O documento resume o contexto histórico do surgimento da sociologia, destacando a Revolução Industrial e a Revolução Francesa como marcos que levaram à percepção de uma nova ordem social emergente na Europa do século XIX. A sociologia surgiu nesse período buscando compreender as transformações econômicas, políticas e culturais geradas por esses eventos históricos através de um método científico inspirado nas ciências naturais.
Descrição original:
Título original
RESENHA_Contexto Histórico do Aparecimento da Sociologia
O documento resume o contexto histórico do surgimento da sociologia, destacando a Revolução Industrial e a Revolução Francesa como marcos que levaram à percepção de uma nova ordem social emergente na Europa do século XIX. A sociologia surgiu nesse período buscando compreender as transformações econômicas, políticas e culturais geradas por esses eventos históricos através de um método científico inspirado nas ciências naturais.
O documento resume o contexto histórico do surgimento da sociologia, destacando a Revolução Industrial e a Revolução Francesa como marcos que levaram à percepção de uma nova ordem social emergente na Europa do século XIX. A sociologia surgiu nesse período buscando compreender as transformações econômicas, políticas e culturais geradas por esses eventos históricos através de um método científico inspirado nas ciências naturais.
Resenha descritiva de trecho da obra Introdução ao Pensamento Sociológico, de
Anna Maria de Castro e Edmundo Fernandes Dias, Editora Eldorado, Contexto Histórico do Aparecimento da Sociologia.
A obra como um todo, contém informações biobibliográficas sobre Durkheim.
Weber, Marx e Parsons, além de textos selecionados desses sociólogos e comentários em torno deles.
A revolução industrial e a nova ordem social
Sobre o texto, incialmente defende que a primeira revolução industrial foi o
marco de uma nova era na história da humanidade, dando início a um longo período de acumulação crescente de população, bens e serviços, em caráter permanente e sistemático sem precedentes e essencialmente por ser uma revolução produtiva, na capacidade de produção e de acumulação do homem, constituindo-se em uma autentica revolução social, manifestada por mudanças profundas na estrutura institucional, cultural, política e social até então.
A intensificação do comércio internacional e a política mercantilista inglesa,
enraizada nos 100 anos anteriores, propiciaram um ambiente favorável e o capitalista comercial, originado naquela fase, reorganiza o trabalho que prevalecia nos “Work-shops”, fornecendo aos artesãos os meios necessários para produzir seus ofícios e escoar suas produções ou serviços.
Nessa linha de raciocínio, a Revolução Industrial aumentou substancialmente a
produtividade agrícola inglesa através de novas técnicas e da incorporação de novos recursos naturais ao cultivo e transformou profundamente a estrutura da sociedade, reordenando a sociedade rural, eliminando sistematicamente a servidão, antes centralizada nas vilas e aldeias camponesas. O resultado foi uma crescente emigração da população rural para os centros urbanos atraídos pelo aumento das atividades manufatureiras, dando margens a profundas reforma que conduziram á criação do proletário urbano, assalariado e sem acesso à propriedade dos meios de produção, e do empresário capitalista, com a função principal de organizar a atividade produtiva na empresa.
A Revolução industrial, como consequência, implicou no fortalecimento e
ampliação de uma nova classe social, burguesa, que vinha sendo configurada sobre a base da atividade comercial e financeira de períodos anteriores e passou a exercer considerável influência na criação das condições institucionais e jurídicas essenciais ao próprio fortalecimento e expansão.
A Revolução Francesa, que ocorre paralelamente a Revolução Industrial, é o
fenômeno histórico que traduz as aspirações e exigências de uma nova classe burguesa em processo de consolidação. Esta dupla revolução, constitui duas faces de um mesmo processo – a consolidação do regime capitalista moderno.
Os Mecanismos da Revolução Industrial
O texto cita que os progressos da revolução industrial foram realizados através
de uma série de desequilíbrios, fonte de perturbações na economia, mas ao mesmo tempo promotores de invenções fecundas.
A revolução técnica entre 1750 e 1850, que leva à instauração do capitalismo
liberal e paralelamente ao controle da natureza, à tomada do poder pela burguesia e ao "laisser-faire", "lais-er-passer", proclamando a mais absoluta liberdade de produção e comercialização de bens e serviços, primeiramente na Grã-Bretanha, depois na França, antes de se generalizar no fim do período na Europa ocidental e nos Estados Unidos.
Sob o manto da liberdade, permite aos empresários industriais enriquecerem e
para tanto, combate os regulamentos, impondo os de seus interesses, da mesma forma os costumes, as tradições e as rotinas, permitindo submeter a organização da sociedade aos imperativos de uma classe social - a burguesia e progressivamente um grupo predomina: os empresários industriais.
Mais que a liberdade, o capitalismo liberal estabelece o reino do capital, dos
seus possuidores e dos imperativos de acumulação deste capital e a burguesia consolidou-se enquanto classe e conseguiu governar de maneira a atender aos seus interesses econômicos.
