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CENTRO UNIVERSITARIO DO NORTE PAULISTA

CURSO DE DIREITO

ANDREIA APARECIDA CESCON HERNADES

ESTATUTO DO DEFICIENTE FISICO

SÃO JOSE DO RIO PRETO /SP

2020
ANDREIA APARECIDA CESCON HERNADES

ESTATUTO DO DEFICIENTE FISICO

Trabalho de conclusão de curso de


graduação apresentado para obtenção
do título de Bacharel em Direito.
Universidade do Norte Paulista –
UNORP,pela aluna Andreia Aparecida
Cescon Hernades.
Orientador:.....................

SÃO JOSE DO RIO PRETO /SP


2020
ANDREIA APARECIDA CESCON HERNADES

ESTATUTO DO DEFICIENTE FISICO

Trabalho de conclusão de curso de graduação apresentado para obtenção do título


de Bacharel em Direito. Universidade do Norte Paulista – UNORP,pela aluna Andreia
Aparecida Cescon Hernades.

BANCA EXAMINADORA

Orientador(a): Prof. João Francisco de Azevedo Barreto

Prof.

Prof.

NOTA:______ São José do Rio Preto,____de __________


de 2020.
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
"Uma criança é como o cristal e como a cera. Qualquer
choque, por mais brando, a abala e comove, e a faz vibrar
de molécula em molécula, de átomo em átomo; e
qualquer impressão, boa ou má, nela se grava de modo
profundo e indelével."

Olavo Bilac
RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...................................................................................................10
2. CONCEITO DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS............11
2.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA PROTEÇÃO DAS PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA NO DIREITO
BRASILEIRO.....................................................................................................17
2.2 CONCEITO DE DEFICIÊNCIA......................................................................2
3. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA................12
4. DIREITOS FUNDAMENTAIS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA............
5. 2.4 A IMORTÂNCIA DA INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NA
SOCIEDADE.........................................................................................................
6.ACESSIBILIDADE AOS OLHOS DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL.............................................................................................................
CONCLUSÃO.......................................................................................................
REFERÊNCIAS.....................................................................................................
..
1.INTRODUÇÃO

O presente trabalho monográfico tem como intuito discorrer acerca da


estudar o Estatuto da pessoa com deficiência, no contexto das hodiernas
alterações que ocorreram no Código Civil através da Lei nº 13.146/15, a qual
também instituiu o estatuto. (ARAÚJO, 2007).
A presente pesquisa monográfica foi realizada por intermédio do método
de compilação, com o auxilio de grandes doutrinadores os quais tiveram
grande importância na fundamentação da pesquisa, foram utilizados também
artigos, revistas, reportagens e principalmente a Legislação pertinente ao
assunto, assim engrandecendo e enriquecendo a pesquisa. (ARAÚJO, 2007).
Aborda a visão que o direito internacional possuía para com o deficiente,
sendo usado como referencial o tratamento que a Organização das Nações
Unidas (ONU) da ao instituto, tratou também das convenções internacionais,
como a convenção da Guatemala a qual era a favor da erradicação das formas
de discriminação contras as pessoas portadoras de deficiência, bem como a
tentativa de integrá-las na sociedade.
Muito importante também para a mudança do tratamento para com as
pessoas com deficiência, foi evolução terminológica das expressões que se
direcionavam aos deficientes na sociedade e na legislação.
Pois, os tratamentos que eram utilizados inicialmente buscavam diminuir
a capacidade da pessoa com deficiência como é caso da expressão pessoa
necessidades especiais.
Apresenta uma análise histórica e comparativa sobre a abordagem que
as Constituição brasileiras deram à pessoa com deficiência e os direitos a eles
garantidos. Iniciando à análise comparativa na Constituição do império e
finalizando na Constituição Federal de 88. (ARAÚJO, 2007).
As Leis infra Constitucionais que também versam sobre o deficiente,
como é o caso da Lei nº 13.146/15, a qual instituiu o Estatuto do Deficiente. O
terceiro capítulo analisa as alterações realizadas pelo Estatuto da Pessoa com
deficiência e seus principais reflexos na capacidade civil destas pessoas.
Analisando as alterações das normas regulamentadoras da capacidade
civil que se foram revogadas e derrogadas no Código Civil. Dando ênfase mais
importante das alterações que seria a tomada da decisão apoiada, a qual deu
maior autonomia e capacidade para as pessoas com deficiência.
A metodologia utilizada foi a bibliográfica, com pesquisa feita em artigos
já publicados em revistas especializadas e livros doutrinários, dentre outros.
A análise em questão pretende contribuir, ainda que de forma sucinta
aos interessados pelas alterações no ordenamento jurídico geradas com a
promulgação do Estatuto da pessoa com deficiência. (ARAÚJO, 2007).
Demostrou assim a conquista de liberdade e de capacidade por parte do
deficiente, indicando assim a maior conquista após anos de evolução do tema
no ordenamento jurídico.
A Declaração Dos Direitos das Pessoas Deficientes, aprovada pela
Assembleia Geral da ONU, no dia 09 de dezembro de 1975, teve sua
importância por trazer o conceito de pessoa deficiente, bem como influenciar
na construção do termo “pessoa portadora de deficiência”, adotada pela
Constituição Federal de 1988, onde definiu que “qualquer pessoa incapaz de
assegurar por si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida
individual ou social normal, em decorrência de uma deficiência congênita ou
não, em suas capacidades físicas, sensoriais ou mentais”. (ONU, 1975)
Neste segmento, a Convenção da Guatemala, para eliminação de todas
as formas de discriminação contra pessoas portadoras de deficiência e o
favorecimento pleno de sua integração à sociedade, que foi assinada pelo
Brasil em 1999 e promulgada pelo Decreto nº 3.956, de 08 de outubro de 2001,
o que propiciou sua incorporação ao sistema legislativo brasileiro com status de
lei ordinária, trouxe conceito legal, apesar do seu caráter genérico e sem
escopo específico, cuidando da questão de forma ampla e sem qualquer
finalidade específica. Este conceito legal está positivado na forma do Artigo I
do Decreto nº 3.956. (ARAÚJO, 2007).
2. CONCEITO DE PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS

A Constituição de 1988 protegeu de forma minuciosa o grupo das


pessoas portadoras de deficiência, acolhendo a terminologia do seu tempo.
O primeiro traço de proteção às pessoas com deficiência, mesmo que de
forma não específica, se deu no art. 138, letra “a” da Constituição de 1.934,
que em regra geral, programática, sem preocupação especial com um tema
determinado. (ARAÚJO,2008).
O referido artigo 138, letra “a” da Constituição Federal do ano de
1.934, sobre os deveres da União, dos Estados e Municípios dispõe:

