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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA POLITÉCNICA DA USP

PECE – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA

EAD – ENSINO E APRENDIZADO À DISTÂNCIA

eHO-102

AGENTES FÍSICOS I

ALUNO

SÃO PAULO, 2021


EPUSP/PECE
CURSO: ESPECI A LI ZA ÇÃ O EM HI GI ENE OCUPA CI ONA L

EDIÇÃO/ANO: 1/2021

CRÉDITOS:
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - EPUSP
DIRETORA: LI EDI LEGI BA R I A NI BER NUCCI

Programa de Educação Continuada - PECE


COORDENADOR GERAL: LUCA S A NTÔNI O MOSCA TO

Laboratório de Controle Ambiental, Higiene e Segurança na Mineração - LACASEMIN


COORDENADOR: SÉR GI O MÉDI CI DE ESTON
VICE – COORDENADOR: WI LSON SHI GUEMA SA I R A MI NA
ASSESSORIA TÉCNICA E ADMINISTRATIVA: MA R I A R ENA TA MA CHA DO STELLI N

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“Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, sem a
prévia autorização de todos aqueles que possuem os direitos autorais sobre este documento”.
Sumário
i

SUMÁRIO
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO AOS AGENTES FÍSICOS ..................................... 1
1.1. CONCEIT UAÇÃO ..................................................................................... 2
1.2. CLASSIFICAÇÃO E CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................... 2
1.3. TESTES ................................................................................................... 5
CAPÍTULO 2. AVALIAÇÃO E CONTROLE DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL
AO RUÍDO ..................................................................................................................... 6
2.1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 7
2.2. GRANDEZAS, UNIDADES E EMBASAMENTO TEÓRICO INICIAL ........... 7
2.2.1. SOM .................................................................................................. 7
2.2.2. NÍVEL DE PRESSÃO SONORA – DECIBEL ...................................... 8
2.2.3. GRANDEZAS E DEFINIÇÕES ASSOCIADAS AO SOM/RUÍDO ....... 11
2.2.4. "COMBINANDO" VALORES EM DECIBEL ....................................... 11
2.2.5. AUDIBILIDADE / SENSAÇÃO SONORA .......................................... 13
2.2.6. RESPOSTAS DINÂMICAS ............................................................... 15
2.2.7. VALOR EFICAZ (RMS) .................................................................... 15
2.2.8. DETERMINAÇÃO DE NÍVEL DE RUÍDO DE FONTE EM PRESENÇA
DE RUÍDO DE FUNDO ......................................................................................... 16
2.3. AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO RUÍDO .................... 17
2.3.1. ASPECTOS TÉCNICO-LEGAIS ....................................................... 17
2.3.2. DOSE DE RUÍDO............................................................................. 19
2.3.3. NÍVEL MÉDIO (LAVG) ........................................................................ 23
2.3.4. DOSIMETRIA DE RUÍDO ................................................................. 24
2.4. EXERCÍCIOS ......................................................................................... 25
2.5. NORMA BRASILEIRA NBR 1051 – CONTEXTO E APLICAÇÃO ............. 28
2.5.1 EFEITOS .......................................................................................... 28
2.5.2. ASPECTOS LEGAIS ........................................................................ 29
2.5.3. PRINCIPAIS ASPECTOS DA NBR 10151 ........................................ 32
2.5.3.4. DETERMINAÇÃO DO NÍVEL CORRIGIDO – LR......................... 34
2.5.3.5. CONTEÚDO NECESSÁRIO PARA O RELATÓRIO DE ENSAIO 34
2.6. ATENUAÇÃO DE PROTETORES AURICULARES.................................. 36
2.6.1. O MÉTODO DO RC/NRR ................................................................. 36
2.6.2. O MÉTODO DO RC/NRR - QUAL O DBC A USAR? ........................ 37
2.6.3. CORREÇÕES PARA O USO REAL DOS PROTETORES................. 37
2.6.4. USO DO DBA AO INVÉS DO DBC ................................................... 38
2.6.5. O NRRSF......................................................................................... 39
2.6.6. CÁLCULO DE ATENUAÇÃO AO RUÍDO .......................................... 39
2.7. ESCLARECIMENTOS E DÚVIDAS SOBRE O AGENTE RUÍDO ............. 45
2.7.1. PARA COMEÇO DE CONVERSA .................................................... 45
2.7.2. MEDINDO O NÍVEL DE PRESSÃO SONORA .................................. 47
2.7.3. CALIBRAÇÃO E AFERIÇÃO ............................................................ 48
2.7.4. FAZENDO A DOSIMETRIA .............................................................. 49
2.7.5. ATENUAÇÃO DE PROTETORES .................................................... 50
2.7.6. DÚVIDAS INICIAIS .......................................................................... 51
2.7.7. ALGUMAS CURIOSIDADES ............................................................ 52
Sumário
ii

2.8. TESTES ................................................................................................. 54


CAPÍTULO 3. EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL ÀS VIBRAÇÕES MECÂNICAS ... 57
3.1 PRÉ-REQUISITOS .................................................................................. 58
3.2 MODELO MECÂNICO SIMPLIF ICADO DO CORPO HUMANO ................ 58
3.3 CLASSIFICAÇÃO, OCORRÊNCIAS E EFEITOS DA EXPOSIÇÃO ........... 59
3.4 PARÂMETROS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ...................................... 59
3.5 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A
VIBRAÇÃO............................................................................................................... 60
3.5.1. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A
VIBRAÇÃO EM MÃO E BRAÇOS ......................................................................... 61
3.5.1.1. MEDIÇÃO TRIAXIAL (ISO 5349-2: 2001) ................................... 64
3.5.2. VIBRAÇÕES DE CORPO INTEIRO ................................................. 68
3.5.2.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE A ISO 2631-1:1997 - VIBRAÇÃO
MECÂNICA E CHOQUE – AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO HUMANA À VIBRAÇÃO
DE CORPO INTEIRO........................................................................................ 71
3.5.2.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A DIRETIVA 2002/44/EC DA
COMUNIDADE EUROPEIA............................................................................... 77
3.6 MEDIDAS PREVENTIVAS ....................................................................... 77
3.7 EXPOSIÇÃO À VIBRAÇÃO E A APOSENTARIA ESPECIAL .................... 77
3.9. EXERCÍCIOS ......................................................................................... 80
CAPÍTULO 4. ILUMINAÇÃO............................................................................. 83
4.1. A CIÊNCIA DA IL UMINAÇÃO ................................................................. 84
4.1.1. A NATUREZA FÍSICA DA LUZ ......................................................... 84
4.1.2. GERAÇÃO, PROPAGAÇÃO E PERCEPÇÃO DA LUZ...................... 86
4.1.3. INCANDESCÊNCIA E LUMINESCÊNCIA ......................................... 86
4.1.4. REFLEXÃO, TRANSMISSÃO E ABSORÇÃO ................................... 88
4.1.5. REFLEXÃO LUMINOSA ................................................................... 88
4.1.6. TRANSMISSÃO LUMINOSA ............................................................ 88
4.1.6.1. TRANSPARÊNCIA E TRANSLUCIDEZ...................................... 89
4.1.6.2. DIFUSÃO .................................................................................. 89
4.1.6.3. TRANSMISSÃO SELETIVA ....................................................... 90
4.1.6.4. ESPALHAMENTO RETROATIVO .............................................. 91
4.1.6.5. TRANSMITÂNCIA E TRANSMISSIVIDADE ............................... 91
4.1.7. REFRAÇÃO..................................................................................... 91
4.1.8. ABSORÇÃO..................................................................................... 96
4.1.9. CURVA ESPECTRAL DE EFICIÊNCIA LUMINOSA .......................... 96
4.1.9.1. CORES ..................................................................................... 97
4.1.9.2. BRILHO..................................................................................... 97
4.1.10. GRANDEZAS E UNIDADES FOTOMÉTRICAS............................... 99
4.1.11. FLUXO RADIANTE ...................................................................... 101
4.1.12. FLUXO LUMINOSO ..................................................................... 101
4.1.13. EFICÁCIA LUMINOSA ................................................................. 102
4.1.14. EFICIÊNCIA GLOBAL DE UMA LÂMPADA .................................. 103
4.1.15. INTENSIDADE LUMINOSA DE FONTE PONTUAL....................... 104
4.1.15.1. ÂNGULO SÓLIDO ................................................................. 104
Sumário
iii

4.1.15.2. INTENSIDADE LUMINOSA.................................................... 104


4.1.16. ILUMINÂNCIA DE UMA SUPERFÍCIE .......................................... 106
4.1.16.1. ILUMINÂNCIA MÉDIA............................................................ 106
4.1.16.2. ILUMINÂNCIA NUM PONTO ................................................. 107
4.1.16.3. MEDIÇÃO DA ILUMINÂNCIA................................................. 109
4.1.17. LUMINÂNCIA E PERCEPÇÃO DE BRILHO.................................. 109
4.1.17.1. VARIAÇÃO APENAS DA INTENSIDADE LUMINOSA ............ 111
4.1.17.2. VARIAÇÃO APENAS DA ÁREA ............................................. 111
4.1.17.3. VARIAÇÃO APENAS DA DISTÂNCIA DE OBSERVAÇÃO ..... 111
4.1.17.4. VARIAÇÃO APENAS DA DIREÇÃO DE OBSERVAÇÃO ........ 111
4.1.18. REFLETÂNCIA ............................................................................ 112
4.1.19. MÉTODO PONTO A PONTO PARA CÁLCULO DA ILUMINÂNCIA 113
4.2. A NATUREZA DO PROBLEMA............................................................. 116
4.2.1. GERENCIAMENTO MODERNO, ILUMINAÇÃO, SEGURANÇA E
PRODUTIVIDADE .............................................................................................. 116
4.2.2. ILUMINAÇÃO E PRODUTIVIDADE ................................................ 117
4.2.2.1. PESQUISAS DE LABORATÓRIO ............................................ 117
4.2.2.2. PESQUISAS EM MINAS SUBTERRÂNEAS............................. 117
4.2.3. ILUMINAÇÃO E ACIDENTES ......................................................... 118
4.2.3.1. DADOS GERAIS DA INDÚSTRIA ............................................ 118
4.2.4. ILUMINAÇÃO E SAÚDE OCUPACIONAL ....................................... 119
4.2.4.1. CONSEQUÊNCIAS DE UMA ILUMINAÇÃO INADEQUADA ..... 119
4.2.4.2. RISCOS ASSOCIADOS........................................................... 120
4.3. EXEMPLOS OCUPACIONAIS .............................................................. 120
4.4. NORMAS TÉCNICAS E LIMITES DE TOLERÂNCIA ............................. 123
4.4.1. TERMOS TÉCNICOS DE ILUMINAÇÃO......................................... 123
4.4.2. ILUMINAÇÃO DE AMBIENTES DE TRABALHO INTERNOS .......... 124
4.4.2.1. NBR 5413: 1992 ...................................................................... 124
4.4.2.2. NHO-11................................................................................... 128
4.4.2.2.1. CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO .................................................. 129
4.4.2.2.2. ESCALA DE ILUMINÂNCIA MÍNIMA ..................................... 130
4.4.2.2.3. ANÁLISE PRELIMINAR ........................................................ 131
4.4.2.2.4. REPRODUÇÃO DE COR MÍNIMA ........................................ 132
4.4.2.3. AVALIAÇÃO EM ÁREAS EXTERNAS ...................................... 133
4.4.2.4. LIMITES DE TOLERÂNCIA ..................................................... 133
4.5. AÇÕES CORRETIVAS ......................................................................... 134
4.6. CASOS REAIS ..................................................................................... 135
4.7. TÓPICOS AVANÇADOS – PROJETO DE ILUMINAÇÃO EM SUBSOLO136
4.7.1. OBJETIVOS DE UM PROJETO MINEIRO DE ILUMINAÇÃO .......... 136
4.7.2. PROJETO PELO MÉTODO PONTO A PONTO .............................. 139
4.8. TESTES ............................................................................................... 141
CAPÍTULO 5. PRESSÕES .............................................................................. 145
5.1. PRESSÕES ANORMAIS ...................................................................... 146
5.2. EFEITOS DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA NO ORGANISMO ................ 146
5.2.1. BAROTRAUMA .............................................................................. 146
Sumário
iv

