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RADIOLOGIA E

ULTRASSONOGRAFIA – TÓRAX

PADRÕES BÁSICOS DO RX E DA
ULTRASSONOGRAFIA DE TÓRAX
As radiografias de tórax são, tipica-
mente, o primeiro exame solicitado na avali-
ação de doenças torácicas. A radiografia
padrão é realizada com o paciente em po-
sição ortostática e a parede anterior do tó-
rax encostada no filme radiológico. O feixe
de raios X atravessa o corpo do paciente
(da parte posterior para a parte anterior) e
atinge o filme radiológico. Essa é a cha-
mada incidência posteroanterior (PA).
Quando a exposição aos raios X foi ade-
quada, as vértebras torácicas mal são dis-
cerníveis através do coração.
A TC gera imagens de alta resolução
das estruturas pulmonares, da parede torá-
cica, do mediastino e das estruturas cardio-
vasculares. A TC também pode ser usada
para orientar a biopsia percutânea.
Tipicamente a RM é realizada para
fins de estadiamento de processos malignos
como timoma, mesotelioma ou tumor de Pan-
coast (ápice pulmonar). A RM também pos-
sibilita a avaliação da função e da viabili-
dade do miocárdio e a investigação de
valvopatia cardíaca. A RM e a PET são re-
alizadas para diferenciar miocárdio infar-
tado e inviável do miocárdio cronicamente
infartado (hibernante) que ainda pode ser
viável. A resolução espacial da RM é melhor
que a da PET, possibilitando a avaliação
de doença subendocárdica e de lesões
transmurais. Por conseguinte, são mais sensí-
veis na detecção de estágios iniciais de do-
ença isquêmica.
A ultrassonografia pode ser usada
para pesquisar líquido nas cavidades pleu- A. Incidência PA. B. Incidência lateral. 1, veia cava
rais e pericárdica. Também pode ser usada superior; 2, átrio direito; 3, ventrículo direito; 4, via
para realizar ecocardiografia transtorácica de saída pulmonar; 5, átrio esquerdo; 6, ventrículo
(ETT) e avaliar a função e a contratilidade esquerdo; 7, aurícula do átrio esquerdo; 8, veia
cava inferior; 9, parte ascendente da aorta e
cardíacas (p. ex., fração de ejeção cardí-
arco da aorta; 10, valva da aorta; 11, valva atri-
aca) e a função das valvas cardíacas. oventricular esquerda (valva mitral).
PADRÕES BÁSICOS É importante que você não confunda
Existem muitos padrões no raio x de um aumento no diâmetro dos componentes
tórax no que se refere a patologias. Os 3 vasculares do hilo pulmonar (em uma hiper-
principais são: padrão alveolar (alguns cha- tensão pulmonar, por exemplo) com um pa-
mam também de padrão acinar), padrão in- drão de acometimento hilar típico (infec-
tersticial e padrão hilar. ções, neoplasias, inflamações, etc). Veja um
exemplo prático que demonstra isso. À es-
querda temos um paciente com hipertensão
Caracterizado por opacidade homogênea, pulmonar e com aumento dos diâmetros vas-
que pode variar, de acordo com a exten- culares do hilo pulmonar. À direita temos um
são. Pode ser pequena, segmentar e até paciente com acometimento hilar típico.
mesmo ocupar todo o espaço aéreo.

Caracterizado por atingir o interstício pul-


monar. O interstício pulmonar é o tecido de
sustentação, que mantém a arquitetura lo-
cal. Temos os vasos, as paredes dos brôn-
quios e dos alvéolos, os linfáticos, além de
septos interlobulares compondo tudo isso.
Divisões de acometimento desses padrões
intersticiais:
• Peribroncovascular;
• Centrolobular;
Ou adenopatias hilares - aumento dos gân- • Subpleural;
glios no hilo do pulmão pode ser uma des- • Septos Interlobulares;
coberta importante para a patologia sub- • Intralobular.
jacente. Diferentes etiologias podem estar
por trás desse tipo de padrão, por exemplo,
inflamações (sarcoidose, silicose), neoplasias
(linfomas, metástases, carcinonas), infecções
(tuberculose, histoplasmose), etc. Imagem
com os hilos normais (à esquerda) e uma
imagem com padrão de acometimento hilar
(à direita).
• Reticular (formato de rede), microno-
dular (nódulos bem pequenos) e reti- AVALIAÇÃO RÁPIDA
culonodular (formato de rede + micro- • A: Ar - Vias Aéreas;
nódulos): • B: Brônquios e Pulmões;
• C: Coração - Coração, Vasos da
Base e Mediastino;
• D: Diafragma;
• E: Esqueleto - Costelas e Escápulas;
• F: "Fat" (gordura) - Pele Subcutânea;
• G: Gadget - Dispositivos: Tubos, Ca-
teter, Fios e Sondas;

Vias aéreas inferiores (traqueia), analisar se


está centrada e pérvia e sem estreitamento
do lúmen, na parte inferior nota-se a carina
traqueal que marca a divisão dos brônquios
fontes.

