Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
3Cfr. c. 463 do CIC: § 1. Ad synodum dioecesanam vocandi sunt uti synodi sodales eamque participandi
obligatione tenentur:
1°- Episcopus coadiutor atque Episcopi auxiliares;
2°- Vicarii generales et Vicarii episcopales, necnon Vicarius iudicialis;
3°- canonici ecclesiae cathedralis;
4°- membra consilii presbyteralis;
5°- christifideles laici, etiam sodales institutorum vitae consecratae, a consilio pastorali
eligendi, modo et numero ab Episcopo dioecesano determinandis, aut, ubi hoc consilium non exstet,
ratione ab Episcopo dioecesano determinata;
6°- rector seminarii dioecesani maioris;
7°- vicarii foranei;
8°- unus saltem presbyter ex unoquoque vicariatu foraneo eligendus ab
omnibus qui curam animarum inibi habeant; item eligendus est alius
presbyter qui, eodem impedito, in eius locum substituatur;
9°- aliqui Superiores institutorum religiosorum et societatum vitae apostolicae, quae in dioecesi
domum habent, eligendi numero et modo ab Episcopo dioecesano determinatis.
Cfr. c. 479 do CIC: § 1. Vicario generali, vi officii, in universa dioecesi competit potestas exsecutiva quae
ad Episcopum dioecesanum iure pertinet, ad ponendos scilicet omnes actus administrativos, iis tamem
exceptis quos Episcopus sibi reservaverit vel qui ex iure requirant speciale Episcopi mandatum.
§ 2. Vicario episcopali ipso iure eadem competit potestas de qua in § 1, sed quoad determinatam
territorii partem aut negotiorum genus aut fideles determinati ritus vel coetus tantum pro quibus
constitutus est, iis causis exceptis quas Episcopus sibi aut Vicario generali reservaverit, aut quae ex iure
requirunt speciale Episcopi mandatum.
§ 3. Ad Vicarium generalem atque ad Vicarium episcopalem, intra ambitum eorum competentiae,
pertinent etiam facultates habituales ab Apostolica Sede Episcopo concessae, necnon rescriptorum
exsecutio, nisi aliud expresse cautum fuerit aut electa fuerit industria personae Episcopi dioecesani.
4 Cfr. c. 1420, §2 do CIC: Vicarius iudicialis unum constituit tribunal cum Episcopo, sed nequit iudicare
causas quas Episcopus sibi reservat.
Cfr. DC. art. 38 §2: Vicarius iudicialis dioecesanus unum constituit tribunal cum Episcopo, sed nequit
iudicare causas quas Episcopus sibi reservat.
5 M. J. ARROBA CONDE, Direito processual, p. 234.
O bispo e seu oficial (Vigário Judicial) passam a constituir um único
consistório. O oficial torna-se o “alter ego” do bispo, exercendo em lugar deste a
jurisdição ordinária sobre toda a diocese 6.
A Igreja primitiva estava consciente de que Cristo tinha comunicado o poder
de julgar os vivos, não só de foro interno sacramental, mas também no externo judicial,
seja a Pedro7, seja ao Colégio dos Doze8. Aliás, a Igreja primitiva já conhecia certo
procedimento para julgar os conflitos entre os fiéis 9.
Os Apóstolos exerciam esse poder judiciário recebido de Cristo, após ter
realizado pelo menos um julgamento sumário sobre a culpabilidade do réu10.
VIGÁRIO JUDICIAL
Para Ghirlanda a competência do poder judicial esta na autoridade da Igreja,
pois o juízo eclesiástico é a discussão e a definição, conduzidas segundo a lei perante
um tribunal eclesiástico, de uma controvérsia relativa à matéria na qual a Igreja tem
6 H. ZAPP, A Jurisdição Diocesana. Panorama Histórico. Revista Concilium, Petrópolis: Vozes, n. 127, p.
26, 1977/7.
7 Mt. 16, 19: ‘Eu
te darei as chaves do Reino dos Céus e o que ligares na terra será ligado no céus, e o
que desligares na terra será desligado no céus’. A Biblia de Jerusalém – Novo Testamento, Edições
Paulinas, 1985.
8
Mt 18,18: ‘Em verdade vos digo: tudo quanto ligares na terra será ligado no céu e tudo quanto
desligardes na terra será desligado no céu’. A Biblia de Jerusalém – Novo Testamento, Edições Paulinas,
1985.
9 Mt 18, 15-18: ‘Se
teu irmão pecar, vai corrigi-lo a sós. Se ele te ouvir, ganhaste o teu irmão. Se não te
ouvir, porém, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda questão seja decidida pela palavra
de duas ou três testemunhas. Caso não lhes der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja der
ouvido, trata-o como gentio ou o publicano. E verdade vos digo: [...] terra será desligado no céu’. A
Biblia de Jerusalém – Novo Testamento, Edições Paulinas, 1985.
10 1 Cor 5,4: ‘É
preciso que, em nome do Senhor Jesus, estando vós e o meu espírito reunidos em
Assembléia com o poder de nosso Senhor Jesus’. A Biblia de Jerusalém – Novo Testamento, Edições
Paulinas, 1985.
poder de julgar11 . Portanto, a autoridade judicial da Igreja tem poder próprio e
exclusivo para julgar:
a. Controvérsias relativas a coisas espirituais (fé, moral, sacramentos, votos) ou
relacionadas com as coisas espirituais (bens eclesiásticos);;
b. Controvérsias referentes a violações de leis eclesiásticas ou que de qualquer
maneira se referem a violações de ordem moral (ratio peccati), no que diz respeito à
definição da culpa e à irrogação da pena12.
c. Controvérsias surgidas de atos do poder administrativo: podem ser deferidos ao
superior ou ao tribunal administrativo13.
