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O NT parece dar uma dupla definição à igreja: ela é uma realidade espiritual e mística,

o corpo de Cristo, e como tal é invisível aos olhos humanos. Por outro lado, esse corpo é o
conjunto visível daqueles que professam a fé cristã e se reúnem em comunidades.
A partir do segundo século começou a ideia de instituição na igreja. A comunidade
cristã precisa adquirir uma identidade diante de tantos desafios: perseguições e divergências
nas interpretações da fé cristã. Daí surgiu a igreja católica, ela era caracterizada por três
pontos: cânon, credo e monarquia do bispo na igreja local. O bispo passou a representar a
igreja, quem não estivesse em comunhão com ele não estava na igreja.
Houve muitas igrejas dissidentes da igreja romana. Entre elas estavam os donatistas,
eles eram uma igreja paralela, mas foram agregados à igreja católica com a ajuda de
Agostinho. A igreja católica tentava evitar que ocorressem cismas, e fazia isso por meio da
violência. Há muitos exemplos disso: os cátaros, os valdenses, os iolardos e os hussitas.
O protestantismo surgiu com a ideia de que nenhuma tradição cristã pode requerer
para si a designação de única igreja. Há muitas agremiações diferentes, mas em meio a todas
elas há uma só igreja. E só cristo conhece os que são seus.
Deus é o supremo pastor do seu povo. Mas ele escolheu algumas pessoas para cuidar
do seu rebanho na terra. Isso aconteceu com os líderes do AT e também com os do NT. Os
homens receberam a missão de pastorear o povo, ensinando, edificando, intercedendo,
convencendo, consolando, repreendendo, advertindo e exortando os fiéis em sua vida cristã. A
Bíblia mostra o que os líderes têm de fazer e adverte aqueles que não fazem.
Com a crescente institucionalização da igreja antiga ficou muito difícil o exercício do
pastorado, os líderes foram ficando cada vez mais afastados do povo. Mesmo assim surgiu
vários homens que se preocuparam com o ministério pastoral: Policarpo de Esmirna,
Clemente de Alexandria, João Crisóstomo, Gregório Magno.
A reforma protestante foi um movimento motivado por preocupações pastorais.
Martinho Lutero e João Calvino deram grande ênfase ao exercício do ministério pastoral.
Martin Bucer escreveu sobre os deveres dos pastores. Os Anabatistas também deram grande
ênfase no modelo pastoral espelhado no Novo Testamento.
O puritanismo foi um dos movimentos que mais contribuíram no âmbito pastoral.
Richard Baxter escreveu o livro “O pastor reformado” no qual ele falou dos labores, das
motivações, limitações e da dedicação dos pastores. Entre outros, temos também a
contribuição de Jonathan Edwards.
A função de Papa não encontra apoio nas Escrituras. A Bíblia fala que Pedro recebeu
as chaves do reino, mas isso não quer dizer que ele se tornou cabeça da igreja. Pedro nunca
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requereu para si e nem a igreja deu a ele uma posição única e superior de liderança. Não há
uma relação histórica entre Pedro e Roma, é possível até que ele não tenha estado nessa
cidade.
No entanto, não podemos desconsiderar a contribuição de alguns papas e a piedade
deles. Esse título era dado a muitos oficiais da igreja, especialmente os bispos. Depois passou
a designar apenas o bispo de Roma.
Um fator que fez surgir o papado foi a crescente importância da igreja de Roma. Por
ter sido nela que Paulo e supostamente Pedro foram martirizados, por ser a capital do império
Romana. Além disso, os imperadores concederam benefícios e buscaram conselhos nos bispos
da capital do império. Outro elemento importante é que desde cedo a igreja romana e seus
líderes reivindicavam, direta ou indiretamente, certas prerrogativas especiais.
Leão I (440-461) é considerado por muitos o primeiro papa. Ele defendeu
explicitamente a autoridade papal. Seu sucessor Gelásio I (492-495) expôs a teoria das duas
espadas: são os dois poderes, o espiritual e o secular, sendo que o primeiro tem primazia sobre
o segundo e é representado pelo papa. O apogeu do papado antigo ocorreu no pontificado de
Gregório I ou Gregório Magno (590-604), o primeiro a ocupar o trono papal. Ele realizou
grandes feitos políticos e religiosos. Um momento especialmente significativo foi a coroação
de Carlos Magno como sacro imperador romano por meio do papa Leão III. O bispo de Roma
já era considerado o principal personagem eclesiástico do Ocidente. O papa era um
governante secular como demais soberanos europeus.
O papado passou por períodos de decadência. Um exemplo disso foi o que aconteceu
entre os séculos nove e onze. Violência, luxúria e escândalos sexuais eram comuns a esse
período. Surgiram vários papa reformadores, entre eles Hildebrando. Outro período de
decadência se deu no fim do século 14 e início do século 15. Nesse período houve o grande
cisma e “o cativeiro babilônico da igreja”. Isso foi resolvido depois de alguns concílios. Os
papas do século 16 não tinham tantas preocupações religiosas, uns se preocupavam com as
artes, outros com guerras, e outros ainda com o acúmulo de riquezas.
A igreja católica tomou algumas medidas para combater a reforma. Ela tentou impedir
o avanço dos protestantes e também se preocupou em reformar o catolicismo. O Papa Paulo
III (1534-1549) lutou para que os papas se preocupassem com as coisas espirituais e
deixassem as seculares de lado. Foi ele quem convocou o concílio de Trento. Depois deles
vieram outros papas que tentaram fazer da Igreja Católica uma instituição mais coesa,
organizada e disciplinada e com uma clara identidade doutrinária.

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Nos séculos 17 e 18 a Igreja continuou tendo problemas com as autoridades seculares.
O concílio de Trento buscou a centralização do poder no papado. Houve oposição a isso, esse
movimento recebeu o nome de “galicanismo”, mesmo no meio da igreja existia galicanos,
pessoas que acreditavam que autoridade residia nos bispos e não no papa. Os defensores da
autoridade papal eram chamados de ultramontanistas. O poder papal recebeu outro golpe, a
supressão da ordem dos jesuítas. A revolução francesa também foi um grande golpe no
papado. O novo governo tentou enfraquecer a Igreja na França.
O papa Pio IX teve o pontificado mais longo da história. Ele perdeu poder político na
Itália quando as tropas do novo Reino da Itália tomaram os estados papais. Enquanto isso ele
acentuou as suas prerrogativas na área religiosa. Ele estabeleceu o dogma da imaculada
conceição de Maria, ele convocou o concílio de Vaticano I, no qual foi declarada a
infalibilidade papal.
A igreja católica e seus pontífices começaram lentamente a aceitar o mundo moderno
com papa Leão XIII. O período das duas guerras foi especialmente conturbado para a Igreja
católica. Ela fez vários acordos com líderes de extrema direita. Depois o papa Pio XI
condenou o nacional-socialismo.
Um dos períodos mais extraordinários da história da igreja e do papado teve inicio
com a eleição do idoso cardeal Angelo Giuseppe Roncalli como papa João XXIII. Ele
convocou o concílio Vaticano II. O papa seguinte deu prosseguimento a esse concílio no
interesse de construir pontes entre a igreja e o mundo moderno.
O polonês João Paulo II foi o primeiro papa não italiano desde o século 16, sua
atuação corajosa contribuiu para a derrocada do comunismo em sua pátria e no leste europeu.
Foi o papa que mais se deslocou pelo mundo afora.
O celibato está ligado ao ascetismo e ao monasticismo, com a degeneração dos valores
cristãos muitos cristão ansiavam por uma religiosidade mais elevada. O ascetismo baseou-se
nas escrituras e na cultura grega. Paulo e Jesus eram celibatários e aconselharam que algumas
pessoas fizessem isso. A cultura grega desvalorizava o corpo em detrimento da alma. Tudo
isso contribuiu para o celibatarismo. Os ascetas e os monges aderiram a essa ideia e deixaram
de lado os prazeres sexuais. Eles valorizavam extraordinariamente a virgindade e a castidade.
Eles estavam se afastando de uma ampla corrente de ensinos bíblicos que valorizam o
casamento e a família.
