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estudos
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dos
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Coleçfo Estudos
Dirigida por J. Guinsburg
Tradução e Apêndice
de J. Mattoso Camara Jr.
. ~\\'/~
~ ~ EDITORA PERSPECTIVA
~I\\~
Título do original
LANGVAGE, An lntroductlon lo Ih. Sludy of 8p<.ch ,
Advertência à 2~ Edição ; : IX
Prefácio do Tradutor ".. . . . . . . I
Prefácio do Autor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
I. Parte Introdutória: Linguagem e sua DefilÚção. . . . . . . . . . 11
2. Os Elementos da Fala 27'
3. Os Sons da Linguagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4. A Forma na Linguagem: Os Processos Gramaticais . . . . . . . 53
5. A Forma na Linguagem:Os Conceitos Gramaticais. . . . . . . 71
6. Os Tipos de Estrutura Lingüística 99
7. A Língua como Produto Histórico: A Deriva. . . . . . . . . .. 119
8. A Língua como Produto Histórico: A Lei Fonêtica 137
,9. Como as Línguas se Influenciam Entre Si . . . . . . . . . . . .. 153
"10. Língua, Raça e Cultura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 165
) I. Língua e Literatura , 175
AP£NDlCE 183
Um Século de Estudos Lingüísticos nos Estados UlÚdos da
A éi 185
NOTADO EDITOR
J. MAT1"08O CAM.ARAJIl.
Esta Tradução. que data de 1938, foi o meu primeiro f.sforço paTa
Icx;aliza,r diante dos nossos estudiosos a figura do lingüista norte-ame.
-ica:no Edward Sapir 1; tna.f '4$ contingência.! ainda precária.! da MS-
,a atividade editorial só agora permitem que ela se publique, graças à
direção esclarecida de Augusto Meyer no Instituto Nacional do Lit'TO.
A eda altura já me havia. resignado ti relegá-l.a para o /u11.dc da
gaveta dos empreendimentos frtL$trados. Fizera-o com tanto mais pesar
quanto mais convencido me cu;ho da suma importância de uma obra. em
que foram trCl{Odtu linha.! nova.! de interpretação e pesquisa e de que
parte um movimento teórico e técnico de singular relevo nos quadro,
do pe1LSamento contemporâneo.
O Autor aprofundou e ampliou as suas idéias atrGt,és do ensino uni-
versitário e de numerosos artigos e monografias, anteriores e posteriores
ao livro e hoje em grande parte reunidos pelo professor Mandelbaum, da
Universidade da Califórnia, sob o título de Escritos Seletos de Edward
Sapir sobre Linguagem, Cultura e Personalidade'l. Do que ai consta em
matéria de lingüística são de especial importância os estudos sobre -
radrões Sônicos: na Linguagem e A Realidade Psicológica dos: Fonemaa,'
que lançaram as bases da 4lfonémica" norte-americana, e, de caráter ge-
ral, - Diale~o, Linguagem, Linguagem e Ambiente, A Posição da Lin-
güística como Ciência e A Fala como Traço de Personalidade •.
O núcleo da filosofia de Sapir está, porém, todo lUJui, nede lit'ro, e
vazado num estilo de divulgarão d01ltrin.dria, a um tempo empolgante,
colorido e fácil. Trata-se de uma exposição básica para os upecialutal
e, ainda, particularmente indicada para o grande público; poU aqui,
ainda mais que em outro! trabalhos, se revela n.o A utor aquela capaci-
dade estilística, que, na fra.se de Stanley Newman "fala leitor como
Q()
te, num artigo de 1931 !obre 1 1 0 Conceito de Lei Fonética verificado nas
Lfnguaa Primitivas por Leonard Bloomfield", quando se reporta ao autor
comr,ntado 23.
17. Robert HaIl Jr., [n Memoriam LeO'ftOrd Bloomfidd, Lingua, Barrem, 1950, lI, 119.
18. The ThcOf'Y o f Speccll and Language, Oxlord, 1932, pA go 130, n. Cf. aeima,
nota. 13.
]9. A posição de Sapir ainda ressalta mai.s nitida no a.rtigo sobre ~ Fala como
Traço de Pe-rIOMltd6ck, cito
20. Á!J afinida.des do Circulo com Bapir foram ressaltadas mais de uma vez por
Trubctzkoy' e R. Jakobeon. Cf. especialmente o Relat6Tio de!lte último no Bexto Con.
gresso Internacional de Lingüi.stas, .A.ctel, Parill, ]9~9, pAg. 5.
21. Why doeI Lang1UJge Changtl, 8eattle, W&l'h. ]O~3,
Modcrn Lang'UlJoe Qllatt1'ly,
4, 415.6. Ao eontr6.rio, para Trubehkoy a teoria de Sapir 'Ifoi criada em total indo.
pendência de Bl\udouin de Courtenay e IDellmode Baullsure" (JO\lrnal de P,ycholog-ic,
cit., pig. 230)
22. O termo, que jâ existia. em grego para designar "emiss~o vocal", foi U8adO
pratieamcnte ao tnpsmo tempo pelos médicos do laboratório de Marly, por S&US8Ure
e por Bll.udouin.de Courtenny; mas neste é que tem llÍ8tema.ticnmente um conceito
ni.tido novo.
23. The Conccpt of PlIondk Law tu telted -in Pritnie-ive Language8 by LeonnrJ
Bloomficld (Selectrd WJ"itingl, cit., 73.82).
2.. Os esclarecimentOll do Tradutor, no testo ou em notai, se aeham entre colehetn..
Prefácio do Autor
tinti\'o geral.
Mas o problema das interjeições em nada se distingue daquele que
nos pode ser proposto ante as várias maneiras nacionais de pintar.
Uma pintura japonesa que representa uma montanha, é a um tempo
diversa e semelhante, comparada a uma pintura moderna européia sobre
o mesmo tema. É o mesmo aspecto da natureza que se sugeriu a ambas e
que ambas "imitam". Contudo, uma ~ outra não são a mesma coisa, e ambas.
não são a rigor uma expressão direta daquele acidente natural. As duai
maneiras de representa<;ãonão são idênticas, porque procedem de tradi-
ções hist6ricas diversas e foram executadas com diversa t~nica pict6rica.
A interjeição japonesa e a inglesa foram, da mesma sorte, sugeridas
por um protótipo natural comum - o grito instintivo, e são inevitavel-
mente sugestivas uma da outra. Diferem, por outro lado (muito, 011
pouco, não importa), porque foram criadas com materiais ou técnicas
historicamente diycrsas, quais são as tradições lingüísticas, os sistema"l
fonéticos e os hábitos de fonac;ãodistintos dos dois POyos.
Ao contrário, os grito:i instintiYos, propriamente ditos, são pratica-
mente id~nticos para toda a humanidade, da mesma sorte que o nosso
esqueleto humano ou sistema nen'oso é, em última análise, um trac,:o
"fixo" do organismo humano, ou seja um trac;o apenas variáye1 de ma.
neira mínima c "acidental".
Acresce que as intel'jeic;Õ{'ssão na fala elementos de somenos impor-
tância.
Valem mais como demonstração de que até êles, inquestionavelmentc
os sons da linguagem que mais se aproximam da emissão instintiva, são
de natureza instintiva apenas aparenteme.nte.
Se fosse possível, portanto, demonstrar que a linguagem, de maneira
global, considerada nos seus longínquos fundamentos históricos e psieo.
lógicos, provém das int('rjci(~ões,não banria como concluir daí ser ela
atividade instinth-a. ::\las,na realidade, todas as tentativ8:-;para uma tal
demonstra~ão da origem da linguagem foram infrutíferas. :Não há evi.
dência tangível, de ordem histórica ou de outra ordem, que se preste a
admitirmos que a massa dos elementos e dos processos da lin~uagem seja
uma evolução das intcrjeiçÕ<.'s.Esta" constituem uma porção mínima e
funcionalmente insignificante do vocabulário de qualquer língua; em ne.
nhmna época e em nenhuma província lingüística até hoje conhecida vi-
14 A UNGUAGEM
mos sequer uma tendência apreciável para elaborar.se com elas a trama
de fundo da linguagem. Nunca passaram, quando muito, de um debrum
decorativo para aquele amplo e complexo tecido.
O que dissemos das interjeições aplica-se. ainda com mais razão, às
palavras de som imitativo.
Palavras como whippoOTll.!ill, to mew, to caw [ou, com exemplos por-
tugueses, "miar", jjgrugrulejar" 2] não são em absoluto sons naturais que
o homem tenha reproduzido instintiva ou automaticamente. São cria~õc.<o
do espírito humano, arroubos da fantasia humana, como tudo mais na
linguagem. Não nos vieram diretamente da naturezaj foram apenas
sugeridos por ela e modulam-na à sua feição.
Por isso, a teoria onomatopaica da origem da linguagem, segundo a
qual nós falamos por gradual evolução dos sons de caráter imitativo, não
nos conduz realmente a um ponto de partida no instinto, como a ele não
nos conduz o exame da linguagem geral hodierna.
A teoria em si não merece mais crédito do que a sua equivalente em
referência às interjeições.
É verdade que certo número de vocábulos que não nos parecem hoje
ter valor imitativo, vão relacionar-se a uma forma fonética' anterior que
nos leva, com probabilidade, a originá-los das imitações de sons natura i".
É o caso do verbo inglês to laugh. [porto "rir"]. Não obstante, é u e todo
impos'l>ível provar, e não parece sequer razoável supor, que uma propor-
ção apreciável dos elementos de linguagem ou qualquer coisa dJ seu me-
canismo formal possam ter provindo de uma fonte onomatopaica.
Por mais propensão que se tenha, sob o fundamento de certos prin-
cípios teóricos, a atribuir importância precípua, nas línguas dos POV<t.i
primitivos, à imitação dos sons naturais, não- é possível fugir à eridência
de que essas Hnguas não mostram especial predileção para os vocábulos
de origem imitativa. Entre os povos mais primitivos da América aborÍ4
~ne, as tribos athabáskan do rio Mackcnzie falam idiomas que parecem
quase ou em absoluto prescindir de palavras dessa espécie,-ao passo que
em muitos idiomas supf>rcivilizados,como o alemão e o inglês, as onomn-
topéiac"são usadas com bastante freqüência. Isso prova quão pouco fi
essência da linguagem depende da mera imita~ão das eois.l~da natureza.
Estamos agora em condições de estabelecer uma definição satisfató-
ria da lin~uagem. f~ um método puramente humano e não-instintivo de
comunicação de ,-jéias, emoçõese desejos por ll1:eiode um sistema de sím-
bolos voltmtariamcnte produzidos. Entre eles, avultam primacialmente
os símbolos auditivos, emitidos pelos chamados "órgãos da fala". Não há
uma base discernÍl,"clde instinto na fala l;umana considerada como tal,
embora muitas expressões instinth-as e a própria natureza ambiente sir-
,"am de estímulo ao desrnvoh.imento de certos elementos lingüísticos, e
embora muitas tendências instintivas, motrizes e outl'aS, ofel'eçam um
teor oa molde predeterminado à expressão lingüística. Comunica,:õcs,hu-
manas ou animais, (se é qUf' mrreccm este nome) decorrentes dos grito~
involuntários instintivos não constituem, a nosso vcr, fatos de linguagem.
