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Sinóticos e Escritos
Joaninos
Material Teórico
Introdução ao Novo Testamento
Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
Introdução ao Novo Testamento
• Introdução
• O que são Evangelhos?
• As Origens e Fontes dos Evangelhos
• O Problema Sinótico
• História e Sociedade do Tempo de Jesus
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Introduzir o aluno ao universo dos textos e contextos do NT. Co-
nhecer as condições históricas e sociais da sociedade no contexto
da vida de Jesus e da história do desenvolvimento dos textos do NT
à luz das circunstâncias que fizeram nascer o cristianismo primitivo.
· Apresentar semelhanças e diferenças entre os Evangelhos, não como
retrato histórico da vida de Jesus, mas principalmente como teste-
munho da fé e memória das tradições recolhidas pelos primeiros re-
datores cristãos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Introdução ao Novo Testamento
Contextualização
O Novo Testamento é palco de inúmeros conflitos de interpretação, sobretudo entre
as Igrejas que se confessam cristãs, mas também entre outras denominações religiosas.
Em relação a esse problema, recomendo a leitura da resenha de Ney Brasil Pereira, feito
Explor
Não seria demais afirmar que a divergência de interpretação é uma das razões
mais fortes da separação entre igrejas. Esse problema, por exemplo, pode ser
constatado facilmente quando vemos a variedade de traduções da Bíblia e, por
conseguinte, dos textos do Novo Testamento. As diferenças entre Bíblias católicas,
protestantes e judaicas reforçam essa variedade. Entretanto, até no interior das
igrejas, como na católica, por exemplo, há diferentes edições e cada uma com uma
determinada perspectiva de tradução.
O estudo aqui proposto não entra nos detalhes das dificuldades e diversidade de
traduções do texto bíblico. Consideramos esse um tema para especialistas, exegetas
que se dedicam aos estudos na tentativa de interpretar os textos segundo a melhor
adequação às intenções dos autores e redatores originais. Para nós, importa mais
reconhecer um núcleo comum de escritura considerada sagrada e aceita por todos,
sem ignorar divergências pontuais, as quais se dão nem tanto por causa da tradução,
mas muito mais por causa das diferenças doutrinais que influenciam perspectivas
distintas de interpretação dos textos.
Uma análise do texto do Novo Testamento talvez seja um desafio àqueles que
buscam uma leitura mais objetiva e imparcial, isto é, não confessional. Nesse sentido,
é bom lembrar que o Novo Testamento é também produto de uma confissão de fé
parcial que rompe com a leitura e interpretação tradicional dos textos do Antigo
Testamento. Sobre a vida e os fatos que marcaram a figura histórica de Jesus de
Nazaré, houve um trabalho intenso de reinterpretação. O Novo Testamento e sua
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pluralidade literária revelam e são testemunho desse trabalho intenso e, muitas
vezes, conflitivo de reinterpretação. A diversidade de interpretação, pois, não é
um problema somente atual, mas nasceu com o cristianismo. Por isso são quatro
evangelhos e não um só. Por isso são vinte e sete escritos e não um só.
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UNIDADE Introdução ao Novo Testamento
Introdução
A literatura neotestamentária tem em Jesus de Nazaré1 o marco divisor de águas
que separa o Antigo do Novo Testamento2. São vinte e sete documentos. Há uma
diversidade de gêneros na identificação literária não só do conjunto dos textos, como
no interior de cada um deles. São evangelhos, cartas; testamentos, relatos de milagres,
coleção de ditos de sabedoria, genealogias, trechos de orações e memórias preservadas
em contexto de culto, códigos de conduta, além de profecias e revelações sobre os fins
dos tempos, mais conhecidos como textos apocalípticos, que, literalmente, traduzido
do vocábulo grego (apocalipse) significam textos de revelação.
A escolha dos quatro evangelhos para análise tem como critério o Cânon adotado
pela Igreja3. Outros evangelhos4 foram escritos e também representaram outras formas
de viver e testemunhar a fé em Jesus. Alguns deles foram perdidos para sempre, ou-
tros foram encontrados e são acessíveis, inclusive publicados em língua portuguesa por
editoras credenciadas por diversas igrejas cristãs, católicas e protestantes. Embora não
tenham entrado no Cânon, são evangelhos que favorecem o estudo e a compreensão
cada vez mais crítica e profunda da história do cristianismo primitivo. Os mais conhe-
cidos são: Evangelho de Tomé, Evangelho de Maria Madalena, Evangelho de Pedro,
Evangelho Filipe e Evangelho de Bartolomeu. A maioria deles foi escrita originalmente
em língua grega, em papiro ou pergaminho, tal como foram escritos os quatro evange-
lhos que encontramos em nossas Bíblias.