No quarto século quase todos os bispos da Grécia, Egito e Europa eram solteiros e se
eram casados deixavam suas mulheres depois da ordenação. Não havia nenhuma lei que
proibisse o casamento entre o clero. Na igreja oriental surgiram leis nos séculos 7 e 8
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proibindo o casamento da ordens mais elevados. A igreja ocidental foi mais radical e proibiu
o casamento de todos os integrantes do clero.
O celibatarismo e a castidade foi muitas vezes desrespeitados, principalmente nos
séculos 9 e 10. Muitos papas tiveram esposas e filhos. Outros membros do clero mantinham
famílias enquanto trabalhavam na igreja. O mosteiro de Cluny tentou reformar essas questões.
Os protestantes rejeitaram o celibatarismo e muitos dos seus líderes casaram. A contra
reforma reafirmou essa doutrina católica.
A igreja católica não recebia muita influência de Roma. Os papas tiveram dificuldade
de aplicar no Brasil algumas normas canônicas, inclusive o celibato dos sacerdotes. Com o
pontificado de Pio IX, Roma foi assumindo um maior grau de controle sobre a igreja
brasileira. Mesmo assim o casamento de sacerdotes ainda era comum. Somente algumas
décadas após a proclamação da república é que houve uma maior submissão da igreja
brasileira à Roma. Assim o celibato foi exigido de todos os sacerdotes. Isso gerou um
problema já que muitos jovens que ansiavam pelo sacerdócio não queriam deixar de se casar.
Apesar de uns a elogiarem e outras a condenarem, todo cristão faz teologia. Ela é a
exposição raciocinada da fé. É uma necessidade enfrentada pela igreja. A principal discussão
da igreja no início era sobre Jesus. Houve muitas concepções erradas, entre elas o
monarquianismo, uma tentativa de manter o monoteísmo e evitar o triteísmo. Havia o
monarquismo dinâmico que Jesus como adotado por Deus no batismo. O outro era o
monarquianismo modalista, que vivia na trindade três modos de manifestação de Deus. O
conceito de trindade era muito importante para os primeiro cristãos. Era até formula batismal.
No quarto e quinto século surgiram os frutos mais ricos da discussão sobre esse
assunto. Quando Constantino subiu ao poder ele viu nas doutrinas ensinadas por Ário um
perigo para unidade eclesiástica e integridade do império. O imperador convocou o concílio
de Nicéia. Nessa reunião a ideia de Cristo estava abaixo de Deus e era um ser criado no inicio
dos tempos, foi rejeitada. Foi declarado que Cristo era consubstancial com o Pai. Houve
resistências a essas doutrinas, mas alguns teólogos por meio de seus esforços conseguiram
tornar essa ideia eclesiasticamente universal. O concilio de Constantinopla reafirmou essa
doutrina e produziu um credo com as declarações.
Tempos depois surgiu outra discussão, agora a respeito das duas naturezas de Cristo.
Uns diziam que Cristo era uma mistura de alma racional divina e corpo humano, outros
diziam que as duas naturezas se fundiram em uma só, a divina. Os concílios de Éfeso e de
Calcedônia declararam que Cristo era plenamente homem e plenamente Deus.

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Muitos rejeitam os termos que definem a Cristologia por serem de origem grega e por
terem influência externa. Mas apesar disso, eles refletem a fé de muitas gerações de cristãos e
são os mais apropriados e equilibrados para resolver os problemas cristológicos.
As Escrituras do Antigo e Novo Testamento sempre foram tidas em grande estima e
pelos cristãos. Foi fonte de ensino para muitos crentes e também solução de questões de fé. O
forte apreço dos cristãos gerou alguns problemas. Alguns buscavam respostas na bíblia em
versículos aleatórios, outros se sentiam desafiados e mudavam de vida diante de histórias
como a do jovem rico.
Com o passar dos tempos houve um distanciamento entre os crentes e a Bíblia. Isso
era estimulado pelos ministros eclesiásticos que viram surgir várias heresias por conta do fácil
acesso ao texto sagrado. Por outro lado a tradição da igreja passou a ocupar posição de maio
destaque em detrimento das escrituras. O fato de a Bíblia ser manuscrita dificultava o acesso
também.
Os primeiros cristãos liam a Bíblia em grego. Depois houve outras traduções, a mais
famosa dela chamou-se Vulgata Latina. O advento da imprensa e as traduções dos humanistas
contribuíram para a popularização da Bíblia. Isso foi um dos catalizadores da reforma
protestante.
John Wyclif teve acesso a Bíblia e tentou disseminá-la entre o povo. Ele a usou para
contrariar muitos dogmas da igreja. Foi considerado herege e queimado mesmo depois de ter
morrido. A igreja teve medo dessa disponibilização das escrituras.
Os reformadores tentaram voltar à Bíblia, avaliar as doutrinas a luz das Escrituras.
Eles instituíram o livre exame, cada cristão poderia estudar a Bíblia. Eles sabiam dos riscos,
mas decidiram assumi-los. Eles falavam que a Bíblia se interpreta a si mesma. E também
afirmaram que livre exame não era livre interpretação.
O apreço pela Bíblia se manifestou entre os protestantes. Ele a tornaram sua exposição
o centro do culto. Os reformadores se esforçaram para popularizar a Bíblia com suas
traduções. As escrituras influenciaram muito os países protestantes, até mesmo a língua deles.
As traduções da Bíblia foram direcionadas para missões, as línguas nativas receberam Bíblias
em seus próprios idiomas.
O cristianismo sempre esperou o fim dos tempos, isso havia mesmo no judaísmo.
Jesus e os apóstolos falaram sobre o fim e a tensão do já e ainda não. Houve muito interesse
escatológico entre os primeiros cristãos, com o tempo veio o entendimento de que a vinda de
Cristo poderia demorar um pouco mais.

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Os cristãos entenderam que estavam vivendo o milênio desde a ressurreição de Cristo.
Outros viam o milênio como algo que aconteceria depois da segunda vinda de Jesus, entre
estes estava Justino Mártir e Irineu de Lião. Outros cristãos viram o milênio como algo
iminente, foi o caso dos montanistas e Hipólito de Roma. Muitos deram inicio a movimentos
apocalípticos que acabaram em desilusão e decepção. A perseguição de Diocleciano e depois
o alívio no império de Constantino fez com que alguns pensassem que já estavam no milênio.
Inicialmente Agostinho era milenarista, mas depois passou a entender os mil anos
como o período da igreja na terra. Essa mudança é explicada pelo fato dele se interessar muito
mais pelo celestial que pelo terreno. Para ele a ideia de milênio parecia grosseira.
Na idade média também houve bastante interesse por esses assuntos. Um monge
chamado Adso escreveu um tratado sobre o Anticristo, Joaquim de Fiore previu uma grande
perseguição por parte dos mulçumanos e hereges, isso seria procedido por um período de paz
e governo cristão sobre a terra. A situação não melhorou, pelo contrário, tudo continuava
piorando. Isso fez surgir vários movimentos apocalípticos como os taboritas. Cristovão
Colombo tinha interesses apocalípticos com suas viagens, ele via nelas algo facilitador da
conquista de Jerusalém e da propagação do evangelho, dois requisitos para a vida de Cristo.
Lutero e Calvino rejeitaram o milenarismo. Os anabatistas encararam isso de outra
forma. Melchior Hoffman começou a pregar sobre o fim. Com isso juntou-se muitas pessoas
em Munster que achavam que ali era a nova Jerusalém. Esse movimento acabou quando
houve intervenções de exércitos católicos.
Nos séculos 17 e 18 surgiu entre os americanos a ideia de que a vinda de Cristo seria
precedida por um período de paz e governo cristão, chamou-se essa ideia de pós-milenismo.
Jonathan Edwards previu que a partir dos anos 2000 seria dado início ao milênio, isso seria
alcançado por meio dos esforços missionários da igreja. A influência deles continuou por
muitos anos. Com a guerra civil e os grandes problemas enfrentados pelos americanos essa
ideia entrou em declínio.