Acabo de referir-me aos "órgãos da fala", e pode parecer à primeira
vista que isso importa na incoerência de admitir que a fala é uma ativi-
dade instintiva, biologicamente predeterminada.
PARTE INTRODUTÓRIA: LINGUAGEM E SUA DEFINiÇÃO 15
Não há, a rigor, órgãos da fala; há apenas órgãos que são inciden.
talrncnte utilizados para a produção da fala. Os pulmões, a laringe, a
abóbada palatina, o nariz, a língua, os dentes c os lábios serycm todos
para esse fim; mas não podem ser considerados órgãos primordiais da
órgãos de tocar
fala, da mesma sorte que os dedos não 8<1.0 pinHo nem os
joelhos os órgãos da genuflexão religiosa.
zes não são, contudo, a conclusão, o ponto de parada final. São simple.+
mente um meio de atingir e reger a percepção auditiva, tanto de quem
fala como de quem ouve. A comunica~ão, que é o' verdadeiro objeto do
discurso, só se efetua eficientemente, quando as percepções .auditivas de
quem ouve são vertidas para a série, apropriada e colimada, de imagens,
de pensamentos, ou de umas e outros combinados.
Logo, o ciclo da fala, na medida em que se pode considerar um ins-
trumento puramente exterior, comec;:ae termina no reino dos sons. A
.concordância entre as imagens auditivas iniciais e as percepções auditi.
'~ 8Sfinais é o selo, a garantia social do. bom êxito do processo executado.
Como já. vimos anteriormente, o curso típico desse processo pode
sofrer inúmeras modificações, ou transferenllias em sistemas equivalenteM 1
.Kst
.Kstee grup
grupo
o por
por suasua vez,
vez, con
const
staa de um radi radica
call de adje
adjeti
ti.v
.vo
o (E) ("preto")
que
que não
não se usa
usa inde
indepe
pend
nden
ente
te (poi
(poiss a no~i
no~iíío absol
bsolut
utaa de llprllpret
eto"
o" só pode
pode
ser co
communicad
unicada a sob o aspl:'eto de part partic
icíp
ípio
io veverb
rba
al: "fe
"feito
ito preto
reto")
"),, e de
um nome
nome comp
compos to C + d ("búf
osto ("búfal al<r
<rmn
mnnsnso"
o").
). O radic al C sign
radical signif
ific
icaa pro-
pro-
priamente "búfalo", mas o elemento d, na realidade um nome, de ,;da"
inde
indepe
pend
nden
ente
te,, queque signi
signifi
fica
ca "cav
"caval alo"
o" (ori
(origi
ginà
nària
riame
mentntee Ucão" ou uani
uanima
mall
dom~ico" em geral). costuma a se usar regularmente como, elemento
meio-subordinado pa para indi
t indica
car r tp.:e o an
anim
imalal ex
expr
pres
esso
so pelo
pelo radica
radicall co
con.
n.
trgu
trguo
o é prop
propririeedade
dade do algu alguém
ém..
Obse
Observa
rva-s
-see que
que o todo
todo comp
comple to (F) + (E) + O + d + A + B,
leto
qua
quanto
nto à sua
sua fun~
fun~ão
ão,, não
não é mais
mais que
que uma
uma base
base verb
verbaal, corre
orresp
spon
onde
dent
ntee
ao "ng- de uma forma inglêsa como singing,' que que conti
ontinu
nuaa com forç
forçnn
verb
verbalal dcpo
dcpois
is do aeré
aerésc
scim
imoo do elem
elemen
ento
to tcmp
tcmpor
oral
al (g
(g) - fican
ficandodo ente
enten-
n-
dido
dido que
que este
este (g) não
não está
está prõpr
prõpria
iame
ment
ntee apen
apenso
so apcn as a B mas
apcnas mas a tõda
8 base complexa una; e que os elementos (h) + (i) + (O) transfor-
roam
roam a expr
expres
essã
sãoo verb
verbalal n.um
n.um nom
nomee form
formal
alme
ment
ntee bem
bem defi
defini
nido
do..
~ te
tem
mpo agora de proc
procu
urarm
rarmo
os decidir
idir o que se ente
tend
nde
e por
por pa
pa--
lavra.
O no
no.~ prim
primei eiro
ro impulso, sem dúvida, teria sido definir a pa-
lavr
lavraa como
como 8 contcontrarapa
part
rtcc simb
simbólóliica,
ca, ling
lingüí üíst
stic
ica,
a, de um dado dado conc
conceieito
to .
•lã vemo
vemoss que
que tal
tal defi
defini
nic:
c:ão
ão é impo
imposs ssív
ível
el.. Na real realid
idadade,
e, é impo
impossssív
ível
el de-
de-
fin
finir o vocáb ábuulo den
dentr
tro
o de seu seu aspespecto fun funci cion
onaal, pois
pois pode ser ser tud
tudo,
desde li exexprpres
essã
sãoo de um co conc
nceit
eitoo simple
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ncre
reto,
to, ab
abstr
strato
ato,, ou pura
pura--
ment
mentee rela
relaci
cion
onal
al '(co
'(como
mo nas part partrc
rcul
ulas
as "de"
"de",, por", 'Ie") até
u até à expre
expressssão
ão
d e um pensam
pensamen ento
to comple
completo to (com
(como no latim dico, udigo", udigo", ou, sob forma
forma
mais
mais elab
elabor
orad
ada,
a, numa
numa formformaa verb
verbalal nutk
nutkaa que que desi
designgnaa "Est
"Estou
ou acos
acostu
tuma
ma--
do 8 come
comerr vint
vintee cois
coisas
as redon
redondadas"
s",, isto
isto 'é,
'é , ''ma
''maçãçãs'
s'"" "enq
"enqua
uant
nto
o faço
faço isso
isso
ou aq
aquil
uilo"
o").
). Neste
este últim
último. o. ca
casoso,, identi
identific
fica-a-se
se cocomm a sentesenten~
n~a.a.
O vocábulo ê
vocábulo ê apen
apenas
as uma
uma form
forma,
a, uma
uma en entid
tidad
adee de co conto
ntorno
rnoss de
defi.
fi.
nidos
idos que chama a si grand randee ou pequequena parterte do concei eito
to do
do pensa-
sa-
Ille
Illent
nto
o inte
integgral,
ral, na medidaida em que o gênio da 1fngu fngua a se eomp
ompraz
raz em o
pe
permit ir.. e por
rmitir por isso
isso que,
que, se de um la lado
do os elem
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toss radi
radica
cais
is e gram
gramat
ati.
i.
C4is,
C4 is,qu
quee en
encer
cerram
ram os c~c~nce
nceitos
itos isolado
isolados,
s, são com
comparáve
paráveisis de uma
uma língua
língua
a outra
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nãoo o são
são os vocá
vocábu
bulo
los
s prop
propria
riam
menente
te dito
ditos.
s.
Elem
Elemenento
to radic
radical
al (ou
(ou gram
gramati
atica
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l) e sente
sentencnc:a,
:a,ei
eis
s as unida
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"fun-
cion
cionai
ais"
s" prim
primorordi
diai
ais
s da lingu
linguagagem
em,, send
sendo o aqaque
uele
le o minim
inimo o ao
aoot
otra
raíd
ídG
G
e esta
esta a en
encacarn
rnaç
ação
ão estet
estetica
icammen
entete satisfa
satisfatór
tória
ia de um pe pens
nsam
amenento
to unifi-
unifi-
cado
ca do.. As unida
unidadedess práti
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cas
s "form
"formais
ais"
" da lingu
linguagagem
em,, os vocá
vocábubulos
losou
ou pa
pa--
lavras
lavras,, podem
podem ocasion
ocasionalmalmen
ente
te identifica
identificar-se
r-se cocom
m uma
uma daque
daquelas
las unidad
unidadeses
func
funcion
ionais
ais;; mais a miúdo,
iúdo, poré
porém m, med edeia
eiamm entre
entre os dois
dois ex
extre
trem
mos,
os, en
en--
carn
carnan
ando
do uma
uma ou mais noçõenoções s radic
radicais
ais co
comm uma
uma ou mais no,:õno,:õcs
cssu
subs
bsi-
i-
diárias.
Podem
odemosos tra
traze
zerr o mar a um co copo
po dádágugua,
a, dize
dizend
ndoo que
que os elelem
emenento
tos s
radi
radica
call e gram
gramat
atic
ical
al,, ab
abst
stra
raíd
ídos
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fala,, co
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ponddero ao mundo de conc onceitoitos da ciêiênncia
ia,, abstr
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ia,, e que a pala lav vra,
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arte. A senten
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palavras
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vai-se
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átic
icoo e o Iogi
Iogici
cist
staa são
são lev
levado
ados a pôr de partpartee
a palav
lavra e 8 estabelecer os pensamentos com o auxilio de símbolos que
têm, um a um, o mais rígido valor unitário.
).Ias _ objetar-se-á - a pal palavra nno é, popor acaso, também uma
abstr
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Alguns
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lingüistas
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assim interpr
interpreta
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do,, com
com efeito
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com muito
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discu
utívei
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as em mão.ão.