Para Segú historicamente a noção de “vicarius” e a delegação foram muito
importantes no Direito Canônico14. A teoria referente à delegação adquiriu forma nos
séculos XII e XII com o maior número de delegações pontifícias e com o uso maior do
Direito Romano no Direito Canônico, onde vários tipos de jurisdição delegada eram
conhecidos, sob o título “de officio eius cui mandata est iurisdictio”15.
Estritamente falando a “iurisdictio” é o poder típico do Bispo, Vigário
Geral, do Vigário Judicial etc. Constituindo assim o poder pastoral pleno e que hoje em
dia se usa demasiadamente a “potestas regiminis”. Esta expressão tomou o lugar da
“iurisdictio”, que pode ser usada ainda 16. Portanto, Corral contribui dizendo que Vigário
Geral ou Judicial são aqueles que ajudam o Bispo no governo de uma diocese, ou para
certo tipo de questões17.
Segundo Arroba, o ofício de Vigário Judicial é o segundo em importância
entre as figuras que o ordenamento prevê em relação ao poder judiciário. A importância
11 G. GHIRLANDA, O Direito na Igreja: Ministério de Comunhão, 10ª ed., Santuário, Aparecida, 2007, p.
510.
18 M. J. ARROBA CONDE, Direito processual canônico, (traduzido por Côn. Dr. Martin Segú Girona), 5ª
ed., Editiones Institutum Iuridicum Claretianum, São Paulo, 2006, p. 234.
19 C.C. SALVADOR, Dicionário de Direito Canonico, Tradução e adaptação para o Brasil de Jesús Hortal,
Ed. Loyola, 1997, p.517.
20 C. 1419 do CIC:
§ 1. In unaquaque dioecesi et pro omnibus causis iure expresse non exceptis, iudex
primae instantiae est Episcopus dioecesanus, qui iudicialem potestatem exercere potest per se ipse vel
per alios, secundum canones qui sequuntur.
21
L. LARA, Caderno de Direito Canônico, ano 2 n.1 (jan/jul 2004), A constituição de um tribunal
eclesiástico, p.13.
22 L. LARA, Caderno de Direito Canônico, p.13.
23 C. 1421,§1 do CIC: In dioecesi constituantur ab Episcopo iudices dioecesani, qui sint clerici.
24 M. F. POMPEDDA, O
Juiz Eclesiástico. Discurso do Cardeal Mario F. Pompedda, no início do Ano
Acadêmico do “Studium Romanae Rotae”, 06 de novembro de 2002, p. 2. Disponível em:
W W W. v a t i c a n . v a / r o m a n _ c u r i a / t r i b u n a l s / r o m a m _ r o t a / d o c u m e n t s /
rc_trib_rota_doc_20021106_pompedda_po. ht ml.
além disso, que sejam sacerdotes e não tenham menos de trinta anos conforme o
ordenamento jurídico25.
Para tanto “O” legislador apresenta o Vigário Judicial como uma função
importante em cada diocese como sendo uma constituição obrigatória 26.
A constituição de um "Vigário judicial" (chamado também "Oficial") é
obrigatória em todas as dioceses, mesmo nos países onde, como no Brasil, existem
tribunais regionais27, podem ou não conhecer todas as causas.
Hortal enfatiza que os títulos acadêmicos exigidos no § 4 não se requerem
para a validade da nomeação. Na maioria das dioceses do Brasil nem será possível
contar com sacerdotes que tenham esses títulos. Isso, porém, deve ser um incentivo para
procurar formá-los28.
A INSTITUIÇÃO
Segú diz que o título VIII do Livro I do Código vigente trata do Poder de
Governo ou da “Potestas Regiminis”. Quem, fundamentalmente, tem poder na Igreja
são os Bispos. Trata-se aqui de poder público. O poder público que é o poder de
Governo. Segú afirma que se usava, antigamente, com muita freqüência a palavra
‘Potestas iurisdictionis’. Esta expressão não foi totalmente abandonada pelos Códigos
haja vista que aparece no CIC c. 129 §129 CCEO c. 979 §130. Esta expressão levanta o
25 C. 1420, §4 do CIC:
Tum Vicarius iudicialis tum Vicarii iudiciles adiuncti esse debent sacerdotes,
integrae famae, in iure canonico doctores vel saltem licenciati, annos nati non minus triginta.
26 C. 1420, §1 do CIC: Quilibet
Episcopus dioecesanus tenetur Vicarium iudicialem seu Officialem
constituere cum potestate ordinaria iudicandi, a Vicario generali distinctum, nisi parvitas dioecesis aut
paucitas causarum aliud suadeat.
27 C. 1423 do CIC:
§ 1 Plures dioecesani Episcopi, probante Sede Apostolica, possunt concordes, in
locum tribunalium dioecesanorum de quibus in cann. 1419-1421, unicum constituere in suis dioecesibus
tribunal primae instantiae; quo in casu ipsorum Episcoporum coetui vel Episcopo ab eisdem designato
omnes competunt potestates, quas Episcopus dioecesanus habet circa suum tribunal.
§ 2. Tribunalia, de quibus in § 1, constitui possunt vel ad causas quaslibet vel ad aliqua tantum
causarum genera.
