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FARMACOLÓGICAS E
INTERAÇÕES
MEDICAMENTOSAS
NA ESTÉTICA
Fármacos e alopecia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
Os seres humanos se preocupam muito com a aparência física. Assim,
quando algum aspecto físico do indivíduo se contrapõe ao padrão de
beleza socialmente estabelecido, principalmente no que se refere aos
pelos do corpo e aos cabelos, podem ocorrer mudanças psicossociais e
comportamentais no indivíduo, o que pode impactar de forma negativa
a sua qualidade de vida.
A alopecia é uma dermatose caracterizada pela perda de pelos e/ou
cabelos, ocasionando algumas falhas na sua formação. Esses distúrbios
capilares são classificados nas categorias alopecia não cicatricial e alopecia
cicatricial associada. A consulta ao dermatologista é necessária para
uma investigação individual das características e das prováveis causas
da alopecia. Embora a alopecia não seja considerada grave, seu manejo
clínico é recomendável, uma vez que esse distúrbio pode afetar o estado
emocional do paciente.
Neste capítulo, você vai aprender sobre os diferentes tipos de alopecia,
verificando também quais fármacos são utilizados para o tratamento
de cada caso e quais são seus mecanismos de ação. Por fim, você vai
compreender quais medicamentos podem desencadear a alopecia.
2 Fármacos e alopecia
Acrotríquio
Infundíbulo
Glândula sebácea
Istmo
Segmento inferior
Córtex Cutícula
Camada de Huxley Bainha interna da raiz
Camada de Henle
Bainha externa da raiz
Medula
Membrana basal hialina
Matriz do pelo
Melanócitos
Células germinativas
Bulbo
Papila
Em média, 90% do couro cabeludo humano se encontra na fase anágena, 10% na fase
telógena e 1% na fase catágena, segundo Sourtor e Hordinsky (2015).
Alopecia
Entre os distúrbios capilares existentes, encontra-se a alopecia, que é definida
pela perda temporária ou definitiva de pelos ou cabelos. Ela pode ser classificada
em alopecia cicatricial e alopecia não cicatricial, descritas a seguir com base
em Gordon e Tosti (2011) e Rivitti (2018).
Alopecia androgenética
A alopecia androgenética ou androgênica é a causa mais comum das alopecias,
sendo comum em ambos os sexos, nos indivíduos com predisposição genética.
Entre os homens com idade acima dos 50 anos, mais de 50% apresentam algum
grau de calvície. Já no sexo feminino, o pico de incidência ocorre após os 50
anos, e cerca de 30% dos acometimentos ocorrem por volta dos 70 anos de
idade, segundo Mulinari-Brenner, Seidel e Hepp (2011).
A perda do cabelo associada à alopecia androgenética consiste em uma
desordem no ciclo capilar do folículo piloso, em que ocorre o término prematuro
da fase anágena. Esse término se deve à redução dos fatores estimulantes e ao
aumento das citocinas, que promovem a apoptose e transformam o folículo
terminal em velo (pelo mais curto e fino), levando à diminuição folicular.
Esse quadro é geneticamente determinado pela participação de hormônios
androgênios, conforme apontam Mulinari-Brenner, Seidel e Hepp (2011).
Assim, a alopecia androgenética ocorre quando os androgênios passam a
interagir com os folículos pilosos androgênio-sensíveis geneticamente deter-
minados e resulta em uma sequência de eventos que culminam na desordem
capilar. O grau de alopecia androgenética é determinado pela distribuição dos
receptores androgênios nos folículos das diferentes regiões do couro cabeludo,
segundo Rivitti (2018). Os androgênios naturais que estão envolvidos nessa
Fármacos e alopecia 5
Homens Mulheres
I I
III Vértice
II
III
VI
Alopecia areata
Alopecia areata é uma afecção que acomete 2% da população de ambos os
sexos, em que o bulbo do folículo piloso é afetado na fase anágena; no entanto,
o folículo piloso não é destruído, mantendo-se com potencial para replicação.
As principais características da alopecia areata são placas arredondadas ou
ovaladas, únicas ou múltiplas, localizadas ou generalizadas. Essas placas,
também chamadas de placas da pelada, são lisas e brilhantes e, geralmente,
ocorrem no couro cabeludo e na barba, de acordo com Rivitti (2018) e Soutor
e Hordinsky (2015).