O pós-milenismo deu lugar ao pré-milenismo dispensacionalista, movimento iniciado
por John Darby e popularizado por C. I. Scofield através de sua Bíblia anotada. Eles dividiam
a história em diversos períodos e viam dois propósitos divinos, uma para Israel e outro para a
Igreja. Eles falam de uma vinda de Cristo em duas etapas e seguida do milênio. Na luta contra
o liberalismo, os ortodoxos acabaram por se aliançar com os defensores deste movimento.
Um dos maiores acontecimento da história da igreja no século 20 foi o
pentecostalismo. Sua característica era o falar em línguas. Os estudiosos apontam como
enfoque principal deste movimento a segunda vinda de Cristo. Os pentecostais passaram a ver
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nas línguas a evidência do batismo com o Espírito, mas mesmo assim não abandonaram o
interesse escatológico. Após a segunda guerra o pré-milenismo alcançou grande interesse,
vários livros e filmes foram produzidos. Com as tragédias que estão acontecendo os cristãos
ficam na expectativa de que o fim venha nas suas respectivas gerações. Importa que os
cristãos cumpram suas tarefas solenes que lhes foram confiadas até que ele venha.
Os evangelhos mostram que durante o ministério de Jesus houve muitas duvidas
acerca da identidade dele, isso até mesmo entre os apóstolos. Isso se dava por causa da
complexidade de Jesus porque ele ocultava muita coisa, o tal segredo messiânico. As
controvérsias giravam em torno da humanidade e divindade de Jesus. Muitos se recusavam a
aceitar que havia dois deuses. Esse temor gerou os monarquianistas. Os gnósticos faziam
parte de uma tendência mais antiga, eles afirmaram que Jesus apenas parecia ser um ser
humano. Isso foi combatido pelos escritos do apóstolo João.
Com o passar do tempo surgiram posições mais sofisticadas. O Arianismo é uma delas
com sua crença de geração de Cristo e de que o filho era inferior ao Pai. Apolinário afirmou
que Jesus possuía corpo humana e alma divina, Eutiques afirmou que as duas naturezas se
fundiram resultando na divina. Foram necessários quatro concílios para que a igreja chegasse
à declaração das duas naturezas unidas em uma só pessoa.
Têm surgido muitas teorias acerca de Cristo, mas elas são apenas reedições das
heresias clássicas, Miguel Serveto e as testemunhas de Jeová exemplificam isso. Lutero falava
que Jesus estava presente em todos os lugares com seu corpo humano, Calvino achava que
Cristo estava localizando em algum lugar específico no Céu. O liberalismo e o deísmo criam
em um Cristo humano com características morais elevadas. Foi nesse período que iniciou-se a
busca pelo Jesus histórico. Bultmann tentou desmitologizar Jesus.
Na história da igreja a visão acerca de Cristo se diferenciou. Pra uns ele era o Senhor,
para outros o Bom Pastor, outros o viam como o Cristo Sofredor. Muitas pessoas não
conseguem um equilíbrio entre as duas naturezas de Cristo, uns valorizam mais sua
humanidade, outros a sua divindade. É preciso que os cristãos vejam Jesus holisticamente.
O kadercismo tem uma grande vontade de ser reconhecido como movimento cristão.
Eles falam que a crença da reencarnação e outras doutrinas espíritas faziam parte dos
ensinamentos da igreja até serem condenadas no II Concílio de Constantinopla.
A reencarnação é a crença de que a alma humana passa para outro corpo após a morte.
Esse conceito tem origem obscura, é comum ao pensamento grego, hindu e budista. Essa ideia
é fundamental no pensamento hindu, a pergunta é como se livrar desse ciclo interminável.
Platão se via muito atraído por essa crença, apesar de não ser essencial à sua filosofia. O
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Zohar tentou incluir esse ensinamento no judaísmo, mas não teve sucesso. A pluralidade das
existências terrestres, o progresso contínuo para a perfeição, a conquista dessa meta por
mérito próprio e o eventual abandono definitivo do corpo fazem parte desse conceito. A
reencarnação acontece para expiar pecados e progredir na escala da perfeição.
Essas ideias nunca foram cridas pela maioria dos cristãos. Não há base bíblica para
isso, a não ser que se torçam alguns textos. Nos primeiros séculos alguns cristãos aceitaram
essa ideia. Orígenes ensinou a preexistência da alma, mas seus seguidores foram além e
passaram a crer na reencarnação. Essas ideias foram condenadas no II Concílio de
Constantinopla.
Muitos pais da igreja condenaram essa crença, entre eles Justino Mártir, Irineu de
Lião, Clemente de Alexandria e Tertuliano. Orígenes, acusado de crer em conceitos
reencarnacionistas, recusou essas ideias afirmando que ela é estranha à igreja, aos apóstolos e
às escrituras. Agostinho foi contra essas ideias no seu comentário de Gênesis e no Livro A
Cidade de Deus. Ele preferia a ideia de que almas vão ressuscitar com seus próprios corpos. A
reencarnação é uma ideia anterior ao cristianismo, enquanto se cria no retorno da alma em
corpos diferentes, os cristãos professaram que a alma volta uma só vez para seu corpo
ressuscitado e glorificado.
Os primeiros cristãos acompanharam os judeus no receio de representar materialmente
coisas divinas. Nos primeiros séculos a pobreza e as proibições inibiram manifestações
artísticas por parte dos cristãos. Mas as figuras e histórias bíblicas logo seriam expressas em
formas visuais e artísticas. Os cristãos, apesar de receosos, passaram a representar Jesus
através do desenho do peixe, de uma ancora ou pelas letras alfa e ômega. Depois surgiram
figuras humana, como a do bom pastor. A crucificação e a cruz não foram representadas nos
primeiros séculos.
A partir da união da igreja com império romano Jesus passou a ser representado de
forma gloriosa, como Senhor e Juiz. A afirmação dos concílios da consubstancialidade de
Jesus com o Pai motivaram representações gloriosas de Cristo na idade média. Apesar de estar
popularizada a prática de produzir imagens acerca do divino, alguns se opuseram a isso,
muitos imperadores bizantinos exemplificam isso. A solução para isso foi afirmar que seriam
apenas imagens, mas não estátuas.
A arte do ocidente medieval foi usada para ensinar os leigos através dos símbolos.
Essa arte acompanhou a mudança da religião para algo mais pessoal e individual. A amizade e
triunfo passaram a ser acompanhados por outro motivo na arte cristã, a dor e sofrimento.

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Apesar de seu caráter iconoclasta, o protestantismo também produziu valiosas obras de
arte. Dürer e Rembrandt são artistas que exemplificam isso. A contra reforma respondeu ao
protestantismo com a arte barroca. Os sentimentos evocados por Cristo motivaram a arte entre
os cristãos e até mesmo entre os artistas seculares.
As religiões sempre tiveram grande apreço por seus locais de culto. Para o judaísmo o
templo era o centro da nação e da religião. Mas em contrapartida, os judeus entendiam que
Deus não habitava em templos feitos por mãos humanos. A destruição do templo em 70 d.C e
as sinagogas relativizaram a importância do templo para os judeus e cristãos.
Os primeiros cristãos se reuniam em lugares públicos ou em residências. Eles não
atribuíam a esses lugares um valor especial. Isso aconteceu com a perseguição, o lugar onde
os mártires morriam passaram a ter uma significação maior para os cristãos. Apesar de não ter
registro de templos antes do século 3, os crentes já possuíam alguns lugares sagrados. O
templo só passou a ter grande importância no governo de Constantino, ele transformou vários
edifícios públicos em templos cristãos. Esses templos estavam recheados de relíquias. Com
templo houve uma elaboração mais especifica da liturgia. Houve também separação entre
clero e leigos. Os primeiros estavam no altar, os últimos na nave do templo.
A Igreja Católica alcançou seu apogeu na idade média. Ela teve grande domínio sobre
as nações e reis. Houve, em consequência disso, uma supervalorização do templo e dos que
trabalhavam nele. Foram construídas várias catedrais no estilo gótico. Dentro eram decoradas
com estatuas e vidrais, além das relíquias. A preocupação com o aspecto material era bom no
sentido de que afirmava a bondade e beleza da criação e a encarnação de Cristo, mas também
gerava muita superstição e espiritualidade mágica. O relacionamento pessoal com Deus perdia
para veneração do que era material.