28 J. HORTAL, Código de Direito Canônico, NEP do “C. 1420 do CIC”, p. 623.
1. BISPOS
O Legislador no código latino, salienta que os bispos diocesanos têm “O”
poder judicial39 para sua diocese, em 1ª Instância, mas normalmente exercem-no através
de outros. O ideal seria que em toda a diocese fosse instituído um tribunal diocesano
estável, que funcionaria como órgão judiciário do bispo (juiz ordinário local) para
decisão em primeira instância de todas as causas que não fossem reservadas pelo
49 CONGREGAÇÃO PARA OS BISPOS, Diretório para o ministério pastoral..., n. 14.
50 CONGREGAÇÃO PARA OS BISPOS, Diretório para o ministério pastoral..., n. 13.
51 CONGREGAÇÃO PARA OS BISPOS, Diretório para o ministério pastoral..., n. 62.
54 C. 1420 do CIC: §
1. Quilibet Episcopus dioecesanus tenetur Vicarium iudicialem seu Officialem
constituere cum potestate ordinaria iudicandi, a Vicario generali distinctum, nisi parvitas dioecesis aut
paucitas causarum aliud suadeat.
§ 2. Vicarius iudicialis unum constituit tribunal cum Episcopo, sed nequit iudicare causas quas Episcopus
sibi reservat.
§ 3. Vicario iudiciali dari possunt adiutores, quibus nomen est Vicarioroum iudicialium adiunctorum seu
Vice-officialium.
§ 4. Tum Vicarius iudicialis tum Vicarii iudiciles adiuncti esse debent sacerdotes, integrae famae, in iure
canonico doctores vel saltem licenciati, annos nati non minus triginta.
§ 5. Ipsi, sede vacante, a munere non cessant nec ab Administratore dioecesano amoveri possunt;
adveniente autem novo Episcopo, indigent confirmatione.
O Vigário Judicial, juiz e chefe da administração judiciária deve ser
necessariamente constituído pelo Bispo 55.
A Congregação para os Bispos, ciente do fato de que a administração da
justiça é um aspecto do poder sagrado, cujo devido e tempestivo exercício é muito
importante para o bem das almas, o Bispo considerará o âmbito judiciário como objeto
de sua preocupação pastoral. Respeitando a devida independência dos órgãos
legitimamente constituídos, vigiará contudo sobre a eficácia do seu trabalho e sobretudo
sobre sua fidelidade em relação à doutrina da Igreja, sobre a fé e os costumes,
especialmente em matéria matrimonial. Sem se deixar intimidar pela índole técnica de
muitas questões, saberá aconselhar-se e tomar as medidas oportunas de governo para
conseguir ter um tribunal em que resplandeça a verdadeira justiça intra-eclesial56.
A obrigação, contida no § 1 º, a nomeação de um vigário judicial é
praticamente equivalente à luz do cânone e além, o dever de cada Bispo diocesano (e
todos os equivalentes a ele: para estabelecer sua própria instância. Pois em relação a
essa obrigação, deve notar 57:
Zenon, diz que estão isentos os Ordinários militares. De fato, Spirituali
Militum Curae, dispõe que: "Para os processos judiciais de fiéis do Ordinariato militar,
a competência originária é o tribunal da diocese em que está localizado a cúria do
Ordinariato militar58". No entanto, não excluem a possibilidade de que o Ordinariato
militar tenha sua própria instância59.
Salienta Zenon, a razão que a Spirituali Militum Curae não exige que um
tribunal militar regular para ter seus próprios (e designa um tribunal estrangeiro para as
possíveis causas, se o tribunal não tem Ordinariato) isto reside no fato de que sua
competência é cumulativa com a do bispo diocesano60.
55 CONGREGAÇÃO PARA OS BISPOS, Diretório para o ministério pastoral..., n. 180.
56 CONGREGAÇÃO PARA OS BISPOS, Diretório para o ministério pastoral..., n. 180.
57
Z. GROCHOLEWSKI, El Juez, in Instituto Martin De Azpilcueta Facultad De Derecho Canonico
Universidad De Navarra, Comentário exegético al código de derecho canônico, 3ª ed., eunsa, Pamplona,
2002, Vol. IV/1, p.772.
58 IOANNES PAULUS PP. II, Const. Ap. Spirituali Militum Curae, 21.IV.1986: AAS 78 (1986) 481-486.
59 Z. GROCHOLEWSKI, El Juez,…, p. 772.
60 Z. GROCHOLEWSKI, El Juez,..., p. 772.
Em outras palavras, diz Zenon, para o Ordinário militar não é necessário
que tenha um tribunal próprio, explica por que aos fiéis do Ordinariato já estão
disponíveis um tribunal de primeira instância na diocese, eparquia ou equiparada a elas.
Portanto, apesar de não haver nenhum tribunal no Ordinariato, os fiéis não precisam
necessariamente, submeter-se a referida causa ao "tribunal da diocese em que esta
localizado a Cúria do Ordinariato", mas pode introduzir em outra jurisdição a que
pertence cumulativamente cada um 61.
Em qualquer caso, se por qualquer motivo não tinham os fiéis desse
tribunal, ou isso não vai funcionar e não houve corte de funcionamento na diocese em
que está localizado a cúria do Ordinariato militar, o Ordinário Militar como presidente
de uma comunidade de crentes na lei equiparada à diocese, seria gravemente obrigado a
buscar para eles um tribunal funcional 62.
