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Estruturas 

de Aço em Perfis Laminados e  Março/2021
Soldados – 2 Estados‐Limites

Prof. Emerson Alexandro Bolandim Prof. Emerson Alexandro Bolandim

Capítulo 02 2.2 – Motivação para um Novo Método


Estados-Limites
Na antiguidade, devido à ausência de ferramentas teóricas,
2.1 – Introdução os construtores procuravam introduzir o conceito de segurança

Neste capítulo serão apresentados, de maneira muito sucinta, nas estruturas baseados unicamente na intuição e em

conceitos fundamentais para a verificação / dimensionamento de experiências anteriores.

perfis laminados e soldados. Dentre os conceitos, pode-se citar: Dessa forma, as construções antigas acabavam muitas vezes
 Método dos Estados-Limites; resultando superdimensionadas para garantir a estabilidade e

 Estados-Limites Últimos (ELU); para serem “eternas”.

 Estados-Limites de Serviço (ELS); Logicamente, esse “método intuitivo” também estava sujeito a
eventuais situações de insucesso, fruto do desconhecimento
 Conceito de Ações;
tanto das propriedades dos materiais empregados como dos
 Conceito de Combinações.
efeitos das ações nas estruturas.
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Mesmo com o desenvolvimento e evolução das teorias de


 max   
 e ou  r  (Eq. 2.1)
análise das estruturas, ainda eram frequentes os problemas de FS
segurança nas estruturas. Apesar de ter servido como base para as normas de
O método antigamente empregado estabelecia que as dimensionamento até poucos anos (algumas normas ainda o
máximas tensões atuantes na estrutura não poderiam ultrapassar utilizam), o Método das Tensões Admissíveis é considerado, hoje,
um certo valor de tensão admissível, sendo esta definida pela um método ultrapassado devido aos seguintes aspectos:
razão entre o limite de escoamento ou limite de ruptura do  não leva em consideração o nível de atuação conjunta das
material e um fator de segurança. ações ao longo do tempo (pelo método, todas as ações atuam
Portanto, o fator de segurança (FS) empregado pelo método simultaneamente na estrutura, com seus valores máximos);
deveria ser definido de forma a englobar todas as possíveis  não verifica outras condições que inviabilizam a utilização da
incertezas em relação às ações que poderiam atuar, aos materiais estrutura, como deformações e deslocamentos excessivos,
e ao comportamento da estrutura. fissuração, vibração, etc;
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 um mesmo fator de segurança (FS) pode significar diferentes 2.3 – Generalidades


níveis de segurança, a depender do material (aço e madeira, O dimensionamento adequado de uma estrutura garante sua
por exemplo); segurança e sua capacidade de desempenhar satisfatoriamente a
 não existe separação entre incertezas do sistema e incertezas função a qual se destina. Para isso, geralmente se obedece a uma
dos parâmetros; norma, que por sua vez adota um método de cálculo.

 trata todas as variáveis como sendo determinísticas. Estruturas de construções de características diferentes como,

 dessa maneira, o Método das Tensões Admissíveis tem sido por exemplo, edifícios, torres de transmissão de energia, e pontes,

substituído pelo Método dos Estados-Limites, que se baseia possuem normas distintas. Também, para cada material estrutural,

no tratamento estatístico das informações das ações atuantes, existem normas específicas.

das características geométricas dos elementos estruturais, Assim, estruturas de aço (incluindo as mistas de aço e
das propriedades mecânicas dos materiais estruturais e do concreto), de concreto e de madeira possuem suas próprias
efeito conjunto das ações, concomitantes ou não na estrutura. normas, contemplando as particularidades dos materiais.
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Até para um mesmo material estrutural e para construções de Neste curso serão apresentados procedimentos diversos para
iguais características, pode haver mais de uma norma, para levar o dimensionamento e verificação de estruturas de aço, executadas
em conta adequadamente o comportamento de produtos com perfis laminados e soldados de seção aberta, à temperatura
específicos. ambiente.

