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COMPONENTE CURRICULAR: Conceitos Básicos de Geografia

Professora Gisele Costa

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: BASES E CONCEITOS DA GEOGRAFIA

1. 1 A Origem e o desenvolvimento da Geografia


1.2 A História e evolução do Pensamento Geográfico

CAPÍTULO 2: CATEGORIAS DE ANÁLISE GEOGRÁFICA: ESPAÇO, REGIÃO,


TERRITÓRIO, PAISAGEM E LUGAR

2.1 O espaço e as correntes do pensamento geográfico


2.2 Região: discussão conceitual
2.3 Território e territorialidade
2.4 A paisagem e o lugar na perspectiva geográfica

CAPÍTULO 3: TERRITORIALIDADES, REDES E FLUXOS GEOGRÁFICOS

3.1 Escala e análise espacial


3.2 Redes e fluxos geográficos
Apresentação da Disciplina

Prezado(a) cursista, seja bem vindo(a)!

É preocupante a desconsideração, de um bom número de geógrafos, no que se


refere à correta utilização dos métodos e teorias da Geografia. Isso fica claro nos
equívocos que margeiam, por exemplo, usos incorretos, aversão e até mesmo a
total falta de uso das categorias de análise geográficas e as principais correntes do
pensamento geográfico, que são importantes elementos metodológicos utilizados na
operacionalização da teoria geográfica.

Assim, o componente curricular Conceitos Básicos de Geografia pretende


favorecer a significação dos conceitos estruturantes da Geografia, com a
possibilidade de sua correta utilização na leitura e interpretação dos fenômenos
geográficos em suas diversas escalas de análise.

O objetivo geral do componente curricular é analisar a importância do conhecimento


dos conceitos estruturantes da Ciência Geográfica, seus métodos de análise
utilizados no estudo da organização espacial, bem como o instrumental teórico e os
conhecimentos sobre a história desta área científica, favorecendo a construção e o
entendimento no/do espaço geográfico contemporâneo, caracterizado pelo território
das redes, das velocidades, da multicentralidade e das mudanças decorrentes
destes aspectos.

A leitura desse material, bem como a pesquisa a outras fontes de informação,


oportunizará a reflexão e compreensão de conceitos-chave da ciência geográfica
para a teorização e entendimento do mundo no qual estamos inseridos.

Aproveite a leitura!

Profa. Gisele Costa


CAPÍTULO 1: Bases e conceitos da Geografia

1.1 A Origem e o desenvolvimento da Geografia


Obs.

A Geografia é a ciência que estuda o “espaço da sociedade humana, onde os


homens e as mulheres vivem e, ao mesmo empo, produzem modificações que o
(re)constroem permanentemente” (VESENTINI. Disponível em:
http://www.geocritica.com.br/). Assim, para analisarmos o objeto de estudo da
Geografia, que é o espaço geográfico, precisamos compreender as suas categorias
de análise, quais sejam: o espaço geográfico, o lugar, a paisagem, a região, o
território, as redes, a natureza, dentre outras.

As categorias de análise são expressões, palavras ou conceitos às quais se atribui


dimensão filosófica, ou seja, "produzem significado basicamente não de uso coletivo,
mas do sentido que adquirem no contexto de sistemas de pensamento
determinados" (GENRO FILHO, 1986, p.38).

Como área do conhecimento que, desde que tornou-se ciência autônoma, a partir do
século XIX, buscou sempre manifestar ou sua preocupação com a busca da
compreensão da relação dos seres humanos com o meio (entorno natural). Tal
busca fez com que a Geografia se diferenciasse das demais ciências,
individualizadas em Ciências Naturais e Sociais de acordo com as suas
classificações e objetos de estudos. Essa visão de síntese, que marca o atual
paradigma sistêmico (CAPRA, 1996), torna tal ciência privilegiada na busca do
entendimento das questões socioambientais contemporâneas, ainda que durante a
modernidade, o modelo da racionalidade tenha separado, dividido o conhecimento,
com a ruptura entre as ciências naturais e as ciências sociais, onde, inclusive a
Geografia, fragmentou-se em Geografia Física e Humana, sem a devida interlocução
entre as duas.

O espaço geográfico é resultado do processo histórico no qual a sociedade imprime


paulatinamente as suas marcas. “São as práticas espaciais, isto é, um conjunto de
ações espacialmente localizadas que impactam diretamente sobre o espaço,
alterando-o no todo ou em sua parte ou preservando-o em suas formas e interações
espaciais” (CÔRREA, 2002, p. 36).

Para Milton Santos, o espaço geográfico pode ser definido como “um sistema de
objetos e um sistema de ações” (SANTOS, 1996, p. 63), que

É formado por um conjunto indissociável, solidário e também


contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não
considerados isoladamente, mas como um quadro único na
qual a história se dá. No começo era a natureza selvagem,
formada por objetos naturais, que ao longo da história vão
sendo substituídos por objetos fabricados, objetos técnicos,
mecanizados e, depois cibernéticos fazendo com que a
natureza artificial tenda a funcionar como uma máquina.
(SANTOS, 1996, p. 64).

É importante salientar que na elaboração do conceito de espaço geográfico está


presente, de forma inconfundível, a expressão de diferentes categorias de análise.
Assim, é importante refletir sobre como a Geografia construiu e ainda constrói estas
categorias de análise na concepção do conceito mais abrangente que é o de espaço
geográfico.

Antes de nos aprofundarmos em tais categorias, vamos discutir, ainda que de forma
sucinta, a origem e desenvolvimento da Geografia.

Desde a antiguidade, os povos primitivos possuíam uma cultura, um modo de vida


impregnadas de idéias geográficas, transmitidas de geração em geração através da
tradição oral, de desenhos e de pinturas em rochas. Por exemplo, entre 3800 e 2400
AC os babilônios produziram um mapa, considerado hoje o mais antigo que se tem
conhecimento. Representando a região da Mesopotâmia, mais especificamente o rio
Eufrates e adjacências, foi sulcado em barro e cozido posteriormente, com
dimensões de 7X8cm.
Figura X - O mapa de Ga-Sur, feito na Babilônia, representando provavelmente o
vale do rio Eufrates.
Fonte: GEOMUNDO. Disponível em <http://www.geomundo.com.br/geografia-
30174.htm>Acesso em 12.11.2011.

As sociedades primitivas viviam da coleta, da caça e posteriormente, da agricultura


primitiva, entrando assim, em contato com a natureza, dela retirando o que
necessitavam para a sua subsistência. Com isso, a natureza era alterada pela ação
humana, ainda que de modo insipiente.

Tal ação foi acumulando o conhecimento geográfico pelas antigas sociedades: áreas
fluviais e costeiras mais piscosas, mecanismos das estações e a relação com as
migrações de de animais silvestres ou de safras, a exemplo das migrações
empreendidas pela sociedades indígenas no nordeste brasileiro na “colheita do caju”
na época de sua safra, antes da dominação portuguesa em seu território. Vale
lembrar que a religiosidade praticada pois grupos sociais associava os fenômenos
da natureza e os astros com a ideia de divindade.

Tais conhecimentos de ordem prática e também mística concorreram para lançar as


sementes de uma área do conhecimento que futuramente seria denominada
Geografia.

Na antiguidade oriental, houve o expressivo desenvolvimento do conhecimento


empírico da Geografia, além da observação e estudos matemáticos dos astros que
auxiliaram no conhecimento sistemático do mundo.
Por exemplo, as antigas civilizações do Egito e da Mesopotâmia realizaram estudos
sobre os rios Nilo, Tigre e Eufrates, com o objetivo de conhecer os seus regimes
hídricos e as possíveis áreas a serem cultivadas ao longo do ano, com a
consequente produção de alimentos.

Com o acúmulo de conhecimentos e desenvolvimento técnico de tais sociedades,


os excedentes geraram o consequente desenvolvimento do comércio, com a
intensificação de trocas comerciais entre os povos. Com isso, a navegação também
se aprimorou, e houve a intensificação da mesma no mar Mediterrâneo e no mar
Vermelho, com o surgimento de novos núcleos colonais, guerras pela dominação de
rotas comerciais e de dominação política e econômica dos povos em ascensão.

As ideias geográficas ao lado de outras ciências se desenvolveram a partir de


conhecimentos práticos de exploração dos vários rincões da Terra e das
observações empreendidas pelos viajantes, concomitante a sistematização de
pensadores, filósofos e matemáticos.

Foi com os gregos que teve início a história do pensamento geográfico. Sabe-se que
a cultura da Grécia antiga foi a primeira cultura conhecida a explorar de forma ativa
a Geografia como ciência e filosofia. Tales de Mileto, Heródoto, Eratóstenes,
Hiparco, Aristóteles, Estrabão e Ptolomeu, são os primeiros nomes de destaque nos
estudos geográficos.

Os gregos aprenderam muito com a cultura da Mesopotâmia, aprenderam a


reconhecer o movimento da Lua ao redor do planeta e a dividir o ano de acordo com
tal movimentação, a distinguir planetas das estrelas, a identificar vários planetas,
além dos estudos de geometria, que auxiliaram no estabelecimento das dimensões
do planeta Terra.

Dedicaram-se à navegação pelo mediterrâneo, estabelecendo contato com outros


povos, o que concorreu para a ampliação do conhecimento geográfico e também
para a difusão de sua cultura até o mar Cáspio e a Índia. Os escritores gregos
fizeram várias descrições geográficas, Estrabão escreveu uma obra com 17 volumes
intitulada “Geografia”, sendo esse o primeiro registro conhecido do termo. Nessa
obra, a qual apenas alguns fragmentos chegaram aos dias atuais, está compilado
grande parte do conhecimento científico e geográfico da época.
Erastóstenes deduziu a forma esférica da Terra e indicou com relativa precisão as
dimensões do planeta, através da medição com o gnômon, da inclinação dos raios
solares em um poço, em dois pontos distintos – Sienna e Alexandria, porém situados
na mesma longitude.

Aristóteles realizou importantes estudos sobre a Terra, a partir da observação de


fenômenos naturais tais como o eclipse, deduzindo a esfericidade da Terra através
da observação da sombra circular projetada na Lua durante o fenômeno. Além de tal
evidência, apresentou mais duas para corroborar a sua teoria, a de que só é
possível explicar as mudanças produzidas no horizonte e o surgimento das
constelações na esfera celeste pelo fato do planeta Terra ser uma esfera. A outra
evidência apresentada é o fato de que a matéria tende a concentrar-se em torno de
um centro comum.

Os gregos, além de admitirem a esfericidade da Terra, apresentaram a tese da


inclinação da superfície terrestre em relação à direção dos raios solares, tendo como
consequência a diferenciação climática, com uma zona quente equatorial, seguida
de uma temperada e outra muito fria, próxima ao polo. Para eles, a vida só era
possível na zona temperada, onde viviam, pois o excesso de calor nos trópicos e o
excesso de frio nos polos impossibilitava a presença da vida.

Figura X - Os gregos propuseram três zonas climáticas na Terra, de acordo com a


incidência da radiação solar de acordo com a superfície esférica do planeta.
Fonte: Nautilus. Disponível em
<http://nautilus.fis.uc.pt/astro/hu/movi/images/imagem14.jpg>.
Acesso em 12.11.2011.
Ptolomeu, no século II d.C., escreveu em seu livro “Sinataxis”, também conhecido
com o nome árabe “Almagesto”, a teoria geocêntrica, na qual a Terra estava situada
no centro do Universo, tendo ao seu redor círculos concêntricos, onde se
localizavam o Sol, a lua, as estrelas fixas e os planetas, sua teoria só foi refutada no
século XV, através da teoria geocêntrica de Copérnico.

“Cláudio Ptolomeu, astrônomo, geógrafo e


matemático, nasceu no início do século II
da era cristã em TolemaidaHerméia, colônia
grega no Egito. Com base nas suas
observações astronômicas, pode-se
estabelecer com certeza quase absoluta
que viveu em Alexandria o mais importante
centro cultural da época – de 127 a 145.
Nesse período de tempo seu trabalho
atingiu o apogeu. Sendo uma das
personalidades da época do imperador
Marco Aurélio, procurou sintetizar o
trabalho de seus predecessores. Por meio
Figura X –Ptolomeu e o modelo de suas obras de astronomia, matemática,
geocêntrico.
geometria, física e geografia, deu à
Disponível em
<http://t3.gstatic.com/images?q=t civilização medieval o seu primeiro contato
bn:ANd9GcRY1aQM17dkDDP9
com a ciência grega. Segundo a tradição
mVoVSlrtw04Dw1qQs5HdoSp8g
_GdU7lUhPSU09nYlESh>. árabe, Ptolomeu morreu aos 78 anos de
Acesso em 12.11.2011.
idade, deixando-nos muitos dos seus
conhecimentos astronômicos por meio de
um tratado, em treze volumes, o Almagesto.
(Adaptado de
http://profs.ccems.pt/PauloPortugal/CFQ/Ge
ocentrismo_Heliocentrismo/Geocentrismo_
Heliocentrismo.html)
Após a conquista da Grécia pelos romanos, entre os séculos II e I a.C., a geografia
continuou a desenvolver-se. Como os romanos eram inferiores culturalmente aos
romanos, absorveram a cultura e grega e utilizaram os pedagogos gregos para
ensinar aos filhos dos romanos. Os romanos eram muito pragmáticos, e com o
objetivo de desenvolver o a organização do império e o comércio sobre as suas
inúmeras províncias, deram muito valor à geografia descritiva. Geógrafos romanos,
tais como Pompônio Mela e Plínio, desenvolveram importantes estudos geográficos
sobre o império.

Durante a Idade Média, o poder da igreja influenciou o pensamento geográfico, com


alguns retrocessos no desenvolvimento científico, na medida em que ideias já
comprovadas pelos gregos, tais como a esfericidade da Terra, foram refutadas.
Somente aos o século XII, com a difusão de ideias de Aristóteles, que a esfericidade
da Terra voltou a ser discutida. Com a expansão comercial, e consequente
expansão do mundo conhecido, estudos sobre a distribuição das águas e das terras
na superfície do planeta, além do desenvolvimento da cartografia com rotas
marítimas detalhadas, auxiliaram no desenvolvimento da geografia.

As grandes navegações, nos séculos XV, foram importantes, tanto do ponto de vista
comercial e econômico como também do desenvolvimento científico. Nas viagens,
estudiosos acompanhavam os navegadores. Aqueles aperfeiçoavam os portulanos
(mapas das costas), corrigindo distorções e erros, concorrendo par ao avanço da
cartografia, além de escrever tratados, com descrições minuciosas de novas
culturas, povos e paisagens.

A expansão do espaço conhecido auxiliou na dominação da configuração do planeta


e a refutação de ideias e crenças medievais sobre sua superfície. Entre os séculos
XV e XVIII se aperfeiçoou o conhecimento sobre o magnetismo da Terra, com a
diferenciação entre o polo geográfico e o magnético, com melhor ajuste das
longitudes e correção de antigos mapas.

No século XVIII ficou comprovado que a Terra era redonda e não esférica, como um
resultado do movimento rotacional do planeta, descoberto por Galileu. Para se
constar o achatamento nos polos, Maupertuis e Clairaut comandaram uma
expedição à Lapônia e Bouger e Condamine outra ao Peru, onde mediram o arco
meridiano. Ficou constatado, então, um a menor comprimento do grau do meridiano
na região equatorial do que na região polar, comprovando o formato geóide da
Terra: dilatado no equador e achatado nos polos.

As descobertas de Isaac Newton sobre a lei gravitacional universal, a forma das


órbitas dos planetas em seus movimentos de translação descobertas por Kepler,
entre tantos outros estudiosos que deixaram o seu legado investigativo para o
desenvolvimento do conhecimento humano, concorreram para a autonomia de
várias áreas científicas, inclusive da Geografia.

