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Sistemas de organização dos sentidos.
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Língua e fala – matrizes e sistemas.
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Estruturalismo
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A linguagem tem um lado individual e um lado social,
sendo impossível conceber umsem o outro. [...]
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A cada instante, a linguagem implica ao mesmo tempo
um sistema estabelecido e uma evolução:
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a cada instante, ela é um produto atual e um produto
do passado. (SAUSSURE, 2006 [1973], p. 16)
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Sincronismo (língua) e diacronismo (fala).
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Gramática da Emília
“Era uma cidade como todas as outras. A gente importante morava no centro e
a gente de baixa condição, ou decrépita, morava nos subúrbios. Os meninos
entraram por um desses bairros pobres, chamado o bairro do Refugo, e viram
grande número de palavras muito velhas, bem corocas, que ficavam tomando
sol à porta de seus casebres.
Umas permaneciam imóveis, de cócoras, como os índios das fitas americanas;
outras coçavam-se.
— Essas coitadas são bananeiras que já deram cacho — explicou Quindim. —
Ninguém as usa mais, salvo por fantasia e de longe em longe. Estão morrendo.
Os gramáticos classificam essas palavras de ARCAÍSMOS. Arcaico quer dizer
coisa velha, caduca”. (LOBATO, 2021, s/p).
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Roland Barthes
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“A linguagem é uma
pele: esfrego minha
linguagem no outro.
É como se eu tivesse
palavras ao invés de
dedos, ou dedos na
ponta das palavras”
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Arbitrariedade do discurso
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Como todos os códigos, a linguagem tem
tempo e espaço;
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É negociada, arbitrária, política;
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É visceral, humana, moldável;
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Disputada.
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Linguagem e poder
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“O que permite a um signo ser signo não é o tempo, mas o espaço” (FOUCAULT,
2000b, p. 168).
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A linguística permitiu analisar não só a linguagem, mas os discursos. Seu objeto
não é a língua, mas o arquivo. O acúmulo de discursos na história.
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Os arquivos são constituídos a partir de regras sociais. Descrevem os usos de
disciplinas e hierarquias de poder e também as formas de resistência.
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Os discursos seguem a uma ordem e determinam práticas de poder. Assim as
palavras significam as coisas.
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Se não houvesse o sujeito falante para
retomar a cada instante a língua, habitá-
la no seu interior, contorná-la, deformá-
la, utilizá-la, se não houvesse esse
elemento da atividade humana, se não
houvesse a palavra no próprio cerne do
sistema da língua, como a língua
poderia evoluir? Ora, a partir do
momento em que se deixa de lado a
prática humana para se considerar
apenas a estrutura e as regras de
coerção, é evidente que se falha
novamente em relação à história. 8
Os corpos como discurso
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Os corpos carregam atos performativos, como a fala.
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A filósofa Judith Butler nos faz refletir sobre como o sexo é um
constructo social utilizado nas matrizes de adequação dos
corpos.
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Os corpos aprendem a desempenhar uma performance de
gênero numa sociedade hetoronormativa e binária.
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Binarismo – distinções na filosofia, linguagem e hierarquia.
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Masculino e feminino como opostos e desiguais.
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“ Nesse sentido, o que constitui a fixidez do corpo, seus contornos, seus movimentos,
será plenamente material, mas a materialidade será repensada como o efeito do poder, como o
efeito mais produtivo do poder. Não se pode, de forma alguma, conceber o gênero como um
constructo cultural que é simplesmente imposto sobre a superfície da matéria - quer se entenda
essa como o "corpo", quer como um suposto sexo. Ao invés disso, uma vez que o próprio "sexo"
seja compreendido em sua normatividade, a materialidade do corpo não pode ser pensada
separadamente da materialização daquela norma regulatória. O "sexo" é, pois, não simplesmente
aquilo que alguém tem ou uma descrição estática daquilo que alguém é: ele é uma das normas
pelas quais o "alguém" simplesmente se torna viável, é aquilo que qualifica um corpo para a vida
no interior do domínio da inteligibilidade cultural”. (BUTLER, 2000, p.152).
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Gênero neutro?
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O corpo como uma fala.
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O sexo binário como uma matriz fixa de uma
norma cultural.
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As restrições e abjeções como elementos
disciplinadores desses sujeitos fora da norma.
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Paris is burning (1990)
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Referências
BARTHES, Roland. Fragmentos de um Discurso Amoroso. Trad. Isabel Gonçalves. Lisboa:
Edições 70, s/d.
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BUTLER, Judith. Corpos que pesam. In: LOURO, Guacira Lopes. O corpo educado. Belo
Horizonte: Autêntica, 2000.
______. Curso de Linguística Geral. São Paulo: Cultrix, 2006 [1973].
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. Trad. Salma Tannus Muchail. 8ª ed. São Paulo:
Martins Fontes, 1999.
FOUCAULT, Michel. Retornar à história. In: Ditos e Escritos II. Trad. ElisaMonteiro. Organização e
seleção de textos Manoel Barros da Mota. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2000a.
______. Linguagem e Literatura. In: MACHADO, Roberto Foucault, a filosofia e a literatura. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2000b.
PRECIADO, Paul. Manifesto Contrassexual. São Paulo: N-1 edições, 2014.
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Tranformações
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Neologismos;
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Mudanças sociais e mudanças legisladas –
acordos linguísticos da ordem da dinâmica
estrutural geopolítica.
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Apelos sociais pela legitimação e visibilidade
dos sujeitos sociais.
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O caso do gênero neutro
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Mais adequado chamar de linguagem inclusiva.
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Decorre de alinhamentos sociais e políticos próprios às
demandas históricas.
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Enfrenta resistência de setores conservadores da sociedade.
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Por quem a linguagem muda? Seletividade e margem de
negociação – matriz discursiva vinculada a ideia de sujeito
universal branco e masculino.
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Existem linguagem neutra?
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Matrizes de poder estruturam e alicerçam a
linguagem.
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Sua compreensão se dá pela análise social e
histórica.
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A linguagem permanece e se transforma em
função de embates de poder e resistência.
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Mitos
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Naturalização da prevalência masculina.
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Binarismo como uma constante e uma origem.
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Não admissão da relação com poderes.
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Impedimentos morais e circunstanciais, encobrindo um debate estrutural.
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Se uma árvore cai numa floresta vazia e ninguém vê, é como se ela
nunca tivesse existido. A quem silenciamos quando impedimos o gênero
de admitir a não binariedade?
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Manifesto contrassexual
Renunciar ao binarismo e a legislação de
gênero, aos benefícios jurídicos e sociais de
tais normas.
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