No nosso meio esse tipo de padrão


está muito relacionado com a tuberculose
miliar, embora outras patologias possam se
mostrar dessa forma também.

Brônquio fonte direito (mais verticalizado) e


esquerdo. No parênquima pulmonar busca-
se infiltrados ou alterações da transparên-
cia pulmonar, normalmente notamos que o
parênquima apresenta a trama brônquio
pulmonar que é a ramificação dos brônquios
e dos seus respectivos vasos, notamos tam-
bém que a trama vai esvaecendo quando
chega na periferia.
Aqui analisa-se o contorno das bordas do
músculo diafragma. Geralmente o contorno
do lado direito é mais elevado e mais nítido
por causa do fígado, que está situado logo
abaixo. Quando existir perda do contorno
do diafragma ou borramento pode-se pen-
sar em acometimento do parênquima pulmo-
nar adjacente.
Outro ponto importante é analisar a
região lateral que é conhecida como seios
costofrênicos, quando eles estão livres per-
cebe-se todo o contorno do diafragma até
a parede torácica
interna, se houver
obliteração dessa
região deve-se
pensar em derrame
pleural ou acome-
timento do parên-
Vemos o coração, vasos da base e verificar quima pulmonar
se o mediastino não está alargado. O co- adjacente.
ração tem tamanho normal quando o diâ-
metro da silhueta cardíaca for menor do que
a metade do diâmetro interno do tórax
(caso seja maior há cardiomegalia).

Contornos da silhueta cardíaca e dos Nessa etapa analisa-se todo o arcabouço


vasos da base: o contorno direito corres- ósseo torácico, deve-se começar olhando
ponde ao átrio direito, mais embaixo há a todos os arcos costais, percorrendo desde
junção do átrio direito com a veia cava in- a região posterior até a região anterior
ferior. No contorno esquerdo cada arco cor- onde a estrutura óssea fica cada vez menos
responde a uma estrutura, o primeiro é o bo- visível, sendo que na região próximo da ar-
tão aórtico, o segundo é o tronco da arté- ticulação costocondral ela começa a ficar
ria pulmonar, o terceiro corresponde ao com tecido cartilaginoso e por isso menos
átrio esquerdo e o quarto arco corresponde perceptível. No raio x feito em inspiração
ao ventrículo esquerdo. profunda e de modo adequado consegui-
mos ver entre 9 a 10 arcos costais posterio-
res, aproveitamos e olhamos também se as
linhas ósseas da
clavícula, esca-
pula e úmero es-
tão preservadas e
se não há indícios
de fraturas ou le-
são.
Dispositivos, nessa etapa analisam os tubos,
cateteres, sondas e outros dispositivos, ve-
mos se estão posicionados adequadamente
e se não existem complicações relacionadas

IHEMITÓRAX OPACO E HEMITÓRAX


HIPERTRANSPARENTE
HEMITÓRAX OPACO
O hemitórax necessita de uma trans-
parência (concedida pelo pulmão) fisioló-
gica para ser considerado normal, mas al-
gumas vezes nos deparamos com um hemi-
Gordura, analisamos o subcutâneo e as par- tórax opacificado. O que podemos pensar?
tes moles, vamos analisar se existem indícios Pare e analise. Por que será que algo que
de enfisema subcutâneo, que é basicamente era transparente ficou opaco? Pode ser uma
a existência de ar no subcutâneo, que pode consolidação, material purulento, um tumor
acontecer nos traumas torácicos ou compli- ou um derrame pleural? Pode. Pode ser uma
cações de procedimentos médicos, vale atelectasia? Pode. Outros fatos que alguns
lembrar que o contorno das mamas nas mu- esquecem é a agenesia pulmonar ou a
lheres pode atrapalhar a análise mais deta- Pneumectomia. Ao retirarmos o tecido pulmo-
lhada do parênquima pulmonar, devido a nar ou caso o paciente não apresente te-
interposição, por isso é importante avaliar cido pulmonar, teremos uma alteração na
também a incidência em perfil do raio x de transparência (por questões lógicas). Pode-
tórax. mos observar hemitórax opacificado inclu-
sive em pacientes com próteses mamárias.