Esse é o caso das estruturas de aço, que possuem uma Para tanto, será seguida a norma brasileira atualmente em
norma para estruturas de edifícios constituídas por perfis vigência para essa situação, a ABNT NBR 8800:2008 “Projeto de
laminados e soldados e uma outra norma para estruturas de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de
edifícios constituídas por perfis formados a frio. edifícios".

E mais, existem ainda documentos normativos específicos Atualmente, o método de cálculo mais empregado no mundo
para o dimensionamento estrutural à temperatura ambiente e em é o chamado Método dos Estados-Limites, que também é adotado
situação de incêndio, onde o comportamento dos materiais em pela ABNT NBR 8800:2008 e prescrito pela norma ABNT NBR
temperaturas elevadas é considerado no cálculo. 8681:2004 “Ações e segurança nas estruturas”.
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2.4 – Método dos Estados-Limites  segurança: a situação de ruína da estrutura, dadas as

O Método dos Estados-Limites é um procedimento no qual as considerações anteriores, se torna determinística, ou seja, ao

ações, as solicitações e as resistências têm um tratamento semi- se utilizar valores de cálculo para as ações e resistências tem-

probabilístico, ou seja, a verificação da segurança consiste no se a seguinte condição de segurança:

seguinte procedimento: Sd  Rd (Eq. 2.2)

 ações e resistências características: serão sempre tratadas onde,


como variáveis aleatórias com menos de 5% de probabilidade Sd = Solicitação de cálculo
de serem ultrapassadas para o lado mais desfavorável; Sd    fi   0i  Ski (Eq. 2.3)

 ações e resistências de cálculo: as ações e solicitações serão Rd = Resistência de cálculo;


majoradas (f) e as resistências serão reduzidas (s para o aço
Rd  Rk  m (Eq. 2.4)
e c para o concreto, por exemplo).

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Ski = valor característico das ações;


 Os valores de cálculo das ações, ou dos seus efeitos, no caso
fi = coeficiente de ponderação das ações;
Sd, são obtidos a partir dos seus correspondentes valores
i = fatores de redução de combinação e de serviço;
representativos, Sk, por meio de uma distribuição normal de
probabilidade, afetando-os por coeficientes de ponderação f; m = coeficiente de ponderação das resistências;
Rk = valor característico das resistências.

 Os valores de cálculo das resistências, no caso Rd, são


Assim, quando uma estrutura deixa de atender qualquer uma
obtidos por meio dos seus correspondentes valores
de suas finalidades de construção, se diz que essa estrutura
representativos, Rk, por meio de uma distribuição normal de
atingiu um estado-limite e, de uma maneira geral, uma estrutura
probabilidade, afetando-os por coeficientes de ponderação m.
deve atender a dois diferentes grupos de estados-limites:

onde,  estados-limites últimos – ELU;

 estados-limites de serviço – ELS.


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2.5 – Estados-Limites Últimos (ELU)

Os estados-limites últimos (ELU) estão relacionados com a


segurança da estrutura, ou seja, a sua ocorrência está associada
ao esgotamento (colapso) parcial ou total da capacidade portante
da construção. Os tipos mais comuns de ELU são:

 perda do equilíbrio;

 ruptura por qualquer tipo de solicitação;

 instabilidade total ou parcial;

 flambagem global das barras;

 flambagem local de elementos das barras; Fig. 2.1a – Colapso da estrutura por FLT na etapa de montagem

 propagação de fissuras por fadiga.