5.2.2. EMBOLIA TRAUMÁTICA PELO AR................................................ 147


5.2.3. EMBRIAGUEZ DAS PROFUNDIDADES......................................... 147
5.3. MEDIDAS DE CONTROLE ................................................................... 148
5.3.1. COMPRESSÃO ............................................................................. 148
5.3.2. DESCOMPRESSÃO ...................................................................... 148
5.3.3. CÂMARA DE COMPRESSÃO ........................................................ 150
5.4 RESUMO DAS MEDIDAS DE CONTROLE PARA TRABALHO SOB AR
COMPRIMIDO EM TUBULÕES PNEUMÁTICOS E TÚNEIS PRESSURIZADOS..... 155
5.4.1. RELATIVAS AO AMBIENTE........................................................... 155
5.4.2. RELATIVAS AO PESSOAL ............................................................ 155
5.5. CORRELAÇÃO ENTRE A ALTITUDE, A PRESSÃO ATMOSFÉRICA E A
PRESSÃO PARCIAL DO OXIGÊNIO ...................................................................... 156
5.6. EFEITOS DA ALTITUDE NO ORGANISMO .......................................... 157
5.6.1. A CURTO PRAZO .......................................................................... 157
5.6.2. A MÉDIO PRAZO ........................................................................... 157
5.6.3. A LONGO PRAZO.......................................................................... 157
5.7. MEDICINA HIPERBÁRICA E OXIGENIOTERAPIA HIPERBÁRICA (O2HB)
.............................................................................................................................. 157
5.8. TESTES ............................................................................................... 159
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 161
ANEXO A ....................................................................................................... 165
ANEXO B ....................................................................................................... 170
Capítulo 1. Introdução aos Agentes Físicos 1

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO AOS AGENTES FÍSICOS

OBJETIVOS DO ESTUDO
Conceituar e apresentar a classificação dos agentes físicos e do espectro
eletromagnético.

Ao final deste módulo o aluno deverá estar apto a:

 Identificar, na classificação geral dos agentes físicos, o domínio de cada agente


físico na faixa espectral de sua família;
 Reconhecer fontes potenciais dos agentes físicos do capítulo;
 Aplicar os limites de exposição correspondentes;
 Aplicar a legislação ocupacional pertinente;
 Enunciar as principais características de cada agente;
 Enunciar as medidas gerais de controle relativas a cada agente.

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Capítulo 1. Introdução aos Agentes Físicos 2

1.1. CONCEITUAÇÃO
Em última análise, todos os agentes físicos representam formas de energia,
dispersas no ambiente por sua geração inerente associada a sistemas ou equipamentos,
ou ainda por desvios ou vazamentos deles (controláveis ou não), que venham a interagir
com o homem em seu trabalho.

O organismo está exposto a ondas de natureza mecânica (ruído, ultrassom e


infrassom), forças ou esforços (vibrações mecânicas), interações elétricas, magnéticas e
eletromagnéticas (ionizantes e não ionizantes), partículas subatômicas (ionizantes),
interações térmicas diretas (calor e frio), variações de pressão. A ACGIH estende a
consideração de agentes físicos aos esforços repetitivos e levantamento de pesos, já no
campo da ergonomia. Esta grande família não tem fim, pois pesquisadores continuam
evidenciando partículas formadoras de partículas subatômicas (embora provavelmente
sem risco de exposição ocupacional).

1.2. CLASSIFICAÇÃO E CONSIDERAÇÕES INICIAIS


A classificação tradicional dos agentes físicos é:

 Ruído (ondas de pressão, ondas mecânicas);


 Interações Térmicas:
 Calor;
 Frio;
 Vibrações;
 Pressões Anormais;
 Radiações Eletromagnéticas.
 Ionizantes:
 Radiação ou partículas alfa, beta;
 Radiação gama;
 Raios X;
 Nêutrons.
 Não-Ionizantes:
 Radiofrequência e Micro-ondas;
 Radiação Infravermelha;
 Radiação Visível (LUZ);
 Radiação Ultravioleta;
 LASER e MASER.

Devemos agregar ainda, complementando as famílias:


 Infrassom, Ultrassom (ondas de pressão, mecânicas);
 Campos magnéticos estáticos;
 Campos elétricos estáticos.

Uma classificação sucinta do espectro eletromagnético é dada na Figura 1.1, como


aparece no livreto de limites de exposição da ACGIH (v. referências).

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 1. Introdução aos Agentes Físicos 3

Todos os agentes serão detalhados nos assuntos subsequentes, mas uma exceção
deve ser feita quanto às pressões anormais, pois não são em verdade do ofício da
higiene ocupacional. Essas exposições ocorrem em ambientes hipobáricos e hiperbáricos
(sendo mais frequentes e graves os do último caso).
Os ambientes hiperbáricos são aqueles representados por trabalhos em tubulões
ou caixões pneumáticos, ou ainda no mergulho subaquático. Pressões da ordem dos 4
kgf/cm2 (primeiros casos) até dezenas de kgf/cm2 (no mergulho profundo) submetem o
organismo a riscos de doenças específicas e acidentes descompressivos (com risco de
fatalidades). Todavia, não são do ofício da higiene no sentido que não existe o processo
de reconhecimento, avaliação e controle do agente na forma tradicional.
As variações de pressão são impostas pelo processo, e o controle dos tempos e
gradientes de pressão (compressivos e descompressivos) são a chave do controle, além
da grande supervisão médica necessária. São, portanto, medidas de controle
operacional, administrativo e médico que predominam, e a ação sobre o agente é
bastante relativizada. São em verdade um caso à parte nos agentes físicos.

Vale ainda comentar que em muitos “membros” das famílias de radiações existe
conhecimento ainda por se consolidar, e áreas polêmicas quanto a efeitos nocivos como
as linhas transmissão de alta tensão, os telefones celulares e suas antenas rádio base.
Neste último caso, é bom lembrar do alerta da OMS/IARC sobre o risco aumentado
de alguns tumores de cérebro vinculados à exposição a telefones celulares. Veja em
www.iarc.fr. Também há zonas de penumbra nos casos das reais potencialidades
carcinogênicas dessas radiações não ionizantes para outras situações.
Finalmente, vale lembrar que muitos dos membros dessas famílias não ap resentam
qualquer estímulo sensorial por ocasião da exposição, o que torna seu reconhecimento
difícil, aliado ao fato de muitos equipamentos industriais não apresentarem informações
“explícitas” sobre sua possível emissão.

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Capítulo 1. Introdução aos Agentes Físicos 4

Figura 1.1. O Espectro Eletromagnético e os TLVs relacionados.

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Capítulo 1. Introdução aos Agentes Físicos 5

1.3. TESTES
1. Qual dessas é uma Radiação Eletromagnética Ionizante?
a) Radiação Infravermelha.
b) Radiação Ultravioleta.
c) Radiação gama.
d) Laser.
e) Micro-ondas.
Feedback: item 1.2.

2. Todos os agentes físicos produzem efeitos sensoriais relevantes no momento da


exposição. Esta afirmação é:
a) Verdadeira.
b) Falsa.
Feedback: item 1.2.

3. Qual das situações abaixo corresponde a uma exposição a pressões acima da


atmosférica?
a) Viajar em avião não pressurizado.
b) Trabalhar ao nível do mar.
c) Escalar montanhas altíssimas.
d) Praticar mergulho submarino.
e) Andar de bicicleta em La Paz (Bolívia).
Feedback: item 1.2. “Os ambientes hiperbáricos são aqueles representados por

4. São exemplos de radiações não ionizantes:


a) Micro-ondas, raios X, luz visível.
b) Ultravioleta, radar, raios gama.
c) Elétrons, nêutrons, partículas alfa.
d) Radiofrequência, ultravioleta, luz visível.
e) Nêutrons, partículas beta, laser.
Feedback: item 1.2.

5. São exemplos de radiações ionizantes:


a) Micro-ondas, maser, raios X.
b) Luz visível, ultravioleta, infravermelho.
c) Partículas beta, nêutrons, partículas alfa.
d) Raios gama, laser, radiofrequência.
e) Luz visível, laser, maser.
Feedback: item 1.2.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
6

CAPÍTULO 2. AVALIAÇÃO E CONTROLE DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL


AO RUÍDO

OBJETIVOS DO ESTUDO

Ao final deste módulo, o aluno deverá estar apto a:

 Fornecer conceitos básicos sobre ruído, sua avaliação e aspectos técnico-legais


ocupacionais;
 Reconhecer a questão do ruído ambiental e a Norma NBR 10151;
 Apresentar os conceitos básicos sobre a atenuação de protetores auriculares.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
7

2.1. INTRODUÇÃO
O ruído é um dos principais agentes físicos presentes nos ambientes de trabalho,
em diversos tipos de instalações ou atividades profissionais. Por sua enorme ocorrência e
visto que os efeitos à saúde dos indivíduos expostos são consideráve is, é um dos
maiores focos de atenção dos higienistas e profissionais voltados para a segurança e
saúde do trabalhador.

2.2. GRANDEZAS, UNIDADES E EMBASAMENTO TEÓRICO INICIAL


2.2.1. SOM
Por definição, o som é uma variação da pressão atmosférica capaz de sensibilizar
nossos ouvidos.

Figura 2.1. Representação da variação da pressão atmosférica.

Esta variação de pressão pode ser representada sob a forma de ondas senoidais,
com as seguintes grandezas associadas:

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
8

Figura 2.2. Grandezas das ondas senoidais.

2.2.2. NÍVEL DE PRESSÃO SONORA – DECIBEL


Como os sons podem abarcar uma gama muito grande de variação de pressão
sonora (faixa dinâmica), que vai de 20 Pa até 200 Pa (Pa = Pascal), seria pouco prática
a construção de instrumentos para a indicação direta da pressão sonora. Quando a
grandeza varia muito na faixa de valores usuais, usa-se um artifício.
Para contornar este problema, utiliza-se uma escala logarítmica de relação de
grandezas, o decibel (dB).
O decibel não é uma unidade em si, e sim uma relação adimensional definida pela
seguinte equação:

P
L = 20.log
Po
Sendo:
L = nível de pressão sonora (dB)
Po = pressão sonora de referência, por convenção, 20 Pa
P= Pressão sonora encontrada no ambiente (Pa)

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
9

Para pensar:
Quantos dB seriam indicados para uma pressão sonora de 20 Pa? (limiar
aproximado da audição).
Quantos seriam lidos para uma pressão sonora de 200 Pa? (limiar de audição
acompanhada de dor).

OBSERVAÇÃO: Ao se utilizar o dB fala-se "nível de pressão sonora".


Rigorosamente falando, dever-se-ia sempre indicar o valor de referência (20 Pa). Por
exemplo, 90 dB a 20 Pa (também se usa 90 dB e 20 Pa). Isto não é realmente feito,
pois a referência é universal no caso das avaliações de ruído.
Outros: "dB" - O uso do dB se estende a toda grandeza que varia muito, como
potências elétricas e eletromagnéticas. Mesmo na acústica, há referências diferentes, por
exemplo, no caso da audiometria.

 A 
Nota 2.1. Usando a equação básica: dB  10  log   , exprimir em dB a atenuação
 A0 
que a tela protetora da porta do forno de micro-ondas oferece, se o valor atenuado (após
a tela) é 100.000 vezes menor que o valor interno, sendo este a referência.

Resposta:

 10 5  A 
dB  10  log    50 dB
 A0 

Ou seja, a tela atenua 50 dB (esta é a atenuação real para o caso de fornos de

micro-ondas).

