercialmente os seguintes tipos de na-
vios: Cargueiro convencional; Frigorífico; Graneleiro; Petroleiro; Gaseiro; Químico; Roll-On/
Roll-Off; Heavy Lift; Porta-Contêiner.
34 • capítulo 2
2.1 Funcionamento de uma empresa de
navegação (natureza econômica, aspectos
comerciais e operacionais)
Segundo Botter (2005) uma empresa de navegação, basicamente, é uma
empresa como outra qualquer do ponto de vista documental. No entanto, para
operar no Brasil, precisa atender alguns requisitos conforme mostrado a seguir:
CONEXÃO
As empresas podem recorrer a financiamentos para construir suas embarcações junto ao
Fundo da Marinha Mercante – FMM. Segundo o BND, o FMM é um fundo de natureza con-
tábil destinado a prover recursos para o desenvolvimento da Marinha Mercante e da indústria
de construção e reparação naval brasileiras, conforme descrito no artigo 22 da Lei 10.893,
de 10 de julho de 2004. Para mais informações acesse o link <http://www.portosdobrasil.
gov.br/assuntos-1/investimentos/incetivos-fiscais/fundo-da-marinha-mercante >.
4 Texto extraído das notas de aula de transporte marítimo da Universidade de São Paulo.
capítulo 2 • 35
c) Os valores de importância que lhe sejam destinados em lei;
d) O produto do retorno das operações de financiamento concedido e ou-
tras receitas resultantes de aplicações financeiras;
e) Os provenientes de empréstimos contraídos no país e no exterior;
f) As receitas provenientes de multas aplicadas por infrações de lei, nor-
mas, regulamentos e resoluções referentes à arrecadação do AFRMM;
g) Reversão dos saldos anuais não aplicados;
h) Receitas de outras fontes.
36 • capítulo 2
f) Às empresas brasileiras, até 90% (noventa por cento) do valor do projeto
aprovado, para construção, jumborização, conversão, modernização ou repa-
ração, quando realizadas por estaleiro brasileiro, de qualquer tipo de embar-
cação própria, de aplicação comercial, industrial ou extrativista, no interesse
do desenvolvimento da Marinha Mercante e da indústria de construção e re-
paração naval;
g) Aos estaleiros brasileiros para financiamento de reparo de embarca-
ções, até 90% (noventa por cento) do valor do projeto aprovado;
h) Aos estaleiros, arsenais e bases navais brasileiros para expansão e mo-
dernização de suas instalações ou para construção de novas instalações, até
90% (noventa por cento) do valor do projeto aprovado;
i) À empresa de navegação ou aos estaleiros brasileiros, no apoio finan-
ceiro à construção ou produção de embarcações destinadas ao transporte
fluvial de passageiros de elevado interesse social, até 100% (cem por cento)
do valor do projeto aprovado;
j) À empresa de navegação ou aos estaleiros brasileiros no apoio financei-
ro à construção ou produção de embarcações destinadas à pesca, até 100%
(cem por cento) do valor do projeto aprovado;
k) Para outras aplicações em investimentos, no interesse da Marinha
Mercante e da indústria de construção naval brasileiras;
capítulo 2 • 37
III. No financiamento da diferença entre o custo interno efetivo de cons-
trução de embarcações e o valor das operações contratadas, com recursos do
FMM e de outras fontes, limitada a 10% (dez por cento) do valor do contrato de
construção de embarcação destinada ao mercado interno;
IV. Em crédito reserva, até o limite de 20% (vinte por cento) do valor do con-
trato de financiamento concedido com recursos do FMM e de outras fontes à
produção de embarcação destinada à exportação visando assegurar o término
da obra, no caso de descumprimento da correspondente obrigação de fazer por
parte do estaleiro;
V. Em programas especiais direcionados à pesca artesanal ou ao transpor-
te de passageiros, considerados atividades prioritárias e de relevante interesse
social, com redução de encargos financeiros referentes aos juros e atualização
monetária, conforme dispuser o Conselho Monetário Nacional, por proposta
do Ministro de Estado dos Transportes;
VI. Em despesas relativas à arrecadação, gestão e utilização dos recursos
do FMM.
38 • capítulo 2
2.1.1 Constituição de empresas de navegação
• Sociedade Anônima:
• Estatutos internos;
• Corpo de Acionistas;
• Corpo Diretivo: Diretor Presidente, Vice Presidente, Diretor Comercial
ou de Marketing, Diretor Financeiro e Administrativo, Diretor Técnico e
Operacional;
• Corpo de Gerentes.
• Sociedade Limitada:
• Estatutos internos;
• Composição societária;
• Composição do quadro funcional e organização hierárquica;
• Decisão sobre a localização do escritório sede (head office);
• Decisão sobre nomeação/ contratação de agentes marítimos - próprios
ou terceirizados – agentes comerciais, agentes operadores nos portos de es-
cala dos navios – subagentes;
• Divulgação dos serviços;
• Estratégias de marketing – do próprio Armador/ Afretador/ Agentes
Comerciais;
• Serviços de vendas.
• Armador Brasileiro
• Autoridades Federais Envolvidas:
a) Ministério dos Transportes:
Departamento de Marinha Mercante - DMM
b) Ministério da Economia:
BNDES - Bando Nacional de Desenvolvimento ( financiamento para
construção, compra de navios de terceiros);
Receita Federal;
Banco Central;
capítulo 2 • 39
c) Ministério da Justiça:
Policia Federal.
d) Ministério da Saúde:
Saúde dos Portos.
• Autoridades Estaduais
• Secretaria Estadual dos Transportes
• Junta Comercial do Estado de São Paulo
• Registro de Procurações
• Autoridades Municipais
• Prefeitura Municipal
• Delegacia da Receita Federal
• Policia Federal
• Capitania dos Portos
• Registro de Procurações
b) Informação:
40 • capítulo 2
• Formulando estratégias para a sobrevivência e sucesso no
empreendimento.
• Tipos de navios;
• Quantidade de tripulantes, forma de remuneração, serviço social da em-
presa, apoio social aos familiares.
• Engenheiros Navais;
• Corpo de apoio, mecânicos e técnicos;
• Oficinas especializadas, contratação dos serviços;
• Estoque permanente de partes e peças contingenciais, emergenciais;
• Compra eventual de partes e peças (Brasil / exterior);
• Manutenção, prevenção, consertos;
• Fainas das oficinas a bordo nos portos de escala e a permanente dos tri-
pulantes do navio;
• Desgaste da frota, renovação, custos;
• Docagem – Drydock, que é o processo de tirar o navio de operação e levá-lo
para um estaleiro para que seja reparado ou vistoriado.
c) Suprimentos:
capítulo 2 • 41
• Consumo de bordo, controle, fiscalização;
• Laser a bordo para o corpo de oficiais e os demais tripulantes;
• Assistência médica, social e psicológica.
d) Seguro:
90
90
90
90
90
90
90
90
90
90
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
42 • capítulo 2
PERCENTAGE
SHARE OF
COUNTRY/ NUMBER OF AVERAGE CUMULATED OF GROWTH
RANKING OPERATOR TEU WORLD TOTAL,
TERRITORY VESSEIS VESSEL SIZE SHARE, TEU IN TEU OVER
TEU
2010
1 Maersk Line Denmark 414 4 398 1 820 816 11,2% 11,2% 4,2%
2 MSC Switzerland 422 4 176 1 762 169 10,8% 22,0% 16,9%
3 CMA CGM Group France 288 3 715 1 069 847 6,6% 28,6% 13,2%
China, Taiwan Provi-
4 Evergreen Line 162 3 666 593 829 3,7% 32,3% 0,2%
dence of
5 APL Singapore 141 4 197 591 736 3,6% 35,9% 12,8%
6 COSCON China 147 3 848 565 728 3,5% 39,4% 14,1%
Hapag-Lloyd
7 Germany 126 4 446 560 197 3,4% 42,8% 19,1%
Group
8 CSCL China 120 3 841 460 906 2,8% 45,7% 0,8%
9 Hanjin Republic of Korea 98 4 565 447 332 2,8% 48,4% 11,8%
10 CSAV Chile 119 3 217 382 786 2,4% 50,8% 95,4%
as maiores empresas neste setor mundial.
11 OOCL China, Hong Kong SAR 85 4 408 374 714 2,3% 53,1% 29,1%
12 MOL Japan 91 3 989 362 998 2,2% 55,3% 4,2%
13 NYK Japan 85 4 152 352 915 2,2% 57,5% –1,9%
14 K Line Japan 84 4 143 347 989 2,1% 59,6% 7,0%
15 Humbug Sud Germany 98 3 423 335 449 2,1% 61,7% 18,2%
China, Taiwan Provi-
16 Yang Ming 78 4 137 322 723 2,0% 63,7% 1,7%
dence of
17 HMM Republic of Korea 60 4 753 285 183 1,8% 65,4% 9,7%
18 Zim Israel 73 3 857 281 532 1.7% 67.2% 30,5%
19 PIL Singapore 111 2 143 238 241 1.5% 68.6% 36,9%
20 UASC Kuwait 47 3 800 178 599 1.1% 69.7% 1,1%
Total top 20 carriers 2 849 3 979 11 335 689 69.7% 69.7% 12,4%
Others 6 839 719 4 918 299 30.3% 30.3% 1,1%
capítulo 2
World containership fleet 9 688 1 678 16 253 988 100.0% 100.0% 8,7%
• 43
a Maersk Line, que operam neste setor e lideram o mercado. A tabela 2.1 mostra
Em termos de concorrência nas empresas de navegação, nós podemos veri-
ficar que entre os operadores de conteineres existem grandes empresas, como
A concorrência entre as empresas de navegação é acirrada entre as diversas
empresas que disputam estes mercados, seja contêiner, carga geral e granéis.
Assim, a forma como as empresas gerenciam seus processos, investem na com-
pra de navios e cuidam da gestão da frota são os elementos decisivos para o
sucesso ou fracasso das companhias.
A empresa de navegação deve cuidar do seu bem mais precioso que é o navio.
O conceito é muito semelhante ao de um veículo convencional, ou seja, ele pre-
cisa de manutenção e da realização dos reparos necessários, bem como, ser
conservado para que tenha sua vida útil prolongada. Basicamente, um navio é
projetado para ter uma vida útil média de 25 anos.
Quando compramos um carro zero, a cada 10.000 km precisamos levá-lo
para fazer uma revisão em um determinado local. Da mesma forma, os navios
novos e usados também precisam fazer suas revisões. Isso ocorre sempre que
os navios fazem suas docagens, tendo seus itens principais verificados e repa-
rados quando necessário para sua conservação.
Contudo, não podemos esquecer que o navio é uma máquina, e as máqui-
nas quebram. Por mais que sejam realizadas manutenções preventivas buscan-
do minimizar os problemas com as quebras, eventos aleatórios ocorrem, fazen-
do necessárias as manutenções corretivas.
Para isso, os navios precisam ter a bordo alguns insumos dedicados à rea-
lização de pequenos reparos, e quando não é possível realizar a manutenção
completa pela tripulação, utiliza-se então os serviços de terceiros que ocorrem
geralmente quando o navio chega em um determinado porto.
Assim, durante a estada do navio no porto, os armadores, procuram em-
presas especializadas em entregar produtos de consumo de bordo: os forne-
cedores de navios. Esses fornecedores entregam todos os insumos necessários
para a vida a bordo da tripulação, bem como para garantir que o navio consiga
operar durante sua viagem no mar. Há casos que navios chegaram a receber a
hóstia, enquanto outros fizeram pedidos de compra dos mais pitorescos, como
caixão, carneiro e planta de aquário.
44 • capítulo 2
Além disso, há encomendas mais comuns, como fogão, geladeira e compu-
tador. Os elementos de maquinaria, lubrificantes e combustíveis também são
fornecidos aos navios durante sua estada nos portos.
Este processo trata de uma licitação feita pelo dono do navio com todo o
material de que precisa, que chamamos de cotação. Ele envia essa cotação a vá-
rios fornecedores, no mínimo três, e quem oferecer o menor preço é contratado
para corre atrás do que foi pedido.
a) Fixos:
• Custos administrativos;
• Depreciação;
• Remuneração do capital investido;
• Financiamentos;
• Pagamento da tripulação;
• Seguros;
• Manutenção;
b) Variáveis:
• Preços de combustíveis;
• Lubrificantes;
• Estado de conservação das vias;
capítulo 2 • 45
Deste modo, os donos dos navios podem fazer o orçamento de suas viagens
e suas operações considerando os custos apresentados acima. Uma vez deter-
minados os custos, eles aplicam um fator de lucro sobre os custos que geral-
mente varia em 10 a 15% como margem de lucro da operação.
46 • capítulo 2
Register of Shipping; Nippon Kaiji Kyokai; Norske Veritas; Registro Italiano.
Três outras classificadoras já foram aceitas pela IACS, mas ainda não constam
do texto da cláusula de cobertura adicional – a Indian Register of Shipping,
Hrvatski Registar Brodova e Polski Regestr Statków. O Brasil é o único país
dos Brics que não tem um representante na IACS (ROCHA, 2014).
Exportadores e importadores, ao contratar um Freight Forwarder (Agente
de Carga) ou diretamente um Armador, raramente são informados sobre as
condições do navio que irá transportar suas mercadorias. A taxa do seguro da
apólice de transporte internacional pode ser agravada em até 35%, dependendo
do navio utilizado. Navios com mais de 20 anos de idade e navios classificados
por uma classificadora não reconhecida são apenas dois dos quesitos estabe-
lecidos pelas seguradoras para aplicação de taxa adicional. O segurado pode
perder o direito à indenização de sinistro quando regras de utilização de navios
estabelecidas na apólice não sejam cumpridas.
Os navios fora dos padrões internacionais exigidos e sem o certificado de
uma empresa membro da IACS podem não ser recebidos pelos diversos portos
ao redor do mundo ou conseguir obter uma apólice de seguro. Existem arma-
dores com navios em condições precárias e sem segurança que seguem nave-
gando. Eles criam suas autodenominadas classificadoras, que na realidade são
apenas disfarces com fins exclusivos para escapar dos custos necessários com
os serviços de classificação. Esses navios não ingressam em portos de países
desenvolvidos e são forçados a atuar apenas entre países sem controle de auto-
ridades marítimas. A seguir, apresentamos um exemplo, de acidente que pode
ocorrer durante a operação de um navio de contêineres no porto.
CONEXÃO
O navio MV Mol Comfort rachou ao meio e forçou os 26 marinheiros a bordo da embarcação
a abandonarem os serviços próximo ao Iêmen, na península arábica. Dos tripulantes, 14
eram filipinos e 12 eram russos. Acesse o link <http://www.portogente.com.br/arquivos/
id_32368_mol.jpg> para conferir a imagem.
capítulo 2 • 47
2.6 Conceituações jurídicas sobre o navio
como propriedade
48 • capítulo 2
©© PHOTONEWMAN1 | DREAMSTIME.COM, © GARY BLAKELEY | DREAMSTIME.COM, © RANGPL | DREAMSTIME.COM, © ENRIQUE GOMEZ | DREAMSTIME.COM
Demais usos
(15,9%)
Figura 2.3 – Principais tipos de navios existentes. Fonte: Lloyd's Register World Fleet Statis-
tics Tables , Londres, 2000
Figura 2.4 – Caracterização dos tipos existentes de embarcação. Fonte: Centro de Estudos
em Gestão Naval
capítulo 2 • 49
CONEXÃO
Para mais detalhes sobre os tipos de navios existentes consulte o link <http://scllogistica.
com.br/informacoes-e-curiosidades/81-principais-tipos-de-navios-existentes.html>.
50 • capítulo 2
2.8.2 Navio frigorífico (reefer vessel)
Estes navios são semelhantes aos de carga seca, porém seus porões são equipa-
dos com maquinários para refrigeração, sendo apropriados para cargas conge-
ladas ou aquelas que exigem um controle de temperatura. Seus diversos porões
podem ter temperaturas diferentes, o que facilita o transporte de vários tipos
de mercadorias. Exemplo de cargas transportadas em navios frigoríficos: car-
nes, frutas, leite e seus derivados, sucos, etc.
CONEXÃO
Para verificar um exemplo da acomodação de cargas no porão de um navio, acesse o link
<http://www.navioseportos.com.br/cms/images/glossarion/hold.jpg>.
capítulo 2 • 51
©© ARAGAMI12345 | DREAMSTIME.COM
Por exemplo, o Knock Nevis é o maior objeto móvel já construído pelo ho-
mem. Transformado em FPSO em 2004, ele comporta mais de 4.000.000 de bar-
ris de petróleo, o equivalente a mais de 18.000 caminhões tanque.
52 • capítulo 2
©© 728JET | DREAMSTIME.COM
Figura 2.7 – Navio tanque.
• Ro-Ro/ Container Carrier: navio que pode transportar veículos sobre ro-
das nos seus porões.