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Fig. 2.1b – Colapso da estrutura por FLT na etapa de montagem Fig. 2.2a – Colapso do steel deck por peso excessivo na etapa de concretagem

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2.6 – Estados-Limites de Serviço (ELS)

Os estados-limites de serviço (ELS) estão relacionados com o


desempenho da estrutura, a sua ocorrência está associada a não
utilização para o fim ao qual se destina a edificação, ou seja, o
bom funcionamento da construção, tais como, a durabilidade,
aparência e conforto do usuário. Os tipos mais comuns de ELS
são:

 deformações permanentes excessivas para utilização normal


da edificação;

 vibrações inaceitáveis;

Fig. 2.2b – Colapso do steel deck por peso excessivo na etapa de concretagem  descolamentos excessivos sem perda de estabilidade.

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2.7 – Conceito de Ações

A seguir, serão apresentadas algumas considerações sobre


ações nas estruturas.

2.7.1 – Definições

Ações são forças ou momentos externos aplicados à


estrutura, podendo ser, também, deformações impostas a ela;

Ação nominal é o valor real da ação;

Ação de cálculo é o valor da ação usado no dimensionamento


da estrutura. A ação de cálculo é o produto da ação nominal por
Fig. 2.3 – Deformação excessiva de elementos estruturais um coeficiente de ponderação :

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ação de cálculo =  . ação nominal. 20

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Algumas das ações adotadas no projeto de estruturas no 2.7.2 – Classificação


Brasil são as estabelecidas pelas seguintes normas: Ações permanentes (G): atuam de maneira permanente na
 ABNT NBR 8681:2003 Versão Corrigida 2004 – “Ações e estrutura, não variando ao longo do tempo, nem mudando a
segurança nas estruturas – Procedimento”; posição de aplicação.

 ABNT NBR 6120:1980 Versão Corrigida 2000 – “Cargas para Elas atuam uniformemente distribuídas na estrutura e sempre
o cálculo de estruturas de edificações”; na vertical (Fig. 2.4).

 ABNT NBR 7188:2013 – “Carga móvel rodoviária e de


pedestres em pontes, viadutos, passarelas e outras
estruturas”;

 ABNT NBR 6123:1988 Versão Corrigida 2:2013 – “Forças


devidas ao vento em edificações”.
Fig. 2.4 – Ação permanente na estrutura
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Como exemplo, pode-se citar o peso próprio da estrutura, Ações variáveis (Q): ações que atuam com valores que
peso próprio dos elementos construtivos (pisos, paredes, apresentam variações significativas em torno de sua média
revestimentos, instalações e equipamentos fixos). durante a vida da edificação, podendo muitas vezes atuar apenas

Ainda citando alguns exemplos de ações: em determinados trechos da estrutura.

Em coberturas: - telhas, Como exemplo, pode-se citar a sobrecarga de utilização:

- peso próprio da estrutura, Em coberturas: - montagem;

- forro e instalações fixas. - manutenção;

- equipamentos e instalações.
Em pavimentos: - peso próprio das estruturas,

- pisos, paredes, revestimentos, Em pavimentos: - pessoas;

- instalações e tubulações. - móveis e utensílios;

23 - equipamentos. 24

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A sobrecarga atua uniformemente distribuída na estrutura e


sempre em projeção vertical (Fig. 2.5).

Fig. 2.5 – Ação variável na estrutura

Outro exemplo de ação variável é a ação do vento que incide


na edificação.

A Fig. 2.6 a seguir apresenta o mapa do Brasil com os valores


de velocidade básica do vento (isopletas), em m/s.
25 Fig. 2.6 – Valores de velocidade básica do vento (isopletas) em m/s. 26

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De modo geral, é possível considerar que o vento atua A ação do vento na estrutura também pode ser considerada
basicamente em duas direções preferenciais: como vento transversal, vento longitudinal e vento oblíquo.

-vento transversal (V.T.), transversal à cumeeira da edificação; Cabe comentar ainda que o efeito da ação do vento sempre

-vento longitudinal (V.L.), paralelo à cumeeira da edificação. será perpendicular à superfície da edificação (Fig. 2.8).

Fig. 2.7 – Direções preferenciais do


vento na edificação.