A seguir é apresentada uma ilustração comparativa entre situações práticas de


ruído e os níveis em dB.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
10

Figura 2.3. Situações práticas de ruído e os níveis em dB.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
11

2.2.3. GRANDEZAS E DEFINIÇÕES ASSOCIADAS AO SOM/RUÍDO


 Amplitude (A) – é o valor máximo, considerado a partir de um ponto de
equilíbrio, atingido pela pressão sonora. A intensidade da pressão sonora é a
determinante do “volume” que se ouve;
 Comprimento de Onda () – é a distância percorrida para que a oscilação repita
a situação imediatamente anterior em amplitude e fase, ou seja, repita o ciclo;
 Período (T) – é o tempo gasto para se completar um ciclo de oscilação.
Invertendo-se este parâmetro (1/T), se obtém a frequência (f);
 Frequência (f) – é o número de vezes que a oscilação é repetida numa unidade
de tempo. É dada em Hertz (Hz) ou ciclos por segundos (CPS). As frequências
baixas são representadas por sons graves, enquanto que as frequências altas
são representadas por sons agudos;
 Tom Puro: é o som que possui apenas uma frequência. Por exemplo: Diapasão,
gerador de áudio;
 Ruído: É um conjunto de tons não coordenados. As frequências componentes
não guardam relação harmônica entre si. São sons “não gratos” que nos
causam incômodo, desconforto. Um espectro de ruído industrial pode conter
praticamente todas as frequências audíveis.

2.2.4. "COMBINANDO" VALORES EM DECIBEL


Como o decibel não é linear, não pode ser somado ou subtraído algebricamente.
Para se somar dois níveis de ruído em dB, o caminho natural seria transformar cada um
em Pascal, através da fórmula já representada, então somar -se-iam algebricamente e, ao
final, o resultado seria transformado de Pascal para dB. Este método não é prático,
apesar de correto. A fórmula genérica para a combinação de "n" níveis em dB é:
Li
Ln= 10 log ( i1 10 )
n
10

Para uma maior agilidade na combinação de níveis em dB, utiliza -se a tabela 2.1.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
12

Tabela 2.1. Diferença entre níveis e a quantidade a ser adicionada ao maior nível.

Diferença entre níveis Quantidade a ser adicionada ao


(dB) nível maior (dB)
0,0 3,0
0,2 2,9
0,4 2,8
0,6 2,7
0,8 2,6
1,0 2,5
1,5 2,3
2,0 2,1
2,5 2,0
3,0 1,8
3,5 1,6
4,0 1,5
4,5 1,3
5,0 1,2
5,5 1,1
6,0 1,0
6,5 0,9
7,0 0,8
7,5 0,7
8,0 0,6
9,0 0,5
10,0 0,4
11,0 0,3
13,0 0,2
15,0 0,1

Nota: para diferenças superiores a 15, considerar um acréscimo igual a zero,


ou seja, prevalece apenas o maior nível.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
13

Quadro 2.1. Combinação de níveis em dB


Combine:

95 & 95 = 98 dB

95 & 90 = 96,2 dB

95 & 85 = 95,4 dB

95 & 75 = 95 dB

Aspectos Práticos:
 Cada 3 dB a mais ou a menos no nível significam o dobro ou a metade da
potência sonora;
 Fontes mais de 10 dB abaixo de outras (num certo ponto de medição) são
praticamente desprezíveis;
 A fonte mais intensa é a que "manda" no ruído total em um certo ponto.

2.2.5. AUDIBILIDADE / SENSAÇÃO SONORA


Tendo em vista que o parâmetro estudado é a pressão sonora, que é uma variação
de pressão no meio de propagação, deve ser observado que variações de pressão como
a da pressão atmosférica são muito lentas para serem detectadas pelo ouvido humano.
Porém, se essas variações se processam mais rapidamente – no mínimo 20 vezes por
segundo (20 Hz) – elas podem ser ouvidas.
O ouvido humano responde a uma larga faixa de frequências (faixa audível), que
vai de 16-20 Hz a 16-20 kHz. Fora desta faixa o ouvido humano é insensível ao som
correspondente. Estudos demonstram que o ouvido humano não responde linearmente
às diversas frequências, ou seja, para certas faixas de frequências ele é mais ou menos
sensível.
Um dos estudos mais importantes que revelaram tal não-linearidade foi a
experiência realizada por Fletcher e Munson nos anos 30, que resultaram nas curvas
isoaudíveis.
Para compensar essa peculiaridade do ouvido humano, foram introduzidos nos
medidores de nível sonoro filtros eletrônicos com a finalidade de aproximar a resposta do
instrumento à resposta do ouvido humano. São chamadas “Curvas de Ponderação ou de
Compensação” (A,B,C). Vide ilustração a seguir.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
14

Figura 2.4. Curvas de ponderação ou de compensação.

Destas curvas, a curva “A” é a que melhor correlaciona Nível Sonoro com
Probabilidade de Dano Auditivo. Portanto é a comumente utilizada em avaliação de ruído
industrial.
Observar: o dB "compensado" funciona como uma avaliação "subjetiva" ou do risco
ao homem; o dB (linear) é uma avaliação objetiva do ruído no ambiente e é importante
para se conhecer uma fonte de ruído.

Quadro 2.2. Um tom puro de 100 Hz é medido por um medidor nos circuitos A, B, C e
linear. Que valores serão lidos?

Resposta:

LINEAR) VALOR REAL (OBJETIVO)

C) MESMO VALOR

B) -5dB

A) -20dB

OBS: VEJA AS CURVAS DE COMPENSAÇÃO NA FIGURA 2.4.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
15

O mesmo vai ser feito para um tom puro de 1000 Hz. Que valores serão lidos?

Resposta: TODOS OS VALORES SERÃO IGUAIS

Se você fabricasse um calibrador de ruído de tom puro, que frequência selecionaria?

Resposta:

1000 Hz PARA PODER CALIBRAR EM TODAS AS ESCALAS.

2.2.6. RESPOSTAS DINÂMICAS


Os medidores de ruído dispõem de padrões para as velocidades de respostas, de
acordo com o tipo de ruído a ser medido e os objetivos da avaliação. A diferença entre
tais respostas está no tempo de integração do sinal, ou constante de tempo.
 “Slow” – resposta lenta – avaliação ocupacional de ruídos contínuos ou
intermitentes, avaliação de fontes não estáveis;
 “Fast” – resposta rápida – avaliação ocupacional legal de ruído de impacto (com
ponderação dB (C)), calibração;
 “Impulse” – resposta de impulso – para avaliação ocupacional legal de ruído de
impacto (com ponderação linear).

2.2.7. VALOR EFICAZ (RMS)


Na representação gráfica em onda senoidal, os valores máximos e mínimos
atingidos pela mesma são os valores de pico. Tomando-se toda a amplitude (positiva e
negativa) da onda, temos o valor pico a pico. No caso da avaliação de ruído, o que
interessa é o valor eficaz desta onda, uma vez que o valor médio entre semiciclo positivo
e negativo seria zero. O valor eficaz é uma média quadrática (“root mean square” –
RMS).

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
16

Figura 2.5. Representação dos valores de pico e do valor eficaz.

Para uma senóide, o valor RMS é 0,707 do valor de pico. O valor de pico, 1,414
vezes o RMS (raiz de 2). Em dB, o valor de pico está 3 dB acima do valor RMS. Estas
relações só valem para sons senoidais (tons puros). Para um ruído qualquer, a relação
deve ser medida (não pode ser prevista). Notar ainda: Os aparelhos de medição
convencional sempre estão medindo o valor RMS corrente. Este valor pode apresentar
máximos (dependendo da fonte de ruído) e mínimos. Esse máximos não devem ser
chamados de "picos", pois o valor de pico é uma designação específica, o maior valor da
pressão sonora ocorrido no intervalo de medição (há medidores especiais para isso).

2.2.8. DETERMINAÇÃO DE NÍVEL DE RUÍDO DE FONTE EM PRESENÇA DE RUÍDO


DE FUNDO
Ruído de Fundo: é o ruído de todas as fontes secundárias, ou seja, quando
estamos estudando o ruído de uma determinada fonte num ambiente, o ruído emitido
pelas demais é considerado ruído de fundo.
A maneira natural de se realizar tal determinação seria desativar as demais fontes,
ou seja, eliminar todo o ruído de fundo e fazer a medição apenas da fonte de interesse.
Contudo, tal procedimento nem sempre é simples ou viável, na prática. Sendo assim,
pode ser utilizado o conceito da "subtração" de dB, através da qual se determina o nível
da fonte a partir do conhecimento do “decréscimo” global advindo da desativação da
fonte de interesse. São utilizadas as terminologias e o gráfico abaixo:

Ls+n= ruído total (fonte e fundo) Exemplo: Ls+n=60 dB e Ln=53 dB


Ln= ruído de fundo Ls+n-Ln=7 dB - L=1 dB
Ls= ruído da fonte Ls=Ls+n -L = 60-1 = 59dB
Ls = Ls+n - L

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
17

Figura 2.6. Decréscimo global advindo da desativação da fonte de interesse.

Aspectos práticos:
 Se desligada a fonte, o ruído total se altera pouco, ela é pouco importante;
 Se desligada a fonte, o ruído total cai muito, a fonte é quem "manda" no ruído
total (naquele ponto de medição).

2.3. AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO RUÍDO


2.3.1. ASPECTOS TÉCNICO-LEGAIS
De acordo com a Legislação Brasileira, através da Portaria 3214/78 do Ministério do
Trabalho - NR 15, Anexo 1, os Limites de Tolerância para exposição a ruído contínuo ou
intermitente são representados por níveis máximos permitidos, segundo o tempo diário
de exposição, ou, alternativamente, por tempos máximos de exposição diária em função
dos níveis de ruído existentes. Estes níveis serão medidos em dB(A), resposta lenta. A
Tabela 2 da NR 15 da supracitada Portaria é reproduzida a seguir:

Tabela 2.2. NR 15 - Limites de Tolerância para Ruído contínuo ou intermitente.

Nível de Ruído dB (A) Máxima Exposição Diária Permissível


85 8 horas
86 7 horas
87 6 horas
88 5 horas
89 4 horas e 30 minutos
90 4 horas
91 3 horas e 30 minutos
92 3 horas
93 2 horas e 40 minutos
94 2 horas e 15 minutos
95 2 horas
96 1 hora e 45 minutos

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
18

98 1 hora e 15 minutos
100 1 hora
102 45 minutos
104 35 minutos
105 30 minutos
106 25 minutos
108 20 minutos
110 15 minutos
112 10 minutos
114 08 minutos
115 * 07 minutos
*As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou
intermitente, superiores a 115 dB (A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e iminente.

Quadro 2.3. Se em um dado ponto o ruído de fundo é de 82 dBA, qual o máximo valor
de uma nova fonte a ser colocada nesse ponto, sem que se exceda o nível permissível
para 8 horas diárias?

Observação: O nível permissível para 8 horas diárias é de 85 dBA (tabela 2.2.).


Resposta:

Qual será o nível que combinado com um nível de 82 resulta em 85 dBA?

Lembrete: A soma de duas fontes com níveis iguais resulta sempre num

acréscimo de 3 dB ao valor de qualquer uma das fontes.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
19

2.3.2. DOSE DE RUÍDO


Os limites de tolerância fixam tempos máximos de exposição para determinados
níveis de ruído. Porém, sabe-se que praticamente não existem tarefas profissionais nas
quais o indivíduo é exposto a um único e perfeitamente constante nível de ruído durante
a jornada. O que ocorre são exposições por tempos variados a níveis de ruído variados.
Para quantificar tais exposições utiliza-se o conceito da DOSE, resultando em uma
ponderação para cada diferentes situações acústicas, de acordo com o tempo de
exposição e o tempo máximo permitido, de forma cumulativa na jornada .
Calcula-se a dose de ruído da seguinte maneira:
D = Te1 / Tp1 + Te2/Tp2 + ..... Tei / Tpi + ...... + Ten /Tpn
Onde:
D= dose de ruído
Tei= tempo de exposição a um determinado nível (i)
Tpi= tempo de exposição permitido pela legislação para o mesmo nível (i)

Com o cálculo da dose, é possível determinar a exposição do indivíduo em toda a


jornada de trabalho, de forma cumulativa.
Se o valor da dose for menor ou igual à unidade (1), ou 100%, a exposição é
admissível. Se o valor da dose for maior que 1 ou 100%, a exposição ultrapassou o l imite,
não sendo admissível. Exposições inaceitáveis denotam risco potencial de surdez
ocupacional e exigem medidas de controle.