Com relação à prática, os tribunais militares ordinários não são geralmente
próprios63. Na verdade, eles não devem ser multiplicados desnecessariamente pelas
instituições, e ainda menos quando há falta de pessoal qualificado64. Além disso, uma
vez que os fiéis do Ordinariato Militar são geralmente espalhado por todo o território de
muitas dioceses (ou combinados distritos em lei) é geralmente mais confortável para
eles irem para o tribunal diocesano. A constituição Spirituali Militum Curae não só
exige que os militares tenham Ordinariatos e próprios tribunal, mas até o recomenda65.
O Bispo diocesano pode cumprir a obrigação de fornecer um tribunal
próprio, ao juntar-se com outros, e eregindo um tribunal inter-diocesano66.
Há dioceses que por uma razão ou outra, como por exemplo, diocese porque
é muito pequena ou recém-criada, ou não possui pessoal treinado, e assim por diante.
Estas Dioceses não são capazes de ter o próprio tribunal, ou então considerá-o
67 IOANNES PAULUS PP. II, Const. Ap. Pastor Bonus, 28.VI.1988: in AAS 80 (1988), art. 124 n.3, (daqui
em diante, PB art. 124, n.3), pp. 841-912, 913-923 Adnexa, in ANDRÉS GUTIÉREZ, D. J., Leges Ecclesiae
post codicem Iuris Canonici editae, Vol. IX, Roma, 2001.
68 Z. GROCHOLEWSKI, Tribunal da Sé Apostólica..., p. 908.
69 Z. GROCHOLEWSKI, El Juez..., p.777.
88 C. 1417 do CIC: §
1. Ob primatum Romani Pontificis integrum est cuilibet fideli causam suam sive
contentiosam sive poenalem, in quovis iudicii gradu et in quovis litis statu, cognoscendam ad Sanctam
Sedem deferre vel apud eandem introducere.
95 C. 1425, § 4 do CIC:
In primo iudicii gradu, si forte collegium constitui nequeat, Episcoporum
conferentia, quamdiu huiusmodi impossibilitas perduret, permittere potest ut Episcopus causas unico
iudici clerico committat, qui, ubi fieri possit, assessorem et auditorem sibi asciscat.
100 Cfr. DC art. 22 §2: expedit tamem, nisi specials causae id exigent, ne ipse id per se faciar.
101 C. 129, §2 do CIC: In exercitio eiusdem potestatis, christifideles laici ad normam iuris cooperari
possunt.
Deve ficar claro que o tribunal diocesano é, estritamente falando, o tribunal
do bispo diocesano, e que é justamente chamado 107 no CIC: «tribunal Episcopi»,
«Metropolitae tribunal». De fato, nele, o vigário judicial108 - e os outros juízes - para
exercer o poder judicial por direito divino foi o bispo diocesano na consagração
episcopal. Tendo presente, a este respeito, as palavras: "Em cada diocese109 (...) o juiz é
o Bispo diocesano pode exercer o poder judicial (...) através dos outros." Portanto, esse
poder de vigário judicial e juízes no tribunal ordinário vigário diocesano.
Conseqüentemente, "o vigário judicial constitui um único tribunal com o Bispo110",
depende do bispo, e, obviamente, "não pode julgar as causas que o Bispo tem
reservado" 111.
Em relação à dependência do Bispo diocesano, a Assinatura Apostólica
observou: "O Bispo e o oficial estão intimamente associados na administração da
justiça, de modo que uma supervisão adequada ao Bispo sobre a disciplina de juízes e
ministros (...) Sem prejuízo dos tribunais, como é óbvio, o tribunal em quando isso
Segú enfatiza que «a regra geral é um tanto utópica e, por isso mesmo um
ideal a ser atingido, pois nem mesmo em países desenvolvidos se consegue aplicar esta
norma em sua plenitude, mas o Legislador apresenta aqui o que deveria ser, para que
houvesse uma justiça ágil e adequada, quando diz que em cada diocese, dever-se-ia
constituir um Vigário Judicial, distinto do Vigário Geral»115.
A prescrição do § 1 º, segundo a qual o vigário judicial deve ser "diferente
do Vigário Geral" encontra a sua justificação no fato de que existem dois ofícios
paralelos - de fato, o vigário judicial exerce o seu poder judicial em nome do bispo, o
mesmo acontece com o vigário geral ao exercer a autoridade executiva, ou
administrativa117. É, portanto, pertinente que pessoas diferentes exerçam essas funções.
No n.7 do «Principia Iuris Canonici Codicis recognitionem quae dirigant»
de 1967, postulou-se: "Distinguir claramente as várias funções do poder eclesiástico, ou
seja, a legislativa, a administrativa e a judiciária;; e a definir corretamente todos os
ofícios" 118.
A acumulação eventual de as duas funções só pode ser justificada pelo
pequeno tamanho da diocese ou o número limitado de causas. Como pode ser visto
facilmente, estas são razões que o tornam estes ofícios menos exigentes 119.
Vigário Judicial ou Oficial é cargo necessário na Cúria diocesana. O poder
do Vigário Judicial é ordinário. Pelo fato de não ter sido nomeado um Vigário Judicial
na diocese, nem por isso o Vigário Geral ipso facto goza de poder judicial, pois uma
coisa é que possa o Vigário Geral ser ao mesmo tempo Vigário Judicial, e outra bem
distinta que por falta de ter sido nomeado o Vigário Judicial, automaticamente goze o
Vigário Geral deste poder 120.