Fig. 2.8 – Direções de atuação do vento e efeito da ação do vento


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Ainda com relação às ações variáveis, essas ações são 2.8 – Combinações das Ações
classificadas em normais ou especiais em função da sua Para a verificação da segurança em relação aos possíveis
probabilidade de ocorrência: estados-limites, para cada tipo de carregamento devem ser
- ações variáveis normais: ações variáveis com probabilidade consideradas todas as combinações de ações que possam
de ocorrência suficientemente grande; acarretar os efeitos mais desfavoráveis na estrutura.

- ações variáveis especiais: ações sísmicas ou cargas Ao criar uma combinação de ações, deve-se ponderar cada
acidentais de natureza ou de intensidade especiais. ação de acordo com o tipo de combinação, que é fornecida por
Norma (ABNT NBR 8681:2003 ou ABNT NBR 8800:2008).
Ações excepcionais (E): são aquelas que podem ser
De uma maneira geral, existem três tipos de combinações
consideradas decorrentes de causas extremas tais como
Últimas: Normais, Especiais ou de Construção e Excepcionais, e
explosões, choques de veículos, incêndios, enchentes ou sismos
três outros tipos de combinações de Serviço: Quase Permanentes,
excepcionais.
Frequentes e Raras.
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2.8.1 – Combinações para Estados-Limites Últimos (ELU) Combinações Últimas Excepcionais

Combinações Últimas Normais Decorrem da atuação de ações excepcionais que podem


provocar efeitos catastróficos.
Decorrem do uso previsto para a edificação.
m n
m

Sd    gi FGi ,k   q1 FQ1,k  
n
  qj  0 j FQj ,k  (Eq. 2.5)
  
Sd    gi FGi ,k  FQ,exc    qj  0 j ,ef FQj ,k  (Eq. 2.7)
i 1 j 1
i 1 j 2
onde,
Combinações Últimas Especiais ou de Construção
FGi são ações permanentes;
Especiais – decorrem da atuação de ações variáveis de
FQ1 é a ação variável considerada como principal;
natureza ou intensidade especial, normalmente transitório;
FQj são as demais ações variáveis;
De Construção – decorrem da atuação já durante a fase de
construção. FQ,exc é a ação excepcional;
m n
g é o coeficiente de ponderação das ações permanentes, ver

Sd    gi FGi ,k   q1 FQ1,k     qj  0 j ,ef FQj ,k  (Eq. 2.6) Tabela 2.3;
i 1 j 2 q é o coeficiente de ponderação das ações variáveis, ver
Tabela 2.3.
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Tabela 2.1 – Valores dos coeficientes de ponderação das ações f Os valores entre parênteses na Tabela 2.1 correspondem aos
Ações permanentes (g)
Diretas coeficientes para as ações permanentes favoráveis a segurança.
Peso próprio de
estruturas
Combinações Peso Peso moldadas no Peso próprio de Peso próprio
elementos
A Fig. 2.9 a seguir apresenta um exemplo para o correto
próprio de próprio de local e de construtivos de elementos Indiretas
estruturas estruturas elementos industrializados construtivos
metálicas pré-
moldadas
construtivos
industrializados com em geral e
adições in equipamentos entendimento desse conceito.
e empuxos loco
permanentes
1,25 1,30 1,35 1,40 1,50 1,20
Normais
(1,00) (1,00) (1,00) (1,00) (1,00) (0) a) b)
Especiais ou 1,15 1,20 1,25 1,30 1,40 1,20
de construção (1,00) (1,00) (1,00) (1,00) (1,00) (0) Em casos especiais devem ser
1,10 1,15 1,15 1,20 1,30 0 consideradas duas combinações: numa
Excepcionais
(1,00) (1,00) (1,00) (1,00) (1,00) (0) delas, admite-se que a ações
Ações variáveis (q) (g = 1,0) permanentes sejam desfavoráveis e na
Efeito da
Demais ações
variáveis, incluindo
(g = 1,25) outra que sejam favoráveis para a
Ação do vento Ações truncadas
temperatura as decorrentes do segurança.
uso e ocupação
Normais 1,20 1,40 1,20 1,50
Especiais ou 1,00 1,20 1,10 1,30
de construção Fig. 2.9 – a) Efeito desfavorável, b) Efeito
Excepcionais 1,00 1,00 1,00 1,00 favorável das ações permanentes
Fonte: ABNT NBR 8800:2008 33 34

