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HIDROLOGIA E MANEJO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS
1. Introdução
1.1 Conceito: é a ciência que trata da água na terra, sua ocorrência, circulação e
distribuição, suas propriedades físicas e químicas e sua reação com o meio
ambiente, incluindo sua relação com as formas vivas.
1
g.1) Análise de intensidade e freqüência das precipitações máximas,
determinação de coeficiente de escoamento superficial;
g.2) Estudo da ação erosiva das águas e da proteção por meio de vegetação e
outros recursos.
h) Navegação: obtenção de dados e estudos sobre construção e manutenção de
canais nageváveis;
i) Aproveitamento hidrelétrico:
i.1) Previsão de vazões máximas, mínimas e médias dos cursos d’água para o
estudo econômico e o dimensionamento das instalações de aproveitamento;
i.2) Verificação da necessidade de reservatório de acumulação; determinação
dos elementos necessários ao projeto e construção do mesmo: bacias
hidrográficas, volumes armazenáveis, perdas por evaporação e infiltração.
j) Operação de sistemas hidráulicos complexos;
k) Recreação e preservação do meio ambiente; e
l) Preservação e desenvolvimento da vida aquática.
2. CICLO HIDROLÓGICO
2.1 Introdução
3
presença significativa de umidade (vapor de água) e núcleos de condensação (poeira ou
gelo), formam uma grande quantidade de gotas com tamanho e peso suficientes para
que a força da gravidade supere a turbulência normal ou movimentos ascendentes do
meio atmosférico. Quando o vapor de água transforma-se diretamente em cristais de
gelo e estes atingem tamanho e peso suficientes, a precipitação pode ocorrer na
forma de neve ou granizo.
No trajeto em direção à superfície terrestre a precipitação já sofre
evaporação. Em algumas regiões esta evaporação pode ser significativa, existindo
casos em que a precipitação é totalmente vaporizada. Caindo sobre um solo com
cobertura vegetal, parte do volume precipitado sofre interceptação em folhas e
caules, de onde evapora. Excedendo a capacidade de armazenar água na superfície dos
vegetais, ou por ação dos ventos, a água interceptada pode-se reprecipitar para o solo.
A interceptação é um fenômeno que ocorre tanto com a chuva como com a neve.
A água que atinge o solo segue diversos caminhos. Como o solo é um meio
poroso, há infiltração de toda precipitação que chega ao solo, enquanto a superfície do
solo não se satura. A partir do momento da saturação superficial, à medida que o solo
vai sendo saturado a maiores profundidades, a infiltração decresce até uma taxa
residual, com o excesso não infiltrado da precipitação gerando escoamento superficial.
A infiltração e a percolação no interior do solo são comandadas pelas tensões
capilares nos poros e pela gravidade. A umidade do solo realimentada pela infiltração é
aproveitada em parte pelos vegetais, que a absorvem pelas raízes e a devolvem, quase
toda, à atmosfera por transpiração, na forma de vapor de água. O que os vegetais não
aproveitam, percola para o lençol freático que normalmente contribui para o
escoamento de base dos rios.
O escoamento superficial é impulsionado pela gravidade para as cotas mais
baixas, vencendo principalmente o atrito com a superfície do solo. O escoamento
superficial manifesta-se inicialmente na forma de pequenos filetes de água que se
moldam ao microrrelevo do solo. A erosão de partículas de solo pelos filetes em seus
trajetos, aliada à topografia preexistente, molda, por sua vez, uma microrrede de
drenagem efêmera que converge para a rede de cursos de água mais estável, formada
por arroios e rios. A presença de vegetação na superfície do solo contribui para
obstaculizar o escoamento superficial, favorecendo a infiltração em percurso. A
vegetação também reduz a energia cinética de impacto das gotas de chuva no solo,
minimizando a erosão.
Com raras exceções, a água escoada pela rede de drenagem mais estável
destina-se ao oceano. Nos oceanos a circulação das águas é regida por uma complexa
combinação de fenômenos físicos e meteorológicos, destacando-se a rotação
terrestre, os ventos de superfície, variação espacial e temporal da energia solar
absorvida e as marés.
Em qualquer tempo e local por onde circula a água na superfície terrestre, seja
nos continentes ou nos oceanos, há evaporação para a atmosfera, fenômeno que fecha
o ciclo hidrológico ora descrito. Naturalmente, por cobrir a maior parte da superfície
terrestre, cerca de 70%, a contribuição maior é a dos oceanos. Entretanto o interesse
4
maior, por estar intimamente ligada a maioria das atividades humanas, reside na água
doce dos continentes, onde é importante o conhecimento da evaporação dos
mananciais superficiais líquidos e dos solos, assim como da transpiração vegetal. A
evapotranspiração, que é a soma da evaporação e da transpiração, depende da radiação
solar, das tensões de vapor do ar e dos ventos. Na Figura 1 pode-se visualizar um
corte esquemático do continente com as diversas fases do ciclo hidrológico.
Em certas regiões da Terra o ciclo hidrológico manifesta-se de forma
bastante peculiar. Por exemplo, nas calotas polares ocorre pouca precipitação e a
evaporação é direta das geleiras. Nos grandes desertos também são raras as
precipitações, havendo água permanentemente disponível somente a grande
profundidade, sem trocas significativas com a atmosfera, tendo sido estocada
provavelmente em tempos remotos.
A energia calorífica do Sol, fundamental ao ciclo hidrológico, somente é
aproveitada devido ao efeito estufa natural causado pelo vapor de água e CO2, que
impede a perda total do calor emitido pela Terra originado pela radiação solar (ondas
curtas) recebida. Assim a atmosfera mantém-se aquecida, possibilitando a evaporação
e transpiração naturais. Como cerca da metade do CO2 natural é absorvido no
processo de fotossíntese das algas nos oceanos, verifica-se que é bastante
importante a interação entre oceanos e atmosfera para a estabilidade do clima e do
ciclo hidrológico.