• Ro-Ro/ Pure Truck & Car Carrier: navio especializado para caminhões,
tratores, etc.
capítulo 2 • 53
CONEXÃO
Para assistir uma manobra do Navio Grimald assista ao vídeo <Navio Grimald>. O navio faz
a manobra no porto de Vitória.
CONEXÃO
Acesse o link <http://gigantesdomundo.blogspot.com.br/2011/05/o-maior-navio-carguei-
ro-do-mundo.html> para conhecer o navio Maersk classe Triple E, lançado em 2013, que é
o maior navio cargueiro e porta contêiner do mundo, com capacidade de carregar 18 270
contêineres.
Isso mostra que existe uma série de novos navios de grande capacidade sen-
do construído no mundo, com o objetivo de aumentar a capacidade de trans-
porte e reduzir o custo por tonelada transportada. Este tipo de operação é cha-
mada de economia de escala, ou seja, quanto maior o volume transportado,
menor é seu custo unitário de transporte, uma vez que os custos são rateados
por uma quantidade maior de elementos sendo transportado.
54 • capítulo 2
2.8.7 Navio multicarga (Multi-purpose ship)
©© ATGIMAGES | DREAMSTIME.COM
Figura 2.8 – Navio multicarga.
Estes são navios especiais com capacidade para transportar barcaças ou chatas.
As barcaças são carregadas ao largo por guindastes especiais a bordo, e descar-
regadas também à distância no porto de destino.
CONEXÃO
Acesse o link <http://marsemfim.com.br/blue-marlin-um-navio-que-transporta-navios/#.
VW4atdJViko> para conhecer o Blue Marlin, um navio que transporta navios e plataformas
até 75 mil toneladas.
capítulo 2 • 55
2.8.9 Navios de passageiros
Tais navios têm como finalidade o transporte de pessoas, podendo ser apenas
para viagens, como cruzeiros. Existem navios de cruzeiro que chegam a trans-
portar mais de 1.500 pessoas durante as viagens.
©© RANGPL | DREAMSTIME.COM
São navios também muito comum atualmente na costa brasileira que é uma
das rotas de muitas embarcações que vem do exterior para realizar turismo nas
aguas brasileiras.
Estes navios são utilizados para puxar, empurrar e manobrar todos os tipos de
navios. Geralmente são utilizados para manobras de grandes navios na zona
portuária e canais de acesso aos portos. Podem também socorrer navios em
alto-mar, rebocando-os para zonas seguras, além de puxar navios encalhados
em bancos de areia. Apesar de pequenos, possuem grande potência de motor,
podendo suportar o peso dos outros navios.
56 • capítulo 2
©© SIGURBJORN RAGNARSSON |
Figura 2.10 – Rebocadores.
ATIVIDADES
01. Quais as principais características dos navios de carga?
03. Se você fosse transportar minério de ferro qual tipo de navio você escolheria? Justifique
sua escolha.
REFLEXÃO
Como vimos uma empresa de navegação é uma empresa como qualquer outra, cujo objetivo
final é ter lucro na operação. Para isso deve atender uma series de requisitos legais e operar
da melhor maneira possível para conseguir sua fatia neste competitivo mercado.
O mais interessante disso tudo é que para uma empresa de navegacao existir é neces-
sário ter um navio. Uma máquina gigantesca com preco elevado que tem características se-
capítulo 2 • 57
melhantes aos veículos terrestres de carga, que são projetadas cada uma delas para atender
uma determinada finalidade.
A partir de agora você sabe distinguir cada tipo de embarcação e quando estiver em um
porto poderá identificar cada uma delas. Isso faz muita diferença entre uma pessoa que tem
conhecimento da área e uma pessoa leiga. A partir de agora você está no grupo das pessoas
que conhecem e entendem a finalidade de um navio e seu funcionamento.
LEITURA
MARINHA DO BRASIL. Arte naval. Disponível em: <https://www.marinha.mil.br/>. Acesso em: 02 jun.
2015.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTAQ. Acesso a informação. Disponível em: <http://www.antaq.gov.br/acessoainformacao/>.
Acesso em: 02 jun. 2015.
BOTTER, Rui Carlos. Apostila de shipping. São Paulo, 2005.
BOTTER, Rui Carlos. Notas de aula de transporte marítimo. 2005.
Stopford, Martin. Maritime Economics 3e. Routledge, 2009.
CLARKSON RESEARCH. Clarksons Research is respected worldwide as the most authoritative
provider of intelligence for global shipping.. Disponível em: <http://www.clarksons.com/services/
research/>. Acesso em: 02 jun. 2015.
FLORIANO, C. M. P. Transporte Marítimo. Pós-Graduação em Engenharia Portuária. UFRJ.
Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2008.
NET MARINHA. CLASSIFICAÇÃO DE NAVIOS NO SEGURO DE TRANSPORTE
INTERNACIONAL. Disponível em: <http://netmarinha.uol.com.br/classificacao-de-navios-no-seguro-
de-transporte-internacional/>. Acesso em: 02 jun. 2015.
ROCHA, Aparecido, Mendes. Classificação de navios no seguro de transporte internacional.
2014. Disponível em: <https://blogdorochaseguros.wordpress.com/2014/09/11/classificacao-de-
navios-no-seguro-de-transporte-internacional/>. Acesso em: 02 jun. 2015.
WIKIPIDIA. Armador (marinha). Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Armador_(marinha)>.
Acesso em: 02 jun. 2015.
58 • capítulo 2
3
Nomenclatura e
Geometria do Navio
e Convenções
Marítimas
Internacionais
Função das nomenclaturas
OBJETIVOS
Ao final deste capítulo você irá:
1. Identificar os principais termos técnicos sobre a geometria do navio;
2. Reconhecer o significado dos principais termos comerciais utilizados no transporte ma-
rítimo internacional.
3. Compreender os conceitos básicos sobre as principais convenções marítimas interna-
cionais;
4. Identificar a descrição e a aplicação das principais convenções marítimas internacionais.
60 • capítulo 3
3.1 Nomenclatura de navio mercante
As informações apresentadas neste item do curso foram extraídas do livro Ar-
quitetura Naval. A figura 3.1 mostra os principais componentes de um navio.
Boca
Plano Diametral
Popa
Comprimento
Tombadilho
Boreste AR
Superestrutura Alheta
Proa
Convés Borda livre
Castelo Calado AR
Bombordo Pontal
Bochecha
AV
Linha d’água Obras Vivas Obras Mortas
Calado AV
Figura 3.1 – Itens principais do navio. Fonte: Arte Naval – Apresentado pela Notas de aula
da Universidade Federal Fluminense.
capítulo 3 • 61
Da forma adequada do casco dependem as qualidades náuticas do navio:
resistência mínima à propulsão, mobilidade e estabilidade.
62 • capítulo 3
• Bochechas: Partes curvas do costado de um e de outro bordo, junto à roda
de proa.
• Amura: O mesmo que bochecha. Amura é também uma direção qualquer
entre a proa e o través (direção normal ao plano longitudinal do navio).
• Borda: É o limite superior do costado, que pode terminar na altura do
convés (se recebe balaustrada) ou elevar-se um pouco mais, constituindo a
borda-falsa.
• Borda-falsa: Parapeito do navio no convés, de chapas mais leves que as ou-
tras chapas do costado. Tem por fim proteger o pessoal e o material que estiverem
no convés, evitando que caiam ao mar. Na borda-falsa há sempre saídas d’água re-
tangulares cujas portinholas se abrem somente de dentro para fora a fim de per-
mitir a saída das grandes massas d’água que podem cair no convés em mar grosso.
• Alhetas: Partes curvas do costado de um ou de outro bordo junto à popa.
• Painel de popa ou somente painel: Parte do costado do navio na popa,
entre as alhetas.
• Resbordo: A primeira fiada de chapas (ou de tábuas, nos navios de madei-
ra) do forro exterior do fundo, de um e de outro lado da quilha.
• Costura: Interstício entre duas chapas ou entre duas tábuas contíguas de
um chapeamento ou de um tabuado, respectivamente.
• Superestrutura: Construção feita sobre o convés principal, estendendo-se
ou não de um a outro bordo e cuja cobertura é, em geral, um convés.
• Castelo de Proa ou simplesmente castelo: Superestrutura na parte extre-
ma da proa acompanhada de elevação da borda.
• Tombadilho: Superestrutura na parte extrema da popa acompanhada de
elevação da borda.
• Superestrutura central: Superestrutura a meia-nau.
• Poço: Espaço entre o castelo ou o tombadilho, e a superestrutura central,
num navio mercante; este espaço é limitado inferiormente pelo convés princi-
pal e lateralmente pelas amuradas, e pelas anteparas frontais do castelo ou do
tombadilho, e as da superestrutura central.
capítulo 3 • 63
As diferentes peças da estrutura do casco devem resistir aos esforços a que
são submetidos os navios (especialmente por flexão e torção como uma viga, e
por pressão no forro exterior), os quais são exercidos na direção longitudinal,
na direção transversal, ou são esforços locais. Diremos, então, que a ossada é
constituída por uma combinação de dois sistemas de vigas, as vigas longitudi-
nais e as vigas transversais, além dos reforços locais.
A continuidade das peças de estrutura, e particularmente das vigas longi-
tudinais, é uma das principais considerações em qualquer projeto do navio.
Assim, uma peça longitudinal, para ser considerada uma viga da estrutura,
deve ser contínua num comprimento considerável do navio, conforme mostra-
do na figura 3.2.
Chapeamento do convés
castelo
Cavernas
Vau
Trincaniz
Pé de carneiro
Longarina
Teto do
duplo-fundo
Bochecha de BB
Borboleta
Cavernas Longarinas
Quilha
Longarinas Resbordos
Hastilha
Gojo
Figura 3.2 - Estrutura dos cascos metálicos. Fonte: Arte Naval – Apresentado pela Notas de
aula da Universidade Federal Fluminense.
64 • capítulo 3
a) Quilha (keel): Peça disposta em todo o comprimento do casco no plano
diametral e na parte mais baixa do navio; constitui a “espinha dorsal” e é a
parte mais importante do navio, qualquer que seja o seu tipo; nas docagens e
nos encalhes, por exemplo, é a quilha que suporta os maiores esforços.
b) Sobrequilha: Peça semelhante à quilha assentada sobre as cavernas.
c) Longarinas, ou Longitudinais (longitudinals): Peças colocadas de proa
a popa, na parte interna das cavernas, ligando- as entre si.
d) Trincaniz (shear strake): Fiada de chapas mais próximas aos costados
em cada pavimento, usualmente de maior espessura que as demais, ligando
os vaus entre si e às cavernas.
e) Sicordas: Peças colocadas de proa a popa num convés ou numa cober-
ta, ligando os vaus entre si.
capítulo 3 • 65
• Cadaste: Peça semelhante à roda de proa, constituindo o extremo do na-
vio a ré; possui também alefriz. Nos navios de um só hélice, há cadastre exterior
e cadastre inferior.
• Pés de carneiro (stanchion): Colunas suportando os vaus para aumentar
a rigidez da estrutura quando o espaço entre as anteparas estruturais é grande,
ou para distribuir um esforço local por uma extensão maior do casco. Os pés de
carneiro tomam o nome da coberta em que assentam.
• Borboletas ou esquadros: Pedaços de chapa em forma de esquadro que
servem para a ligação de dois perfis, duas peças quaisquer ou duas superfícies
que fazem ângulo entre si a fim de manter este ângulo invariável. As borboletas
tomam o nome do local que ocupam.
• Chapeamento (plating): Constitui o conjunto de chapas que compõem
um revestimento ou uma subdivisão qualquer do casco dos navios metálicos.
As chapas dispostas na mesma fileira de chapeamento constituem uma fiada
de chapas.
• Chapeamento exterior do casco: Sua função principal é constituir um re-
vestimento externo impermeável à água, mas é também uma parte importante
da estrutura, contribuindo para a resistência do casco aos esforços longitudi-
nais. As fiadas mais importantes do chapeamento exterior são: a da cinta, a do
bojo e a dos resbordo.
• Chapeamento do convés e das cobertas: Dividem o espaço interior do cas-
co em certo número de pavimentos, permitindo a utilização adequada desses
espaços. Além disto, eles também contribuem para a estrutura resistente do
navio no sentido longitudinal; o pavimento resistente é o mais importante sob
este aspecto, apesar das cobertas também contribuírem, em menor extensão,
para a resistência longitudinal do casco.
• Anteparas (bulkheads): São as separações verticais que subdividem em
compartimentos o espaço interno do casco, em cada pavimento. As anteparas
concorrem também para manter a forma e aumentar a resistência do casco.
Nos navios de aço, as anteparas, particularmente as transversais, constituem
um meio eficiente de proteção em caso de veio d’água; Para isto, elas recebem
reforços. São tornadas impermeáveis as águas, e chamam-se anteparas estan-
ques. Sob o ponto de vista da estrutura resistente do casco, as que fazem parte
do sistema encouraçado de proteção são chamadas anteparas protegidas ou
anteparas encouraçadas. Conforme a sua posição, as anteparas podem tomar
os seguintes nomes:
66 • capítulo 3
a) Antepara de colisão AV ou somente Antepara de colisão: É a primei-
ra antepara transversal estanque, a contar de avante; é destinada a limitar
a entrada d’água em caso de abalroamento de proa, que é o acidente mais
provável. Por analogia, a primeira antepara transversal estanque a partir de
ré é chamada de antepara de colisão AR.
b) Antepara transversal: Antepara contida num plano transversal do cas-
co, estendendo-se ou não de um a outro bordo. As anteparas transversais
principais são anteparas estruturais, estanques, e são contínuas de um bor-
do a outro desde o fundo do casco até o convés de compartimentagem.
A primeira função das anteparas transversais principais é dividir o navio
em uma série de compartimentos estanques, de modo que a ruptura do cas-
co não cause a perda imediata do navio.
c) Antepara Frontal: Antepara transversal que limita a parte de ré do caste-
lo, a parte de avante do tombadilho ou a parte extrema de uma superestrutura.
d) Antepara diametral: Antepara situada no plano diametral, isto é, no
plano vertical longitudinal que passa pela quilha.
e) Antepara longitudinal ou Antepara lateral: Antepara dirigida num pla-
no vertical longitudinal que não seja o plano diametral.
f) Antepara Parcial: Antepara que se estende apenas em uma parte de um
compartimento ou tanque; serve como reforço da estrutura.
g) Anteparada de Bucha: Antepara AR onde fica situada a bucha interna
do eixo do hélice.
Pau de Carga
Convés
Principal Paiol da
Tijupá Amarra
Escotilha Passadiço
Figura 3.3 – Elementos da subdivisão. Fonte: Arte Naval – Apresentado pela Notas de aula
da Universidade Federal Fluminense.
capítulo 3 • 67
Convés (deck), cobertas, plataformas e espaços entre conveses.
Subdivisão do casco
68 • capítulo 3
• Plataforma: O pavimento mais elevado de qualquer outra superestrutura,
e de modo geral, qualquer pavimento parcial elevado e descoberto. As platafor-
mas tomam diversos nomes conforme sua utilização, e assim temos: platafor-
ma dos holofotes e plataforma de sinais;
• Convés de tijupá, convés de passadiço, convés das baleeiras, etc: Num na-
vio mercante, quando a superestrutura tem mais de um pavimento, estes po-
dem ser designados de acordo com a sua utilização principal.
• Convés corrido: é um convés principal sem estruturas que se estendam de
um bordo a outro;
• Convés resistente: é o convés principal ou convés que, por ser suficien-
temente afastado do eixo neutro do navio é considerado parte integrante da
estrutura resistente do casco no sentido longitudinal, tendo por isto as dimen-
sões de suas peças aumentadas; é usualmente o convés principal;
• Convés de borda livre: é o convés completamente chapeado, cujas aber-
turas possuem dispositivos de fechamento permanentemente estanque, e a
partir do qual se mede a borda livre; pode ser o convés principal ou o 2º convés,
dependendo do tipo de navio;
• Convés de compartimentagem: é o convés mais alto e contínuo até onde
vão as anteparas estruturais do navio; geralmente é o convés principal;
• Convés estanque: é o convés construído de modo a ser perfeitamente estan-
que à água, tanto de cima para baixo, como de baixo para cima; é o caso do convés
principal de um navio de guerra, que possui escotilhas de fechamento estanque;
• Convés estanque ao tempo: é o convés construído de modo a ser perfeita-
mente estanque à água, de cima para baixo, nas condições normais de tempo e
mar; o convés principal de um navio mercante, que possui inúmeros ventilado-
res abertos e tem as escotilhas de carga fechadas por tábuas e lona. Não pode
ser considerado estanque à água que invadir o casco de baixo para cima;
• Compartimentos: Subdivisões internas de um navio.
• Compartimentos estanques: Compartimentos limitados por um chapea-
mento impermeável. Um chapeamento ligado por rebites pode ser estanque à
água e não o ser a um gás ou ao óleo, porque estes penetram mais facilmente
através das costuras; a palavra estanque, sem outra referência, indica imperme-
abilidade à água somente.
