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Aula 02 – Introdução ao Estudo do Diagnóstico – Diagnóstico Bucal – pt.

Introdução ao Estudo do Diagnóstico – pt. 1

Diagnóstico:
Identificação, descoberta ou reconhecimento de uma doença, através dos sinais e
sintomas obtidos após exame do paciente e raciocínio.

Diagnóstico Clínico ou Provável:


Ele é estabelecido após a análise detalhada das informações obtidas e dos
exames complementares de consultório;

Diagnóstico Definitivo:
Só é obtido após exames laboratoriais;
Porém nem toda doença precisa do exame laboratorial para ser definida,
podendo ter seu diagnóstico estabelecido somente com exames complementares
de consultório;

Diagnóstico Diferencial:
Muitas doenças vão apresentar sinais e sintomas semelhantes, sendo muitas
vezes necessário que ao examinar o paciente, seja realizado o diagnóstico
diferencial entre várias doenças;
Corresponde às hipóteses de diagnóstico para uma mesma lesão, após o exame
clínico;

Prognóstico:
Marcha evolutiva da lesão, ou seja, o profissional tem condições de antecipar
para o paciente como aquela doença vai se desenvolver;
Antecipação do finalizar da doença;
Esse prognóstico pode ser dividido da seguinte forma:
De acordo com as possibilidades ou não de cura e recuperação do paciente:

Favorável ou bom:
Quando tudo faz crer que, terminada a doença, a saúde se restabelecerá
perfeitamente.

Reservado ou duvidoso:
Permanece a dúvida em relação ao desfecho;
´´Vamos estabelecer tal tratamento, mas não temos como assegurar que
a doença será exterminada´´

Sombrio ou ruim:
Sugere um desfecho desfavorável ao paciente;
Esse prognóstico é muito comum quando o paciente chega no consultório
médio com casos avançados de câncer, ou metástase por exemplo;
Pode ser usado para o dente em casos de canal por exemplo.

Fatal:
Quando se prevê o óbito.

Durante o curso de diagnóstico, muito será falado sobre saúde e doença, conceitos esses
que estão intimamente relacionados com a adaptação.
Muitas vezes o paciente está tão adaptado a aquele meio que ele vai se encontrar com
saúde, enquanto outro paciente que não possui essa mesma adaptação vai apresentar-se
doente naquele meio.

Saúde:
Estado de perfeita adaptação do organismo ao ambiente físico, psíquico e social
em que ele vive, sentindo-se bem (saúde subjetiva) e sem apresentar sinais ou
alterações orgânicas evidentes (saúde objetiva).

Doença:
Estado de falta de adaptação ao ambiente físico, psíquico e social, no qual o
indivíduo sente-se mal (relata sintomas) e apresenta alterações orgânicas
evidenciáveis (sinais);
Sintoma é narrado pelo paciente, aquilo que ele relata na anamnese;
Sinal é aquilo que será observado no exame físico.

Aspectos Cronológicos de Uma Doença:


Toda doença primeiramente deve possuir uma causa (muitas vezes conhecido
como fator etiológico). Quando essas causas atingem o paciente/seu organismo,
algumas dessas doenças vão passar pelo período de incubação, ou seja, aquele
período sem manifestação (paciente já tem a doença, mas ela ainda não se
manifestou). Depois vai acontecer o início da manifestação de sinais e sintomas
inespecíficos, também conhecido como período prodrômico. Em seguida,
passasse para o período de estado, no qual os sinais e sintomas vão ser típicos. A
evolução dessa doença pode se dar no sentido da cura (com ou sem sequelas),
para a cronificação (doença se torna crônica, um exemplo sendo a sinusite –
sinusite crônica), pode levar a complicações ou o paciente pode evoluir para o
óbito.

Patologia:
Estudo das doenças;
Patologia bucal sendo o estudo das patologias da cavidade bucal.

No caso do diagnóstico, pode-se utilizar alguns termos que são semelhantes, como:
Estomatologia:
Estudo das afecções da boca.

Semiologia:
Meio médico;
Estudo dos sinais e sintomas;
E para obter esses sinais e sintomas existe o estudo da:
Semiotécnica:
Técnica ou método para obtenção dos sinais e sintomas,
onde são utilizam-se os sentidos naturais do examinador,
direta ou indiretamente.

Conceitos e Técnicas Diagnósticas:


O conjunto de dados clínicos que são obtidos através do paciente, ou seja, os
sinais e sintomas, é que são responsáveis por conduzir e orientar o clínico ao
diagnóstico de uma patologia;
Esses dados podem ser obtidos tanto na anamnese quanto no exame
físico/clínico propriamente dito.