5
3. BACIAS HIDROGRÁFICAS
3.1 DEFINIÇÃO: é uma área definida topograficamente, drenada por um curso d’água
ou um sistema conectado de cursos d’água tal que toda vazão efluente seja
descarregada através de uma simples bacia.
3.2 DIVISORES
7
3.3.1 Perenes
Os cursos perenes são abastecidos, durante todo o ano, pelos lençóis d’água
subterrâneos, por meio das fontes ou nascentes. Nos rios ou nos riachos perenes, a
tendência do nível do lençol freático é manter-se sempre acima do nível do
escoamento fluvial, mesmo durante as secas mais severas (Figura 4A).
3.3.2 Intermitentes
3.3.3 Efêmeros
8
3.4 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE UMA BACIA HIDROGRÁFICA
a) Coeficiente de compacidade
km2.
b) Fator de forma
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desde a desembocadura até a cabeceira mais distante na bacia. A largura média (L) é
obtida quando se divide a área pelo comprimento da bacia.
L
Kf =
L
A A
Mas, L = , logo Kf = 2
L L
11
a) Ordem dos cursos d’água
b) Densidade de drenagem
12
De um modo geral:
Bacias com drenagem pobre : Dd < 0,5 km/km2
Bacias com drenagem regular : 0,5 < Dd < 1,5 km/km2
Bacias com drenagem boa : 1,5 < Dd < 2,5 km/km2
Bacias com drenagem muito boa : 2,5 < Dd < 3,5 km/km2
Bacias excepcionalmente bem drenadas : Dd > 3,5 km/km2
a) Declividade da bacia
1 2 3 4 5 6
Número
Declividade em Porcentagem Porcentagem Declividade Col. 2 x Col.
de
m/m do total acumulada média do Int. 5
ocorrência
0,0000 – 0,0049 249 69,55 100,00 0,00245 0,6100
0,0050 – 0,0099 69 19,27 30,45 0,00745 0,5141
0,010 – 0,0149 13 3,63 11,18 0,01245 0,1618
0,0150 – 0,0199 7 1,96 7,55 0,01745 0,1222
0,0200 – 0,0249 0 0,00 5,59 0,02245 0,0000
0,0250 – 0,0299 15 4,19 5,59 0,02745 0,4118
0,0300 – 0,0349 0 0,00 1,40 0,03245 0,0000
0,0350 – 0,0399 0 0,00 1,40 0,03745 0,0000
0,0400 – 0,0449 0 0,00 1,40 0,04245 0,0000
0,0450 – 0,0499 5 1,40 1,40 0,04745 0,2373
13
TOTAL 358 100,0 2,0572
Declividade média: 2,0572/358 = 0,00575 m/m
3.5.1 Introdução
V
Q= (equação 1)
t
em que:
mas V = A x L, então:
AxL
Q= ou Q = A x v (equação 2 – equação da continuidade)
t
em que:
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a) MÉTODO DIRETO
Observações:
b) MÉTODO DO FLUTUADOR
15
Este método é menos preciso que os métodos direto e do vertedor, sendo
normalmente usado em cursos d´agua maiores, onde é impraticável a medição direta, e
difícil a instalação de um vertedor.
Os flutuadores são dispositivos com características tais que lhes permitam
adquirir a mesma velocidade da água em que flutuam.
Dentre os três tipos de flutuadores usados, o mais simples é o superficial, que
mede a velocidade da superfície da corrente líquida. Ele pode ser uma pequena bola ou
um outro objeto de densidade menor que a da água. A inconveniência apresentada por
este tipo de flutuador é devida ao fato de seu deslocamento ser muito influenciado
pelo vento, pelas correntes secundárias e pelas ondas.
A vazão, usando-se o flutuador, será determinada pela equação da
continuidade:
Q=Axv
- Escolher um trecho mais reto (Figura 10) e uniforme possível do curso d´água e
medir um intervalo de no mínimo 10 m.
- Fazer uma limpeza nas margens e no fundo do trecho escolhido e no início, ponto A, e
no fim deste, ponto B, colocar uma vara transversal à corrente, ou qualquer objeto,
para observar com melhor clareza, a passagem do flutuador.
- Soltar o flutuador a ± 5 metros à montante do ponto A.
- Marcar o tempo gasto pelo flutuador ao percorrer de A à B. Fazer 5 repetições e
determinar o tempo médio.
- De posse do espaço (comprimento do trecho) e do tempo médio, calcular a velocidade
de deslocamento do flutuador.
16
Figura 10. Trecho do curso d’água.
A velocidade determinada não é a média, porque a velocidade superficial, onde o
flutuador se desloca, é diferente da velocidade média. Para obtermos a velocidade
média, aplicamos fatores de correção na velocidade superficial determinada em
função da natureza das paredes.
Fatores de correção
- Canais com paredes pouco lisas, ex: canais de terra, para irrigação.
vm = (0,75 a 0,85)v
Em que:
vm é a velocidade média;
v é a velocidade superficial
17
Figura 11. Seção do curso d’água.
Exemplo 1. Determinar a vazão que escoa em curso d´água natural, cuja velocidade de
deslocamento foi determinada pelo método do flutuador. Num trecho de 15 m de
extensão fez-se 5 repetições do tempo de deslocamento do flutuador e estes foram:
68, 72, 73, 70 e 67 s. A largura da seção inicial medida foi 1,20 m e para determinar a
sua área, ela foi dividida em 5 sub-seções de largura igual a 24 cm, e as profundidades
medidas de margem à margem foram: 0, 12, 39, 48, 45 e 6 cm. Na seção intermediária
determinou-se os valores: largura 1,30 m, sub-seções de 26 cm e profundidades de 0,
14, 48, 48, 27 e 0 cm. Na seção final, largura 1,20 m, sub-seções de 24 cm e
profundidades de 0, 22, 35, 36, 33 e 0 cm.
