O FANZINE COMO DISPOSITIVO DE PARTICIPAÇÃO POLÍTICA: A
COMUNALIDADE E A COMUNICAÇÃO NO PLURAL – Partindo do exame
de um fanzine elaborado durante a ocupação da escola Matias Neto, no ciclo de ocupações de escolas estaduais do Rio de Janeiro no primeiro semestre de 2016, procura-se mostrar como a própria oficina de fanzine pode ser vista como uma forma da comunalidade (Thévenot, 2014) nas ocupações, isto é, como uma forma de envolvimento político que exige a “conformação do comum” (Thévenot, 2006), mas sem as tensões trazidas pela altercação nas Assembleias públicas que implicam em exigências de formato e em disputas por critérios de justiça. Enquanto dispositivo de participação colaborativo e experimental o fanzine facilita a comunalidade no plural e confere maior abertura aos envolvimentos em proximidade e à expressão de questões que pendem para a subjetividade e extrapolam as restrições do regime de justificação e do regime de ação em plano (Thévenot, 2006). Partindo de uma gramática do lugar comum (Thévenot, 2014), isto é, lugar da criação artística e da livre expressão, o fanzine modaliza uma abertura à diferenciação: faculta a expressão de dilemas e questões que, numa aula ou debate público, são desencorajadas pelos formatos exigidos às contribuições e pelas tensões que geram. Ele oportuniza a experimentação e a criação fora do modelo - instrucional - da autoridade, pois sua elaboração não passa pela sintaxe relacional da autoridade (Foucault, 2015). Por fim, o fanzine facilita o trabalho de dar forma às diferentes percepções do mundo e permite a constituição de laços de proximidade em colaborações mais simétricas que não se sobrepõem a outras modalidades de relação e ao reconhecimento dos mais experimentados. Palavras-chave: Comunalidade no plural. Comunicação na diferença. Fanzine. Autoria: Ubirajara Santiago de Carvalho Pinto – Mestre em Literatura – Professor do Instituto Federal Fluminense/Macaé, Rio de Janeiro, Brasil. E-mail: santiagosamba@yahoo.com.br