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verdad
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partic
icu
ulare
lares,
s, espe
especi
cial
alm
mente
ente em algualgummas
das
das língu
línguasas alta
altam
mente
ente sint
sintét
étic
icas
as da Améric éricaa abor
aboríg
ígin
ine,e, não
não é semsempre
pre
fácil
fácil dize
dizerr se um daddado o elem
elemento
ento da frase
frase deve
deve ser
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.••
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te, ou com
como parparte
te de um vo vocá
cábu
bulo
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maior.r. Ess
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casoss de tran-
tran-
siçiio,
siçiio, po
porr mais perple
perplexoxoss qu
quee no
noss deixe
deixemm em determ
determina inado
doss momomen
entos
tos,,
não
não enfra
enfraqu
quec
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em,, :lontu
:lontudo
do,, a dodout
utrin
rinaa da valid
validez
ez ps
psico
icoló
lógi
gica
ca da pala-
pala-
vra.
vra. A expe
experiê
riênc
ncia
ia lingü
lingüíst
ística
ica,, tanto
tanto atrav
através
és da susuaa fonu
fonuaa no norm
rmali
aliza
zada
da
e escrita
escrita ququant
anto
o da resulta
resultante
nte elo ususo o cotidian
cotidiano, o, indica
indica esmaga
esmagado doram
ramen entete
quee não
qu não há,
há, em regr
regraa gera
geral,
l, a menor
enor dificu
dificulda
ldade
de em focafocaliz
lizar
ar-s
-see .8 pal8
pal8~ ~
"ra na cons
consciê
ciênc
ncia
ia com
como rearealid
lidad
adee pspsico
icoló
lógi
gica
ca.. 1\ão
1\ão popode
de have
haverr prov
provaa
mai~ conv
convincincen
ente
te do ququee a seguin
seguinte:
te: o indio,~
indio,~ing
ingênu
ênuo o e comple
completam tamen ente
te
ocsp
ocsper
erce
cebi
bido
do do
do conc
conceit
eito
o da
da palav
palavrara escr
escrita
ita,, não
não tem aprs aprssrsr diss
dissoo difi~
difi~
culda
culdade
de séria
séria em ditaditarr um texto
texto a um inve investi
stiga
gado
dorr lingü
lingüíst
ístico
ico,, palav
palavra ra
por
por pala
palannnnõ prop
prop~n~ndc
dc,, natu
naturaralm
lmenente,
te, a ligá-
ligá-las
las entre
entre si, à manmaneira
eira da
enun
enuncia
ciação
ção oral, mas, se cham chamad ado o à pau
pausa e feitofeito com
compree
preendnder
er o que
dele
dele se preten
pretende,
de, isolará
isolará imedi
imediatam
atamen ente
te os vovocáb
cábulo
uloss com
como tais,
tais, repetin
repetin--
do-os
-os sso
ob a form
formaa de unidad idadeses.. Recu
ecusa-s
sa-se,
e, po
por outrotro lad
lado, a iso isolar
lar o
elem
elemento
ento radical
radical ou o gramgramatical,
atical, po
porqu
rque,e, alega,
alega, "não
"não faz sentido
sentido"9 "9..
Qual é, cntHcntHoo, o crité
critéri
rio
o obobje
jetiv
tivo
o da palav alavra
ra?? Quemuem falafala e qu quem em
ouve
ou ve têm o s('nt s('ntim
imcn cnto
to da palav
palavrara,, adm
admitam
itamosos;; mas comcomo justi
justific
ficar
ar tal
sentim
sentimen ento!
to! Sc a fun~ã
fun~ão o não é o critécritéri
rio
o últim
ltimo da pala palaHHa, qual ual é esse
esse
critério?
A pergunta é mais fácil do que a resposta. ta. O melho lhor será dize izer
.que
.que a palavpalavrara é o menor enor trcch
trccho o de signi
signiiic
iicaç
ação
ão,, plen
plenam
amenentc'
tc' sati
satisf
sfató
ató--
rio, ('fi qu
quee a scntcn
scntcnc,:a
c,:ase
se resolv
resolve.e. Núo
Núo pode
pode ser secion
secionadado o scm pertur-
pertur-
baç
bação
ão de sent sentid
ido.
o. fica
fican ndo sem
semprepre em nossnossasas mãos,
ãos, com
como frag
fragm mrnto
rntoss inú
inú-
teis,
teis, uma
uma ou outra
outra,, ou amba
ambas, s, das
das parte
partess cindi
cindidadas.
s. Na práti
práti('a
('a,, ('!'~
('!'~ee('ri.
('ri.
tério
tério semsem maiore
aioress prete
pretens
nsõeõess 'Pre
'Presta
sta mais servserviço
iço do qu quee se po podederia
ria su su--
por
por.. Num umaa sent
senten
ença
ça ingl
ingles
esaa com
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simplesmente im-
poss
possív ível
el agru
agrupa
parr os elem
elemen ento
toss em ou outr
tros
os ou menor enoreses vo
vocúcúbubuloloss do que
08 três indicad
indicados.os. Think [verbo
[verbo HpenHpensarsar"]
"] ou thinkable [adj. [adj. deriya
deriyado do
eom o suf. -able, porto porto Hávei"]
Hávei"] são isoláveis,
isoláveis, mas
mas comocomo nem un- [prefi~
xo negatiy
negatiyo),o), nem
nem -able [porto
[porto H.ável"],
H.ável"], nem nem is, un- apresenta
apresentam m alcance
alcance
satisfa
satisfatóri
tório,
o, temos
temos de de deixa
deixar r unthinkable com como um um todo
todo.. integ
integra ral,
l, obobrara
34 A L I NG
NG U A G EM
EM
de arte em min
miniatura. [Em porto a fra
frase teria outro teor, neste ~8SO es-
pecial; seria qualquer coisa como - l~ão se pode
pode pens
pensar
ar nist
nisto"
o"].
].
A impo
importân
rtância
cia do acento
acento no pape papell de unifica
unificação
ção do vocáb
vocábulouloéé óbvia
em cert
certosos exem
xemplos
plos inglê.'lcs como unth
unthininka
kabl
ble,
e, char
chara.
a.ct
cteri
erizi
zing
ng [porto
"caracterizantc"]. O longo longo vocá
vocábubulo
lo paiúte
paiúte que
que analis
analisam
amos
os,, traz o sinete
sinete
de rígi
rígidda unid
unidad
ade
e fon
fonétic
ética,
a, por várivárias
as razõ
razões
es entr
entre
e as qu&is
u&is prin
princi
cipa
pal-
l-
mente
ente o acen
acento
to na sua
sua se
segu
gundndaa sílab
sílaba
a (wií, "fac
"faca"
a")) e uma
uma reduç
reduçãoão ("en-
("en-
surd
surdec
ecim
imenento
to"
" para
para usar
usarmmos o term termoo fon
fonétic
ético
o técn
técnic
ico)
o) da vog vogal fina
finall
(-mii, plural
plural anim
animad
ado).
o).
Carac
aracter
teres
es com
como o acen
acento
to,, a cadê
cadêncncia,
ia, e o tratam
tratamen ento
to das
das cons
consoaoant
ntes
es
e voga
vogaisis no corp
corpo o de um vocá
vocáb bulo
ulo são
são-n
-noos, não
não raro
raro,, útil
útil aux
auxílio
ílio para
para
a dem
demarca
arcaçã
çãoo exter
externa
na das
das palay
palayrara~;
~; mas nãonão é lícito
lícito,, de maneir
aneira
a nenh
nenhu-
u-
ma, ver
ver aí, se
segu
gund
ndoo se faz
faz às veze
vezes,
s, os respo
respons nsáv
áveis
eis dire
diretotoss da exist
existên
ência
cia
psic
psico
ológi
lógica
ca delas
elas.. Quand
uando
o muito
uito,, fort
fortal
alec
ecem
em êles
êles um se sent
ntim
imenento
to de uni-
uni-
dade
dade,, que
que já esestá
tá pres
presen
ente
te em noss
nossoo es
espí
pírit
rito
o por
por outro
outross motivo
otivoss.
;mos
;mos
•Já .•• que
que a maior
aior unidad
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funciona
nall da fala,
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sentença,
a, tem como
como
a palav
palavra
ra exist
existên
ência
cia psico
psicoló
lógic
gica,
a, tanto
tanto quan
quanto to meram
eramen
ente
te lógi
lógica
ca ouou abs-
abs-
trat
trata.
a. Nem é a se
sent
nten
ença
ça de defi
defini
niçã
ção
o difíc
ifícil.
il. ~ a expexpress
ressão
ão lingüí
lingüíststic
ica
a
de uma
uma prop
propos
osiçã
ição.
o. Con
Conju
juga
ga um sujei
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to do disc
discur
urso
so ao que
que em refe
referê
rên-
n-
cia a ele se diz
diz.
"Suj
"Sujei
eito
to"
" e "pre
"pred dicad
icadoo" pod
podem estar
estar com
combin
binado
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numa só pala pala--
vra,
ra, como no lati latim
m dico; cada
cada um pode
pode seserr expr
expresesso
so sesepa
para
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ente,
com
como no equiva
equivalen
lente
te inglês
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ada um ou um deles eles pod
pode ter
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lific
lificat
ativ
ivos
os ,tai
,taiss que resu
result
ltem
em em prop
propoosiçõ
sições
es com
complex
plexas
as de muitauitass es
es--
péci
pécies
es.. Não impo
import rta
a o númnúmero
ero dess
desses
es elem
elemen
ento
toss qual
qualif
ific
icat
ativ
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os (pal
(pala-
a-
,Yra
,Yrass ou parte
partess func
funcioiona
nais
is de palav
palavra
ra)) que
que sã
sãoo as
assim
sim intro
introdu
duzid
zidas
as,, pois
pois
não tiram à senten
sentença
ça o se
sent
ntim
imen
ento
to de unid
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ade,
e, desd
desdee que
que de per
per si e em
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conjun
unto
to,, entr
entrem
em com
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contri
ribu
buiç
ição
ão para
ara a defi
defini
niçã
ção
o quer
quer do suje
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ito
do discu
discurso
rso,, quer
quer do âm
âmago
ago do predic
predicad
ado1
o1o.
o.
A sesen
ntenç
tençaa -- "O pref prefei
eitoto de Novaova York vai vai faze
fazerr uma alocalocu ução
ção
de boa.s
boa.s-vin
-vinda
dass em francês"
francês" é logo logo sentida
sentida comcomo afirm
afirmação
ação Wla, incapincapaz az
de redu
reduçãçãoo com
com transf
transfer erire
irem
m-se
-se certo
certoss de se seus
us elem
elemento
entos,s, na sua
sua formforma a
dada,
dada, para
para as senten~
senten~as as prec
precededen entes
tes ou seguinte
seguintes. s. As idéias
idéias auxiliare
auxiliaress "de
No
Nova York"ork",, "de
"de boas
boas-v -vin
inda
da,,,,"
" e "em
"em fran
francêcês"
s" pod
podem se serr supr
suprim imidida:
a::;
:;
sem prejud
prejudica
icarr o curso
curso idiom
idiomático
ático da senten
sentença.
ça. "O p
prd
rdei
eito
to vai faze
fazerr uma
uma
alocu
alocuçã
ção"
o" é uma
uma proppropos osiçã
içãoo perfe
perfeita
itammente
ente intel
intelig
igív
ível
el .Mas
.Mas não
não pode
podem mOfl
ir além
além ness
nessee proc
proces esso
so dede redu
reduçã ção.
o. Não podepodererem
mos dizer,
dizer, por
por exem
exempl plo,
o,
"Pre
"Prefe
feito
ito vai
vai fazc
fazcr"l
r"ll.
l. A se sent
nten
ençaça redu
reduzid
zida a reso
resolv
lve-
e-se
se natur
naturalm
almen
entete !tum
sujeit
jeito
o - "o pre prefefeit
ito
o" - e nu num pre predica
icado _ "vai faz fazer uma alo alocução".