1.2 A História e evolução do Pensamento Geográfico

O pensamento sistematizado da Geografia ocorre no início do século XIX, quando


as condições históricas foram reunidas propiciando sua autonomia. Moraes (2003),
afirma que tais condições são engendradas no desenvolvimento do modo capitalista
de produção. Para esse autor, foram necessárias algumas condições materiais, a
saber:

• Conhecimento efetivo da extensão real do planeta;


• Repertório de informações sobre variados lugares da Terra;
• Aprimoramento das técnicas cartográficas.

Todas essas condições materiais para a sistematização da


Geografia são forjadas no processo de avanço e domínio das
relações capitalistas. Dizem respeito ao desenvolvimento das forças
produtivas, subjacente à emergência do novo modo de produção.
(MORAES, 2003, p. 43).

Conforme abordado, a Geografia começou a ser considerada uma ciência autônoma


a partir do século XIX, a partir de importantes estudos desenvolvidos pelo naturalista
alemão Alexandre von Humboldt e pelo filósofo e historiador Karl Ritter, também
alemão (MOREIRA, 2009).
De fato, a Alemanha trouxe a Geografia para o âmbito das ciências
contemporâneas, assim como as discussões e estudos que elevaram a Geografia
para uma cadeira nas universidades na França.

Figura X - Alexandre von Humboldt


Fonte: Instituto Humboldt. Disponível em
<http://www.institutohumboldt.com.br/images/patrono.jpg>
Acesso em 15. 11.2011

Figura X – Karl Ritter.


Fonte: Geogradicto. Disponível em: <http://3.bp.blogspot.com/_int8A6xi-
ks/S_YSRQCN5AI/AAAAAAAAAK8/2dMLa1sKsEY/s1600/ritter_karl.jpg>.
Acesso em 15.11.2011
Humboldt contribuiu com a estruturação da ciência geográfica através de estudos
realizados na Europa, América Latina e Ásia. Já Ritter, através de seus estudos,
apresenta o conceito de sistema natural– área delimitada dotada de uma
individualidade, sendo a Geografia responsável por tais arranjos individuais
procedendo a uma comparação. Cada arranjo possui um conjunto de elementos –
físicos, biológicos e humanos, sendo o homem seu principal elemento – compondo
uma totalidade. Pode-se afirmar que a metodologia proposta por Ritter foca no
estudo dos lugares e de sua individualidade.

Moraes (2003) ressalta a importância desses dois estudiosos para a criação de uma
linha contigua no pensamento geográfico, o que não existia até então, além do papel
desempenhado por ambos na formação das cátedras da Geografia.

OBS.

ALEXANDRE VON HUMBOLDT

Geógrafo, filósofo, historiador, explorador e naturalista alemão nascido em Berlim,


que deu início, em fins do século, a memoráveis expedições naturalísticas e é
considerado o fundador da moderna geografia física. De uma nobre e rica família da
Pomerânia, e herdeiro de grande fortuna, foi atraído desde jovem pelas expedições
científicas.

A partir dos vinte anos começou a viajar pelo mundo, notadamente Europa e
América, Tibete e Himalaia; desenvolveu separadamente o conceito de meio
ambiente geográfico: as características da fauna e da flora de uma região estão
intimamente relacionadas com a latitude, tipo de relevo e condições climáticas
existentes.

Explorador e profundo conhecedor da América, viajoupelo rios Amazonas, Orinoco,


Atabapo e Negro, em busca de um rio que ligasse as bacias do Amazonas e do
Orenoco. Proibido por ordem do governo português, que não desejava estrangeiros
em seus domínios, foi impedido de prosseguir viagem pelo território brasileiro.
Depois de percorrer cerca de 65.000km e recolheu mais de sessenta mil espécies
de plantas, voltou à Europa com esse rico material que estudaria pelo resto da vida,
dando inestimável contribuição para o desenvolvimento das ciências naturais.

Iniciou a publicação da colossal obra Voyage de Humboldt


etBonplandauxrégionséquinoxialesdu nouveau continent, fait en 1799-1804 (1805-
1834), em trinta volumes. Outra grande obra sua foi Kosmos,
EntwurfeinerphysischenWeltbeschreibung (1845-1862), em cinco volumes,
concluídos aos 86 anos do autor e síntese de seus conhecimentos, gastandoa maior
parte da fortuna que herdou nas suas viagens e na publicação de suas obras.
Deixou muitos outros escritos quando morreu em Berlim, com a avançada idade de
90 anos.

Disponível em: http://www.brasilescola.com/biografia/alexander-von-humboldt.htm

OBS.

KARL RITTER

Geógrafo alemão, nascido em Quedlinburg, então pertencente à Prússia,


descobridor do raio ultravioleta (1801) e de grande importância para a
modernageografia humana. Protegido por um banqueiro de Frankfurt, entrou para
auniversidade (1798) onde estudou ciências naturais, história e teologia por cinco
anos. Esteve em Göttingen (1814-1819) e depois de ensinar história em Frankfurt
(1819), assumiu a cátedra de história da Universidade de Berlim (1820), na qual se
manteve até o fim da vida. Professor na Universidade de Berlim, publicou seu
primeiro trabalho sobre geografia, uma série de seis mapas sobre a Europa, talvez o
primeiro atlas físico da história (1806), que seria atualizado (1811). Iniciou sua obra
mais importante e extensa foi Die
erdkundimverhältniszurnaturundsurgeschichtedesmenschen (1817), de valiosos
ensinamentos, planejada para abordar a geografia de todo o planeta, porém o autor
morreu quando completou o 19° volume, em Berlim. Foi o fundador da Sociedade
Geográfica de Berlim e considerava-se um discípulo e continuador do
geógrafo Alexander von Humboldt. Foi um pioneiro da geografia moderna e do seu
ensino nas universidades, concebendo a geografia como ciência empírica e
sustentando que sua metodologia deveria basear-se na observação direta, ao invés
de partir de hipóteses teóricas. Sua obra máxima foi Die
ErdkundeimVerhältnisszurNaturundzurGeschichtedesMenschen, em 19 volumes
(1817-1859).
Disponível em: http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/KarlRitt.html

No final do século XIX, dois geógrafos deixaram marcas importantes no


desenvolvimento da geografia como ciência: Ratzel e Élisé Reclus. O alemão Ratzel
estava ligado ideologicamente à construção de uma Alemanha imperialista – já que
esta havia chegado com atraso na partilha do mundo – através de estudos de
geografia política, amplamente utilizados pelas oligarquias como justificativa para
uma política expansionista, também chamada de pan-germanista.

O francês Reclus, anarquista militante, sistematizou uma teoria libertária, na qual


apresentava a luta de classes como meio de diminuir a exploração, além de
condenar a colonização advinda do processo expansionista dos países em processo
de industrialização.

Durante muito tempo a Geografia permaneceu como ciência descritiva da superfície


da Terra, tal visão reducionista tem raízes no próprio processo de expansionismo
colonial no período da estruturação da Geografia como ciência. Os países europeus
e os Estados Unidos preocupavam-se em catalogar as riquezas existentes nos
novos territórios conquistados.

Andrade (2008, p. 65) sinaliza que

Na fase de desenvolvimento do capitalismo industrial e da


necessidade de um conhecimento aprofundado do espaço
produtivo, [os geógrafos] fizeram estudos corológicos,
procurando desenvolver uma análise de porções mais ou
menos restritas da superfície do planeta. Partiram do princípio
de que a análise das várias partes levaria à soma das mesmas
e ao melhor conhecimento do todo.
Assim, em uma primeira fase de sistematização, a geografia consolidou-se como
como uma ciência descritiva e ideográfica, pautada no método indutivo (parte do
particular para o geral).

O Determinismo Geográfico

A Geografia alemã preocupou-se com a descrição e análise da paisagem. A


Geografia francesa buscava a síntese através do estudo da paisagem, considerando
não apenas os seus aspectos naturais, mas também a ação humana sobre a
mesma.

Através de sua obra denominada Antropogeografia: fundamentos da aplicação da


Geografia à História, de 1882, Friedrich Ratzel estabeleceu o conceito de
determinismo geográfico.

O determinismo destaca as influências que as condições do meio natural exercem


sobre a humanidade, quais sejam:

• Influências sobre a fisiologia e caráter das pessoas e, através destes, na


sociedade;
• Influências sobre a constituição social, através dos recursos naturais
disponíveis onde a sociedade está localizada;
• Expansão de um povo, dificultando ou acelerando o processo;
• Possibilidades de contato com outros povos, favorecendo a miscigenação ou
o isolamento.

Cumpre esclarecer que tais influências do meio serão mediadas pelas condições
socioeconômicas da sociedade. E, para a sociedade conquistar o seu progresso e
liberdade, deveria manter uma relação íntima com o meio, o que justifica a criação
do Estado. “Quando a sociedade se organiza para defender o território, transforma-
se em Estado”. (RATZEL apud MORAES, 2003, p. 60).

O território representa a própria sociedade, a as suas condições de trabalho, e a sua


perda, significa a sua decadência. Já o progresso implica o aumento do território, a
conquista de novas áreas. Esse é um ponto chave do determinismo geográfico, o
qual trabalha com o conceito de espaço vital.

O espaço vital é definido como a proporção existente entre a população de uma


dada sociedade e os recursos naturais disponíveis para suprir suas necessidades.
Este conceito indica suas possibilidades de progredir em seu próprio território e a
necessidade de conquista de novos territórios. Este conceito naturaliza o processo
expansionista, justificando e legitimando o imperialismo germânico.

O ministro prussiano Otto von Bismarck (1815-1898), ministro prussiano, utilizou o


conceito de espaço vital como ideologia subjacente ao expansionismo alemão,
legitimando as suas ações.

O determinismo geográfico é coerente com o momento histórico vivenciado pela


Alemanha, que estava passando por um processo de unificação.

Discípulos da escola determinista ampliaram o conceito afirmando que o homem


seria um produto do meio onde vivia, relacionando meios naturais mais hostis.

Muitos estudiosos, considerados discípulos da escola determinista, foram além do


pensamento de Ratzel e chegaram a afirmar que o homem seria um produto do
meio em que vivia. Defendiam, inclusive, que um meio natural mais hostil
proporcionaria um maior nível de desenvolvimento, já que este exigiria também um
alto grau de organização social para conseguir suportar todas as adversidades
impostas pelas condições da natureza, tais como a dificuldade de ocupação, os
rigores do Inverno, etc.

Essa concepção justificou o neocolonialismo entre o final do século XIX e início do


século XX, quando as potências industriais colonizaram povos do continente
africano e asiático. A Alemanha Nazista utilizou esses mesmos princípios mais tarde
com o objetivo de justificar as suas ações durante a Segunda Guerra Mundial.

Brunschwig, Henri. A Partilha da África Negra: 1880-1914. São Paulo: Perspectiva,


1974.

Sinopse:

“O processo de partilha do continente africano resultou de uma estreita vinculação


da política colonial com a política geral. Começou bem antes da Conferência de
Berlim de 1885, no início do século, mas verdadeiro imperialismo divisor data da
generalização, após 1890, da noção de 'zona de influência'. Rivalidades e
negociações entre os partilhantes europeus se referiam frequentemente aos tratados
firmados com os africanos. Estes, todavia, não podiam, então, compreender termos
tão capciosos como os de protetorado e outros e, assim, toda a imensa complicação
diplomática delineou apenas uma história de dominação branca e de jogo de poder
projetados na geografia negra, com as fronteiras territoriais delineadas sem respeitar
a disposição da população local, com base nos interesses dos europeus, recorrendo
a noções arbitrárias como latitude, longitude, linha de divisão das águas e curso
presumível de um rio que mal se conhecia. Tais fronteiras ainda sobrevivem: cerca
de 90% das atuais fronteiras na África foram herdadas do período colonial e em
apenas 15% delas foram levadas em consideração questões étnicas.”

Disponível em:

http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?isbn=8527302780&sid
=6249711481331358351189581

http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/historia/partilha-africa-434731.shtml
O Possibilismo

No final do século XIX, em reação ao determinismo alemão, surgiu na França a


corrente de pensamento geográfico denominado Possibilismo, tendo Paul Vidal de
La Blache como seu principal pensador.

O Possibilismo afirma que o meio exerce alguma influência sobre o indivíduo e a


sociedade, porém através da racionalidade humana é possível aos grupos sociais
alterar o meio ambiente, adaptando o mesmo de acordo com as suas necessidades.

La Blache apresenta várias críticas ao modelo determinista ratzeliano, entre elas,


podemos destacar:

• Concepção fatalista e mecanicista, propondo uma postura relativista;


• Caráter exclusivamente naturalista, propõe a ideia de que o homem faz parte
do processo geográfico interferindo na paisagem e modificando-a;
• Mistura entre ciência e política, propondo a separação das mesmas.

Esse estudioso estabeleceu uma série de princípios através dos quais a Geografia
deveria balizar suas investigações:

• A unidade dos fenômenos terrestres;


• A relação da Geografia com todos os fenômenos da superfície da Terra;
• A influência do meio sobre o homem, e os processos de relação homem-
meio;
• A premência de um método científico próprio para definir e classificar os
fenômenos;
• O reconhecimento do papel das sociedades na alteração do meio ambiente,
modelando e transformando o mesmo.

La Blache afirma que as sociedades aprenderam, através dos séculos, a apropriar-


se da natureza, dela retirando o seu sustento através do trabalho. Cunhou o
conceito "gênero de vida" afirmando que o meio não é determinista sobre o homem
ou a sociedade, oferece oportunidades, cabendo ao grupo social fazer escolhas, por
isso a sua escola é denominada possibilista.
Cumpre ressaltar, no entanto, que o indivíduo não é totalmente livre, uma vez que
está submetido a uma determinada cultura, com seus sistemas de valores,
organização, tecnologia, ou seja, a um gênero de vida. Tal afirmação denota uma
sutil contradição em sua teoria: ao passo que critica o expansionismo alemão,
legitima o colonialismo francês nos continentes asiático e africano.

Dessa maneira, tanto o determinismo alemão como o possibilismo francês foram


poderosas armas ideológicas para legitimar a ação imperialista das duas potências.

O possibilismo deixou vários discípulos que deram continuidade à obra de La


Blache. O mesmo organizou uma obra – Geografia Universal – na qual onde cada
discípulo discorreu sobre uma “região” da Terra. A partir de La Blache, o conceito
de “região” ganhou uma maior amplitude, deixando de ser visto apenas do ponto de
vista geológico, passando a ser entendido como a expressão da relação homem-
natureza, ou seja, como um produto histórico.

A região, na escola possibilista, é considerada como uma unidade de análise na


Geografia, a qual sintetiza a organização de determinada sociedade sobre o espaço
terrestre, sendo, portanto, um dado concreto da pesquisa geográfica, cabendo, para
o seu desvelamento, a sua delimitação, descrição e explicação pelo geógrafo.

O estudo da região favoreceu o surgimento da Geografia Regional, a qual busca


estudar minuciosamente as regiões, através da aplicação de conhecimentos
cartográficos, da análise da formação histórica, dos setores da economia.

Estudos se multiplicaram sob tal perspectiva geográfica, o que gerou um acúmulo


expressivo de análises locais e isoladas, gerando, inclusive, as especializações da
Geografia, tais como a Geografia Política, Geografia Urbana, Geografia Agrária,
Geografia Econômica, Geografia Histórica, entre outras.