• Duplo-fundo (DF): Estrutura do fundo de alguns navios de aço, constitu-
ída pelo forro exterior do fundo e por um segundo forro (forro interior do fun-
do), colocado sobre a parte interna das cavernas.
capítulo 3 • 69
O duplo-fundo é subdividido em compartimentos estanques que podem ser
utilizados para tanques de lastro, de água potável, de água de alimentação de
reserva das caldeiras, ou de óleo.
70 • capítulo 3
imediatamente acima dos tanques principais. Podem ser utilizados para o
transporte de óleo diesel para uso do navio.
capítulo 3 • 71
navio de guerra; praça de máquinas é o compartimento onde ficam situadas
as máquinas principais e auxiliares; praça de caldeiras, onde ficam situadas
as frentes das caldeiras e onde permanece habitualmente o pessoal que nelas
trabalha.
• Camarotes: Compartimentos destinados a alojar de um a quatro tripulan-
tes ou passageiros.
• Câmara: Compartimento destinado ao comandante de um navio.
• Camarim: Compartimento onde trabalha o pessoal de um navio. O cama-
rim de navegação, onde se acham instalados os instrumentos de navegação, é
situado no passadiço ou numa superestrutura. O camarim do leme, onde se en-
contra a roda do leme, é usualmente chamado casa do leme. Modernamente
o leme é situado no passadiço e, então, confunde-se por vezes o nome da casa
do leme com o próprio passadiço. O camarim de rádio, onde está instalada a
estação de rádio do navio, é também, em geral, situado numa superestrutura. O
camarim da máquina é, usualmente, o local onde trabalha o oficial de serviço
na máquina.
• Alojamentos: Compartimentos destinados a alojar mais de quatro tripu-
lantes ou passageiros.
• Corredor: Passagem estreita entre as anteparas de um navio, comunican-
do entre si diversos compartimentos de um mesmo pavimento.
Aberturas no casco
72 • capítulo 3
bucha da madre
do leme
Gaxeta
Figura 3.4 – Aberturas e acessórios do casco. Fonte: Arte Naval – Apresentado pela Notas
de aula da Universidade Federal Fluminense.
capítulo 3 • 73
• Portaló: Abertura feita na borda, ou passagem nas balaustradas, ou ainda,
aberturas nos costados dos navios mercantes de grande porte por onde o pesso-
al entra e sai do navio, ou por onde passa a carga leve.
74 • capítulo 3
PP AR
Boca
Plano Diametral
Comprimento entre PP
PP AV
Borda livre
Castelo Calado AR
Pontal
Bochecha
Linha d’água
Calado AV
Figura 3.5 – Dimensões dos navio. Fonte: Arte Naval – Apresentado pela Notas de aula da
Universidade Federal Fluminense.
Deste modo, você pode ter percebido até este momento que existem inú-
meras terminologias que envolvem uma embarcação. Familiarizar você com
estes termos é nosso objetivo nesta capitulo. Obviamente, que você não preci-
sará saber todos de decorado, mas que você tenha um conhecimento dos ele-
mentos principais para quando estiver dentro de um navio saber diferenciar as
principais partes de um navio. A seguir ainda apresentaremos mais algumas
definições que estão associados ao projeto dos navios. Essas definições foram
extraídas também do livro Arte Naval, pois é a referência mais atualizada sobre
essa temática no Brasil. Todos os créditos é destinado ao autor desta obra.
capítulo 3 • 75
3.2 Definições
As definições apresentadas a seguir servirão de base para que você possa en-
tender que os navios quando são projetos leva-se em considerações inúmeros
aspectos que deverão garantir sua segurança operacional já no projeto da em-
barcação. Deste modo, o livro Arte Naval nos presenteia com este conhecimen-
to conforme mostrado a seguir.
• Plano diametral, plano de flutuação de plano transversal: Uma caracte-
rística geométrica dos navios é possuírem no casco um plano de simetria; este
plano chama-se plano diametral ou plano longitudinal e passa pela quilha.
Quando o navio está prumado, o plano diametral é perpendicular ao plano da
superfície da água, que se chama plano de flutuação. Plano transversal é um
plano perpendicular ao plano diametral e ao de flutuação.
• Linha de flutuação: Linha de flutuação (LF) ou, simplesmente flutuação:
é a interseção da superfície da água com o contorno exterior do navio. A flutu-
ação correspondente ao navio completamente carregado denomina-se flutua-
ção carregada, ou flutuação em plena carga. A flutuação que corresponde ao na-
vio completamente vazio chama-se flutuação leve. A flutuação correspondente
ao navio no deslocamento normal, chama-se flutuação normal.
• Flutuações Isocarenas: Quando dois planos de flutuação limitam vo-
lumes iguais de água deslocada, diz-se que as flutuações são isocarenas. Por
exemplo, as flutuações são sempre isocarenas, quando o navio se inclina late-
ralmente: a parte que emergiu em um dos bordos é igual à parte que imergiu
do outro, e a porção imersa da carena modificou-se em forma, não em volume.
• Linha d’água projetada, ou flutuação de projeto: É a principal linha de
flutuação que o construtor estabelece no desenho de linhas do navio. Nos na-
vios de guerra refere-se à flutuação normal. A LAP pode, entretanto, não coin-
cidir com estas linhas de flutuação devido à distribuição de pesos durante a
construção.
• Área de Flutuação: É a área limitada por uma linha de flutuação.
• Área de linha d’água: É a área limitada por uma linha d’água no projeto
do navio
• Superfície moldada: É uma superfície contínua imaginária que passa
pelas faces externas do cavername do navio e dos vaus do convés. Nas embar-
cações de casco metálico, o contorno inferior da superfície moldada coincide
76 • capítulo 3
com a face superior da quilha sempre que o navio tiver quilha maciça, e algu-
mas vezes se a quilha é chata.
• Linhas moldadas: São as linhas do navio referidas a superfície moldada.
Em navios de aço, a diferença entre as linhas moldadas e as linhas externas é
muito pequena.
• Superfície da carena: É superfície da carena, tomada por fora do forro ex-
terior, não incluindo os apêndices. A superfície da carena somada à superfície
do costado, representa a área total do forro exterior e permite calcular aproxi-
madamente o peso total do chapeamento exterior do casco.
• Superfície molhada: Para um dado plano de flutuação, é a superfície ex-
terna da carena que fica efetivamente em contato com a água. Compreende a
soma da superfície da carena e as dos apêndices. É necessário para o cálculo da
resistência de atrito ao movimento do navio; somada à superfície do costado,
permite estimar a quantidade de tinta necessária da pintura do casco.
• Volume da Forma moldada: É o volume compreendido entre a superfície
moldada da carena e um determinado plano de flutuação.
• Volume da carena: É o volume compreendido entre a superfície molhada
e um dado plano de flutuação. Este volume é, às vezes, chamado simplesmente
de carena, pois, nos cálculos, não há possibilidade de confusão com a parte do
casco que tenha este nome. Para embarcações de aço, o volume da carena é
calculado pelo volume do deslocamento moldado mais o do forro exterior e dos
apêndices tais com a parte saliente da quilha, o leme, o hélice, os pés de galinha
dos eixos, as bolinas, etc. Para as embarcações de madeira, é o volume do casco
referido ao forro exterior mais o volume dos apêndices. O volume da carena é o
que se emprega para o cálculo dos deslocamentos dos navios.
• Curvatura do vau: Os vaus do convés, e algumas vezes das cobertas aci-
ma da linha d’água, possuem uma curvatura de modo a fazer com que a água
possa sempre escorrer para o costado, facilitando o escoamento. Esta curvatura
é geralmente um arco de circunferência ou de parábola e dá uma resistência
adicional ao vau.
• Linha reta do vau: Linha que une as interseções da face superior do vau
com as faces exteriores da caverna correspondente.
• Flecha do vau (abaulamento): É a maior distância entre a face superior
do vau e a linha reta; é, por definição, na medida no plano diametral do navio.
capítulo 3 • 77
Flecha Linha de centro
Figura 3.6 – Seção mestra do navio. Fonte: Arte Naval – Apresentado pela Notas de aula da
Universidade Federal Fluminense.
• Dimensões lineares
• Generalidades: As dimensões lineares de um navio não são tomadas de
maneira uniforme, variando segundo as diferentes nações, com os navios sen-
do de guerra ou mercantes, de casco metálico ou de madeira, e ainda conforme
o cálculo que se deseja fazer.
• Perpendiculares (PP): As perpendiculares são duas retas normais à linha
d'água projetada contidas no plano diametral e traçadas em dois pontos espe-
ciais na proa e na popa, no desenho de linhas do navio.
• Perpendicular a vante (PP-AV): É a vertical tirada no ponto de interseção
da linha d'água projetada com o contorno da roda de proa.
78 • capítulo 3
• Perpendicular à ré (PP-AR): É traçado de modo variável conforme o país
de construção do navio:
a) Nas Marinhas Brasileira e Americana, a PP-AR é a vertical tirada no
ponto de interseção da linha d'água projetada com o contorno da popa.
b) Nas Marinhas Inglesa e Italiana: (1) nos navios mercantes em geral e
em qualquer navio que possua um cadaste bem definido, a PP-AR é a vertical
traçada no ponto de encontro da linha d'água projetada com a face externa
da porção reta do cadaste; (2) nos navios de guerra e em qualquer embarca-
ção que não tenha o cadaste bem definido, é a vertical traçada no ponto de
encontro da linha d'água projetada com o eixo do leme, e em geral coincide
com este eixo.
capítulo 3 • 79
Por essa regra é admitida uma reserva de segurança que é determinada pelo
fator admissível, o qual varia com o comprimento do navio. Assim, um navio
de 170 metros de comprimento tem um fator admissível de 1/2, isto é, o com-
primento admitido para cada compartimento estanque é somente a metade do
comprimento alagável. Em tal navio haverá dois compartimentos estanques,
no mínimo, em um comprimento alagável.
Em cada flutuação podemos ter o calado AV, AR ou a MN. Calado a meia-nau
é o medido na seção a meia-nau, isto é, a meio comprimento entre perpendicu-
lares; ele nem sempre corresponde ao calado médio, que é a média aritmética
dos calados medidos sobre as perpendiculares AV e AR.
A bordo, para os cálculos de manobra de pesos e determinação do desloca-
mento, mede-se o calado médio; para entrada em diques e passagem em águas
de pouco fundo, mede-se o maior dos calados na flutuação atual, que é geral-
mente o calado AR.
Quando não há diferença nos calados AV e AR, isto é, o navio está com a qui-
lha paralela ao plano de flutuação, diz-se que está em quilha paralela. Quando
há diferença nos calados, diz-se que o navio tem trim. Os navios são em geral
construídos para terem quilha paralela na flutuação correspondente à linha
d'água projetada. Alguns rebocadores, por terem hélices de grandes diâmetros
para uma elevada força propulsiva, têm “trim pela popa”, por construção.
80 • capítulo 3
O zero de todas as escalas é referido à linha do fundo da quilha, ou à linha
que passa pelos pontos mais baixos do casco (leme, pé do cadaste, pá do hélice,
etc.), sendo esta linha prolongada horizontalmente até sua interseção com as
partes inferiores de cada perpendicular nas extremidades do navio.
A graduação das escalas pode ser em decímetros, com algarismos da altura
de 1 decímetro (às vezes em navios pequenos, 1/2 decímetro) ou em pés ingle-
ses, com algarismos da altura de um pé (nos navios pequenos, 1/2 pé, isto é, 6
polegadas).
A borda livre mede a altura que o navio pode imergir a partir da flutuação
atual até que as águas tranquilas possam molhar o convés principal, no ponto
a que se referir.
Nos navios mercantes, a borda livre mínima é marcada no costado para de-
terminar a reserva de flutuabilidade necessária. A expressão borda livre, sem
outra qualificação, em navio mercante, refere-se à borda livre mínima, isto é, à
medida a meia-nau e a partir da flutuação em plena carga.
A borda livre é, em geral, mínima a meia-nau, devido ao tosamento que os
navios têm. Em inglês chama-se freeboard, em francês franc bord e em italiano
bordo libero.
capítulo 3 • 81
• Adelgaçamento: Curvatura ou inclinação para dentro, que tem o costado
do navio acima do vau mais comprido.
• Alargamento: Curvatura ou inclinação para fora do costado do navio;
muito comum na região da proa. É contrário de adelgaçamento.
• Deslocamento (Δ): deslocada por um navio flutuando em águas tranqui-
las (o empuxo, pelo Princípio de Arqui¬medes), portanto (1ª Lei de Newton),
igual ao peso do navio e tudo o que ele contém na condição atual de flutuação:
82 • capítulo 3
Sendo a soma de todos os pesos parciais de bordo, o deslocamento é variável,
pois depende da carga transportada e dos pesos dos materiais de consumo, tais
como água doce, mantimentos, combustível, lubrificante, etc.
De todos os valores que o deslocamento pode ter, consideram-se, em geral,
os seguintes, que serão definidos a seguir: deslocamento em plena carga, des-
locamento normal, deslocamento leve e deslocamento padrão.
Há uma tendência dos navios para aumentarem de deslocamento à propor-
ção que envelhecem, devido ao peso das tintas, dos novos aparelhos e acessó-
rios colocados, etc.
Sabe-se que 1m3 de água doce pesa 1 tonelada (1000 kg). A água salgada
tem uma densidade relativa igual a 1.026. Em unidades inglesas: 35 pés cúbi-
cos de água salgada ou 36 pés cúbicos de água doce pesam uma tonelada longa
(2.200 lbf). Portanto:
a) Sistema métrico:
(Δ) em água salgada = 1,026 x volume imerso na água salgada em m3.
(Δ) em água doce = volume imerso na água doce, em m3.
b) Sistema inglês:
(Δ) em água salgada = (1/35) x volume imerso na água salgada em pés
cúbicos;
(Δ) em água doce = (1/36) x volume imerso na água doce em pés cúbicos.
capítulo 3 • 83
lastro e duplos-fundos. O deslocamento leve corresponde a uma condição que a
rigor nunca existe, pois há sempre pessoas, água e algum combustível a bordo.
• Porte Bruto, Expoente de carga ou peso morto (gross deadweight, total
deadweight, deadweight): É a diferença entre o deslocamento máximo e o des-
locamento mínimo. É, portanto, o peso de combustível, água de alimentação
de reserva das caldeiras, água potável para beber e para cozinhas, água para
banho e fins sanitários, mantimentos, material de consumo, tripulação e seus
pertences, etc., mais o peso de toda a carga dos porões, passageiros, seus per-
tences e bagagens. Representa, assim, o peso que o navio é capaz de embarcar,
ou, ainda, exprime o líquido deslocado na passagem da condição de navio leve
à de plena carga. Expoente de carga, em Portugal, é designado como porte.
• Porte útil, peso morto líquido, ou carga paga (cargo deadweight,
net deadweight): O peso da carga paga que um navio pode transportar não é
um dado fixo, pois dependendo do tamanho da viagem. O expoente de carga é
constituído pela soma do peso de combustível, aguada, tripulação, materiais
de consumo diversos, etc., mais o peso da carga paga. Numa viagem pequena
há necessidade de menor peso de combustível, aguada etc, se comparado a
uma viagem longa, permitindo o transporte de um maior peso de carga paga.
84 • capítulo 3
representada pelo volume de todos os espaços fechados suscetíveis de poder
servir de alojamento às mercadorias ou aos passageiros. Para o cálculo dessa
capacidade de transporte eram deduzidos certos espaços do casco do navio
(como duplos-fundos, tanques de lastro, casa do leme, praças dos aparelhos de
governo, de suspender e de máquinas, túnel do eixo, espaços para a acomoda-
ção do comandante e guarnição etc.); daí serem utilizadas duas “tonelagens”
diferentes, uma medida antes de serem feitas algumas dessas deduções (tone-
lagem de arqueação bruta – TAB) e outra, como o resultado líquido depois de se
fazer todas as deduções (tonelagem de arqueação líquida – TAL).
capítulo 3 • 85
sentido longitudinal. Quando um navio não tem trim, diz-se que está compas-
sado, que está em quilha paralela ou em águas parelhas (mar, mercante).
• Aprumar ou trazer a prumo: Significa tirar a banda, isto é, trazê-lo à po-
sição de flutuação direita quando estiver inclinado no sentido transversal.
Quando um navio não tem banda, diz-se que está aprumado. Quando um navio
não tem banda nem trim, diz-se que está em flutuação direita. Quando um na-
vio tem trim, é preferível que esteja apopado; um navio abicado é mais propen-
so a embarcar água pela proa, dispara os pro¬pulsores, e também é mais difícil
de governar.
• Lastro ou Lastrar: Lastrar ou fazer o lastro de um navio é colocar um certo
peso no fundo do casco para aumentar a estabilidade ou para trazê-la à posição
de flutuação direita, melhorando as condições de navegabilidade.
86 • capítulo 3
podem ser chamadas de curvas características das propriedades hidrostáticas
da forma do navio, ou simplesmente curvas hidrostáticas. Estas curvas podem
ser traçadas num só desenho que é incluído nos planos gerais do casco. O modo
como são elas constituídas não é importante para o pessoal de bordo, aos quais
interessa saber apenas como utilizá-las.