Os reformadores, com o conceito de “sola escriptura”, perceberam a necessidade
purificar o cristianismo. Eles removeram as artes e estátuas dos templos e tentaram desfazer a
separação entre clero e leigos. Muitos deles deram início a movimentos iconclásticos. As
denominações históricas continuaram a dar importância as obras de arte cristãs, mas as
denominações mais radicais repudiaram isso adotando templos simples e despojados.
Ao se espalhar em outras comunidades, os cristãos construíram templos nas formas de
suas igrejas de origem. Somente no século 20 começou a se adaptar os templos as
preferências dos locais que estavam recebendo o cristianismo. No Brasil foi permitida a
construção de templos protestantes, mas esses não poderiam ser parecidos com igrejas. Isso
empobreceu a arte dos templos protestantes brasileiros.

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Ao longo dos tempos a atitude em relação aos templos tem variado. Uns valorizam
demais as formas materiais, outros não se importam com isso, se interessam apenas pelo que é
realizado nesses lugares. É bom que haja um lugar agradável esteticamente para as reuniões
cristãs, o que não pode haver é a supervalorização do que é material.
Em todas as religiões existe entusiasmo. Pessoas que tem uma grande experiência com
o divino costumam ter isso. Isso não é ruim em si, grandes contribuições têm sido dadas as
igreja por entusiastas, Zizendorf demonstra isso com destreza. O entusiasmo sem
entendimento pode provocar graves consequências. Geralmente isso está acompanhado de
conceitos apocalípticos e experiências sobrenaturais.
Um dos primeiros entusiastas cristão foi Montano. Ele foi seguido por duas profetizas
que diziam ter acesso a revelação como os profetas tinham. A igreja se sentiu ameaçada por
esses movimentos e excomungou os montanistas. Joaquim de Fiore e Guilherme da Boêmia
são exemplos de entusiastas na idade média. Os taboritas e os flagelantes são outros
exemplos.
Na idade média muitos movimentos de extrema excitação espiritual. Um exemplo bem
claro são os seguidores de Melchior Hofmann que se juntaram na cidade de Munster achando
que lá era a nova Jerusalém. Houve até mesmo a aceitação da poligamia entre essa gente. O
movimento foi cessado quando a cidade foi invadida por um exercito católico. A maioria dos
líderes protestantes rejeitavam esses movimentos perigosos para a sociedade.
Os avivamentos são um terreno fértil para a ocorrência de expressões entusiásticas. No
Primeiro Grande Despertamento Jonathan Edwards e Whitefield conseguiram manter o
equilíbrio. Mas outros não fizeram o mesmo, como James Davenport. No Segundo Grande
Avivamento houve muitas manifestações extravagantes de experiências espirituais. Surgiram
também alguns grupos heréticos como os mórmons e os adventistas. No século vinte surgiu o
pentecostalismo, contribuiu com muitas coisas para a igreja. Mas ele pode vir acompanhado
de movimentos mal orientados como a “experiência de Toronto”.
O fenômeno do avivamento é uma experiência comum às religiões. O judaísmo e o
cristianismo provam isso. O protestantismo tem mostrado isso, primeiro na Europa e depois
nos Estados Unidos. A corrente protestante mais forte na América foram os puritanos. Eles
tinham um forte apreço pela experiência espiritual, de tal forma que para ser membro deveria
haver um relato convincente de conversão. Com o passar do tempo as igrejas foram perdendo
esse entusiasmo. No século 17 e 18 os líderes eclesiásticos e suas igrejas começaram a orar
por um avivamento. Isso se materializou no que ficou conhecido como Primeiro Grande
Avivamento.
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O auge desse despertamento ocorreu na Nova Inglaterra. Jonathan Edwards marcou
esse movimento. Houve grande despertamento por meio de suas pregações, ele também
avaliou os fenômenos de avivamento da sua época em seus escritos. Outro grande nome desse
avivamento foi o de George Whitefield, ele fez uma turnê evangelística pelos Estados Unidos,
pregava quase que diariamente pra auditórios de oito mil pessoas. Isso produziu um grande
impacto em todas as colônias.
Alguns líderes cristãos desaprovaram esse avivamento. Charles Chauncy criticava o
emocionalismo e manifestações físicas, as quais ele denominava grosseiras e fanáticas. Com o
advento da Revolução Americana e a independência as atividades religiosas declinaram, já
que o interesse nas questões políticas superou o religioso.
O Segundo Grande Despertamento aconteceu entre os presbiterianos de Kentucky.
Esse movimento alcançou muitas outras denominações como Batistas e Metodistas e também
se estendeu por outras regiões. O primeiro movimento tinha uma teologia de teor calvinista, o
segundo possuía uma tendência arminiana.
A partir do Segundo Grande Despertamento o avivalismo tornou-se um fenômeno
bastante generalizado no protestantismo. Esse interesse fez surgir os acampamentos
evangelísticos. Uma grande contribuição desse avivamento foi o surgimento de um grande
número de movimentos de natureza religiosa e social. O Segundo Grande Despertamento
contribuiu para o movimento missionário do século 19.
A igreja cristã nasceu para ser universal. Isso é confirmado pelo ide de Jesus. Os
apóstolos e a igreja primitiva se esmeraram nesse intento. O desejo judeu de que os cristãos
seguissem as práticas judaicas era um empecilho para o avanço da igreja, mas esse problema
foi resolvido no concílio de Jerusalém, lá foi dito que os cristãos não precisavam judaizar-se.
Nos três primeiros séculos a igreja experimentou uma notável expansão geográfica.
Ela espalhou-se por todo o mundo conhecido da época. Em alguns lugares havia poucos
cristãos, mas o crescimento era contínuo. As perseguições sofridas pela igreja, apesar dos
anos, só fazia aumentar o número de cristãos. O único missionário de destaque desses tempos
foi Paulo, o crescimento se dava pelo testemunho dos cristãos anônimos.
Quando Constantino assumiu o império a perseguição cessou. Tempos depois
Teodósio tornou o cristianismo a única religião aceita no império. Isso fez com que grandes
levas de pagão ingressassem na igreja, nem sempre pelos motivos corretos. Os bárbaros que
estavam invadindo o império também ingressaram na igreja.

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O cristianismo sofreu um golpe terrível no sexto século com o advento do Islamismo
que deteve a marcha vitoriosa da igreja. Eles tomaram muitos lugares sagrados. As cruzadas
foram uma tentativa de resgatar esses locais, mas elas mais fizeram mal que bem.
Em compensação houve grande cristianização no norte e leste da Europa. Mas o
cristianismo não uma religião apenas europeia, a igreja conseguiu conquistar uma boa parte
da Ásia e da África. No inicio só teve um grande missionário, Paulo, isso não pode ser dito
dos séculos posteriores, grandes missionários surgiram: Ulfilas, Martinho de Tours, etc.
Com as grandes descobertas e navegações dos séculos 15 e 16 houve uma grande
expansão do cristianismo. A igreja católica foi a maior beneficiada com isso. Depois de um
tempo os protestantes também se lançaram as missões estrangeiras. O século 19 foi o auge das
missões em especial para os protestantes. Feito alcançado por H. Taylor, W. Carey e outros.
Os cristãos tem se esforçado ao longo tempo para expandir o alcance do evangelho.
Isso foi bom muitas vezes. Outras vezes essa propagação foi feita questionavelmente. Muitas
vezes as pessoas não foram evangelizadas, mas sim cristianizadas. Isso acompanhado de
muito sincretismo. É necessário rejeitar características nativas contrárias à fé cristã. O
crescimento da igreja não deve ser o objetivo dos cristãos, mas sim a presença de um
evangelho íntegro entre todos os povos. O crescimento da igreja no Brasil trouxe muitos
benefícios, mas os problemas surgidos com isso são grandiosos. Para que nos orgulhemos do
avanço da igreja brasileira é necessário que esses problemas sejam solucionados.