O Método Regional

O Método Regional não é considerado uma escola do pensamento geográfico,


estuda áreas delimitadas e regiões, tendo como base os conhecimentos
desenvolvidos por Vidal de La Blache e Richard Hartshorne.
Cumpre esclarecer que, desde o século XVII, estudos sobre a região foram
desenvolvidos, através da obra intitulada Geografia General: en la que se explican
las propriedades generales de la Tierra, de Bernardo Varenius (1650). Nos séculos
XVIII e XIX, Kant e Ritter também desenvolveram investigações regionais.

Nos anos 40 do século XX, através dos estudos do geógrafo estadunidense Richard
Hartshorne, o método regional voltou a ser valorizado. Esse método produz um
conhecimento regional, sintético, sobre as diferentes áreas do globo.

As principais publicações do geógrafo Richard Hartshorne ocorreram entre as


décadas de trinta e sessenta do século XX nos Estados Unidos. Foi muito valorizado
sobretudo por introduzir o debate teórico e metodológico na ciência geográfica.

Com base descritiva, reafirmou a Geografia como o estudo do espaço e dos lugares,
com o estudo exaustivo das características de determinada área ou região.

Figura X – Richard Hartshorne.


Fonte: Realmagick. Disponível em:
<http://www.geography.wisc.edu/images/richard_hartshorne_jpg.jpg>.
Acesso em 16.11.2011

Hartshorne não considera a região como o objeto de estudo da ciência geográfica, e


sim como método utilizado para estabelecer a unidade espacial (região) resultante
de um arranjo único de fenômenos heterogêneos, e também para identificar as
diferenças existentes entre as áreas.
O método regional consolidou a descrição de lugares como meio de construção do
conhecimento geográfico. Neste, a Geografia traduz-se como ciência da natureza e
da sociedade, a qual estuda as diferenciações entre as áreas da superfície terrestre.

No método regional, a região seria definida como uma combinação singular de


elementos cujas interrelações seriam o objeto de estudo dos geógrafos.

Enquanto os historiadores estudam a origem e desenvolvimento dos fenômenos, os


geógrafos, no método regional, buscam apreender, através da descrição, a
articulação de fenômenos no presente, com as características resultantes de tal
articulação. Com isso seria possível interpretar o caráter variável da superfície do
planeta, sem, no entanto, buscar teorias com explicações gerais ou generalizações.

Enquanto que no determinismo e possibilismo o geógrafo deveria descrever tudo o


que estivesse visível aos olhos, no método regional, o geógrafo deveria selecionar
previamente os fenômenos significativos para delimitar a área estudada. “As
divisões regionais são reproduzidas pelo intelecto, segundo objetivos determinados
pelo pesquisador.” (CORRÊA, 2002, p. 15).

Sendo considerada uma ciência de síntese, a partir da qual todo e qualquer


fenômeno espacial teria interesse para a Geografia, não possuía um objeto de
estudo específico, e sim um método próprio – diferenciação de áreas – através do
processo corológico, o qual favorecia o diálogo interdisciplinar.

Tal método teve também como proposta a superação da dicotomia já então


existente na Geografia: geografia física X geografia humana e geografia geral X
geografia regional. Com o método regional, seria possível alcançar uma síntese de
tais perspectivas, com um caráter idiográfico e nomotético, sendo que no primeiro,
busca-se a singularidade do lugar, já no segundo busca-se definir normas gerais,
padrões de relações entre elementos, no sentido de estabelecer normas gerais,
perspectiva que acabou prevalecendo no restante do século XX e considerada
adequada para os estudos da natureza, em vista da regularidade dos seus
fenômenos. Assim sendo, o estudo regional, voltado para as sínteses das relações
complexas, consiste tanto no trabalho empírico de observação como no de
estabelecer relações gerais.
O objeto da geografia regional é unicamente o caráter variável
da superfície da Terra – uma unidade que só pode ser dividida
arbitrariamente em partes, as quais, em qualquer nível da
divisão, são como as partes temporais da história, únicas em
suas características (HARTSHORNE, 1939, apud CORRÊA,
2002, p. 18).

De todo modo, Hartshorne é tido como um dos principais responsáveis pela


transição de uma fase clássica da Geografia para uma fase moderna. Suas
proposições, conforme Moraes (2003), finalizam o ciclo da chamada Geografia
Tradicional que havia se caracterizado como uma ciência de síntese e desenvolvida
a partir do trabalho empírico.

“A região, para Hartshorne, não passa de uma área mostrando a sua unicidade,
resultando de uma integração de natureza única de fenômenos heterogêneos”.
(CORRÊA, 2002, p.16).

A Nova Geografia

Contexto histórico e socioeconômico (CORRÊA, 2002):

• Surge após a Segunda Guerra Mundial;


• Nova fase de expansão capitalista;
• Recuperação da economia europeia;
• Guerra fria envolvendo os EUA e a URSS;
• Desmantelamento dos impérios coloniais, a partir dos anos sessenta;
• Nova divisão social e territorial do trabalho;
• Difusão de novas culturas;
• Urbanização e industrialização acelerada.
Os antigos paradigmas geográficos (determinismo, possibilismo e método regional)
no contexto anteriormente descrito caíram por terra, pois não eram mais suficientes
para justificar a expansão do capitalismo.

Assim, a nova geografia, conhecida também como geografia teorética ou


quantitativa, cumpre o papel ideológico de apontar para o desenvolvimento a médio
prazo, com o subdesenvolvimento como uma etapa a ser superada.

Características da nova geografia (CORRÊA, 2002, p. 18 - 20):

• Nasce na Suécia, Inglaterra e Estados Unidos;


• Abordagem locacional: espaço como resultado das decisões locacionais;
• Teoria dos Polos de Desenvolvimento;
• Difusão do sistema de planejamento do Estado capitalista;
• Positivismo lógico: método de apreensão do real, com pretensa neutralidade
científica;
• Procura leis ou regularidades empíricas sob a forma de padrões espaciais;
• Emprego de técnicas estatísticas, dotadas de maior ou menor grau de
sofisticação (média, desvio padrão, coeficiente de correlação, etc.);
• Utilização da geometria (por exemplo a teoria dos grafos);
• Uso de modelos normativos;
• Analogias com as ciências da natureza;
• Emprego de princípios da economia.

Na nova geografia, se desenvolve “o conceito de organização espacial entendido


como padrão espacial resultante de decisões locacionais, privilegiando as formas e
os movimentos sobre a superfície da Terra”. (CORRÊA, 2002, p. 21, grifo do autor).

Essa corrente é bastante criticada pela Geografia Crítica, que veremos a seguir, na
medida em que aquela é considerada alienada e pragmática, focada meramente em
padrões espaciais e não em problemas de ordem socioeconômica e com função
ideológica na sociedade capitalista.

A Geografia Crítica
Nas décadas de 70 e 80, com o materialismo histórico e a dialética marxista como
base epistemológica, surge a geografia crítica, a qual questiona severamente os
modelos clássicos da Geografia.

Cumpre ressaltar que o geógrafo francês Elisée Reclus e o geógrafo russo Piotr
Kropotkin, já no final do século XIX, lançaram as bases da Geografia crítica, sem, no
entanto, estruturar uma escola geográfica.

PIOTR KROPOTKIN

Figura X - Piotr Kropotkin


Fonte: Open Library. Disponível em <http://covers.openlibrary.org/a/id/6257014-
L.jpg>.
Acesso em 12.11.2011.

Piotr Ayexeyevich Kropotkin viveu entre 1842 e 1921. Foi um moscovita de família
rica e aristocrática que decidiu viver modestamente de seu próprio trabalho – como
geógrafo e secretário, durante alguns anos, da Sociedade Geográfica Russa, como
professor, como jornalista e até como tipógrafo. Sua obra, que procura incorporar
ou integrar determinadas idéias libertárias na geografia, representa seguramente um
dos principais capítulos ainda não escritos da história (crítica) do pensamento
geográfico. Ele foi, sem nenhuma dúvida, o principal omitido em quase todas as
obras que buscaram discorrer sobre essa tradição discursiva. Sua fala e seus
inúmeros escritos via de regra foram solenemente ignorados e assim silenciados, e
isso numa proporção muito maior do que em relação a Élisée Reclus, seu grande
amigo. Mesmo a “geografia crítica” francesa, que em grande parte nasceu ao redor
da revista Hérodote, buscou recuperar as idéias de Réclus e deixou Kropotkin de
lado. (Adaptado de VESENTINI, José William. Geografia e liberdade em Piotr
Kropotkin. Disponível em: <http://www.geocritica.com.br/artigos.htm>. Acesso em: 16
out. 2011.

Contexto sociohistórico nos países desenvolvidos:

• Agravamento de tensões sociais;


• Aumento do desemprego;
• Crise habitacional;
• Intolerância racial.

Nos países subdesenvolvidos ocorre uma intensificação dos movimentos


nacionalistas e de emancipação política. Nesse contexto, a geografia crítica busca
reinterpretar, à luz da teoria marxista, questões que abordadas pela geografia
teorético-quantitativa.

Questões como uso do solo urbano, circulação e transporte, questões trabalhistas


tais como jornada de trabalho, além da habitação, organização espacial, etc., são
discutidas na geografia crítica, a qual analisa o Estado, o empresariado (industriais,
incorporadores imobiliários), os latifundiários, entre outros, como agentes de
organização espacial.
A Geografia crítica surgiu no Brasil no final da década de 70. Em 1978, a Associação
dos Geógrafos Brasileiros (AGB) organiza em Fortaleza – CE o 3º Encontro Nacional
de Geógrafos, considerado um marco no debate crítico da Geografia no país.

Moreira (2009, p. 39) indica que, por ocasião do evento de 1978,

a Geografia brasileira vivia já um estado de grande ebulição. E


isto pelo menos desde 1974. Nos vários cantos do país
movimentos de critica e renovação, espontâneos, difusos e,
portanto, sem hegemonia nacional vinham acontecendo. O 3º
ENG possibilitou o olhar recíproco, o conhecimento dos
protagonistas uns dos outros, a conscientização dos
descontentamentos que promovem a necessidade das
mudanças e a aglutinação das ideias que precipitam a crise da
ciência.

Os geógrafos críticos “assumem o conteúdo político de conhecimento científico,


propondo uma Geografia militante, que lute por uma sociedade mais justa [e]
pensam a análise geográfica como um instrumento de libertação do homem”.
(MORAES, 2003, p. 109).

Para Moraes (2003), os geógrafos críticos fazem uma avaliação das razões da crise,
buscam transpor o os questionamentos geográficos academicistas e empiristas e de
fundamentação positivista. Além disso, salientam em seus estudos (CORRÊA, 2002;
MORAES, 2003):

• Vinculação entre as teorias geográficas tradicionais e o imperialismo;


• Relação, no capitalismo, da Geografia e a superestrutura de dominação de
classes;
• Análise das relações dialéticas entre as formas espaciais e os processos
históricos que modelam os grupos sociais.

A geografia crítica considera como fundamental na análise geográfica os modos de


produção, sendo que as configurações socioeconômicas espaciais resultam de tais
modos de produção.
MILTON SANTOS
(1926 2001)

Figura X – Milton Santos.


Fonte: TV Brasil. Disponível em: <http://www.tvbrasil.org.br/novidades/wp-
content/uploads/2011/06/MILTON-SANTOS2-300x225.jpg>.
Acesso em 15.11.2011

Milton Santos foi um importante representante da Geografia Crítica, sendo


responsável por uma obra numerosa e complexa, uma verdadeira teoria geográfica
do espaço. Seu pensamento e a organização de seus estudos percorre duas
vertentes: reflexões filosóficas sobre a natureza do espaço geográfico; e trabalhos
de natureza empírica, com a reconstrução intelectual do espaço com o destaque à
categoria lugar.

BIOGRAFIA

• 1948 – Bacharel em Direito, Universidade pela Universidade Federal da


Bahia;
• 1958 – Doutor em Geografia, Universidade de Strasbourg, sob orientação do
Prof. Jean Tricart. (Tese de doutorado intitulada O Centro da Cidade de
Salvador);
• 1954-1964 – Jornalista e redator do jornal A Tarde;
• 1956-1960 – Professor de Geografia Humana na Universidade Católica de
Salvador e na Universidade Federal da Bahia onde cria o Laboratório de
Geociências;
• 1959-1961 – Diretor da Imprensa Oficial da Bahia;
• 1961 – Representante da Casa Civil do presidente Janio Quadros na Bahia;
• 1962-1964 – Presidente da Fundação Comissão de Planejamento Econômico
do Estado da Bahia;
• Até 1964 – Suas pesquisas e publicações da época focalizam as realidades
locais, principalmente a capital e também as cidades e a região do
Recôncavo;
• 1964 – Deixa o Brasil em razão do golpe militar iniciando uma carreira
internacional;
• 1964-1977 - Professor convidado nas universidades de Toulouse, Bordeaux e
Paris-Sorbonne, e no IEDES (Instituto de Estudos do Desenvolvimento
Econômico e Social);
• 1971 a 1977 – Inicia uma carreira itinerante, ao sabor dos convites: no MIT
(Massachusetts Institute of Technology – Boston) como pesquisador; e como
professor convidado nas universidades de Toronto (Canadá), Caracas
(Venezuela), Dar-es-Salam (Tanzânia), Columbia University (New York).
Período abre uma longa caminhada em direção a teorização em Geografia,
com o intenso aproveitamento das ricas bibliotecas das grandes
universidades. Primeiro uma ampliação do foco com o livro Les Villes Du Tiers
Monde, 1971, onde já aparece o interesse em estudar as peculiaridades da
economia urbana dos países então chamados subdesenvolvidos,
caracterizada pelos seus dois circuitos, superior e inferior, e resultando no
livro L’Espace Partagé: les deux circuits de l’économie des pays sous-
développés publicado em francês em 1975, em inglês e português em 1979;
• 1977 – Retorno ao Brasil;
• 1979-1983 – Professor Universidade Federal do Rio de Janeiro;
• 1983 – Ingressa por concurso na Universidade de São Paulo, como professor
titular de Geografia Humana até a aposentadoria compulsória, recebendo o
título de Professor Emérito da USP em 1997. Continua a pesquisar, publicar e
orientar estudantes até o final de sua vida;
• 1994 – Recebe o Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud. Nesta última
fase de seu percurso, publica Por uma Geografia Nova, da crítica da
geografia a uma geografia crítica (1978), contribuição à efervescência e ânsia
de renovação dessa ciência no Brasil. O espaço é definido como uma
instancia social ativa, a noção de formação socioespacial introduzida;
• 1995 - Reintegrado oficialmente à Universidade Federal da Bahia em 1995,
da qual tinha sido demitido por “ausência”;
• 1995 - Doze universidades brasileiras e sete universidades estrangeiras lhe
outorgaram o titulo de Doutor Honoris Causa.

Algumas publicações:
• Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico
informacional (1994);
• Da totalidade ao lugar (1996);
• Metamorfose do espaço habitado (1997);
• A Natureza do Espaço (1996). Considerado um de seus maiores livros, onde
busca “uma teoria geral do espaço humano, uma contribuição da Geografia
reconstrução da teoria social” (SANTOS, 1996);
• Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal
(2000).

(Adaptado de Milton Santos – Biografia. Disponível em:


<http://miltonsantos.com.br/site/biografia/>. Acesso em 23 jun. 2011.)

Conheça a biografia completa de Milton Santos e também a sua produção


teórica acessando o seguinte endereço eletrônico na Internet:
http://miltonsantos.com.br/site/biografia/

A Geografia Humanística

Essa corrente geográfica, que possui como base filosófica a fenomenologia


existencial, onde o espaço é entendido como espaço presente, diferente do espaço
abstrato da geometria e da perspectiva científica, onde é concebido como
dimensional e passível de uma representação.
Tem como principais representantes Yi-Fu Tuan, Anne Buttimer, Edward Relph e
Mercer e Powell. Estes autores estudaram a experiência individual ou grupal, seus
comportamentos e sentimentos em relação aos seus lugares de vivência.

