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FARMACOLÓGICAS
E INTERAÇÕES
MEDICAMENTOSAS
NA ESTÉTICA
Introdução
Neste capítulo, você vai estudar os distúrbios que ocorrem devido ao
aumento da produção de melanina — a chamada hiperpigmentação. A
hiperprodução de melanina pode ser desencadeada por alguns fatores,
como hormonais, ambientais e genéticos, sendo os principais deles:
melasma, efélides, hipercromia periorbital e hipercromia pós-inflamatória.
Algumas medidas são adotadas para a prevenção do aparecimento
desses distúrbios. Há também alguns medicamentos utilizados no tra-
tamento, visando a melhorar o aspecto ou mesmo eliminar a hiperpig-
mentação. No entanto, é necessário atenção especial aos medicamentos
que podem causar a hiperpigmentação como reação adversa.
Assim, neste capítulo, você vai estudar um pouco mais sobre esses
distúrbios, verificando quais são os mais comuns entre a população.
Você vai verificar quais são os fatores desencadeantes da hiperpigmen-
tação, vai compreender o mecanismo de ação dos fármacos utilizados
no seu tratamento e vai identificar os fármacos que podem causar a
hiperpigmentação.
2 Fármacos e hiperpigmentação
Terminações
nervosas
Rede livres
vascular Corpúsculo
subpapilar de Meissner
Glândula Epiderme
sebácea
Camada córnea
Camada granulosa Derme
Camada malpighiana
Camada basal
Papila dérmica
Músculo eretor Hipoderme
do pelo
Glândula
sudorípara Corpúsculo
écrina de Ruffini
Corpúsculo
Glândula Rede de Pacini
Pelo
sudorípara vascular
apócrina subcutânea
Melasma
O melasma é um distúrbio caracterizado pela presença de máculas acastanhadas
simétricas na face, geralmente nas regiões malar, frontal, superior labial e
masseterina, que acomete principalmente mulheres em idade fértil. Alguns
fatores de risco são: histórico familiar, exposição à radiação ultravioleta
(UV), gravidez, fatores hormonais e uso de contraceptivos orais (COSTA et
al., 2010; RIVITTI, 2018).
4 Fármacos e hiperpigmentação
Hiperpigmentação pós-inflamatória
A hipercromia pós-inflamatória ocorre após processos inflamatórios, tanto na
epiderme como na derme. Independentemente da causa, após esse período,
ocorrem manchas hipercrômicas (Figura 3); essas hipercromias são mais
intensas e duradouras. O escurecimento da pele, que aparece após o aumento
da pigmentação por melanina, ocorre após trauma, dermatose inflamatória ou
pelo uso de alguns medicamentos, fatores esses capazes de aumentar a libe-
ração de mediadores da inflamação, levando, assim, à liberação de melanina
(SOURTOR; HORDINSKY, 2015).
No artigo disponível no link a seguir, você vai aprender sobre os tratamentos utilizados
para a hipercromia pós-inflamatória e vai conferir quais são as formulações clareadoras
utilizadas.
https://qrgo.page.link/gPjER
Efélides
As efélides ou sardas são manchas pigmentadas castanho-claras ou escuras
(Figura 4), com diâmetro de 2 a 4 mm, que surgem após exposição actínica
e após exposição solar. Elas têm caráter hereditário e, geralmente, acometem
indivíduos com pele clara e cabelos loiros ou vermelhos. São causadas pelo
excesso de melanina, pigmento que dá cor à pele, provavelmente devido a
fatores genéticos. As efélides aparecem pela exposição continuada da pele
ao sol; assim, atinge locais mais expostos a queimaduras solares, como face,
antebraços, braços, ombros e tronco (RIVITTI, 2018).
O tratamento mais importante é o preventivo, isto é: evitar exposição à
radiação UVA e UVB e utilizar fotoprotetores. O tratamento farmacológico
pode ser feito com o uso de hidroquinona 4%, no período da manhã, e ácido
retinóico à noite, segundo Rivitti (2018). Mais adiante neste capítulo, abor-
daremos esses tratamentos.