No seu intento de ser universal, a igreja tanto influenciou como foi influenciada. O
avanço da igreja não predominantemente mérito de missionário como Paulo, mas sim de
cristão comuns que testemunhavam da sua fé. Fé e mobilidade física são temas importantes na
Bíblia. Abraão peregrinou por grande parte do mundo antigo, Jesus fez o mesmo. O cristão é
comparado pela Bíblia a um peregrino. Enquanto peregrina o crente proclama o evangelho.
Muitos imigrantes não foram agentes de evangelização, mas objetos da mesma. Foi o
caso dos bárbaros que migraram para o império romano e também o s visigodos. As ilhas
britânicas foram conquistadas pelo cristianismo, não se sabe como isso aconteceu, mas o
nome de Patrício está ligado a isso. Quando os anglos e os saxões invadiram aquela região
grande parte do cristianismo foi eliminado. Mais tarde missionários enviados pelo papa
Gregório Magno conquistaram esse território novamente. Os nestorianos levaram o evangelho
para a Ásia. As grandes navegações e descoberta dos séculos 15e 16 levaram grandes
contingentes de cristãos a se alojarem em territórios não alcançados. Isso fez com que
houvesse expansão do cristianismo na Ásia, África e América Latina.

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Os protestantes foram mais lentos no processo de evangelização. Quando eles se
voltaram para isso a imigração foi algo que ajudou bastante, e.g. os morávios. Os puritanos
contribuíram muito para missões. Eles migraram para a América e evangelizaram os nativos,
mais tarde isso deu inicio ao grande empreendimento missionário norte americano do século
19. A migração de protestantes fez com que muitos países se tornassem predominantemente
cristão. Isso trouxe problemas também, como apoio evangélico na África do Sul à apartheid.
A primeira tentativa protestante de evangelizar um povo não cristão foi. A igreja
reformada mandou quatorze colonos para implantar uma igreja entre os franceses. Os
objetivos não foram alcançados e quatro dos pioneiros foram mortos. Calvinistas holandeses
tentaram novamente no século 17, dessa vez no nordeste brasileiro. A principio estavam
conseguindo, mas foram expulso pelos portugueses.
A imigração ajudou bastante o avanço do protestantismo no Brasil. O novo país
precisava de gente para desenvolver-se. Com isso os protestantes foram aceitos. Pessoas que
experimentam deslocamentos culturais profundo são mais suscetíveis a mudanças de
convicção religiosa. Isso explica a grande quantidade de portugueses e italianos nas primeiras
igrejas protestantes brasileiras.
O cristianismo continua avançando hoje. Um exemplo disso são os brasileiros que tem
ido residir no EUA, Europa e Japão e lá tem difundido o evangelho entre os seus patrícios e os
naturais da terra.
A igreja cristã sempre tem tido a consciência de possuir uma missão no mundo. E a
predominante é a de anunciar o evangelho. Em alguns períodos o esforço missionário foi
grandioso. Exemplo disso são os séculos 15 e 16 com as suas grandes navegações. Como
reação à reforma protestante, a Igreja usou essas navegações, que tinham propósito comercial,
para cristianizar o mundo que estava sendo descoberto.
Até o fim do século 15 a obra missionária da igreja católica ocupava-se
predominantemente com a Europa Ocidental. Com o surgimento dos impérios coloniais de
Espanha e Portugal ela passou a conquistar outros territórios, como América, África e Ásia. A
igreja perdeu muito na Europa para os protestantes, mas compensou com novas conquistas.
Em alguns casos os missionários acompanharam os colonizadores. Em outros casos
eles tiveram que atuar fora dos territórios colonizados. Na América Latina os missionários
agiram lado a lado com os colonizadores, estes últimos contribuíram para destruição da
cultura dos nativos. A expulsão dos jesuítas dos territórios espanhóis e portugueses colocou
um fim a esse período áureo das missões católicas no terceiro mundo.

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Nos séculos 16 e 17, período áureo das missões católicas, o protestantes, por vários
motivos, pouco fizeram em relação a missões mundiais. As primeiras tentativas de missões
aos indígenas americanos falharam. Nessa época surgiram as primeiras missões inglesas. O
movimento missionário protestante teve seus primórdios com o pietismo alemão. Os petistas
influenciaram o conde Zizendorf, líder do morávios que fizeram muito em missões.
Os ingleses foram influenciados pelos petistas e morávio e pelo avivamento do século
18, eles iniciaram um movimento de oração pela salvação dos pagãos. Um homem que
marcou essa época foi William Carey, que fez um grande trabalho missionário na Índia. No
inicio do século 19 estudantes americanos se empenharam em missões. Um dos missionários
enviados por eles foi Adoniram Judson. O século 19 fez surgir notáveis missionários
protestantes.
A obra missionária cristã tem pontos positivos e negativos. Muitos missionários
tinham um complexo de superioridade, foram insensíveis com as religiões pagãs, deixaram de
diferenciar cultura ocidental do cristianismo, não incentivaram a indigenização, se
identificaram muito de perto com o sistema colonial. Em contrapartida, amaram os povos,
apreciaram as culturas locais, aprenderam as línguas locais e traduziram a Bíblia,
proporcionaram educação para os povos nativos, plantaram igrejas em quase todos os países
do mundo.
Existem dois grupos protestantes que tiveram origem antes da reforma, são os
Valdenses e os Morávios. Os primeiros tiveram origem no movimento reformista iniciado no
século 12 por Valdès um comerciante de Lião, sul da França. A origem morávios remonta à
Inglaterra do século 14.
João Wyclif viveu de 1325 a 1384. Ele defendeu que o poder civil tinha o direito de se
apropriar das propriedades do clero corrupto. Suas ideias foram condenadas pela igreja, mas
apoiada por pessoas influentes. Como Grande Cisma ele rejeitou toda a estrutura tradicional
da igreja. Ele afirmou a autoridade suprema das Escrituras, questionou o papado e a
transubstanciação. Ele incentivou a primeira tradução da Bíblia para o inglês. Depois ele
perdeu apoio da nobreza e depois morreu em paz em sua paróquia. Seus seguidores, os
iolardos, afirmavam que pregação era a principal tarefa dos sacerdotes.
Hus foi um tcheco influenciado pelas ideias de Wiclif. Ele estudou na universidade de
Praga. Ele alcançou enorme popularidade por causa de suas pregações. Ele afirmava que a
igreja verdadeira era a composta pelos eleitos, o cabeça da igreja é Cristo e não o papa,
somente Deus pode perdoar pecados, ninguém podia estabelecer uma doutrina como autêntica
se fosse contrária a Bíblia, a igreja deveria levar uma vida simples, a única lei da igreja era a
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Bíblia. Ele condenou a corrupção do clero, a adoração de imagens, os falsos milagres, as
peregrinações superstições e a venda de indulgências.
A partir de 1410 a igreja passou a perseguir os wyclifitas. Hus foi excomungado e
exilado na Boêmia. Ele recebeu um salvo-conduto para participar do concílio de Constança
para justificar suas ideias. Nesse concílio ele foi considerado e herege e condenado à fogueira.
A morte de Hus provocou grande revolta na Boêmia. Surgiram duas facções no
movimento hussita: os utraquistas e os taboritas. Os primeiros condenavam práticas
condenadas pela Bíblia, os últimos rejeitavam tudo que não era sancionado pelas escrituras.
Após conflitos, as duas facções se uniram e produziram “os Quatro artigos de Praga”. Depois
surgiram mais conflitos, os utraquistas derrotaram os taboritas. Aquele grupo se tornou
autônomo. Desses surgiu a Unitas Fratum. Com o advento da reforma os imãos unidos
abraçaram o movimento. Eles foram perseguidos e se espalharam pela Europa.
Sobreviventes dos irmãos unidos que falavam alemão começaram a buscar refúgio na
vizinha saxônia. Eles tiveram o apoio do conde Zizendorf que permitiu que eles fundassem
uma vila na sua propriedade. Ele era fruto do pietismo. Zizendorf nasceu numa família
aristocrática. Desde pequeno ele manifestava seu apreço à causa de Cristo. A vila funda se
chamou “A vigília do Senhor”, essa comunidade cresceu e se transformou numa disciplina e
fervorosa comunidade cristã. O conde Zizendorf se tornou o líder deles. Apesar se intencionar
que sua igreja permanecesse luterana, os morávios acabaram por formar uma denominação
própria, com liturgias e hinologias particulares.