LIVRO: ESPAÇO E LUGAR: A PERSPECTIVA DA EXPERIÊNCIA

Figura X – Yi Fu Tuan.
Fonte: ACLS Advancing Humanities. Disponível em:
<http://www.acls.org/uploadedImages/About/Annual_Meetings/Previous_Meetings/tu
an_120x150.jpg>.
Acesso em 23.03.2011

SINOPSE:
As pessoas constroem suas realidades e respondem ao espaço e ao lugar de
maneiras diferentes influenciadas pela cultura, moldam seus valores baseadas nas
experiências que vão adquirindo através de seus órgãos dos sentidos e pelas
emoções vivenciadas.

Ao mover-se, o ser humano vivencia o espaço que é organizado baseado na postura


e estrutura do seu corpo e as relações de distância entre as pessoas, de acordo com
as suas necessidades biológicas e as relações sociais, firmando-se no eu que se
move e se direciona, consciente de que "não apenas ocupo o espaço, mas o dirijo e
coordeno".

O espaço, à medida em que adquire significado e definição, vai se transformando


em lugar. Lugar pode significar mais do que espaço físico, pode dar noção de
espaciosidade, que significa mais liberdade para agir ou para movimentar-se.
Instrumentos ou máquinas ampliam estas sensações. Noções de lugar, espaço,
proximidade e distância podem ter outras conotações, podem significar uma posição
social, um cargo hierárquico ou um grupo com afinidades em comum. Leitura
fundamental para aqueles que querem compreender melhor a corrente humanística
da Geografia.

Referência: TUAN, Y. F. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo:


Difel, 1983.

Fonte: http://pt.shvoong.com/social-sciences/1819180-espa%C3%A7o-
lugar/#ixzz1jC9O9WeA

Cada grupo social possui diferentes visões de mundo, as quais se manifestam em


atitudes, valores e hábitos que redundam em determinada organização do espaço.

O reconhecimento dos objetos implica o reconhecimento de


intervalos e relações de distância entre os objetos e, pois, de
espaço. A distância é de âmbito espaço-temporal, pois envolve
não só as noções de perto e longe, mas também as de
passado, presente e futuro [...] a integração espacial faz-se
mais pela dimensão afetiva que pela métrica. Estar junto, estar
próximo, não significa a proximidade física, mas o
relacionamento afetivo com outra pessoa ou com outro lugar.
(TUAN, 1983, p. 81, grifo do autor).
Assim, a categoria lugar é entendida como a porção espacial na qual a pessoa
encontra-se emocionalmente integrada, é especial na medida em que possui um
profundo significado afetivo para um indivíduo ou até mesmo um grupo social.

Já a categoria espaço, para a Geografia da Percepção, vale-se da combinação da


percepção visual, do pensamento, do movimento, e do tato, para compreender a
estrutura e disposição espacial.

Espaço e lugar estão no âmago da nossa disciplina. Sob a


perspectiva positivista a geografia é a análise da organização
espacial. Sob a perspectiva humanística o espaço e lugar
assumem características muito diferentes. A tarefa básica do
geógrafo humanista é mostrar o que eles são através de uma
estrutura coerente. (TUAN, 1983, p. 97, grifo do autor).

Síntese das Correntes Geográficas:

O Determinismo argumenta que a vida não é uma simples consequência das


condições ambientais, mas sim de um conjunto de técnicas, hábitos, usos e
costumes, que lhe permitiram utilizar os recursos naturais disponíveis para o
crescimento da sociedade.

O Possibilismo consiste numa corrente do pensamento geográfico que percebe o


ambiente natural como um simples fornecedor de possibilidades para a modificação
humana, por isso o meio não determina a evolução das sociedades e do homem,
encarado como o principal agente geográfico.
O Método Regional evidencia a necessidade de produção de um conhecimento
sintético sobre as diferentes áreas da superfície da Terra, sem considerar, contudo,
a região como objeto da Geografia. O que importa é o método de diferenciações de
áreas que resultam de uma integração única de fenômenos heterogêneos.

A Geografia Teorética Quantitativa utilizou modelos matemáticos e o método


estatístico para analisar e explicar o espaço geográfico. Foi intensamente utilizado
no planejamento territorial.

A Geografia Crítica entende o espaço como social, vivido, em estreita correlação


com a prática social. É socialmente engajada, nega a neutralidade científica e o
comprometimento implícito da Geografia quantitativa com o poder instituído, com o
Estado capitalista e com as grandes empresas.

A Geografia Humanística prioriza a experiência individual ou grupal, seus


comportamentos e sentimentos em relação aos seus lugares de vivência.

- Com qual Corrente Geográfica você mais se identifica?

- Escolha um conteúdo geográfico escolar e registre possibilidades


metodológicas em sala de aula considerando os pressupostos da Corrente
Geográfica escolhida.
QUESTÃO 01 - A ideia, de que o homem de regiões de clima temperado teria maior
possibilidade de desenvolvimento que o homem de regiões tropicais, é típica da
corrente

A) Determinista

B) Possibilista

C) Humanística

D) Teorética-quantitativa

E) Crítica

QUESTÃO 02 - A institucionalização da Geografia como ciência, não se deu por


acaso na Alemanha, mas, principalmente, porque

I. O desenvolvimento do capitalismo, e de ideias envolvendo as relações homem-


espaço neste país, fizeram a sociedade alemã valorizar a temática geográfica.

II. A sociedade alemã valorizava o estudo de elementos naturais, que para eles
estavam acima das questões sociais.

III. Os alemães valorizavam a sociedade em detrimento da natureza, que não tinha


qualquer importância científica.

Das proposições acima, estão corretas

A) I e III, apenas

B) I e II, apenas

C) II e III, apenas

D) I, II e III

E) II, apenas
QUESTÃO 03 - Sobre a corrente determinista do pensamento geográfico, analise as
proposições abaixo:

I. O determinismo ambiental foi o primeiro paradigma a caracterizar a Geografia, que


emerge no final do século XIX.

II. Os teóricos deterministas afirmam que as condições naturais, em especial as


climáticas, são determinantes para a evolução do homem.

III. Segundo os deterministas desenvolver-se-iam os povos ou países que


estivessem localizados em áreas climáticas mais favoráveis.

Das proposições acima, estão corretas

A) I, apenas

B) I e II, apenas

C) I e III, apenas

D) II e III, apenas

E) I, II e III

QUESTÃO 04 - Sobre a história do pensamento geográfico, analise as afirmações


abaixo:

I. Em vários momentos da história, o saber geográfico serviu como instrumento de


dominação do território.

II. As teorias de Ratzel pertencem à escola geográfica alemã.

III. A Geografia Crítica é responsável pela efetivação de políticas de planejamento


territorial e de controle social, que são utilizadas atualmente pelos governos.
Das proposições acima, está(ao) correta(s) apenas

A) I

B) II

C) III

D) I e II

E) II e III

QUESTÃO 05 - O conhecimento do meio geográfico é considerado de grande


importância, desde a Antiguidade, porque

A) Influi na tomada de decisões sobre a utilização racional dos recursos naturais,


algo que é feito desde que o homem se organizou em sociedade.

B) Permite um melhor aproveitamento dos recursos e gera informação indispensável


para qualquer atividade comercial e política.

C) O conhecimento do lugar onde se desenvolve qualquer atividade humana é


fundamental para preservar o espaço natural.

D) Favorece o reconhecimento das facilidades e problemas que o homem pode


encontrar ao transformar o espaço.

E) Auxilia o processo de desenvolvimento sustentável na relação homem-natureza,


que vem sendo implementado pelos países emergentes desde a década de 1940.

QUESTÃO 06 - Entre as personalidades mais importantes para o desenvolvimento


da geografia como ciência destaca-se Humboldt, que

A) Lançou as bases da geografia moderna, com ênfase na observação direta e nas


medições acuradas como base para leis gerais.
B) Escreveu a principal obra literária destinada à cartografia, revolucionando a
confecção de mapas, a partir de então.

C) Apresentou novas teorias do pensamento geográfico, criando as bases da


geografia crítica moderna.

D) Desenvolveu a corrente filosófica possibilista, a qual criou um contra-senso com o


determinismo.

QUESTÃO 07 – A terceira corrente de pensamento geográfico é o Método Regional.


Essa corrente se caracteriza, principalmente, por

A) Utilizar frequentemente técnicas estatísticas e matemáticas.

B) Considerar a influência dos elementos da natureza no desenvolvimentos das


sociedades.

C) Acreditar que o homem pode dominar o meio hostil e, a partir daí, criar o espaço
ideal de acordo com as suas necessidades.

D) Se opor ao determinismo e ao possibilismo, visto que “a diferenciação de áreas


não é vista a partir das relações entre o homem e a natureza, mas sim da integração
de fenômenos.

QUESTÃO 8 - Considera-se como perspectiva humanística:

I. A análise de pensamentos e atos que são unicamente humanos.

II. O estudo dos elementos da natureza que possuem intensa relação com o homem.

III. O estudo dos elementos do espaço geográfico que, de forma direta ou indireta,
são resultados da ação humana.

Das proposições acima, está(ao) correta(s) apenas

A) I

B) II
C) I e III

D) II e III

Respostas:
1- A; 2 - B; 3 - E; 4 - D; 5 - B; 6 – A; 7 – D; 8 – A.

CAPÍTULO 2: Categorias de análise geográfica: espaço, região, território,


paisagem e lugar

2.1 O espaço e as correntes do pensamento geográfico

A Geografia é uma ciência social que estuda a sociedade e suas interações na


superfície terrestre, através dos seus conceitos-chave que possuem um “forte
parentesco entre si” (CORRÊA, 2002), uma vez que o espaço, em seus diferentes
recortes e perspectivas – região, paisagem, território ou lugar – passam por
alterações antropogênicas, cujos efeitos cumulativos determinam certa historicidade
de ocupação, marcando a superfície terrestre (CORRÊA, 2002).
Para Corrêa (2006, p. 15),
a expressão espaço geográfico [...] aparece como vaga, ora
estando associada a uma porção específica da superfície da
Terra identificada pela sua natureza, seja por um modo
particular como o homem ali imprimiu as suas marcas, seja
como referência à simples localização.

Entre 1870 e 1950, período de vigência da Geografia Tradicional (CORRÊA, 2006),


a categoria espaço não ocupou um lugar de destaque, sendo tratado principalmente
nas produções de Ratzel e Hartshorne. Os conceitos paisagem e região foram mais
valorizados para a escola tradicional.
O espaço para Ratzel (MORAES, 1990):

• É a base indispensável para a vida do homem;

• Contém as condições para ação humana através do trabalho;

• Possui a necessidade de apropriação como premissa para a evolução da


sociedade;
• É considerado como espaço vital, o qual atende as necessidades territoriais
de um grupo social em função de seu desenvolvimento tecnológico, do total
de população e dos recursos naturais.

Figura X – Puzzle Globe.


Fonte: Corbis. Disponível em: <http://www.corbis.com.br>.
Acesso em 18.11.2011

“A preservação e ampliação do espaço vital constitui-se [...] na própria razão


de ser do Estado [transformando-se] através da política, em território, conceito
chave da Geografia”. (CORRÊA, 2006, p.18)

O espaço para Hartshorne (CORRÊA,2006):

• Entendido como espaço absoluto – conjunto de pontos que tem existência


entre si, sendo independente de qualquer coisa;

• É um quadro de referência na análise geográfica, isto é, não deriva da


experiência, sendo apenas intuitivamente utilizado na experiência;

• Considerado como um receptáculo que contém os objetos (rios, cidades,


estradas, etc.);

• É uma área, ou seja, uma porção do espaço absoluto que resulta da


combinação única dos fenômenos naturais e sociais.
Figura X – Book Globe.
Fonte: Corbis. Disponível em: <http://www.corbis.com.br>.
Acesso em 18.11.2011

O espaço “é somente um quadro intelectual do fenômeno, um conceito


abstrato que não existe em realidade [...] a área, em si própria, está relacionada
aos fenômenos dentro dela, somente naquilo que ela os contém em tais e tais
localizações”. (HARTSHORNE apud CORRÊA, 2006, p. 19).

Harvey (apud CORRÊA, 2006) aponta que as diferentes práticas humanas


estabelecem diferentes conceitos de espaço que são utilizados em certas
circunstâncias.
A partir de 1950, a Nova Geografia, ou a escola teorética-quantitativa se apropriou
do conceito espaço.

GEOGRAFIA TEORÉTICO-QUANTITATIVA

CONCEITO-CHAVE

ESPAÇO
Considerado de duas formas

PLANÍCIE REPRESENTAÇÃO
Características da Planície Isotrópica:
ISOTRÓPICA MATRICIAL
• Construção teórica que resume a concepção de espaço;

• Derivada de um paradigma racionalista e hipotético-dedutivo;

• Considerada, como ponto de partida, uma superfície uniforme;

• Uniformidade em relação aos elementos naturais: geomorfologia, clima e


cobertura vegetal;

• Uniformidade em relação aos elementos antrópicos: densidade demográfica,


renda e padrão cultural;

• Circulação em possível em todas as direções;

• Racionalidade econômica – maximização dos lucros e minimização dos


custos;

• Sobre as mesmas desenvolvem-se ações e mecanismos econômicos que


levam a diferentes criações do espaço;

• Ponto de partida: homogeneidade; ponto de chegada: criação diferenciada do


espaço, vista como um equilíbrio espacial;

• Variável mais importante: distância, pois a mesma determinará, em um


espaço inicialmente homogêneo, a diferenciação espacial.

Exemplos de utilização da Planície Isotrópica (CORRÊA, 2006):

→ Anéis concêntricos de uso da terra (Von Thüsen);

→ Gradientes de preço da terra;

→ Densidades demográficas intra-urbanas;

→ Hierarquia de lugares centrais (Christaller), originados da ação conjunta de


mecanismos de alcance espacial máximo e mínimo;

→ Teoria de localização industrial (Weber);

→ Esquemas centro-periferia nos níveis intraurbano, regional, nacional e


internacional.
Todos os exemplos enunciados anteriormente derivam da ideia de efeito declinante
da distância – distance decay (CORRÊA, 2006).
Na Geografia Teorética-quantitativa, o espaço é entendido como relativo, resultante
da relação entre os objetos e os custos daí derivados: dinheiro, tempo, energia; que
serão maiores ou menores de acordo com a distância entre si.
Considerando que o conceito-chave espaço é considerado de duas formas – como
planície isotrópica e como representação matricial, iremos agora discorrer sobre a
segunda forma de apreensão de tal conceito.

Características da Representação Matricial:

• Espaço geográfico representado por uma matriz;

• O grafo como representação espacial;

• Utilizada largamente pelos economistas espaciais em suas propostas de


análise locacional com base nos temas movimento, redes, nós, hierarquias e
superfícies;

• Desenvolvimento de estudos sobre redes em Geografia.

A Escola Teorética-quantitativa com geógrafos de tradição lógico-positivista


abordaram o espaço com uma visão limitada ( CORRÊA, 2006) na medida em que
“privilegia-se em excesso a distância vista como variável independente [e] as
contradições, as agentes sociais, o tempo e as transformações são inexistentes ou
relegadas a um plano secundário”. (CORRÊA, 2006, p. 22).