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2.8.2 – Coeficientes de Ponderação da Resistência no ELU A divisão da força resistente pelo coeficiente de segurança

Uma força resistente de cálculo, por exemplo, a força axial permite o fato de que tal força pode ser menor que prevista,

resistente de uma barra tracionada ou o momento fletor resistente devido à variabilidade das propriedades mecânicas do aço, à

de uma viga, é dado por: execução da estrutura, às dimensões das seções transversais das
Rk peças, etc.
Rd  (Eq. 2.8)
m
onde, O coeficiente de ponderação da resistência possui valores
diferentes para o material aço e o material concreto, por exemplo,
m é uma constante, superior a unidade, denominada
uma vez que as incertezas relacionadas ao primeiro, que é um
coeficiente de ponderação da resistência (esse coeficiente é
material homogêneo e praticamente isotrópico, são inferiores às
tabelado pela ABNT NBR 8800:2008);
incertezas do segundo.
Rk é a força resistente nominal para o estado-limite último
A Tabela 2.2 a seguir apresenta os valores dos coeficientes de
considerado.
ponderação da resistência presentes na ABNT NBR 8800:2008.
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Os valores de ponderação das resistências (m) do aço


Tabela 2.2 – Valores dos coeficientes de ponderação das resistências m estrutural, do concreto e do aço das armaduras (a, c e s,
respectivamente) estão definidos na Tabela 2.2 em função da
combinação última de ações considerada.

No caso do aço estrutural, são definidos dois coeficientes, a1


e a2, sendo o primeiro para os estados-limites últimos
relacionados ao escoamento, flambagem e instabilidade e o
segundo à ruptura do material.

Outros valores de ponderação da resistência, como os


Fonte: ABNT NBR 8800:2008 relacionados a conectores de cisalhamento e metal da solda, são
apresentados em partes específicas da ABNT NBR 8800:2008.
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2.8.3 – Segurança Estrutural 2.8.4 – Combinações para Estados-Limites de Serviço (ELS)

As forças resistentes e os esforços solicitantes, estes últimos Combinações Quase Permanentes de Serviço
oriundos das ações, são grandezas probabilísticas, e estão Podem atuar durante grande parte do período de vida da
estrutura, da ordem da metade deste período.
sujeitos à incertezas de naturezas diversas. Assim, não existe
m n
garantia plena de que uma estrutura seja absolutamente segura. 
Sser   FGi ,k    2 j FQj ,k  (Eq. 2.9)
i 1 j 1
No entanto, via métodos e conceitos da Confiabilidade Estrutural,
que não serão aqui abordados, a probabilidade de ocorrência de Combinações Frequentes de Serviço

um estado-limite pode ser mantida dentro de limites aceitáveis. Aquelas que se repetem muitas vezes durante o período de
vida projetada da estrutura, da ordem de 105 vezes em 50
Assim, os coeficientes de ponderação das ações são anos, ou que tenham duração total igual a uma parte não
desprezável desse período, da ordem de 5%.
estabelecidos de forma a se ter probabilidades de falha
m n
extremamente reduzidas, em um nível considerado aceitável pela Sser   FGi ,k   1 FQ1,k    2 j FQj ,k  (Eq. 2.10)
i 1 j 2
sociedade técnica e científica.
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Combinações Raras de Serviço Tabela 2.3 – Valores dos fatores de combinação o e de redução 1 e 2

Podem atuar no máximo algumas horas durante o período f2 a)