1 “Jesus de Nazaré” é a designação que julgamos a melhor para fazer referência à figura histórica de Jesus. “Jesus
Cristo” é reconhecidamente a representação que denota a confissão de fé das primeiras comunidades que identificaram
o Jesus da cidade de Nazaré como o Messias (Cristo em grego). Esse procedimento visa garantir uma abordagem
mais objetiva do ponto de vista da descrição histórica e científica dos textos que possa ser lida e compreendida pelo
leitor aluno, independentemente de sua identidade confessional.
2 O texto teórico manterá “Antigo” e “Novo” ao referir-se aos Testamentos Bíblicos, mas faz-se necessário reco-
nhecer que uma linguagem mais adequada a um ambiente de diálogo interreligioso, deva-se usar “Primeiro” e
“Segundo” Testamentos.
3 O conceito de “Cânon” diz respeito à ordem e aceitação oficial pelas autoridades eclesiásticas dos textos que foram
considerados confiáveis e adequados à fé da Igreja. Os critérios que definiram este ou aquele texto como inspirado,
isto é, como Palavra de Deus, foram discutidos ao longo da história da recepção e uso dos textos pelas Igrejas. A
questão da organização do poder e do exercício da autoridade nas igrejas, da doutrina, dos dogmas e das formas
como se vivia a liturgia são alguns dos critérios que definiram o que deveria ser aceito e o que deveria ser rejeitado.
4 Esses evangelhos são habitualmente conhecidos como Apócrifos, isto é, como evangelhos proscritos ou como falsos
evangelhos. Aqui eles serão chamados apenas como Evangelhos Extracanônicos, isto é, como evangelhos que
simples e objetivamente ficaram de fora do Cânon.
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Duas observações importantes: Os textos do Novo Testamento, de modo especial
os evangelhos, testemunham historicamente dois grandes momentos: o primeiro é
contexto do tempo de Jesus e o segundo é o tempo a partir do qual os evangelistas
retratam a memória mantida sobre Jesus. Veja no quadro a seguir:
1º CONTEXTO
Tempo de Jesus histórico
Registro indireto — condicionado pelo contexto do evangelista
(autor/redator)
2º CONTEXTO
Tempo do evangelista (autor/redator)
Registro direto
Condiciona o relato da memória do tempo de Jesus (1º contexto)
pelos interesses de seu tempo presente — problemas vividos pelas
comunidades representados pelo evangelista (autor/redator)
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UNIDADE Introdução ao Novo Testamento
Explor
Dificilmente, a totalidade da vida de um homem comum cabe num relato biográfico. A vida
humana e sua história, no entrelaçar de seus feitos objetivos, significados e interpretações
subjetivas não esgotam a melhor biografia que se possa fazer dela. O que diremos de uma
vida tão polêmica, tão intensa e significativa como a de Jesus? As palavras sempre serão
incapazes de traduzir o que só a vida mesma é capaz de propor. Os evangelhos, em sua
multiplicidade canônica e extracanônica, atestam essa diversidade da interpretação da vida
que é muito mais complexa do que uma biografia é capaz de reproduzir.
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As Origens e Fontes dos Evangelhos
As Origens e Finalidade da Redação dos Evangelhos
A origem da redação dos evangelhos dá-se principalmente quando os discípulos
de Jesus começam a sentir necessidade do resgate da memória dos ensinamentos
e da vida de seu mestre. Eles sentem a necessidade de fundamentar sua vivência
de fé, o culto, a pregação e os valores novos que eles assumiram no cotidiano de
suas vidas. O objetivo da redação dos evangelhos é inicialmente a apologia, isto é,
a defesa da fé diante de um mundo religioso judaico e greco-romano que ignora os
princípios da adesão a Jesus proclamado como Senhor e Messias.
5 Literalmente, nos manuscritos mais antigos dos Evangelhos, encontra-se o título em grego da seguinte forma: “kata
Mattaion”, “kata Makron”, “kata Loukan”, “Kata Iwannen”. A palavra “Kata” significa exatamente isso: segundo,
conforme Mateus, Marcos, Lucas e João. Por isso, é mais adequado interpretar a autoria dos evangelhos como
testemunho segundo Mateus, Marcos, Lucas e João e não como Evangelhos desses apóstolos, como se fossem
escritos por eles.