A Geografia Teorética-quantitativa valoriza a noção paradigmática de equilíbrio


espacial. Concluindo, Corrêa (2006) indica que, retirada a carga ideológica burguesa
do conceito de espaço (planície isotrópica, racionalidade econômica, competição
perfeita e a negação da historicidade dos fenômenos sociais); o mesmo favorece o
conhecimento operacional sobre:

→ Localizações;

→ Fluxos;

→ Hierarquias;

→ Especializações funcionais.
O autor ainda afirma que tais modelos oferecem “pistas e indicações efetivamente
relevantes para a compreensão crítica da sociedade em sua dimensão espacial e
temporal, não devendo ser considerados como modelos normativos como se
pretendia”. (CORRÊA, 2006, p. 23).
A partir da década de 1970, observamos uma nova interpretação para o conceito
espaço, calcada no materialismo histórico e na dialética marxista.
É a Geografia Crítica que entende o espaço como “social, vivido, em estreita
correlação com a prática social” (CORRÊA, 2006, p. 25).

E
S
P Locus da reprodução das relações REPRODUÇÃO
A sociais de produção DA
Ç SOCIEDADE
O

“Os modos de produção tornam-se concretos numa base territorial historicamente


determinada [...] as formas espaciais constituem uma linguagem dos modos de
produção”. (SANTOS, 1985, p.05).

Figura X – Milton Santos.


Fonte: TV Brasil. Disponível em: <http://www.tvbrasil.org.br/novidades/wp-
content/uploads/2011/06/MILTON-SANTOS2-300x225.jpg>
Acesso em 22.11.2011

Milton Santos afirma que espaço, modo de produção e formação socioeconômica


são categorias interdependentes, na medida em que a formação socioespacial, com
seus fixos e fluxos, é resultante do espaço produzido pela sociedade, através do
trabalho.

LIVRO ESPAÇO E MÉTODO

Figura X – Capa do livro Espaço e Método.


Fonte: Sebo do Messias. Disponível em:
<http://www.sebodomessias.com.br/loja/imagens/produtos/produtos/289346_229.jpg
>
Acesso em 22.11.2011

Sinopse: Neste livro, Milton Santos reflete sobre as ferramentas teórico-


metodológicas necessárias para interpretar criticamente o mundo através do
espaço e sua dinâmica. O livro oferece proposições significativas para entender o
papel ativo do espaço no movimento da totalidade social. O autor insiste na
necessidade de elaborar uma periodização a partir da compreensão do presente
para analisar, a cada momento histórico, a combinação de variáveis que compõe
determinado subespaço. Este caminho de método lhe permite explicar a
transformação do meio técnico em meio técnico-científico, atribuindo papel
central ao trabalho intelectual e ao processo de circulação. A procura por
entender a dialética espacial está presente também na definição do espaço como
campo de força, incluindo o conflito entre o velho e o novo, entre as forças
externas e internas, entre o Estado e o mercado.

Fonte:
http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?sid=189511007141
15733568088946&isbn=8531410851

Referência: SANTOS, Milton. Espaço e método. São Paulo: Nobel, 1985.

Corrêa (1986 apud CORRÊA, 2006) define organização espacial como um conjunto
de objetos criados pela sociedade e dispostos em determinada área,
compreendendo, portanto, uma materialidade social.
O espaço na concepção crítica da Geografia , contém categorias de análise, quais
sejam: estrutura, processo, função e forma (SANTOS, 1985).
FORMA

Aspecto visível e exterior de um objeto, quer


seja visto isoladamente ou considerando o
mesmo inserido em um conjunto de objetos e
formando um padrão espacial.
FUNÇÃO
Tarefa, atividade ou papel a ser
desempenhado pelo objeto criado, a forma.

Exemplos: Forma - casa, bairro, cidade.


Função - moradia, trabalho, compras, lazer.
ESTRUTURA
Matriz social onde as formas e funções são
criadas e justificadas, diz respeito à natureza
social e economia de uma sociedade.

PROCESSO
Ação que se realiza de modo contínuo
visando determinado resultado o que implica
em tempo e mudança.

Sintetizando:
• Forma: aspecto visível;
• Função: implica em uma tarefa;
• Estrutura: natureza social e econômica de uma sociedade;
• Processo: uma estrutura em seu movimento de transformação.
Forma, função, estrutura e processo são quatro termos
disjuntivos associados, a empregar segundo um contexto do
mundo de todo o dia. Tomados individualmente, representam
apenas realidades parciais, limitadas, do mundo. Considerados
em conjunto, porém, e relacionados entre si, eles constroem
uma base teórica e metodológica a partir da qual podemos
discutir os fenômenos espaciais em totalidade. (SANTOS,
1985, p. 53).

Ainda na década de 1970, a corrente humanística da Geografia trouxe contribuições


à ciência através do conceito-chave espaço.
O espaço adquire o significado de espaço vivido e tem na fenomenologia
existencialista sua base filosófica. Para Tuan (1983), no mesmo devem ser
considerados os sentimentos espaciais e as ideias de um grupo social sobre o seu
espaço, a partir da experiência.

O espaço vivido vincula-se à geografia francesa com enraizamento na tradição


vidalina, na psicologia genética de Piaget, na sociologia e na psicanálise (CORRÊA,
2006).
Tal concepção de espaço vivido contém significados particulares os quais advêm de
associações subjetivas do indivíduo com o espaço, tal como indica Massey (2002, p.
14), ao afirmar que o mesmo “é idiossincrático para nós por causa da singularidade
de suas formas, superfícies e cores”.
Leia com atenção o fragmento textual e a seguir faça o que se pede.

Eis o espaço geográfico, a morada do Homem.


Absoluto, relativo, concebido como uma planície
isotrópica, representado através de matrizes e grafos,
descrito através de diversas metáforas, reflexo e
condição social, experenciado de diversos modos, rico
em simbolismos e campos de lutas, o espaço
geográfico é multidimensional. (CORRÊA, 2006, p. 44).

Fonte: www.corbis.com.br

O texto faz referência a várias interpretações do conceito-chave espaço, a partir das


correntes de pensamento geográfico, o que nos remete a sua
multidimensionalidade. Para Corrêa, ao aceitarmos tal fato, verificamos a existência
de práticas sociais distintas, as quais permitem construir diferentes conceitos de
espaço.
A partir da reflexão realizada, das leituras empreendidas no curso e em sua história
de vida, construa um conceito de espaço geográfico, a partir dos itens descritos a
seguir:
1. TÍTULO: Espaço geográfico
2. OBJETO (o que é):
3. FINALIDADE (para que):
4. JUSTIFICATIVA/FUNDAMENTO (por que):
2.2 Região: discussão conceitual

O termo região remete à noção de diferenciação de áreas, com determinados


critérios pré-estabelecidos. De origem latina – regere – significa regência, regente,
governar.

Figura X – Exemplo de regionalização a partir de critérios socioeconomicos: Norte -


Sul.
Fonte: IBGE TEENS. Disponível em:
<http://ensinomedio3.files.wordpress.com/2010/08/norte_sul.jpg?w=289&h=175>
Acesso em 22.11.2011

2.2 - REGIÃO DISCUSSÃO CONCEITUAL


LENCIONI (1999, p.14), afirma que “[...] o significado de região liga-se fortemente às
tendências filosóficas de cada época”. Assim, a compreensão de tal conceito
estruturante deve ser realizada considerando o contexto têmporo-espacial e a partir
do significado dado ao mesmo em cada corrente do pensamento geográfico.
No determinismo geográfico, surgiu o primeiro conceito de região natural, a partir do
qual onde L. Gallois, em sua obra de 1908 – Régions naturelles et noms de pays –
indica que “o ambiente impõe certo domínio na orientação do desenvolvimento das
atividades humanas”.
Corrêa (2002) explicita que no determinismo uma região se diferenciava da outra
pelos seus aspectos físicos, sendo resultante de uma combinação dos elementos
naturais do espaço, tais como geologia, tipos de solos, clima, vegetação, relevo; e
de fatores antrópicos. A mesma possuiria escalas e dimensões variadas de acordo
com os elementos descritos anteriormente.
Vale destacar que o clima sempre se destacou como um importante critério para a
definição de regiões naturais e, na corrente determinista, cada configuração
socioespacial seria diretamente influenciada pela região natural, principalmente pelo
clima, indicando, os padrões de desenvolvimento dos grupos sociais. Vale lembrar o
caráter ideológico e geopolítico de tal conceito no processo de expansionismo
germânico.

Figura X – Exemplo de regionalização a partir de critérios naturais: Tipos climáticos


brasileiros.
Fonte: IBGE TEENS. Disponível em:
<http://1.bp.blogspot.com/__owLQBeF_Hw/Sgy2n-
oTYtI/AAAAAAAAAFI/PMzjIdaJq0c/s400/climas_do_brasil.gif>
Acesso em 22.11.2011
A regionalização do território brasileiro realizada pelo IBGE também utilizou o critério
da região natural no estabelecimento de suas cinco regiões. Esse assunto será
discutido posteriormente.

Figura X – Regiões do Brasil.


Fonte: IBGE TEENS. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/mapas/imagens/brasil_regioes_gde.gif>
Acesso em 22.11.2011

A corrente possibilista francesa, ao considerar a capacidade do homem na


adaptação/transformação do ambiente, ultrapassa o conceito determinista de região
natural, passando a considerar a região humana, geográfica, onde estão
sintetizados tanto elementos naturais como humanos, conforme pode ser percebido
na famosa citação de Henri Le Fébvre: a natureza propõe e o homem dispõe.
Vidal de La Blache considerou a região como uma entidade concreta em seu livro de
1903 - Tableau de la Geographie de la France. Propõe o termo região–paisagem
ou região geográfica, onde a mesma é a expressão do trabalho humano, onde o
mesmo tem papel ativo em sua transformar.
Nesse perspectiva, caberia ao geógrafo investigar quais as combinações dos fatores
responsáveis por sua configuração e singularidade.

Sobre a região no possibilismo geográfico é importante que você saiba:

• Limites são estabelecidos por um componente natural – clima, relevo,


vegetação, solo, etc.;

• É a associação de elementos naturais e humanos que configura a região;

• O Homem como maior responsável por sua transformação;

• Gênero de vida do grupo social – nível socioeconômico, cultural e técnico-


científico – transforma a região, singularizando-a;

• Não existe diferença entre a região natural e a geográfica no que diz respeito
aos processos evolutivos;

• A população de uma região bem como a sua relação com as regiões


circunvizinhas são responsáveis por sua singularidade;

• Por tratar a região como uma unidade singular, fortaleceu esse conceito
estruturante na ciência geográfica;

• Do possibilismo derivou o método regional, ainda que esse estabelecesse o


conceito de diferenciação de áreas – região percebida como uma área de
fenômenos heterogêneos – servindo como base para o planejamento
territorial realizado pelo Estado.

A Nova Geografia, ou Geografia Teorética-quantitativa, cujos que tem como


pressupostos são a racionalidade técnica e a utilização da estatística e de modelos
matemáticos, compreende a região como “um conjunto de lugares onde as
diferenças internas dos lugares são menores que as existentes entre eles e
qualquer elemento de outro conjunto de lugares” (CORRÊA, 2002, p. 34).

A região na Nova Geografia (CORRÊA, 2002):

• Pauta-se no positivismo lógico, buscando a superação da subjetividade e da


base empírica;
• Produção intelectual, sendo delimitada através de critérios estabelecidos de
acordo com os objetivos a serem alcançados pelo pesquisador;

• Considerada uma classe de área constituída por vários objetos similares entre
si;

• Divide-se, de acordo com a tipologia adotada, em região simples, região


complexa, região homogênea e região funcional ou polarizada;

• Sistema de regiões está calcado explicitamente nos princípios de


classificação, tal como se verifica nas ciências da natureza, como a botânica;

• Inexiste um método regional estabelecido, e sim estudos nos quais as regiões


formam classificações espaciais;

• Identificam-se padrões espaciais de fenômenos vistos estaticamente ou em


movimento.
Em relação à região funcional (ou polarizada), na mesma existe uma maior dinâmica
de fluxos, coma a funcionalidade regional assentada na economia, onde a
rentabilidade e o mercado são aspectos importantes para a regionalização do
território e/ou sua análise regional (CORRÊA, 2002, p. 34).
Tal região representa as múltiplas relações espaciais coexistentes ais quais dão
forma a um território, diferenciando-o dos demais. As cidades são, nessa
perspectiva, o centro de tal forma de organização espacial, com o papel de centro
polarizador, organizadora da hinterlândia, e estruturadora de sua área de influência.
Para a Geografia Teórica-quantitativa, as regiões simples e complexas podem
conviver ou se sobrepor no espaço, enquanto que nas regiões funcionais ou
polarizadas e as homogêneas isso não seria possível, uma vez que são
excludentes.
Nessa corrente geográfica, a região é estudada a partir de objetivos
preestabelecidos e com uma referência teórica (uso agrícola da terra, localidades
centrais, desenvolvimento regional, entre outras) que dará o suporte necessário para
o estudo de um segmento da superfície da Terra.
A área é vista como laboratório de estudos sistemáticos,
realimentando os referenciais teóricos que estes formulam.
Assim, na nova geografia, estudos sistemáticos e de área não
se distinguem entre si: mais do que uma complementação, eles
são, em última instância, a mesma coisa. (CORRÊA, 2002, p.
41, grifo do autor).

A Geografia Crítica repensa o conceito de região, discutindo a postura empirista de


análise regional empreendida pela geografia tradicional. Dentre as novas
perspectivas teóricas trazidas pela Geografia Crítica, podemos destacar o conceito
de região e o tema regional:

• Sob uma articulação dos modos de produção;

• Através de conexões entre classes sociais e acumulação capitalista;

• Por meio das relações entre o Estado e a sociedade local;

• Com a introdução da dimensão política.

Para Corrêa (1997, p. 75), o processo de regionalização se acentua no modo de


produção capitalista, pois é marcado “pela simultaneidade dos processos de
diferenciação e integração, verificada dentro da progressiva mundialização da
economia[...]”.

Mecanismos de diferenciação de áreas no modo de produção capitalista (CORRÊA,


2002):

→ Divisão territorial do trabalho, que define o que será produzido aqui e ali;

→ Desenvolvimento dos meios e técnicas de produção e a combinação das


relações de produção originadas em momentos distintos da história e que
definem como se realizará a produção;

→ Ação do Estado e da ideologia que se especializa desigualmente, garantindo


novos modos de vida e a pretensa perpetuação deles;

→ Ampla articulação, através dos progressivamente mais rápidos e eficientes


meios de comunicação, entre as regiões criadas ou transformadas pelo e
para o capital.

Assim, para a Geografia Crítica, a diferenciação do espaço é resultante da divisão


territorial do trabalho e do processo de acumulação capitalista, que “produz e
distingue espacialmente possuidores e despossuídos”. (GOMES, 2006, p. 65).
Para Massey (2002), a identificação de regiões em uma perspectiva crítica deve se
ater ao que é essencial no processo de produção do espaço, ou seja, a divisão
socioespacial do trabalho.
Critérios para a regionalização na perspectiva crítica:

→ Diferentes padrões de acumulação;

→ Nível de organização das classes sociais;

→ Desenvolvimento espacial desigual;

→ Entre outros.
Gomes (2006) sinaliza que a Geografia crítica mantém a constituição de uma região
através do processo de classificação do espaço segundo diferentes variáveis,
mantendo os procedimentos metodológicos da Geografia Tradicional, alterando
apenas a escolha dos critérios para o estabelecimento da área de estudo.
Com forte influência marxista, os geógrafos críticos buscaram estreitar a relação
entre os conceitos de economia política marxista e o conceito região, resultando,
daí, o conceito de formação socioespacial, a qual se aproxima do conceito de
formação socioeconômica.