As Crises sociais e Econômicas do Capitalismo Liberal
O nascimento do capitalismo é marcado por graves crises econômicas e sociais. As primeiras crises sociais do capitalismo colocam o mundo agrícola inglês às voltas com o cercamento dos campos, em seguida a luta entre os artesãos e a indústria. A luta social opõe os operários aos capitalistas. A maioria dos operários são camponeses e artesãos arruinados e expulsos das suas terras e das aldeias. O artesão perde a sua antiga qualificação. Na França, o operário passa a ter uma carteira de trabalho que o submete ao controle da Polícia. Na Inglaterra, o operário que deixa seu patrão é passível de ser preso. As condições de trabalho são duras. A jornada é de pelo menos 12 horas e não há férias nem feriados. O trabalho das mulheres e das crianças é a regra. Crianças começam a trabalhar desde os seis anos de idade.
Somente em meados do século XIX, na França e na Inglaterra, surge uma
regulamentação quanto ao trabalho da mulher e das crianças. No século XIX o ritmo das transformações observadas pelos padrões dos séculos anteriores mudou drasticamente as ideias do homem sobre a sociedade, de uma concepção mais ou menos estática de uma geração para a outra, uma condição onde não existiria nenhuma mobilidade social e onde o rompimento com a tradição seria contrário à natureza, para uma concepção de progresso como lei da vida e da melhoria constante como estado normal de qualquer sociedade sadia.
As novas formas de pensar
O Renascimento, por inúmeras ações e reações, transformou nossa maneira
de ver o mundo e a vida. O sistema medieval de concepção do mundo foi atingido no terreno religioso, fundamentado na tradição divina, consequentemente não era possível um conflito entre a Revelação e a Razão, visto que a filosofia não pretendia submeter-se a Teologia. Porém, no momento em que a Razão se rebelou contra sua condição servil e proclamou sua autonomia, tinha que se desencadear a luta contra a Teologia, socialmente dominante.
As evoluções que a acumulação do capital proporcionaram no campo dos
conhecimentos científico-naturais, mudaram o modo de “ver” da sociedade e a partir do século XVI, são muitas as pessoas cultas que, renunciando a toda sanção sobrenatural, ordenam seu pensamento e sua vida pela autonomia da razão.
O Racionalismo
Até o século XVIII o pensamento social caracterizava-se mais pela
preocupação de formular regras de ação do que pelo estudo da realidade social. A revolução intelectual, somente vem encontrar seu modelo mais autêntico na obra de Descartes e de Bacon e a duração de sua influência permaneceu séculos. O racionalismo daqueles pensadores indicava que a atitude científica diante dos fenômenos deve ser alcançada com bases do que havia de ser o método científico. Apesar da função demolidora e construtiva que exerceu na história do pensamento humano e do método científico, esse racionalismo acabou por cometer muitos dos erros que pretendia combater, rumando para a metafísica.
O Positivismo
A crise sociopolítica anterior e a Revolução Industrial tornaram possível o
aparecimento do positivismo. O desaparecimento do estado monárquico se sucede a luta declarada de classes, chave do desenvolvimento econômico capitalista e determinante da democracia como nova forma política.
Em consequência, a sociedade se toma autoconsciente de seu protagonismo
histórico, de sua autêntica realidade e assim a sociedade se constitui como objetividade possível para o conhecimento científico. Tal conhecimento produzido podia ser aprendido por intuição, acidente ou uma observação causal, mas também poderia ser resultado de um esforço deliberado para a solução de um problema.
Logo, impõe-se um "conhecimento positivo" que torne possível sua
reorganização. A ciência adquire um sentido salvador na hora de remediar a situação social. Deve-se, por conseguinte, construir "positivamente" a ciência social, constituída pelos fatos materiais que derivam da observação direta da sociedade, e uma fonte, que contenha os preceitos aplicáveis a tais fatos. Sendo, portanto, “as únicas bases positivas sobre as quais se pode estabelecer o sistema de organização reclamado pelo estado atual da civilização".
A "positividade prática" da ciência social supõe sua "positividade
metodológica", para alcançá-las é preciso adotar o mesmo método das ciências naturais: a "fisiologia social" deverá "basear todos os seus raciocínios sobre fatos observados e discutidos".
A sociologia surgiu, na primeira metade do século XIX, sob o impacto da
Revolução Industrial e da Revolução Francesa. As transformações econômicas, políticas e culturais suscitadas por esses acontecimentos criaram a impressão generalizada de que a Europa vivia o alvorecer de uma nova sociedade.
O papel decisivo da “dupla revolução” foi amplificado pelo debate intelectual da
época. A discussão girava em torno do caráter exemplar desses eventos, com as opiniões divididas na avaliação de que se tratava ou não de desdobramentos irreversíveis da história. A sociologia concebe-se, assim, não apenas como a disciplina central no campo das “ciências humanas”, mas como um saber comparável, em termos de explicação e previsão, às próprias ciências naturais, contrabalançada, pela compreensão de que as determinações das possibilidades futuras da sociedade não podem ser definidas a partir de modelos passados.