É hábi
hábito
to dize
dizerr que
que o sujeito
sujeito es essesenc
ncial
ial de uma
uma tal se sent
nten
ença
ça é "pre
"prefe
feito
ito"" e
que
que o pred
predica
icado
do C&'lcnc 'lcncial
ialé "vai
"vai faze
fazer"
r",, ou mes esm
mo "vai
"vai",
", se
send
ndo o-lhe
-lhess
OS ELEMENTOS DA F ALA 35
t óbvio que há para cada língua um limite que não lhe é dado
transpor. Muitas, é certo, vão incrivelmente longe neste particular; IDaa
a história lingüística mostra conclusivamente que, mais cedo ou mai!i
tarde, as associações menos freqüentemente ocorrentes s:.10banida.~ em
proveito de outras mais vitais. Em outros termos, toda.~as línguas têm
uma tendência inerente à economia de expressão. Se essa tendência fosso
de todo inoperante, não haveria gramáti<.'A.O falo gramatical, aspecto
universal da linguagem, é apenas a manifestação do sentimento RemI
de que conceitos e relações análogas se exprimem, mais convenirntc.
36 AUNGUAGEM
mente, por meio de formas análogas. Uma Ilngua que, porventura, f•••.
se plenamente "gramatical", seria um engenho perfeito para a expressão
dos conceitos. Infelizmente, ou afortunadamente, nenhuma tem essa coe-
rência tirâniea. Todas as gramáticas vnzam.
Supusemos até agora que o material da linguagem s6 reílete "
mundo doe conceitos e, também no que c u me aventurei a chamar o pIn-
n.o "pre-racional", o mundo' das imagens, que são a matéria-prima do~
conceitos. Supusemos, em outros termos, que a li~guagem se move in.
wiramente no âmbito ideacioDal ou cognitivo.
: f J tempo de alargar este quadro.
O aspecto
volitivo da consciência é também, até certo ponto, expU.
citamente servido pela linguagem. Quase todas as Hnguas têm meios
especiais de exprimir as ordeIL'~ (nas formas irrtperativas do verbo, por
exemplo) e oe desejos inatingidos ou inatingíveis (lV ould he might come!
ou W01tld he were here!) [Tomara que ele venha!" qu, uQuem o dera
8.qui"].
As emoções, de maneira geral, parecem ter na linguagem um e..-'lCoa-
douro menos adequado. A emoção tende, aliás, prO\'erbialmente, para 8.
perda da voz. Contudo, quase todas se não todas as interjeições deyem ser
creditadas à expressão emocional, além de uma por~ão de elementos lin~
güisticos que traduzem certos modos, como MformM duhitativas ou po-
tenc~iais, talvez possíyci~ de interpretar como o refll~xo de estados emo--
cionai~ de hesitação ou dúvida, isto é, de um medo, atenuado.
De maneira geral, cumpre admitir quc a idea~iio reina suprema na
linguagem, c que a ,,"oliçio e II emoção entrsij1 como fatores nitidamente
secundários.
Isto, aliáB, é perfeitamente compreensivel.
O mundo da imagem e do conceito, a pintura infinita e cambiante
da realidade objetiva, é o assunto inevitável da eomunicaçáo humana,
pois é exclusivamente, ou pelo menos essencialmcntc, nos termos deste
mundo que é pO&~ívela ação efetiva. Desejo, intenção, emoção são uma
cor pe&'>Oslp rojetada sôbre o mundo objetivo; ~ií.o aplicação privativa
de cada alma individual e-,como tal, de somenos importância para uma
alma pr6xima.
Is.w não quer dizer que a \'oliÇ<lioC a. emo<;ão deixam de manifcs-
tar-se. Não estão a rigor jamai,'! ausentes da fala normal, mas a sua
úXprcss.~o não li de natureza propriamente lingüística. Os matizes de
ênfase, de tom, de fraseado, a variável r&pi<1ez.e continuidade de pro--
núncia, os movimentos do corpo que a acompanham, tudo isso. exterio.
rixa alguma ('oisa da vida Íntima dos impulsos e dos sentimcntosj mas,
como l::SSCS meios de expressão são, em última análise, mero.~ aspecto.~
modificados de enunciação instintiya que o homem partilha com O'l ani.
mais inferiores, não podem ser considerados parte integrante da lingua-
gem, na sua concepção essencialmente eultural, por mais inseparávei'i
qUE: sejam da vida atual dela. E tal expressão meramente inBtintÍVa, da
1. (O termo inglês u'ord foi aqui traduzido ora por l)alal'ra ora por v()(6bulo.]
:? Rt'l'rrmrcmO!l 115letra::! mniú:;culns para os Tauicais.
3. Estas palavras não t'Stão aqui usauns no seu IH'UtiJO et'ltritameute técnico.
8. Neste e noutros exempl05 tirados de Iinguas exóticas :rui forçado por con-
sidel'll.ções práticas a 9implificar as formas fonética:4 reais. Isto não terA. maior
importância, pois estamos tratando das formas como tais e nAo do scu conteúdo
fonético.
9. Esl.las experiências orni:l, que eu tenho tido mais de uma \'ez como estu-
dioso de campo da:o 1io~uas índias americanas, foram c1ll.rnmente confirmadas lJvr
experiências pt'!'soais de outra sorte. Por dua." Vézes (;C\!tineiint('ligt>nt('s jO\"t'TlSi.n-
dios a e!'crCVCi" suas própria.s Iinguas de acordo com o sistema fonético qu(' rou ('01'
prl'go. Aprenderam comi~o ap('tlas n r('prt'Sentar com pn'ci!t1i.o os sons fonéticO'!
considerado!'! em !li. Ambos tin'ralU cNta ~ificuldade em aprender a df'Compor o
\'ocúhulo nos 80ns constituintes, mll.!l não, absolutam •... nte, em determinar os vo.
l'ábuhs. bto amlX'R o fi1:•...
ram t'om ph'na e espontânea prl'Cisão_ Em c('ntt'nas de
I':í.g-inas de um texto manus('rito nutka que obtive de um desses rapazl'8, \'ocá.
().'I
fJUI,,!', quer fossem entidades abstratas relacionai!l como tique" e "mas", quer
fõ!'sem palavras proposicionais complexa." como o exemplo nutk3. supracitado, fo-
I:Uli, pmticamrontc 8('m exc('t;ão, i!l011ld08precisumente como 1"t: ou outro qualqucr
"ntendido o teria f('ito. T&.i~ •...xperii'ncias COIUpt"880as ingênuas, a falar e a ('5-
crever. concorrem mais para convcnce••-nos da unidade plasticamente delimitada da
palavra, do qu(' a~ lauda." dl' urna arg-umt'ntaçáo purame!lte te6ric&.
10. ' E ; duvidOllOque "sent('nças coordenadas", como "Ficarei mas você pode ir",
p088tUIl !ler eOm!ider3.das predicllç~ realmente unas, verdadeiras Bentenças. BiW
sentença" num sentido estilistieo que nA.o é o ponto de vista ling'Üilltico e estri-
40 A L IN G U A G EM
13. [Cabe uma análise dessas, mas !!emperfeita analogia, com tu! co.rrcspondf'[I.
tos pahwra.s portuguesas "temporal", "tormeutn" .e "borrasca.", sendo que a se-
gunda terá talvez, pela associação com o eabo das Tormentu e eom o episódio ea..
meniano do Adamastor, aquele "brilho Bunto" ressaltado em tcmpc,t.]
H. [Hun"oaM, porto "hracão", G empréstimo ao espanhol huracdn.)
3. Os Sons da Linguagem
ticulaçõcs dos órgãos da fala a que de início não habituamos 0 .< ; nO!i&O-">
órgãos. Pode-se, aliás, afirmar, sem receio, que o número total dos sons
vocais possíveis é muito superior ao que está prati('.lUnf'llte('m uso. Um
foneticista experimentado não teria, com eferto, dificuld:tde em inn't1tnl'
sons desconhecidos à investigação objetiva:
Um dos motivos que nos tornam árduo acreditar que a s,.;tte do.'i
sons possíveis da fala seja indefinidamente extensa, está em' 11('SSO há.
bito de conceber o som como impressão simples c inanalisável, em Vl!'7. de
aceitá.lo como a resultante de uma porçlw de articula<:&>smusculares,
distintas, que se realizam si!Uultâneamente. I...evemudança em uma des-
tas dá. nos novo som, relacionado com o antigo por causa da persistência
das demais articulações, mas acusticamente distinto, -tão sensível se tor-
nou o om'ido humano ao jogo cambiante do mecanismo da voz.
mobilidade da língua permite que um dos seus pontos, o ápice por exem-
plo, se articule de encontro a uma porção de pontos opostos de contacto.
Daí, decorrem muitas posições de articulação com que nno estamos fa-
miliarizados, como a posição dental típica do t e d em russo e italinno;
ou a posição ucerebraI" do sflnscrito e outros idiomas da índia, quando o
ápice da língua se articula contra o palato duro. Como não há solução
de continuidade da arcada dentária até a úvula e do ápice u raiz da lín-
gua, é e\;dente que todas as articulações em que este último órgão ful)-
eiona, constituem uma série orgânica (e acústica) continua. As posiçõcs
succdem.se gradativamente, mas cada idioma escolhe um número limi-
tado de posições claramente definidas, como características do seu si'l-
tema consonântico, fazendo abstração das intermediárias ou extremas.
lIuita.c; vezes há certa latitude na fixação da posição requerida. É o
que sucede, por exemplo, com o som inglês k que numa palavra como
kin [port. "parentesco"] se articula muito mais para a parte anterior da
boca do que em cool [porto ufresco"]. Psicologicamente, não chegamos a
tomar conhecimentodesta diferença, que fica sendo, portanto, meramen-
te mecânica, não-es..'JCncial.
Já outro idioma poderá dar à diferença, ou ~
outra pouco maior, um valor preciso, assim como o fazemos para a dis-
tinção de posiçõesentre o k de kin e o t de tin [port. llestanho").
A classifiea~ão orgânica dos SQnsda fala é coisa simples, depois
do que acabamosde ver quanto à sua produ~ão. Um som qualquer pod"
ser posto no seu devido lugar com a resposta apropriada a estas quatro
principais perguntas: - Qual a posição das. cordas glotais durante a
articulaçãoT A corrt'nte de ar passa apenas pela boca ou também se
escoa em parte pclo nariz' A corrente passa livremente na boca ou 8(,-
fre um impedimento qualquer, e, neste caso, ae que espécie' Quais os
pontoBprecisos da articulação na boea1 gssa classificação quádrupla.
H
vez como sistema aos homens em geral, pode muito mais facilmente ser
tra"ido para o campo da consciência, à maneira de um padrão" defini.
do, de um mecanismo. psicol6gico. Esse sistema fonético intimo, sobre-
carregado embora que esteja pelo que há a mais de mecânico e insig-
nificante, é um principio real e imensamente importante Da vida de uma
Hngua. Pode persistir como padrão, ineluindo o número, a relação e
o funcionamento dos elementos fonéticos, muito tempo depois de o seu
conteúdo fonético ter mudado. Duns línguas ou dialetos, historicamente
relacionados, podem não ter um som em comum, sem que 08 seus siste-
mas fonéticos ideais deixem de constituir um só padrão. Com isso, não
quero absolutamente dar a entender que um padrão desses seja imu.
tAvel. Pode reduzir, ampliar ou alterar a sua conformação funcional, mas
em marcha infinitamente menos rápida do que a dos sons propriamente
ditos.