O sintoma dessa doença se manifesta em qualquer idade, com prevalência
maior entre os 15 e os 29 anos. Estima-se que, em média, 60% das pessoas
com alopecia areata apresentam os sintomas antes dos 20 anos, como a pri-
meira placa de alopecia areata, conforme apontam Rivitti (2018) e Soutor e
Hordinsky (2015). A etiologia ainda é desconhecida, mas os possíveis fatores
que podem estar associados são fatores genéticos e fatores imunológicos,
segundo Rivitti (2018).
Fármacos e alopecia 7
Formas clássicas:
■ alopecia areata em placa única ou unifocal — caracterizada por uma
única placa alopécica redonda ou ovalada, lisa, em que a coloração
da pele se apresenta normal, com pelos de aparência normal na
periferia da placa;
■ alopecia areata em placas múltiplas ou multifocal — ocorrem múlti-
plas placas alopécicas típicas, afetando o couro cabeludo ou também
outras áreas pilosas;
■ alopecia areata ofiásica — a queda dos fios acomete a linha de im-
plantação temporo-occipital, em uma área extensa que atinge as
margens inferiores do couro cabeludo;
■ alopecia areata total — ocorre a perda generalizada dos pelos termi-
nais ao longo do couro cabeludo e não atinge outras regiões pilosas
do corpo;
■ alopecia areata universal — há perda generalizada dos pelos corpó-
reos, sendo afetados o couro cabeludo e outras regiões pilosas, como
cílios, supercílios, barba, bigode, axilas e áreas genitais.
Formas atípicas:
■ alopecia areata tipo sisaifo — a perda de cabelos atinge todo o couro
cabeludo, exceto as margens inferiores ao longo da linha de implan-
tação temporo-occipital;
■ alopecia areata reticular (Figura 4) — ocorrem múltiplas placas de
alopecia intercaladas por pequenas faixas de cabelos preservados;
■ alopecia areata difusa — a queda dos fios ocorre de forma aguda
e difusa; pode ser a forma inicial, principalmente em crianças e
adolescentes, ou pode surgir a partir de formas em placa. A maioria
desses casos evolui para formas mais graves de alopecia areata total
ou universal.
Figura 4. Alopecia areata reticular: placas de alopecia areata separadas por faixas de cabelos
não acometidos.
Fonte: Rivitti (2018, p. 443).
Fármacos e alopecia 9
Na prática
Eflúvio telógeno
O eflúvio telógeno é conhecido como uma queda excessiva do cabelo, causada
pela conversão prematura de pelos em fase de crescimento (anágena) para pelos
em fase de repouso (telógena), de acordo com Rivitti (2018). Pode se apresentar
de forma aguda ou crônica. A forma aguda tem uma duração de 2 a 6 meses,
tendo uma recuperação completa sem intervenção. Já a forma crônica pode
durar de meses a anos e geralmente ocorre em mulheres com idades entre 30
e 60 anos, segundo Mulinari-Brenner e Bergfeld (2012).
O eflúvio telógeno é subdividido em cinco tipos, de acordo com os meca-
nismos fisiopatológicos responsáveis por desregular o ciclo capilar, conforme
descrito a seguir, com base em Rivitti (2018).
10 Fármacos e alopecia
https://qrgo.page.link/Xg81w
Finasterida
A finasterida foi aprovada pela Food and Drug Administration e pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária na dosagem de 1 mg para o tratamento de
alopecia. Trata-se de um dos fármacos mais prescritos para tratar alopecia
androgenética masculina. Esse medicamento é contraindicado para mulheres,
bem como mulheres grávidas ou com intenção de engravidar, pois esse princípio
ativo inibe a conversão da testosterona em DHT, podendo causar anormalidades
na genitália externa em fetos do sexo masculino. É contraindicado também
para crianças, segundo Laignier et al. (2017).
A finasterida aumenta o crescimento capilar no couro cabeludo e pre-
vine a queda adicional em homens. É considerada um inibidor específico
da 5α-redutase tipo II, responsável por metabolizar a testosterona em DHT,
reduzindo os níveis de DHT no organismo e, consequentemente, diminuindo
a queda do cabelo, conforme Rivitti (2018), o Laboratório Libbs Farmacêutica
(FINALOP, 2018) e Laignier et al. (2017).