Sinais:
São manifestações clínicas da doença, que podem ser percebidas por meio dos
sentidos naturais do homem;
Tudo que pode ser percebido através dos sentidos (tato, visão, audição, olfato e
paladar) é um sinal.
Ex: Mudanças de coloração (pode acontecer no dente ou na mucosa), variação
de volume, lesões, hálito, temperatura, edemas, ruídos...

Sintomas:
São manifestações subjetivas relatadas pelo paciente;
Ex: Dor, tonturas, pruridos, dormência, astenia (fraqueza muscular),
características da dor...
Tudo aquilo que você não consegue perceber/ sentir é considerado um sintoma.

Sintomatologia ou Quadro Clínico:


É o conjunto de sinais e sintomas presentes na doença;
Um mesmo quadro clínico pode aparecer em doenças diferentes, sendo
chamados de quadros clínicos inespecíficos. Nestes casos há necessidade de uma
maior observação do paciente ou de exames complementares, para se chegar a
uma diagnóstica.

Sinal Patognomônico:
Específico de uma doença;
É um sinal ou sintoma que por si só, isoladamente, é capaz de levar ao
diagnóstico definitivo.
Ex: a presença dos Dentes de Hutchinson. Toda sífilis congênita (mãe passa para
o bebê) apresenta essa característica, dessa maneira podemos dizer que esses
dentes são um sinal patognomônico da sífilis congênita.

Hipótese Diagnóstica:
É o diagnostico inicial, geralmente obtido levando-se em consideração a
anamnese, história e o exame físico do paciente;
Essa hipótese pode ser confirmada ou não;
Exames complementares são comumente utilizados para confirmação
diagnóstica.

Síndrome:
É o conjunto de sinais e de sintomas comuns a uma determinada doença;
Ex: Síndrome de Down – palato ogival (bem arqueado e profundo), pálpebras
orientais, macroglossia (língua maior que o normal, podendo até ter dificuldade
em conter a língua dentro da boca), anodontia (ausência congênita de elementos
dentários) e nariz em sela. – Todas essas características são exemplos de sinais.

Sintomatologia Prodrômica ou Subclínica:


São sintomas e eventualmente sinais inespecíficos:
Ex: Dores, náuseas, aumento de temperatura local ou geral, fraqueza muscular,
etc.

Sintomatologia Pré-Clínica:
São sinais e sintomas que surgem antes da manifestação clínica de uma doença;
Ex: Lesões herpéticas – vesículas e bolhas são parecidas por ardor, calor local e
prurido (coceira).

Estabelecimento do Diagnóstico:
Ao estabelecer o diagnóstico de uma doença é necessário partir dos sinais e sintomas
que são colhidos na anamnese e no exame físico do paciente, obtidos através da
Semiotécnica (técnica ou manobras). A partir adquire-se o quadro clínico ou
sintomatologia daquela doença. Diante desse quadro clínico, inicia-se a elaboração de
hipóteses de diagnóstico, que só será comprovada após a solicitação de alguns exames
complementares de consultório, e, caso necessário, de laboratório. Esse processo
promove a obtenção do diagnóstico final, sendo a partir dele possível realizar o
estabelecimento do prognóstico e consequentemente do tratamento. Após realizado esse
tratamento, faz-se a proservação, que se trata do acompanhamento do caso, podendo ser
com exames clínicos, radiografias ou retorno ao consultório.
Aula 02 – Introdução ao Estudo do Diagnóstico – Diagnostico Bucal – pt. 2

Introdução ao Estudo do Diagnóstico – pt. 2

Exame Clínico do Paciente:


O exame
clínico é
aquele realizo
no dia a dia
do
consultório,
sendo
composto
pela
anamnese e
pelo exame
físico.
Na ficha clínica é necessário inicialmente realizar a identificação do paciente com
informações como nome, endereço, data de nascimento, profissão, entre outros.
Essas informações de identificação do paciente, queixa principal, história da doença
atual, história buco dental, história médica, antecedentes familiares, hábitos nocivos e
higiênicos são obtidos através de um questionário.
Já o exame físico consiste em observar todo o aspecto geral do paciente desde o
momento em que ele entra no consultório, juntamente com a realização do exame loco-
regional extrabucal e intrabucal.

Anamnese:
Identificação do Paciente:
Tem por objetivo a obtenção de informações pessoais do paciente, pode
ser também realizada por auxiliar do dentista (mais comum);
Nome, idade, sexo, cor, procedência, endereço, profissão (atual e
anterior);
Pode servir para estudos epidemiológicos.