Art. 138 - Incumbe à União, aos Estados e aos Municípios, nos


termos das leis respectivas: a) assegurar amparo aos desvalidos,
criando serviços especializados e animando os serviços sociais, cuja
orientação procurarão coordenar. A Carta de 1.937 mantém no artigo
127 a mesma regra anterior. (BRASIL, 1934, online)

Dessa forma, os portadores de necessidades especiais são


amparados por lei desde então, embora, muitos não tenham o conhecimento
adequado quanto a esse amparo judicial, assim, em qualquer que seja o
ambiente essas pessoas estão amparadas pela Lei em qualquer situação
que venha a gerar algum tipo de descaso ou mesmo preconceito com
relação a elas.
A Emenda Constitucional nº 1, de 1.969 prescrevia em seu artigo 175
uma preocupação mais específica com o ensino, prevendo no seu parágrafo
4º, lei especial sobre a educação de excepcionais. Todavia, foi somente com
a Emenda Constitucional nº 12, de 1978, que tivemos o ingresso do tema
tratado de forma sistemática. O artigo único da Emenda trouxe inovação ao
tratar a pessoa portadora de deficiência como uma questão constitucional,
questão que deveria ser enfocada em sua peculiaridade e como se fosse um
sistema próprio de proteção constitucional. (ARAÚJO,2008).
O portador de necessidades especiais deverá ser respeitado dentro
das suas particularidades e limitações onde quer que o mesmo se encontre,
pois, só assim, observaremos se o mesmo está sendo respitados nos seus
direitos constitucionais podendo esse ir atrás dos seus direitos quanto
cidadão.
Mas é com a Constituição Federal do ano de 1988, que a nova
maneira de tratamento obteve uma maior abrangência. A referida
Constituição de1988 estabeleceu em seu texto uma série de direitos para as
pessoas portadoras de deficiência, sendo certo que a legislação
infraconstitucional cuidou da efetivação de cada um desses direitos.
(ANSELMO, 2007).
Esses direitos quando prtaicados de maneira idônea possibilita ás
pessoas com algum tipo de deficiência de se sentirem valorizadas, embora,
nem sempre isso venha a acontecer obrigando-os a passarem por situações
embaraçosas e que na maioria das vezes geram discriminação.
Na Constituição Federal de 1988 vemos diversas previsões
especificas em relação às pessoas com deficiência. O artigo 7º, XXXI trata
da proibição de qualquer tipo de discriminação no que se refere aos salários
e critérios de admissão do trabalhador com deficiência.
Os empregadores devem se conscientizar que mesmo sendo
portador de algum tipo de deficiência, o trabalhador tem direitos quanto ao
seu salário igual a qualquer outro trabalhador, independente da função que
irá desenvolver. Os direitos deverão ser iguais.
Também o artigo 37, inciso VIII da Lei Fundamental traz dispositivo
referente à reserva de percentual de cargos e empregos públicos a serem
preenchidos pelas pessoas com deficiência. Assim, no que se refere à
repartição de competências, três dispositivos podem ser mencionados, a
saber, o artigo 23, II, o artigo 24, XIV e o artigo 30, incisoII.
As empresas de grande porte são obrigadas a oferecerem vagas
para pessoas portadoras de deficiência desde que essa seja comprovada
com laudo médico. Há uma cota que permite ás empresas oferecer vagas ás
pessoas consideradas PNE (Portadoras de Necessidades Especiais).
Importante salientar, ainda, que, em função do § 3º do artigo 5º da
CF, a Convenção sobre as Pessoas com Deficiência, promulgada pelo
Decreto nº 6.949, de 2009, por ter sido aprovado pelo Congresso Nacional
com observância do rito próprio para aprovação das emendas
constitucionais, conforme dá conta o Decreto Legislativo nº 186, de 2008,
passou a integrar o ordenamento jurídico brasileiro com status de norma
constitucional. (ALMEIDA, 2007)
Na seara da educação, o artigo 208, inciso III prevê o atendimento
educacional especializado às pessoas com deficiência. No artigo 227, se
tem duas normas prevendo medidas de proteção às pessoas com
deficiência, a saber, o disposto no § 1º, inciso II e o § 2º.
No primeiro caso, cuida-se da criação de programas de prevenção e
atendimento especializado para as pessoas com deficiência física, sensorial
ou mental, buscando, ainda a integração social do adolescente com
deficiência. O § 2º do artigo 227 trata de lei que deverá dispor sobre as
normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público, além
da fabricação de veículos de transporte coletivo.
No ordenamento jurídico infraconstitucional há inúmeras normas,
sejam leis ordinárias, decretos, portarias e resoluções, que tratam de alguns
aspectos relativos à proteção das pessoas com deficiência, um exemplo
disso é a Lei nº 7.853/89, que estabeleceu normas gerais visando assegurar
o pleno exercício dos direitos in- dividuais e sociais das pessoas com
deficiência e sua integração social, em atendi- mento ao disposto no artigo
24, inciso XIV da Carta Maior, prevendo medidas nas áreas de educação,
saúde, formação profissional e do trabalho, recursos humanos e edificações
e o Decreto nº 3298, de 20 de dezembro de 1999, que estabeleceu novo
regulamento sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência. (ANSELMO, 2007).

2.1A EVOLUÇÃO DA TERMINOLOGIA DA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

Inicialmente é necessário ressaltar que o assunto pode ser


considerado transdisciplinar porque aborda várias etimologias dentro do
contexto ao qual pertença, o que gera uma enormidade de definições ou em
muitos casos, sua extrema especificidade, acaba por gerar uma situação
negativa no que se refere à proteção desse grupo vulnerável. Grupo esse
que merece toda a atenção e o respeito daqueles que o prioriza.
Diagnosticar e compreender o real significado do conceito de pessoa
com necessidades especiais implica na utilização de terminologia correta
para identificar essas pessoas, pois conforme adverte Romeu Sassaki:

Usar ou não usar termos técnicos corretamente não é uma mera


questão semântica ou sem importância, se desejamos falar ou
escrever construtivamente, numa perspectiva inclusiva, sobre
qualquer assunto de cunho humano. E a terminologia correta é
especialmente importante quando abordamos assuntos
tradicionalmente eivados de preconceitos, estigmas e estereótipos,
como é o caso das deficiências que aproximadamente 10% da
população possuem. (2003, p. 163)