Aspectos práticos.
 A dose de ruído diária é o verdadeiro limite de tolerância (técnico e legal);
 A dose diária não pode ultrapassar a unidade ou 100%, seja qual for o tamanho
da jornada;
 A dose de ruído é proporcional ao tempo: sob as mesmas condições de
exposição, o dobro do tempo significa o dobro da dose, etc.;
 Quanto mais alto o nível de um certo ruído e quanto maior o tempo de
exposição a esse nível, maior sua importância na dose diária;
 Devemos reduzir os tempos de exposição aos níveis mais elevados, para
assegurar boas reduções nas doses diárias;
 Toda exposição desnecessária ao ruído deve ser evitada.

Deve ser ressaltado que em casos de avaliação de doses em tempos inferiores aos
da jornada, o valor da dose pode ser obtido através de extrapolação linear simples (regra
de três), como no exemplo:

Tempo de avaliação = 6h 30 min; dose obtida = 87 % p/ jornada de 8 horas:


6,5 87
87x8
8,0 DJ DJ = = 107%
6,5

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
20

Todavia, essa extrapolação pressupõe que a amostra feita foi representativa .

Nota 2.2. Numa determinada indústria, a exposição o operador de campo A é a


seguinte:

Nível de ruído junto à zona Tempo de exposição


auditiva (dBA) diária (horas)
85 6
90 2

A exposição ultrapassa o limite de tolerância?

Resposta:

Pela tabela 2.2, os limites para 85 dB (A) e 90BdB(A) são respectivamente 8

e 4 horas. Portanto a dose de ruído será:

6 2
D   1,25 ou 125%
8 4

O limite será excedido se a soma ultrapassar 1.

Portanto:

1,25 > 1 LIMITE EXCEDIDO

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
21

Nota 2.3. Na mesma empresa, o operador B possui o seguinte perfil de exposição:

Nível de ruído junto à zona Tempo de exposição


auditiva (dBA) diária (horas)
85 4
95 1
68 1
90 2

A exposição ultrapassa o limite de tolerância?

Resposta:

Pela tabela 2.2., temos que o limite para 85, 90 e 95 dB são, respectivamente,

8, 4 e 2 horas. Assim:

4 2 1
D    1,5 ou 150%
8 4 2

Portanto, excede o limite.

NOTA: Nos cálculos de dose só são levados em conta valores iguais ou superiores

a 80 dBA. Esta orientação é uma recomendação da OSHA (legislação norte -

americana), NIOSH (entidade de estudos e pesquisas, governamental, norte –

americana) e da NHO-01 (norma ocupacional da Fundacentro, autarquia dedicada a

estudos e pesquisas do Ministério do Tr abalho e Emprego).

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
22

Nota 2.4.
A) O mecânico de manutenção possui o seguinte perfil de exposição:

Nível de ruído junto à zona Tempo de exposição


auditiva (dBA) diária (horas)
100 1
95 0,5
85 6
75 0,5

Qual sua dose de ruído?

Resposta:

Pela tabela 2.2, temos que o limite para 85, 95 e 100 dB são, respectivamente,

8, 2 e 1 horas:

6 0,5 1
D    2 ou 200%
8 2 1

B) Na mesma empresa, porém em outro setor, há um operador de extrusora que se


expõe a um nível único de 90 dB (A) por toda sua jornada de 8 horas. Qual sua dose?

Resposta:

Utilizando a mesma tabela 2.2., o limite para 90 dB (A) é de 4 horas. Portanto:

8
D 2
4

Ou seja, 200%

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
23

Quadro 2.4. Se um trabalhador fica exposto por 5 horas a 86 dBA, qual o tempo
máximo que poderá ficar exposto a 97 dBA, sem exceder a dose diária?

Se sua jornada é de 8 horas, a dose seria ultrapassada?

Resposta:

5 𝑥
𝐷= + =1
7 1,51

x = 0,43 horas ou

x = 26 minutos

COMO A DOSE FOI ATINGIDA (1) ÀS 5H 21MIN DE JORNADA, SE A JORNADA

TOTAL É DE 8 HORAS A DOSE SERÁ ULTRAPASSADA.

2.3.3. NÍVEL MÉDIO (LAVG)


É o nível ponderado sobre o período de medição, que pode ser considerado como
nível de pressão sonora contínuo, em regime permanente, que produziria a mesma dose
de exposição que o ruído real, flutuante, no mesmo período de tempo. No caso dos
limites de tolerância NR 15, a fórmula simplificada de cálculo é:
Lav g = 80+16,61 log (0,16 CD/TM)
Sendo:
TM= (tempo de amostragem (horas decimais))
CD= contagem da dose (porcentagem)

Quadro 2.5. A fórmula do tempo permitido a um certo nível de ruído (Anexo 1 da NR 15)
é dada por

16
Tempo permitido  L 80
( )
2 5

Calcule os tempos permitidos para nos níveis de 80 a 84 dBA, não presentes na


tabela da NR-15.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
24

Resposta:

 Para um nível de 80 dB (A), temos que:

Tempo permitido

 Para um nível de 81 dB (A), temos que:

Tempo permitido (13 horas e 55 minutos)

 Para um nível de 82 dB (A), temos que:

Tempo permitido (12 horas e 8 minutos)

 Para um nível de 83 dB (A), temos que:

Tempo permitido (10 horas e 33 minutos)

 Para um nível de 84 dB (A), temos que:

Tempo permitido

(9 horas e 11 minutos)

2.3.4. DOSIMETRIA DE RUÍDO


Dificilmente na prática se observam exposições a poucos níveis discretos e bem
diferenciados, facilitando o cálculo manual da dose. O que se observará frequentemente
é uma exposição a níveis de ruído que oscilam muito rapidamente, com difícil obtenção

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
25

de dados relativos aos tempos de exposição correspondentes. Para se obter uma dose
representativa, torna-se necessário o uso de um dosímetro.
Em suma, o dosímetro é um instrumento que será instalado em determinado
indivíduo e fará o trabalho de obtenção da dose (integração no tempo), acompanhando
todas as situações de exposição experimentadas pelo mesmo, informando em seu
"display" o valor da dose acumulado ao final da jornada, bem como vários outros
parâmetros, tais como Nível Médio (Lavg), Nível Máximo etc.

Figura 2.8. Funcionário com dosímetro de ruído


Figura 2.7. Dosímetro de Ruído.
instalado no bolso, e microfone fixado junto à
zona auditiva.

2.4. EXERCÍCIOS
1) A fórmula do tempo permitido a um certo nível de ruído (Anexo 1 da NR 15) é
dada por:

Tempo permitido = 16 / 2 (L-80)/5

Calcule os tempos permitidos para os níveis de 80 e 84dBA, não presentes na


tabela.
Resposta:
Para um nivel de 80 dB(A), temos que:
tempo permitido = 16 / {2 [(80-80)/5]} = 16 horas
Para um nivel de 84 dB(A), temos que:
tempo permitido = 16 / {2 [(84-80)/5]} = 9,1896 horas
9,1896 horas = 9 horas e 0,1896*60 = 11 minutos.
Ou seja 9 horas e 11 minutos.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
26

2) Se um trabalhador fica exposto por 5 horas a 86 dBA, qual o tempo máximo que
poderá ficar exposto a 97 dBA* , sem exceder a dose diária? Se sua jornada é de 8
horas, a dose seria ultrapassada?
Resposta:
D = 5/7 + x/1,25 = 1 >>>> x=0,36 h ou 21 min
*Obs: deve ser aproximado para 98 dBA para ter maior segurança.
COMO A DOSE FOI ATINGIDA (1) ÀS 5H 21MIN DE JORNADA, SE A
JORNADA TOTAL É DE 8 HORAS A DOSE SERÁ ULTRAPASSADA.
3) Qual o nível médio de exposição que um trabalhador está submetido se a
dosimetria de jornada é de 344% e sua jornada é de 6 horas?
Resposta:
Lavg = 80 + 16,61 Log (0,16 . CD/TM)
Lavg = 80 + 16,61 Log (0,16 . 344 / 6) ≈ 96 dBA

4) Qual o nível médio permissível para uma exposição que respeite o limite de
tolerância, em uma jornada de 6 horas? E de 7 horas? E de 4 horas? Quais as
doses máximas permitidas nesses casos? O que se conclui?
Resposta:
6h - 87 dBA
7h - 86 dBA
4h - 90 dBA
EM TODOS OS CASOS A DOSE MÁXIMA PERMISSÍVEL É DE 100 %
PARA QUE O NÍVEL MÉDIO SEJA REPRESENTATIVO DA EXPOSIÇÃO, É
NECESSÁRIO CONHECER A DURAÇÃO DA JORNADA.
NO CASO DA DOSE, NÃO É NECESSÁRIO, POIS A DOSE É UM INDICADOR
ABSOLUTO.

5) Se em um dado ponto o ruído de fundo é de 82 dBA, qual o máximo valor de


uma nova fonte a ser colocada nesse ponto, sem que se exceda o nível
permissível para 8 horas diárias?
Resposta:
8 HORAS DIÁRIAS = 85 .dBA >>>>> QUE SERÁ A COMBINAÇÃO DE UM
NÍVEL DE 82 COM OUTRO DE ? 82! 82 “+” 82” = 85

6) Um tom puro de 100 Hz é medido por um medidor nos circuitos A, B,C e linear.
Que valores serão lidos?
Resposta:
LINEAR - VALOR REAL (OBJETIVO)
C - MESMO VALOR
B - -5 .dB
A - -20 .dB
VEJA AS CURVAS DE COMPENSAÇÃO.

7) O mesmo vai ser feito para um tom puro de 1000 Hz. Que valores serão lidos?
Resposta:
TODOS OS VALORES SERÃO IGUAIS.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
27

8) Se você fabricasse um calibrador de ruído de tom puro, que frequência


selecionaria ?
Resposta:
1000 Hz PARA PODER CALIBRAR EM TODAS AS ESCALAS.

9) A fórmula da intensidade sonora em um dado ponto, para uma fonte pontual em


espaço aberto, é I = W/4r2 , onde W é a potência sonora da fonte e r a distância
da fonte ao ponto em que se deseja a intensidade. Se a distância à fonte é
dobrada, qual a nova intensidade? Se dB=10 log I/Io, em quantos dB se reduziu
a intensidade? Se a relação entre a pressão sonora e a intensidade é I = k p 2, onde
k é constante, qual a variação no nível de pressão sonora, em dB? Se a potência
sonora dobrar, como fica o novo nível de pressão sonora?