Toda língua, por conseguinte, é caracterizada tanto pelo seu sis-
tema ideal de BOns e pelo seu padrão fonético de subsolo (sistema, di.
riamos nós, de átomos simbólicos) quanto por uma definida estrutura
gramatical. Ambas essas estruturas, a fonética e a conceptual, mos-
tram o sentimento instintivo da forma que há na linguagem.
Notas ao Capítulo 3
crito nope!), ou na pronúncia d.' at dl/. fcita (,O!II ('uidado t'x~.t'Sl'ih'r., onde sc OUW!
um:\ leve pausn {"ntre o t p o a.
6. [Ufll..se aliás, muit~'l H'Zl'S em lingüistica o t~rmo inC"l~s!itClnl; glottal dof'.}
i. L!':HI(! aqui "c:\lllar" rnt H'utido lalo. Xin~utõm poile t':\l1tnr imlf'finidn..
rol'nh' um l'Oln cúmo b ou d, m:'!.S ql~alquer pes.~oa ('OIh' t>mlllinr uma toada numa 'lé.
rie de bb ou dd. il rnant'ira do "pizzieato" arrancado aos iostrumrntoo dI' rorna.
52 A LINGUAGEM
Uma fI,~rie di) ton9 f>XecUtM08 50brl." consoantes continuas como m. ::, ou i, dá I)
efeito de um murmúrio, assobio ou zumbido. AliAs, o murmúrio nia ê mais do que
uma unsaJ continua sonora, mo.ntida numa s6 altura. ou de altura variável, con.
forme se deseje.
S. O eochicho da conversação comum é uma combinação de 1I0D8surdos ~
110m"coehieha.d06", nO sentido em que se toma. este termo em fonética.
14. Por "pontos de articulação" deve.sc t:J.mb~m entenuer a.! posiç3r:s lin-
guais e labiais da.! voga.is.
Incluindo.se, na quarta categoria, certo número de ajulltamcntos espe.
15.
dais de ressonância que não pudemos especificar.
16. Apenas na medida em que se trata de sons expiratórios, isto é, pronun-
ciados com a corrente de ar expelida dos pulmões. Certas lingutl.'l, como o hoten-
tote e o boximane da Africa do Bul, também U:m SOM iMpirat6ri08, pronunciadO<'!
com uma sucção de ar em vários pontO<'!de contaelo bucais. Sii.o os chamados cJi.
'lUI"'!l [aportuguesamento do inglês click).
tipo de X1nor c nnob, 0\1 por outros tipos de mutaç:ão yocAlica interna.
Certos verbo!'!sufixnm um cl~mcJlto t para o infinitivo, e. g., ten.eth lidar",
1teyo-th, "scr". Por outro lado, ns idéias pronominais, podem ser expres.
sas por yocábulo~ indcpcndcnt~s (c. g'l anoki, " eu"). por prefixos (c.
g. e.:z:m o" "eu guardarei"). por sufixos (c. g. :romar-ti, ueu guardei").
Em nass, HnRua India da Colúmbia Britânica, formam.se 08 plu~
rais por quatro rnétooOB distintos. A maior pu rte do.<;nomes (e dos ver.
boa) são r.oouplicados no plural, isto é, uma parte do radical se repete,
e. g. UVat, llpcssoa", gyigyat, Ugente". Já um segundo método está no
UBOde r.crtos prefixos C'aracterísticos. e. g., an'on, "mão", ka-an'on, "mãos";
wai "um remo", lu-wai, "vúrios remos". Outros plurais, ainda, se formam
por .meio de uma mutac;:iiointcrna de vogal, e. g., gwula "manto", gwila,
Umantos" .. Enfim, uma quarta classe de plurais é constitufda por nomes
que sufixam um elemento gramatical, e. g., u:aky, "irmão", wakykw,
u' -
1l1lla06 "•
Nilo importa que num caso como o do inglês goou - geese, foul
defile ["sujo" - "sujar"), sing - SQ"lg - sung possamos provar que
R C trat.a de processos histôricnmente distintosj que a altcrnância vocá.-
lica de sino e sang tenha precedido dc séculos, como tipo especffico de
processo gramatical, o proccsso aparentemente paralelo de goose e geese.
~ão é nl('nos verdade que hfL (ou houve) em inglês, na época em que
sc constitufram geese e formas análogas, uma tendência inerente a utilizar
a mudança de ,"ogal como método lingüfstico significativo. Sem o grupo
de tipos já existentes de alternância vocálica como sing - sang - sung,
é muito du\'idoso que as condições especiais que acarretaram a evolução
das formas geese, teeth, [plural de tooth, "dente"] saídas de goose, tooth,
tivessem tido a força de induzir o sentimento lingüistico natiyo a chegar
'a admitir como psicologicamente aceitáveis esses novos tipos de forma-
~ã.odo plural•.
he sings a song 01 praise (to him) ["ele canta um canto de louvor (em
honra de alguém)"). São, pois, indefinidamente nUJIlerosas as possibili.
dades teóricas de amoldar esses dois conceitos num grupo significativo
de conceitos, ou até num pensamento concluso. Nenhuma delas se reali-
zará. por certo em inglês, mas há muitas línguas em que é coisa habitual
o jogo de um desses processos de amplificação. S6 depende, portanto, do
gênio da língua a função que pode estar inerentemente pressuposta numa
dada seqüência de vocábulos.
uma vez que a relação entre 08 elementos também fiea preMUpoata e não
explicitamente estabelecida. Difere noutro sentido, porque 08 elemen~
tos componentes são compreendidos como partes constituintes de um
.organismo vocabular único. Línguas como o chinês e o inglês, em que.
o princípio da ordem rígida se acha bem desenvolvido, tendem não p?ucas
vezes a desenvolver palavras compostas. De urna seqüência vocabu.
lar chinesa do tipo jin tak, "homem virtude", i. e.,
l
i a virtude dos homens",
s6 há um passo para justaposições mais convencionais e psicologicamente
unificadas como t'ien tsz, "céu filho", i. C, "imperador", ou xui fu, uágua
homem'" i. c, f.carregador dágua". No último exemplo podemos até,
aliás, francamente escrever xui.fu numa só palav"ra, pois a significação
do composto, considerado em seu todo, é tão divergente dos valores eti.
mol6gicos exatos do..'Jelementos componentes quanto a do vocábulo inglês
typewriter [port. "dactilógrafo"] o é dos valores meramente combina-
dos de type e writer [respectivamente, fltipo de impressão" e uescritor"J.
Em inglês a unidade de typewriter é além disso assegurada por um
acento predominante na primeira s.Oabae pela possibilidade da adjunção
de sufixos à palavra em seu conjunto, como o s do plural; e o chinês
também unifica 08 scus compostos por meio da acentuação.
Era de esperar, por exemplo, que uma palavra nutka, como uquando,
segundo dizem, ele ficou ausente por quatro dias", contivesse pelo me-
nos três elementos radicais, correspondentes aos conceitos de "ausente",
I'quatro" e "dia". Ma..~,na realidade, qualquer palavra nutka é absoluta-
mente incapaz de composição, no' sentido que damos a este termo. Coml-
trói-se, invariavelmente, de um só radical e maior ou menor número
de sufixos, cuja significa~ão pode ser quase tüo conereta quanto a do
próprio radical. No exemplo particular que citamos, o radical dá a
idéia de "quatro", sendo as no~ões de "dia" e "ausente" expressas por
sufixos tão inseparáveis do núcleo da palavra quanto o é de sing ou hunt
O S P R OC ES SO S G R AM A TI CA IS 59
Ufazer uma fogueira", chewati, Ueu fiz uma fogueira"; :ruta, "perder'\
x1lunta-pi, un'ós perdemos" (um objeto).
"cabelo", plural izbelj G-slem, "peixe", plural i-slim-en.; sn, "saber", sen
"estar sabendo"j nni, "cansar", rumni, "estar cansado"j ttss20 , "adorme-
cer", ttoss "dormir". Dc analogia impressionante com as altcrnâhcias in-
glêsas e gregas do tipo sing-sang e leipo, "deixo", leloipa "deixei", são
em somali os éaaos de ai, "sou", il, "era"; i.dah-a, "digo", i-di, "dizia",
l
l
deh, "dize!"
A mutação vocálica é também de grande significação em certo nú-
mero 4e línguas índias americanas. No grupo athabáskan muitos verbos
mudam a qualidade ou a quantidade da .••. ogal do radical ao mudar, de
tempo ou' de modo. O verbo návaho correspondente a "ponho (grão)
numa vasilha" é bi-hi-x-dja, em que dja é o radicalj o tempo pretérito
bi-hi-dja', tem um a longo seguido da "oclusão glotal"U; o futuro é bi.h-
de-:r-dji com a mudança completa da vogal. Em outros tipos de verbos
návaho, as mutações ,"ocáBcM seguem linhas diferentes, e. g., yah-a-ni-ye
"carregais (um fardo) para (uma cavalariça)"j pretérito yaJt-i-ni-yin
(com i longo em yin, sendo o n aqui usado para. indicar nasalação) j fu-
turo, yah-a-di-yehl (com e longo). Em outra língua" índia, o yokuts as U
,
o .••.
erbo engtyim Hdormir forma o continuativo ingetym-ad, Uestal' dor-
t
l
línguas funções que não parecem ter a menor relação com a idéia de
aumento.
Talvez os exemplos mais conhecidos sejam os da reduplicação ini-
cial das nossas antigas lingus8 indo-européiss, que auxilia a formação do
pretérito de muitos verbos (e. g. sânscrito dadar-xa, ''''i'', grego leilopa
"deixei"; latim, tetigi, '1.oquei", g6tico Zelo', uconcedi"). Em nutka em~
prega.se não raro a reduplicação do elemento radical em ~iação com
certos sufixos; e. g. hluch-, ''1nulher'', forma hluhlucb,-'ituhl, "sonhar com
uma mulher", hluhluch-k'ok 'ÍJareeido com uma mulher". Exemplos psi-
cologicamente semelhantes ao grego e ao latim são, em takelma, muitos
casos de verbos que exibem duas formas do radical, uma usada no pl'&-
sente e no pretérito, a outra no futuro e em certos modos e derivados
verbais. A primeirà tem uma reduplicação final, que não figura na se-
gundaj e. g. al--yebeb-i'n 'mostro-Ihe (ou mostrei-lhe)'" al-yeb-in, f'mos-
trar-lhe-ei".