Ações
0 1 d) 2 e)
projetado de vida da estrutura. Locais em que não há predominância de pesos e de
equipamentos que permanecem fixos por longos períodos 0,5 0,4 0,3
de tempo, nem de elevadas concentrações de pessoas b)
m n
  1j FQj ,k 
Ações variáveis
Sser   FGi ,k  FQ1,k  (Eq. 2.11) causadas pelo uso e
ocupação
Locais em que há predominância de pesos e de
equipamentos que permanecem fixos por longos períodos 0,7 0,6 0,4
de tempo, ou de elevadas concentrações de pessoas c)
i 1 j 2
Bibliotecas, arquivos, depósitos, oficinas e garagens e 0,8 0,7 0,6
sobrecargas em coberturas (ver B.5.1)
onde, Vento Pressão dinâmica do vento nas estruturas em geral 0,6 0,3 0
FG é a ação permanente; Temperatura Variações uniformes de temperatura em relação à média 0,6
anual local 0,5 0,3
Passarelas de pedestres 0,6 0,4 0,3
FQ1 é a ação variável principal da combinação;
Cargas móveis e seus Vigas de rolamento de pontes rolantes 1,0 0,8 0,5
efeitos dinâmicos
1FQ é o valor frequente da ação; Pilares e outros elementos ou subestruturas que suportam 0,7
vigas de rolamento de pontes rolantes 0,6 0,4

2FQ é o valor quase permanente da ação; a)


b)
Ver alínea c) de 6.5.3.
Edificações residenciais de acesso restrito.
c) Edificações comerciais, de escritórios e de acesso público.
1, 2 são os fatores de utilização, conforme apresentados na d) Para estado-limite de fadiga (ver Anexo K), usar  igual a 1,0.
1
e) Para combinações excepcionais onde a ação principal for sismo, admite-se adotar para  o valor zero.
2
Tabela 2.3 a seguir.
41 Fonte: ABNT NBR 8800:2008 42

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2.8.5 – Comentários Adicionais


Coeficiente de ponderação das ações (f)
Coeficiente de ponderação das resistências (m)
E.L.U. Erros de avaliação
E.L.U. dos efeitos das ações
Desvios construtivos e f  f1  f 2  f 3
aproximações de cálculo  g  f1  f 3

Variabilidade das ações q  f1  f 3


 m   m1   m 2   m 3 Efeito concomitante
0  f 2
das ações
E.L.S.
Variabilidade nas Diferenças de resistência na f  f 2
propriedades dos materiais estrutura e nos corpos-de-prova
 f  1,0 Combinações Raras

E.L.S.  f  1 Combinações Frequentes

 m  1,0 f 2 Combinações Quase Permanentes

Fonte: ABNT NBR 8681:2004 43 Fonte: ABNT NBR 8681:2004 44

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2.8.6 – Determinação dos Deslocamentos

O cálculo dos deslocamentos, usando as combinações de


As combinações das ações devem ser feitas de
ações de serviço, pode ser feito por procedimentos como, por
forma que possam ser determinados os efeitos
exemplo, a teoria de linha elástica e o princípio dos trabalhos
mais desfavoráveis para a estrutura ou elemento
virtuais. Quando a estrutura é de grande porte, aconselha-se a
estrutural.
utilização de um software computacional.

A verificação dos estados-limites últimos e dos 2.8.7 – Deslocamentos Máximos Permitidos


estados-limites de serviço deve ser realizada em Travessas de Fechamento e Terças de Cobertura
função de combinações últimas e combinações de As travessas de fechamento devem ter deslocamento máximo
serviço, respectivamente. de L/180 no plano de fechamento, v1, Fig. 2.10. Existindo tirantes,
esse deslocamento deve ser medido entre os mesmos.
45 46

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Terças de cobertura O deslocamento perpendicular ao plano de fechamento, h1,


Fig. 2.10, deve ser limitado a L/120.