Após serem apresentadas todas estas definições agora você está familiarizado
com os termos utilizados na engenharia naval. Porque isso é importante? Para
você que irá trabalhar com o transporte marítimo precisará conhecer as carac-
terísticas das embarcações que irá contratar ou operar. Assim sendo precisará
saber qual é o porto bruto da embarcação, ou seja, quando de carga ela irá con-
seguir transportar, bem como, qual o calado da embarcação leve e quando car-
regada para determinar se ela poderá ou não operar em um determinado porto.
Assim, podemos perceber que todos os elementos apresentados anterior-
mente têm por objetivo fornecer conhecimento técnico para que você possa
tomar as melhores decisões no que tange a seleção de uma embarcação. Além
disso, agora você já sabe que quando uma embarcação é projeto considera uma
grande quantidade de variáveis e cálculos complexos são realizados para de-
terminar sua capacidade. A partir de agora você entrou num universo extrema-
mente complexo que demandará um estudo constante para estar sempre na
vanguarda do conhecimento e atualizado com as mudanças do setor.
capítulo 3 • 87
influência de amplo leque de variáveis locais, tais como: ventos, estado do mar,
marés, correntes marinhas, visibilidade, entre outras. No Brasil, o uso da prati-
cagem é compulsório para a entrada e saída de navios nos portos.
• Prático: O prático é um profissional habilitado pela Marinha do Brasil e
que possui o conhecimento das águas em que atua, com especial habilidade na
condução de embarcações, devendo estar perfeitamente atualizado com dados
sobre profundidade e geografia do local, o clima e as informações do tráfego
de embarcações. É também o responsável pelo controle e direcionamento dos
rumos de uma embarcação próxima à costa, ou em águas interiores desconhe-
cidas do seu comandante.
• Bacia de Evolução: Local instalado previamente nas proximidades do cais
dotado de dimensões e profundidades adequadas cuja finalidade é fundear e
manobrar as embarcações. A exigência de raio deste local é de uma vez e meia
o tamanho do navio manobrado. Isto é, se a embarcação tem 250 metros de
comprimento, a bacia de evolução deve ter um raio de pelo menos 375 metros.
• Calado: Profundidade mínima necessária para a embarcação flutuar sem
perigo de encalhe. Cada porto tem seu calado máximo estabelecido, conside-
rando quantos centímetros de água são necessários abaixo da quilha do navio
para que o mesmo navegue em segurança. O calado ainda varia de acordo com
a maré – a maré cheia aumenta a condição de calado para a manobra do navio –,
e das condições de densidade da água e do clima da região de manobra da em-
barcação. Já o calado necessário para o navio depende da tonelagem de carga a
bordo e também da configuração de construção do navio.
• Rebocador: É um barco projetado para empurrar, puxar e rebocar bar-
caças ou navios em manobras delicadas como atracação e desatracação.
Rebocadores são caracterizados por ter pequeno porte, motores potentes e alta
capacidade de manobra. Tem uso compulsório no Brasil e em grande parte
das situações são empregados dois rebocadores para a manobra de um navio.
Dependendo do tamanho do navio e condição de manobra, podem ser exigidos
três rebocadores com maior potência.
Ou seja, ocorre que quando um navio chega a um porto ele precisa ter a sua
disposição primeiro um berço de atracação livre, ou seja, o local onde ele irá
realizar as operações de carregamento ou descarga do navio. O mesmo ocor-
re quando o navio precisa desatracar, em que as condições precisam estar
88 • capítulo 3
favoráveis para esta operação, neste caso, o canal precisa estar livre para ele
possa fazer sua saída. Os elementos necessários também para que ele faça as
operações de entrada e saída precisam estar disponíveis, como prático e rebo-
cador. Assim, você começa a enxergar como é complexa a operação de entrada
e saída dos navios nos portos e as terminologias navais empregas referem-se as
operações do navio no mar e nos portos.
Dentro dos navios existe uma linguagem própria. O site PortalNaval, bem
como, o site da Marinha do Brasil apresentam os termos mais usuais conforme
mostrado a seguir:
• Adernamento (heel): o mesmo que banda.
• Águas parelhas (even keel): o mesmo que sem compasso, sem trim e sem
diferença.
• Altura do fundo (dead rise): altura a que se eleva o fundo do casco, da qui-
lha ao bojo, medida nas linhas moldadas.
• Altura (height): qualquer distância vertical considerada na geometria do
navio. As alturas têm por origem o plano de base molhada.
• Altura metacêntrica longitudinal (longitudinal metacentric height): dis-
tância entre o centro de gravidade da embarcação e o metacentro longitudinal
inicial.
• Altura metacêntrica (metacentric height): distância entre o centro de gra-
vidade da embarcação e o metacentro (transversal ou longitudinal) inicial. Cf.
Altura metacêntrica transversal e altura metacêntrica longitudinal.
• Área de flutuação (area of waterplane): área limitada por uma linha
d'água, no plano desta.
• Arfagem (dogsleep): mergulho da proa da embarcação, no balanço longi-
tudinal. Cf. Caturro.
• Arqueação (1. Tonnage measurement, 2. Tonnage): 1. Ato de medir o vo-
lume dos espaços de um navio. 2. Número que exprime essa medida. O mesmo
que tonelagem e tonelagem de arqueação.
capítulo 3 • 89
• Arqueação bruta (gross tonnage): o mesmo que tonelagem bruta.
• Arqueação de registro (register tonnage, net register tonnage): o mesmo
que tonelagem de registro.
• Arqueação líquida (net tonnage): o mesmo que tonelagem líquida.
• Autonomia (endurance): espaço de tempo que um navio de guerra pode
permanecer no mar sem se reabastecer. Depende do seu raio de ação, capaci-
dade de aguada, suprimentos que pode transportar e capacidade das câmaras
frigoríficas.
• Balanço (1. Overhang, 2. Rolling and pitching): 1. Projeção ou prolonga-
mento de uma estrutura além de sua base de sustentação. 2. Movimento pen-
dular da embarcação, nos planos longitudinal ou transversal, causado pelas
ondas do mar.
• Balanço longitudinal (pitch, pitching): balanço de uma embarcação no
sentido de proa a popa. Cf. Arfagem e caturro.
• Balanço transversal (roli, roliing): balanço de uma embarcação no senti-
do de um a outro bordo. O mesmo que jogo. Cf. Banda.
• Banda (heel, list): inclinação permanente da embarcação para um dos
bordos, resultante da má distribuição de pesos ou de avaria. Cf. Jogo, balanço e
balanço transversal.
• Boca (breadth): largura da embarcação na seção transversal a que se re-
ferir. Exemplo: boca na caverna 32, etc. Quando não for especificada a seção,
refere-se à boca na seção-mestra. Cf. Boca moldada e boca máxima.
• Boca externa (extreme breadth): o mesmo que boca máxima.
• Boca máxima (extreme breadth): maior largura do casco, tomada por fora
dos apêndices. O mesmo que boca externa e boca extrema.
• Boca moldada (molded breadth): boca medida entre as faces exteriores
das cavernas, excluindo a espessura do chapeamento exterior. Quando não for
feita referência à seção específica, significa boca moldada na seção-mestra.
• Borda livre (free board): distância vertical entre a superfície da água e o
convés da borda livre, medida em qualquer ponto da extensão do navio.
• Caimento (rake): (abnt). 1. Ângulo formado entre o mastro e a vertical. 2.
Ângulo formado entre o cadaste e a vertical.
• Calado a meio (draft amidships): calado medido a meio comprimento
entre perpendiculares. Os grandes navios costumam ter pintados no costado
a meio navio, nos dois bordos, escalas para a leitura direta do calado a meio.
90 • capítulo 3
• Calado a ré (draft aft, after draft): calado no cadaste. Em geral, os navios
têm uma escala pintada em cada lado do cadaste para a leitura direta do calado
a ré.
• Calado a vante (draft forward): calado medido na roda de proa. Em geral,
os navios têm uma escala pintada em cada bordo da roda de proa para a leitura
direta do calado a vante.
• Calado d’água (draft, draught): o mesmo que calado.
• Calado (draught, draft): distância vertical tirada sobre um plano trans-
versal, entre a parte extrema inferior da embarcação nesse plano e o plano de
flutuação. O mesmo que calado d'água. Cf. Calado a vante, calado a ré e calado
a meio.
• Calado leve (ligth draft): o mesmo que calado mínimo.
• Calado máximo (loaded draft): calado correspondente ao deslocamento
máximo da embarcação. Cf. Calado mínimo.
• Calado médio (mean draft): média aritmética entre os calados a vante
e a ré.
• Calado mínimo (deep load draft): calado correspondente ao desloca-
mento mínimo. O mesmo que calado leve. Cf. Calado máximo.
• Calado moldado (molded draft): calado referido à linha de base moldada.
• Calado normal (normal draft): calado correspondente ao deslocamento
normal da embarcação.
• Capacidade de carga a granel (grain cubic capacity): volume do espaço
interno do compartimento de carga do navio, deduzido o volume ocupado por
vaus, cavernas, pés-de-carneiro, tubulações e obstruções semelhantes existen-
tes no interior do compartimento medido. O mesmo que cubagem para carga
a granel.
• Capacidade de carga (cubic capacity): volume dos espaços cobertos do
navio, realmente utilizáveis para carga. É expresso em metros cúbicos ou pés
cúbicos, exceto no caso de petroleiros, onde pode ser expresso por barris (1 bar-
ril = 158,984 litros).
• Capacidade de carga em fardos (bale bubic capacity): volume do espaço
interno do compartimento de carga do navio, medido entre o fundo do porão
e a aresta inferior dos vaus e, lateralmente, entre as sarretas que cobrem inter-
namente as cavernas, dele deduzido o volume dos pés de carneiro, tubulações
e obstruções.
capítulo 3 • 91
• Carga de medição (measurement cargo): o mesmo que carga leve.
• Carga de peso morto (deadweight cargo): o mesmo que carga pesada.
• Carga leve (measurement cargo): carga cujo fator de estiva é igual ou su-
perior a 40 pés cúbicos por tonelada longa. O mesmo que carga de medição. Cf.
Fator de estiva e tonelada longa.
• Carga pesada (deadweight cargo): carga cujo fator de estiva é menor que
40 pés cúbicos por tonelada longa. Seu frete é pago normalmente, pelo peso,
medido em toneladas longas (1016 kg) ou em toneladas métricas (1000 kg),
conforme o país. O mesmo que carga de peso morto.
• Caturro (scend): erguimento da proa da embarcação, no balanço longitu-
dinal. Cf. Arfagem.
• Centro de carena (centre of buoyancy): centro de gravidade do volume
imerso da embarcação. É o ponto de aplicação do empuxo. (cf. Princípio de ar-
quimedes). O mesmo que centro de empuxo.
• Centro de empuxo (centre of buoyancy): o mesmo que centro de carena.
• Centro de flutuação (centre of flotation): centro de gravidade da área de
flutuação da embarcação.
• Cheio e em baixo (fuil and down): diz-se do navio que está com sua con-
dição ideal de carregamento, isto é com toda sua capacidade em peso e em vo-
lume utilizadas.
• Classificação (classification): enquadramento de um navio, por sua cons-
trução, numa das categorias estabelecidas pelas sociedades classificadoras,
como lloyd's register, e american bureau of shipping, etc.
• Coeficiente da linha d’água (waterplane coefficient): coeficiente de for-
ma igual à razão entre a área do plano da linha d'água e a área do retângulo a
ela circunscrito.
• Coeficiente de adelgaçamento (coefficient or fineness): (abnt). O mesmo
que coeficiente de forma.
• Coeficiente de bloco (block coefficient): coeficiente de forma igual à ra-
zão entre o volume da carena e o volume do paralelepípedo a ela circunscrito.
• Coeficiente de estabilidade (coefficient of stability): produto do peso do
navio pela altura metacêntrica transversal. O conjugado endireitador é propor-
cional a este coeficiente para pequenos ângulos de inclinação.
• Coeficiente de finura (coefficient of fineness): (abnt). O mesmo que coe-
ficiente de forma.
92 • capítulo 3
• Coeficiente de forma (forma coefficient): coeficiente adimensional que
exprime uma relação entre uma área ou volume da carena e a área ou volume da
figura plana ou sólida circunscrita. (abnt). O mesmo que coeficientes de finura
e de adelgaçamento.
• Coeficiente de porte (coefficient of deadweight): razão entre o desloca-
mento leve e o deslocamento em plena carga.
• Coeficiente de seção mestra (midship section coefficient): coeficiente de
forma igual à razão entre a área da parte imersa da seção mestra e a área do re-
tângulo a ela circunscrito.
• Coeficiente prismático longitudinal (longitudinal prismatic coefficient):
coeficiente de forma igual, à razão entre o volume da carena e o volume do pris-
ma com seção transversal igual à parte imersa da seção-mestra e altura igual ao
comprimento do plano de flutuação.
• Coeficiente prismático (prismatic coefficient): (abnt). O mesmo que coe-
ficiente prismático longitudinal.
• Coeficiente prismático vertical (vertical prismatic coeficient): coeficien-
te de forma igual à razão entre o volume da carena e o volume do prisma com
base igual ao plano de flutuação e altura igual ao calado.
• Compassado (trimmed): diz-se do navio que em determinado instante
está com o compasso de projeto ou sem compasso, se este for o caso. (abnt)
diz-se do navio que em determinado instante está com a diferença de calados
normais, prevista nos planos.
• Compasso de projeto (drag): o mesmo que trim de projeto.
• Compasso (trim): o mesmo que trim.
• Comprimento alagável (floodable lenght): comprimento do navio que
pode ser alagado sem que a linha marginal seja ultrapassada. O comprimento
alagável varia ao longo do comprimento do navio, sendo normalmente no má-
ximo a meio navio e no mínimo a um quarto de comprimento a partir da proa
e da popa.
• Comprimento de arqueação (tonnage lenght): distância horizontal, me-
dida no plano diametral, entre as intersecções av e ar da face inferior do convés
de arqueação com as faces internas do forro das amuradas, ou com a face inter-
na das cavernas, caso não exista aquele forro.
• Comprimento de registro (lenght register): distância horizontal, medida
na altura da flutuação da carga máxima de verão, entre a face externa da roda
capítulo 3 • 93
de proa e a face externa do cadaste, muitas vezes chamada - comprimento entre
perpendiculares para classificação.
• Comprimento de roda a roda (lenght overall): distância, medida paralela-
mente à linha de base, entre os pontos mais salientes da roda e do cadaste. Não
inclui os apêndices que porventura se projetem além desses pontos. Quando
não houver tais apêndices, confunde-se com o comprimento total.
• Comprimento entre perpendiculares (lenght between perpendiculars):
distância entre as perpendiculares a vante e a ré numa embarcação. Cf.
Perpendicular a vante e perpendicular a ré.
• Comprimento na flutuação (lengh at waterline): o mesmo que compri-
mento na linha d'água.
• Comprimento na linha d'água (lenght at designed waterline): compri-
mento medido no plano da linha d'água de projeto.
• Comprimento no convés (lenght at the deck): distância entre as intersec-
ções do convés principal com a face de vante da roda de proa e com a face de
ré do cadaste (ou com o eixo do leme, se a embarcação não tiver cadaste bem
definido.
• Comprimento para tonelagem (tonnage lenght): o mesmo que compri-
mento de arqueação.
• Comprimento total (extreme lenght): comprimento máximo da embarca-
ção, incluindo os apêndices na proa e popa. Cf. Comprimento de roda a roda.
• Controle de pesos (weight control): registro de todas as unidades estru-
turais, máquinas e equipamentos colocados a bordo durante a construção na
carreira ou dique, a fim de se determinar o calado e o deslocamento do navio
por ocasião do lançamento.
• Cubagem (cubic capacity): o mesmo que capacidade de carga.
• Cubagem para carga a granel (grain cubic capacity): o mesmo que capa-
cacidade de carga a granel.
• Cubagem para fardos (bale cubic capacity): o mesmo que capacidade de
carga de fardos.
• Curvas hidrostáticas (hidrostatic curves): série de curvas traçadas em um
só desenho, representando as propriedades da forma da carena para um gran-
de número de flutuações direitas.
• Descompassado (with trim): (abtn). O contrário de compassado.
• Deslocamento carregado (load displacement): o mesmo que desloca-
mento em plena carga.
94 • capítulo 3
• Deslocamento (displacement): peso do navio para uma determinada
condição de carregamento. É igual ao peso do volume de água deslocado pelo
navio. (é expresso em toneladas métricas nos países que adotam o sistema mé-
trico decimal e em toneladas longas, de 2.16 libras ou 1.016 quilos.
• Deslocamento em plena carga (load displacement): peso do navio carre-
gado com o máximo de carga permitido, isto é, flutuando no calado máximo.
Corresponde ao navio completo, pronto para o serviço sob todos os aspectos,
com água no nível superior das caldeiras, todas as máquinas e sobressalentes,
toda a carga a bordo.