Cumpre esclarecer que Marx (apud GOMES, 2006) entende a formação


socioeconômica como um produto histórico e concreto dos modos de produção.
Cada modo de produção apresenta formações socioeconômicas particulares com
processos evolutivos diversificados, porém com características comuns que dão
unicidade ao modo de produção.
Daí derivam espaços com organizações próprias, sendo esta a base para a
regionalização, ou do “princípio de diferenciação do espaço em cada diferente
momento histórico” (GOMES, 2006, p. 68).
Nessa perspectiva, a região também é entendida como uma totalidade
socioespacial: “no processo de produção da vida, as sociedades produzem seus
espaços de forma determinada e ao mesmo tempo são determinadas por ele,
segundo os princípios da lógica dialética”. (DUARTE, 1980, p. 15).

“Na perspectiva crítica da Geografia, a região é a síntese concreta e histórica


da instancia espacial ontológica dos processos sociais, produto e meio de
produção e reprodução de toda a vida social”. (SANTOS, 1978).

Considerando a perspectiva do conceito estruturante região para a Geografia Crítica,


reflita e registre possibilidades de se trabalhar tal conceito no ensino da Geografia
nas séries finais do Ensino Fundamental e também no Ensino Médio.
Na Geografia Humanística, a região é percebida como um quadro de referência
fundamental na sociedade (GOMES, 2006), com a revalorização da dimensão
regional como espaço vivido.
A região, enquanto um quadro de referência para a sociedade, traz embutida em sua
análise conceitos tais como consciência regional, sentimento de pertencimento,
mentalidades regionais etc., ganhando nova significação pautada na experiência, ou
seja, a região define um código social comum que tem uma base territorial (
BASSAND, GUINDANI, 1983 apud GOMES, 2006).
Na Geografia Humanística, novamente, a região passa a ser vista como
um produto real, construído dentro de um quadro de
solidariedade territorial. Refuta-se, assim, a regionalização e a
análise regional, como classificação a partir de critérios
externos à vida regional. Para compreender uma região é
preciso viver a região. (GOMES, 2006, p. 67).

Figura X – A região Nordeste.


Fonte: Nova Escola. Disponível em <http://www.novaescola.com.br>.
Acesso em 30.11.2011.
A regionalização do território brasileiro

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi o órgão responsável pela


atual regionalização brasileira em cinco regiões – Norte, Nordeste, Centro-oeste,
Sudeste e Sul, as quais são necessariamente trabalhadas no currículo da Geografia
escolar, ainda que sejam eventualmente trabalhadas outras propostas de
regionalizações do território brasileiro.
Cada região contém um conjunto de Estados; nas primeiras propostas de divisões
regionais, o agrupamento dos Estados em uma determinada região considerou
somente os critérios fisiográficos, tais como relevo, solo, fauna, clima e vegetação.
Posteriormente, verificou-se que o estabelecimento de regiões tendo como critérios
apenas os aspectos físicos não era suficiente, sendo incluídos também aspectos
político-administrativos, históricos e socioeconômicos na divisão regional.
O IBGE, criado em 1936, ao propor, elaborar e editar uma divisão regional para o
Brasil intitulou a mesma de Grandes Regiões Brasileiras.

PRIMEIRA DIVISÃO REGIONAL BRASILEIRA: 1913

Figura X – Regionalização brasileira de 1913.


Fonte: Revista Ciência Hoje das Crianças nº 12
5, junho 2002.

A primeira divisão regional brasileira, não oficial e que utilizou exclusivamente


critérios físicos em sua classificação, teve como objetivo favorecer o conhecimento
do país através do ensino da Geografia escolar além de buscar fortalecer a imagem
do Brasil como uma nação – a República havia sido proclamada há poucos anos,
em 15 de novembro de 1889.
Convém lembrar que tal escolha de critérios tem como base a perspectiva tradicional
da ciência geográfica, que percebe o meio natural como duradouro e as atividades
antrópicas mutáveis.
Tal divisão não estabeleceu regiões e, sim, cinco Brasis:

• Brasil Setentrional ou Amazônico: Acre, Amazonas e Pará;

• Brasil Norte-Oriental: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,


Paraíba, Pernambuco e Alagoas;

• Brasil Oriental: Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro (sede do


Distrito Federal) e Minas Gerais;

• Brasil Meridional: São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul;

• Brasil Central: Goiás e Mato Grosso.

Até 1930 tal divisão serviu como referência para vários estudos geográficos, e
muitos pesquisadores propuseram novas divisões regionais, com critérios distintos.

SEGUNDA DIVISÃO REGIONAL BRASILEIRA: 1938

Figura X – Regionalização brasileira de 1938.


Fonte: Revista Ciência Hoje das Crianças nº 12
5, junho 2002.
Apesar das diversas propostas de regionalizações do Brasil, o IBGE adotou, em
1938, aquela utilizada pelo Ministério da Agricultura. Tal divisão, ainda que não
oficial, serviu como base para a elaboração do Anuário Estatístico do Brasil, com
informações sobre o território, a economia, população, etc.
A mesma estabeleceu 5 regiões:

• Região Norte: Maranhão, Piauí, Amazonas, Pará e o território do Acre;

• Região Nordeste: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e


Alagoas;

• Região Este: Sergipe, Bahia e Espírito Santo;

• Região Sul: Rio de Janeiro (capital do país), São Paulo, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.

• Região Centro: Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.

TERCEIRA DIVISÃO REGIONAL BRASILEIRA: 1942, ATUALIZADA EM 1945

Figura X – Regionalização brasileira de 1945.


Fonte: Revista Ciência Hoje das Crianças nº 12
5, junho 2002.
Desde a sua criação em 1936, o IBGE fomentou uma campanha para o
estabelecimento de uma divisão oficial do país em regiões. Em 1942, após analisar
as várias propostas de regionalização para o Brasil, o IBGE sugeriu à presidência a
República que fosse adotada a divisão feita em 1913 com apenas algumas
alterações relacionadas aos nomes dados às regiões. A proposta foi aceita e pouco
tempo depois, em função da criação de novos Territórios Federais, foi alterada:

ANO ALTERAÇÃO REGIÃO DE DESTINO


1942 Arquipélago de Região Nordeste
Fernando de Noronha
foi transformado em
território
1943 Fundados os territórios Região Norte
de Guaporé, Rio Branco
e Amapá
1943 Território de Iguaçu Região Sul

1943 Território de Ponta Porã Região Centro-Oeste

Tal divisão estabeleceu as seguintes regiões:

• Região Norte: Amazonas, Pará, e os territórios do Acre, Amapá, Rio Branco


e Guaporé;
• Região Nordeste Ocidental: Maranhão e Piauí;
• Região Nordeste Oriental: Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas e o território de Fernando de Noronha;
• Região Leste Setentrional: Sergipe e Bahia;
• Região Leste Meridional: Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro
(sede do Distrito Federal);
• Região Sul: São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e o
território de Iguaçu;
• Região Centro-Oeste: Mato Grosso, Goiás e o território de Ponta Porã.
QUARTA DIVISÃO REGIONAL BRASILEIRA: 1970

Figura X – Regionalização brasileira de 1970.


Fonte: Revista Ciência Hoje das Crianças nº 12
5, junho 2002.

Após 1945, várias alterações continuaram a acontecer na configuração territorial


brasileira:

→ 1946: os territórios federais de Iguaçu e Ponta Porã foram extintos;


→ 1960: Brasília foi construída e o Distrito Federal, capital do país, foi transferido
para o Centro-Oeste;
→ Na região Leste, o antigo Distrito Federal tornou-se o Estado da Guanabara.

Tais alterações levaram, em 1969, a uma nova proposição de divisão regional


brasileira, a qual entrou em vigor em 1970:

• Região Norte: Acre, Amazonas, Pará e os territórios de Rondônia, Roraima e


Amapá;
• Região Nordeste: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia, e o território de Fernando de
Noronha;
• Região Sudeste: Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Guanabara e
São Paulo;
• Região Sul: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul;
• Região Centro-Oeste: Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal (a cidade de
Brasília).

Tal divisão regional continua em vigor, porém algumas alterações foram realizadas
na configuração territorial brasileira:

ANO ALTERAÇÃO REGIÃO DE DESTINO


1975 Estado da Guanabara Permaneceu no Sudeste
foi transformado em
município do Rio de
Janeiro.
1979 Divisão do Estado do Ambos permaneceram
Mato Grosso, criando o no Centro-Oeste
Estado do Mato Grosso
do Sul
1988 Constituição Federal Goiás: permaneceu no
dividiu o Estado de Centro-Oeste
Goiás e criou o estado Tocantins: inserido na
de Tocantins Região Norte

Cabe ressaltar que com o término dos territórios federais, Rondônia, Roraima e
Amapá tornaram-se Estados e Fernando de Noronha foi anexado ao Estado de
Pernambuco.
Figura X – Divisão regional brasileira atual.
Fonte: Brasil Escola. Disponível em:
<http://www. http://www.brasilescola.com/brasil/divisao-regional-brasileira.htm>.
Acesso em 29.11.2011

REGIÕES GEOECONÔMICAS DO BRASIL

Em 1967, o geógrafo brasileiro Pedro Pinchas Geiger propôs uma regionalização


brasileira utilizando como critérios o processo histórico de formação do território
brasileiro, especialmente os efeitos da industrialização.

Essa proposta dividiu o país em três regiões geoeconômicas ou complexos regionais


- Amazônia, Centro-Sul e Nordeste.

Teve como principal objetivo refletir a realidade do país e compreender seus


contrastes, além de compreender as relações sociais e políticas do país.
Os estados que integram cada uma das regiões geoeconômicas apresentam várias
características em comum, no entanto, não existe homogeneidade, sendo que cada
unidade apresenta peculiaridades socioeconômicas, históricas e culturais.

Apesar de não oficial (a divisão regional oficial é a do IBGE em 5 macrorregiões) as


regiões geoeconômicas do Brasil proporcionam uma análise da história da produção
do espaço nacional, e é trabalhada nos currículos da Geografia, tanto o Ensino
Fundamental como no Ensino Médio, ao lado da regional oficial brasileira.

Figura X – As regiões Geoeconômicas do Brasil.


Fonte: Brasil Escola. Disponível em:
<http://www.brasilescola.com/brasil/as-regioes-geoeconomicas-brasil.htm>.
Acesso em 30.11.2011

Como pode ser percebido no mapa, a divisão extrapola os limites políticos dos
Estados, por exemplo:

• O norte do Estado de Minas Gerais encontra-se no Nordeste, enquanto o


restante do território mineiro está localizado no Centro-Sul;
• O extremo sul do Mato Grosso pertence à região Centro-Sul e o restante do
seu território faz parte da região da Amazônia;
• A porção oeste do Maranhão integra-se à Amazônia;
• O extremo sul do Tocantins pertence à região Centro-Sul.

Principais características dos Complexos Regionais:

1. AMAZÔNIA: compreende toda a extensão da floresta Amazônica localizada


em território brasileiro. Integrada por todos os Estados da região Norte, além
do Mato Grosso (exceto sua porção sul) e oeste do Maranhão. É uma região
que apresenta baixa densidade demográfica. As atividades econômicas
desenvolvidas são: a agropecuária, que constitui o setor econômico mais
importante, extrativismo vegetal, mineração e o setor industrial, com destaque
para a zona industrial de Manaus.

2. Centro-Sul: o complexo regional do Centro-Sul corresponde a quase um terço


do território nacional e compreende os Estados das regiões Sul e Sudeste
(exceto o extremo norte de Minas Gerais), o Estado de Goiás, Mato Grosso do
Sul, extremo sul do Mato Grosso e extremo sul do Tocantins. É o complexo
regional mais desenvolvido economicamente, abriga a maior parte do parque
industrial, das áreas de atividades agrícolas mais modernas, dos bancos,
mercados de capitais, empresas transnacionais, comércios e universidades do
país. É extremamente urbanizado.

3. Nordeste: o complexo regional do Nordeste vai desde a porção leste do


Maranhão até o norte de Minas Gerais, incluindo todos os Estados nordestinos.
Abrange cerca de 30% do território nacional. É a região onde ocorreu o processo
de povoamento do país. Possui grandes contrastes naturais e socioeconômicos
entre as áreas litorâneas, mais urbanizadas, industrializadas e desenvolvidas
economicamente, e o interior com predomínio de clima semiárido e grandes
problemas sociais.

As principais atividades econômicas desenvolvidas nesse complexo regional são:

Meio Norte: extrativismo vegetal, agricultura tradicional de algodão, cana de


açúcar e arroz.
Sertão: pecuária extensiva e de corte, agricultura (milho, feijão e cana de açúcar)
e o cultivo irrigado de frutas e flores. Nas áreas litorâneas ocorre a extração de
sal. Também há a presença de indústrias (polo têxtil e de confecções).

Zona da Mata: predominam as grandes propriedades agrícolas que praticam a


monocultura canavieira destinada para a exportação do açúcar. Além da cana,
ocorre o cultivo do cacau e do fumo. Destaca-se também a produção de sal
marinho, principalmente no Rio Grande do Norte.

Agreste: a principal atividade econômica nos trechos mais secos do agreste é a


pecuária extensiva; nos trechos mais úmidos é a agricultura de subsistência e a
pecuária leiteira.

Fonte: Adaptado de http://www.brasilescola.com/brasil/as-regioes-geoeconomicas-


brasil.htm e http://educacao.uol.com.br/geografia/regioes-geoeconomicas-divisao-
do-brasil-por-criterios-economicos.jhtm

“[...] A Geografia tem suas raízes na busca e no entendimento da


diferenciação de lugares, regiões, países e continentes, resultante das
relações entre os homens, entre estes e a natureza. Não houvesse
diferenciação de áreas [...], certamente a Geografia não teria surgido”
(CORRÊA, 2002, p. 11).

De acordo com a citação e com os conhecimentos construídos no curso, discorra


sobre a importância da categoria de análise região para a análise geográfica.
2.3 TERRITÓRIO E TERRITORIALIDADE

A categoria de análise território pode ser conceituada através de várias perspectivas.


Para Souza (2006, 78), o território pode ser compreendido como um espaço
“definido e delimitado por e a partir de relações de poder”.

Segundo Haesbaert (2005), o território tem uma dupla conotação:

• Sentido material – territorium : se associa à ideia de terra;

• Sentido simbólico – territor: se associa à ideia de terror, aterrorizar.

Percebe-se aí a noção de apropriação, com destaque para a dominação jurídico-


política (poder institucionalizado), de uma determinada área, ao mesmo tempo,
apresenta-se a inspiração do terror para aqueles que são retirados da terra, estando
na condição de dominados, quanto uma relação que inspira identidade, para aqueles
que dele usufruem, e é onde de fato ocorre a apropriação.

O território, para o autor “em qualquer acepção, tem a ver com poder, mas não
apenas ao tradicional poder político. Ele diz respeito tanto ao poder no sentido mais
concreto, de dominação, quanto ao poder no sentido mais simbólico, de
apropriação”. (HAESBAERT 2005, p.67, grifo do autor).

É um dos conceitos-chave da Geografia, porém, é utilizado em outras áreas do


conhecimento com sentidos distintos (COSTA, 2004):
Na história do desenvolvimento da ciência geográfica, o conceito território foi
utilizado para expressar as relações entre espaço e poder, com questionamentos
tais como quem são os agentes detentores do poder e como eles atuam no espaço,
balizando as análises geográficas, principalmente na corrente crítica da Geografia.

Arendt (apud SOUZA, 2003, p.44) reflete sobre o poder como a “habilidade humana
[...] para agir em concerto. O poder nunca é propriedade de um individuo; pertence a
um grupo e permanece em existência apenas na medida em que o grupo conserva-
se unido”. Tal noção de poder dissocia-se do conceito de violência, pois não está
relacionado às noções de mando e obediência e dominação.

Para o poder ser legitimado em um território, as relações estabelecidas entre os


seus agentes sociais com interesses determinados, não podem ser pautados na
coerção e na dominação.