Por causa de seu zelo os morávio marcaram a história de missões. Zizendorf enviou
missionário para evangelizar os escravos africanos e também para a Groenlândia. Os
morávios também trabalharam na América. Até a morte de Zizendorf os morávios haviam
enviado 226 missionários a dez países e cerca de 3000 mil conversos haviam sido batizados.
Os primeiros campos missionários dos morávios eram em geral locais difíceis e inóspitos.
Na maior parte da história da igreja cristã o socorro aos sofredores foi um aspecto
muito importante da sua missão. Somente no século 20 isso se tornou pomo de discórdia. O
Antigo Testamento está repleto de histórias e leis acerca do cuidar dos necessitados. Jesus
desaprovou a religiosidade da época e intencionou fazê-los ver que o mais importante era a
ajuda ao próximo motivada pelo amor. As primeiras gerações de cristão também se
empenharam em ajudar os que estavam sofrendo.
Os primeiros cristãos davam grande valor à prática da misericórdia. No declínio do
império romano a igreja era a única instituição que poderia ajudar os afligidos. Na idade
média muitos se desfaziam de suas riquezas e ajudam os pobres, mas faziam motivados por
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outros interesses. Os reformadores condenaram o aspecto meritório da beneficência, mas
insistiram na prática desse dever cristão. Os períodos de revitalização espiritual do
cristianismo foram marcados por intensa preocupação social.
O evangelho social foi um movimento de grande importância no protestantismo norte-
americano por cerca de cinquenta anos. Esse movimento queria dar uma resposta bíblica e
cristã ao abandono sofrido por trabalhadores e imigrantes que viviam nos cortiços das grandes
cidades. Eles davam uma ênfase excessiva à transformação da sociedade, viam a missão cristã
primariamente em termos de ação social. O fundamentalismo surgiu como opositor ao
liberalismo, como o evangelho social estava ligado a essa tendência teológica, os
fundamentalista o rejeitaram e também recusaram a ideia de envolvimento social dos cristãos.
Os cristãos deixaram esse aspecto das missões. Só voltaram a valorizar essa característica do
evangelho a partir do Congresso Mundial de Evangelização em Lausanne, Suíça.
Em meados do século 20 devido às crises vividas pela América Latina, teólogos
católicos e protestantes desenvolveram uma nova teologia centrada no conceito de Deus como
Libertador. Essa teologia foi rejeitada por muitos teólogos católicos e protestantes. Surgiu
uma alternativa de teologia da libertação entre os evangélicos, a missão integral, representada
pelos membros da fraternidade Teológica Latino-Americana.
O cristianismo teve como berço o judaísmo e a Bíblia dos primeiros cristãos era o
Antigo Testamento. Esse institui e apoia a guerra muitas vezes, mas também anseia por um
estado de paz. Jesus rejeitou a belicosidade e pregou o amor e a tolerância. Recusou a ideia de
que sua obra pudesse ser realizada por força ou violência.
O pacifismo predominava entre os cristãos nos primeiros séculos de nossa era. Os
cristãos só começaram a ingressar no exército romano no segundo século, e mesmo assim eles
não poderiam derramar sangue. Quando o império romano passou a ser predominantemente
cristão fez-se uma pressão para que os cristãos ingressassem no exército. Isso foi possível
graças à ideia de guerra justa desenvolvida por Agostinho. A partir do século 11 surgiu um
cristianismo bélico decidido a derrotar os mulçumanos e reconquistar a terra santa.
O cristianismo medieval testemunhou uma crescente legitimação da violência em
nome de Deus. Eles passaram a encarar os povos de outra religião como inimigos do reino de
Deus, que deviam ser mortos. Na idade média a violência e a guerra foram aceitas com
naturalidade, exemplo disso são as cruzadas. Na época do Renascimento e da Reforma
protestantes sugiram novas tecnologias e também uma aversão por parte de teólogos
humanistas à prática da guerra, ele perceberam que Jesus não executou sua missão através da
violência.
16
Os reformadores na sua maioria aderiram a guerra religiosa. Zwinglio comandou
exércitos. Houve na França o massacre de São Bartolomeu. Houve também na idade média a
guerra dos trinta anos motivada por questões religiosas. Os anabatistas foram os que
contrariaram essa ideia aderindo ao pacifismo, houve poucas exceções nesse movimento.
Nos Estados Unidos muitos cristãos se envolveram com as guerras, principalmente
com a Guerra Civil do século 19. No final do século 19 houve uma maior dedicação por parte
dos cristãos pela causa da paz. Muitos cristãos apoiaram suas nações na Primeira Guerra
Mundial, já na segunda ressurgiu o conceito de guerra justa. Ideologias racistas como o
Nazismo e o Fascismo deveriam ser derrotadas.
Questões de guerra sempre vão estar presentes entre os cristãos, isso porque o conceito
de amor é acompanhado pelo de Justiça. Muitos querem manter a paz e a segurança, outros
querem acabar com a violação da justiça por meio da guerra.
Na idade média a vida celibatária era muito valorizada, mais que o casamento. A partir
da reforma os teólogos passaram a exortar que se valorizasse mais o casamento. Nesse
período o segui por prazer era proibido, só era permitido aquele que se destina a reprodução.
Os reformadores combateram essas ideias.
Lutero valorizou a mulher e o matrimonio. Ele escreveu um livro aconselhando que os
que não tivessem o dom do celibato se casassem para não pecar. Alguns disseram que ele se
afastou da igreja para poder casar, ele afirmou que essa ideia só foi muito depois. Lutero
escreveu que sentia muito feliz por seu casamento.
Calvino também se casou. Ele desposou a viúva de um ministro da igreja. Calvino
escreveu falando da felicidade que alcançara através do matrimonio. A sua esposa o admirava
muito. Eles tiveram um filho que morreu cedo, eles também tinham muitos problemas de
saúde. A esposa de Calvino morreu dez anos após o casamento, ele não mais se casou, passou
a morar com seus irmão e amigos.
Os puritanos valorizam muito o casamento, eles consideravam a família uma pequena
igreja. Um exemplo disso é Jonathan Edwards que casou e teve onze filhos. Muitos que o
conheceram testemunharam acerca da harmonia, amor e estima que havia entre o casal. Ele
valorizava momentos a sós com a esposa e momentos devocionais em conjunto. Ele também
era um pai muito atencioso. Whitefield disse sobre eles: “nunca vi um casal mais afetuoso”.
Os que defendem o celibato afirmam que se o ministro do evangelho casar não terá
tempo para desenvolver bem seu ministério. Calvino, Lutero e Jonathan Edwards mostram
que isso não é verdade.

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A homossexualidade é muito antiga na história, talvez remonte à pré-história. Apesar
de ser antiga a atitude das diferentes sociedades não é unânime. Hebreus, assírios e egípcios
possuíam leis contra isso. A partir do século 6 a.C. houve mais referências a
homossexualidade na arte e literatura gregas. Mas a aceitação não era unânime entre os
gregos, filósofos como Heródoto e Aristóteles se puseram contra isso. Há muitos registros
desse comportamento na sociedade romana, mas não era amplamente aceito.
A Bíblia possui passagens contra a homossexualidade. O Antigo Testamento condena
esse comportamento, Paulo faz o mesmo no Novo Testamento. Os cristãos foram
influenciados tanto pelo que a Bíblia diz quanto pelas leis do império romano, parece que
havia uma lei que punia esse comportamento. Quando o império se tornou cristão a
homossexualidade foi condenada enfaticamente através de novas leis.
Os primeiros cristãos rejeitava a homossexualidade e punia a fim de corrigir as
pessoas que tinham esse comportamento. Na idade as punições eram mais severas, mas
mesmo nesse período a igreja não entregava essas pessoas às autoridades.
Entre os séculos 11 e 16 houve mais manifestações e registros de envolvimentos
homossexuais. No Renascimento e no Iluminismo os homossexuais encontraram apoio para
si. Enquanto a França protegia essas pessoas no século 19, a Inglaterra punia gravemente
aqueles que possuíssem esse comportamento.