• Deslocamento leve (light dlsplacement): peso do navio completo com to-
dos os acessórios de casco, equipamentos e máquinas e sem carga, óleo com-
bustível, água nos tanques, munição, mantimentos, passageiros, elementos de
fixação de carga e tripulação e seus pertences.
• Deslocamento máximo (load displacement): o mesmo que deslocamen-
to em plena carga.
• Deslocamento mínimo (light displacement): o mesmo que deslocamen-
to leve.
• Deslocamento normal (normal displacement): peso do navio completo,
pronto para o serviço sob todos os aspectos, com água no nível superior das
caldeiras, todas as máquinas e sobressalentes e tripulação e seus pertences a
bordo, com carga normal.
• Deslocamento padrão (standard displacement): peso do navio na situação
de pronto para fazer-se ao mar: toda a guarnição, equipamentos de máquinas,
armamento e munição, sobressalentes, mantimentos e água potável a bordo.
• Disco da borda-livre (load line disc): disco pintado no costado dos navios
mercantes, em ambos os bordos, cujo diâmetro horizontal indica a linha de flu-
tuação máxima de verão. Nos dois extremos desse diâmetro estão pintadas as
letras designativas da sociedade classificadora em que, o navio foi classificado.
• Disco de plimsoll (plimsoll disc, load line disc): o mesmo que disco da
borda-livre.
• Em águas parelhas (even keel): o mesmo que sem compasso.
• Escala de calado (draft marks): graduação marcada no costado dos na-
vios, avante, a ré e, algumas vezes, a meia nau, em ambos os bordos, para leitura
dos calados.
• Escantilhão (scantling): qualquer dimensão da seção transversal das pe-
ças estruturais do casco, como cavernas, longitudinais, vaus, chapas, etc. (as
capítulo 3 • 95
sociedades classificadoras publicam regras e tabelas relativas aos escantilhões
exigidos para os navios mercantes).
• Escotilha de tonelagem (tonnage hatch): escotilha, sem meios de fecha-
mento permanente, utilizada nos navios de convés de abrigo aberto para tornar
o convés principal não-estanque e, com isto, isentar os espaços entre este e o
convés imediatamente abaixo, no cálculo da tonelagem bruta.
• Espaçamento de cavernas (frame spacing): distância entre duas cavernas
contíguas. Nos navios mercantes é determinada pelas regras de construção, de
acordo com o tipo e dimensões do navio. O mesmo que vão de caverna.
• Espaços deduzidos (deductions, deductible spaces): espaços de um navio
mercante cujos volumes são deduzidos da tonelagem bruta para se ter a tone-
lagem líquida. Consistem, basicamente, nos espaços não utilizáveis comercial-
mente, porém sua discriminação varia de acordo com as leis dos diversos países.
• Espaços isentos (exemptions, exempt spaces): espaços de um navio mer-
cante que não são computados na determinação da tonelagem bruta. Ex.: du-
plos-fundos, espaços de ar, espaços dos aparelhos de governo e de suspender.
Espaços deduzidos e tonelagem bruta.
• Estabilidade (stability): tendência que deve ter o navio para voltar à sua
posição direita, ao cessar a força externa que o afastou dessa posição (vento,
mar, guinada).
• Expoente de carga (gross dead weight): o mesmo que porte bruto.
• Expoente de carga líquido (net deadweight): o mesmo que porte líquido.
• Faixa de linha d’água (boottoping): parte do casco compreendida entre a
flutuação leve e a flutuação carregada. O mesmo que zona de flutuação.
• Fator de estiva (stowage factor): volume em metros cúbicos (m³) ocupado
por uma tonelada métrica de uma mercadoria, em sua embalagem normal para
embarque. No sistema inglês de medidas é o volume em pés cúbicos ocupado
por uma tonelada longa de mercadoria.
• Flutuação carregada (load line, load waterline): o mesmo que linha de
carga máxima.
• Flutuação de projeto (designed waterline): o mesmo que linha de projeto.
• Flutuação direita (upright position): condição de flutuação da embarca-
ção na qual não existe compasso nem banda. O mesmo que flutuação reta.
• Flutuação em plena carga (load line, load waterline): o mesmo que linha
de carga máxima.
96 • capítulo 3
• Flutuação leve (lightship waterline): flutuação correspondente ao deslo-
camento leve.
• Flutuação normal (normal waterline): flutuação correspondente ao des-
locamento normal.
• Flutuação reta (upright position): o mesmo que flutação direita.
• Flutuação (waterline): o mesmo que linha de flutuação.
• Forro (skin, lining): revestimento de qualquer parte do navio ou do seu
equipamento.
• Guinda (height of a mast): altura de um mastro ou mastaréu, medida des-
de a linha de flutuação até o tope do mastro ou mastaréui.
• Isocarenas (equal displacement conditions): diz-se de duas ou mais con-
dições de flutuação de uma mesma embarcação, que deslocam o mesmo volu-
me de água.
• Jogo (rolling): o mesmo que balanço transversal. Cf. Banda.
• Linha d’água (waterline): intersecção da superfície moldada do casco
com qualquer plano paralelo ao plano de base.
• Linha de base (base line): intersecção do plano de base moldada com o
plano diametral. O mesmo que linha de base moldada e linha de construção.
• Linha de base moldada (molded base line): o mesmo que linha de base e
linha de construção.
• Linha de carga máxima (load line): linha de flutuação correspondente ao
deslocamento máximo da embarcação. Essa linha varia conforme a estação cli-
mática e a salinidade do meio em que a embarcação vai navegar.
• Linha de centro (centerline): linha determinada pela intersecção do pla-
no diametral da embarcação com qualquer plano horizontal ou transyersal.
• Linha de construção (base line): o mesmo que linha de base e linha de
base moldada.
• Linha de flutuação (waterline): linha determinada pela intersecção da
superfície da água com a superfície exterior do casco.
• Linha do alto (buttock line): intersecção de um plano do alto com a su-
perfície moldada do casco. (abnt). Intersecção do casco por um plano vertical
longitudinal, ou plano do alto. Nota: erradamente alguns a chamam de linha
de alheta.
• Linha do fundo (line of maximum draft): linha que passa pelos pontos ex-
tremos inferiores do casco (leme, pé do cadaste, domo do sonar, etc.), traçando
o contorno do fundo da embarcação.
capítulo 3 • 97
• Linha marginal (marginal line): linha situada a uma distância não infe-
rior a três polegadas do convés das anteparas ao lado, que define a mais alta
posição admissível do plano de flutuação, em caso de avaria, na condição final
de afundamento, compasso e banda.
• Linhas do navio (ships lines): nome genérico das linha d'água, linhas do
alto e linhas de baliza, no plano de linhas de um navio.
• Linha d’água de projeto (designed waterline): linha de flutuação estabe-
lecida pelo projetista, utilizada no estabelecimento das linhas da embarcação.
• Marcas da borba-livre (load line marks): marcas no costado de navios
mercantes, em ambos os bordos, indicando as linhas de flutuação máximas
permissíveis nas várias regiões navegadas.
• Marcas de calado (draft marks): números que são colocados em cada bor-
do do navio, na proa, na popa e algumas vezes, à meia-nau, para indicar a distân-
cia da margem inferior do número à linha base ou outro ponto de referência fixo.
• Marcas de plimsoll (plimsoll marks, load line marks): o mesmo que mar-
cas de borda-livre. Cf. Pllmsoll.
• Marcas de seguro (load line marks): designação imprópria de marcas de
borda-livre.
• Mediânia (center line, middle line): intersecção de um convés com o pla-
no diametral do navio.
• Metacentro inicial (initial metacentre): ver meta centro tranversal inicial
e metacentro longitudinal inicial.
• Metacentro longitudinal inicial (initial longitudinal metacentre): posi-
ção limite do ponto de interseção da linha de ação do empuxo da água com o
plano transversal que passa pelo centro de gravidade da embarcação, quando
o ângulo de inclinação longitudinal tende para zero. Também chamado de me-
tacentro longitudinal.
• Metacentro longitudinal (longitudinal metacentre): ponto de interseção
da linha de ação do empuxo, aplicado no centro de carena, com o plano trans-
versal que passa no centro de gravidade da embarcação, para cada ângulo de
inclinação longitudinal.
• Metacentro (metacentre): ponto de encontro da linha de ação do empuxo
com a plano diametral, para inclinações transversais (metacentro transversal),
ou com o plano transversal que passa pelo centro de gravidade, para inclina-
ções longitudinais - (metacentro longitudinal).
98 • capítulo 3
• Metacentro transversal inicial (initial transverse metacentre): posição
limite do ponto de interseção da linha de ação do empuxo da água com o pla-
no diametral da embarcação, quando o ângulo de inclinação transversal tende
para zero. Chamado, também, de metacentro transversal.
• Metacentro transversal (transverse metacentre): ponto do plano diame-
tral do navio que representa a interseção com esse piano da linha de ação do em-
puxo, aplicado no centro de carena, para cada ângulo de inclinação transversal.
• Módulo de seção mestra (longitudinal modules): movimento de inércia
da seção mestra em relação ao seu eixo neutro, dividido pela distância entre
o eixo neutro e a parte superior do vau do convés resistente junto ao costado,
calculado na região onde houver aberturas.
• Moldada (abnt): intersecção do casco por plano paralelo ao plano de base
moldada. As linhas d'águas são designadas de acordo com as suas cotas; assim
diz-se: linha d'água de 1, 2, 3, etc., metros, segundo as suas distâncias ao plano
de base moldada forem de 1, 2, 3, etc.
• Moldada (molded): qualquer dimensão tomada com relação à face exter-
na do cavername da embarcação, excluindo nesta medida o valor da espessura
dos forros do costado e do convés.
• Perpendicular a ré (after perpendicular): perpendicular à linha d'água de
projeto, contida no plano diametral do navio e que passa pelo ponto de interse-
ção da linha d'água de projeto, com a parte de ré do cadaste exterior ou simples-
mente do cadaste, no caso deste ser formado por uma só peça.
• Perpendicular à vante (forward perpendicular): perpendicular à linha
d'água de projeto, contida no plano diametral do navio e que passa pelo ponto
de interseção da linha d'água de projeto com a roda de proa. Cf. Perpendicular.
• Perpendicular (perpendicular): reta normal à linha d'água de projeto,
contida no plano diametral e traçada a partir de pontos específicos situados na
proa ou na popa do navio. Cf. Perpendicular a vante e perpendicular a ré.
• Peso morto (deadweight): diferença em peso entre o deslocamento má-
ximo e o deslocamento mínimo de um navio de guerra. (é, portanto, o peso da
munição, do combustível, da água de reserva das caldeiras, da água potável e
para banho e sanitários, dos mantimentos, do material a bordo do navio.
• Plano de arranjo geral (general arrangement): plano mostrando a subdi-
visão interna do navio, tendo para isto representados todos os pavimentos com
as subdivisões neles existentes, os nomes dos compartimentos e a localização
dos acessos.
capítulo 3 • 99
• Plano de balizas (body plan): desenho que mostra as interseções da su-
perfícies moldada do casco da embarcação com planos verticais transversais.
Mostra o corpo de proa à direita da linha de centro do desenho e o corpo de
popa à esquerda. Faz parte do plano de linhas.
• Plano de capacidade (capacity plan): plano contendo as seguintes infor-
mações importantes para a estiva e manuseio da carga a bordo: a) desenhos
mostrando os compartimentos do navio; b) cubagem de todos os comparti-
mentos de carga e tanques; c) capacidade de carga no convés;
• Plano de flutuação (waterplane): plano que contém a linha de flutuação
da embarcação.
• Plano de linhas d’água (half-breadth plan): desenho que mostra as inter-
secções da superfície moldada do casco da embarcação com planos horizon-
tais. Faz parte do plano de linhas.
• Plano de linhas (line plan): conjunto de três desenhos chamados de pla-
no de balizas, plano de perfil e plano de linhas d'água, que mostram a inter-
seção da superfície moldada do casco, respectivamente com planos verticais
transversais, planos verticais logitudinais e planos horizontal.
• Plano de perfil (profile plan, sheer plan): desenho que mostra as inter-
secções da superfície moldada do casco da embarcação com planos verticais
longitudinais. Faz parte do plano de linhas.
• Plano de seção mestra (midship section): desenho mostrando uma seção
transversal típica do navio a meia-nau, indicando os escantilhões das princi-
pais peças estruturais.
• Plano do alto (buttock plane): planos longitudinais verticais paralelos ao
plano diametral. Os planos do alto interceptam a superfície moldada do casco
formando as linhas do alto.
• Plano (drawing): desenho técnico representando uma peça, conjunto de
peças ou instalação, indicando suas dimensões, tolerâncias, material para con-
fecção, dados de montagem, etc.
• Plimsoll (plimsoll): nome do congressista inglês que, entre 1873 e 1876,
provocou no parlamento britânico discussões que levaram à aprovação de leis e
convenções destinadas a impedir a sobrecarga perigosa dos navios mercantes.
Daí se originaram os termos disco de plimsoll.
• Pontal (depth): distância vertical da linha de base moldada à parte supe-
rior dos vaus do convés contínuo mais alto, medida na seção mestra.
100 • capítulo 3
• Pontal moldado (molded depth): pontal medido entre a linha de base
moldada e a face superior do vau do convés a que se referir.
• Porte bruto (gross deadweight): peso necessário para levar o navio mer-
cante do calado mínimo ao calado máximo. É a diferença entre o deslocamento
em plena carga e o deslocamento leve.
• Porte comerciável (negotiable deadweighl): o mesmo que porte
negociável.
• Porte (gross deadweight): o mesmo que porte bruto.
• Porte líquido (net deadweight): parcela do porte bruto utilizável comer-
cialmente, isto é, a parcela destinada à carga e aos passageiros. Enquanto o
porte bruto é fixo, o porte líquido varia de viagem para viagem, pois depende
da quantidade de combustível, de aguada, de rancho e carga a bordo do navio.
• Porte negociável (negotiabie deadweight): parcela do porte ainda dispo-
nível para levar o navio mercante da linha de flutuação em que se encontra, até
a linha de flutuação em plena carga. É a quantidade de carga a espera de trans-
porte que ainda se pode negociar na praça.
• Porte útil (net deadweight) o mesmo que porte líquido.
• Praça (spare capacity): (abnt). Nome genérico dado aos espaços de um
navio mercante destinados ao transporte de carga.
• Quebra de espaço (broken stowage): o mesmo que quebra de estiva.
• Quebra de estiva (broken stowage): espaço do porão não ocupado pela
carga, por ser inadequado ao tipo de embalagem, ou por ser necessário à venti-
lação ou à separação da carga. O mesmo que quebra de espaço de vãos de carga.
• Raio de ação (steaming radius): maior distância até onde pode o navio
afastar-se de sua base, e a ela regressar, sem se reabastecer de combustível. Cf.
Autonomia.
• Raio metacêntrico longitudinal (longitudinal metacentric radius): dis-
tância do centro de carena ao metacentro longitudinal. Cf. Raio metacêntrico.
• Raio metacêntrico (metacentric radius): distância do centro de carena ao
metacentro. Pode ser longitudinal ou transversal, caso se refira, respectivamen-
te, ao metacentro longitudinal ou ao transversal.
• Raio metacêntrico transversal (transverse metacentric radius): distân-
cia do centro de carena ao metacentro transversal. Cf. Raio metacêntrico.
• Reserva de flutuabilldade (reserve of buoyancy): volume da parte do na-
vio acima da linha de flutuação em plena carga que pode ser tornada estanque
à água.
capítulo 3 • 101
• Seção mestra (midship section): seção correspondente à boca máxi-
ma da embarcação situada, aproximadamente, a meio comprimento entre
perpendiculares.
• Seção transversal (cross section): qualquer seção do casco de uma embar-
cação determinada por um plano transversal.
• Sem compasso (even keel): diz-se do navio que tem o mesmo calado a van-
te e a ré, isto é, que tem quilha paralela a um plano horizontal. O mesmo que
sem diferença e em águas parelhas.
• Sem diferença (even keel): o mesmo que sem compasso.
• Superfície moldada (molded surface): superfície contínua imaginária
que passa pela face externa do cavername da embarcação, não abrangendo a
espessura do chapeamento do costado e do convés.
• Superfície molhada (wetted surface): área total do casco do navio que fica
em contato com a água, ou seja, a soma das áreas da carena e de todos os apên-
dices nela fixados.
• Tonelada de arqueação (ton): unidade de volume convencionalmente fi-
xada em 100 pés cúbicos (2,832 m³). Empregada para exprimir a tonelagem de
arqueação.
• Tonelada-longa (long ton): unidade de peso do sistema inglês de medi-
das, equivalente ao peso 2.16 libras ou 1.016 quilos.
• Tonelada medida (measured ton): unidade de volume igual a 40 pés cúbi-
cos, usada exclusivamente no cálculo de frete de cargas embarcadas.