Chegamos agora ao mais sutil dos processos gramaticais: variações
de acentuação, quer na intensidade, quer na altura.
A principal dificuldade em isolar o acento como proc~~ funcio-
nal está em que ele se acha muitas vezes tão combinado com ~lternâncias
de quantidade ou qualidade vocálica, ou tão complicado pela presença
de afixos que o seu valor gramatical aparece sob aspecto mais seeundá~
rio"do que primordial.
Em grego, por exemplo, é um característico das fonnas verbais re-
cuarem o ac~nto o mais longe possível, dentro das regras prosódicas ge-
rais, enquanto os nomes apresentam maior liberdade de acentuação. Há,
assim, uma importante diferença de acento entre uma forma verbal como
eluthemen, "fomos libertados", acentuado na penúltima silaba, e o seu
derivado principal lutheis, "libertado", acentuado na última. A presença
dos elementosverbais típicos c- e ~men, no primeiro caso, e do s nominal,
no segundo, concorre para obumbrar o valor inerente da alternância de
acentos. Es,<revalor ressalta nItidamente em formas duplas inglesas como
to ref'Und (verbo, oxítono) e a ref'Und (nome, paroxítono), to extract
c an extract, to come down e a come down,' to lack luster e lack-luster
eyes; em que a diferença entre o verbo e o nome só depende da mudan
ça de acentuação (É o que anàlogemente se verifica em português entre
a 1.' pessoa singular do indicativo presente e o Domedeverbal correlato,
de, por exemplo, "(eu) reverbero", paroxítono, e U(o) revérbero", propa.
roxítono, "(ele) iaLrica", paroxítono, e "(a) fábrica", proparoxítono, etc.].
Nas línguas athabáskan, há não raro sigJ\ificativas alternâncias de acen-
to como em návaho ta-di-gis, u v6s vos lavais" (acentuado na segunda sí-
laba) e ta-di-gi3. uêle se la\'a" (acentuado na primeira)u.
O acento de altura pode desempenhar função tão importante quan.
to o de intensidade e talvez a desempenhe mais a mi6do. O simples fato,
entretanto, de serem as variações de altura essenciais na fonética de
uma Ungua, como em chinês (e. g. feng, "vento" com tom nivelado, [eng,
"servir" com tom decrescente) ou em grego clássico (e. g, lab.on, "ten-
do tomado", com tom simples ou alto no sufixo de particípio -01tj gtt1uzik-
01t, "de mulheres", com um tom circunflexo ou d"'l'escente no sufixo
casual -on) não constitui por si SÓ, neeessariamente, uma aplicação da
OS PROCESSOS GRAMATICAIS
9. Que inclui Hnguas como o návaho, apache, hupa., carner (nome inglês, porto
"carn'gador"], chipew:ran, lO1óCheu.r [nome franci;s].
10. bso poderá surpreender o leitor inglês. Em regra consideramos o tempo uma
funt;:llo que se exprimo apropriadamente de maneira toda formal. Tal noçlio deriva.
fie do pendor que o estudo da gramática latina n08 deu. Na realidade, o futuro in.
glês (l shall gol não se expressa absolutamente 'por um afixo; demai£l, pude ser ex.
presso pelo presente, como em - to.morrow 1 lea~'~ th" pla.ee [l<amanhA.deixo eate
lugar"], onde a função temporal é inerente ao advérbio to.morrow [porto "amanhi."].
Em menor grau embora, o hupa .te é tlio írrelf".ante ao vocábulo verbal propriamente
dito, quanto "amanhã" ao n~::lO"scntimento" de I leave [porto fldeixo"].
11. Dialeto wishram.
12. :r\n r("uliclad(" him (forma masculina. ao pa..~soque ~it é neutro); mas .,
chinuk, como o latim e o francês, p08sui gênero gramatical. Pode-se tratar um
ohjcto de "he" [de], "shc" [ela} ou "it" [gênero neutro] de acordo com a forma
característica do nome que o dl'Signa.
13. Esta análise {, inscb"Ura. £ : : pro,"ávcl que o .n. possua uma função, ainda
por d('Slindar. As língua.'" algonkin são de uma eomplt"xidadt" fora do comum e apre.
"'l"utnmmuitos problema!! de detalhe ainda não r("solvidos.
70 A L IN G U A G E M
14. "Radieo.iI locundlÚ'iOl" '-Ao elementOll que 1 1 1 1 0 IUf1%OI do ponto' doe "lata
formal, nunca figurando .em o suporte de um v(lrdadeiro radical, mu cuja. funç!o,
qualquer que seja. o teu iDtento ou prop6eito, , tio CODcret&quanto •. do pr6prio
radieaI. Radicai. verbaia .eeundlriOl desae tipo elo earacterÚlticu du l1Dguu aI.
gonkin e do yana.
15. Nas 11pguaa algonkin, todu as pesaOllA I' coilu .10 conheeid•.• como
nnimndlUl ou inaniml1das, da me!m3. lorte que em latim ou alcmlo 110 ('onoohidu
romo DlR!lculinas, :femininas ou neutl'U.
16. [Traduziu.se por "curandeiro" a Iocuçlo medicinc.mon, que a eseola antro-
pológica inglesa de TyIo!' e Fruer vulgarizaram e que os autores franceses (Lel)"
Brühl, por ext'mplo) transpõem literalmente para homme.médiciM.)
17. Dialeto egípcio.
18.lU. também mudanças de acento e quantidade vodJiea nestas formu,
mas as exigências da simplificação impõem.nos desprezA..lns.
19. Lingua. bcrbere de Marrocos.
20. Algumas Hnguas berberes admitem combinações cOD.l!lonantais,que, a n6s
':nltros, parecem impronunei6.vei8.
21. Uma das linguas haml:ticas da Africa oriental.
22. Ver pflg" 56.
23. Falado no ~eDtro meridional da Califórnia.
24. Ver pig. 51.
25. Esaas grafias elo apenas aproximaçliea grosseiraa de ecrtC18 lI01UIeimpk!8.
apenas falando dele i e, além disso, que ele não está matando a ave, mas
recebendo uma ordem minha neste sentido. A relação subjetiva que ha.
,\;8 na primeira sentença, tornou.se uma relação vocatiV8j e a 8tÍ\'i-
dade passa a ser concebida em termos imperativos e não indicativos.
Concluímos, 'portanto, que se o lavrador deve scr apenas uma pes-
soa de quem se fala, o artigo tem de voltar ao seu lugar e o -$ não deve
ser Bupresso.. Este último elemento claramente define, ou antes, auxilia
a definir uma sentença enuneiativa em contraste com uma ordem.
Verifico, além disso, que, se quiser falar de vários lavradores, núo
poderei dizer - the farmers kills lhe duckling, mas sim _ the fanners
kill the duckling. Evidentemente, pois, o -$ pressupõe a singularidade
do sujeito. Se o nome é singular, o verbo tem uma forma que lhe corres-
ponde, e tem outra, se o nome é pluraP. A comparação com fonnas
como I kill [I.> pessoa do singular] e you kill [2.' pessoa do plural] mos-
tra, a mais, que o - s tem exclusiva referência a uma pessoa outra que
não aquela que fala ou "aquela com que se fala. Concluímos, pois, que
conota aí uma relação pessoal, ao mesmo tempo que uma noção de sino
gularidade. E a comparação com uma frase como - The farmer killed
{pretéritoj porto "matou"] the duckli.ng indica haver ainda neste sobre4
carregadissimo - s a designação nítida do tempo presente.
O caráter indicativo da sentença e a referência de pessoa podem ser
considerados conceitos inerentes de relação. O número é evidentemente
sentido pelos que falam inglês como uma relação necessária, pois, do con-
trário não hayeria razão para exprimir-se duas vezes o conceito _ uma
vez no nome, outra vez no verbo. O tempo também é claramentCl senti-
do como conceito de relaçãoj se o não fosse, poder-sc-ia dizer lhe farmer
killed-s para corresponder a - the farmer kills.
Dos quatro conceitos inextricavelmente entrelaçados no sufixo o s ,
todos são sentidos, pois, como conceitos de relação, sendo que dois t~m
o caráter de relação necessária. A distinção entre um verdadeiro con-
ceito de relação e um que é apenas sentido e tratado como tal, sem que
seja parte intrínseca da natureza das coisas, merecerá maior aten~iio
. nossa daqui a um momento.
I. Ccm.ceilol Concretos:
1. Primeiro sujeito do discurso: farmer.
2: Segundo sujeito do discurso: duckling.
3. Atividade: kil!.
Referência:
1. Referência definida quanto ao primeiro sujeito do discur-
so: expresso pelo primeiro the, que tem posição prepositiva.
2. Referência definida quanto ao segundo sujeito do discur~
80: expresso pelo segundo the, que tem posi~ão prepositiva.
Modalidade:
3. Declarativa: expressa pela seqüência de suj~ito mais verbo;
e pressuposta pelo .$ sufixado.
Relações pessoais:
4. Subjetividade de farmer: expressa pela anteposição de far-
mer a kills e pelo .s sufixado.
5. Objetividade de duckling: expressa pela posp08içiio de duc-
kling a kills.
Número:
6. Singularidade do primeiro sujeito dt! discurso: expresso pela
ausência de sufixo de plural em farmer; e pelo sufixo .$ no
verbo seguinte.
7. Singularidade do segundo sujeito do discurso: expresso pela
ausência do sufixo do plural em duckling. ,
.
76 A LINGUAGEM
Tempo:
alguns deles podem ser postos de lado; e que outros conceitos, que não
forani leyados em consideração na construção inglesa, podem passar a
ser tratados como absolutamente indispensáveia à inteligibilidade da pro-
posição.