As terças de cobertura devem ter deslocamento máximo


perpendicular ao plano de fechamento igual a L/180, no sentido
descendente, v2, com as ações variáveis de mesmo sentido que a
ação permanente.

No sentido ascendente, v3, com atuação do vento de sucção,


o deslocamento máximo é de L/120.

A Fig. 2.10 a seguir apresenta o posicionamento típico dos


elementos citados (terças e travessas) em uma estrutura de aço,
Travessas ou Longarinas de fechamento acompanhado dos deslocamentos máximos permitidos segundo o
Anexo C da ABNT NBR 8800:2008.
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Vigas de Cobertura e Vigas de Piso

Vigas de cobertura e vigas de piso, inclusive as treliçadas,


devem ter os valores dos deslocamentos verticais máximos
(flechas) limitados, segundo a ABNT NBR 8800:2008 à L/250 e
L/350, respectivamente.

Caso exista parede de alvenaria sobre ou sob a viga,


solidarizadas com esta viga, o deslocamento vertical não deve
exceder a 15 mm, para evitar trincas na parede.

Caso uma viga de piso suporte pilares (ex: viga de transição),


seu deslocamento vertical máximo não deve superar L/500.
Fig. 2.10 – Travessas e terças (deslocamentos máximos permitidos)
A Fig. 2.11 adiante apresenta as flechas máximas permitidas.

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Vigas de Rolamento

Os deslocamentos verticais, v, máximos são os seguintes:


- L/600, quando suportam pontes rolantes com capacidade
nominal inferior a 200 kN;
- L/800, quando suportam pontes rolantes com capacidade
nominal igual ou superior a 200 kN, exceto pontes siderúrgicas;
- L/1000, quando suportam pontes rolantes siderúrgicas com
capacidade nominal igual ou superior a 200 kN.

Os deslocamentos horizontais, h, máximos são os seguintes:


- L/400, exceto para pontes rolantes siderúrgicas;
- L/600, para pontes rolantes siderúrgicas.

Fig. 2.11 – Vigas de cobertura e de piso (deslocamentos máximos permitidos) OBS: no cálculo do deslocamento vertical, as cargas verticais não
devem ser majoradas por coeficientes de impacto.
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Galpões de Uso Geral

Nos galpões em geral e nos edifícios de apenas um


pavimento, o deslocamento horizontal do topo dos pilares em
relação à base, d2, não pode superar H/300, onde H é a altura do
topo em relação à base (Fig. 2.13).

Em galpões com ponte rolante, adicionalmente:

- o deslocamento horizontal do nível da face superior da viga


de rolamento, d1, em relação à base não pode ser maior que
Hvr/400, onde Hvr é a distância entre esses dois pontos;

- no caso de pontes siderúrgicas, o deslocamento horizontal


Fig. 2.12 – Vigas de rolamento (deslocamentos máximos permitidos)
do nível da viga de rolamento , d1, não pode superar 50 mm;

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Se a edificação for fechada com parede, deve-se limitar o


deslocamento horizontal de maneira que a abertura da fissura que
possa ocorrer na base da parede não supere a 1,5 mm, entendida
a parede como painel rígido (Fig. 2.14).

Fig. 2.13 – Deslocamentos horizontais de galpões e edifícios de um pavimento

- o deslocamento horizontal diferencial entre pilares do pórtico


que suportam as vigas de rolamento não pode superar 15 mm.
Fig. 2.14 – Parede como painel rígido

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Edifícios de dois ou mais pavimentos

Nos edifícios de dois ou mais pavimentos, o deslocamento


horizontal do topo dos pilares em relação à base não pode ser
maior que H/400, onde H é altura do topo em relação à base,
conforme Fig. 2.15 adiante.