Os comprimidos revestidos na dose de 1 mg são indicados para o tratamento
de alopecia, administrados uma vez ao dia, sendo necessário o uso por três
meses ou mais, para evidenciar o efeito do crescimento ou da prevenção da
perda de cabelo. É indicado o uso contínuo desse medicamento para se obter
máximo benefício, segundo Rivitti (2018), o Laboratório Libbs Farmacêutica
(FINALOP, 2018) e Laignier et al. (2017).
A finasterida tem uma biodisponibilidade de aproximadamente 80%; a
concentração plasmática máxima é alcançada em aproximadamente duas
horas após a ingestão, e a absorção completa ocorre após seis a oito horas da
administração. Sua ligação às proteínas plasmáticas é de aproximadamente
93%. Após a administração de múltiplas doses, ocorre pequeno acúmulo de
finasterida no plasma, segundo o Laboratório Libbs Farmacêutica (FINALOP,
2018).
A finasterida é metabolizada principalmente pela enzima citocromo P450,
e seus metabólitos apresentam baixa atividade. Após a administração oral de
finasterida, sua excreção ocorre majoritariamente nas fezes, e 39% da dose
é excretada na urina, na forma de metabólitos. A depuração plasmática é de
aproximadamente 165 mL/min. A taxa de eliminação da finasterida reduz
com o aumento da idade, sendo a meia-vida de 5 a 6 horas em homens de 18
a 60 anos e de oito horas naqueles com mais de 70 anos, conforme aponta o
Laboratório Libbs Farmacêutica (FINALOP, 2018). Embora o tratamento com
finasterida seja eficiente para o tratamento da alopecia, seus efeitos colaterais,
considerados raros, podem desencadear diminuição da libido e disfunção
12 Fármacos e alopecia
erétil, motivo este que leva alguns homens a não utilizarem essa terapia me-
dicamentosa, segundo o Laboratório Libbs Farmacêutica (FINALOP, 2018).
Minoxidil
O minoxidil promove a vasodilatação e prolonga a fase anágena do pelo/
cabelo; no entanto, seu mecanismo de ação ainda não foi totalmente elucidado.
Durante o início do tratamento, pode ocorrer a queda capilar, mas isso se
estabiliza após algumas semanas de uso, iniciando-se, assim, o crescimento
capilar, de acordo com o Aché Laboratório Farmacêuticos (PANT, 2017) e
Katzung e Trevor (2017).
O tratamento deve ser de, no mínimo, dois meses de aplicação diária de
minoxidil tópico, duas vezes ao dia, para que se evidencie o crescimento capilar
esperado. Esse período pode se estender para alguns homens, cujo tratamento
necessitará de, ao menos, quatro meses para a obtenção de resultados. Se a
aplicação de minoxidil for suspensa, o nascimento de cabelos novos será inter-
rompido, e, em um período de três a quatro meses, pode-se voltar ao aspecto
da alopecia anterior ao início do tratamento, conforme o Aché Laboratório
Farmacêuticos (PANT, 2017).
A absorção do minoxidil solução capilar 5% é considerada baixa, de apro-
ximadamente 1,7% (entre 0,3% e 4,5%) a partir do couro cabeludo intacto
normal, sendo essa absorção aumentada caso aumente a quantidade do fármaco
aplicado ou a frequência da aplicação. Segundo o Aché Laboratório Farma-
cêuticos (PANT, 2017), os três fatores mais importantes que determinam o
aumento da absorção do minoxidil tópico são:
https://qrgo.page.link/8pUw8
(Continua)
Fármacos e alopecia
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(Continuação)
PANT: minoxidil. Solução capilar 5%. Responsável técnico Gabriela Mallmann. Guarulhos:
Aché Laboratórios Farmacêuticos, 2017. 1 bula de medicamento (2 p.). Disponível em:
https://www.ache.com.br/arquivos/BU%20PANT%2050MG_ML%20SOL%20CAP%20
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REIS, A. P. A.; GRADIM, C. V. C. A alopecia no câncer de mama. Revista de Enfermagem
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Leitura recomendada
RIVITTI, E. A. Alopecia areata: revisão e atualização. Anais Brasileiros de Dermatologia, v.
80, n. 1, p. 57-68, 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abd/v80n1/v80n01a09.
pdf. Acesso em: 19 dez. 2019.
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