A primeira imagem mostra um hemitó-


rax totalmente opacificado por causa de um
volumoso derrame pleural. A segunda ima-
gem remete a uma pneumectomia. A terceira
imagem remete a uma atelectasia. Apesar
das duas imagens possuírem desvio traqueal
ipsilateral para o lado alterado, devemos
tomar cuidado para diferenciar correta-
mente os dois casos (agenesia/pneumecto-
mia e atelectasia).
HEMITÓRAX HIPERTRANSPARENTE CONSOLIDAÇÕES DE ÓRGÃOS NOS ACHADOS
Se por um lado um hemitórax opaco é DIAGNÓSTICOS
patológico, um hemitórax hipertransparente
Ocupação ou substituição do ar no
é preocupante. Tudo que fuja da transpa-
espaço aéreo que se mostra como um au-
rência fisiológica deve ser analisado.
mento da atenuação do parênquima pulmo-
O que pode causar uma hipertrans-
nar, escurecendo as margens dos vasos e
parência no hemitórax? Vamos pensar. Pode
das paredes das vias aéreas.
ser que esteja faltando algum tecido mole
Algumas pessoas podem confundir a
na região do hemitórax? Pode. A síndrome
consolidação na TC com o padrão de vidro
de Poland (agenesia do músculo peitoral) e
fosco. Uma diferença entre esses 2 padrões
a mastectomia são duas grandes causas de
é justamente a capacidade de vermos os
hipertransparências. Pode ser que tenhamos
vasos e demais componentes pulmonares
um enfisema lobar congênito? Sim. Um bolsão
através da lesão.
de ar grande, bem transparente, que pode
se mostrar no raio X. Podemos ter um grande
pneumotórax colabando o pulmão e dei-
xando o hemitórax totalmente hipertranspa-
rente? Sim. Outro caso na pediatria também
é a bronqueolite obliterante gerando o pul-
mão radiolucente (conhecida como sín-
drome de Swyer James) e aspiração de
corpo estranho, que gera cada vez mais um
maior grau de insuflação pulmonar.

Acima vemos uma síndrome de Poland


clássica. Basta ver que o músculo peitoral
direito está faltando tanto no raio x quanto
A consolidação (à esquerda) não nos
na TC.
permite visualizar nada através do aumento
de densidade na região pulmonar afetada.
Já o padrão em vidro fosco (que lembra de
fato um vidro bem fosco e por isso o padrão
tem esse nome) permite que visualizemos um
pouco os componentes vasculares e brôn-
quicos através do aumento de densidade
na região pulmonar afetada. Algumas vezes
as consolidações podem fazer com que
achemos que elas são lesões com padrão
em vidro fosco. Como assim? Simples. A con-
solidação vai se formando aos poucos, ocu-
pando o espaço aéreo e em fases iniciais é
capaz de que ela não se torne bastante
Essa paciente apresenta uma hiper- densa a ponto de impedir a visualização de
transparência por causa de uma mastecto- outros componentes através dela. Separei
mia esquerda. um caso em que temos consolidações e pa-
drão em vidro fosco concomitantemente.
Outra dica para nos ajudar a diferenciar
essas duas entidades é o broncograma aé-
reo, bastante presente na consolidação.
BRONCOGRAMA AÉREO DIFERENÇA ENTRE NÓDULO PULMONAR E
Broncograma aéreo é um sinal visuali- MASSA PULMONAR
zado quando temos brônquios/bronquíolos A diferença básica dessas duas enti-
pérvios no meio de uma lesão pulmonar que dades patológicas é em relação ao tama-
alterou a transparência fisiológica local. nho, mas não podemos nos esquecer de que
Quais os exemplos principais e mais práticos o nódulo pulmonar solitário também seja uma
que temos para ilustrar a aplicação desse lesão única. Nódulo pulmonar solitário é uma
“sinal radiológico”? Consolidações e Atelec- única opacidade pulmonar arredondada,
tasias. Existem outras aplicações? Lógico bem circunscrita, envolta por parênquima
que existem, mas é essencial que você co- pulmonar normal, com diâmetro menor ou
nheça o que mais vai encontrar na sua vida igual a 3 cm. Lesões pulmonares com essas
médica como generalista. características, mas maiores que 3 cm de di-
Apenas por curiosidade: podemos âmetro, são consideradas massas.
achar esse sinal em pacientes que realiza-
ram o exame com um grande grau de expi-
ração (já que a quantidade de ar, que da
a transparência pulmonar, estará diminuída),
edema pulmonar, membrana hialina, contu-
são pulmonar, proteinose alveolar, alveolite
fibrosante, tumores, sarcoidose, etc.
Esse sinal pode ser visualizado tanto
no raio X simples de tórax quanto nos exa-
mes de tomografia. Anatomicamente falando
temos o seguinte esquema para entender o
broncograma aéreo:
Nódulo pulmonar solitário (à esquerda
e apontado pela seta branca) e várias
massas pulmonares (à direita).

~ EUDIANE ZANCHET ~

REFERÊNCIAS
http://www.grupoamigo.com.br/admin/wp-
content/uploads/2017/10/Radiologia-to-
rax.pdf

Canais: MedTV, Jezreel, Ivan Paredes e Me-


dicina Fácil.

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