Na sentença chin ••• - Man kiU duck, que 'pode ser 'considerada equi-
,'alente prático de TIt. man kilZ, flt. duck, não hã, para a consei@ncia
chinesa, a sensação de infantilidade, hesitação e deficiência, que experi.
mentamos diante da correspondente tradução literal. Cada um dos tr@s
conceitos.concretos, - dois seres e uma ação -, 6 diretamente expresso
por um -vocábulo monossilábico, que é ao mesmo tempo um mera radical;
os dois conceitos de relação, - sujeito e objeto -, são' unicamente ex.
pressos pela posição das .palavras que designam os seres antes e depoiog
da palavra' que designa a ação, E é tudo. Noção de defiuido ou indefi.
nido, número, personalidade como aspecto inerente do verbo e tempo, sem
falar em gênero, - tudo isto não recebe expressão na sentença chinesa,
que, não obstante, é uma comunicação verbal perfeitamente adequada,
desde que haja, bem entendido, aquele contexto, aquele fundo de qua-
dró de compreensão mútua, essencial à completa inteligibilidáde da lin-
guagem. Nem esta ressalva prejudica o argumento, pois também na sen-
ten~a inglesa deixamos sem expressão grande número de idéias, das quais
umas estão implicit&lr.cnte~ccitas, e outras foram desenvolvidas, ou vão
sê-lo, no curso da conversação. Nada se disse, por exemplo, nas senten-
ças ingllsa, 'alemã, yana e chinesa, a respeito das relações de lugar en-
tre o lavrador, o pato e das dos interlocutores.~om eles ou entre si. Será
que o lavrador e o pato estão ambos, ou está um .ou outro, fora da vista
da pessoa que fala, ou dentro de âmbito visual dela ou de quem ouve, ou
ainda são vistos de um terceiro ponto de referência "acolá'" Em outros
termos, parafra.seando-se grosseiramente certas idéias "demonstrativas"
latentes, esse lavrador (invisivel para nós, mas posto atrás de uma
porta não longe de mim, estandó tu sentado acolá fora 'de alcance) mata
aquele pato (que te pertence)! ou aquele lavrador (que vive na ,tua
vizinhança e que estamos vendo acolá) mata aquele pato (que lhe per~
tence) I Esse tipo de frase elabOradamente demoUBtrativo é estranho à
nossa maneira de pensar, 'mas 'pareceria naturalíssimo, quiçá inevitável,
a um índio kwakiut!,
Entretanto, tudo isso, e mais ainda, acontece em latim. 11Ia alba te.
mina quae venit e illi albi homin.es qui veniunt, traduzidos conceptual.
mente, correspondem ao seguinte: aquêle - um - feminino - agente'
- um - feminino - branco - agente feminino - fazer _ um - mu.
l1ter que - um - feminino - agente outro 8 - um _ agora _ vir
fi. e. cada palavra latina desdobra-se num nome radical somado a con-
ceitos de unidade, feminino, agente, atualidade, 3.• pessoa, etc.] j e aquele
- muito - m~ulino - agente muito - masculino - branco _ agen-
te masculino - fazer - muito - homem que _ muito _ masculino _
agente outro - muito - agora - vir [i. e. cada pala\'ra latina desdo-
bra-se num nome radical somado aos conceitos de masculino, de plurali.
dade, agente, atualidade, 3.• pessoa]. Cada yocábulo implica nada menos
do que quatro conceito.~:um conceito radical (quer concreto propriamen-
te dito - branco, homem, mulher, vir, quer demonstrativo.- aquele,
que) e três conceitos relacionais tirados das categorias do caso, número,
gênero, pessoa e tempo. Logicamente, apenas o caso' (relação de mulher
ou homem com o verbo seguinte, de que com o seu antecedente, de aquêle
e branco com mulher e homens e de que com vir) exige imperativamen-
te expressão, e isso apenas em conexão com os conceitos diretamente atin-
gidos (não há, por exemplo, necessidade de informar que a brancura é
uma brancura de agente)1°. Dos outros conceitos relaeionais alguns são
A \ v I./> clt.:r juJzv> ~l 'I.c ...•..
os C O N C EI TO S G R A M A TI CA IS 81
Mve, llter"), distinção que, por sua vez, poderá ter cessado numa deter.
minada fase vindoura da Ungua l
i,
de des
destrui
truir.
r. Todo
Todo dogm
dogmaa, rigi
rigida
dam
mente
ente pre
prescri
scrito
to pela
pela trad
tradiição,
ção, ret
ret '\S .- s e
em forma
rmalismo. As categorias lingüísticas constituem um sistema de
dogm
dogmasas rema
remane
nesc
sceentes
ntes - os dog
dogma
mass do Inc
Inconsc
onscie
ient
ntee. Como
Como conc
conceeitos
itos,,
são, muitas vezes, apenas semi.rea
reaisj a sua vida tende a .deperecer no
sentido da forma
rma por amor à for
forma.
Há. ainda uma terceira causa para explicar a forma que não tem
sign
signif
ific
icaç
ação
ão,, ou,
ou, ante
antes,
s, as dife
difere
renç
nças
as de form
formaa que
que não
não têm
têm sign
signif
ific
icaç
ação
ão..
~ o traba
trabalh
lho
o mecâ
mecâninico
co dos
dos proc
proces
esso
soss foné
fonéti
tico
coss que
que pode
pode dete
determ
rmininar
ar
dist
distin
inçções
ões form
formaais onde
onde não
não há,
há, e nunc
nuncaa houv
houve,e, dist
distin
inçções
ões func
funciionai
onaiss.
Muit
Muitas
as das
das irre
irregu
gula
lari
rida
dade
dess e comp
comple
lexi
xida
dade
dess form
formaiaiss dos
dos noss
nossos
os sist
sistem
emasas
de decl
declin
inaç
ação
ão e conj
conjugugaç
ação
ão são
são devi
devida
dass a esse
esse proc
proces
esso
so..
O plu rall de hat é hats, o plura
plura lurall de seI! é selves. No primeiro
primeiro cacaso,
so,
temo
temoss um simpsimple less legí
legíti
timo
mo .8 a simbolizar o pluralj no segundo caso,
terno
ernoss um z comcombina
binadodo com uma uma muda
mudanç nça,
a, no radiradical, de f pa
cal, para v. Não
temos
emos,, port
portaanto,
nto, aquiaqui o caso
caso de umauma conve
onverg
rgên
ênccia de formformas
as que
que orig
origi-
i-
nariamente exprimiam conceitos nIti Itidamente distintos, - como vimos
que
que deve
deve ter
ter suc
sucedi
edido com as form formas
as para
parale
lela
lass drove e wor
workked -, mas
um desd
desdob
obra
rame
ment nto
o mera
meramementntee mecâ
mecâninico
co 'do
'do mesm
mesmo o elem
elemenento
to form
formal
al sem
sem
o corre
corresp
spon
ondede~t
~tee dese
dese'nv
'nvololvi
vime
ment
nto
o de um novo novo conc
concei
eito
to..
Esse
Esse tipo
tipo de evolu
evolu~ã
~ão
o das
das form
formas
as,, por
por cons
conseg
egui
uint
nte,
e, send
sendoo embo
embora
ra de
máxim
áximo o inte
nteress
ressee para
para a hist
histór
ória
ia gera
gerall da líng
língua
ua,, está
stá à marg
margeem do DOS-
00 es
escopo
copo atua
atual,
l, qual
qual o de compr
ompreeender
nder a natu
nature
reza
za dos
dos conc
conceeitos
itos gra
grama.
ma.
tic
ticais
ais e a sua
sua tend
tendêência
ncia em deg
degee~era
~erarr em ficfichas
has pura
pura~e
~ent
ntee form
formaais.
is.
Esta
Estamo
moss agor
agoraa em con
condi
diçções
ões de reve
reverr a noss
nossaa prim
primeeira
ira class
lassif
ific
icaa.
ção dos conceitos totais como se exprimem na linguagem e sugerir o
esquem
esquemaa seguin
seguinte:
te:
r. Conc
Concei
eito
toss (con
(concr
cret
etos
os)) fund
fundame
ament aiss (tai
ntai (taiss como
omo obje
objeto
tos,
s, açõe
ações,
s,
qual
qualid
idad
ades
es)) : nor
normamalm
lmen
ente
te expr
expres
esso
soss por
por vocá
vocábu
bulo
loss inde
indepe
pend
nden
ente
tess ou ele.
ele.
mentos
mentos radic~
radic~ais
aisjj não implic
implicam,
am, como
como tais.,
tais., relac:
relac:õcs
õcs H.
lI. Conce
Conceito
itoss de derivaç
derivaç.iio (me
.iio (meno
noss conc
oncreto
retos,
s, em regr
regraa, do que
que 08
do n.9 I e ma
mais do que 08 do n.9 III)
III) : norm
normal
alme
ment
ntee expr
expres
esso
soss pela
pela afix
afixa-
a-
ção
ção de eleme
element
ntos
os não.
não. radi
radica
cais
is aos
aos eleme
element
ntos
os radi
radica
cais
is ou por
por uma
uma modi
modifi
fi..
cação interna destes últimosj diferem rem do tipo I porque definem idéiaR
que
que não
não inte
intere
ress
ssaam ao pens
pensam
amen
ento
to de conj
conjun
untoto da'
da' prop
propos
osiição,
ção, mas
mas dão
dão
ao radi
radiccal um incincreme
rement
nto
o espe
specia
cial de sign
signif
ific
icaação e se acha
acham m ine
inerent
rentee-
ment
mentee asso
associ
ciad
ados
os de modo
modo espe
especi
cifi
fico
co com
com os conc
concei
eito
toss do tipo
tipo I 15.
lI!. Concei
Conceitostos com:re
com:retos
tos de relaç ão (ain
relação (ainda
da mais
mais abst
abstra
rato
tos;
s; cont
contud udo,
o,
não
não inte
inteiriraament
mentee des desprov
proviidos
dos de qualq qualqueuerr cois
coisaa de conc
concre
retto):
o): norm
normaal.
ment
mentee expr
expres esso
soss por
por afix
afixaç
ação
ão de elem elemenento
toss não-
não-ra
radidica
cais
is aos
aos radi
radica
cais
is,, mas
mas
gera
geralm
lmen
ente te mais
mais afas
afasta
tado
doss dest
desteses últi
último
moss do que que suce
sucedede com
com os elemelemenen~~
tos
tos do tipotipo lI,lI, ou porpor modi
modifificcac:ã
ac:ãoo int
inter
ernana dos
dos radi
radiccais;
ais; dife
difere
remm fund
funda-
a-
ment
mentalalme
ment ntee do tipo
tipo lI,
lI, porq
porque
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indica
cam
m ou impliimplicacam
m rela
relac;
c;:ã
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trans-
s-
cend
cendem
em ~o vocá vocábubulo
lo part
partic
icul
ular
ar a que que estã
estão o imed
imediaiata
tame
mentntee liga
ligado
dos,
s,-- assi
assim
m
serv
servin
indo
do de pass passag
agem
em para
para os seg segui
uint
ntes
es::
IV. Com:e
om:eit
itos
os puro
puross de rel ação (pur
relação (puraament
mentee abstr
bstraatos)
tos):: norm
normaal~
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tais conc
concei
eito
toss se apr
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esen
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freqüe
üent
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entete entr
entre-
e-
84 A UNGUAGEM
laça
laçado
doss com
com oa do tipo
tipo IH),
IH), ou porpor modi
modifi
ficcação
ção inte
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rna,
a, por
por vocá
vocábu
bulo
loss
inde
indepe
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nden
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s, por
por posi
posiçã
çãoj
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inam
am-s
-see a rela
relaci
cion
onar
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entree si os elem
elemen
en--
tos
tos conc
concre
reto
toss da prop
propososiç
ição
ão,, dand
dando-
o-lh
lhee form
formaa sint
sintát
átic
icaa defi
defini
nida
da..