Cálculo da velocidade média do curso d´água:
tm = (68 + 72 + 73 + 70 + 67)/5
tm = 70 s
v = 15/70
v = 0,214 m s-1
vm = 0,70 v
vm = 0,70 x 0,214
vm = 0,15 m s-1
18
( B b) (0 0,12)
ai = h a1 = 0,24 = 0,0144 m2
2 2
(0,12 0,39)
a2 = 0,24 = 0,0612 m2
2
(0,39 0,48)
a3 = 0,24 = 0,1044 m2
2
(0,48 0,45)
a4 = 0,24 = 0,1116 m2
2
(0,45 0,06)
a5 = 0,24 = 0,0612 m2
2
A1 = a1 + a2 + a3 + a4 + a5
A1 = 0,0144 + 0,0612 + 0,1044 + 0,1116 + 0,0612
A1 = 0,3528 m2
Q = 0,328 x 0,15
Q = 0,0492 m3 s-1 ou 49,2 L s-1
4) CHUVA
4.1 Introdução
19
dágua devido à evaporação e à transpiração e b) por resfriamento do ar. Na realidade
esses dois processos podem ocorrer simultaneamente, mas na natureza, o segundo é
bastante efetivo em promover a formação de orvalho e de nuvens. No caso dessas
últimas, a formação ocorre quando parcelas de ar úmido sobem e se resfriam
adiabaticamente, devido à expansão interna causada pela diminuição da pressão
atmosférica.
a) Chuvas frontais
20
Figura 12. Chuvas frontais
b) Chuvas convectivas
c) Chuvas orográficas
21
As chuvas orográficas (Figura 14) ocorrem em regiões montanhosas, onde o
relevo força a subida da massa de ar úmido. Essa subida forçada é equivalente ao
processo de convecção livre, resultando nos mesmos fenômenos atmosféricos. Devido
aos ventos, o ar sobe pela encosta resfriando-se adiabaticamente, com condensação e
formação de nuvens tanto cumuliformes como estratiformes. Nessa situação, um lado
da montanha, geralmente, é mais chuvoso que o outro resultando na chamada Sombra
de Chuva.
I = mm/hora
Podendo “i” ser expresso também em mm/min. Esse índice tem aplicação em
dimensionamento de sistemas de drenagem e conservação do solo, tanto para a
agricultura como construção civil.
O equipamento básico de medição da chuva é o pluviômetro (Figura 15), que é
constituído de uma área de captação (> 100 cm2) e de um resevatório onde a água da
chuva é armazenada até o momento da leitura. Se o pluviômetro tiver um sistema de
registro contínuo da quantidade e da hora de ocorrência das chuvas, então ele é
denominado de pluviógrafo.
22
Figura 15. Pluviômetro.
5.1 Introdução
a) Características do Solo
23
A textura e a estrutura são características que influenciam expressivamente a
movimentação da água no solo, uma vez que determinam a quantidade de macroporos
presentes em seu perfil, os quais são de extrema importância na condutividade
hidráulica do solo. Também interferem expressivamente na infiltração a forma dos
poros e a sua continuidade.
Solos de textura grossa, ou seja, arenosos, possuem maior quantidade de
macroporos que os de textura fina (argilosos) e, conseqüentemente, apresentam
maiores condutividade hidráulica e taxa de infiltração. Já os solos argilosos bem
estruturados, ou com estrutura estável, podem mostrar maiores taxas de infiltração
do que os com estrutura instável, que sofrem dispersão quando umedecidos ou
submetidos a algum agente desagregador. A estabilidade dos agregados é
determinada pelos chamados agentes cimentantes, que são representados
principalmente pela matéria orgânica e pelos óxidos de Fe e AI. Dessa forma, à
medida que aumentam estes compostos solo, maior é a possibilidade de ele apresentar
estrutura mais estável.
Solos mais intemperizados são caracterizados pela presença predominante de
óxidos de Fe e Al em relação às argilas silicatadas. Assim, em diversos trabalhos
realizados em solos formados sob condições de clima tropical, como é freqüente no
cerrado brasileiro, tem sido demonstrado que mesmo em solos com altos teores de
argila podem-se ter elevadas taxas de infiltração, o que é justificado pelo alto grau de
desenvolvimento da estrutura destes. Portanto, para as condições brasileiras, a
estrutura do solo pode exercer influência muito mais expressiva na taxa de infiltração
do que a textura.
Rawls et al. (1996) apresentam valores indicativos da taxa de infiltração para
solos de diferentes classes texturais sob condições de cultivo e pastagem (Quadro 1).
24
A natureza da superfície é fator determinante no processo de infiltração.
Áreas urbanizadas apresentam menores taxas de infiltração que áreas agrícolas, por
terem altas percentagens de impermeabilização da superfície do solo, o que limita a
sua capacidade de infiltração. Além disso, o sistema radicular das plantas cria
caminhos preferenciais que favorecem o movimento da água, tal como pode ser visto
na Figura 16.
Tem-se ressaltado em várias pesquisas a importância de práticas como a
manutenção de cobertura vegetal para a conservação do solo. A cobertura vegetal é
responsável pelo aumento da macroporosidade da camada superficial e protege os
agregados do impacto direto das gotas de chuva e, conseqüentemente, é capaz de
manter altas taxas de infiltração e diminuir consideravelmente as perdas de água e
solo. Duley (1939) verificou que solos descobertos apresentaram reduções da taxa de
infiltração de até 85% em relação àqueles protegidos por palha. Silva e Kato (1998),
avaliando a taxa de infiltração estável (ou taxa de infiltração básica) em solos de
cenado (Latossolo Vermelho-Amarelo argiloso), usando simulador de chuvas (com
intensidade de aplicação de aproximadamente 90 mm/h), encontraram valor para os
solos sem cobertura igual a 61,3 mm/h, enquanto para os solos com cobertura morta
este valor foi de 76,3 mm h’. Os autores atribuíram esta diferença à formação de
encrostamento superficial nos solos desprovidos de cobertura vegetal.
Figura 16. Sistema radicular das plantas criando caminhos preferenciais que
favorecem o movimento da água.