• Tonelagem bruta (gross tonnage): soma de todos os volumes dos espaços
cobertos, fechados de modo permanente e estanques à água que não estejam
sob pressão. Os espaços isentos, não entram no cálculo da tonelagem bruta. O
mesmo que arqueação bruta. Cf. Espaços isentos e espaços deduzidos.
• Tonelagem de arqueação (tonnage): o mesmo que tonelagem.
• Tonelagem de registro (register tonnage, net register tonnage): tonela-
gem que consta dos documentos de registro fornecidos a cada navio mercante
pelas autoridades competentes de seu país. Geralmente corresponde à tolnela-
gem líquida. O mesmo que arqueação de registro.
• Tonelagem especial (special tonnage): tonelagem resultante de arqueação
feita por regras especiais, para pagamento de taxas de passagem em certos canais.
Como exemplo a tonelagem do canal do panamá e a tonelagem do canal de suez.
• Tonelagem líquida (net tonnage): medida que exprime o volume de todos
os espaços internos, utilizáveis comercialmente, de um navio mercante. É igual
102 • capítulo 3
à tonelagem bruta menos os espaçoss deduzidos, e seu cálculo varia de acordo
com a legislação de cada país.
• Tonelagem (tonnage): volume de todos os espaços internos do navio, ex-
presso em toneladas de arqueação. O mesmo que tonelagem de arqueação e
arqueação.
• Tosamento natural (sheer): altura do convés, nas extremidades do casco,
acima do pontal. Tem-se, assim, tosamento a vante e tosamento a ré.
• Través (across, athwart): direção normal ao plano diametral da embarca-
ção, na altura da meia-nau.
• Trim de projeto (drag): excesso de calado, geralmente na popa, medido
a partir da linha d'água de projeto. O navio é projetado nessa situação a fim de
permitir uma maior imersão dos hélices nas condições normais de operação. O
mesmo que compasso de projeto.
• Trim (trim): valor da diferença entre os calados a vante e a ré. Se o calado
a vante é maior, o navio é dito estar com trim pela proa. Se o calado a ré é maior,
é dito estar com trim pela popa. O mesmo que compasso.
• Vão de caverna (frame spacing): o mesmo que espaçamento de cavernas.
• Vãos de carga (broken stowage): o mesmo que espaçamento tiva.
• Vão (span): distância entre dois reforços consecutivos do chapeamento
do casco.
• Velocidade de cruzeiro (cruising speed): velocidade na qual o navio tem o
maior raio de ação. O mesmo que velocidade econômica.
• Velocidade de experiência (trial speed): velocidade que deve ser obtida
pelo navio nas condições ditas de experiência (mar calmo, casco limpo, sem
vento) a fim de garantir que nas condições normais de serviço ele desenvolva a
velocidade de serviço.
• Velocidade de projeto (designed sea speed): velocidade do navio a plena
carga, em águas tranquiias, com tempo bom e casco limpo ao desenvolver uma
fração estabelecida da máxima potência no eixo (geralmente entre 70 e 80%).
• Velocidade de serviço (service speed): velocidade média obtida pelo navio
quando completamente carregado, com o casco em situação normal de lim-
peza, navegando em condições médias de mar sobre a rota por ele servida, ao
desenvolver uma potência normal no eixo.
• Velocidade econômica (cruising speed): o mesmo que velocidade de
cruzeiro.
capítulo 3 • 103
• Velocidade máxima contínua (maximum sustained speed, maximum
continuous speed): maior velocidade que o navio pode desenvolver continuada-
mente sem prejuízo de suas máquinas propulsoras, ou seja, com estas desen-
volvendo a máxima potência de forma continuada. O mesmo que velocidade
máxima mantida.
• Velocidade máxima mantida (maximum sustained speed, maximum con-
tinuous speed): o mesmo que velocidade máxima contínua.
• Velocidade máxima (maximum speed): velocidade correspondente ao re-
gime de máxima potência das máquinas propulsoras.
• Velocidade na máquina (engine speed): velocidade que o navio desenvol-
ve em relação ao fundo, quando determinado o número de rotações dos propul-
sores, caso estivesse navegando em condições ideais, tais como mar tranquilo,
casco limpo, corrente nula, calado normal, etc.
• Velocidade na superfície (indicated speed): velocidade que o navio desen-
volve em relação à superfície das águas. É igual à velocidade na máquina corri-
gida de todas as condições diversas das ideais, exceto do valor da corrente local.
• Velocidade no fundo (speed over the ground): velocidade que o navio de-
senvolve em relação ao fundo do mar ou a pontos fixos de terra. E igual à veloci-
dade na superfície, corrigida da influência da corrente local, do efeito do vento,
etc.
• Vida útil (useful life): máximo espaço de tempo em que um navio mercan-
te pode operar em condições econômicas, ou em que um navio de guerra pode
operar com uma eficiência aceitável.
• Zona de flutuação (boottoping): O mesmo que Faixa de Linha D'Água.
Observe que todas essas terminologias devem ser conhecidas por aqueles
que pretendem trabalhar dentro de um navio. Assim, a formação de um marí-
timo requer muito estudo e prática para sua formação intelectual e prática. No
entanto, no dia a dia das operações essas terminologias vão sendo incorpora-
das naturalmente pelos homens e mulheres que vivem no mar.
104 • capítulo 3
3.6 Principais convenções marítimas
internacionais que o Brasil precisa cumprir
• Marinha do Brasil;
• Ministério da justiça;
• Ministério das relações exteriores;
• Ministério dos transportes;
• Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
• Ministério do Meio Ambiente;
• Ministério das Comunicações;
• Ministério das Minas e Energia.
5 As informações apresentadas a seguir foram extraídas do site da Marinha do Brasil, bem como, de fonte diversas,
como o material do curso Especial para Tripulação de Embarcações de Estado no Serviço Público – ETSP Legislação
Aquaviária disponível na internet, que compõem um conjunto de informações relativas as responsabilidades legais
que o Brasil deve cumprir em termos convenções internacionais, que foram compiladas para esta seção.
capítulo 3 • 105
A Autoridade Marítima é órgão do governo federal que tem a responsabi-
lidade de fazer respeitar as leis e as normas referentes ao tráfego aquaviário.
É exercida pela Marinha do Brasil por meio de um órgão especializado, que é
denominado de Diretoria de Portos e Costa – DPC. Para se fazer presente em
todos os recantos navegáveis do Brasil, a DPC se vale das Capitanias dos Portos
e Capitanias Fluviais. Quando a área de jurisdição das Capitanias é demasiada-
mente grande, se valem das Delegacias e Agências subordinadas para desem-
penharem sua missão. O conjunto desses órgãos, coordenados pela diretoria
de portos e costa, é conhecido como sistema de segurança do tráfego aquaviá-
rio – SSTA.
A Autoridade Marítima, que é exercida por todo SSTA, age basicamente no
sentido de atender os seguintes interesses:
a) Contribuir para a orientação e o controle da marinha mercante;
b) Fiscalizar embarcações e terminais marítimos para prevenir a poluição
hídrica;
c) Atuar no sentido de garantir a segurança do tráfego aquaviário;
d) Cooperar na formulação e execução das políticas marítimas nacionais.
106 • capítulo 3
• NORMAM 07 – Atividade de Inspeção Naval.
• NORMAM 08 – Tráfego e Permanência de Embarcações em Águas sob
Jurisdição Nacional.
• NORMAM 09 – Inquéritos Administrativos.
• NORMAM 10 – Pesquisa, Exploração, Remoção e Demolição de Bens
afundados, Submersos, Encalhados e Perdidos.
• NORMAM 11 – Obras, Dragagens, Pesquisa e Lavra de Materiais Sob,
Sobre e às Margens das Águas sob Jurisdição Nacional.
• NORMAM 12 – Serviço de Praticagem.
• NORMAM 13 – Aquaviários
• NORMAM 14 – Cadastramento de Empresas de Navegação, Peritos e
Sociedades Classificadoras.
• NORMAM 15 – Atividades Subaquáticas.
capítulo 3 • 107
Os 07 principais deveres do tripulante são:
108 • capítulo 3
• Criou-se um sistema de responsabilidade objetiva (independente da cul-
pa) do proprietário do navio.
capítulo 3 • 109
• Às embarcações, plataformas e instalações de apoio estrangeiras, cuja
bandeira arvorada seja ou não de país contratante da Marpol 73/78, quando
em águas sob jurisdição nacional;
• Às instalações portuárias especializadas em outras cargas que não
óleo e substâncias nocivas ou perigosas, e aos estaleiros, marinas, clubes
náuticos, outros locais e instalações similares.
Mais recentemente, alguns dos principais tópicos que estão sendo discutidos
no âmbito internacional para o controle e gestão do meio ambiente marinho re-
fere-se às condições de reciclagem dos navios ao término de sua vida útil, bem
como, a prevenção à poluição do ar e o despejo de água de lastro nos portos.
A discussão sobre diretrizes para a reciclagem de navios segura e ambiental-
mente adequada tem sido cada vez mais efetiva após a ratificação da Convenção
de Honk Kong. Deste modo, os navios após esta convenção não poderão mais
ser destruídos em praias e regiões com riscos ao meio ambiente. Para realizar
esta operação os navios deverão ser destinados a estaleiros especializados,
bem como deverão ter um inventário de todos os elementos poluentes e con-
taminantes durante sua fase de projeto e construção. Uma vez que o navio seja
enviado para reciclagem, o mesmo deverá ter esses equipamentos listados no
inventário retirado para seu desmanche.
A Prevenção da Poluição do ar por Navios refere-se ao monitoramento do
enxofre nos combustíveis, controle de emissões de gases do efeito estufa por
navios, criação de um fundo internacional para emissões de GHG (gases de
efeito estufa) por navios e considerações sobre fatores de conversão de CO2
para navios usando gases liquefeitos como combustível.
Outro assunto que tem sido estudo pela IMO é a questão do despejo de água
de lastro nos portos. O efeito deste despejo é a possibilidade de transferência
de espécies exóticas de um local para outro. Deste modo, os navios que captu-
ram água do mar para equilibrar seu peso durante as condições de operação
sem carga podem colocar em risco um novo ambiente quando a água é despe-
jada sem tratamento. Atualmente, no Brasil, a NORMAM 20 é responsável por
especificar os requisitos e critérios para esta operação nos portos brasileiros.
Enquanto não se encontra uma solução tecnológica capaz de eliminar todas
as espécies dos tanques de água de lastro dos navios, a IMO recomenda que os
navios troquem a água de lastro no mar.
110 • capítulo 3
Neste contexto, outros assuntos também são analisados pela IMO, tais
como:
• Investigação de acidentes;
• Importância do elemento humano na segurança da navegação;
• Desenvolvimento de documento de orientação para minimizar o risco de
colisões de navios com cetáceos;
• Redução de ruídos sob as águas oriundos de embarcações comerciais.
ATIVIDADES
01. Qual a finalidade das convenções aplicadas ao transporte marítimo?
capítulo 3 • 111
03. Pesquise quais foram os principais eventos de derramamento de óleo na costa brasileira
e descreva quais foram as sanções impostas pelas autoridades competentes em um dos
casos.
REFLEXÃO
Imagine que o transporte de cargas sobre o mar não fosse regulado, ou seja, não existe
regulações para disciplinar o projeto e a operação das embarcações. Como seria a vida das
pessoas que operam no setor sem uma homogeneização nas terminologias? Embora exis-
tam inúmeros idiomas no mundo, o fator das definições e terminologias serem padrão facilita
a comunicação entre os envolvidos em todas as partes do mundo.
Deste modo, existe a necessidade dos termos serem comuns, bem como, de existir nor-
mas e regras que façam com as operações sigam um padrão de segurança em todas as
partes do mundo. Para existe a Organização Internacional Marítima que em conjunto com
os países membros criam as normas e regras para garantir que todos os membros as cum-
pram. Imagine um mundo sem regras iriamos tender aos caus. é por isso, que com todos os
problemas que possam existir no setor, ele é muito bem regulado e o número de acidentes
e perda é reduzida, graças as regulações nacionais e internacionais existentes. Pense nisso!
LEITURA
MARINHA DO BRASIL. Arte naval. Disponível em: <https://www.mar.mil.br/dhn/camr/sin_download.
html >. Acesso em: 02 jun. 2015.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTAQ. Acesso a informação. Disponível em: <http://www.antaq.gov.br/acessoainformacao/>.
Acesso em: 02 jun. 2015.
FONSECA, Maurílio M. Arte naval. Rio de Janeiro-RJ: Serviço de Documentação da Marinha 1, 2002.
SCHOLLES, Clara, Rejane. Termos usados na navegação e manobra de embarcações. Disponível
em: <http://blog.praticalone.com/termos-usados-na-navegacao-e-manobra-de-embarcacoes/>.
Acesso em: 02 jun. 2015.
WIKIPIDIA. Armador (marinha). Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Armador_(marinha)>.
Acesso em: 02 jun. 2015.
112 • capítulo 3
AQUASEG. Navio e navegação. Disponível em: <http://www.aquaseg.ufsc.br/files/2012/06/
AULA_-03_04_Navio_Navega%C3%A7ao.pdf>. Acesso em: 02 jun. 2015.
DPC – Diretoria de Portos e Costas. Institucional. Disponível em: <https://www.dpc.mar.mil.br/pt-br/
institucional/missao>. Acesso em: 02 jun. 2015.
PORTAL NAVAL. Glossário. Disponível em: <http://www.portalnaval.com.br/glossario/>. Acesso em:
02 jun. 2015.
CENTRO DE PROJETOS DE NAVIOS. Glossário. Disponível em: <https://www1.mar.mil.br/cpn/
glossario>. Acesso em: 02 jun. 2015.
capítulo 3 • 113
114 • capítulo 3
4
Tripulação do Navio
e Praticagem dos
Portos e Fretes
Marítimos
Quando pensamos em tripulação, o questionamento principal é o porquê dos
navios precisarem de tripulação. Você já imaginou um ônibus sem motoris-
ta? Da mesma forma, os navios precisam dos tripulantes, que são as pessoas
responsáveis por fazer a máquina funcionar e manter as operações do navio
em segurança. Ainda, vamos conversar sobre os serviços de contratação de
transporte de cargas.
OBJETIVOS
Nosso objetivo é familiarizar o estudante com os tópicos pertinentes a este serviço, bem como
mostrar os termos mais comumente utilizados no dia a dia destas operações.
1. Compreender o regime de trabalho, funções e responsabilidades do Capitão do navio e
demais oficiais e tripulantes;
2. Identificar a importância do trabalho do Prático do Porto como Técnico Auxiliar de Ma-
nobras;
3. Interpretar a natureza, a composição e a aplicação dos fretes marítimos e adicionais de
frete;
4. Compreender as funções do Conhecimento de carga no transporte marítimo e as res-
pectivas responsabilidades dele decorrentes.
116 • capítulo 4
4.1 Qualificação, regime de trabalho,
responsabilidades e funções desempenhadas
pelos tripulantes
O Wikipédia apresenta um detalhamento da qualificação e regime de trabalho
dos marítimos com muita propriedade, conforme veremos a seguir. O pessoal
do convés de um navio inclui os marítimos responsáveis pela navegação, estiva
e a manobra geral do navio. O comandante de uma embarcação inclui-se nesta
carreira. Como categorias e profissões de convés existem:
Oficiais de convés:
capítulo 4 • 117
• Marinheiro: Desempenha funções de manobra e de estiva numa embar-
cação. Em alguns casos pode exercer a função de patrão de uma pequena em-
barcação de tráfego local;
• Pescador: Desempenha funções de captura, manipulação, estiva e acon-
dicionamento de pescado, em embarcações de pesca. Pode também efetuar a
limpeza e conservação de embarcações e artes de pesca;
• Moliceiro: Desempenha
118 • capítulo 4
função de chefe de máquinas, só estando subordinado ao comandante do na-
vio. O segundo mais graduado exerce a função de segundo oficial de máquinas.
Os restantes exercem a função de oficial de quarto de máquinas
• Oficial eletrotécnico: Oficial que conduz e dirige a manutenção dos siste-
mas elétricos e eletrônicos do navio. Esta carreira só existe nas marinhas mer-
cantes de alguns países, sendo as suas funções exercidas por oficiais de máqui-
nas em outros países;
• Praticante de máquinas: Oficial de máquinas em tirocínio a bordo, sob a
orientação de oficiais de categoria superior, depois de habilitado com um curso
de engenharia de máquinas marítimas ou equivalente;
capítulo 4 • 119
• Ajudante de eletricista: Responsável por auxiliar o eletricista na condu-
ção, manutenção e limpeza dos equipamentos elétricos;
• Ajudante de motorista: Marítimo ao qual competia, no passado, auxiliar
os oficiais de máquinas ou os motoristas práticos na condução, limpeza e ma-
nutenção de motores de combustão interna;
• Fogueiro ou foguista: Marítimo, no passado, responsável pela condução
dos fogos, limpeza dos tubulares e dos cinzeiros, e remoção de carvão e cinzas
das caldeiras a vapor. Além disso, poderia exercer a função de azeitador;
• Chegador: Marítimo, no passado, responsável por auxiliar o fogueiro na
condução dos fogos, na limpeza das máquinas e caldeiras, e na remoção do car-
vão e das cinzas;
• Azeitador: Marítimo, no passado, responsável por lubrificar as máquinas.