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
28

2.5. NORMA BRASILEIRA NBR 1051 – CONTEXTO E APLICAÇÃO


2.5.1 EFEITOS
Poluição sonora é um dos maiores causadores de estresse na vida moderna e um
dos problemas urbanos contemporâneos mais graves. É a terceira maior poluição
ambiental segundo a OMS.
O início do estresse auditivo é observado para exposições a níveis de pressão
sonora a partir de 55 dB(10).
Em condições de silêncio, o sono apresenta uma qualidade maior. Na medida em
que o ruído aumenta, o organismo, mesmo dormindo, começa a manifestar gradualmente
seu alerta. A partir do valor médio de 35 dB(A) verificam-se mudanças nas reações
vegetativas, no eletroencefalograma e na estrutura do sono, ficando o mesmo mais
superficial. Quando o ruído de fundo atinge 65 dB(A), os reflexos protetores do ouvido
médio parecem entrar em ação, anulando em parte a audição e propiciando insegurança
pela perda da vigília. Este aspecto é evidenciado por uma reação de maior latência para
dormir. Devido a isto, provavelmente a 75 dB(A) de ruído de fundo a qualidade do sono
se recupera parcialmente, porém é inferior àquela observada a níveis mais silenciosos. A
poluição sonora reduz significantemente a qualidade absoluta do sono, implicando na
diminuição do desempenho físico, mental, psicológico e perda provável da alerta
auditivo(9).
No estado de vigília, um ruído com nível equivalente de até 50 dB(A) pode
perturbar, mas é adaptável. A partir de 55 dB(A) pode provocar estresse leve, gerar
dependência e desconforto. O estresse degradativo do organismo começa por volta de
65 dB(A) com desequilíbrio bioquímico, aumentando certos riscos (infarte, derrame
cerebral, infecções, etc.) (9) .
Exposições ao ruído podem aumentar a pressão sanguínea, o ritmo cardíaco e as
contrações musculares. São capazes de interromper a digestão, as contrações do
estômago, o fluxo da saliva e dos sucos gástricos. Induzem uma maior produção de
adrenalina e outros hormônios, aumentando, no sangue, o fluxo de ácidos graxos e
glicose. Exposições prolongadas e habituais ao ruído intenso podem produzir mudanças
fisiológicas mais duradouras e até mesmo permanentes, incluindo desordens
cardiovasculares, de ouvido-nariz-garganta e em menor grau, alterações sensíveis na
secreção de hormônios, nas funções gástricas, físicas e cerebrais(5).
Em trabalhadores com casos de estresse crônico (permanente), te m sido
constatado efeitos psicológicos, distúrbios neurovegetativos, náuseas, cefaléias,
irritabilidade, instabilidade emocional, redução da libido, nervosismo, ansiedade,
hipertensão, perda de apetite, sonolência, insônia, aumento de prevalência de úlcera s,
consumo de tranquilizantes, perturbações labirínticas, fadiga, aumento do número
de acidentes, de consultas médicas e do absenteísmo(5).
Em certos tipos de atividades de longa duração que requerem muita atenção e se
desenvolvem de forma contínua, um nível acima de 90 dB afeta desfavoravelmente a
produtividade e a qualidade do produto. Estima-se que um indivíduo normal precisa
gastar aproximadamente 20% de energia extra para realizar uma tarefa sob efeito de um
ruído intenso considerado perturbador.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
29

A surdez ocupacional induzida pelo ruído depende de características ligadas ao


homem (susceptibilidade individual), ao meio, ao agente (tipo de ruído, frequências,
duração, pausas, etc.) e ao tempo de exposição. A ocorrência da surdez profissional está
relacionada à exposição ao ruído intenso e durante um longo período, estando os dois
fatores interligados. As perdas auditivas causadas pelo ruído excessivo podem ser
divididas em três tipos:
a) Trauma Acústico - perda auditiva de ocorrência repentina, causada pela
perfuração do tímpano acompanhada ou não da desarticulação dos ossículos
do ouvido médio, ocorrida geralmente após a exposição a ruído de impacto de
grande intensidade (tiro, explosão, etc.) com grandes deslocamentos de ar.
b) Surdez temporária - também denominada de mudança temporária do limiar
auditivo, ocorre após uma exposição a um ruído intenso, por um curto período
de tempo.
c) Surdez permanente - A exposição repetida dia após dia, a um ruído excessivo,
podendo levar o indivíduo a uma surdez permanente.

2.5.2. ASPECTOS LEGAIS


A Poluição Sonora é ocasionada pelo excesso de ruído gerado pela circulação de
veículos, comércio, industrias, aeroportos, e sua má localização. A necessidade de
criação de um programa que estabelecesse normas, métodos e ações para co ntrolar o
ruído excessivo e seus reflexos sobre a saúde e bem estar da população em geral, levou
o governo federal a criar o Programa Nacional de Educação e Controle da Poluição
Sonora - Silêncio, instituído pelo CONAMA por meio das Resoluções 01/90 e 02/90, sob
a coordenação do IBAMA. Os objetivos do programa são (4)(6):
Capacitação técnica e logística de pessoal nos órgãos de meio ambiente estaduais
e municipais em todo o país;
Divulgação, junto à população, de matéria educativa e conscientizadora dos efeitos
prejudiciais e introdução do tema "Poluição Sonora" nos currículos escolares de
2º grau;
Incentivo à fabricação e uso de máquinas e equipamentos com níveis mais baixos
de ruído operacional;
O estabelecimento de convênios, contratos e atividades afins com órgãos e
entidades que possam contribuir para o desenvolvimento do Programa.
Merece também destaque a criação do Selo Ruído (6) cujo objetivo é fornecer ao
consumidor informações sobre o ruído emitido por eletrodomésticos, brinquedos,
máquinas e motores, a fim de permitir a seleção de produtos mais silenciosos, e
incentivar a sua fabricação.
A seguir, relacionamos as legislações federais que versam sobre o tema:
Resolução CONAMA nº 1/90 - Estabelece critérios, padrões, diretrizes e normas
reguladoras da poluição sonora;
Resolução CONAMA nº 2/90 - Estabelece normas, métodos e ações para controlar
o ruído excessivo que possa interferir na saúde e bem-estar da população;

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
30

Resolução CONAMA nº 1/93 – Estabelece para os veículos automotores nacionais


e importados, exceto motocicletas, motonetas ciclomotores, bicicletas com
motor auxiliar e veículos assemelhados, limites máximos de ruído com veículos
em aceleração e na condição parado;
Resolução CONAMA nº 2/93 - Estabelece para motocicletas, motonetas, triciclos,
ciclomotores, bicicletas com motor auxiliar e veículos assemelhados, nacionais
ou importados, limites máximos de ruído com o veículo em aceleração e na
condição parado;
Resolução CONAMA nº 8/93 - Estabelece a compatibilização dos cronogramas de
implantação dos limites de emissão dos gases de escapamento com os de ruído
dos veículos pesados no ciclo Diesel, estabelecidos na Resolução CONAMA nº
1/93;
Resolução CONAMA nº 20/94 - Institui o Selo Ruído como forma de indicação do
nível de potência sonora medida em decibel, dB(A), de uso obrigatório a partir
desta Resolução para aparelhos eletrodomésticos, que venham a ser
produzidos, importados e que gerem ruído no seu funcionamento;
Resolução CONAMA nº 17/95 - Ratifica os limites máximos de ruído e o
cronograma para seu atendimento determinados no artigo 2º da Resolução
CONAMA nº 08/93, excetuada a exigência estabelecida para a data de 1º de
janeiro de 1996.
Além das Legislações Federais sobre tema, existem diversos instrumentos Legais
nos âmbitos estaduais e municipais. Particularmente no estado de São Paulo,
destacamos o programa criado pela Prefeitura de São Paulo. A multiplicidade de
estabelecimentos geradores de poluição sonora motivou a Administração Municipal a
controlar e disciplinar esse tipo de atividade, adotando medidas para preservar o sossego
público e garantir a qualidade de vida por meio da proteção do meio ambiente. A ação
fiscalizadora como meio de controle e combate à poluição sonora originou o PROGRAMA
SILÊNCIO URBANO – PSIU.
Esse programa foi criado pelo Decreto 34.569 de 06 de outubro de 1994 e
reestruturado pelo Decreto 35.928 de 06 de março de 1996. Sua finalidade principal é
coibir a emissão excessiva de ruídos produzidos em quaisquer atividades comerciais
exercidas em ambiente confinado e que possa causar incômodo e interferir na saúde e
no bem estar dos munícipes, de acordo com as disposições da Lei 11.501/94 alterada
pela Lei 11.986/96. Iniciando suas atividades ligada à Secretaria Municipal do Meio
Ambiente, a coordenação do programa passou a ser feita pela Secretaria Municipal de
Abastecimento (SEMAB), em 29 de fevereiro de 1996, através do Decreto 35.919.
O PSIU recebe uma grande quantidade de reclamações por mês. Os responsáveis
pelos estabelecimentos denunciados são oficiados e posteriormente intimados a
comparecer a SEMAB, para serem orientados a sanar as irregular idades constatadas.
Persistindo as reclamações, o estabelecimento será vistoriado e, confirmado o problema,
sofrerá as penalidades previstas pela lei.
Se forem constatadas durante uma vistoria a emissão excessiva de ruído e a falta
de licença de funcionamento, o estabelecimento será multado. A persistência da
irregularidade ocasionará nova multa e o fechamento administrativo. O PSIU exerce
controle e fiscalização em locais confinados, cobertos ou não, que possam emitir ruídos

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
31

excessivos, de maneira constante e permanente. Desse modo, pode-se receber


denúncias de estabelecimentos como: templos religiosos, salas de reuniões, oficinas,
bares, padarias, boates, salões de festas, restaurantes, pizzarias, casas de espetáculos,
indústrias e de todo o local sujeito à licença de funcionamento, que possa produzir
barulho.
Particularmente em relação às Legislações Federais destacamos três tópicos
contidos na RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, de 08 de março de 1990:
I - A emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer atividades industriais,
comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda política, obedecerá, no
interesse da saúde, do sossego público, aos padrões, critérios e diretrizes
estabelecidos nesta Resolução.
II - São prejudiciais à saúde e ao sossego público, para os fins do item anterior os
ruídos com níveis superiores aos considerados aceitáveis pela norma NBR 10151 -
Acústica — Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em áreas habitadas —
Aplicação de uso geral.
III - Na execução dos projetos de construção ou de reformas de edificações para
atividades heterogêneas, o nível de som produzido por uma delas não poderá ultrapassar
os níveis estabelecidos pela NBR 10152 – Acústica — Níveis de pressão sonora em
ambientes internos a edificações.
Os itens apresentados anteriormente citam as referências normativas que contêm
as condições exigíveis para avaliação da aceitabilidade do ruído em comunidades,
especificando método para a medição do ruído e a fixação dos níveis de ruído
considerados compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos.
A Norma Regulamentadora NR-17 do Ministério do Trabalho e Emprego (8) (MTE)
que trata sobre “ERGONOMIA” também dispõe sobre conforto acústico. Nela, são
apresentadas recomendações para níveis de conforto acústico, sendo referendada a
norma NBR 10152. A seguir apresentamos um excerto da NR-17 com tais
recomendações.
Item 17.5.2. da NR-17 - Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que
exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle,
laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros,
são recomendadas as seguintes condições de conforto:
a) Níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira
registrada no INMETRO;
b) Índice de temperatura efetiva entre 20ºC (vinte) e 23ºC (vinte e três graus
centígrados);
c) Velocidade do ar não superior a 0,75m/s;
d) Umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento.
Item 17.5.2.1. da NR-17 - Para as atividades que possuam as características
definidas no sub item 17.5.2, mas não apresentam equivalência ou correlação com
aquelas relacionadas na NBR 10152, o nível de ruído aceitável para efeito de conforto
será de até 65 dB (A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não sup erior a 60 dB.
Para os trabalhadores expostos ao ruído, ultrapassadas as condições de conforto
acústico, a exposição ocupacional ao ruído pode ser considerada como atividade

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
32

insalubre podendo ocasionar perda auditiva, caso sejam excedidos os limites previstos na
NR-15.
A Legislação Brasileira considera como insalubres as atividades ou operações que
impliquem em exposições a níveis de ruído contínuo ou intermitente por tempos
superiores aos limites de tolerância fixados pela Norma Regulamentadora NR -15(7),
anexo I, da Portaria nº 3214 de 08/06/1978, da SSMT/MTE (Ministério do Trabalho e
Emprego).

2.5.3. PRINCIPAIS ASPECTOS DA NBR 10151


O método de avaliação envolve as medições do nível de pressão sonora
equivalente (L Aeq, T), em decibéis ponderados segundo a curva “A”, integrado em um
intervalo de tempo T para ruídos sem característica especial. Esta curva tem por objetivo
adequar a resposta do medidor em relação à resposta em frequência do ouvido humano.
Define: nível de pressão sonora equivalente (L Aeq, T), nível de pressão sonora total e
residual, ruído com características especiais, ou seja, de caráter impulsivo ou ruído com
componentes tonais.
EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO: medidor e calibrador - mínimo tipo 2 – com
certificado de calibração pela Rede Brasileira de Calibração (RBC) ou INMETRO.
As avaliações de nível de pressão sonora devem ser feitas em dB(A) para ruído
sem características especiais. Nos demais casos, quando forem necessárias medidas
para correção ou redução do nível sonoro, serão feitas medições complementares com
análises de frequências (espectros em bandas de oitava).

O nível de ruído residual é aquele existente na ausência da fonte sonora em


questão.

Em qualquer caso, os ruídos considerados intrusivos, ou seja, alheios ao objeto de


medição deverão ser descartados da análise.