25
Oliveira (2000) avaliou a taxa de infiltração da água em um solo com
diferentes tipos de cobertura utilizando um simulador de chuva com intensidade de
aplicação de 70 mm/h (Quadro 2). Ao analisar os dados do Quadro 2 fica evidente
que os maiores valores foram observados para as condições com cobertura vegetal,
com destaque para as parcelas com mucuna e vegetação espontânea. O autor atribuiu
esse comportamento às características do sistema radicular da mucuna e da
vegetação espontânea predominante (caruru-de-porco). Durante o crescimento das
raízes, criaram-se canais que favoreceram o movimento da água no perfil. O autor
ressalta também que o número de plantas nas unidades experimentais com vegetação
espontânea era consideravelmente superior ao daquelas com mucuna. Em conseqüência,
pode ter existido maior quantidade de canais biológicos, responsáveis pela grande
taxa de infiltração neste tratamento.
26
Quadro 3 – Valores médios das principais características físico-hídricas dos solos
relacionadas à infiltração
Densidade Porosidade (cm3/cm3)
Condutividade
Tipo de cobertura do solo
Total Micro Macro hidráulica
(g/cm3)
Cerrado virgem 0,66 0,69 0,30 0,39 26,7
Plantio direto 0,92 0,60 0,40 0,20 1,3
Manejo 0,84 0,63 0,39 0,24 8,2
convencional
d) Encrostamento Superficial
a) Infiltrômetro de Anel
28
Quadro 5 – Exemplo de planilha para coleta de dados de testes com infiltrômetro de
anel.
Tempo acumulado Régua (cm) Infiltração acumulada
Hora
(min) Leitura Diferença (cm)
13:00 0 5 - -
13:04 4 3,5/5 1,5 1,5
13:09 9 3,8/5 1,2 2,7
13:14 14 4,0/5 1,0 3,7
13:19 19 3,9/5 1,1 4,8
13:24 24 4,2/5 0,8 5,6
13:29 29 4,0/5 1,0 6,6
13:34 34 4,0/5 1,0 7,6
13:39 39 4,0/5 1,0 8,6
13:44 44 4,2/5 0,8 9,4
13:54 54 3,4/5 1,6 11,0
14:04 64 3,1/5 1,9 12,9
14:14 74 3,5/5 1,5 14,4
14:24 84 3,2/5 1,8 16,2
14:34 94 3,4/5 1,6 17,8
14:44 104 3,4/5 1,6 19,4
14:54 114 3,5/5 1,5 20,9
15:04 124 3,4/5 1,6 22,5
15:14 134 3,5/5 1,5 24,0
15:24 144 3,5/5 1,5 25,5
15:34 154 3,7/5 1,3 26,8
15:44 164 3,4/5 1,6 28,4
15:54 174 3,4/5 1,6 30,0
16:04 184 3,4/5 1,6 31,6
16:14 194 3,4/5 1,6 33,2
16:24 204 3,4/5 1,6 34,8
b) Simuladores de Chuva
30
6.ESCOAMENTO SUPERFICIAL
6.1 Introdução
a) Agroclimáticos
O escoamento superficial tende a crescer com o aumento da intensidade e a
duração da precipitação e da área abrangida pela precipitação, a qual constitui a
principal forma de entrada de água no ciclo hidrológico.
A cobertura e os tipos de uso do solo, além de seus efeitos sobre as condições
de infiltração da água no solo, exercem importante influência na interceptação da
água advinda da precipitação. Quanto maior a porcentagem de cobertura vegetal e
rugosidade da superfície do solo, menor o escoamento superficial.
A evapotranspiração também representa importante fator para retirada de
água do solo. Portanto, quanto maior a evapotranspiração, menor será a umidade do
solo quando da ocorrência de precipitação e, conseqüentemente, maior será a taxa de
infiltração e menor o escoamento superficial.
b) Fisiográficos
Quanto maior a área e a declividade da bacia, maior deverá ser a vazão máxima
de escoamento superficial que ocorrerá na seção de deságüe da bacia e quanto mais a
forma da bacia aproximar-se do formato circular, mais rápida deverá ser a
concentração do escoamento superficial e, conseqüentemente, maior deverá ser a sua
vazão máxima.
Quanto às condições de superfície, dentre os fatores que mais influenciam o
escoamento superficial, podem-se citar:
• tipo de solo: interfere diretamente na taxa de infiltração da água no solo e na
capacidade de retenção de água sobre sua superfície;
• topografia: além de influenciar a velocidade de escoamento da água sobre o solo,
interfere também na capacidade de armazenamento de água sobre este, sendo as
31
áreas mais declivosas geralmente com menor capacidade de armazenamento
superficial do que as mais planas;
• rede de drenagem: rede de drenagem muito densa e ramificada permite a rápida
concentração do escoamento superficial, favorecendo, conseqüentemente, a
ocorrência de elevadas vazões sobre a superfície do solo; e
• obras hidráulicas presentes na bacia: enquanto as obras destinadas à drenagem
ocasionam aumento da velocidade de escoamento da água na bacia, as obras destinadas
à contenção do escoamento superficial resultam em redução da vazão máxima em uma
bacia.
b) Adubação verde
33
além de ser empregadas na alimentação humana. Essas plantas têm também a
capacidade de reciclar nutrientes distribuídos no perfil do solo, tornando-os
disponíveis às culturas posteriores. As leguminosas são ainda responsáveis pelo
aproveitamento do nitrogênio atmosférico pela simbiose (bactéria/raízes das
legminosas).
c) Adubação química
d) Adubação orgânica
34
Figura 20. Adubação orgânica.
e) Calagem
35
para minimizar as perdas solo. O uso das práticas vegetativas baseia-se, portanto, na
busca da manutenção da superfície do solo coberta.
a) Florestamento e reflorestamento
36
Figura 22. Reflorestamento.