A questão das deficiências já vem sendo assunto em pauta há muito


tempo dessa forma, busca-se oferecer ás pessoas com laumg tipo de
deficiência o apoio legal necessário para que ele possa ter uma convivência
com um mínimo de respeito.
A questão terminológica revela um avanço na preocupação com as
pessoas com deficiência, o que nos mostra que a terminologia correta
advém das alterações nos valores e conceitos presentes na sociedade e seu
modo de lidar com a questão. A expressão “pessoas portadoras de
deficiência” tem o condão de diminuir o estigma da deficiência, ressaltando o
conceito de pessoa; é mais leve, mais elegante e diminui a situação de
desvantagem que caracteriza esse grupo de indivíduos. (ARAÚJO, 1997)
Embora muitos não possuem esse mesmo pensamento, infelizmente,
algumas pessoas ainda são tratadas com descaso e assim, provoca nelas
um turbilhar de sentimentos evaisvos e inferiores devido a falta de respeito
com muitos as tratam. Elas precisam ter um minimo de dignidade e
reconhecer que, em casos de apoio e soluções para determinadas
situações, a Lei poderá ampará-las.
Assim, na seara do Direito Internacional, verifica-se que a ONU, no
ano de 1975, elaborou a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes,
onde, o artigo 3º, expõe:

Art. 3º As pessoas deficientes têm direito inerente de respeito por


sua dignidade humana. As pessoas deficientes qualquer que seja
sua origem, natureza e gravidade de suas deficiências, têm os
mes- mos direitos fundamentais que seus concidadãos da mesma
idade, o que implica, antes de tudo, o direito de desfrutar uma vida
decente, tão normal e plena quanto possível. (BRASIL,
2015,online)
Cabe então, a nós, respeitarmos qualquer pessoa perante a
sociedade independentemente so seu estado físico, psiquico ou emocional
para que venhamos a evitar conflitos e constrangimentos tanto para quem se
considerar agredido legalmente, como para quem for considerado o
agressor.
Por fim, o Ministro de Estado Chefe da Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República, no uso de suas atribuições legais,
faz publicar a Resolução nº 01, de 15 de outubro de 2010, do Conselho
Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE, que
altera dispositivos da Resolução nº 35, de 06 de julho de 2005, que dispõe
sobre seu Regimento Interno:

Art. 1º Esta portaria dá publicidade às alterações promovidas pela


Resolução nº 01, de 15 de outubro de 2010, do Conselho Nacional
dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE em
seu Regimento Interno. Art. 2º Atualiza a nomenclatura do
Regimento Interno do CONADE, aprovado pela Resolução n° 35,
de 06 de julho de 2005, nas seguintes hipóteses: I - Onde se lê
„Pessoas Portadoras de Deficiência‟, leia-se „Pessoas com
Deficiência‟. (BRASIL, 2010,online)

Não se pode rotular a pessoa pela sua característica física, visual,


auditiva ou intelectual, mas reforça-se o indivíduo acima de suas restrições.
A construção de uma verdadeira sociedade inclusiva passa também pelo
cuidado com a linguagem. Na linguagem se expressa, voluntária ou
involuntariamente, o respeito ou a discriminação em relação às pessoas com
deficiência. Contudo, a pessoa com deficiência antes de ter deficiência é,
acima de tudo e simplesmente: pessoa. (SILVA,2009).
A questão da discriminação para com as pessoas com algum tipo de
deficiência, muitas vezes, trazem enormes prejuízos não só para quem sofre
como para quem pratica. Muitos esquecem que por trás de uma pessoa com
deficiência existe um ser humano espetacular e que precisa ser valorizado
dentro de suas possibilidades e capacidades.

2.3 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA PROTEÇÃO DAS PESSOAS


COM DEFICIÊNCIA NO DIREITO BRASILEIRO
O referido artigo 138, letra “a” da Constituição Federal do ano de 1.934,
sobre os deveres da União, dos Estados e Municípios dispõe:

Art. 138 - Incumbe à União, aos Estados e aos Municípios, nos termos
das leis respectivas: a) assegurar amparo aos desvalidos, criando
serviços especializados e animando os serviços sociais, cuja
orientação procurarão coordenar. A Carta de 1.937 mantém no artigo
127 a mesma regra anterior. (BRASIL, 1934, online)

Em 1946 há uma referência breve ao trabalhador que se tornar inválido,


conforme norma que se encontrava plasmada no artigo 157, inciso XVI, norma
essa que é repetida pela Constituição de 1.967 conforme é estabelecido a
seguir:

Art. 157 - A legislação do trabalho e a da previdência social


obedecerão nos seguintes preceitos, além de outros que visem a
melhoria da condição dos trabalhadores: [...] XVI - previdência,
mediante contribuição da União, do empregador e do empregado,
em favor da maternidade e contra as conseqüências da doença, da
velhice, da invalidez e da morte. (BRASIL, 1934, online)

A Emenda Constitucional nº 1, de 1.969 prescrevia em seu artigo 175


uma preocupação mais específica com o ensino, prevendo no seu parágrafo
4º, lei especial sobre a educação de excepcionais. Todavia, foi somente com a
Emenda Constitucional nº 12, de 1978, que tivemos o ingresso do tema tratado
de forma sistemática. O artigo único da Emenda trouxe inovação ao tratar a
pessoa portadora de deficiência como uma questão constitucional, questão que
deveria ser enfocada em sua peculiaridade e como se fosse um sistema
próprio de proteção constitucional. (ARAÚJO,2008).
Vale ressaltar que a inclusão escolar demorou a acontecer, mas,
atualmente, após os amparos legais a mesma vem ocorrendo de forma
gradativa, precisamos relembrar que antes o aluno com algum tipo de
deficiência não era aceito na escola regular com os outros. Após a luta e a
consolidação da lei eles tem o mesmo direito de frequentar a escola regular e
conforme as suas necessiades ainda convém que o Estado disponibilize de
professores de apoio para acompanhá-los.
Mas é com a Constituição Federal do ano de 1988, que a nova maneira
de tratamento obteve uma maior abrangência. A referida Constituição de1988
estabeleceu em seu texto uma série de direitos para as pessoas portadoras de
deficiência, sendo certo que a legislação infraconstitucional cuidou da
efetivação de cada um desses direitos. (ANSELMO, 2007). Direitos esses que
nem sempre são colocados em prática, prejudicando assim a pessoa portadora
de deficiência porque na maioria das vezes, nem ela própria sabe quais são.
Na Constituição Federal de 1988 vemos diversas previsões especificas
em relação às pessoas com deficiência. O artigo 7º, XXXI trata da proibição de
qualquer tipo de discriminação no que se refere aos salários e critérios de
admissão do trabalhador com deficiência. Também o artigo 37, inciso VIII da
Lei Fundamental traz dispositivo referente à reserva de percentual de cargos e
empregos públicos a serem preenchidos pelas pessoas com deficiência. Assim,
no que se refere à repartição de competências, três dispositivos podem ser
mencionados, a saber, o artigo 23, II, o artigo 24, XIV e o artigo 30, incisoII.
Por fim, prevê-se a competência dos Municípios em suplementar a legis-
lação federal ou estadual, conforme norma estampada no inciso II do artigo 30
da Constituição Federal. Assim, preliminarmente, é dito que só cabe
suplementação em relação a assuntos que digam respeito ao interesse local,
neste contexto, o Município poderá suplementar a legislação federal ou
estadual em matérias necessárias para a atuação das competências materiais
privativas deste Ente federal ou para atuar competências materiais comuns.
(ALMEIDA, 2007)
Na seara da educação, o artigo 208, inciso III prevê o atendimento
educa- cional especializado às pessoas com deficiência. No artigo 227, se tem
duas normas prevendo medidas de proteção às pessoas com deficiência, a
saber, o disposto no § 1º, inciso II e o § 2º. No primeiro caso, cuida-se da
criação de programas de preven- ção e atendimento especializado para as
pessoas com deficiência física, sensorial ou mental, buscando, ainda a
integração social do adolescente com deficiência. O § 2º do artigo 227 trata de
lei que deverá dispor sobre as normas de construção dos logradouros e dos
edifícios de uso público, além da fabricação de veículos de trans- porte
coletivo.
3. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