2.5.3.1. PROCEDIMENTOS DE MEDIÇÃO


MEDIÇÃO NO EXTERIOR DAS EDIFICAÇÕES:
Em medição ao ar livre, é obrigatório o uso de protetor de vento acoplado,
independente da velocidade do ar;
As medições devem ser efetuadas preferencialmente em pontos afastados entre
1,2 e 1,5 m do solo e a pelo menos 2 m do limite da propriedade e de
superfícies refletoras, como muros, paredes, etc. (para a edificação que contém
a fonte);
O posicionamento dos pontos deve seguir os exemplos de localização declarados
na norma sempre que possível, caso não seja possível, declarar no relatório o
procedimento realizado e as razões para adoção dos mesmos;
Nota: a norma considera edificações que contém a fonte e a hab itação do
reclamante.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
33

PARA MEDIÇÕES NO INTERIOR DE EDIFICAÇÕES:


As medições devem ser efetuadas a uma distância de no mínimo 0,5 m de
quaisquer superfícies (parede, teto e piso) e pelo menos 1 metro de elementos
com significativa transmissão sonora, como janelas, portas ou entradas de ar –
para ambientes com área inferior a 30 m2, realizar 3 medições em 3 posições
uniformemente distribuídas (ao final, tomar a média logarítmica dos dados,
determinando assim o valor L int ), se possível com alturas diferentes (nos locais
onde há permanência de pessoas) afastadas entre si em pelo menos 0,7 m.
OBS: Medir com as janelas abertas;
Para ambientes com área superior a 30 m2, adicionar um ponto de medição a cada
30 m2 de área adicional.

2.5.3.2 OBSERVAÇÕES PARA RUÍDOS COM CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS


Os níveis de pressão sonora com característica de som impulsivo devem ser
caracterizados utilizando o descritor L AFmax que corresponde ao nível máximo de pressão
sonora ponderada na curva “A” com janela de integração do equ ipamento em modo fast
(125 milissegundo). O ruído será considerado com característica de som impulsivo
quando LAFmax – LAeq, T ≥ 6 dB;
Para caracterização de ruído com componentes tonais, deverá ser utilizado o
descritor LZeq, T,f Hz(1/3) que corresponde ao nível equivalente sem aplicação de curva de
ponderação (Z de zero), integrado no intervalo de tempo T em bandas proporcionais de
1/3 de oitava. As medições deverão ser realizadas no mínimo nas frequências centrais
nominais de: 50 Hz, 63 Hz, 80 Hz, 100 Hz, 125 Hz, 160 Hz, 200 Hz, 250 Hz,315 Hz, 400
Hz, 500 Hz, 630 Hz, 800 Hz, 1 kHz, 1,25 kHz, 1,6 kHz, 2 kHz, 2,5 kHz, 3,15 kHz, 4 kHz,5
kHz, 6,3 kHz, 8 kHz e 10 kHz. O ruído será considerado com característica de som tonal
quando LZeq, T,fHz(1/3) medido na banda de 1/3 de oitava de interesse exceder os valores de
LZeq,T,f Hz(1/3) das bandas de 1/3 de oitava adjacentes conforme o disposto abaixo:

25 Hz a 125 Hz, diferença maior ou igual a 15 dB;


150 Hz a 400 Hz, diferença maior ou igual a 8 dB;

2.5.3.3. AVALIAÇÃO DO RUÍDO


O Limite de nível de pressão sonora em função dos tipos de áreas habitadas e do
período (RL Aeq), é apresentado em tabela da norma, reproduzida a seguir:

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
34

Tabela 2.3. NBR-10151 - Limites de níveis de pressão sonora em função dos tipos de áreas
habitadas e do período.

Os limites de horário para período diurno e noturno da tabela podem ser definidos
pelas autoridades de acordo com os hábitos da população. Porém, o período noturno não
deve começar depois das 22h e não deve terminar antes das 7h (domingo ou feriado até
às 9 h).

2.5.3.4. DETERMINAÇÃO DO NÍVEL CORRIGIDO – LR


 Para ambientes externos, L R = LAeq + KI + KT.

 Para ambientes internos, L R = Lint – k + 10 + KI + KT pelo

Onde:

 KI = 5 quando é caracterizado som impulsivo;


 KT = 5 quando é caracterizado som tonal;
 k é o índice de correção de reverberação para ambientes internos, e deverá ser
usado 0 para ambiente mobiliado e 3 quando estiver vazio.
Se o nível corrigido LR for superior ao valor da tabela 2.3 para a área e horário em
questão, é constatado que a situação não está atendendo a norma .

2.5.3.5. CONTEÚDO NECESSÁRIO PARA O RELATÓRIO DE ENSAIO


 Marca, tipo ou classe e número de série de todos os equipamentos de medição
utilizados;
 Data e número do último certificado de calibração de cada equipamento de
medição;
 Desenho esquemático e/ou descrição detalhada dos pontos da medição, horário
e duração das medições do ruído;
 Nível de pressão sonora corrigido;
 Nível de ruído ambiente;
 Valor do nível de critério de avaliação (NCA) aplicado para a área e o horário da
medição;
 Referência a essa Norma.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
35

Nota 2.5. Motivada pela reclamação de um morador, uma empresa vizinha avaliou os
níveis de ruído segundo os procedimentos da NBR 10151 no interior da habitação.
Os níveis medidos e demais informações estão apresentados na tabela 2.4.

Resposta:

Considerando-se as informações obtidas, a análise foi resumida na tabela

2.5. O critério técnico-legal vigente é da NBR 10151. A média logarítmica dos

níveis equivalentes medidos em local interno Lint foram acrescidas de 10 dB(A)

para serem corrigidas para o ambiente externo e também de 5 dB(A) de forma a

compor s níveis corrigidos LR , já que também foi constatado que o ruído possui

características tonais . Foi observado também que os ambientes se

encontravam mobilhados, portanto k = 0.

Os níveis de critério de avaliação RLAeq foram determinados

considerando-se o período (diurno ou noturno) e a classificação do

zoneamento (tipo de área), que neste caso corresponde a uma área mista, com

vocação comercial e administrativa.

As medições foram realizadas durante 10 minutos.

Comparar os resultados com os critérios técnico-legais vigentes, relacionados com o

conforto da comunidade.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
36

Comparando-se os níveis de critério de avaliação com os níveis

corrigidos de pressão sonora, verificamos que para o período noturno o critério

foi superado, sendo procedente a reclamação.

Tabela 2.4 – Comparação com o critério


Local Hora / Lint - dB(A) LR - dB(A) RLAeq -
Período dB(A)
Sala de 14:10 / 43,8 58,8 60
estar diurno
Sala de 22:20 / 41,5 56,5 55
estar noturno
Quarto 14:20 / 44,1 59,1 60
diurno
Quarto 22:30 / 40,8 55,8 55
noturno

2.6. ATENUAÇÃO DE PROTETORES AURICULARES


2.6.1. O MÉTODO DO RC/NRR
Este é o método base, que serve para entender as variações que atualmente
existem. É um método de número único, desenvolvido para ser de uso prático (o tempo
não atestou isso, como vamos ver). O NIOSH suprimiu a medição espectral,
anteriormente utilizada no método original. No lugar do espectro do ruído, colocou um
espectro rosa e um estimador astuto, a diferença C-A, que o corrige tecnicamente, ao
calcular o NRR, de forma que o ruído real é superestimado em risco, com um nível de
confiança de 98%.
Também foi estabelecido o mesmo nível de confiança (98%) em relação aos dados
de atenuação do protetor, deduzindo-se dois desvios padrão. Digo isto para que se
conheça a segurança embutida neste número, que integra os dados do protetor e prevê
o enfrentamento do pior espectro (percentil 98 em "dificuldade de atenuação"). Feito
isto, com uma elegância e prestidigitação científica notáveis, a conta do usuário fica
simples: ele deve subtrair o NRR do ruído ambiental avaliado em dBC, obtendo o ní vel
que atinge o ouvido em dBA.

dBC(ambiente) - NRR = dBA (ouvido)

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
37

Observe que tem que ser o dBC, pois o método prevê assim. No próximo tópico,
vamos discutir qual seria este dBC, que passa a ser o indicador do espectro, e que vai
ser usado na fórmula.

Para Pensar:
Quais os conceitos relativos aos "dB" compensados? O que é dBA? O que é
dBC? Volte ao primeiro módulo, se necessário.

Para Pensar:
O que se busca é um nível atenuado menor que 85 dBA, para jornadas de 8h. E se
a jornada for de 12 horas, qual será esse nível?

2.6.2. O MÉTODO DO RC/NRR - QUAL O DBC A USAR?


Vimos que o trabalho do técnico fica simples: ele deve subtrair o NRR do ruído
ambiental avaliado em dBC, obtendo o nível que atinge o ouvido em dBA.

dBC(ambiente) - NRR = dBA (ouvido)

É importante discutirmos este dBC que será utilizado na fórmula. Ele deve
representar a exposição do trabalhador que está sendo protegido. Uma representação fiel
da exposição, sobretudo quando os níveis são muito variáveis, só é possível com
dosimetria. Da dosimetria, obtém-se o nível médio da jornada. Porém, esse nível deve
ser obtido na curva de compensação C, e não A, como se trabalha usualmente.
Observe-se, portanto, que o dosímetro deverá operar em circuito C.
Os dosímetros atuais permitem isso, e não é por outro motivo que possuem o
circuito C. Se não for possível fazer uma dosimetria C, deve-se eleger um nível em dBC
que represente a jornada. Neste caso, não há alternativa a não ser a escolha do máximo
nível dBC da jornada, ou seja, da máxima fonte em dBC das situações de exposição.
Esta é uma consideração a favor da segurança, mas também certamente
excessivamente coservadora em muitos casos, pois o tempo de permanência sob tal
nível pode ser mínimo. Do exposto, a melhor opção será a dosimetria C, obtendo-se o
nível médio Lavg (C).
Nossa próxima discussão deve abordar os descontos a serem aplicados ao NRR,
de forma que seu valor reflita adequadamente as situações de uso real. Isto porque o
NRR é obtido em condições ideais de laboratório, dificilmente reprodutiveis no dia-a-dia
das empresas.

Para Pensar:
Qual o conceito de nível médio (Lavg)?O que o diferencia do Nível Equivalente
(Leq)?

2.6.3. CORREÇÕES PARA O USO REAL DOS PROTETORES


Nas partes anteriores definimos que vamos nos limitar aos métodos de número
único, e vimos o método NIOSH no.2, do Rc ou NRR, que chamaremos também de

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
38

NRR tradicional. Discutimos as possibilidades de consideração do dBC ambiental a ser


usado na fórmula. Mas, falta ainda considerar as correções a serem feitas quanto ao
uso real. Isso se deve ao fato de o NRR ser obtido em laboratório, em condições muito
especiais, e que diferem dramaticamente da realidade de campo. Vejamos: no
laboratório, os protetores são novos, são colocados por pessoas experientes no perfeito
ajuste do protetor e orientados / supervisionados por experts dos fabricantes; além disso,
não há nenhuma interferência negativa dos protetores com outros EPIs . No campo, os
protetores não são novos, são colocados de forma deficiente, recebem interferências de
outros EPIs na sua perfeita vedação acústica, e ainda mais: não são usados todo o
tempo. Para este último caso, há maneiras de considerar os tempos de não uso do
protetor. Para os outros desvios há fatores de correção que são recomendados pelo
NIOSH, e que diferem de acordo com o tipo de protetor:
- 25% de desconto para protetores circum-auriculares
- 50% de desconto para os protetores de inserção de espuma de expansão lenta
- 70% de desconto para os protetores de inserção pré-moldados (polímeros de
forma fixa).
Estes descontos devem ser aplicados ao NRR nominal (de fábrica) antes de serem
usados na equação básica do método nº2.