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UNIDADE Introdução ao Novo Testamento
Para o leitor de hoje que já nasceu numa cultura cristianizada e que, ao menos
verbal e aparentemente, parece ter assumido que Jesus é o Messias, o desafio de fé
é diferente daquele dos apóstolos que foram testemunhas oculares. O desafio é ver
na divindade do Cristo proclamada pela fé proveniente do legado cultural, histórico
e eclesial, a humanidade original do Galileu da Vila de Nazaré.
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• 3º Plano: é o plano da história dos primeiros evangelistas, escritores e
redatores dos Evangelhos (2º contexto). Esse é o plano histórico do surgimento
dos redatores que escreveram os textos sobre a vida de Jesus, segundo as
tradições orais e outros pequenos textos, que foram sendo compilados
segundo os interesses de manter, defender e propagar a fé vivida, fixando para
as futuras gerações critérios e padrões de conduta, doutrina e outras normas
para o exercício da transmissão de poder e autoridade em relação ao legado
da tradição sobre Jesus.
• 4º Plano: é o plano do leitor atual. Esse é o plano histórico daquele que lê o
Evangelho a partir de seu próprio contexto, comunidade, grupo e interesses
de seu tempo, isto é, do momento em que vive sua própria vida com seus
problemas e interesses de toda ordem.
A formação dos Evangelhos tem uma história e no plano literário ela se conclui
em contexto bem definido. É o momento da escolha das fontes orais e escritas
para construir o conjunto da obra narrativa evangélica. Pequenos textos escritos,
alguns talvez bem próximos dos acontecimentos que retratam, e outros talvez dez,
vinte ou mais anos depois, são recolhidos e tecidos para compor um grande enredo
do ministério da vida de Jesus que resultaram nos evangelhos que temos hoje.
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UNIDADE Introdução ao Novo Testamento
O Problema Sinótico
O problema sinótico consiste em saber como se explicam a semelhança e a pro-
ximidade de linguagem, fatos e narrativas dos três primeiros evangelhos em relação
ao quarto, ao mesmo tempo em que se notam algumas diferenças entre eles.
O nome sinóticos foi dado aos três primeiros evangelhos canônicos no
fim do séc. XVIII. Provém da synopsis evangeliorum, trabalho publicado
em halle, em 1776, pelo sábio alemão J.J. Griesbach. Nascera-lhe a
idéia de elaborar uma edição de Mateus, Marcos e Lucas, que permitisse
abranger os três num único olhar. Assim agindo, ele se fizera eco da
opinião que Santo Agostinho já tinha em 399 e expusera em seu de
Consensu evangelistarum. Para o bispo de Hipona, os evangelhos teriam
sido escritos na ordem em que estão no cânon: Marcos teria seguido
fielmente Mateus, embora resumindo-o; Lucas teria sofrido influência de
um e de outro. Essa intervenção da sinopse no século XVIII contribuiu
enormemente para instaurar a era da crítica evangélica. Apenas
vislumbrada por Agostinho, a questão da formação dos evangelhos ia
desde então se impor sem dificuldade. Até aquela época, consideravam-
-se os evangelistas como testemunhas oculares – diferentes, sem dúvida,
porém, diretos – dos fatos ocorridos, e tudo quanto haviam escrito era
isento de qualquer erro ou contradição (GOURGUES & CHARPENTIER,
1985, p. 48).
Uma vez superada a ideia de harmonia dos evangelhos, foi preciso explicar a
razão das semelhanças entre eles. O problema está na dificuldade em se encontrar
uma solução precisa e definitiva sobre as fontes e tradições que antecederam e
serviram de base para alicerçar relatos às vezes presentes nos três evangelhos
(Mateus, Marcos e Lucas), enquanto outros só se encontram em apenas um
deles. A parábola do semeador, por exemplo, está presente nos três evangelhos
(Mc 4,3-8; Mt 13,3-8; Lc 8,5-8), enquanto a do bom samaritano apenas em Lucas
(Lc 10,30-37).
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Diante das repetições de certos episódios e relatos nos três evangelhos e da
ausência de outros em um ou dois deles, pergunta-se: quem escreveu primeiro e qual
dos relatos serviu de fonte para os outros? Considerando diferentes hipóteses, será
que havia documentos específicos sobre parábolas, milagres ou ditos que serviram
como fontes comuns aos evangelistas? São perguntas para as quais os estudiosos
ainda não têm respostas definitivas. São apenas hipóteses, probabilidades que só
com muita pesquisa e discussão, fazem surgir alguns consensos.