3.1 CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS


COM DEFICIÊNCIA

Segundo MAIOR, 2008 são aproximadamente 650 milhões de pessoas


com algum tipo de deficiência, esse índice é muito alto eelas necessitam do
amparo legal em quaisquer situação pois será através dele que ela poderá
executar os seus deveres e identificar e colocar em prática os seus direitos.
Inovando, traz, em seu artigo 1, o conceito de pessoa com deficiência
como sendo:

Artigo 1 - [...] Pessoas com deficiência são aquelas que têm


impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual
ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem
obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades
de condições com as demais 33 pessoas.

Esse conceito, como constatam Araújo e Maia (2014) apresenta de


forma clara um modelo social da deficiência, na medida em que reconhece que
a deficiência não está nas pessoas que têm algum impedimento de ordem
física, mental, intelectual ou sensorial, mas sim na sociedade, a qual apresenta
barreiras de diversas espécies (como as arquitetônicas, por exemplo),
impossibilitando a plena e efetiva participação de tais pessoas na sociedade,
em igualdade de condições com as demais.
Segundo os autores referidos anteriormente, as pessoas consideradas
deficientes não são só aquelas que trazem consigo algum tipo de limitação
física ou mental, mas, aquelas pessoas que não aceitam as diferenças e
limitações que elas trazem consigo e não as respeitam nas suas
individualidades e singularidades.
Quando estes falam em barreiras impostas pela sociedade, eles estão
se referindo também à falta ou dificuldade de acessibilidade que essas pessoas
encontram impedindo-as de levar uma vida comum e normal sem depender de
outras pessoas para enfrentar os desafios constantes que lhes são
apresentados.
Anotam os autores acima citados também que o novel conceito é
divergente do modelo médico da deficiência, que considerava que as pessoas
com deficiência precisavam essencialmente de amparo à saúde e de políticas
assistenciais. Políticas essas que nem sempre são colocadas em prática para
oferecer o devido apoio ás essas pessoas que tanto encontram dificuldades em
ser aceitas na sociedade.
Essas práticas vem de encontro ás necessidades da pessoa com
deficiência auxiliando-a nas suas necessidades mais básicas e fortalecendo os
seus lações sociais. Podendo assim, contar com o apoio da sociedade e do
meio no qual está inserido.
Em síntese, é reconhecido que a política direcionada às pessoas com
deficiência deverá pautar-se pela adaptação da sociedade ao acolhimento
desse grupo vulnerável e não somente orientada na busca de seus cuidados
(ARAÚJO; MAIA, 2014).
Se a sociedade não se conscientizar dos cuidados e dos direitos que
uma pessoa com deficiência tem e a forma como ela pode exigi-los de nada
adiantará as leis que os ampara legalmente.
Frisa-se, nessa trilha, que a Convenção, como ensina Piovesan (2013),
teve como criação a percepção da pessoa com algum tipo de carência como
verdadeiro sujeito, titular de direitos, e não como “objeto” de políticas
assistencialistas e de tratamentos médicos. Dessa forma, assinala os deveres
do Estado para extrair e extinguir os empecilhos que impeçam o
aprendizadocompleto dos direitos das pessoas com deficiência, tornando
duradouro aampliação de seus potenciais, com autonomia e conhecimento.
Nesse sentido, salienta-se ainda que a Convenção decide que os
Estados e as Partes garantam e requeiram a todas pessoas com deficiência,
independentemente do tipo, o pleno exercício de seus direitos e suas
liberdades, especialmente ao trabalho em igualdade de oportunidades com as
outras pessoas, o que se depreende de seu artigo 1, o qual aplica como
escopo do habilitação “promover, proteger e assegurar o exercício pleno e justo
de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas
com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade essencial”.
Ademais, oportuno reproduzir o artigo 2 da Convenção, o qual define
“comunicação”, “língua”, “discriminação por motivo de deficiência”, “adaptação
razoável” e “desenho universal”:
Artigo 2 - Para os propósitos da presente Convenção: ‘Comunicação’
abrange as línguas, a visualização de textos, o braille, a comunicação
tátil, os caracteres ampliados, os dispositivos de multimídia acessível,
assim como a linguagem simples, escrita e oral, os sistemas auditivos
e os meios de voz digitalizada e os modos, meios e formatos
aumentativos e alternativos de comunicação, inclusive a tecnologia da
informação e comunicação acessíveis; ‘Língua’ abrange as línguas
faladas e de sinais e outras formas de comunicação não-falada;
‘Discriminação por motivo de deficiência’ significa qualquer
diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, com o
propósito ou efeito de impedir ou impossibilitar o reconhecimento, o
desfrute ou o exercício, em igualdade de oportunidades com as
demais pessoas, de todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais nos âmbitos político, econômico, social, cultural, civil ou
qualquer outro. Abrange todas as formas de discriminação, inclusive a
recusa de adaptação razoável; ‘ adaptação razoável’ significa as
modificações e os ajustes necessários e adequados que não
acarretem ônus desproporcional ou indevido, quando requeridos em
cada caso, a fim de assegurar que as pessoas com deficiência
possam gozar ou exercer, em igualdade de oportunidades com as
demais pessoas, todos os direitos humanos e liberdades
fundamentais; ‘Desenho universal’ significa a concepção de produtos,
ambientes, programas e serviços a serem usados, na maior medida
possível, por todas as pessoas, sem necessidade de adaptação ou
projeto específico. O ‘desenho universal’ não excluirá as ajudas
técnicas para grupos específicos de pessoas com deficiência, quando
necessárias.