No caso das matas ciliares (Figura 23), utilizadas nas margens dos rios, o
principal efeito em relação à erosão hídrica está no fato de essas apresentarem
rugosidade hidráulica elevada, reduzir a velocidade do escoamento, o que diminui a
capacidade de transporte de sedimentos e, consequentemente, favorece a deposição
de sedimentos que estejam sendo transportados pelo escoamento superficial.
b) Pastejo rotacionado
A utilização das chamadas “plantas de cobertura” (Figura 25) visa manter o solo
coberto durante o período chuvoso, a fim de reduzir os efeitos da erosão e melhorar
as suas condições físicas e químicas. As plantas de cobertura, além de reduzirem os
efeitos da erosão, proporcionam eficiente proteção da matéria orgânica do solo
contra a ação direta dos raios solares, uma vez que, nas regiões tropicais, quando o
solo descoberto é submetido à ação direta do sol e da chuva, ocorre decomposição
muito rápida da matéria orgânica, acarretando queda na produtividade. As plantas de
cobertura possibilitam boa proteção do solo, reduzindo o efeito prejudicial dos
fatores meteorológicos.
38
Figura 25. “Ervilhaca peluda” como planta de cobertura.
d) Cultivo em contorno
e) Cultivo em faixas
Uma das maneiras mais eficientes de controlar a erosão nas culturas perenes é
substituir as capinas pela ceifa das plantas daninhas, contando-as a uma pequena
altura da superfície do solo. Com o emprego desta prática, fica intacto o sistema
radicular das plantas daninhas e das plantas perenes, permanecendo sobre a
superfície do solo uma pequena vegetação protetora, constituída dos caules das
plantas cortadas. As plantas daninhas devem ser continuamente controladas com o uso
de roçadoras mecânicas, para que não haja prejuízo da cultura de interesse por causa
da concorrência imposta pelo restante da cobertura vegetal, uma vez que a ceifa não
destrói completamente as plantas daninhas. A freqüência dessa operação deve ser
maior do que a das capinas, pois os pequenos caules das plantas daninhas deixados
sobre o solo brotam mais rapidamente que quando o controle é feito por meio de
capinas. As plantas daninhas podem também ser controladas por meio de herbicidas.
41
Dentre as vantagens associadas ao uso da ceifa do mato, quanto à realização de
capinas, para o controle da erosão, podem ser citadas: a não mobilização da camada
superficial do solo; e a manutenção de parte da cobertura do solo que reduz o efeito
da desagregação decorrente da energia cinética da chuva e a incidência direta da
radiação solar sobre a superfície do solo, tornando, consequentemente, o processo de
decomposição da matéria orgânica mais lento.
h) Alternância de capinas
i) Cobertura morta
A cobertura morta, também conhecida por “mulch” (Figura 28), é uma técnica
que consiste em distribuir sobre a superfície do solo uma camada de palhas ou outros
resíduos vegetais, que são distribuídos entre as linhas das culturas ou apenas até a
projeção da copa das plantas, dependendo da disponibilidade de material. Como
exemplos de cobertura morta, podem-se citar as palhas de capim, de arroz, de café,
sabugos de milho, etc. Em determinadas ocasiões, as próprias plantas daninhas podem
ser utilizadas como cobertura morta pela aplicação de herbicidas de contato, como
ocorre nas lavouras permanentes, sobretudo no caso do café.
A cobertura morta, com palha ou resíduos vegetais, protege o solo contra o
impacto das gotas da chuva, diminui o escoamento superficial e incorpora nele a
matéria orgânica que aumenta a sua resistência ao processo erosivo. No caso da
erosão eólica, protege-o contra a ação direta dos ventos e dificulta o transporte das
partículas.
Além de ser uma eficiente prática para a conservação do solo e da água,
contribui para amenizar a temperatura do solo, controla plantas daninhas, serve
também como adubo orgânico pela decomposição do material utilizado em cobertura,
além de contribuir para o aumento da produção das lavouras.
42
Figura 28. Cobertura morta
f) Rotação de culturas
43
6.3.3. PRÁTICAS DE CARÁTER MECÂNICO
a) Construção de terraços
As águas que caem nas terras de cultivo são captadas pelos terraços. Os
terraços poderão desaguar numa via de drenagem natural, caso exista. Quando isso
não é possível, deverá ser construído um canal escoadouro vegetado. O terraço é o
conjunto formado pela combinação de um canal com um camalhão ou dique de terra
(Figura 29), construído com intervalos apropriados, no sentido transversal ao declive
do terreno, destinado a conter as enxurradas, forçando a infiltração da água pelo solo
ou a drenagem lenta e segura do excesso d’água. O terraceamento é uma prática
eficiente para o controle da erosão, desde que seja criteriosamente planejado,
executado e mantido.
44
Figura 29. Terraceamento: canal com camalhão.
b) Contenção de voçorocas
45
Figura 30. Barraginha construída no semi-árido brasileiro.
7. NASCENTES
46
7.1INTRODUÇÃO
47
Não se pretende explicar aqui todos os mecanismos responsáveis pelas
nascentes, já que se trata de um assunto bastante complexo, envolvendo estudos de
geologia, geomorfologia, hidrologia, solos e vegetação. Pretende-se apenas fornecer
informações básicas para um trabalho de conservação.
48
b) Queimadas
Após o desmatamento, quase semrpe, faz-se uma queimada para eliminar restos
de florestas (cipós, tocos, galhos e restos das copas das árvores). As queimadas são
extremamente nocivas aos solos, pois elas destroem a matéria orgânica da camada
superficial do solo, eliminam os microrganismos benéficos do solo e dificultam a
infiltração da água da chuva, dada a facilidade com que ocorre o escoamento
superficial. Além disso, no momento das queimadas, o fogo pode sair de controle e
colcocar em risco outras áreas próximas.
c) Pastoreio intensivo
A maioria das estradas construídas nas áreas de encosta não passou por um
planejamento adequado, visando a proteção das nascentes. Cortes para a construção
de estradas são realizados em locais indevidos do terreno, deixando o solo exposto
aos processos de erosão, causados pelas chuvas. Além disso, o solo solto, será
arrastado para os leitos dos rios, causando o seu assoreamento.
A degradação das áreas de encosta, não ocorre apenas no meio rural, mas
também nas grandes cidades. O crescimento desordenado, sem um planejamento
adequado, faz com que nas periferias, se aglomerem um grande número de pessoas.