Temas do Enredo Mt Mc Lc
A) Preparação do ministério de Jesus 3,1-41 1,1-13 3,1-4,13
B) Ministério na Galiléia 4,12-18,35 1,14-9,50 4,14-9,50
C) Viagem a Jerusalém 19,1-20,34 10,1-56 9,51-18,43
D) Paixão e Ressurreição 21-28 11-16 19-24
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UNIDADE Introdução ao Novo Testamento
Mc Mt
Lc Q
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Observe abaixo a cronologia da história bíblica em seus principais momentos.
Ela mostra as grandes etapas da história de Israel6, incluindo o período intertesta-
mentário e o surgimento do cristianismo primitivo no primeiro século de nossa Era.
722/1: Assíria invade e destrói 597 e 587/6: Babilônia invade Jerusalém e manda parteda
reino Norte (Israel) população para o Exílio
933: Separação dos dois 539: Vitória de Ciro, rei daPérsia. Início da volta
reinos: Norte e Sul de alguns exilados.
• Êxodo
do Egito;
• Conquista
da terra
prometida;
• Juízes Literatura Profética
Literatura Sapiencial
Diversas tradições que, reunidas, formaram os atuais livros do Pentateuco e da Obra Histórica Deuteronomista
6 Pode-se interpretar e dividir a história do Israel antigo, pressuposto pela narrativa bíblica, em quatro grandes
períodos: 1ª) Tribalismo: entre os séculos XIV e X a.C., período que antecedeu a formação do Estado no séc. X a.C.
com Saul, Davi e Salomão; foi a etapa das matriarcas e patriarcas dos tempos das tribos de Israel; 2ª) Formação,
desenvolvimento do Estado de Israel com seus primeiros reis, a divisão entre os Reinos, o do Norte (Israel) e o
do Sul (Judá) até o fim da realeza em Jerusalém quando as elites foram deportadas e exiladas para a Babilônia (séc.
X–VI a.C.); 3ª) Restauração: período do exílio, do retorno à terra às origens do judaísmo (séc. VI-IV a.C.); incluí
meio século de exílio na Babilônia, o retorno à terra para a reconstrução da cidade e do templo de Jerusalém com
Esdras e Neemias sob o domínio do império persa; 4ª) Helenismo: período entre os séculos IV-I a.C. em que Israel
é dominado pelo império macedônico, pelos generais sucessores de Alexandre Magno e mais tarde pelos romanos
(LARA, 2009, p. 80-87); período que terá a revolta dos irmãos Macabeus (século II a.C.) como evento desencadeador
de novas configurações sociopolíticas em Israel dos séculos seguintes (LARA, 2009, p. 80-87)
7 Klaus Wengst (1991) escreveu uma obra de análise exaustiva sobre o caráter ideológico da Pax Romana. Vale a pena
ler e conferir.
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UNIDADE Introdução ao Novo Testamento
Geografia
A história da sociedade no tempo de Jesus tem como palco e cenário a geo-
grafia da Palestina, terra assim chamada pelos romanos e da qual faziam parte as
províncias sob o domínio dos procuradores ou reis submissos e obedientes a Roma.
Judeia, Samaria e Galileia eram regiões sob o domínio político romano, mas que
anteriormente faziam parte do antigo estado de Israel. Veja a seguir, o mapa da
Palestina no primeiro século e o compare com o relato do Evangelho de Lucas ao
situar histórica e politicamente o nascimento de Jesus segundo a divisão adminis-
trativa imposta pelos romanos (Lc 3,1) àquela região.
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O território da Palestina na época de Jesus cobria uma área de mais ou menos
20.000 Km2, numa faixa de terra que alcançava a extensão de 240 Km, medida
de norte ao sul, e de 85 Km quando considerada a maior distância de leste a
oeste. Nesse pequeno território, três povos irmãos, convivem em meio a conflitos
culturais que historicamente acabaram gerando discriminações de toda ordem.
A parte norte, região da Galileia, juntamente com as planícies do Jordão, são áre-
as férteis com predomínio da agricultura. A região sul, chamada Judéia, onde está Je-
rusalém, é montanhosa e presta-se mais às pastagens e criação do gado e ao cultivo
da oliveira. [...] Na Judéia estão os judeus, que se julgam a raça pura e os portadores
da autêntica tradição herdade de Moisés. No norte estão os galileus. Muito embora
estejam ligados ao centro religioso que é Jerusalém, [...] os galileus são mal vistos
no sul. Entre a Judéia e a Galiléia está a Samaria. Os samaritanos são considerados
impuros, sobretudo pelos sulistas (VASCONCELLOS, 1991, p. 16).