Nunca antes havia tido tanta manifestação homossexual nas artes e na literatura. Os
sistemas de governo ditatoriais perseguirão essas pessoas. Na década de 70 passou a surgir
grupos homossexuais militantes. Em vistas disso, a sociedade e a igreja tiveram que se
posicionar em relação a esse assunto. Coisa que tem siso conflitante até hoje.
Esse é um tema que interessa a igreja por ser uma situação que afeta indivíduos e
famílias, tem sido amplamente aceito atualmente. Mas é interessante em três áreas, aceitação
de membros homossexuais, ordena e casamento dos mesmos. O assunto divide os cristãos,
liberais tendem a aceitar, ortodoxos católicos e protestantes rejeitam. Uns a vêm como
pecaminosa e injustificável, outros a enxergam como doença ou erro genético. O grande
dilema é como questionar a homossexualidade sem rejeitar e desrespeitar os homossexuais.
Estamos vivendo momentos de devastação da natureza. A natureza sempre sofreu isso,
a diferença é que antigamente as causas eram naturais, hoje os humanos é que a fazem sofrer.
Resta saber o que o cristianismo tem a dizer sobre esse assunto.
Qualquer discussão cristã acerca de ecologia deve ter por base os capítulos iniciais de
Gênesis. As escrituras mostram que tudo que existe é obra de Deus, ela revela o seu criador.

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Apesar de ser coroa da criação, o homem não recebeu o direito de abusar irresponsavelmente
da natureza. Deus a entregou a ele para que a administrasse com sabedoria.
A questão ecológica como é definida hoje é recente. Mas mesmo a ligação entre
criação e espiritualidade é coisa antiga. Muitos cristãos já se preocuparam pela criação e
fizeram dela tema dos suas obras literárias e artísticas. Infelizmente por causa do pecado, o
homem tem adorado a criatura como na Nova Era e no Culto da Mãe Terra. Muitos cristãos
por verem isso se negam a prestar ajuda à natureza.
O aumento populacional é um dos fatores que causam essa destruição à natureza
presenciada hoje. Muitas violações do equilíbrio ambiental se originam da ganancia,
insensibilidade, falta de espírito coletivo e desrespeito à lei. Muitos se defendem que para o
país progredir essas coisas são necessárias. Mas eles não querem reconhecer que o prejuízo á
longo prazo é maior do que os benefícios que eles estão tendo hoje.
As pessoas precisam ser conscientizadas do valor da criação. É preciso que seja
ensinado como usar os recursos naturais de forma responsável e sustentável para que a
natureza seja utilizada e preservada ao mesmo tempo. Outra coisa se fazer é pressionar
politicamente. As organizações governamentais e particulares devem pressionar os que
cometem crimes ambientais. Um exemplo disso é o boicote a empresas irresponsáveis.
Muitas vezes ouvimos sobre conflitos entre palestinos e judeus, mulçumanos e
hinduístas, mas esquecemos de que o conflito entre cristãos e mulçumanos, por vezes
belicoso, foi mais prejudicial à humanidade.
O islamismo foi fundado por Maomé no século 7 d.C. Essa religião sofreu influências
do judaísmo e do cristianismo. O livro sagrado, o Corão, teria sido revelado por Deus. A ideia
central do islamismo é submissão. Eles jejuam e oram cinco vezes ao dia. O islâmico tem de
peregrinar pelo uma vez na vida à Meca.
O islamismo é uma religião belicosa desde seu início. Com a guerra eles conquistaram
muitos territórios que anteriormente eram cristãos. Jerusalém e Antioquia são exemplos disso.
No fim do século 7 eles começaram a investir contra Constantinopla. Eles conquistaram
grande parte da Europa como a Península Ibérica e partes da França. Geralmente eles eram
tolerantes, cristãos e judeus não precisam se converter ao islamismo, mas se não o fizessem
seriam obrigados a pagar um imposto específico. Muitos que estavam nos territórios
conquistados se converteram ao islamismo. Eles criaram grandes centros de civilização.
A igreja perdeu seu espaço na Ásia e África. Para solucionar isso eles desenvolveram
o conceito de guerra justa, primeiro contra os hereges e dissidentes da igreja, depois contra os
mulçumanos. A mais prolongada e sangrenta confrontação entre cristãos e islamitas foram as
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Cruzadas que estenderam por quase dois séculos, 11 a 13. Os cristãos queriam retomar os
lugares sagrados da mão dos infiéis, já que estes chegaram a proibir a peregrinação cristã. A
primeira cruzada foi ordenada pelo papa Urbano II no século II. A quarta cruzada foi a mais
desastrosa porque se voltou para a cidade cristã de Constantinopla. A oitava cruzada encerrou
esse ciclo. O maior intercâmbio entre Ocidente e Oriente e a introdução de novos inventos e
novas ideias na Europa foram alguns dos benefícios dessas campanhas militares. O
afastamento das igrejas latina e grega e o enorme ressentimento entre cristãos e mulçumanos
foram alguns dos grandes prejuízos das cruzadas.
Alguns cristãos tentaram conquistar os islamitas com a pregação do evangelho, foi o
caso dos franciscanos e dominicanos. Mas o espírito da época era de beligerância tanto contra
os cristãos dissidentes como contra os mulçumanos. Foi no contexto de luta entre cristãos e
mouros que surgiu o reino de Portugal como monarquia independente. O reino de granada foi
reconquistado no fim do século 15 e no inicio do século 16 os mulçumanos que não se
converteram foram expulsos daquele reino. Foi instaurada uma inquisição para saber se as
conversões de judeus e mulçumanos eram sinceras ou não. Enquanto perdiam espaço na
península Ibérica, os mulçumanos se ganhavam terreno no Oriente Médio e na Europa
Oriental, os turcos otomanos deram fim ao império romano oriental.
O colonialismo dos séculos 19 e 20 foram devastadores para os mulçumanos.
Virtualmente todas as regiões do Oriente Médio e o norte da África foram tomados por países
europeus. Junto com os conquistadores iam também os missionários. Os islamitas avançaram
além do mundo árabe e se alojaram na África e Ásia. A presença de cristãos nessas áreas tem
causado muitos conflitos.
O apoio dos cristãos à fundação do estado de Israel, o enriquecimento dos países
árabes por meio do petróleo e a militância dos xiitas, minoridade entre os islamitas,
agravaram a relação entre cristãos e mulçumanos.
O islamismo representa um grande desafio para os cristãos nesse início de século. A
invasão do Iraque e a enorme violência têm sido muito negativas para a imagem do
cristianismo entre os mulçumanos. As ações de Bush não foram benéficas para a causa cristã
entre esses povos. A perseguição contra os cristãos tem aumentado grandemente entre os
mulçumanos. Os cristãos precisam reconhecer seus erros cometidos contra os islamitas e
contribuir para o bem-estar político, social e espiritual dos herdeiros de Maomé.
Vários fatores atraíram a atenção do mundo para a Polônia. A eleição de Karol
Wojtyla como papa João Paulo II e o movimento pela redemocratização do país foram alguns
desses fatores. A localização entre oriente e ocidente tem afetado grandemente essa nação. Ela
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foi vítima de seus vizinhos poderosos Alemanha e Rússia. Com invasão de Hitler a essa nação
foi deflagrada a Segunda Guerra Mundial. Entre essas dificuldades todas um dos principais
elementos definidores da identidade polonesa é a fé católica. Alguns não sabem, mas essa
nação extremamente católica esteve a ponto de se tornar protestante no século 16.
O cristianismo foi introduzido na Polônia no século 10. Esse privilégio pertenceu à
rainha Dobrava que levou seu marido à conversão. Apesar de ser instalada a fé católica no
país, a relação entre estado e igreja era conflituosa. Os erros dos sacerdotes católicos
provocaram um forte sentimento de anticlericalismo no país. As obras dos reformadores
tiveram grande aceitação entre os poloneses. Devido à perseguição de Fernando I muitos
irmão fugiram e se instalaram na Polônia.