8 Fármacos e hiperpigmentação
Hiperpigmentação periorbicular
A hiperpigmentação periorbicular, conhecida popularmente como olheira,
é uma hipercromia complexa com causa multifatorial. A hiperpigmentação
acomete, com maior frequência, mulheres morenas; no entanto, pode ser
desencadeada também em homens e em qualquer idade. É de forma bilateral
e simétrica, ao redor da região dos olhos, podendo um olho ser mais com-
prometido do que o outro, conforme apontam Soutor e Hordinsky (2015) e
Oliveira e Paiva (2016).
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD, 2010), a hipercromia
se dá devido ao aumento de melanina na epiderme das pálpebras e, também,
devido a outros fatores. A espessura muito fina da área do entorno dos olhos
e o excesso de vascularização subcutânea podem tornar a região periorbicular
Fármacos e hiperpigmentação 9
Hidroquinona
A hidroquinona é um despigmentante que apresenta efeito inibitório da me-
lanogênese, promovendo uma competição eficaz com a tirosina pela enzima
tirosinase. Assim, a melanogênese é afetada devido à interrupção na formação
de melanina, causando, consequentemente, o clareamento da pele (SOUTOR;
HORDINSKY, 2015; HIDROQUINONA, 2017). É indicada para o clareamento
gradual de melasmas, sardas, melanose solar e outras condições em que ocorre
hiperpigmentação cutânea por produção excessiva de melanina (SOUTOR;
HORDINSKY, 2015; HIDROQUINONA, 2017).
Alguns produtos comerciais associam hidroquinona com fotoprotetores,
que auxiliam a diminuir a ação danificadora da luz sobre a pele; no entanto,
não devem ser utilizados como protetor solar (SOUTOR; HORDINSKY, 2015;
HIDROQUINONA, 2017). A posologia indicada é a aplicação de uma camada
fina de hidroquinona duas vezes ao dia na área a ser tratada.
Ácido retinóico
O ácido retinóico, ou tretinoína, age sobre a hiperpigmentação da pele por meio
de um mecanismo que ainda precisa ser completamente elucidado. Segundo
Magalhães et al. (2011), há ações despigmentantes associadas ao seu uso, como:
Nas apresentações em creme ou gel, pode ser utilizado duas vezes ao dia
sobre a área hiperpigmentada (VITACID, 2019).
Ácido kójico
O ácido kójico (5-hidróxi-2-hidroximetil-4H-piran4-ona) é um potente despig-
mentante que atua em vários níveis no processo de hiperpigmentação, inibindo
a enzima tirosinase, com a consequente diminuição da síntese de melanina.
Ele não provoca irritação, não é citotóxico e não causa fotossensibilização
— assim, pode ser usado durante o dia (GONCHOROSKI; CORRÊA, 2005).
É indicada a aplicação duas vezes ao dia na área a ser tratada, sendo os
efeitos despigmentantes observados em torno de duas a quatro semanas ao
longo do tratamento. Após seis meses de uso contínuo, é possível observar
resultados mais evidentes; no entanto, esses períodos variam entre os pacientes
(GONCHOROSKI; CORRÊA, 2005).
Ácido glicólico
O ácido glicólico é um α-hidroxiácido extraído da cana-de-açúcar, usado
no tratamento de hipercromias, devido a seu efeito esfoliativo e redutor da
pigmentação excessiva. É utilizado em concentrações de 5% a 30%, sendo
encontrado em soluções, géis ou cremes. Em concentrações mais elevadas, é
utilizado no peeling e provoca epidermólise em alguns minutos, a depender
do tipo e da espessura da pele (GONCHOROSKI; CORRÊA, 2005).
Fatores hormonais
Os hormônios, quando liberados na circulação sanguínea a partir de glândula
ou órgão, regulam diversas atividades fisiológicas, controlando, assim, funções
endócrinas. Os hormônios estrogênio e progesterona estimulam a produção
de melanina; assim, frequentemente, quando os níveis desses hormônios
estão aumentados, há aumento de pigmentação cutânea (melasma) (RODRI-
GUES, 2014). De forma análoga, a terapia hormonal, como nos métodos
contraceptivos contendo esses hormônios, pode desencadear as tão temidas
hiperpigmentações faciais.
Leitura recomendada
COSTA. A. et al. Avaliação da melhoria na qualidade de vida de portadoras de me-
lasma após uso de combinação botânica a base de Bellis perennis, Glycyrrhiza glabra, e
Phyllanthus emblica comparado ao da hidroquinona, medido pelo MELASQol. Surgical
& Cosmetic Dermatology, v. 3, n. 3, 2011.
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