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UNIDADE Introdução ao Novo Testamento
8 A obra de Horsley e Hanson (1995) levantou a existência de inúmeros movimentos populares no tempo de Jesus.
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C) Fariseus
Os fariseus eram representantes e guardiões da lei em seu cumprimento estrito
e escrupuloso. Consideravam-se puros e separados; procuravam seguir a lei de
Moisés à risca; não se misturavam com o povo para não se tornarem impuros, mas
eram vistos e respeitados por ele como verdadeiros mestres; viviam em oposição
aos herodianos e saduceus quando o tema se tratava da observação estrita da
lei e do seguimento da religião; desejavam um Estado Nacional, governado por
verdadeiros representantes de Deus.
D) Essênios
E) Zelotas
Conclusão
Jesus viveu intensamente o clima das propostas políticas e religiosas de seu
tempo. O movimento de Jesus foi profundamente condicionado por esses grupos
religiosos e políticos, principalmente pelo de João Batista. Muita coisa aproveitou,
mas não parece ter se identificado plenamente com nenhum deles. No movimento
que organizou, estavam presentes, sobretudo, trabalhadores, pescadores da Galiléia,
alguns membros do movimento zelota e partidários de João Batista. Isso mostra o
caráter de movimento popular, profético e alternativo que marcou a proposta de
Jesus: um movimento que foi ao encontro dos interesses do povo, principalmente
dos mais pobres e marginalizados de seu tempo.
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UNIDADE Introdução ao Novo Testamento
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
A Vida no Tempo de Jesus de Nazaré
Consulte o livro de CONNOLLY, Peter. Tradução de Maria das Mercês de Mendonça
Soares. Lisboa/São Paulo: Editorial Verbo. Trata-se de um livro com informações
curiosas sobre a cultura, os costumes, o vestuário, a comida e outros detalhes sobre a
história e a sociedade do tempo de Jesus com ilustrações bem interessantes. Não é um
livro fácil de ser encontrado, mas vale a pena ser consultado. Poderá ser encontrado
prioritariamente em bibliotecas de Faculdades de Teologia.
Vídeos
Jesus e Sua Época - A História Começa
Publicado e postado por Márcio Cruz em 10 de jun de 2013. Trata-se de documentário
sobre o tempo, a terra e os costumes da sociedade em que viveu Jesus que leva em
conta como fonte os Evangelhos e outras informações da história. Interessante nesse
trabalho é que há uma variação entre citações literais dos evangelhos e explicações
sobre os aspectos socioculturais do contexto histórico que marcaram a vida e o
ministério de Jesus.
https://youtu.be/HUrn66M-wDs
Filmes
Jesus de Nazaré
Trata-se de um dos mais célebres e populares dos filmes épicos sobre a vida de Jesus,
aclamado pela crítica e pelos cinéfilos. Se você ainda não viu, vale a pena desfrutar
dessa obra clássica de Zeffirelli.
https://youtu.be/P2XwD5M7MNA
Leitura
Leia alguns artigos de perspectivas distintas sobre a formação do Cânon do Novo
Testamento. Eles contêm informações sobre as tradições que acabaram por determinar
o Cânon, isto é, a ordem e a inclusão dos livros, das cartas e dos evangelhos que temos
hoje no conjunto dos escritos que as Igrejas cristãs, católicas e evangélicas chamam de
Novo Testamento.
A Definição do Cânon do Novo Testamento
https://goo.gl/KhAanc
A Formação do Cânon do Novo Testamento e as Implicações para a Igreja
https://goo.gl/9VCdA7
Origem e Formação do Cânon do Novo Testamento
https://goo.gl/BbiYMz
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Referências
BRAKEMEIER, Gottfried. Mundo contemporâneo do Novo Testamento. Vol. 1
e 2. São Leopoldo: Comissão de publicações da Faculdade de Teologia Luterana
de S. Leopoldo, 1984.
WENGST, Klaus. Pax Romana. Pretensão e Realidade. São Paulo: Paulinas, 1991.
VASCONCELLOS, Pedro Lima. “Jesus, sua terra e sua proposta”. In: VILLAC,
Sylvia. Eu vim para que todos tenham vida em plenitude. Introdução ao Novo
Testamento. 2. ed. São Paulo: ITEBRA – Instituto Teológico Brasilândia, 1991.
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