Desses aglomerados, a compactação do solo, a erosão e o assoreamento dos cursos
d’água. Além disso, a falta de estrutura adequada de saneamento básico, faz com que,
nessas áreas, surjam fontes de poluição ambiental, que irão causar a contaminação dos
mananciais.
f) Reflorestamento
49
Essa é uma opção que nem sempre surte o efeito desejado, quando o objetivo é a
recuperação e a conservação das nascentes. Um exemplo que pode ser citado é o das
nascentes da comunidade rural do Paraíso (Viçosa-MG). Nos anos 60, elas eram
responsáveis pelo abastecimento de água da cidade de Viçosa-MG. As nascentes nessa
região secaram com a substituição de pastagens pelo aumento progressivo da
regeneração natural de florestas secundárias. A prática tem mostrado que, em muitos
casos, o reflorestamento causa o efeito contrário desejado. Isso acontece,
basicamente, devido à ocupação das árvores nas partes baixas e na meia encosta que
se dá de uma forma intensiva e sem controle, aumentando a evapotranspiração no
local. O fenômeno é mais nítido com as espécies freatóficas situadas nas partes
baixas, nas proximidades das nascentes. As freatófitas possuem sistema radicular
adaptado para consumir grande quantidade de água, mesmo das camadas mais
profundas do solo, inclusive do lençol freático. Na ocasião das chuvas, essas árvores
desempenham o papel desejado, que é o de proporcionar maior taxa de infiltração de
água no solo. Porém, na época de seca, as raízes dessas árvores, estando em contato
com o lençol freático, absorvem boa parte da água, lançando-a em seguida na
atmosfera, na forma de vapor, pelo processo de transpiração. E, assim, na época de
seca, o volume do lençol freático será consideravelmente reduzido, fazendo com que a
vazão da nascente associada a ele também diminua, ou até mesmo deixe de existir.
Outra causa na redução da vazão das nascentes é a presença nas proximidades
de outras freatófitas de menor porte e mais densas, entre as quais, a taboa, a
mariazinha (lírio de brejo), o gravatá e o junco, são as mais comuns. Como, nessas
áreas, o lençol freático está a baixa profundidade, o sistema radicular desse tipo de
vegetação fica em contato direto com a água, atuando de forma significativa na sua
retirada.
52
Figura 33. Nascentes de rochas cársticas.
Como há, atualmente, uma grande preocupação com a queda de vazão dos rios nas
épocas de secas, vale lembrar que esse comportamento tem início na diminuição da
quantidade de água de chuva que penetra no solo, produzindo lençóis fracos e
nascentes de baixa ou nenhuma vazão na estiagem. Salvar rios, portanto, é salvar
primeiro sua nascente e como estas nascentes são produtos de suas bacias, elas
precisam ser adequadamente manejadas para fins de produção de água, além de
outros bens.
a) Isolamento
A área adjacente à nascente (APP) deve ser toda cercada (Figura 34) a fim de
evitar a penetração de animais, homens, veículos, etc. Todas as medidas devem ser
tomadas para favorecer seu isolamento, tais como proibir a pesca e a caça, evitando-
se a contaminação do terreno ou diretamente da água por indivíduos inescrupulosos.
Quando da realização de alguma obra ou serviço temporário, deve-se construir fossas
secas a 30 m, no mínimo, mantendo-se uma vigilância constante para não haver poluição
da área circundante à nascente.
55
Este comprimento, dividido por 2,5 metros, que é o espaçamento entre estacas,
resultará num total de 127 estacas por nascente.
b) Recomposição Florestal
56
Figura 35. Distribuição espacial das culturas e estruturas rurais nas situações errada
(A) e corrigida (B) visando-se a proteção da nascente.
Fonte: Adaptado de Silveira (1984), citado por CALHEIROS et al. (2004).
57
Figura 36. Distribuição esquemática adequada das diferentes coberturas vegetais e
usos em relação à nascente.
Fonte: Calheiros et al. (2004).
58
Figura 37. Esquema da área de drenagem de uma nascente de encosta, subdividida nos
setores A, B e C, com as proposições do tipo de vegetação em cada setor e suas
respectivas funções.
A partir da Figura 37, pode-se então imaginar uma série de alternativas de
tipos de vegetação e conseqüente distribuição dentro de cada setor e entre setores
(Figura 38).
A maioria das estradas rurais não teve o seu traçado planejado adequadamente,
de forma a se procurar resguardar a integridade das nascentes locais. É costume
planejar o traçado escolhendo-se as áreas de relevo mais favorável, o que nem sempre
é o mais adequado. Existe a possibilidade, com a realização de cortes, expor
horizontes do solo com ausência ou fraca estrutura, o que pode proporcionar
desbarrancamentos que podem soterrar nascentes. Além disso, estradas podem expor
nascentes ao acesso de homens, animais e trânsito de máquinas.
59
Como a nascente é o afloramento ou manifestação do lençol freático na
superfície do solo, cuja vazão é dependente da capacidade de infiltração do solo, na
denominada Área de Contribuição, na bacia hidrográfica e não apenas na área
circundante da nascente (Área de Preservação Permanente). Assim, toda a área de
bacia hidrográfica merece atenção, no que se refere à preservação do solo, e todas as
técnicas de conservação, objetivando tanto o combate à erosão como a melhoria nas
características físicas do solo, notadamente aquelas relativas à capacidade de
infiltração da água da chuva ou da irrigação, vão determinar maior disponibilidade de
água na nascente, em quantidade e estabilidade, ao longo do ano, incluindo a época
mais secas.
Para a recuperação e conservação das nascentes recomenda-se a manutenção de
matas nos topos dos morros e das seções convexas, estendendo-se até 1/3 das
encostas.
61
com vegetação rasteira vai ocasionar, na camada superficial do solo sua melhor
fixação, além de maior acúmulo de matéria orgânica, facilitando a penetração da água
da chuva. Assim, a água da chuva que ficou armazenada no solo, irá percolar até a
primeira camada impermeável e alcançará a depressão na qual aparece a nascente.