Os comentaristas do Ordenamento Jurídico anterior discutiam se o Vigário
Judicial podia ou não delegar o seu poder;; hoje o código vigente diz explicitamente que
O Cânon (c. 1420, §§ 1-3) atribui especial importância ao vigário judicial.
Na verdade, ele dirige os trabalhos do tribunal, sob a direção do Bispo diocesano. Suas
funções específicas incluem: a nomeação de juízes para cada uma das causas123, a
eventual substituição de juízes já nomeados 124, o julgamento sobre a desqualificação do
juiz125, presidente do colégio de juízes126 nas causas, a notificação 127 da decisão firme e
executiva ao Ordinário do lugar, e nomeação de um juiz monocrático no processo
documental128.
124 C. 1425, §5 do CIC: Iudices semel designatos ne subroget Vicarius iudicialis, nisi ex gravissima
causa in decreto exprimenda.
125 C. 1449, §2 do CIC: De recusatione videt Vicarius iudicialis; si ipse recusetur, videt Episcopus qui
tribunali praeest.
126 C. 1426, §2 do CIC: Eidem praeesse debet, quatenus fieri potest, Vicarius iudicialis vel Vicarius
iudicialis adiunctus.
132
C. 463, §1 n.2 do CIC: Ad synodum dioecesanam vocandi sunt uti synodi sodales eamque
participandi obligatione tenentur: 2°- Vicarii generales et Vicarii episcopales, necnon Vicarius iudicialis;
133
C. 1420, §3 do CIC: Vicario iudiciali dari possunt adiutores, quibus nomen est Vicarioroum
iudicialium adiunctorum seu Vice-officialium.
tudo dependerá das circunstâncias concretas e da própria extenção territorial a ser
abrangida por este Tribunal134.
Zenon ao comentar este § 3 º afirma que os assistentes podem ser
designados para o Vigário Judicial, os vigários judiciais adjuntos chamados de vice-
oficiais. Portanto, a função destes está intimamente relacionada com a do Vigário
Judicial, no sentido de que o Vigário Judicial preside-as e os escolhe para serem os
juízes135, e também pode substitui-los, especialmente no caso de impedimento ou de
ausência prolongada136.
O Romano Pontífice alega que quanto aos títulos deve ser: doutor ou ao
menos licenciado em direito canônico: refere-se aos graus acadêmicos assim como são
conferidos nas faculdades erigidas pela Sé Apostólica 137. E Arroba salienta que o título
acadêmico é um critério objetivo, mas deve ser integrado a outras qualidades, por isso
não confere direito algum de precedência. Pode-se sustentar, além disso, que o título
seja suficiente sem a devida experiência forense, em quanto se recomenda vivamente de
não confiar este ofício a quem esteja dela carente138.
134
SEGÚ G. M., Pequena Visão de conjunto da 1ª Parte do Livro VII e sua importância para o
processual, e o cânon 1420, §1 do novo Código de Direito Canônico de 1983, in Revista de Cultura
Teológica, Paulinas, São Paulo, Ano XIV (2006), n. 54, p 91.
135 C. 1426, §2 do CIC: Eidem praeesse debet, quatenus fieri potest, Vicarius iudicialis vel Vicarius
iudicialis adiunctus.
136 Z. GROCHOLEWSKI, El Juez..., n.7, p.776.
137 C. 817 do CIC: Gradus academicos, qui effectus canonicos in Ecclesia habeant, nulla universitas
vel facultas conferre valet, quae non sit ab Apostolica Sede erecta vel approbata.
138 M. J. ARROBA CONDE, Direito processual..., p. 236.
Cfr. DC art. 42, §2: Enixe commendatur ne quis, experientia fori carens, Vicarius iudicialis vel Vicarius
iudicialis adiunctus constituatur.
140 Cfr. Z. GROCHOLEWSKI, Aspetti teologici dell’attività giudiziaria della Chiesa, em VV.AA., Teologia e
diritto canônico, Città del Vaticano 1987, pp. 203-205.
141 C. 1421, §3 do CIC: Iudices sint integrae famae et in iure canonico doctores vel saltem licentiati.
142 M. F. POMPEDDA, O
Juiz Eclesiástico, Discurso do Cardeal Mario F. Pompedda, no início do Ano
Acadêmico do “Studium Romanae Rotae”, 6 de novembro de 2002, p. 1., in WWW.vatican.va/
roman_curia/tribunals/roman_rota/documents/rc_trib_rota_doc_20021106_pompeda_po.html
143 Z. GROCHOLEWSKI, El Juez..., n.7, p.777.
144 Cfr. BENEDICTUS PP. XV, Codex Iuris Canonici, Constitutione Apostolica: Providentissima Mater
Ecclesia, 27 maii 1917, c. 1573, promulgatus AAS 9 Pars II (1917), pp. 11-465, in ANDRÉS GUTIERREZ,
D. J., Leges Ecclesiae post codicem Iuris Canonici editae, VII (Romae 1994), 5165. Coll. 9263-9760, (de
agora em diante C. 1573, §4 do CIC/17): Tum officialis tum vice-officiales esse debent sacerdotes,
integrae famae, in iure canonico doctores vel ceteroqui periti, annos nati non minus triginta.
C. 1574, §1 do CIC/17: In qualibet dioebatae vitae et in iure canonico periti, etsi extradioecesani, non
plures quam duodecim eligantur ut potestate ab Episcopo delegata in litibus iudicantis partem habeant;
quibus nomen esto “iudicum synodalium” aut “pro-synodalium”, si extra Synodum constituuntur.