Queixa Principal:
É o motivo principal que levou o paciente ao dentista, podendo
classificar-se como:
Presença de indícios de anormalidade;
Insatisfação com evolução de tratamento;
Consulta de rotina.
O dentista deve anotar, sempre que possível, as palavras ditas pelo
paciente ao relatar o motivo que o levou a procurá-lo.
História da Doença Atual:
É o histórico completo e detalhado relativo à queixa apresentada e sua
evolução temporal e sintomatológica, ou seja, a história detalhada da
doença atual, desde seu início até aquele momento, colhida de maneira
criteriosa e cronológica
As perguntas devem ser claras, simples e diretas, facilmente entendidas
pelo paciente;
O conhecimento e a experiência do dentista são fundamentais para
obtenção das informações necessárias ao diagnóstico – Dentista
tranquilo, inteligente, competente;
As informações devem ser anotadas fazendo o uso de termos técnicos,
que serão analisados e ponderados;
Diagnóstico preciso – terapêutica adequada;
Sucesso do tratamento;
Modelo de perguntas mais frequentes:
Tempo de evolução do processo (desde quando? A quanto
tempo?);
Sinais e sintomas iniciais e atuais;
Fatores desencadeantes da sintomatologia;
Pacientes assintomáticos → quais as características da lesão
inicial e da final?

História Médica:
Pesquisa-se os antecedentes relativos a doenças de caráter sistêmico,
desde o nascimento até o momento atual;
Doenças anteriores e atuais:
Alergias, sífilis, tuberculose, hepatites, IAM, diabetes...
Tratamentos anteriores e atuais:
Cirurgias, uso de próteses cardíacas, ortopédicas, neurol...
Usos de medicações:
Anti-hipertensivos, antiagregantes plaquetários, anticoagulantes...
Estados especiais:
Gravidez, cirurgias recentes...

História Buco Dental

Antecedentes Familiares:
Objetiva a obtenção de informações sobre os estados patológicos que
acometem ou acometeram familiares;
Doenças hereditárias ou com tendência familiar:
Doenças cardíacas, alérgicas, hemorrágicas, neurológicas,
endócrinas/diabéticas.

Hábitos Nocivos e Higiênicos:


Higiene bucal:
Periodicidade, técnica de escovação...
Hábitos nocivos:
Fumo, álcool, palitos, grampos...
Orientação alimentar:
Qualidade da alimentação, regimes, uso de inibidores do apetite...

História do Paciente:
É um exame subjetivo;
O paciente conta sua história;
Estabelece-se a relação dentista-paciente;
Visa estabelecer um bom relacionamento entre o paciente e o dentista,
bem como obter todas as informações – atuais e passadas – que se
mostrem úteis no auxílio do diagnóstico e conduta terapêutica.

Exame Físico:
É um exame objetivo, tratando-se da pesquisa de sinais concretos presentes no
paciente;
O dentista examina o paciente em relação aos sinais presentes;
Um sólido conhecimento e expêriencia profissional são fundamentais;
Manobras clássicas:
Inspeção, percussão, palpação, olfato, auscultação...
Inspeção visual direta ou indireta e a palpação digital são as manobras
mais utilizadas.
A boca permite o acesso visual amplo de suas estruturas;
1. Aspecto geral do paciente:
Biotipo, marcha, fáceis
2. Inspeção:
Loco-regional (cabeça e pescoço), inspeção intrabucal, afastadores,
espelho, tração da língua, lavagem da boca.
Examinar: lábios, mucosas, assoalho da boca, amígdalas, línguas,
gengivas, palatos, orofaringe.
3. Palpação: extra e intrabucal
Possibilita informações: limites, pulsação, sensibilidade, temperatura,
consistência, flutuações, mobilidade;
A palpação dos dentes é indireta com o uso de exploradores;
Cadeias linfáticas – linfonodos glândulas.
4. Percussão:
Método utilizado basicamente no diagnóstico de odontalgias;
Pericementite, abscessos agudos, fraturas.
5. Auscultação:
Tem pouca utilização;
Estalidos da articulação temporomandibular.
6. Olfato:
O odor pode ter valor semiológico;
Pênfigo foliáceo;
Tumores malignos.
Exame Clínico:
Deve ser sistemático, ordenado e completo;
Todos os dados obtidos deverão constar na ficha clínica ou prontuário do paciente, bem
como resultados de exames complementares, tratamentos executados e evolução do
caso;

Ficha Clínica:
Instrumento legal e fonte segura para obtenção de dados estatísticos epidemiológicos
que auxiliam a conhecer melhor a história natural das doenças.

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