Além disso, o deslocamento horizontal relativo entre dois


pavimentos consecutivos não pode superar h/500, onde h é a Fig. 2.15 – Deslocamentos horizontais de edifícios de dois ou mais pavimentos
distância entre os eixos dos pavimentos.
Para que isso seja realizado, uma análise mais complexa do
No que se refere ao deslocamento relativo entre pavimentos,
comportamento da estrutura deve ser feita.
deve-se considerar apenas o deslocamento provocado pelas
Na prática é comum se obter o deslocamento total e, de modo
forças cortantes no andar considerado, desprezando o
conservador, limitá-lo em h/500.
deslocamento causado pelas deformações axiais das barras.
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2.9 – Exemplo de Aplicação Pede-se:


a) determinar a envoltória dos esforços solicitantes de cálculo
Dada a treliça de cobertura da Fig. 2.E1 a seguir, considere
de tração e compressão máximas em todas as barras, para
que os seguintes carregamentos estejam atuando:
uso normal da estrutura;
- carga permanente CP (PCP) - vento sucção VS (PVS)
OBS: considere, para a determinação dos esforços solicitantes
- sobrecarga SC (PSC)
de cálculo, que combinações última normais serão utilizadas,
de acordo com as seguintes expressões:
1  CP  1,25
,d   CP  NBn   SC  NBn
CP SC
NBn
 SC  1,40
2
,d  1,0  NBn   VS  NBn
CP VS
NBn  VS  1,40

NBn é o esforço normal solicitante, no seu valor nominal, atuando


em cada barra da treliça, calculado por meio de análise elástica.
Fig. 2.E1 – Treliça de cobertura em duas águas 59 60

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Carga Permanente CP (PCP) Vento de Sucção VS (PVS)

Sobrecarga SC (PSC)

Considerar que a treliça de cobertura apresentada está sujeita


a atuação de forças nodais referentes à carga permanente (CP) de
7,5 kN, à sobrecarga (SC) de 2,5 kN e ao vento de sucção (VS) de
8,0 kN.
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Solução: Estados-limites últimos (combinações últimas normais)


O cálculo da estrutura será feito por meio de uma análise
Para o levantamento das ações de cálculo atuantes na treliça
linear elástica pois é muito mais fácil ponderar-se as solicitações
foram empregadas duas combinações últimas, as quais ocorreram
de cada estado de ações do que propriamente as ações, uma vez
as seguintes considerações para as ações variáveis, a saber:
que é válido o princípio da superposição dos efeitos.
1. sobrecarga como ação variável principal;
Para que o procedimento descrito seja aplicado, a estrutura
2. vento como ação variável principal (situação favorável para
será analisada para cada uma das ações separadamente, logo,
a carga permanente).
três situações distintas serão avaliadas, sendo elas:
Observe que na primeira combinação o vento não foi incluído,
1.Carga Permanente CP (PCP = 7,5 kN);
por ser uma ação favorável à segurança quando da aplicação da
2.Sobrecarga SC (PSC = 2,5 kN);
sobrecarga.
3.Vento de Sucção VS (PVS = 8,0 kN).
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CP (carga permanente) SC (sobrecarga)

Treliça sujeita à ação da carga permanente – PCP Treliça sujeita à ação da sobrecarga – PSC

Esforço normal nas barras da treliça – PCP – (kN, valor nominal) Esforço normal nas barras da treliça – PSC – (kN, valor nominal)
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VS (vento de sucção) Os resultados apresentados na Tabela 2.4 a seguir estão


considerando a numeração adotada na figura a seguir.

Treliça sujeita à ação do vento de sucção – PVS

Esforço normal nas barras da treliça – PVS – (kN, valor nominal)


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A Tabela 2.4 a seguir apresenta os resultados obtidos para Tabela 2.4 – Esforços normais nas barras da treliça de cobertura (continuação)
todas as barras da treliça de cobertura analisada.

Tabela 2.4 – Esforços normais nas barras da treliça de cobertura

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AGRADECIMENTOS

OBRIGADO PELA ATENÇÃO!

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