Assim, verifica-se, como anota Fonseca (2013, p. 25), que a Convenção


esclarece que não devem ser tidas como meras curiosidades os mecanismos
desenvolvidos pelas pessoas com deficiência para que possam se movimentar,
comunicar, participar da vida social etc., mas sim como “expressões legítimas
da sua condição e absorvidas pela sociedade, para que as barreiras que a
própria sociedade lhes impõe sejam afastadas”.
Calcula-se, também, que a Convenção predizque a incumbência da
sociedade em derrotar suas falhas em face dos cidadãos cujos empecilhos
pessoais são abarcados pela regra internacional, a partir da
“representaçãocomum”. Nesse sentido, tem-se inclusive que a recusa em
fornecer os ajustamentos necessários para admissão da pessoa com
empecilhocorporal, sensorial ouintelectual está definida como maneira
caracterizadora de “discernimento por causa de carência”.
Verifica-se, portanto, que a Convenção Internacional sobre os Direitos
da Pessoa com Deficiência preocupou-se mais em garantir às pessoas com
deficiência o pleno exercício dos direitos humanos e de suas liberdades
fundamentais, do que em instituir novos direitos, reforçando a ideia de que a
sociedade deve retirar as barreiras que podem impedir a participação desse
grupo em condições de igualdade, o que deve ser fiscalizado pelo Estado.
Dessa forma, denota-se que a conduta adotada pelo legislador
internacional para que as pessoas com deficiência usufruam dos seus direitos
e liberdades é justamente a maior condição de igualdade.

3.2PROTEÇÃO JURIDICA À PESSOA COM DEFICIÊNCIA NO ÂMBITO NACIONAL

A primeira Constituição brasileira a tratar das pessoas com deficiência


de forma expressa foi a de 1967. Conforme Araújo e Maia (2014), nesta
Constituição, ao final, havia uma emenda (Emenda Constitucional nº 12) que
não foi incorporada ao texto, a qual objetivava eliminar o preconceito, com a
inclusão desse grupo de pessoas. Previa comandos de acessibilidade, ensino e
trabalho para que a pessoa com deficiência – à época denominada “deficiente”
– pudesse se integrar à sociedade.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, que é documento de
considerávelimportância histórica e humanitária, elaborada em 1948, no
mesmo ano foi aprovada pelo Brasil. Assim, o país, naquela época, já firmou
compromisso no sentido de reconhecer os direitos fundamentais e assegurar o
respeito à dignidade de toda sua população, adequando-se aos deveres
atribuídos a partir da ratificação da referida Declaração. Nela relata que todos
nós independentes da situação física, moral, mental, social ou psicológica
devemos ser respeitados dentro ou fora do âmbito jurídico.
Em relação à legislação abordando diretamente acerca da garantia dos
direitos fundamentais à pessoa com deficiência, o Decreto n.º 3.956 de outubro
de 2001, promulgou a Convenção Interamericana para Eliminação de todas as
formas de Discriminação contra a Pessoa Portadora de Deficiência –
Convenção de Guatemala, devendo o Brasil, desde então, adotar medidas de
caráter legislativo, social, educacional, trabalhista, ou de qualquer outra
natureza, que sejam necessárias para eliminar a discriminação contra as
pessoas portadoras de deficiência e proporcionar a sua plena integração à
sociedade, conforme artigo III do referido Tratado.
A Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência
também foi ratificada pelo Brasil. A promulgação desse documento pelo
Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, ganhou destaque por ter sido a
primeira convenção internacional com equivalência de emenda à Constituição,
por força do artigo 5º parágrafo 3º do texto constitucional de 1988.
Ocorre que, embora a supra referida Convenção tenha força de emenda
constitucional no Brasil desde agosto 2009, restou ignorada no país, ao menos
pelos operadores do Direito, uma vez que não foram adotadas medidas com o
objetivo de “promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de
todos os direitos humanos e liberdades fundamentais por todas as pessoas
com deficiência e promover o respeito pela sua dignidade inerente”, conforme
dispõe o artigo 1 da Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com
Deficiência.
A fim de corroborar tal argumentação, refere-se que não houve, por
exemplo, qualquer alteração no artigo 3º do Código Civil, que previa que as
pessoas que por enfermidade ou deficiência mental, que não tivessem o
necessário discernimento para a prática dos atos da vida civil, eram
absolutamente incapazes e deveriam ser interditadas, de forma total, sem
avaliação multidisciplinar a fim de se verificar quais atos elas efetivamente não
possuíam condições de praticar.
Ressalta-se que a interdição de tais pessoas acarretava sua “morte
civil”, na medida em que não possuíam mais qualquer liberdade para praticar
atos perante a sociedade. Diante desse quadro, constatou-se a necessidade de
criação do Estatuto da Pessoa com Deficiência, razão pela qual foi elaborada a
Lei nº 13.146/2015, a qual entrou em vigor em janeiro de 2016.
Salienta-se que, na maioria de seus artigos, a nova legislação apenas
reitera o que já está normatizado no Brasil a partir do Decreto nº 6.949/2009, o
qual promulgou a Convenção Internacional dos Direitos da Pessoa com
Deficiência.

3.3 O ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Na novel legislação, como não poderia ser diferente, os princípios da


dignidade humana, da igualdade e da não discriminação são as bases para
elaboração dos preceitos legais sobre o tema.
Oportuno transcrever o artigo 1º da Lei nº 13.146/2015 que dispõe que:
Artigo 1º - É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a
assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos
direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência,
visando à sua inclusão e cidadania. Parágrafo único. Esta Lei tem
como base a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência e seu Protocolo Facultativo, ratificados pelo Congresso
Nacional por meio do Decreto nº 186, de 9 de julho de 2008, em
conformidade com o procedimento previsto no §3º do art. 5º da
Constituição da República Federativa do Brasil, em vigor para o
Brasil, no plano jurídico externo, desde 31 de agosto de 2008, e
promulgado pelo Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, data de
início de sua vigência no plano interno.

Conforme análise de Farias, Cunha e Pinto (2016), o fundamento


constitucional do referido artigo de introdução é o artigo 1º, inciso III da Carta
Magna, que prevê como fundamento da República Federativa do Brasil a
dignidade 38 da pessoa humana.
Além disso, o artigo 5º, §3º da Constituição Federal consagra que
equivalem a emendas constitucionais os “tratados e convenções internacionais
sobre os direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso
Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros”.
Outrossim, o artigo 24, inciso XIV da Carta Magna prevê que compete
concorrentemente à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar acerca da
proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência.
Ademais, é fundamento da Convenção sobre os Direitos da Pessoa
com Deficiência a vida independente e a inclusão na comunidade, consagrando
seu artigo 19 que:
Art. 19 - Os Estados Partes deste Convenção reconhecem o igual
direito de todas as pessoas com deficiência de viver na comunidade,
com a mesma liberdade de escolha que as demais pessoas, e
tomarão medidas efetivas e apropriadas para facilitar às pessoas com
deficiência o pleno gozo desse direito e sua plena inclusão e
participação na comunidade [...].