C. 1589, §1 do CIC/17: Ordinarii est promotorem iustitiae et vinculi defensorem eligere, qui sint
sacerdotes integrae famae, in iure canonico doctores vel ceteroqui periti, ac prudentiae et iustitiae zelo
probati.
mais qualificado dos tribunais eclesiásticos, faz chamadas para todos aqueles que são
doutores ou, pelo menos tenham uma licenciatura em Direito Canônico 145. O atual
processo simplificado, em comparação com o Código anterior, "exige apenas uma
preparação melhor dos administradores da justiça, isto é, uma melhor compreensão dos
princípios fundamentais que são a base do processo canônico, uma compreensão mais
aguda do espírito das normas canônicas, capacidade de interpretá-los à luz da tradição e
do contexto. Caso contrário, corremos o risco de cair no formalismo jurídico inaceitável
no direito canônico de invenções bizarras pastorais e consequentemente teremos danos
inevitáveis146.
O cânon exige dos Bispos diocesanos a obrigação grave de assegurar
treinamento adequado aos operadores de justiça.
Pompedda salienta que por vezes a especialidade, ou talvez mais
modestamente, a formação obtida numa Escola de pensamento, por muito prestigiosa
que seja, na prática pode provocar rigidez e até sectarismo, que estão muito longe da
riqueza e da “profundidade de campo” daqueles que, apesar de terem optado por uma
linha interpretativa, examinaram primeiro e avaliaram qualquer contributo magisterial,
doutrinal e jurisprudencial147. E o beato, João Paulo II, recordava que o “este
conhecimento supõe um estudo assíduo, científico, aprofundado, que não se limite a
revelar as eventuais variações em relação a lei anterior, ou a estabelecer o seu sentido
meramente literal ou filológico, mas que consiga considerar também a mens legislatoris,
e a ratio legis, de modo a dar uma visão global que vos permita penetar o espírito da [...]
lei148”.
O Legislador alerta que a exigência de uma preparação adequada para os
operadores da justiça está intimamente ligada com o direito fundamental dos fiéis de
145 Cfr. C. 1435 do CIC: Episcopi est promotorem iustitiae et vinculi defensorem nominare, qui sint
clerici vel laici, integrae famae, in iure canonico doctores vel licentiati, ac prudentia et iustitiae zelo
probati.
C. 1421, §3 do CIC. (já citado na nota 134)
146 Z. GROCHOLEWSKI, El Juez..., n.9, p.778.
147 M. F. POMPEDDA, O Juiz Eclesiástico,..., p.6.
148 IOANNES PAULUS PP II, Allocutio ad Praelatos Auditores S. Romanae Rotae, 26 de Janeiro de 1984, n.
3, in AAS 76 (1984), p. 645.
reivindicar e defender seus direitos em juízo 149. O despreparo dos administradores da
justiça é de fato uma afronta grave e direta, na medida em que é a incapacidade de
exercê-lo corretamente. Zenon confirma o que o legislador acaba de apontar, dizendo
que deve ser enfatizado fortemente que a qualificação acadêmica em si, ou seja, sem a
experiência adequada ou profunda (especialmente considerando o estado atual dos
estudos de Direito Canônico150 - não é certamente suficiente para que alguém exerça
corretamente a função de Vigário Judicial ou Vigário Judicial adjunto)151. Por isso, é
desconcertante quando alguém é nomeado vigário judicial (ou vigário judicial adjunto)
imediatamente depois de completar os estudos de Direito Canônico (especialmente se
for apenas um grau), sem qualquer experiência amadurecida sobre o assunto, ou na
prática da experiência forense.
154 INSTITUTO MARTIN DE AZPILCUETA UNIVERSIDAD DE NAVARRA, “cânon 87”, in Comentário exegético
al Codigo de Derecho canônico, Edição anotada – P. LOMBARDIA – J . I. ARRIETA, Braga 1997, p.125.
155 PB art. 124, n.2: Julgar
acerca dos pedidos dirigidos à Sé Apostólica para obter o deferimento da
causa para a Rota Romana;
156 Z. GROCHOLEWSKI, El Juez..., n.10, pp. 778-779.
157 Z. GROCHOLEWSKI, El Juez..., comentário ao cânon c. 1419 n. 5, p.769, e comentário ao cânon c. 1423
n.9, p. 793.
159 Z. GROCHOLEWSKI, El Juez..., comentário ao cânon 1420, §4 n. 10, p.779.
160 CPITL – Pontificium
Consilium de Legum Textibus Interpretandis (a 28.VI.1988). Hodie nuncupatum:
Pontificium Consilium de Legum Textibus.
161 Z. Grocholewski, El Juez..., comentário ao cânon 1420, §4 n. 10, p.779.
162 PCCICR - PontifíciaCommissio Codici Iuris Canonici Orientalis Recognoscendo, Z. GROCHOLEWSKI,
El Juez..., comentário ao cânon 1420, §4 n. 10, p.779.
163 Z. GROCHOLEWSKI, El Juez..., comentário ao cânon 1420, §4 n. 10, p.780.
C. 1537 do CCEO: Dispensationi obnoxiae non sunt leges, quatenus determinant ea, quae institutorum
aut actuum iuriditutiva, nec leges processuales et poenales.