O calvinismo teve maior aceitação na Polônia. O rei Sigismundo se correspondeu com
o reformador e leu as suas Institutas da Religião. Calvino enviou a ele um projeto de reforma
que não chegou a ser implantado. Surgiram muitas igrejas reformadas em certas regiões
daquele país. Os protestantes influenciaram muito o parlamento, o rei era favorável a causa
protestante, mas também era fiel à igreja católica. O ponto culminante da reforma na Polônia
se deu com a legalização da tolerância e igualdade religiosa no fim do século 16. Depois disso
o catolicismo teria grandes vitórias na Polônia.
O maior reformador polonês foi Jan Laski. Ele era humanista. Ele foi bispo na
Holanda em 1539. No ano seguinte ele se tornou protestante. Ele retornou à sua pátria para
um sínodo reformado. Ele propôs ao rei a reforma da nação, mas não teve sucesso. Com isso
ele começou a organizar a igreja calvinista entre a nobreza protestante da Pequena Polônia.
Apesar das dificuldades com os luteranos Jan Laski tentou unir os protestantes de sua nação.
Ele participou com mais dezessete reformadores da tradução a Bíblia para o polonês. Foi o
único polonês a ser amplamente reconhecido na história do protestantismo.
A contra reforma deteve o crescimento do protestantismo na Polônia. Os protestantes
se uniram para que a tolerância religiosa fosse mantida, mas isso não durou muito tempo. A
decisão de intolerância dos católicos e a troca de reis no trono polonês fez com que os jesuítas
conseguissem dominar o território do país. No início do século 17 o protestantismo era apenas
uma minoria na Polônia, o catolicismo dominava.
Em todas as épocas as igrejas cristãs são tentadas a se afastarem dos seus
compromissos básicos. A história da igreja está repleta de violações ao primeiro mandamento
na forma de idolatrias religiosas ou seculares. O relacionamento entre igreja e estado é muito
problemático para a igreja, muitas vezes ela cedeu a governantes sendo que eles tinham o

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poder por deus e requeriam da igreja coisas contrárias à vontade de Deus. A postura dos
alemães diante do nazismo tem muito a ensinar aos cristãos atuais.
A igreja católica conflitou muitas vezes com estado, mas mesmo assim queriam
manter o apoio desses governantes. Os protestantes não deixaram isso de lado. As ideias de
Lutero fez com que os alemães tivessem um alto apreço pelo estado. No século 19 surgiu um
forte sentimento nacionalista a Europa. Os filósofos e líderes políticos elevaram o conceito de
nação alemã. O imperialismo e o nacionalismo fizeram surgir a Primeira Guerra Mundial, a
Alemanha foi derrotada e teve de aceitar um tratado de paz.
Foi nesse tempo que surgiu Adolf Hitler, um austríaco que odiava cristãos e católicos.
Hitler conseguiu explorar os sentimentos pós-guerra do povo alemão. Quando ele foi
nomeado chanceler da república começou a implantar seu programa totalitário. Ideia era a
união do povo sob um líder. Os alemães entendiam que eram a raça pura e as outras raças
estavam contaminadas, principalmente os judeus. Os judeus foram proibidos de exercer
cargos públicos e de se casar com arianos. As lojas e residências dos judeus foram depredadas
na “noite dos cristais”. Após algumas campanhas militares de Hitler foi deflagrada a Segunda
Guerra Mundial. Enquanto ocorria essa guerra os líderes alemães planejavam e levavam a
execução a morte dos judeus nas câmaras de gás dos campos de concentração. Quando a
derrota se tornou inevitável em 1945, Hitler cometeu suicídio e a Alemanha se rendeu.
Quando Hitler subiu ao poder muitos líderes eclesiásticos viram ali a chance de
reconstrução nacional. Eles diziam que Cristo havia sido enviado a eles através de Hitler. As
igrejas alemãs foram reunidas em uma só visando a unificação nacional. Elas tinham de se
submeter ao Führer e restringir a participação de judeus. Depois foi negado o púlpito a líderes
eclesiásticos judeus no Sínodo Marrom. O relacionamento entre os cristãos-alemães e Hitler
tendia a deteriorar por causa do poder que a igreja tinha de minar a lealdade ao estado por
parte dos seus membros.
Nesse meio tempo alguns líderes protestantes fundaram a Igreja Confessional. Eles
entendiam que tinham de se posicionar contra o regime nazista. Eles se reuniram e redigiram
um documento que conclamava os alemães evangélicos a rejeitar a autoridade de qualquer
outra coisa que não fosse a de Deus. Eles não queriam lutar contra o regime, intentaram
apenas preservar a igreja das heresias da igreja nazista. Com a tendência luterana a se
submeter ao estado, eles custaram reconhecer a perversão do governo alemão.
Dietrich Bonhoeffer foi um pastor alemão que se fez parte da resistência contra Hitler.
Ele foi professor de teologia sistemática em Berlim. Desde cedo ele questionou a ideologia
nazista e o envolvimento da igreja com ele. Ele criou uma liga de pastores que resistia ao
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antissemitismo nas igrejas alemãs. Ele pastoreou duas igrejas em Londres, lá ele desafiou as
organizações ecumênicas internacionais a tomarem posição contra o nazismo. Por tudo que
fez ele foi proibido de lecionar em Berlim e também de morar naquela cidade.
Pouco antes do início da guerra ele fugiu para os Estados Unidos, mas acabou volta à
Alemanha. Ele entendia que deveria ficar junto com o povo alemão naqueles momentos
difíceis. Ele participou de um plano para retirar judeus da Alemanha. Ele foi preso e acabou
sendo enforcado num campo de concentração acusado de conspiração contra o governo.
O nacionalismo perverso deste sistema afetou todas as igrejas. Fica a lição para as
igrejas mostrando que não devemos trair o compromisso cristão por causa de envolvimento
com qualquer outra coisa. Precisamos entender como contribuir de forma cristã para o
presente, para o que nossa nação vive hoje.
Um desafio para o universitário cristão é como conciliar sua fé com determinados
ensinos e conceitos que são transmitidos academicamente. Antes de ingressar na universidade
o aluno está protegido por família e igreja, a crítica às questões de fé não o abala muito. Na
universidade o aluno é exposto a livros, conversa com professores e alunos, e as questões de
fé já não parecem mais tão convincentes como eram antes.
Para enfrentar esses desafios é preciso ter em mente algumas coisas. Não se deve ficar
excessivamente preocupa com as dúvidas e inquietações, às vezes elas são positivas. O aluno
deve colocar em perspectiva as afirmações feitas por seus professores e colegas em matéria
religiosa, por vezes essas falas são determinadas por preconceitos antirreligiosos.
O estudante deve lembrar que o ambiente acadêmico é formado por pessoas
imperfeitas que possuem seus conflitos, elas necessitam mais do nosso testemunho cristão
para se converter do que qualquer outra coisa.
O cristianismo não vê conflito entre fé e ciência. A ciência corretamente entendida não
contradiz a fé. O problema é quando alguém fala que a verdade dele é a única verdade, o
verdadeiro espírito acadêmico e científico não permite isso.
Os acadêmicos questionam muitas coisas da religião, mas quem conferiu a eles a
prerrogativa de ter a última palavra sobre o assunto? Porque devemos aceitar essas coisas
como se fossem verdades definidas e inquestionáveis?
Os cristãos sempre sofreram ataques do mais diversos tipos. No início foram acusados
de canibalismo, incesto e de serem incultos. Em resposta vários pais da igreja escreveram para
defendê-la, são os apologistas. Eles elaboraram grandes obras na defesa da fé cristã. Muitos
teólogos têm surgido hoje com o intento de defender a fé com argumentos teológicos,

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filosóficos e científicos. É importante que os universitários cristãos leiam esses livros para
que possam resistir à sedução dos argumentos divulgados no meio acadêmico.
Outra iniciativa importante é procurar conviver com outros universitários cristãos.
Várias faculdades possuem aliança bíblica universitária. É bom que se participe também de
uma boa igreja cristã para ser alimentado e fortalecido. O aluno deve encarar de maneira
construtiva os desafios com que está sendo defrontado. Devemos ter a certeza de que temos
Deus e muitos irmãos do nosso lado.

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