No período de vacacio legis da Lei nº 13.146/2015, de julho de 2015 a


janeiro de 2016, muitos juristas apresentaram posições antagônicas acerca do
Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Enquanto para alguns a nova legislação se trata de verdadeira
conquista social, para outros o Estatuto é uma aberração jurídica, pois ignoraria
a vulnerabilidade das pessoas com deficiência.
As significativas alterações que o Estatuto da Pessoa com Deficiência
gerou na legislação civil, especialmente com a revogação de incisos dos
artigos 3º e 4º do Código Civil Brasileiro, disciplinando que em nenhuma
hipótese a pessoa em razão de uma deficiência poderá ser considerada
absolutamente incapaz, foram as que geraram maior discussão e
posicionamentos divergentes entre doutrinadores e operadores do direito, o
que se estudará de forma mais abrangente no próximo capítulo.
Verifica-se, todavia, que o Estatuto da Pessoa com Deficiência não
trouxe grandes inovações, uma vez que, como já referido no decorrer do
presente trabalho, em seus principais artigos reitera os termos da Convenção
Internacional sobre a Pessoa com Deficiência, esta última legislação que tem
força de Emenda Constitucional no Brasil e que, portanto, já deveria estar
sendo aplicada há muito tempo pelos operadores brasileiros do Direito. Como a
Convenção não estava sendo devidamente observada, elaborou-se a Lei nº
13.146/2015 com a finalidade de executar as políticas na Convenção
estabelecidas.
Nesse sentido, Araújo e Costa (2015, texto digital) analisam que:

Pelo último Censo, constatou-se que o percentual de pessoa com


alguma deficiência corresponde a 23,9% da população brasileira.
Esse grupo, no entanto, não se surpreendeu quando tomou
conhecimento da nova lei. Na verdade, a lei é a execução minuciosa
de um arranjo internacional do qual o Brasil participou e que teve a
sua internalização pelo Decreto Legislativo 186, de 09.07.2008 e pelo
Dec. 6.949, de 25.08.2009. Ao assinar e ratificar, na forma do § 3.º,
do art. 5.º, da CF/1988, a Convenção da ONU sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência, o Brasil se comprometeu a implementar
medidas para dar efetividade aos direitos lá garantidos. Assim, sob
essa ótica, a nova lei não traz nenhuma novidade que venha a
surpreender o leitor. Apenas é a execução de uma Convenção que
integrou o sistema normativo brasileiro, com hierarquia de Emenda à
Constituição, tudo na forma do mencionado § 3.º, já anunciado.
Assim, por enquanto, esse é o único pacto internacional aprovado na
forma prevista pela abertura permitida pela EC 45/2004, que acolheu
pleito da comunidade de Direitos Humanos. Pouco surpreendeu,
portanto, quem já vinha acompanhando os dizeres da Convenção da
ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.

Entretanto, verificam os autores supracitados que ao Estatuto da Pessoa


com Deficiência precisam ser reconhecidos méritos próprios, na medida em
que o novel Diploma detalha de maneira bastante efetiva os comandos
convencionais, tanto reunindo vários pontos que estavam espalhados em
legislações diversas, quanto dando uniformidade de tratamento ao sistema
legal.
A fim de que a Convenção se tornasse efetiva, foram necessárias
alterações em dispositivos do Código Civil, Código de Processo Civil, Código
Penal entre outros. Como ressaltam Araújo e Costa (2015), essencial
reconhecer que o Estatuto e suas modificações em outras legislações são fruto
dos comandos da Convenção da Organização das Nações Unidas, que
integrou a Constituição Federal.
Dessa forma, a matriz normativa maior é a própria Carta Magna, que
acolheu, com hierarquia de emenda constituição, a Convenção Internacional
sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência. Em síntese, denota-se que o
Estatuto da Pessoa com Deficiência tem como função principal efetivar
princípios e regras previstos a partir da Convenção Internacional sobre os
Direitos da Pessoa com Deficiência.
Para tanto, a novel legislação trouxe novos institutos jurídicos
concernentes à concepção de deficiência, capacidade legal, avaliação
psicossocial e acessibilidade, especialmente com a adoção do modelo
biopsicossocial de deficiência.
Portanto, verifica-se que a Lei nº 13.146/2015 traz uma nova política de
inclusão, sendo necessária, no entanto, sua implementação de forma
consistente, uma vez que apenas sua adoção formal não torna a sociedade
mais igualitária e respeitosa dos direitos e garantias fundamentais.

4. DIREITOS FUNDAMENTAIS DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA

Podemos resumir os direitos fundamentais da pessoa com deficiência de


acordo com os seguintes artigos:
Art. 4º. Toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de
oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de
discriminação.
Essas não podem e nem devem ser discriminadas em momento algum
ou em qualquer ambiente ao qual a mesma possa estar inserida, pois, o
direito delas deve ser igual ao das outras pessoa ditas “normais”, ou seja sem
nenhum tipo de deficiência, seja ela física, mental, auditiva, ou de qualquer
outra natureza.
Já o artigo 8 traz em seu texto que todas pessoas deficientes além do
direito a não discriminação, tem outros direitos como: à vida, à saúde, à
sexualidade, à paternidade e à maternidade, à alimentação, à habitação, à
educação, à profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação
e à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao desporto, ao
turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos avanços científicos e
tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e
comunitária dentre outros.

Art. 8º. É dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à


pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à sexualidade, à paternidade e à
maternidade, à alimentação, à habitação, à educação, à
profissionalização, ao trabalho, à previdência social, à habilitação e
à reabilitação, ao transporte, à acessibilidade, à cultura, ao
desporto, ao turismo, ao lazer, à informação, à comunicação, aos
avanços científicos e tecnológicos, à dignidade, ao respeito, à
liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros
decorrentes da Constituição Federal, da Convenção sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo e
das leis e de outras normas que garantam seu bem-estar pessoal,
social e econômico.

4.1 Direito à vida

Por vida humana deve ser entendido um complexo de elementos físicos,


psíquicos, espirituais, éticos e morais: é esse conjunto que constitui o que se
denomina ‘ser humano’, fonte essencial e destinatário de todos os bens
juridicamente tutelados e conseqüentes direitos, razão pela qual estes se
estendem à dignidade da pessoa humana, à integridade física, a integridade
moral, e outras garantias. (SILVA, 2003)
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, refere-se ao direito à
vida como um de seus direitos fundamentais. Esse direito é de relevante, uma
vez que, para se exercerem outros direitos fundamentais, primeiro se faz
necessária a existência do ser humano.
Segundo Alexandre de Moraes, o direito à vida é:
[...] o mais fundamental de todos os direitos, já que se constitui em
pré-requisito à existência e exercício de todos os demais direitos. A
Constituição Federal proclama, portanto, o direito à vida, cabendo ao
Estado assegurá-lo em sua dupla acepção, sendo a primeira
relacionada ao direito de continuar vivo e a segunda de se ter vida
digna quanto à subsistência.(MORAES, 2005 p.30)

A pessoa com deficiência deve receber o tratamento que é oferecido a


todos. Porém, se necessário, deve ser tratada de forma diferenciada, para que
o direito à vida seja de fato vivido e respeitado em sua plenitude.