2.6.4. USO DO DBA AO INVÉS DO DBC


Tudo o que foi falado até agora, e parte dos valores ambientais do ruído em dBC,
fazem parte do método do NRR. Mas devido à "sonora" pressão, bastante
compreensível, de técnicos da área para o uso do dBA ambiental (que todos já possuem
- é o nível médio das dosimetrias), foi desenvolvida uma alternativa com o uso do dBA
ambiental. Note-se que no método básico, é a diferença C-A (valor dBC - dBA)
"representa"o ruído. Sem o dBC, perde-se o indicador e para isso, admite-se que se vai
enfrentar um ruído muito desfavorável, o que quer dizer, com grande conteúdo de baixas
frequências. O NIOSH admitiu uma diferença C - A = 7, para representar esse ruído. Na
fórmula básica, no lugar do dBC teríamos dBA + 7, ou, alternativamente, o NRR seria
descontado em 7. Por isso, ao usarmos diretamente o dBA ambiental é preciso fazer
uma subtração de 7 no NRR. Se chamarmos esse NRR para uso do dBA de NRRa,
então:

NRRa = NRR - 7

Feito isto, o restante das considerações, descontos e fórmulas vistas ficam válidos,
mas, pelo conceito da correção (ela se aplicaria ao dBA, "levando-o" a um dBC de pior
caso), observe que é necessário ANTES corrigir o NRR e depois aplicar o ( -7).

Para Pensar:
Por que C-A é um indicador do espectro do ruído? Podemos identificar a frequência
de um tom puro, com as leituras A e C?

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
39

2.6.5. O NRRSF
O que temos falado até agora diz respeito ao NRR que chamaremos de
"tradicional". Isto, para se contrapor ao NRRsf, que é uma proposta relativamente nova,
mas já posta em prática inclusive no país. Vários fabricantes já possuem seus protetores
ensaiados para esse fim, e sabem quais são os NRRsf dos mesmos. Nós vimos que
devem ser feitos descontos nas atenuações dos NRR "tradicionais", devido às grandes
diferenças de performance entre o laboratório e o campo. Ora, os pesquisadores
verificaram que, se os ensaios de laboratórios fossem feitos com sujeitos "ingênuos"
quanto à proteção auditiva, que apenas leriam as instruções das embalagens, colocando
então os protetores para fazer o teste, então os dados obtidos se aproximariam do
desempenho (real) de campo. Trata-se da Norma ANSI S 12. 6 / 97 B.

O NRRsf é calculado a partir desses dados de atenuação, com algumas


peculiaridades, quais sejam: o nível de proteção estatístico para as variações d a linha
de produção do protetor é de 84% (contra 98% no método tradicional) e subtrai -se
diretamente do dBA, com correção de 5 ao invés de 7, já embutida no número. Estas
duas diferenças entre o NRR e o NRRsf tornam este último efetivamente menos protetor
no sentido estatístico, tanto em termos dos protetores produzidos (variabilidade do
produto) como em termos dos espectros de ruído que se venha enfrentar (a correção de
5, ao invés de 7, é benévola quanto ao ruído de baixa frequência a ser enfrentado ao se
utilizar apenas o dBA). Portanto:

dBA - NRRsf = dBA (ouvido)

Não é necessário fazer nenhuma outra correção, com exceção da devida ao tempo
de uso real.

2.6.6. CÁLCULO DE ATENUAÇÃO AO RUÍDO


Há então 3 métodos apresentados para cálculo de atenuação, com variantes:
NRR tradicional, a partir do dBC ambiental, em Lavg;
- variante : dBC máximo da jornada no lugar do Lavg (C);
NRR tradicional, ajustado para uso do dBA ambiental (NRRa = NRR - 7), sendo o
dBA usualmente o Lavg(A);
- variante : dBA máximo da jornada;
NRRsf , obrigatoriamente a partir do dBA ambiental (seja Lavg(A) ou máximo dBA
da jornada).

Todos os casos, exceto o último, devem sofrer correções “campo -laboratório”,


conforme já mencionado.
“Todos os casos devem ter correção para tempo real de uso, se o protetor não for
utilizado 100% do tempo.” Não foi abordado aqui o método "longo", ou de análise
espectral, ou o chamado método NIOSH n°. 1. Todos os 4 métodos (longo, NRR, NRRa,
NRRsf) são utilizáveis para fins previdenciários, como descrito na IN 78 do INSS.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
40

2.6.6.1. CÁLCULO DO TEMPO REAL DE USO DO PROTETOR AURICULAR


Esta correção deve ser feita sempre que o tempo real de uso de um protetor não
for 100% da jornada. É importante observar que o simples fato de retirar o protetor por
alguns minutos degrada imediatamente o NRR previsto, reduzindo-o a apenas 3 a 5, se o
protetor for utilizado apenas 50% do tempo. Para se levar em conta esta degradação,
usa-se a tabela a seguir. A tabela 2.6 é uma aproximação razoável das equações
envolvidas, e de uso mais prático.

Tabela 2.6. Correção do tempo real de uso do Protetor Auricular


Tempo de uso em porcentagem de jornada de 8h
50 75 87,5 94 98 99 99,5 100 (nominal)

Valor a ser descontado NRR


-20 -15 -11 -7 -3 -2 -1 25
-15 -11 -7 -4 -2 -1 -1 20
-11 -7 -4 -2 -1 -1 0 15
-7 -4 -2 -1 -1 0 0 10

240 120 60 30 10 5 2,5 0 (nominal)


Tempo de não uso em minutos por jornada de 8 horas

Exemplo: Um protetor com NRR=25 retirado por 10 minutos é corrigido em -3, ou


seja, seu valor efetivo será 25-3=22. Para valores intermediários, usar o NRR
imediatamente superior.
Esta correção deve ser aplicada após as correções do NIOSH segundo c ada tipo
de protetor, em função das condições de uso real. No caso do NRRsf, não há tais
correções, mas apenas do tempo de uso (esta correção), se for o caso.

Para Pensar:
Os maiores valores de NRR tradicional estão ao redor dos 30. Como sempre, pel o
menos uma correção de 0,7 vai existir, os maiores valores necessários na tabela estão
entre 20 e 25. OK!
Se tenho valores intermediários aos da tabela, tanto em termos de NRR como em
termos de tempo real de uso (tempo de não uso diário), qual a abordage m a favor da
segurança?
Finalizando, segue um roteiro para os casos de uso do NRR tradicional, para todos
os tipos de protetores, levando em conta os descontos recomendados pelo NIOSH e a
correção para o tempo real de uso. Notar que o NRR vai sendo gradualmente corrigido
(NRR*, NRR**, NRR***), segundo o tipo de protetor, o dado ambiental utilizado e o tempo
real de uso.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
41

Tabela 2.7. Roteiro para Cálculo de Atenuação.


PASSO O QUE FAZER COMO FAZER
1. IDENTIFIQUE O NRR DO VERIFICAR EMBALAGEM,
PROTETOR. ESPECIFICAÇÕES OU O C. A.
2. IDENTIFIQUE A FORMA EM QUE VERIFIQUE OS DADOS
FOI AVALIADO O RUÍDO FORNECIDOS DE AVALIAÇÃO.
AMBIENTAL.
3. CORRIGIR O NRR OBTENDO O SIGA.
NRR* (CORREÇÃO DE USO
REAL).
4. IDENTIFIQUE O TIPO DE VERIFICAR PROTETOR, SIGA.
PROTETOR.
5. O PROTETOR É CIRCUM PASSO 15.
AURICULAR.
6. O PROTETOR É DE ESPUMA DE PASSO 16.
EXPANSÃO LENTA.
7. O PROTETOR É DE POLÍMERO PASSO 17.
(PLÁSTICO) MOLDADO.
8. CORRIGIR O NRR* OBTENDO O SIGA.
NRR** (CORREÇÃO DE TEMPO
REAL DE USO).
9. USE A TABELA DE CORREÇÃO.  ENTRE NA LINHA DO NRR*
OU IMEDIATAMENTE
SUPERIOR.
 ENTRE NA COLUNA DO
TEMPO DE NÃO USO EM
MINUTOS OU
IMEDIATAMENTE SUPERIOR.
 OBTENHA A PERDA P = NO
ENCONTRO DA LINHA COM A
COLUNA NA TABELA DADA
NA PARTE 6 DESTA SÉRIE.
 NRR** = NRR* - (VALOR P)
NOTAR QUE P JÁ É
NEGATIVO NA TABELA, USAR
O VALOR ABSOLUTO.
10. A MEDIÇÃO FOI FEITA EM dBC. Vá para o passo 12.
11. A MEDIÇÃO FOI FEITA EM dBA. Vá para o passo 13.
12. OBTENHA O VALOR QUE ATINGE dBA = dBC - NRR**
O OUVIDO.
13. OBTENHA O NRR*** (CORREÇÃO NRR*** = NRR** - 7
PELO USO DO dBA). SIGA.
14. OBTENHA O VALOR QUE ATINGE dBA = dBA - NRR***
O OUVIDO.
15. OBTER O NRR* NRR* = NRR x 0,75 VÁ PARA O
PASSO 8.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
42

16. OBTER O NRR* NRR* = NRR x 0,50 VÁ PARA O


PASSO 8.
17. OBTER O NRR* NRR* = NRR x 0,30 VÁ PARA O
PASSO 8.

Para Pensar:
Complete este roteiro introduzindo o NRR sf. Adicione as linhas necessárias, sem
perder a lógica da tabela. Teste o resultado.

O NRR pode reconhecer e atenuar de forma diferente ruídos diferentes?


Caso 1
serra circular;
100 dBA, 97 dBC;
NRR = 20;
dBA = dBC-NRR;
dBA = 97-20=77dBA;
redução em dBA= 100-77 = 23 dBA;

Caso 2
grande motor diesel;
100 dBA, 103 dBC;
NRR= 20;
dBA = dBC – NRR;
dBA=103-20=83dBA;
redução em dBA= 100-83 = 17 dBA;

NOTA (1): são 2 ruídos com o mesmo valor em dBA, mas que terão atenuações diferentes
em dBA, pois são espectralmente diferentes. Isto é conseguido pois se parte do valor
ambiental em dBC. Uma grande sacada do NIOSH !

NOTA(2): O NRR NÃO PRECISA SER CALCULADO (já é fornecido pelo fabricante), MAS
PODE SER CALCULADO A PARTIR DOS DADOS DE ATENUAÇÃO POR
FREQUÊNCIA DE UM PROTETOR, COMO SERÁ MOSTRADO ADIANTE.

Quadro 2.6. Para um protetor com NRR=29 , tipo espuma de expansão lenta, que não
é usado por 30 minutos na jornada, qual o NRR corrigido (uso real e tempo real de
uso)?

NRR* = NRR x 0,5 (tabela 2.7, passos 6 e 16) = 29 x 0,5 = 14,5

NRR** = 14,5 – 2 = 12,5 (tabela 2.6)

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
43

Resposta: 12,5

Qual a atenuação final de uma exposição cujo Lavg(C)= 102, usando -se um protetor
circum-auricular com NRR=21 e uso de 100% do tempo da jornada?

NRR* = NRR x 0,75 (tabela 2.7, passos 5 e 15) = 21 x 0,75 = 15,75

Não teremos NRR**, pois o protetor foi utilizado por toda a jornada.

A medição foifeita em dBC, logo (passo 10):

dBA = dBC – NRR* = 102 – 15,75 = 86,25

Resposta: 86,25 dB(A)

A dosimetria de uma exposição, para fins de insalubridade, é de 193% e jornada de


trabalho é de 6 horas. Usa-se um protetor de polímero (forma fixa) de NRR=14, por
todo o tempo de jornada. Qual o nível atenuado?

Admitiremos que a avaliação foi feita em dBA, portanto:

NRR* = 14x0,30 = 4,2 (tabela 2.7 passos 7 e 14)

Não teremos NRR**, pois o protetor foi utilizado por toda a jornada.

NRR* = 4,2 – 7 = -2,8 (tabela 2.7 passos 11 e 13)

Como nâo existe atenuação negativa (-2,8), fica registrado que o médoto nâo

evidencia proteção.

Resposta: O método não evidencia proteção

O NRRsf de um protetor é 14,5. A dosimetria convencional (dBA, 8 horas) é 300%.


Qual o nível atenuado?

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
44

dBA – NRRsf = dBA (ouvido), portanto: 92,93 – 14,5 = 78,42 dBA

Resposta: 78,4 dB(A)

Qual o máximo dBC para o qual um protetor de espuma de expansão lenta com
NRR=28, se usado 100% do tempo, dará proteção, se a jornada é de 8 horas?

