Você está na página 1de 3

Universidade Federal de Goiás

Instituto de Ciências Biológicas

Curso de Biomedicina

Disciplina: Introdução à Biomedicina e Saúde Coletiva

Docente: Cristiane Lopes Simão Lemos

Discente: Gabriel Alves Rodrigues

SICKO – RESENHA CRÍTICA

Vários termos poderiam ser empregados para descrever sobre o que o documentário
SICKO se trata. O primeiro termo que poderíamos citar sem muita enrolação é
“saúde”, e como a premissa do documentário é ligada a este fator, é mais que correto
dizer o mesmo. Porém, vários outros termos se encaixariam para dizer sobre o
documentário: que é sobre ética, moral, e até mesmo sobre o “sonho americano”, e
nenhum deles ainda estariam errados. Apesar do foco principal do documentário é
mostrar a dificuldade enfrentada todos os dias pelos americanos e seu sistema de
saúde, o filme vai muito além disso, e sem intenção (ou com), torna-se um filme sobre
o nosso sistema econômico atual, ele se torna um filme sobre capitalismo.
O documentário SICKO SOS SAÚDE, dirigido por Michael Moore, mostra para gente
um pequeno mundo que está contido em solo americano. Pessoas que compartilham
suas histórias sobre suas dificuldades e suas relações com o sistema de saúde atual
da grande nação americana e nelas encontram uma verdade cruel: você vale o que
você pode pagar.

Diferente do Brasil, o Estados Unidos da América não possui o sistema de saúde


gratuito e universal como o nosso SUS. Cuidados médicos custam caro em solo
americano. Se você for internado por alguns dias e não tiver um seguro de saúde que
te ajude, terá que desembolsar grandes quantias de dinheiro para pagar a conta do
hospital e são essas questões retratadas no documentário. Por que um país de
primeiro mundo te obriga a escolher entre um de seus dedos amputados
acidentalmente para salvar? E qual é a maneira de evitar isso? Pagando convênio
particular. Porém, se você for estiver abaixo da linha de pobreza ou idoso ainda há
uma salvação, mesmo que mínima, há serviços gratuitos para essa parcela da
população, no entanto, tais serviços prestará apenas atendimentos simples e
emergenciais.

A forma mais comum de obter o plano de saúde nos EUA é através do trabalho, onde
a empresa irá fornecer o benefício aos funcionários. No entanto, nem todas as
empresas oferecem esse tipo de serviço, e no documentário, pessoas sem dinheiro
suficiente para recorrer a um convênio, ficam à mercê da vida, passam humilhações
e constrangimentos quando adoecem, não obtendo hospitais públicos para atender a
seus cidadãos. Como o controle não é do poder público e sim das empresas privadas
que cobram pelos planos, as mesmas encontram maneiras de não pagar
procedimentos que os pacientes necessitam, culpabilizando o cidadão por doenças
preexistentes não informadas.

O documentário traz pessoas reais, mostrando a desumanização do sistema de


saúde americano, expõem cada vez mais as raízes de um sistema falho onde quem
tem dinheiro vale mais e portanto merece ser salvo. Observamos grandes
corporações e empresas que fazem parte de um grande esquema de lucro, deixando
seus cidadãos de lado, até mesmo aqueles que lutaram para defender a nação
americana, como o relato do bombeiro que foi abandonado pela mesma bandeira que
ajudou a defender.
Apesar de todas essas dificuldades, o sistema de saúde americano está longe de ser
ruim. Tendo como referência uma das mais tecnológicas em termos de saúde,
demonstra que as dificuldades não são por precarização do sistema, muito pelo
contrário, a falta de universalização, integralização e equidade faz com que seja um
dos melhores, porém feito apenas para poucos que tem condições de obtê-lo.

O documentário então mostra uma outra realidade, dessa vez de países que possuem
um sistema de saúde mais humanitário, como no Canadá, que permite que a pessoa
seja atendida por quem ela escolhe. Ou na Inglaterra, que possuem profissionais
capacitados, que têm incentivos quando a população adscrita a eles apresentam
menos fatores de riscos de doenças, como por exemplo, parar de fumar. E na França,
que o sistema de saúde oferece pessoas para ajudar as famílias em suas casas com
assistência domiciliar. E claro, não podia faltar o país onde os americanos do filme
encontram sua “salvação”: Cuba, onde a oferta é equânime, todos tem acesso à
educação saúde, esporte, lazer, etc., de forma gratuita, apesar de ser tão mal vista,
resultado da própria especulação capitalista e bloqueio econômico do EUA.

Ao assistir o documentário inevitavelmente olhamos para nossa própria pulga na


orelha, o mal falado SUS: onde grande parte da população negligencia, políticos
pedem seu fim, e é cada vez mais sucateada. O nosso sistema único de saúde está
longe de ser ótimo, mas isso não significa que não pode piorar. Temos referências
mundiais em alguns aspectos de saúde devido exclusivamente ao SUS. Temos
acesso gratuito e pleno aos seus sistemas e mesmo assim temos alternativas de
convênios e planos de saúde privados. Possuímos órgãos de grande competência
que regulam e fiscalizam aspectos que está direta e indiretamente ligada à nossa
saúde e tudo isso gratuitamente. Ao comparamos com o EUA, estamos até bem, mas
podemos melhorar.

Por fim, o documentário mostra o que é o valor da vida para o capital. Em nome desse
modelo econômico deixamos de lado o que há de mais importante para todos: a vida.
A saúde deve ser considerada mais que uma máquina de lucrar, e a vida merece ser
muito mais que uma pilha de dinheiro. Devemos defender aquilo que já temos e lutar
pelo o que precisamos, devemos ser melhores, um dia de cada vez.

Você também pode gostar