“O poder é inerente a toda sociedade política sendo a própria condição que capacita
um grupo de pessoas a pensar e agir em termos das categorias de meios e fins”
(ARENDT apud SOUZA, 2003, p.45).

O conceito território foi utilizado na corrente determinista da Geografia, como o


suporte das relações de poder exercidas pelo Estado, ou seja, pela apropriação do
espaço. Dessa concepção até a atualidade ocorreu uma maior flexibilização na
escala de representação do conceito, não sendo o mesmo mais aplicável
unicamente aos Estados nacionais, na medida em que os territórios existem e são
construídos (e desconstruídos) nas mais diversas escalas, da mais acanhada, como
uma rua, até a internacional, como por exemplo, formada pelo conjunto de territórios
de países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN)
(SOUZA, 2006).

Na geopolítica, o território é o espaço nacional ou a área controlada por um Estado-


nacional, sendo uma categoria da ciência política que serve como suporte inicial
para análise e explicação de inúmeros fenômenos geográficos relacionados à
organização da sociedade e suas interações com o meio ambiente.

Considera-se tal conceito como uma categoria fundamental quando “se estuda a sua
conceitualização ligada à formação econômica e social de uma nação. Nesse
sentido, é o trabalho que qualifica o território como produto do trabalho social”.
(BRASIL, 1998, p. 27 -28).

Figura X – Diversidade brasileira.


Fonte: Corbis. Disponível em:
<http://www. corbis.com.br>.
Acesso em 30.11.2011

Para entendermos o que é território, faz-se necessário compreendermos a


convivência complexa e nem sempre harmônica num dado espaço de diversas
etnias, crenças, ideias, tradições e técnicas de diferentes sociedades. Tal
convivência comum requer a compreensão de que

múltiplas identidades coexistem e por vezes se influenciam


reciprocamente. No caso específico do Brasil, o sentimento de
pertinência ao território nacional envolve a compreensão da
diversidade das culturas que aqui convivem e que, mais do que
nunca, buscam o reconhecimento de suas especificidades,
daquilo que lhes é próprio. (BRASIL, 1998, p. 28).

A categoria de análise território está interelacionada com a categoria paisagem, na


medida em que pode, para alguns teóricos, ser considerada como o conjunto de
paisagens, como algo historicamente materializado pelo ser humano em seu
processo de apropriação da natureza através do trabalho: “cada pedaço do território
é definido por uma história, por um arranjo específico dos homens, dos
equipamentos e das atividades” (SANTOS, 1978, p. 186).

Para Santos (ano tal), o território é a extensão apropriada e usada. Assim, a simples
existência de determinada área não define um território, e sim a sua apropriação,
onde são reveladas as relações de poder, bem como o uso a ela destinado.

Figura X – Imagem de Satélite.


Fonte: Google Maps. Disponível em:
<http://www. googlemaps.com>.
Acesso em 30.11.2011

“Em um sentido mais restrito, o território é um nome político para o espaço de


um país. Em outras palavras a existência de um país supõe um território”.
(SANTOS, 2008, p.19).
Território e Territorialidade

Território e territorialidade são termos distintos, enquanto o primeiro é uma das


categorias de análise da Geografia, representado por um sistema de objetos fixos e
móveis, o segundo representa a condição necessária para a própria existência da
sociedade como um todo.

TERRITÓRIO

SISTEMA DE
OBJETOS

FIXOS MÓVEIS

EXEMPLOS

Sistema viário urbano Conjunto de transportes

Moradia População

Indústria Fluxo de Trabalhadores

• Relações econômicas Relacionada a forma


como as pessoas
TERRITORIALIDADE • Relações culturais utilizam a terra

• Dimensão Política

Exemplos de territorialidade:
• Territorialidade do crime nos grandes centros urbanos;
• Feiras Livres nas cidades tradicionais;
• Áreas de cidades cujo significado é impresso pelos agentes sociais, tal como
ruas e avenidas com comércio intenso e diversificado.

Os movimentos e organização dos agentes sociais fazem com que a territorialidade


não seja fixa. Um mesmo espaço pode comportar diversas territorialidades. Por
exemplo, a orla litorânea de uma cidade turística durante o dia pode ser utilizada
para atividades de lazer e durante a noite pode abrigar a territorialidade da
prostituição. As ruas do centro de uma cidade durante o dia têm uma configuração
voltada para o comércio e a prestação de serviços e abrigar durante a noite, a
territorialidade das drogas, ou abrigar legiões de sem teto.

Assim, tanto o movimento quanto a mobilidade são elementos fundamentais para a


compreensão do território em suas multiterritorialidades.

1. Na charge abaixo, pode-se considerar as ações criminosas na cidade


conformando:

- Vai por mim: seguindo por aqui, chegaremos em


casa vítimas de assalto, mas evitaremos todos
esses sequestros, estupros, homicídios e arrastões.

A) Territórios, pois são espaços definidos e delimitados por relações de poder.


B) Não-lugares, no qual as relações entre os indivíduos carecem de identidade.

C) Lugares, pois as relações sociais são fortemente percebidas pelos indivíduos.

D) Espaços vitais, onde os indivíduos interagem com maior ou menor segurança.

2. Com relação aos aspectos teórico-conceituais da Geografia, analise as asserções


a seguir:

É necessário verificar se há laços de interdependência entre um território e outro e


quando tais laços existem deve-se analisar a sua natureza.

Porque

Os laços que interligam espaços devem ser analisados para que se possa melhor
entender como as relações humanas (re)configuram os meios ao longo do tempo.

Acerca dessas asserções, assinale a alternativa correta.

A) As duas asserções são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira.

B) A primeira asserção é verdadeira e a segunda asserção é falsa.

C) A segunda asserção é verdadeira e justifica a primeira.

D A primeira asserção é falsa e a segunda é verdadeira.

E) As duas asserções são falsas.


3. A frase abaixo está relacionada ao pensamento de um geógrafo que pertence a
Geografia:

"No que se refere ao Estado, a Geografia Política está desde a muito tempo
habituada a considerar junto ao tamanho da população, o tamanho do
território - a organização de uma sociedade depende estritamente da natureza
de seu solo, de sua situação, o conhecimento da natureza física do país, suas
vantagens e desvantagens pertence a história política".

A) Tradicional.

B) Possibilista.

C) Crítica.

D) Humanística.

E) Marxista.

4. (Adaptado do ENADE 2005). Baseando-se no texto citado a seguir e em seus


conhecimentos das escolas geográficas, assinale a alternativa correta.

As maiores empresas atingem somente os pontos competitivos do território e


trazem desordem para o resto, formando as zonas opacas e zonas
luminosas. As empresas exigem do Estado o aparelhamento das áreas
privilegiadas para que se adequem aos imperativos técnicos, mas uma
adaptação das leis também se faz necessária. Assim, as empresas acabam por
ditar a política nacional. O país se torna "ingovernável" porque nem o Estado
nem as empresas assumem o controle total. O território acaba esquizofrênico,
porque nele existem vetores que impõem uma nova ordem e vetores da
contra-ordem, baseada na exclusão social.
I - A concepção expressa no texto baseia-se na fenomenologia e na semiótica, que
considera espaço geográfico um fenômeno produzido pela sociedade através de
diferentes modos vivência, de compreensão e de elaboração da realidade.

II - A concepção do texto acima revela que o espaço geográfico é produzido pelo


homem por meio do trabalho e da percepção, no qual os diferentes elementos estão
arranjados ou distribuídos segundo certa lógica, conforme preconiza,
respectivamente, a Geografia da Percepção Crítica.

III - A concepção expressa no texto opõe-se à Geografia Tradicional, critica a


dicotomia homem-natureza, preocupa-se em desvendar máscaras sociais e utiliza a
abordagem do materialismo histórico dialético.

IV - Geografia humanística, também conhecida como Geografia Crítica e expressa


no texto, vale-se da psicologia para elaborar sua base teórico-metodológica e se
preocupa com o resgate da relação homem-natureza nos estudos geográficos.

V - Geografia da percepção, concepção expressa no texto, ressalta que o espaço


geográfico é produto das relações dialéticas entre sociedade e natureza, das
relações de trabalho e ressaltam que os objetos geográficos estão arranjados ou
distribuídos segundo certa lógica material capitalista.

A sequência correta é:

A) V, F, V, V, F.

B) F, V, V, F, V.
C) F, F, F, V, F.

D) F, V, F, V, V.

E) F, F, V, F, F.

Respostas:

1. A; 2. C; 3. A; 4. E

2.4 A PAISAGEM E O LUGAR NA PERSPECTIVA GEOGRÁFICA

Conforme vimos no capítulo anterior, as categorias território e paisagem guardam


similaridades entre si, na medida em que o território pode, inclusive, ser
compreendido como um conjunto de paisagens. Então, o que seria a paisagem?

Esse é um termo comumente utilizado no dia a dia, principalmente para designar


uma porção do espaço que nos chama a atenção por sua singularidade estética.

Na Geografia, esse conceito-chave atualmente é definido como a unidade visível do


território, possuindo “identidade visual, caracterizada por fatores de ordem social,
cultural e natural, contendo espaços e tempos distintos; o passado e o presente. A
paisagem é o velho no novo e o novo no velho!”
(BRASIL, 1998, p. 28).
Figura X – Paisagens.
Fonte: Corbis. Disponível em:
<http://www. corbis.com.br>.
Acesso em 30.10.2011

A Geografia Tradicional privilegiou o conceito de paisagem, a partir de sua


discussão e aplicação na análise geográfica, buscou melhor compreender o objeto
de estudo da Geografia e fortalecer a sua identidade em relação às demais áreas do
conhecimento. Cunhou vários conceitos derivados da paisagem, entre eles,
podemos exemplificar região-paisagem, paisagem cultural, etc.

Em uma perspectiva crítica, Santos (1996) afirma que a paisagem é o acúmulo de


tempos desiguais, revelando as marcas da história de um grupo social. A paisagem
contém o relevo, a rede de drenagem, sobre eles as ruas e avenidas e demais
objetos dispostos sobre a superfície e também o registro de tensões, sucessos e
fracassos da história dos indivíduos e grupos que nela se encontram (BRASIL,
1998).

“A paisagem é um conjunto de objetos que nosso corpo alcança e identifica. O


jardim, a rua, o conjunto de casas que temos à nossa frente, como simples
pedestres. Uma fração mais extensa de espaço que nossa vista alcança do alto
de um edifício. A paisagem é nosso horizonte, estejamos onde estivermos”.
(SANTOS, 1994, p. 76).

Paisagem e território são categorias de análise distintas apesar de sua interconexão.


Santos (1994, p. 77) diferencia as mesmas indicando que:

• PAISAGEM: conjunto das coisas que se dão diretamente aos nossos


sentidos;
• TERRITORIO: é o conjunto total, integral de todas as coisas que formam a
natureza em seu aspecto superficial e visível;
• ESPAÇO: é resultado de um matrimônio ou um encontro, sagrado enquanto
dura, entre a configuração territorial, a paisagem e a sociedade.
Assim como as categorias paisagem e território são correlacionadas, o mesmo
ocorre com as categorias paisagem e lugar. O sentimento de pertencimento a um
determinado território e às suas paisagens leva ao desenvolvimento de uma
identidade com o mesmo, passando a ter uma relação emocional e fazendo do
mesmo o lugar de vivência.

A categoria lugar começou a ser valorizada nos estudos geográficos, sobretudo a


partir da década de 1980, isso porque, durante a vigência da Geografia Tradicional,
a ideia positivista da ciência deixou tal categoria relegada a um plano secundário,
entendida somente em seu sentido locacional.

Na corrente Possibilista, La Blache afirmava que “a Geografia é a ciência dos


lugares e não dos homens" (MORAES, 2003, 16), Hartshorne também deu um
sentido locacional ao conceito: “as integrações que a geografia deve analisar são
aquelas que variam de lugar para lugar" (Moraes, 2003, 18).

Holzer (1999) nos lembra da associação do próprio conceito da Geografia e o


entendimento de lugar, em voga quando da estruturação da Geografia como ciência.

Assim o conceito primordial da dessa área do conhecimento seria o de “localização


(location), definido como a relação entre o arranjo interno de traços,ou sítio (site)
com o seu entorno (environs). Esta relação definiria o lugar.” (HOLZER, 1999,
p.69).

Contudo, o autor aponta que, na perspectiva humanística, a relação entre os


conceitos de lugar e Geografia exigiram mais do que simplesmente enumerar os
objetos físicos e humanos da área, abarcando, sobretudo, o “ modo de ver o
mundo, seus padrões objetivos, [...] crenças das pessoas, [os] significados
subjetivos dos lugares”. (HOLZER, 1999, p.69).

O lugar possui sentido que se manifesta através da contemplação estética e pelos


sentidos humanos através da convivência (TUAN, 1983). Assenta-se na
subjetividade e também na experiência e nos sentimentos que captam a
singularidade de determinada porção do espaço.

Exemplos:
• Uma praça;
• Um parque;
• Uma rua onde se circula desde criança;
• Uma praia de onde se contempla o mar e o horizonte.

Os exemplos anteriores são considerados como categoria lugar, na medida em que


estão calcados os referenciais pessoais do indivíduo.

Figura X – Crianças brincando.


Fonte: Corbis. Disponível em:
<http://media1.corbisimages.com/CorbisImage/hover/21/10/5180/21105180/Corbis-
42-21105180.jpg>.
Acesso em 01.12.2011

“O lugar é onde está o sistema de valores que direcionam as diferentes formas de


perceber e constituir a paisagem e o espaço geográfico. É por intermédio dos
lugares que se dão a comunicação entre homem e mundo.” (BRASIL, 1998, p. 29).

Os lugares, por mais longínquos que sejam, acabam mantendo relações entre si,
sofrendo interferências das diversas atividades humanas e das diferentes escalas
(global, regional) que atuam sobre ele. Sobre a questão do local e global, iremos
discutir no capítulo 3, ao tratarmos a questão das redes, fluxos e territorialidades na
análise geográfica.
Leia os textos abaixo e a seguir posicione-se sobre os mesmos, indicando
concordância ou discordância com as ideias apresentadas bem como justificando o
seu posicionamento. A seguir, correlacione a suas ideias expostas com a sua
história de vida, com exemplificações.

O lugar refere-se à necessidade humana de enraizamento, estreitamento de laços e


segurança emocional.

“Não há limites precisos a serem traçados entre espaço, paisagem e lugar, como
fenômenos experienciados. Nem a relação entre eles é constante – lugares têm
paisagens, e paisagens e espaços têm lugares. Culturalmente, lugar talvez seja o
mais fundamental dos três, porque focaliza espaço e paisagem em torno das
intenções e experiências humanas”. (RELPH, 1981:16).

“O espaço transforma-se em lugar à medida que adquire definição e significado”


(TUAN, 1983, p. 151), requisitos que dependem do tempo de vivência constituído de
experiências “em sua maior parte fugazes e pouco dramáticas, repensadas dia após
dia e através dos anos. É uma mistura singular de vistas, sons e cheiros, uma
harmonia ímpar de ritmos naturais e artificiais, como a hora do sol nascer e se pôr,
de trabalhar e brincar” (TUAN, 1983, p. 203).

Tuan ainda considera que “a importância dos acontecimentos na vida de qualquer


indivíduo está mais diretamente relacionada com a sua intensidade do que com a
sua extensão” (TUAN, 1983, p. 203).