A natu
nature
rezza dess
dessas
as qua
quatro
tro class
lasses
es de conc
conceeitos
itos,, no que
que se
se refere ao
seu valor concret
reto ou à sua faculdade de exprim rimir relações sintátieM,
pode simbolizar-se da seguinte maneira:
I. Conc
Concei
eito
toss Fund
Fundam
amen
enta
tais
is..
Conteúdo Material ..... {
lI.
lI. Conc
Concei
eito
toss de Deri
Deriva
vaçã
ção.
o.
Relação {m . Conc
Concei
I V. Conc
Concei
eito
eito
toss Conc
Concre
toss Puro
reto
toss de Rela
Puross de Rela
Rela~ã
Relaçã
~ão.
o.
ção.
o.
Os conc
concei
eito
toss da clas
classe
se I são
são esse
essenc
ncia
iais
is a qual
qualqu
quer
er líng
língua
ua,, e bem assim
assim
os da clas
classe
se IV.
IV. Os con
conce
ceit
itos
os 11 'e 111 são
são comu
comuns
ns mas
mas não
não esse
essenc
ncia
iais
is;; es-
es-
pecialmente o grupo 111, que representa, com efeito,' uma confusão psiccr
lógica e formal dos tipos H e IV ou doa ti tipos I e IV,
IV, é uma classe dia-
pe~vel de conceitos, Logicamente, há um abismo intrans.ponível entre os
n,OSI
n,OSI e IV,IV, mas
mas o gêni
gênio
o ilóg
ilógic
ico,
o, metaetafóri
fórico
co da ling
linguauage
gem
m já tem
tem sem
sem
esfô
esfôrç
rço
o cobe
cobert
rto
o êsse
êsse abi
abism
smoo e esta
estabe
beleleci
cido
do uma
uma gama
gama contcontín
ínua
ua de conc
concei
ei--
tos
tos e fonna
fonnas,
s, que
que nos condu
conduzz impe
imperc rcep
epti
tive
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lmen
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mais
crua
cruass ("ca
("casa
sa"" ou "Joã
"João
o Smit
Smith"
h")) às rela
relaçõ
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mais sutis
sutis..
part
partic
:t:; icul
ular
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ment
ntee dign
dignoo de nota
nota que
que a pala
palavr
vraa inde
indepe
pend
nden
ente
te inan
inanal
ali-
i-
&Ave
&Avellpert
perteence
nce na maio
maiori
riaa dos
dos caso
casoss ao grup
grupo
o I ou ao grup
grupo
o IV,
IV, e muit
muitoo
menos a miúdo aos grupos 11 e III.
É possível a um conceito concreto, representado por um vocábulo
simp
simplles,
es, perd
perder
er inte
inteir
iram
amen
ente
te a sua sua sign
signiifica
ficaçã
çãoo mate ateria
rial e pass
passaar dire
dire..
tame
tament
ntee ao âmbâmbit
ito
o rela
relaci
cion
onal
al sem
sem perde
perderr conc
concomomititan
ante
teme
mentntee a sua
sua inde
inde--
pendência vocabular. : t : ; o que
que suce
sucede
de,, por
por exeexemplo
mplo,, em chi chinês
nês e cambod
mbod--
jiano quando o verbo "dar" é usa usado
do em sent sentid
ido
o abstr
bstrat
ato
o comcomo sim
simples
ples
símb
símbol
oloo da rela
relaçã
çãoo "obj
"objet
etiv
ivaa indi
indire
reta
ta"" (e,
(e, g.,
g., camb
cambododjijian
ano
o l'Nós fizemos
hist
histór
óriia esta
sta dar
dar toda
toda aque
aquelala pess
pessoa
oa queque tem filhfilho"
o",, i. e.,
e., "Fi
"Fizemo
zemos.s. est
estaa
história para toqos os que têm filhos"). '
Há tamb
tambéém, é cla
claro,
ro, não
não pouc
poucos
os casos
sos de tra
transiç
nsiçãão entr
entree os gruP
gruPQ
Q:!l
:!l
I e II e lU
lU, bem com
como, já um tanto fora do âmbito dos radicais, entre
oa gr
grupos II e IH.
Na realidade, não conseguimos trazer para nossa lfngua o valor ine.-
rente do vocábulo nutka, que parece flutuar eot.re Ifthe hOU8e~firelets" e
{tthe howe-{ire-stt.'eral-small".
O que, porém, mais que tudo, impede Qualquer possibilidade de com-
pnrst:iio entre o -8 inglês de hOUJe.{irelets (ou do porto lumezinhos] e o
several.small do vocábulo nut1(B, é o seguinte: em nutks, nem o plural
nem o afixo diminutivo correspondem ou se referem a outras partes da
sentença. Em inglês, the house-firelets "bum", e não Ifburns" (como
em porto "ardem" e não, uSl'de em nutka, verbo, adjetivo, ou qualquer
t
l
);
outro elemento da sentença nada tem que ver com o caráter plural ou
diminutivo do lume. Por isso, embora o nutka reconheça uma d e m s T C 8 -
ção entre conceitos concretos e menos concretos no grupo lI, os menos
concretos não transcendem do grupo conduzindo-nos à atmosfera mais
abstrata a que nos transporta o nosso -8 do plural:
.Mas com tudo isso, objetará o leitor, já é alguma coisa que o afixo
de plural nutka se coloque à parte dos afixos mais concrctosj e acres-
cendo que talvez o diminutivo nutka tenha um conteúdo mais esgarçado
e fugidio do que o inglês -let ou ~ling ou o alemão -chen ou _lein20•
Posto isto, será. que um conceito como o da pluralidade poderá ja.
mais ser classificado entre os conceitos mais materiais do grupo In
Sem dúvida que pode.
Em yana, a terceira pessoa do verbo não faz distinção entre o sin-
gular e o plural. Não obstante, o eonceito do plúral pode ser expresso,
e quase sempre o é, pela sufixação de um elemento (-ba) ao radical do
verbo. 1t burn8 in the east [east, Uleste"] traduz-se pelo verbo ya--hau..81"21,
flburn-east-s" [i. e., o radical verbal + leste + a desinência da 3.' pessoa.].
"They bum. in the east" [sujo pl. they, "êles"] êya.ba-hau..si Note-se que
l
soa são pos.síveis ("n\Í.3", por cxem"plo, concebido como o plural de lIeu",
ou tão distinto de lleu" ('orno de "vós" e de "ele'" - ambas as atitudes
transparecem nas linguas, - além disso, quando é que "n6s" inclui
a pessoa com que eu falo ou a exclui? _ forrn.RQ "in()lu.a.ivc," •••up:J:l'lm~i_
va"); qual é o plano geral de orientação, nas chamadas categorias de-
monstrativas ("este" e "aquele" numa infindável procissão de yarian-
'tes)Z'; quão a miúdo a forma lingüística exprime a fonte e a natureza. de
informação em que se fundarnf':nta a pessoa que fala (por experiência
própria, por ouvir dizor 28, por interferência) j como se exprimem no
nornA rP.laCÓf'.q
JUI eintáticas (subjetivo e objetivo; agentivo, instrumen-
tal e de pessoa interessaaa j vários tipos de genitivo e relações indire-
2t
enunciação de uma atividade executada por uma pessoa (ou coisa) QU6
não por mim ou por ti. J á não sucede o mesmo com um vocábulo como
o inglês act. Act bóia sem governo na sintaxe, enquanto não definimos
a sua situação na proposição - uma coisa em "they act abominably"
["procedem abominavelmente"] e outr8 muito diversa em that was a kin-
dly act I"isso foi um procedimento gentil"]. A sentença latina fala-nos
através da segurança individual de .seu.<Jmembros; o vOCábulo inglês ne-
cessita o auxílio imediato dos seus companheiros. Isso de maneira apro-
ximada, bem entendido.
Dizer, contudo, que uma estrutura vocabular suficientemente elabo-
rada compensa a falta de métodos sintáticos externos é estabelecer uma
perigoSa petição de princípio. O s elementos do vocábulo ligam-se entre
OS CONCEITOS GRAMATICAIS 89
lei do país"] tem hoje um conteúdo incolor, ,índice que ê, tão puramente
relacional como o sufixo de genitivo -ia do latim lu urbit, a lei da ci-
u
dados prefixos de cla&k. ou gênero que concordem com os' prefixos no-
minais correspondentes. A sentença fica então "A {fem.)~mulher ela
(fem.)-e!e (neutro)-e!e (masc.).sobre-pôs a (neutro)-areia a (masc.)-mesa".
Se "areia" tem a q~alificaç.ãode Umuita" e a mesa', de "grande", ex-
primem-se essas novas idéias como nomes abstratos, cada qual com o
seu prefixo de classe inerente ("muito" é neutro ou feminino, Ugrande"
~ masculino) e com wn prefixo possessivo refetente ao nome qualificado.
Assim, o adjetivo reporta-se ao nome, o nome ao verbo. liA mulher pôs
muita areia na mMB. grande" assume, portanto, a forma de: liA (fem.).
-mulher ela (fem.)-e!e (neutro)-ele (masc.).sobre-pôs a (fem.)-da mesma
porção (neutro.)-areia á (masc.)..{la mesma grandeza a (masc.)-mesa".
Insiste-se assim três vezes na classificação de mesa como feminino:
no nome. rio adjetivo e no verbo.
Nas línguas bântu41, o princípio da concordâ.ncia opera quase como
em chinuk. Também nelas. os nomes se classificam em certo número
de categorias e são postos em relação com adjetivos, demonstrativos, pro-
nomes relativos e verbos por meio de elementos prefixados que lembram
a classe e constituem um sistema complexo de concordãnci~. Numa sen-
tença como "Aquele leão feroz que veio cá, está morto", a' classe de
"leão", que podemos chamar a classe animal, será assinalada por meio
de prefixos de concordância nada menos de seis vezes, - com o demons-
trativo (aquele), com o adjetivo qualificativo, com o próprio nome, com
o pronome relaty/o, com o p~efixo subjetivo no verbo da cláusula rela-
tiva e com o prefixo subjetivo no verbo da oração principal ("está mor-
to"). Reconhecemos nesta insistência para a clareza externa da referên-
cia o mesmo espírito que anima a frase mais familiar illum bOl'lum do-
""",u m .
Psicologicament.e,os métodos de ordem e acentuação fiC'amno pólo
oposto ao ~a concordância. Ao passo que apelam eles para o implícito,
para a sutileza do sentimento lingüístico, a concordância não suporta a
menor ambigüidade e impõe a cada momento a sua marca registrada.
A concordância tende a dispensar a ordem vocabular.
Bm latim e chinuk, as palavras independentes têm liberdade de
posição, um pouco menos em bântu. Tanto em chinuk como em bântu,
contudo, os métodos de concordância e o de ordem são igualmente im-
portantes para a diferenciação de sujeito e objeto, da mf'sma sorte que
08 prefixos classificadores do verbo se reportam ao sujeito, ao objeto ou