Mestragem de radiotecnia:
120 • capítulo 4
radiotelegráficas não obrigatórias. O radiotelegrafista mais graduado a bordo
exerce a função de chefe de radiotelegrafia. Os restantes exercem as funções de
primeiro ou de segundo radiotelegrafista.
capítulo 4 • 121
• Telefonista: Exerce funções inerentes ao serviço de atendimento
telefônico;
• Manicura: Exerce funções inerentes ao serviço de manicura;
• Barbeiro: Exerce funções inerentes ao serviço de barbearia;
• Lavadeiro: Exerce funções inerentes ao serviço de lavandaria;
• Ajudante de copa: Exerce funções de arrumação e pré-preparação de gê-
neros alimentícios, de distribuição de refeições, de limpeza e armazenamento
de materiais de cozinha.
4.1.6 Formação
122 • capítulo 4
que se destina o formando. Em Portugal, por exemplo, a formação dos oficiais
da marinha mercante é realizada na Escola Náutica Infante D. Henrique. No
Brasil, a formação é realizada na Escola de Formação de Oficiais da Marinha
Mercante, onde são lecionados cursos superiores de pilotagem - para oficiais
pilotos -, de engenharia de máquinas - para oficiais maquinistas - e de enge-
nharia de sistemas eletrônicos marítimos - para oficiais eletrotécnicos e radio
técnicos.
Os profissionais não certificados não necessitam de uma formação náuti-
ca específica por não interferirem na navegação ou na operação dos sistemas
vitais do navio. Normalmente são profissionais recrutados para servirem num
navio em virtude da sua experiência ou formação profissional numa área espe-
cífica não relacionada diretamente à atividade marítima.
capítulo 4 • 123
sistemas de busca e salvamento marítimo fazem com que a profissão de maríti-
mo seja cada vez mais segura.
A maioria dos navios modernos dispõe de instalações de ar condicionado,
isolamento acústico das máquinas, alojamentos confortáveis, ligações telefô-
nicas e de internet. Todas essas condições facilitam muito a vida a bordo
Diante do exposto acima, vimos como é importante a integração e operação
de todas as pessoas que vão a bordo dos navios para realizar com suas funções
específicas. É o conjunto das funções que fazem com que os navios consigam
ter operações seguras e cumprir suas missões no mar.
124 • capítulo 4
exatamente o que tem embaixo d’água. Não é possível prever as condições do
fundo leito do canal, como, por exemplo, se existe algum banco de areia que se
move ao longo do ano em função das correntes, do nível de água do local, etc.
Deste modo, faz-se necessária a presença de um profissional que seja es-
pecialista no canal de acesso portuário, bem como na condução do navio até o
porto para sua manobra segura de atracação. Este profissional é o prático.
Segundo o Wikipédia, a praticagem (no Brasil) e pilotagem são os servi-
ços de auxílio oferecido aos navegantes, geralmente disponíveis em áreas que
apresentem dificuldades ao tráfego livre e seguro de embarcações, em geral,
de grande porte. Tais dificuldades podem ser relativas aos ventos, estado do
mar, lagos ou rios, marés, correntes, bancos de areia, naufrágios, visibilidade
restrita, entre outras.
O prático, no Brasil, é um profissional habilitado pela Marinha do Brasil e
que possui o conhecimento das águas em que atua, com especial habilidade na
condução de embarcações, devendo estar perfeitamente atualizado com dados
sobre profundidade e geografia do local, o clima e as informações do tráfego de
embarcações.
É também o responsável pelo controle e direcionamento dos rumos de uma
embarcação próxima à costa ou em águas interiores desconhecidos do seu
comandante.
A praticagem das principais nações marítimas organiza-se de forma seme-
lhante, com base nas convenções internacionais, ratificadas por cada país.
Com sua habilidade e profundo conhecimento local, permite o emprego de
navios de maior porte com máxima segurança, dentro dos limites hidrográficos
do Porto, otimizando o escoamento das cargas de interesse da região. Isso ten-
do sempre presentes as responsabilidades para com a proteção da vida huma-
na, a preservação do meio ambiente aquático, a manutenção da navegabilidade
nos canais de acesso e a proteção do patrimônio público ou privado envolvido
na manobra, ou seja: navios, rebocadores, lanchas e instalações portuárias.
Eles também auxiliam o Comandante na condução segura do navio em áreas
de navegação restrita ou sensíveis para o meio ambiente.
Se os portos não tivessem os práticos, os riscos de acidentes aumentariam
significativamente. Assim, sua existência é vital para a segurança do transporte
marítimo nos portos mundiais.
capítulo 4 • 125
4.2 Fretes marítimos
Neste tópico vamos conversar sobre os serviços de contratação de transporte de
cargas. Nosso objetivo é familiarizar o estudante com os tópicos pertinentes a
este serviço, bem como mostrar os termos mais comuns utilizados no dia a dia
destas operações.
126 • capítulo 4
têm outra saída a não ser checar cuidadosamente a informação dada pelo ar-
mador sobre a posição do navio até a data de embarque. No mercado de cargas
secas, o período de embarque é geralmente maior, variando, de caso para caso,
de 5 a 15 dias.
Os afretadores devem também checar cuidadosamente a configuração do
navio para se certificar de que ele está apto a carregar a sua carga, com rela-
ção à capacidade cúbica e à separação física de tipos diferentes de carga.
Frequentemente, navios são afretados para carregar uma quantidade mínima
de carga, ficando os afretadores com a opção de carregar uma quantidade adi-
cional até a capacidade máxima daquele navio.
Este tipo de acordo se tornou necessário pelo fato dos armadores desconhe-
cerem a quantidade final a ser carregada pelos afretado. Somado ao anterior,
há também o fato dos afretadores não estarem totalmente seguros com o fator
de estiva (relação entre as características da carga e sua ocupação dentro porão
do navio) da carga em relação àquele determinado navio. Como é do seu conhe-
cimento, as cargas variam de volume. As secas devido à sua composição e as
líquidas de acordo com temperatura e tipo. Por exemplo, para algumas cargas
líquidas, os cálculos de capacidade de carga são feitos levando-se em conside-
ração a necessidade de aquecimento.
Navios para cargas secas são geralmente projetados para carregar vários ti-
pos distintos de carga simultaneamente, segregados em porões ou no convés.
Navios tanques, por sua vez, dependem do tipo de petróleo que estão transpor-
tando. Petróleo cru, por exemplo, por não apresentar uma variedade grande,
é usualmente carregado em lotes homogêneos, enquanto produtos refinados
frequentemente precisam de um navio com um número muito maior de tan-
ques para sua segregação.
Existem outros fatores sobre os quais os afretadores devem considerar an-
tes de selecionar um navio, e dentre eles podemos incluir a bandeira de registro
do navio, suas dimensões e características, sua classificação, e, ainda, a sua ca-
pacidade para carregar e descarregar a mercadoria em questão.
A bandeira de registro do navio pode, por exemplo, ser um problema quan-
do o afretador está realizando negócios com países que não aceitam bandeiras
de conveniência. As bandeiras de conveniência são de países que permitem
que navios sejam registrados com sua nacionalidade, mas na verdade são ad-
quiridos por armadores de nacionalidade diferente que querem pagar taxas
capítulo 4 • 127
menores de encargos sobre o navio. As dimensões físicas do navio também
devem ser levadas em cuidadosa consideração, pois muitos portos e terminais
têm suas restrições de comprimento, largura e profundidade. Existem também
as restrições de altura, algumas vezes devido às pontes e outras devido aos equi-
pamentos portuários.
Adicionalmente, nos navios tanques, a distância desde a proa até as tubu-
lações de descarga no meio do navio pode ser um detalhe crítico. Isso mostra
quanto cuidado deve ser tomado pelo afretador para garantir que ele esteja
afretando o navio correto para a sua carga e viagem. Nos casos em que a seleção
do navio não é feita corretamente, pode-se gerar perda de capacidade de trans-
porte e o navio pode sair com menos carga do que anteriormente previsto. Isso
é chamado de frete morto, ou seja, contrata-se um navio com uma determinada
capacidade de transporte, porém este levou menos carga do que o combinado
em função das restrições físicas do local.
Neste mercado, devido à grande quantidade de navios e contratantes, as ne-
gociações são intermediadas por brokers. A palavra broker abrange várias ati-
vidades na indústria da navegação. Existem basicamente três tipos de broker: o
broker do armador, o broker do afretador e o broker competitivo.
Broker do Armador (Owner’s Broker): Compete ao armador determinar
quantos brokers representarão seus interesses no mercado, mas, tradicional-
mente, se dois ou mais brokers trabalham para um único armador, as ações
de cada um são limitadas a uma determinada área do mercado para evitar
disputas entre eles pela mesma carga. A maioria dos armadores trabalha com
dois brokers, um na Europa (Londres, Hamburgo, Piraeus, etc) e outro nos
EUA (New York, Connecticut, etc.), onde os grandes afretadores também estão
representados.
O trabalho básico desse broker é o de procurar um emprego para os navios
do armador, ou seja, encontrar um Afretador interessado em contratar os na-
vios por viagem (voyage chater) ou por tempo (time charter). Para fazer isso, o
broker precisa ter um bom conhecimento dos detalhes e características básicas
de cada um dos navios representados por ele. Tais informações sobre os navios
são geralmente fornecidas pelo Armador.
Broker do Afretador (Charterer’s Broker): O afretador, por seu lado, tam-
bém pode apontar um ou mais brokers para representá-lo. No caso da carga,
128 • capítulo 4
entretanto, é mais crítica ainda a necessidade do Afretador de dividir as ações de
seus brokers por região para evitar que o mercado interprete a sua carga em du-
plicidade, aumentando assim a demanda por navios e, portanto, o valor do frete.
Podemos dizer que a função do broker do afretador, apesar de ser um com-
plemento da função do broker do armador, é também oposta ao mesmo. Em
outras palavras, sua principal função é a de encontrar um navio apto a carregar
a carga de seu afretador, o que vem ao encontro à necessidade do broker do ar-
mador, que é a de encontrar uma carga para o navio de seu armador.
Entretanto, não podemos nos esquecer que o broker do armador tem tam-
bém como objetivo conseguir para seu cliente o maior valor de frete possível,
enquanto o broker do afretador deve trabalhar no sentido contrário, buscando
sempre o frete mais barato para a carga representada por ele.
Broker Competitivo (Competitive Broker): Numa situação ideal, somente
quatro partes estariam envolvidas em qualquer negociação de frete (apesar de
na realidade somente o armador e o afretador serem as partes responsáveis
pelo contrato acordado): o armador e seu broker e o afretador e seu broker.
Entretanto, é comum existirem outros brokers envolvidos nas negociações.
Quando um armador ou um afretador circula um navio ou uma carga no mer-
cado, os chamados brokers competitivos se envolvem no processo, recirculan-
do-os para outros clientes (armadores ou afretadores) de seu relacionamento,
dando assim assistência aos brokers do armador ou do afretador para concluir
um negócio, criando e disseminando as informações no mercado.
Deste modo, nós podemos compreender a dinâmica deste mercado, em que
existem diversos interesses entre as partes que juntas buscam encontrar a me-
lhor solução possível para viabilizar a operação do seu cliente.
De fato, estas negociações buscam encontrar, para cada uma das partes, sua
melhor vantagem econômica. O intuito principal é de ganhar o máximo possí-
vel na operação, em ambos os lados. Por isso que as negociações precisam ser
cuidadosas de modo que não se perca as oportunidades de negócios, preser-
vando também a possibilidade de ter um bom retorno financeiro na operação.
As informações do mercado de frete são centralizadas em um mercado
mundial. Além do mercado central, existem diversos mercados locais respon-
sáveis pelo atendimento às demandas regionais pelos navios que estão servin-
do a região em questão.
capítulo 4 • 129
4.2.2 Modelo de Negociação no Mercado de Frete
Viagem Simples
Cargas
Viagem Regulares
Mercado
de Frete
Com Tripulação
Charter
Sem Tripulação
130 • capítulo 4
Cada contrato de frete possui vantagens e desvantagens que se adaptam às
necessidades de grupos específicos de clientes. A seguir serão apresentadas es-
tas características.
Este é o tipo mais simples de contrato de frete. Os preços do contrato são basea-
dos no preço da carga contratada. Existem tarifas para o atraso ou adiantamen-
to da entrega, especialmente importante em portos congestionados e picos de
produção. As vantagens deste tipo de contrato é que permite maior versatilida-
de, pois possibilita o escoamento de cargas pontuais.
Por exemplo, você precisa apenas embarcar uma quantidade de carga pelo
porto de Pecém uma vez no ano. Deste modo, você se utiliza deste tipo de con-
trato para uma viagem específica. As desvantagens são o aumento nos custos
do frete, pois o frete será em função do instante do mercado e para o armador
pode haver uma ociosidade do navio.
capítulo 4 • 131
o afretamento do navio existe, a tripulação já está incluída neste processo. Os
custos de propriedade e tripulação são de responsabilidade do proprietário.
As regras, condições e responsabilidades são definidas através dos
charter-parties. As vantagens são os custos com a redução do pessoal, custos
de operação e maior personalização dos serviços. Estes contratos em geral são
de longo prazo e garantem fluxo de caixa que pode ser utilizado com a garantia
de outros financiamentos, uma vez que o armador tem a garantia de receita em
função do afretamento.
132 • capítulo 4
O conhecimento de carga recebe denominações específicas em função da via
de transporte: CRT (Rodoviário), TIF (Ferroviário), BL (Marítimo) ou AWB (Aéreo).
A consignação no conhecimento de carga e propriedade da mercadoria e
pode ser:
capítulo 4 • 133
O endosso de conhecimento na via aquaviária deve ser efetuado pelo con-
signatário no Sistema de Controle da Arrecadação do Adicional ao Frete para
Renovação da Marinha Mercante (Mercante).
Os requisitos formais e intrínsecos, a transmissibilidade e outros aspec-
tos atinentes aos conhecimentos de carga devem regular-se pelos disposi-
tivos da legislação comercial e civil, sem prejuízo da aplicação das normas
tributárias quanto aos respectivos efeitos fiscais (art. 556 do Regulamento
Aduaneiro/2009).
Para efeitos fiscais, qualquer correção no conhecimento de carga deve
ser feita por carta de correção (e ressalva no próprio documento) dirigida
pelo emitente do conhecimento à autoridade aduaneira do local de descar-
ga, a qual, se aceita, implica correção do manifesto (art. 556 do Regulamento
Aduaneiro/2009).
No caso de divergência entre o manifesto e o conhecimento, prevalecerá
este, podendo a correção daquele ser feita de ofício (art. 47 do Regulamento
Aduaneiro/2009).
É obrigatória a assinatura do emitente nas averbações, nas ressalvas, nas
emendas ou nas entrelinhas lançadas nos conhecimentos e manifestos (art. 50
do Regulamento Aduaneiro/2009).
Não será exigida a apresentação do conhecimento de carga (inciso I, § 2º,do
art. 18 da IN SRF nº 680/2006):
134 • capítulo 4
• Em condição ou finalidade para a qual a legislação não obrigue sua emis-
são; ou
• Em outras hipóteses estabelecidas em ato da Coana.
capítulo 4 • 135
São os seguintes os tipos de conhecimento de embarque:
a) porto a porto: o bill of lading pode ser um documento porto a porto, o
que significa que ele cobre a carga apenas no trajeto marítimo, desde o porto
de embarque até o porto de destino. Normalmente é o documento emitido para
embarque em navios de linhas regulares;
b) multimodal ou through bill of lading: o conhecimento pode, também,
ser multimodal, o que significa contratar com o armador um transporte para a
mercadoria, cobrando o trajeto total ponto a ponto, ou porto a ponto, ou ainda
ponto a porto. Neste caso, o documento cobrirá o transporte da mercadoria por
mais de um modal, implicando numa responsabilidade maior do armador, que
terá a seu cargo, mediante um frete especial combinado, o transporte da mer-
cadoria entre os pontos ou portos combinados. Esta é uma condição cômoda
para o exportador que, ao entregar a mercadoria ao transportador, encerra sua
participação em termos de operação;
c) charter party bill of lading: o conhecimento baseado em afretamento é
um documento de transporte emitido ao amparo de um contrato de afretamen-
to de navio. Em geral se refere a uma carga que será única, ou uma das únicas
no navio, sendo este, geralmente, afretado para este fim, por um ou poucos em-
barcadores. Este tipo de B/L não é emitido para navios de linha regular e nem
aceito pelos consignatários, já que neste caso não há um afretamento, mas tão
somente uma reserva de espaço.