164 Z. GROCHOLEWSKI, El Juez..., comentário ao cânon 1420, §4 n. 10, p.780.
Em cada decreto de dispensa tem que se ter presente que o Bispo e/ou os
Bispos responsáveis pelo tribunal tem a obrigação de ter ministros da justiça, com as
qualificações exigidas por lei. Exorta-se sempre que as pessoas dispensadas se
dediquem aos estudos de graduação em Direito Canônico, e da jurisprudência da Rota
Romana, e de assimilarem os conteúdos dos discursos do Romano Pontífice à Rota
Romana165.
De fato, o Supremo Tribunal é competente na concessão da dispensa dos
títulos acadêmicos exigidos “in casibus particularibus”. A graça da dispensa é
concedida ‘omnibus perpensis’, considerando sobretudo que nalguns casos a falta da
dispeensa comportaria de fato a falta de administração da justiça, à qual os fiéis têm
direito166.
5. - SÉ VACANTE
O Legislador sabe e por isso salienta que o poder Judiciário não pode sofrer
interrupções, pois, os que clamam por justiça merecem uma resposta o mais breve
possível, por isso que no nosso Ordenamento Jurídico, quando houver sede vacante o
Vigário Judicial e seus auxiliares não cessam do cargo167 e nem sequer podem ser
destituídos pelo Administrador diocesano, mas, perderão seus cargos/ofícios se não
forem confirmados pelo novo titular168.
165 Z. GROCHOLEWSKI, El Juez..., comentário ao cânon 1420, §4 n. 10, p.780.
166 M. F. POMPEDDA, O Juiz Eclesiástico,..., p. 6.
171
C. 418, § 2 n.1 do CIC: A certa translationis notitia usque ad canonicam novae dioecesis
possessionem, Episcopus translatus in dioecesi a qua:
1°- Administratoris dioecesani potestatem obtinet eiusdemque obligationibus tenetur, cessante qualibet
Vicarii generalis et Vicarii episcopalis potestate, salvo tamem can. 409, § 2;
172 J. J. G. FAÍLDE, Nuevo Derecho Procesal Canónico, 3ª ed., Salamanca: Univerdad Pontificia de
Salamanca, 1995, p. 77.
Arroba expressa que as qualidades mínimas requeridas para confiar o ofício
de vigário judicial, que se aplicam também aos vigários judiciais adjuntos. São
expressas com a fórmula “debent”, o que significa que são obrigatórias, mesmo se não
‘ad validitatem’ mas ‘ad licentatem’. De fato o cânon 1420 não é uma lei inabilitante,
por isso que algumas qualidades podem ser dispensadas pela autoridade competente por
justa causa. A competência é do Tribunal supremo da Assinatura Apostólica177.
2.1.- NOMEAÇÃO
180 SEGÚ G. M., Tratado dos Juizos em Geral, 2009, anotações em sala de aula, p. 31.
181 SEGÚ G. M., Tratado dos Juizos em Geral, 2009, anotações em sala de aula, p. 32.
182 J. J. G. FAÍLDE, Nuevo Derecho Procesal Canônico, 3ª ed. Salamanca: Universidad Pontificia de
Salamanca, 1995, p.74.
183 Cfr. c. 1422 do CIC: Vicarius
iudicialis, Vicarii iudiciales adiuncti et ceteri iudices nominantur ad
definitum tempus, firmo praescripto can. 1420, § 5, nec removeri possunt nisi ex legitima gravique causa.
184
SEGÚ G. M., Pequena Visão de conjunto da 1ª Parte do Livro VII e sua importância para o
processual, e o cânon 1422..., p 92.
185
SEGÚ G. M., Pequena Visão de conjunto da 1ª Parte do Livro VII e sua importância para o
processual, e o cânon 1420, §4..., p 92.
202
C. 149, §1 do CIC: Ut ad officium ecclesiasticum quis promoveatur, debet esse in Ecclesiae
communione necnon idoneus, scilicet iis qualitatibus praeditus, quae iure universali vel particulari aut
lege fundationis ad idem officium requiruntur.
C. 149, §2 do CIC: Provisio officii ecclesiastici facta illi qui caret qualitatibus requisitis, irrita
203
tantum est, si qualitates iure universali vel particulari aut lege fundationis ad validitatem provisionis
expresse exigantur; secus valida est, sed rescindi potest per decretum auctoritatis competentis aut per
sententiam tribunalis administrativi.
204 C. 149, §3 do CIC: Provisio officii simoniace facta ipso iure irrita est.
Isto significa obter a serenidade de juízo, que é como o efeito principal da
maturidade. Pois, ela consiste na “capacidade de agir e julgar destancando-se dos
próprios e pessoais pontos de vista e opiniões, de julgar abstraindo-se de qualquer
preconceito quer geral quer particular, isto é, que se refere ao caso;; de saber abstrair-se
de considerações humanas, políticas ou sociais;; de saber aceitar também a opinião de
outrem mesmo se é contrária à sua (mostrando, por exemplo, indiferença a uma
sentença de apelo que reformule a própria);; de saber aceitar na fase de câmara de
conselho o parecer da maioria, ou até do mais jovem;; de saber enfrentar e confrontar as
razões dos outros colegas sem prevenção ou qualquer tipo de reserva;; e por fim,
219 M. F. POMPEDDA, Il guidice nei tribunali ecclesiastici: norma generale e caso concreto (funzione,
competenza professionale, garanzie di indipendenza profissionale, garanzie di indipendenza, giudici
laici), pp. 142-143. Cfr. também: Decisione-sentenza nei processi matrimoniali: Del concetto e dei
principi per emettere una sentenza ecclesiastica, em Studio di diritto processuale canônico, Milão 1995,
p. 188.