4.2- Direito à saúde


De Plácido e Silva conceitua a saúde como sendo “[...] um dos direitos
sociais, previstos constitucionalmente. É da competência comum da União, dos
Estados e do Distrito Federal e dos Municípios cuidar da saúde.” (SILVA, 2005,
p. 1257)
Celso Ribeiro Bastos define a saúde como sendo “[...] um direito de
todos e um dever do Estado (art.196)” (BASTOS,2001)
O Estado deve, ainda, criar condições facultativas que visem à
prevenção de doenças, assim como a diminuição de incidência de novas
pessoas com deficiência. Com isso, um mecanismo utilizado por ele são os
meios de comunicação, que levam ao conhecimento da sociedade os cuidados
tomados para que haja prevenção de doenças que provocam deficiências. O
Estado deve também orientar as pessoas para que cobrem do poder pública a
garantia do cumprimento da lei que versa sobre atendimento prioritário,
diferenciado e imediato à pessoa com deficiência. Inclui-se também pessoas de
mobilidade reduzida (portadores de necessidades especiais, idosos, etc.).
Observa-se ainda a importância dos programas públicos, no que concerne a
garantia da execução de campanhas de prevenção, diagnóstico precoce e
exames pré e pós natal (gestante, teste do pezinho, teste do olhinho e teste da
orelhinha).
Além disso, a pessoa com deficiência também tem direito de receber do
Estado, mediante prescrição médica, medicamentos necessários e/ou de uso
contínuo. E, em caso da impossibilidade de comparecimento da pessoa na
unidade médica, o atendimento deverá ser prestado em domicílio. Em casos de
internação por mais de um ano, o Estado deverá prestar assistência
pedagógica.

4.3 Direito à educação

A Constituição Federal de 1988, em seu capítulo III, seção I, em seus


artigos 205 ao 214, prevê a educação como um bem fundamental, nas suas
diversas modalidades e níveis, estando neles incluída a pessoa com
deficiência, como, por exemplo, o atendimento educacional especializado às
pessoas com deficiência, preferencialmente na sede regular de ensino,
conforme dispõe o artigo 208, inciso III.
A Declaração de Salamanca, de junho de 1994, reforça a necessidade
da educação para a pessoa com deficiência, que deve estudar em escolas
inclusivas, onde pessoas com deficiência estudam com as demais,
participando da escola em igualdade de condições e, recebendo o mesmo
tratamento que estas.
A Declaração alega que as escolas devem estar preparadas para
receber pessoas com deficiência e atender a cada uma delas segundo a sua
necessidade, já que a educação inclusiva exerce papel fundamental não só
na aprendizagem do aluno, mas também na convivência social, a fim de que
haja um aprendizado mútuo, em que os alunos deficientes aprendam a
conviver com as pessoas “normais”, e as pessoas “normais” aprendam a
conviver com os deficientes.
A Lei Federal 9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, dita normas relativas à educação especial, em seu
capítulo V. Entre essas normas, ressalta-se a importância de as escolas
estarem preparadas para receber alunos com deficiência, de todo do corpo
docente ter especialização adequada para atender ao educando na sua
peculiaridade, e de alunos com deficiência receberem os mesmos benefícios
que os demais alunos sem deficiência recebem.

4.4 Direito ao trabalho


A Constituição Federal, no artigo 6º relaciona o trabalho como um dos
direitos sociais e garantia fundamental intrínseco a todos os brasileiros.
Nomeia o valor social do trabalho como um dos fundamentos da República
Federativa do Brasil. O legislador constituinte conferiu importância ao trabalho
de desenvolvimento social e econômico da nação brasileira, ao proclamar que
a ordem econômica deve estar edificada na valorização do trabalho como
forma de garantir a todos uma existência digna. Já entre os artigos 7º e 11
estão previstos os direitos basilares para os trabalhadores que atuam sob as
leis brasileiras. Além da Constituição, a Consolidação das Leis Trabalhistas
(CLT) regulamenta as relações de trabalho no Brasil.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 declara os
direitos essenciais à pessoa humana. Entre eles, encontra-se presente, no
artigo 23, o direito ao trabalho:
 Toda pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a
condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o
desemprego.
 Toda pessoa, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração
por igual trabalho.
 Toda pessoa que trabalha tem direito a uma remuneração justa e
satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma
existência compatível com a dignidade humana, e a que se
acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.

4.5 DIREITO À ACESSIBILIDADE


Segundo Romeu KazumiSassaki o termo ‘acessibilidade’ começou a
ser utilizado na década de 40, com o início das reabilitações físicas e
profissionais das pessoas com deficiência. Houve, a partir daí, uma evolução
histórica, talvez a mais importante, da relação entre sociedade e essas
pessoas. (SASSAKI, 2008, p. 85)
Acessibilidade é ter acesso aos espaços físicos ou de comunicação; é
possibilitar, às pessoas possuidoras de qualquer dificuldade, tanto motora,
quanto sensorial e auditiva, bem como idosos, crianças, gestantes, etc., o
acesso a diferentes locais, e garantindo, portanto, a qualidade de vida para
todos, como garante a Lei 10.098/2000, que estabelece normas gerais e
critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras
de deficiência ou com mobilidade reduzida.As tecnologias assistivas integram
a acessibilidade e variam de acordo com as necessidades de cada deficiente.

4.6 DIREITO A PROTEÇÃO À MATERNIDADE


O legislador brasileiro, na Constituição de 1988, em vários de seus
artigos, busca dar à maternidade uma proteção especial. Como pode ser
observado nos artigos seguintes:

Art. 201, II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

Art. 203, I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à


adolescência e à velhice; Art. 227, §1º, I - aplicação de percentual
dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-
infantil;

Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de servidores em


operações ou locais considerados penosos, insalubres ou
perigosos.
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será afastada,
enquanto durar a gestação e a lactação, das operações e locais
previstos neste artigo, exercendo suas atividades em local salubre e
em serviço não penoso e não perigoso.

4.7 DIREITO AO TRANSPORTE

Para as pessoas com deficiência, o direito ao transporte é inalienável


porque diz respeito à sua liberdade constitucional de ir e vir. Devido à
peculiaridade de cada deficiência, além do que está previsto na Magna Carta
de 1988, o legislador brasileiro aprovou leis e ratificou tratados internacionais
que disciplinavam todo o sistema de transporte, em todas as modalidades:
marítima, aquaviário, aéreo, ferroviário e terrestre.