136 • capítulo 4
Por ser um título de crédito, o conhecimento pode ser consignado e endos-
sado a terceiros. Portanto, segundo a Portopédia (2015, s/p), há três modos de
se consignar um conhecimento de embarque:
a) à ordem (ou à ordem do embarcador): é um documento de transporte
restrito ao próprio embarcador, o que significa que somente ele pode retirar a
mercadoria junto ao transportador. É um B/L que deverá ser, portanto, obriga-
toriamente endossado a um terceiro, no caso o destinatário final;
b) à ordem de alguém: é um documento de transporte que somente po-
derá ser apresentado por quem estiver nele mencionado. Normalmente é um
banco que está financiando uma operação de carta de crédito e que, para se
resguardar enquanto não recebe o valor da mercadoria para pagar ao exporta-
dor, pede a consignação à sua ordem. Também deverá sofrer endosso, pela sua
própria característica de consignação;
c) consignado a alguém: é a terceira forma. O B/L será nominativo a al-
guém, normalmente o importador. Isto significa que nem sempre ele será en-
dossado a um terceiro.
ATIVIDADES
01. Quais são os requisitos mínimos para os oficiais?
REFLEXÃO
Imagine neste momento após está leitura quantas pilhas de papéis foram geradas ao longo
dos navios com as anotações e documentos referentes ao transporte marítimo no mundo.
Com certeza milhões de toneladas de papéis são geradas todos os anos com as informações
destas movimentações. Embora, com o avanço da tecnologia da informação muitas informa-
ções atualmente são transmitidas sem a necessidade de uma folha de papel.
Principalmente, nos países de primeiro mundo papel nas operações portuárias e maríti-
mas é coisa rara. No Brasil, também iniciou-se um movimento chamado porto sem papel para
capítulo 4 • 137
facilitar o tramite das operações de desembaraço das cargas nos portos. Isso deverá gerar
uma redução de tempo nas operações trazendo mais eficiência ao sistema de transporte
marítimo brasileiro. Assim, estamos indo para um novo patamar de operação que exigirá cada
vez mais profissionais gabaritados para atuar neste setor! Pense nisso e estude bastante!
LEITURA
MARINHA DO BRASIL. Arte naval. Disponível em: Arte naval. <https://www.mar.mil.br/dhn/camr/
sin_download.html>. Acesso em: 02 jun. 2015.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOTTER, Rui, Carlos. Apostila de shipping. 2005.
PORTO GENTE. Conhecimento de embarque marítimo. Disponível em: <https://portogente.com.
br/portopedia/conhecimento-de-embarque-maritimo-bill-of-lading-73158>. Acesso em: 02 jun. 2015.
RECEITA FEDERAL. Conhecimento de carga. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.
br/manuaisweb/importacao/topicos/entrega_de_documentos/conhecimento_de_carga/introducao.
htm>. Acesso em: 02 jun. 2015.
WIKIPIDIA. Armador (marinha). Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Armador_(marinha)>.
Acesso em: 02 jun. 2015.
WIKIPIDIA. Marinheiro. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Marinheiro>. Acesso em: 02 jun.
2015.
WIKIPIDIA. Praticagem. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Praticagem>. Acesso em: 02
jun. 2015.
138 • capítulo 4
5
Afretamento de
Navios e Simulação
de um Afretamento
Função: afretamento
OBJETIVOS
Ao final deste capítulo o aluno irá:
1. Compreender a terminologia básica utilizada nos afretamentos de navios e os diferen-
tes tipos de afretamento de navios;
2. Conhecer as principais cláusulas usualmente contidas nos contatos de afretamento.
3. Acompanhar a simulação de um afretamento Voyage Charter, estudando os acordos
firmados entre as partes e as suas consequências;
4. Compreender como devem ser controlados os eventos relativos a um afretamento
Voyage Charter e as principais causas de conflito entre as partes.
140 • capítulo 5
5.1 Mercado de Afretamento
Os navios são negociados por intermédio de contratos de afretamento, no qual
o afretador disponibiliza sua embarcação para o afretador que a utiliza de acor-
do com sua necessidade. Conforme já mostramos anteriormente, os contratos
podem ser divididos em dois grandes grupos: Liners e Tramp.
Nos liners, os navios seguem rotas pré-determinadas e os afretadores con-
tratam espaços para transportar suas cargas, normalmente de pequeno porte.
Um exemplo disso são os navios de contêineres em rotas regulares ao longo
da costa brasileira, ou mesmo navios de cruzeiro. Para deixar mais próximo da
realidade do leitor, imagine um ônibus fazendo uma rota determinada em fun-
ção de uma origem e destino em que os passageiros em cada parada vão subin-
do. A rota é fixa, porém a entrada e saída dos passageiros (cargas) são variadas
em função do percurso.
No Tramp, em geral, as cargas ocupam grande parte do navio, sendo que ele
fica dedicado para a carga a ser transportada.
A carga a granel é o maior exemplo deste tipo de contrato, como, por exem-
plo, o transporte de minério de ferro de um porto no norte para o sul do Brasil.
Este sistema é muito semelhante à quando precisamos fazer uma mudança e
contratamos um caminhão para realizar apenas aquele serviço de transporte
específico.
capítulo 5 • 141
apenas às leis de oferta e demanda. As forças relativas de barganha das duas
partes dependem exclusivamente das condições correntes do mercado, e am-
bos, armador e afretador, podem negociar seus termos inteiramente livres da
interferência dos governos dos países.
Para cada trade em particular, os profissionais envolvidos nas negocia-
ções de contratos de transporte têm, através da prática, desenvolvido charter
parties padrão. Tais contratos padrão, entretanto, servem apenas como base
para início das negociações, tendo ocorrido à conclusão do processo várias al-
terações, emendas ou adições às suas cláusulas. Geralmente, durante as nego-
ciações, as maiores disputas se concentram exatamente naqueles pontos que
dão origem às alterações, emendas e adições, além obviamente da taxa de frete.
A maioria dos charter parties padrão se originou da imposição dos mesmos
ao mercado pelos afretadores pôr duas razões. Primeiramente, eles necessita-
vam de um contrato de transporte que contemplasse os termos existentes em
seus contratos de compra ou venda da mercadoria em questão. Em segundo
lugar, os afretadores, por serem de certa forma estáticos e portanto terem a pos-
sibilidade de se juntar, mesmo entre concorrentes, para desenhar um contrato
apropriado para um determinado tipo de mercadoria e útil a todos eles, sempre
se apresentavam em uma posição relativamente mais forte do que os armado-
res. Os principais são:
142 • capítulo 5
o armador ainda é o responsável por manter o navio operando. A
tripulação, por exemplo, continua sendo empregada pelo arma-
dor, mas a operação comercial do navio é transferida ao afreta-
dor, agora chamado de “time charterer”. Ele decide agora aonde o
navio deverá carregar e descarregar, passando também a se pre-
ocupar com o tempo de viagem, com os ritmos de carga/ descar-
TIME ga e principalmente com quem deve pagar por essas operações.
CHARTER Todas as despesas incidentais resultantes diretas de suas instru-
ções são de responsabilidade do time charterer, incluindo des-
pesas portuárias (exceto aquelas diretamente relacionadas ao
navio como dinheiro para o comandante ou atendimento médico
à tripulação). O maior item de custo para o time charterer, além
da taxa diária pelo afretamento do navio (designado em inglês
daily hire rate), é o custo do combustível (em inglês, bunker fuel).
Para determinar o valor do frete a ser usado como referência para suas negocia-
ções, tanto armadores quanto afretadores se utilizam de um método de cálculo
que em Inglês chamamos de voyage estimating. Este método tem como base
estimar o retorno que um navio poderá alcançar em uma determinada viagem
após dedução das despesas da receita gerada.
Agora, então, vamos fazer uma simulação do cálculo de frete de uma embar-
cação. A tabela 5.1 apresenta algumas informações relativas as características
da contratação do frete para uma determinada carga. Este exemplo, foi extraído
das notas de aula de Botter e Costa (2013).
capítulo 5 • 143
DESCRIÇÃO VALOR UNIDADE
Custo de Afretamento 30.000 USD/Dia
Velocidade 18 Nós
• O navio tem um custo para ser contratado para realizar a viagem que é o
valor do afretamento diariamente;
• A capacidade do navio refere-se ao volume que ele consegue transportar;
• A velocidade define em quanto tempo o navio demorará a sair do porto 1
e ir até o porto 2;
• O consumo de combustível refere-se a capacidade das maquinas instala-
das e o consumo diária em toneladas;
• O custo do Bunker refere-se ao valor do combustível utilizado pelo navio
que deve ser cotado em Dolar/tonelada
• Transit time é o tempo em que o navio demora a percorrer todos os por-
tos, ou seja, o tempo em transito;
• A quantidade de portos que será visitada pelo ao longo da viagem;
• Custo de escala por refere-se aos custos que serão pagos a cada vez que o
navio acessar um porto para realizar sua operação de carga/descarga;
144 • capítulo 5
• Custo de movimentação refere-se aos custos para movimentar os contê-
ineres cheios e vazios que apresentam custos diferentes cobrados pelos termi-
nais portuários
• O custo administrativo é o custo para fazer a administração deste sistema
pela empresa de navegação;
• Custo de logística de contêineres vazios refere-se ao reposicionamento
dos contêineres no sistema, ou seja, os contêineres que são utilizados para o
transporte em uma determinada rota precisam voltar para o local de origem.
capítulo 5 • 145
O custo do frete é apresentado na tabela 5.3.
Nós podemos ainda alterar as demandas e dividir a viagem por sentido, con-
forme mostrado na tabela 5.4.
146 • capítulo 5
DESCRIÇÃO VALOR UNIDADE
Custo do Sistema/Teu Sentido Norte 470,25 USD/TEU
Observem que neste caso, nós dividimos entre sentido norte e sul e as de-
mandas são especificas para cada trecho. Anteriormente já tínhamos calculado
o custo total do sistema e agora nós podemos calcular por sentido, ou seja, o
custo por sentido é a metade do custo total do sistema. Como existe um desba-
lanceamento nas demandas, basta dividirmos o valor do custo total por senti-
do, pela demanda disponível, que vamos encontrar o custo do sistema unitário
por sentido.
De maneira análoga que fizemos na parte anteriormente, podemos então
calcular os custos de forma individualizada por sentido.
Ao final iremos observar que o custo para o sentido Sul é maior em função
da menor quantidade de carga disponível para o transporte. O que mostra que o
frete é fortemente influenciado em função do volume de carga disponível para
o transporte. Embora este seja um exemplo hipotético é desta forma que pode-
mos fazer uma simulação para estimar o valor do frete a ser cobrado para uma
determinada carga.
capítulo 5 • 147
Assim, nós podemos observar que a forma de estimar o valor do frete no
final é uma composição de todos os custos sobre o sistema. No exemplo ci-
tado, poderíamos ainda incluir uma margem de lucro sobre operação. Cada
empresa define seu valor de lucro em função do mercado que atua e de seus
concorrentes.
ATIVIDADES
01. Descreva o que é afretamento de navios?
03. O que é sobre estadia do navio? Qual o impacto da sobre estadia no custo final de frete?
REFLEXÃO
A partir de agora você tem um conhecimento básico sobre transporte marítimo e suas im-
plicações. Você ao longo deste curso foi capaz de apreender conceitos e entender os me-
cânicos que norteiam essa atividade. Agora toda vez que você for a um site, por exemplo,
Amazon ou Alibaba e fizer uma compra de um item que não tenha necessidade de entrega
com urgência, pode ser que este seja despachado dentro de um contêiner para chegar até
um porto brasileiro e ser despachado para sua casa. Uma vez que você compreendeu como
funciona este sistema poderá ir a qualquer porto e quando avistar um navio atracado procu-
rar identificar suas características principais. Agora você está inserido neste setor de escala
global. Você é mais um dos milhões de apaixonados pelo transporte marítimo internacional.
Não pare por aqui, continue a pesquisar e conhecer mais sobre este setor. A partir de agora
é levantar velas e seguir adiante!
LEITURA
Para compreender melhor a vida no mar veja o filme Capitão Philips Capitão Phillips é um
filme de ação e suspense biográfico estadunidense de 2013 dirigido por Paul Greengrass
e estrelado por Tom Hanks. O filme é uma cinebiografia do marinheiro mercante capitão Ri-
148 • capítulo 5
chard Phillips, que foi levado como refém por piratas somalis durante o sequestro do Maersk
Alabama em 2009.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOTTER, Rui Carlos. Apostila de shipping, 2005.
BOTTER, Rui Carlos. Notas de aula de transporte marítimo, 2005.
BOTTER, Rui Carlos. Transporte marítimo. Curso de Especialização em Logística. Fundanção
Vanzolini, 2013.
STOPFORD, Martin. Maritime Economics 3. ed. Routledge, 2009.
SALGUES, O. Contratos de Afretamento e de Transporte de Mercadorias no Direito Marítimo.
Disponível em: <http://www.salgues.com.br/vartigos.php?cod=15>. Acesso em: 02 jun. 2015.
GABARITO
Capítulo 1
01. O transporte marítimo conecta nações e sua importância está diretamente ligada a in-
termodalidade, à geração de novos empregos, ao aumento na movimentação de cargas e ao
fortalecimento do setor de logística.
02. Os pontos críticos correspondem a locais que foram construídos com o objetivo de en-
curtar o tráfego marítimo. No entanto, hoje são pontos de restrições, pois limitam o tipo de
embarcação que podem circular por eles. O principal objetivo dos canais é criar um atalho
para a navegação, evitando longos deslocamentos dos navios.
Além disso, são usados para criar uma rota navegável entre dois oceanos, mares ou la-
gos separados por terra. A utilização dos canais de navegação é muitas vezes uma alternativa
economicamente viável à outros modos de transporte ou mesmo ao deslocamento do navio
por grandes distâncias para contornar o obstáculo.
03. O armador é o transportador marítimo, proprietário dos navios e dos contêineres utiliza-
dos no transporte de mercadorias em águas nacionais ou internacionais, também são aque-
las empresas que possuem concessões de utilização de navios e contêineres de terceiros
com a finalidade do transporte e do comércio das mercadorias.
capítulo 5 • 149
Capítulo 2
01. Os navios de carga geral são navios destinados ao transporte de carga geral seca. Os
navios de carga geral são os mais antigos e servem para transportar qualquer tipo de carga,
menos carga congelada. A capacidade volumétrica deste tipo de navio é medida em pés cú-
bicos, ou metros cúbicos. Exemplo de cargas transportadas em navios de carga geral: livros,
bobinas de papel, caixas, etc.
02. Militar (bélico e patrulamento);
Comércio (Carga, passageiros);
Indústria;
Auxiliares.
03. A escolha seria um graneleiro, pois são navios especializados no transporte de carga
sólida e granel. A carga a granel é caracterizada por ser solta no porão do navio. Exemplos
de cargas transportadas em navios graneleiros: milho, soja, açúcar, minérios, fertilizantes, etc.
O VALEMAX é uma nova classe de embarcação de 400 mil toneladas, um cargueiro de
grande porte especialmente desenhado para transportar minério de ferro. O navio tem 362
metros de comprimento, 65 metros de largura e 30,4 metros de altura. Suas dimensões leva-
ram à criação de uma nova classificação de navio, obtendo uma série de notações de classe
estabelecidas pela sociedade classificadora Det Norske Veritas (DNV). Uma embarcação
VALEMAX pode fazer quatro viagens por ano para a Ásia (partindo do Ponta da Madeira,
Maranhão, ou Tubarão, Espírito Santo), transportando mais que o dobro da quantidade de
minério de ferro em comparação aos navios Capesize (rota do Cabo).
Capítulo 3
01. As convenções marítimas internacionais existem para regular a relação entre os diver-
sos atores que atuam neste setor de transporte.
02. As convenções servem de referencial para o processo de construção das embarca-
ções. As sociedades classificadoras devem estar sempre atualizadas em relação às novas
convenções e incorporar esses requisitos nas regras e procedimentos para construção de
embarcações.
Exemplo: As Linhas de Carga pintadas a meia nau, no costado, indicam as linhas d’água
até as quais o navio pode ser seguramente carregado. Estas linhas variam de acordo com as
estações do ano e a salinidade da água.
03. Bacia de Campos – 2011
A petroleira norte-americana Chevron foi responsável por um dos maiores e piores vaza-
mentos de petróleo no Brasil. O vazamento foi de milhares de litros e aconteceu na Bacia de
150 • capítulo 5
Campos no dia 08 de novembro de 2011. O incidente tornou os executivos da Chevron réus
e ainda pode acarretar numa enorme quantia para o pagamento de multas.
Relatórios de avaliação do ocorrido indicam que a Chevron poderia ter evitado o vaza-
mento. Para se ter uma ideia mesmo com o plano de emergência utilizado pela empresa a
mancha de petróleo continuou se espalhando pelo oceano. Na metade de dezembro a man-
cha estava com 3,8 km de extensão e cerca de 1 km² de área.
Capítulo 4
capítulo 5 • 151
03. O conhecimento de carga, também conhecido como conhecimento de transporte emiti-
do pelo transportador, define a contratação da operação de transporte internacional, compro-
va o recebimento da mercadoria na origem e a obrigação de entregá-la no lugar de destino.
Capítulo 5
152 • capítulo 5