A substituição da mata por pastagens nas áreas de encosta requer
um planejamento adequado, de forma que exista um equilíbrio entre a
quantidade de animais e a capacidade suporte da pastagem. Uma alternativa
que resulte no melhor aproveitamento do pasto e na menor compactação do
solo é o pastejo rotacionado, ou seja, a subdivisão da área em piquetes.
Quando se deseja aproveitar as áreas de encosta, onde havia floresta,
com cultivos agrícolas, as técnicas de conservação do solo adotadas deverão
ser capazes de evitar a formação de erosão e a compactação do solo.
Um outro cuidado que se deve ter durante o procedimento de
recuperação de uma nascente é o isolamento da sua área de contribuição
dinâmica. Essa medida não permite o pisoteio de animais, evitando a
compactação da área e, também, os riscos de contaminação biológica do
lençol freático. Uma vez que o lençol freático encontra-se próximo da superfície do
solo, não se deve implantar, nas proximidades dessa área, vegetação com grande
capacidade de retirada de água.
O solo é um dos componentes do ecossistema interligado ao solo, à vegetação, ao
clima e à água. Portanto, as variações dos demais componentes refletem no seu
comportamento. Dessa forma, as técnicas de conservação do solo envolvem medidas
de aproveitamento da água da chuva, evitando perdas excessivas através do
escoamento superficial, favorecendo a infiltração e mantendo o abastecimento dos
reservatórios subterrâneos e, assim, garantindo o suprimento de água para a
agricultura, criações e comunidades.
A conservação do solo e da água está inter-relacionada e, quase sempre, a
conservação de ambos é realizada ao mesmo tempo. A conservação de um reflete
favoravelmente na conservação do outro.
8.ÁGUAS SUBTERRÂNEAS
8.1 Introdução
Pelo fato de ocorrerem no subsolo sob uma zona de material rochoso não-
saturado ou camadas rochosas pouco permeáveis, as águas subterrâneas
encontram-se relativamente melhor protegidas contra agentes potenciais ou
efetivos de poluição.
Quando captadas de forma adequada, na sua utilização, geralmente, não se tem
custos de clarificação, tratamento ou purificação; os processos de filtração e
biogeoquímicos de depuração do subsolo proporcionam um alto nível de
purificação e potabilidade das águas subterrâneas.
O custo de sua captação e distribuição é muito mais barato. A captação pode
ser próxima da área consumidora, o que torna mais barato o processo de
distribuição;
Permitem um planejamento modular na oferta de água à população, isto é, mais
poços podem ser perfurados à medida que aumente a necessidade, dispensando
grandes investimentos de capital de uma única vez.
Os prazos de execução das obras de captação são relativamente curtos, da
ordem de dias até alguns meses.
Os investimentos em geral são relativamente pequenos, variando entre dezenas
a centenas de milhares de reais.
Os aqüíferos não sofrem processos de assoreamento, nem perdem grandes
volumes de água por evaporação.
63
A água da chuva pode ter vários destinos após atingir a superfície da Terra.
Inicialmente uma parte se infiltra. Quando o solo atinge seu ponto de saturação,
ficando encharcado, a água passa a escoar sobre a superfície em direção aos vales.
Dependendo da temperatura ambiente, uma parte da chuva volta à atmosfera na
forma de vapor. Em países frios, ou em grandes altitudes, a água se acumula na
superfície na forma de neve ou gelo, ali podendo ficar por muito tempo. A parcela da
água que se infiltra vai dar origem à água subterrânea.
64
Figura 39. Poros e fraturas de formações rochosas.
Nem toda a água precipitada alcança a superfície terrestre, já que uma parte,
na sua queda, volta a evaporar-se.
A água que se infiltra no solo é sujeita a evaporação direta para a atmosfera e é
retida pela vegetação, que através da transpiração, a devolve à atmosfera. Este
processo chamado evapotranspiração ocorre no topo da zona não saturada, ou seja, na
zona onde os espaços entre as partículas de solo contêm tanto ar como água.
A água que continua a infiltrar-se e atinge a zona saturada das rochas, entra na
circulação subterrânea e contribui para um aumento da água armazenada (recarga dos
aquíferos). Conforme pode ser visto na Figura 40, na zona saturada (aquífero), os
poros ou fraturas das formações rochosas estão completamente preenchidos por água
(saturados). O topo da zona saturada corresponde ao nível freático.
8.6.1 Zona de aeração: é a parte do solo que está parcialmente preenchida por água.
Nesta zona a água ocorre na forma de películas aderidas aos grãos do solo. Solos de
textura mais fina tendem a ter mais umidade do que os mais grosseiros, pois há mais
superfícies de grãos onde a água pode ficar retida por adesão.
Na zona de aeração podemos distinguir três regiões, como pode ser visto na
Figura 41:
- Zona de umidade do solo: é a parte mais superficial, onde a perda de água
para a atmosfera é intensa. Em alguns casos é muito grande a quantidade de
sais que se precipitam na superfície do solo após a evaporação desta água,
dando origem a solos salinizados.
- Franja de capilaridade: é a região mais próxima ao nível d’água do lençol
freático, onde a umidade é maior devido à presença da zona saturada logo
abaixo.
Zona intermediária: região compreendida entre as duas anteriores e com
umidade menor do que na franja capilar e maior do que na zona superficial do solo.
Como já foi dito, a capilaridade é maior em terrenos cuja granulometria é muito fina.
Em áreas onde o nível freático está próximo da superfície, a zona intermediária
pode não existir, pois a franja capilar atinge a superfície do solo. São brejos e
alagadiços, onde há uma intensa evaporação da água subterrânea.
b) Aqüíferos Artesianos
67
Figura 42. Esquema de um poço freático e artesiano.
a) Aqüíferos Porosos
68
grandes bacias sedimentares brasileiras. Estas rochas, apesar de ígneas, são capazes
de fornecer volumes de água até dez vezes maiores do que a maioria das rochas
ígneas e metamórficas.
c) Aqüíferos cársticos
69
A deterioração da qualidade da água subterrânea pode ser provocada de
maneira direta ou indireta, por atividades humanas ou por processos naturais, sendo
mais frequente a ação combinada de ambos os fatores (Figura 44).