Essa concepção extrapola a noção de mera localização de objetos em uma dada


área, na medida em que induz a um “tipo de envolvimento com o mundo, à
necessidade de raízes e segurança” (RELPH, 1981, p. 18).
Figura X – Vivências.
Fonte: Corbis. Disponível em:
<http://media1.corbisimages.com/CorbisImage/170/27/53/6505/27536505/Corbis-
42-27536505.jpg >.
Acesso em 01.12.2011

“Nós podemos trocar de lugares, mudar, mas isso é ainda a procura de um


lugar, precisamos de uma base para estabelecer nossa existência e realizar
nossas possibilidades e vivências, um aqui a partir do qual descobrir o mundo,
um acolá para o qual ir” (RELPH 1981, p. 18).

O lugar pode ser definido de várias maneiras. Na perspectiva humanista, Tuan


(1983) reflete sobre a subjetividade que envolve tal categoria de análise:

como qualquer objeto estável que capta a nossa atenção,


quando olhamos para uma cena panorâmica, nossos olhos
detêm em pontos de interesse [...]. Entretanto, muitos lugares
altamente significativos para certos indivíduos e grupos, têm
pouca notoriedade visual. São conhecidos emocionalmente, e
não através do olho crítico da mente. (TUAN, 1983, p. 155).

O estudo do espaço geográfico através da categoria lugar auxilia no entendimento


da maneira pela qual a sociedade a transforma através do uso de novas técnicas ou
pela própria relação com o espaço vivido.
Por fim, o lugar, conforme propõe Holzer (1999, p. 71) deve ser compreeendido
como um “centro de significados e, por extensão, um forte elemento de
comunicação, de linguagem, mas que nunca seja reduzido a um símbolo
despido de sua essência espacial, sem a qual se torna outra coisa, para a qual
a palavra "lugar" é, no mínimo, inadequada”.

1. CAÇA-PALAVRAS

1. Base material da sociedade, onde os homens e as mulheres vivem e, ao mesmo


tempo, produzem modificações que o (re)constroem permanentemente.

2. Processo de divisão do espaço geográfico em áreas a partir do uso de critérios


pré-estabelecidos.

3. Representado por um sistema de objetos fixos e móveis, sendo definido e


delimitado por e a partir de relações de poder.

4. Unidade visível do território. Possui identidade visual, caracterizada por fatores de


ordem social, cultural e natural, contendo espaços e tempos distintos, o passado e o
presente.

5. Traduz os espaços com os quais as pessoas têm vínculos afetivos, onde estão as
referências pessoais e o sistema de valores que direcionam as diferentes formas de
perceber e constituir a paisagem e o espaço geográfico.

6. Ciência que estuda como os diferentes espaços geográficos são produzidos e


transformados pelos homens nos diferentes contextos: social, histórico, político e
cultural.
7. Condição necessária para a própria existência da sociedade como um todo, diz
respeito às relações econômicas e culturais, além da dimensão política, diretamente
ligada à forma como as pessoas utilizam a terra.

O Ã X S I S S R E H A A C A Ã Y S L R O P
I L B Ç A F S F U G Ç A P T B I A P T U L
R E D A D I L A I R O T I R R E T B M C O
Ó B I N H Z D O G F Ã Ó Y F E X Ó Z N M Ç
T V A R P P E Q A K E P H A A J V A J X A
I G J W L C G R Ó U Ã Q F X C R W I C O P
R F L A Ç F Ç A S S U O G F E N G Ó L T S
R D P A I S A G E M D N H G S E Ç O Ã M E
E R N E Q S Ã U G W K D I Ã C D B D E S R
T U E J B J H L I Q V Ã N X K Z Q L O G K
C Y R Ó R Z J F Y Ç O Ã V M U Ó S O M U T

2. PALAVRAS CRUZADAS

1. ______, 2. ______, 3. ______e 4. ______ são categorias de análise do 5. ______


propostas por Milton Santos e que devem ser consideradas em suas relações
dialéticas.
6. ______, conhecida também como conceito estruturante ou conceito-chave “é a
representação das características gerais de cada objeto pelo pensamento. [...]
significa a ação de formular uma ideia que permita, por meio de palavras,
estabelecer uma definição, uma caracterização do objeto a ser conceituado. Tal
condição implica reconhecer que um conceito não é o real em si, e sim uma
representação desse real, construída por meio do intelecto humano”. (BRASIL,
2006, p. 52).
7. O conceito-chave ______ para a Geografia é resultante da ação da sociedade
sobre o meio através de suas técnicas e tecnologias.
8. “A ______, como um componente do poder, não é apenas um meio para criar e
manter a ordem, mas é uma estratégia para criar e manter grande parte do contexto
geográfico através do qual nós experimentamos o mundo e o dotamos de
significado”. (HAERSBERT, 2005, p.76).
9. A ______ estuda as características da superfície terrestre (aspectos naturais) e
as consequências econômicas, sociais, políticas e culturais da sua ocupação pelo
Homem (Espaço Geográfico).
10. A ______ como categoria de análise espacial representa áreas com
características históricas, naturais e sociais, dentro de limites específicos, que as
distinguem de outros lugares. Estas possuem tamanhos variados, podem se
estender por milhares de quilômetros ou reunir grupos de pequenas cidades.

11. A ______ é o velho no novo e o novo no velho!” (BRASIL, 1998, p. 28).

12. Categoria que “traduz espaços com os quais as pessoas têm vínculos mais
afetivos e subjetivos que racionais e objetivos: uma praça, onde se brinca desde
menino, a janela de onde se vê a rua, o alto de uma colina”. (BRASIL, 1998, p. 77). -
______

13. A categoria de análise ______ é marcada pela heterogeneidade, e representa


os diversos elementos (naturais e artificiais) num determinado lugar. Cada 13.
______ possui sua singularidade que se expressa exatamente pelos diferentes
objetos que a compõe.

14. O ______ pode ser compreendido como um espaço definido e delimitado por e a
partir de relações de 15. ______ tanto no sentido mais concreto, de dominação,
quanto ao poder no sentido mais simbólico, de apropriação.

6
4 1 11 14.
12
8
9

15 7
13
*
2

* 3

10

5 *

3. QUESTÃO DISSERTATIVA

“O espaço geográfico não é puramente produto do processo do trabalho, porque o


processo do trabalho é também produto do espaço geográfico. É produto do trabalho
e condição material dele”. (MOREIRA, 2009, p. 08).
Você concorda ou discorda da citação acima?
Justifique a sua resposta e também apresente um exemplo concreto.

RESPOSTAS
1. Caça-palavras
1. ESPAÇO; 2. REGIÃO; 3. TERRITÓRIO; 4. PAISAGEM 5. LUGAR; 6.
GEOGRAFIA; 7. TERRITORIALIDADE.

2. Palavras Cruzadas
1. FORMA; 2. FUNÇÃO; 3. ESTRUTURA; 4. PROCESSO; 5. ESPAÇO
GEOGRÁFICO; 6. CATEGORIA DE ANÁLISE; 7. ESPAÇO; 8.
TERRITORIALIDADE; 9. GEOGRAFIA; 10. REGIÃO; 11. A PAISAGEM; 12. LUGAR;
13. PAISAGEM; 14. TERRITÓRIO; 15. PODER
Categoria: Conceitos gerais que exprimem as diversas relações que podemos
estabelecer entre ideias ou fatos.

Corologia: ciência da distribuição geográfica dos organismos.

Dialética: Arte do diálogo, da discussão, utilizando argumentos (caminho entre as


ideias). A arte de, no diálogo, demonstrar uma tese por meio de uma argumentação
capaz de definir e distinguir claramente os conceitos envolvidos na discussão. Os
elementos do esquema básico do método dialético são a tese, a antítese e
a síntese. A tese é uma afirmação ou situação inicialmente dada. A antítese é uma
oposição à tese. Do conflito entre tese e antítese surge a síntese, que é uma
situação nova que carrega dentro de si elementos resultantes desse embate. A
síntese, então, torna-se uma nova tese, que contrasta com uma nova antítese
gerando uma nova síntese, em um processo em cadeia infinito. Fonte:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Dialetica>

Fenomenologia: analisa os aspectos essenciais dos objetos da consciência,


através da supressão de todos os preconceitos que um indivíduo possa ter sobre a
natureza dos objetos, como os provenientes das perspectivas científica, naturalista e
do senso comum. Preocupando-se em verificar a apreensão das essências, pela
percepção e intuição das pessoas, a fenomenologia utiliza como fundamental a
experiência vivida e adquirida pelo indivíduo.

Globalização: Fenômeno do modelo econômico capitalista, o qual consiste na


mundialização do espaço geográfico por meio da interligação econômica, política,
social e cultural em âmbito planetário. Porém, esse processo ocorre em diferentes
escalas e possui consequências distintas entre os países, sendo as nações ricas as
principais beneficiadas pela globalização, pois, entre outros fatores, elas expandem
seu mercado consumidor por intermédio de suas empresas transnacionais. Fonte:
http://www.mundoeducacao.com.br/geografia/o-que-globalizacao.htm
Guerra Fria: Disputa ideológica, sem embate militar declarado e direto entre os
Estados Unidos (capitalista) e a União Soviética (socialista) pela hegemonia política,
econômica e militar no mundo e que se inicia após a Segunda Guerra Mundial. Entre
1940 e 1989, estas duas potências tentaram implantar em outros países os seus
sistemas políticos e econômicos. Configura-se, também, pela corrida armamentista
incluindo mísseis nucleares e a corrida espacial com o objetivo de mostrar para o
mundo qual era o sistema mais avançado.

No ano de 1957, a URSS lança o foguete Sputnik com um cão dentro, o primeiro ser
vivo a ir para o espaço. Doze anos depois, em 1969, o mundo todo pôde
acompanhar pela televisão a chegada do homem a lua, com a missão espacial
norte-americana.

Nesta época, formaram-se dois blocos militares, cujo objetivo era defender os
interesses militares dos países membros. A OTAN - Organização do Tratado do
Atlântico Norte (surgiu em abril de 1949) era liderada pelos Estados Unidos e tinha
suas bases nos países membros, principalmente na Europa Ocidental. O Pacto
de Varsóvia era comandado pela União Soviética e defendia militarmente os países
socialistas. Alguns países membros da OTAN : Estados Unidos, Canadá, Itália,
Inglaterra, Alemanha Ocidental, França, Suécia,
Espanha, Bélgica,Holanda, Dinamarca, Áustria e Grécia. Alguns países membros do
Pacto de Varsóvia : URSS, Cuba, China, Coréia do Norte, Romênia, Alemanha
Oriental, Albânia, Tchecoslováquia e Polônia.

O Fim da Guerra Fria ocorre a partir da crise do socialismo no final da década de


1980. Em 1989 cai o Muro de Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas. No
começo da década de 1990, o então presidente da União Soviética Gorbachev
começou a acelerar o fim do socialismo naquele país e nos aliados. Com reformas
econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o sistema foi se
enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e
militares. O capitalismo vitorioso, aos poucos, iria sendo implantado nos países
socialistas. Fonte: Guia do Estudante. Disponível em: www.guiadoestudante.com.br

Idiográfico: juízo advindo da experiência pessoal, na análise espacial, é relativo à


busca da identidade e singularidade do lugar.
Materialismo Histórico: corresponde à concepção que MARX tem da evolução
histórica: 1. Uma interpretação da História que afirma que não são as ideias em si,
mas sim as relações econômicas de produção, que constituem os agentes
fundamentais da vida social, política e espiritual do Homem; 2. Uma teoria (científica,
segundo Marx) sobre a formação e o desenvolvimento das sociedades humanas,
que considera que a economia é a chave da compreensão dos fenômenos
históricos; 3. Uma visão da História como processo dialético, dinamizado por uma
série de contradições que se dão essencialmente na estrutura econômica das
diversas sociedades. Fonte: Dicionário Escolar de Filosofia. Disponível em:
http://www.defnarede.com/m.html

Marxismo: conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais elaboradas


primariamente por Karl Heinrich Marx e Friedrich Engels e desenvolvidas mais tarde
por outros seguidores. Interpreta a vida social conforme a dinâmica da luta de
classes e prevê a transformação das sociedades de acordo com as leis do
desenvolvimento histórico de seu sistema produtivo. Fonte:
<http://ivairr.sites.uol.com.br/carloswalter1.htm>;
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Marxismo>

Nomotético: Diz-se dos juízos inferidos da observação dos fatos, que a todos se
impõem, adotados uma escala e um método. Na análise geográfica, relaciona-se na
busca pela definição de gerais, padrões de relações entre elementos, no sentido de
estabelecer normas gerais.

Paradigma: Do grego paradigma, que significa padrão, parâmetro, modelo. Termo


cunhado por Kuhn (1962) em seu livro "A estrutura das Revoluções Científicas",
sendo utilizado para designar o conjunto de pressupostos subjacentes a uma ciência
qualquer, proporcionando um modelo básico da realidade para a ciência em
questão.

Polissêmico (polissemia): Qualidade das palavras que variam de sentido. Fonte:


www.michaelisonline.com.br

Polos de Desenvolvimento: advém do polo de crescimento, teoria elaborada por


François Perroux em 1955, quando estudou a concentração industrial na França, em
torno de Paris, e na Alemanha, ao longo do Vale do Ruhr (Perroux, 1977).
Os polos de desenvolvimento surgem em torno de uma aglomeração urbana
importante, ao longo das grandes fontes de matérias-primas , nos locais de
passagem e fluxos comerciais significativos ou ainda em torno de uma grande área
agrícola dependente.

Essa teoria tem uma forte identificação geográfica porque é produto das economias
de aglomeração geradas pelos complexos industriais, liderados pelas indústrias
motrizes.

O polo de crescimento pode vir a tornar-se um polo de desenvolvimento quando


provocar transformações estruturais e expandir a produção e o emprego no meio em
que está inserido. (Adaptado de www.wikipedia.com.br)

Positivismo: Posição filosófica introduzida pelo filósofo e sociólogo francês Auguste


COMTE, segundo a qual o verdadeiro conhecimento advém dos dados dos sentidos.
Comte defendeu que o pensamento humano se divide em três estádios evolutivos: o
religioso, o metafísico e o científico. Os primeiros são estádios primitivos de
aquisição de conhecimento, os quais serão eventualmente abolidos à medida que
evoluímos. O positivismo de Comte é uma teoria descritiva e normativa do
conhecimento humano. Descritiva, porque pretende dar conta do modo como o
nosso conhecimento de facto evolui. Normativa, porque pretende fornecer regras
acerca do modo como devemos alcançar o conhecimento. Fonte: Dicionário Escolar
de Filosofia. Disponível em: http://www.defnarede.com/p.html

Segunda Guerra Mundial: ocorreu entre 1939 e 1945, em razão da luta por
territórios, proporcionando drásticas transformações no espaço geográfico mundial,
especialmente na Europa.

Entre os principais motivos que levaram a esse acontecimento estavam as intenções


de aplicação de projetos de caráter expansionista de países como Alemanha, Itália e
Japão. Tais nações desejavam alcançar a condição de potências hegemônicas e a
partir dessa ideologia, promoveram invasões a outros territórios com a intenção de
anexá-los aos seus respectivos domínios.

O conflito ocorreu envolvendo dois grupos de países, denominados: Eixo e Aliados.


O primeiro grupo era composto por Alemanha, Itália e Japão. Já o segundo, tinha
como integrantes: França, Inglaterra, União Soviética, Estados Unidos, Brasil, entre
outros.

Após muitos confrontos envolvendo os países do Eixo e Aliados, que teve a duração
de anos, a guerra deu sinais de que iria terminar, pelo fato da rendição da Itália no
ano de 1943. Dois anos mais tarde, Alemanha e Japão não suportaram e se
rederam também, consolidando a derrota do grupo do Eixo. O Japão se rendeu após
ter sido atingido por duas bombas atômicas, uma na cidade Hiroshima e outra em
Nagasaki. Fonte: http://www.brasilescola.com/geografia/resumo-segunda-guerra-
mundial.htm

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