4.8 DIREITO À SEGURIDADE SOCIAL


É instrumental criado para garantir o objetivo do Estado brasileiro:
erradicação da pobreza e da marginalização e redução das desigualdades
sociais e regionais. O art. 194 da CF preceitua que seguridade social
compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes
públicos e da sociedade, destinado a assegurar os direitos relativos à saúde,
à previdência e à assistência social. (PIERDONÁ, 2007)
A pessoa com deficiência está inserida na seguridade social como um
todo, porém recebe da Constituição e das normas infraconstitucionais
tratamentos diferenciados em alguns de seus artigos e incisos, como se pode
observar no art. 201, V, §1º e no art. 203, IV e V:

Art. 201, V, § 1º - É vedada a adoção de requisitos e critérios


diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários
do regime geral de previdência social, ressalvados os casos de
atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a
saúde ou a integridade física e quando se tratar de segurados
portadores de deficiência, nos termos definidos em lei
complementar. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47,
de 2005)

Art. 202, IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de


deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;

Art. 202, V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à


pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não
possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida
por sua família, conforme dispuser a lei.

5. A IMPORTÂNCIA DA INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA NA


SOCIEDADE
Muito se tem falado a respeito da inclusão das pessoas com deficiência
na sociedade, mas, essa inclusão vem realmente acontecendo ou ela só existe
no papel? A seguir serão pautados alguns tópicos acerca da inclusão da
pessoa com deficiência na nossa sociedade.

5.1- INCLUSÃO X EXCLUSÃO

Embora seja vivenciada por cada indivíduo de forma particular, a


exclusão é um fenômeno social, cuja origem pode ser encontrada nos mesmos
princípios que nortearam a construção da sociedade moderna. Dentre as
diferentes causas da exclusão destacam-se o desordenado processo de
urbanização, a inadaptação e uniformização do sistema escolar, o
desenraizamento causado pela mobilidade profissional, as desigualdades de
renda e acesso aos serviços (WANDERLEY, 2008).
Nas palavras de Freire:

Aceitar e respeitar a diferença é uma dessas virtudes sem o que a


escuta não se pode dar. Se discrimino o menino ou menina pobre, a
menina ou o menino negro, o menino índio, a menina rica; se
discrimino a mulher, a camponesa, a operária, não posso
evidentemente escutá-las e se não as escuto, não posso falar com
eles, mas a eles, de cima para baixo. Sobretudo, me proíbo entendê-
los. Se me sinto superior ao diferente, não importa quem seja, recuso-
me escutá-lo ou escutá-la. O diferente não é o outro a merecer
respeito é um isto ou aquilo, destratável ou desprezível. (FREIRE,
1996)

Sassaki (2010, p. 66), afirma que:

Na fase de exclusão, a pessoa deficiente não tinha acesso nenhum


ao mercado de trabalho competitivo. Mas recentemente, as pessoas
com deficientes têm sido excluídas do mercado de trabalho por outros
motivos: falta de qualificação profissional, falta de reabilitação física e
profissional, falta de escolaridade, falta de meios de transporte, falta
de apoio das próprias famílias e assim por diante.

Podemos elencar entre tantos outros “excluídos” as pessoas com


deficiência. Dentre os diferentes processos de exclusão vivenciados por tais
indivíduos gostaríamos de focalizar nossa atenção na escola, instituição
nascida no contexto da sociedade moderna, sob a afirmação de ser
republicana, pública, laica, gratuita e para todos (BOTO, 2003)
Segundo Sassaki (2010) conceitua-se a inclusão social como processo
pelo qual a sociedade de adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais
gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se
preparam para assumir seus papéis na sociedade. A inclusão social constitui,
então, um processo bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas e a
sociedade, buscam em parceria equacionar problemas, decidir sobre soluções
e efetivar a equiparação de oportunidades para todos.
Já para Atanásio; Mendes; Parente (2009, p. 16):

Inclusão social é uma ação que combate a exclusão geralmente


ligada a pessoas de classe social, nível educacional, portadoras de
deficiência física e mental, idosas ou minorias raciais entre outras que
não têm acesso a várias oportunidades, ou seja, é oferecer aos mais
necessitados oportunidades de participarem da distribuição de renda
do País, dentro de um sistema que beneficie a todos e não somente
uma camada da sociedade.

Inclusão social para o Portal da Saúde (2014, p. 01) quer dizer:


Fazer parte, inserir, introduzir. E inclusão é o ato ou efeito de incluir.
Assim, a inclusão social das pessoas com deficiências significa torná-
las participantes da vida social, econômica e política, assegurando o
respeito aos seus direitos no âmbito da Sociedade, do Estado e do
Poder Público.

Para Silva (2010, p. 30):


[...] O desenvolvimento (por meio de educação, reabilitação,
qualificação profissional, etc.) das pessoas com deficiência deve
ocorrer dentro de um processo de inclusão e não como uns pré-
requisitos para estas pessoas poderem fazer parte da sociedade,
como se elas precisassem de ingressos para integrar a comunidade.

De acordo com Silva (2010, p. 33):


[...] trabalho é fundamentalmente uma atividade social. Na sociedade
em que vivemos o homem vale pelo que produz. É da força desta
produção que advém todas as amizades, conquistas e seu lugar na
sociedade. Portanto, o trabalho é a própria força da socialização.

5.1- Educação Inclusiva


A definição de inclusão segundo dicionário Luft (2002) é abranger,
compreender, inserir, introduzir ou fazer parte. Para Montoan (2006, p. 19),
“educação inclusiva pode ser definida como a prática da inclusão de todos
independente de seu talento, deficiência, origem socioeconômica ou cultural,
em escolas e salas de aula onde as necessidades desses alunos sejam
satisfeitas”.
Para Guijarro (2005, p. 125) Inclusão é um movimento amplo, diferente
de integração que neste caso significa apoiar os alunos com deficiência na
escola regular, na inclusão o foco é a transformação da educação comum para
eliminar as barreiras que limitam o aprendizado e a participação destes alunos
na escola. Atualmente se utiliza também o termo educação especial, que
segundo Rodrigues (2006, p. 213) é aquela que faz parte da educação básica,
sendo uma das responsabilidades da escola se organizar de forma que permita
aos educandos a aprendizagem de conteúdo específicos de cada nível
educativo.
Outro grande problema está na maneira como os demais estudantes
veem os alunos com deficiência. Mognon, Leichsenring e Kania (2006, p. 27),
explicam isso quando colocam que “a segregação começa a partir da
colocação de ‘rótulos’ ou de ‘etiquetas’ nestas pessoas, do tipo ‘não vai
aprender a ler’, ‘não pode fazer tal movimento’ e outros”. As autoras apontam
ainda que “a ênfase recai sobre a incapacidade, sobre a deficiência e não
sobre a eficiência, a capacidade, a possibilidade”, o que não permite a atenção
necessária e focada para cada um.Segundo Rodrigues (2006, p. 245), um novo
plano de formação de docentes será necessário, respeitando a gestão interna
de cada instituição escolar.

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