Inúmeras atividades do homem introduzem ao meio ambiente substâncias ou
características físicas que ali não existiam antes, ou que existiam em quantidades
diferentes. A este processo chamamos de poluição. Assim, como as atividades
desenvolvidas pela humanidade são muito variáveis, também são as formas e níveis de
poluição.
Estas mudanças de características do meio físico poderão refletir de formas
diferentes sobre a biota local, podendo ser prejudicial a algumas espécies e não a
outras. De qualquer forma, considerando as interdependências das várias espécies,
estas modificações levam sempre a desequilíbrios ecológicos. Resta saber quão intenso
é este desequilíbrio e se é possível ser assimilado sem conseqüências catastróficas.
a) Tipo de aqüífero
70
Os aqüíferos freáticos são mais vulneráveis do que os confinados ou
semiconfinados.
Como esta zona atua como um reator físico-químico, sua espessura tem papel
importante. Espessuras maiores permitirão maior tempo de filtragem, além do que
aumentarão o tempo de exposição do poluente aos agentes oxidantes e adsorventes
presentes na zona de aeração.
71
Figura 45. Permeabilidade em diferentes materiais.
Sabe-se que estes compostos, por suas cargas químicas superficiais, têm grande
capacidade de reter uma série de elementos e compostos.
A mobilidade dos íons nitrato é muito dependente do balanço de cargas. Solos
com balanço positivo de cargas suportam mais nitrato. Neste particular, é de se notar
que nos solos tropicais, cujos minerais predominantes são óxidos de ferro e alumínio e
a caulinita, que possuem significativas quantidade de cargas positivas, permitem
interação do tipo íon-íon (interação forte) com uma gama variada de produtos que
devem sua atividade pesticida a grupos moleculares iônicos e polares.
Um poluente após atingir o solo, poderá passar por uma série reações químicas,
bioquímicas, fotoquímicas e inter-relações físicas com os constituintes do solo antes
de atingir a água subterrânea. Estas reações poderão neutralizar, modificar ou
72
retardar a ação poluente. Em muitas situações a biotransformação e a decomposição
ambiental dos compostos fitossanitários pode conduzir à formação de produtos com
uma ação tóxica aguda mais intensa ou, então, possuidores de efeitos injuriosos não
caracterizados nas moléculas precursoras. Exemplos: Dimetoato, um organofosforado,
degrada-se em dimetoxon, cerca de 75 a 100 vezes mais tóxico. O malation produz,
por decomposição, o 0,0,0-trimetilfosforotioato, que apresenta uma ação direta
extremamente injuriosa no sistema nervoso central e nos pulmões, provocando
hipotermia e queda no ritmo respiratório.
A poluição capaz de atingir as águas subterrâneas pode ter origem variada.
Considerando que os aqüíferos são corpos tridimensionais, em geral extensos e
profundos, diferentemente portanto, dos cursos d’água, a forma da fonte poluidora
tem importância fundamental nos estudos de impacto ambiental:
73
O chorume dos lixões (Figura 46), resultantes da decomposição dos materiais
orgânicos, são altamente redutores e enriquecidos em amônio, ferro ferroso,
manganês e zinco, além de apresentarem valores elevados da dureza, concentração de
cloreto, sulfato, bicarbonato, sódio, potássio, cálcio e magnésio. A decomposição da
matéria orgânica no lixão origina a produção de gases como o dióxido de carbono e o
metano.
2) Poluição Agrícola
74
a aplicação de fertilizantes como o sulfato de amônio, cloreto de potássio, carbonato
de potássio e compostos de fósforo.
3.Poluição Industrial
75
Figura 48. Lançamentos de efluentes industriais.
4.Intrusão salina
76
Figura 49. Intrusão salina
Poluição
77
Hoje torna-se evidente que as fontes de poluição da água subterrânea são muito
mais disseminadas e relacionadas a uma variedade muito maior de atividades. A
poluição em áreas não industrializadas pode ser atribuída a origens diversas tais como
fertilizantes, pesticidas, fossas sépticas, drenagens urbanas e poluição do ar e das
águas de superfície. O único método eficaz de controle desse tipo de poluição é o
manejo integrado dos usos do solo e da água.
Superexplotação
9. EVAPOTRANSPIRAÇAO
9.1 Definições
a) Evaporação (E): é o processo pelo qual um líquido passa para o estado gasoso.
A evaporação de água na atmosfera ocorre de oceanos, lagos, rios, do solo, e
da vegetação úmida (evaporação de orvalho e da chuva interceptada)
b) Transpiraçao (T): é a perda na forma de vapor pelas plantas,
predominantemente através das folhas, embora em plantas lenhosas possa
também ocorrer pequena perda pelas lenticelas da casca do tronco. Nas
folhas, a evaporação ocorre a partir das paredes celulares em direção aos
espaços intercelulares de ar, ocorrendo então difusão, através dos
estômatos, para a atmosfera. O estômato atua como regulador fundamental
da taxa de transpiração, juntamente com a camada de ar adjacente à folha.
Um caminho alternativo aos estômatos é a cutícula foliar, mas em boas
condições de disponibilidade hídrica, a via preferencial é a estomática.
c) Evapotranspiraçao (ET): é o processo simultâneo de transferência de água
para a atmosfera por evaporação da água do solo e por transpiraçaqo das
plantas.
BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. Conservação do solo. São Paulo: Ícone, 5ª ed.,
2005. 355p.
CALHEIROS, R.O. 3. Piracicaba: Comitê das Bacias Hidrográficas dos Rios PCJ. CTRN,
2004. 40p.
79
CASTRO, P.S.; LOPES, J.D.S. Recuperação e conservação de nascentes. Viçosa: CPT,
2001. 84p.
MATOS, A. T.; LO MONACO, P.A.V. Uso e manejo racional da água no meio rural. In:
Demétrius David da Silva. (Org.). Conservação de solo e da água, aspectos
hidrológicos, ecohidrologia e usos múltiplos da água. 1ed.Viçosa: CRRH/UFV, 2010, v. 1,
p. 01-42.
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