220 M. F. POMPEDDA, O Juiz Eclesiástico,..., p. 4.
221
PAULUS PP VI, Litterae encyclicae Ecceliam suam, 6 de agosto de 1964, III, in AAS 56 (1964)
646-647.
juízo moral que deve ser formulado, ou pelo juízo axiológico ou prospectivo ou, com
mais freqüência, fácil e superficialmente formulável sobre ele 222.
Porém o Sumo Pontífice Pio XII, salienta que o Magistério pontifício,
mesmo pondo de sobreaviso contra excessos, que se escondem em qualquer campo de
fronteira, louva, há muito tempo, por assim dizer, não suspeito223, «o recurso feito às
disciplinas humanistas em sentido lato, e às médico-biológicas ou também psiquiátrico-
psicológicas em sentido estrito»224, isto referendado pelo beato João Paulo II;; noutro
discurso o beato afirma que “[...] o ‘officium caritatis et unitatis’ [...] nunca poderá
significar um estado de inércia intelectual, pela qual da pessoa objeto dos vossos
julgados se tenha uma concepção avulsa da realidade histórica e antropológica, limitada
e até invalidada por uma visão culturalmente ligada a uma ou outra parte do mundo.
Conservai com veneração tudo o que o passado nos transmitiu de sã cultura
e doutrina, mas acolhei com discernimento, de igual modo, tudo o que de bom e justo o
presente nos oferece”225.
227 IOANNES PAULUS PP. II, Allocutio ad Praelatos Auditores S. Romanae Rotae, 26 de Janeiro de 1984,
n. 3, in AAS 76 (1984), p. 645.
228 L. L. LANGARO, Curso de Deontologia Jurídica, 2ª edição, São Paulo, ed. Saraiva 1996, p. 83.
229 L. L. LANGARO, Curso de Deontologia Jurídica, p. 83.
230 M. F. POMPEDDA, O Juiz Eclesiástico,..., p. 8.
jurisprudência e a certeza do direito brotam ‘in fine’, isto é, como fruto da convergência
do corpo judiciário nos seus pronunciamentos individuais emitidos ‘ex conscientia’231.
No ordemamento jurídico vigente é pedido ao juiz que julgue ex sua
conscientia, pois o juizo dado, não se reduz à subjetivivdade o pronunciamento
judicial232.
Pois, segundo o Beato João Paulo II:
«a consciência [...] não é uma fonte autônoma e exclusiva para decidir o que é bom e o
que é mau; ao contrário, está inscrito nela de modo profundo um princípio de obediência
em relação à norma objetiva, que funda e condiciona a correspondência das suas
decisões com os mandamentos e as proibições que estão na base do comportamento
humano [...].» 233
232 Cfr. c. 1608, §2 do CIC: Hac certitudinem iudex haurire debet ex actis et probatis.
233 IOANNES PAULUS PP II, Litterae encyclicae Dominum et vivificantem, 18 de Maio de 1986, n. 43, em
AAS 78 (1986), p. 859.
234
Cfr. c. 1608, §3 do CIC: Probationes autem aestimare iudex debet ex sua conscientia, firmis
praescriptis legis de quarundam probationum efficacia.
238 D. MORENGO, O Ministério do Juiz no Tribunal de Primeira Instância. A justiça na igreja: fundamento
divino e cultura processual moderna, pp. 204 e 205.
239 M. F. POMPEDDA, Decissão-sentença nos processos matrimoniais: do conceito e dos princípios para
emitir uma sentença eclesiástica, pp. 157-158.
240 L. L. LANGARO, Curso de Deontologia,..., p. 76.
qualidades reunidas numa só pessoa, caracterizam, sem dúvida alguma, um
autêntico magistrado» 241.
243
Cfr. c. 1609, §3 do CIC: Post divini Nominis invocationem, prolatis ex ordine singulorum
conclusionibus secundum praecedentiam, ita tamen ut semper a causae ponente seu relatore initium fiat,
habeatur discussio sub tribunalis praesidis ductu, praesertim ut constabiliatur quid statuendum sit in
parte dispositiva setententiae.
E concluiu o beato noutro discurso dizendo: «o juiz eclesiástico não deverá
ter presente unicamente que a exigência primária da justiça é respeitar a pessoa, mas
além da justiça, ele deverá tender para a equidade, e, para além dela, para a
caridade» 253.
CONCLUSÃO
A missão da Igreja e o mérito histórico dela, de proclamar e defender em toda a
parte e sempre os direitos fundamentais do homem, não a exime antes a obriga, a ser
diante do mundo “speculum iustitiae”. A Igreja tem neste campo responsabilidade
própria e específica. Esta opção fundamental, que representa uma, tomada de
consciência por parte de todo o “Povo de Deus”, não deixa de atingir e estimular todos
os homens da Igreja, e em particular aqueles que, como vós, têm missão especial neste
particular, a que amem a justiça e o direito254.
252 IOANNES PAULUS PP. II, Allocutio ad Romanae Rotae prelates auditores, 17 de Janeiro de 1998, n. 2,
in AAS 90 (1998), pp. 782-783.
253IOANNES PAULUS PP II, Allocutio
ad Sacrae Romanae Rotae,, 17 de Fevereiro de 1979, n. 2, em
ENSINAMENTOS DE JOÃO PAULO II, II, Cidade do Vaticano (1979), p. 410.
254 IOANNES PAULUS PP II, Allocutio ad Tribunalis Sacrae Romanae Rotae, in AAS 71 (1979), pp.
422-427.