NRR* = NRR x 0,5 (tabela 2.7, passos 6 e 16) = 28X0,5 = 14

Não teremos NRR**, pois o protetor foi utilizado por toda a jornada.

dBA = dBC – NRR*

Para 8 horas o máximo permitido são 85 dBA, logo:

85 = dBC – 14

dBC = 85 + 14 = 99 dBC

Resposta: 99 dB(C)

Tabela 2.8. Exemplo de cálculo de NRR de protetores auriculares.

PROTETOR: 3M, tipo inserção, modelo 1110


Frequências centrais de banda de 125 250 500 1000 2000 400 8000
oitava (Hz); 0
a) Níveis de banda de oitava em 83,9 91,4 96,8 100,0 101,2 101 98,9
dB(A), de um ruído rosa arbitrário de ,0
100 dB por banda;
b) Atenuações médias; 25,9 34,4 39,7 36,3 38,5 42, 45,4
9
c) Desvios padrão (x2); 8,0 9,6 10,4 6,4 6,2 5,1 7,6
d) Níveis em dB(A), por banda de 66,0 66,6 67,5 70,1 68,9 63, 61,1
oitava, “após” o protetor auditivo 2
d = a - b + c;
e) Nível global, após o protetor; 75,7
f) NRR = 107,9* - e - 3,0** (dB) *** 29,2

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
45

PROTETOR: 3M, tipo inserção, modelo 1210


Frequências centrais de banda de 125 250 500 1000 2000 4000 8000
oitava (Hz);
a) Níveis de banda de oitava em dB(A), 83,9 91,4 96,8 100,0 101, 101, 98,9
de um ruído rosa arbitrário de 100 dB 2 0
por banda;
b) Atenuações médias; 30,8 31,8 31,7 32,7 34,3 41,8 45,7
c) Desvios padrão (x2); 7,2 8,6 5,4 6,2 8,6 8,9 10,7
d) Níveis em dB(A), por banda de 60,3 68,2 70,5 73,5 75,5 68,1 63,9
oitava, “após” o protetor auditivo d = a
- b + c;
e) Nível global, após o protetor;
79,3
f) NRR = 107,9* - e - 3,0** (dB) ***
25,6

Nota 2.6.

PROTETOR: 3M, tipo concha, modelo 1440


Frequências centrais de banda de oitava 125 250 500 1000 2000 4000 8000
(Hz);
a) Níveis de banda de oitava em dB(A), 83,9 91,4 96,8 100, 101, 101, 98,9
de um ruído rosa arbitrário de 100 dB 0 2 0
por banda;
b) Atenuações médias; 15,5 21,8 28,1 29,6 30,5 37,0 40,0
c) Desvios padrão (x2); 4,4 4,4 5,4 3,4 4,0 4,8 6,0
d) Níveis em dB(A), por banda de
oitava, “após” o protetor auditivo d =
a - b + c;
e) Nível global, após o protetor;
81,4
f) NRR = 107,9* - e - 3,0** (dB) ***
23,5

2.7. ESCLARECIMENTOS E DÚVIDAS SOBRE O AGENTE RUÍDO


2.7.1. PARA COMEÇO DE CONVERSA
2.7.1.1. O QUE É SOM?
O som, como entendido subjetivamente pelas pessoas, é algo que promove a
sensação de escutar. Entretanto, fisicamente falando, são as alterações de pressão no
ambiente (as quais são detectadas pelo sistema auditivo) que produzem o est ímulo para
a audição. São ondas mecânicas (para diferenciarmos das ondas eletromagnéticas), que
se deslocam “à velocidade do som”, e são capazes de ser refletidas, absorvidas,
transmitidas em outros meios que não o ar. Som é uma categoria genérica, mas
podemos distinguir vários tipos de “sons”. O som mais simples, uma onda que se
constitui em uma única frequência, é chamado de “tom puro”. Este som é raro no dia -a-
dia das pessoas, que está povoado de sons complexos (compostos de várias
frequências). O som complexo mais estruturado é o som musical que é composto de

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
46

várias frequências, entendidas como uma frequência fundamental (a “nota” musical


emitida), acompanhada de várias outras, múltiplas de números inteiros da mesma, cada
qual com sua intensidade e que, no seu conjunto, fornece a sensação de “timbre”
daquele som (por isso sabemos que alguém está tocando um piano e não um trombone,
apesar de ser a mesma nota musical). É importante observar que para a pessoa , a
sensação é de que existe um só “som”, pois o ouvido não consegue analisar e discriminar
cada frequência, dando ao ouvinte a consciência de cada uma. É uma sensação global
que associa à “nota” musical recebida um timbre muito característico. Apesar de não
conseguirmos identificar as frequências formadoras de um som complexo, possuímos
uma excelente memória de timbres. Sabemos, por exemplo, identificar quem fala ao
telefone, mesmo em ligações ruins; sabemos quando alguém está mexendo na nossa
gaveta da cômoda, ou quando fecharam a porta do banheiro ou d a área de serviço, pois
temos esses timbres na memória.

2.7.1.2. O QUE É RUÍDO?


O ruído é também um conjunto de frequências emitidas simultaneamente, porém,
neste caso, não existe qualquer relação específica entre elas. Em um dado ruído, podem
estar presentes (e frequentemente estão) todas as frequências audíveis. Assim, um ruído
é um “pacote” de frequências, sem relação direta entre as mesmas, que pode cobrir toda
a gama audível, cada um com uma amplitude (pressão sonora) individualizada. Por isso,
não faz sentido falar-se em “frequência” como um ruído, pois não é uma só, mas um
“espectro” de um ruído. Como a energia se distribui pelas frequências, o somatório nos
dá a sensação global de intensidade subjetiva do mesmo. Apesar disso, podemos falar
em ruídos onde predominam altas ou baixas frequências, e podemos intuir isso, pois as
altas frequências dão uma sensação maior de “estridência” e intolerabilidade do que em
baixas.

2.7.1.3. QUAL A ORIGEM DO DB?


O dB, ou decibel, é o décimo do bel (B), uma unidade adimensional que exprime
uma relação. Essa relação é feita contra um valor de referência arbitrário. Pode -se usar o
decibel para qualquer grandeza que varie muito, como é o caso da pressão sonora. A
pressão sonora causada pela decolagem de um jato é apro ximadamente 10 milhões de
vezes maior do que a menor pressão audível. Para não lidarmos com números enormes,
adota-se a escala em decibéis. Quem dá um valor em decibéis deve dizer qual a
grandeza (nível de pressão sonora) e qual o valor de referência (cas o da pressão
sonora, 20 micropascais), o que é frequentemente omitido, pois é universalmente
definido.

2.7.1.4. E O dBA?
O dBA é uma sigla que indica que foi feita uma determinação da pressão sonora
em decibéis, e que o aparelho aplicou uma correção de medição segundo um padrão,
chamado curva A de compressão (isto também é universalmente padronizado). Ou seja,
o aparelho processou sua medição compensando-a segundo a curva A e, portanto, o
valor passa a ser um dB diferente, o dBA. Quando não há “sobreno me” no dB, infere-se

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
47

que não houve compensação nenhuma, e a leitura é dita “linear”. A curva A é uma curva
padronizada que busca compensar a leitura originalmente “imparcial” ou linear do
aparelho por uma que tenha relação com a audição humana. São feitas correções nas
frequências, de forma a simular a resposta do ouvido humano. Apesar de inicialmente
aplicar-se a sons de baixa intensidade, hoje ela é universalmente aceita para essa
compensação, independentemente da intensidade do ruído. A medição em dBA é
mundialmente considerada na avaliação de ruído contínuo e intermitente.

2.7.1.5. POR QUE NÃO POSSO SOMAR NÍVEIS EM DB?


Porque o dB vem de uma operação logarítmica que é feita com a pressão sonora e,
portanto, somar dB não é somar a pressão sonora. O que tem de ser somado é a
pressão sonora, e por isso há relações específicas ou tabeladas para se fazer isso.
Também não faz sentido somar ruídos medidos em pontos diferentes. Somente podemos
somar essas “ondas”, se elas forem referidas a um mesmo ponto de medição. Lembrar-
se de que o ruído é um fenômeno ondulatório sempre vai ajudá -lo na compreensão de
todos os fenômenos envolvidos.

2.7.2. MEDINDO O NÍVEL DE PRESSÃO SONORA


2.7.2.1. COMO É POSSÍVEL MEDIR ULTRASSOM?
O ultrassom é a porção do espectro de ondas de pressão que fica acima da faixa
audível ao ser humano, ou seja, além dos 20.000 Hz. A demanda por uma avaliação de
ultra-som se explica, pois admite-se que pode causar perda auditiva, mesmo que não
escutemos, e existem equipamentos industriais que emitem ultrassom. Para avaliar
adequadamente o ultrassom, é necessário que o seu microfone “responda” até a faixa
desejada (aproximadamente 100KHz), assim como o seu aparelho que vai fazer a leitura.
Equipamentos comuns de avaliação de ruído não são capazes disso, pois por motivos
econômicos a resposta de frequência está limitada à faixa audível. Alguns equipamentos
dos tipos I e 0, entretanto, têm resposta até a faixa ultrassônica, bastando que se acople
um microfone capaz. Verifique, portanto, o seu equipamento . Há critérios para exposição
ao ultrassom na ACGIH, cujos TLVs são traduzidos no Brasil pela ABHO (Associação
Brasileira de Higienistas Ocupacionais).

2.7.2.2. É VÁLIDO REALIZAR MÉDIA ARITMÉTICA DE VÁRIOS VALORES EM dB?


Aqui a questão tem vários ângulos. Se eu tenho vários valores de uma situação,
num mesmo ponto de medição, que servem como diferentes “amostras” de uma
realidade, posso desejar fazer uma média dos mesmos. Não se discute aqui a questão
temporal dos valores, se são igualmente espaçados, aleatório, instantâneos ou valores
integrados no tempo. Admitamos que são todas amostras válidas da situação. A média
então faz sentido, mas, como o dB é obtido a partir de uma operação logarítmica, eu não
posso fazer uma média aritmética simples, e a média correta seria, também logarítmica
(em termos numéricos, porém, a média aritmética é uma razoável aproximação da média
logarítmica se os valores não variarem muito, ou seja, menos de 6 dB de diferença entre
o maior e o menor). Uma outra questão é você ter várias leituras, de diferentes pontos de

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
48

uma área. Neste caso, não faz muito sentido tirar uma média, de qualquer natureza, pois
os valores se referem a pontos de medição diferentes no espaço. Eu não recomendaria
essa prática.

2.7.2.3. QUAIS OS CUIDADOS AO MEDIR NÍVEIS DE RUÍDO MUITO ALTOS?


Neste caso também convém verificar antecipadamente se o microfone e o medidor
podem manipular vários níveis de pressão sonora muito elevados (acima de 130 dB).
Numa avaliação em aeroportos, ou no jateamento de água a extra-alta pressão e alguns
outros equipamentos, pode-se ultrapassar esses valores. Isto está definido no manual
dos equipamentos, e os limites não devem ser ultrapassados. No caso do equipamento,
haverá distorção e leituras erradas; no caso do microfone pode haver deslocamento de
sensibilidade, ou dano físico com perda total. Não esqueça de se proteger muito bem ao
fazer as avaliações (dupla proteção, além de limitação no tempo de exposição).

2.7.2.4. COMO FAZER M EDIÇÕES COM CHUVA?


O trabalho sob chuva pode danificar o aparelho (embora seja fácil protegê -lo), mas
quem estará sob maior risco será o microfone. Se a chuva for leve, o protetor de espuma
ortofônica que acompanha o aparelho pode ser uma proteção temporár ia. Não se admite
outro tipo de proteção sobre o microfone, sem conhecer seu efeito, pois pode alterar
(atenuar) as frequências mais altas do espectro do ruído medido. Os microfones tipo
eletreto pré-polarizado podem se perder, pois, havendo condensação ou gotículas entre o
diafragma e a base, ele se descarregará irremediavelmente. Para instalações de ruído
ambiental “ao tempo”, há microfones especiais. Para muita chuva com equipamentos
comuns, o melhor é não medir.

2.7.3. CALIBRAÇÃO E AFERIÇÃO


2.7.3.1. COM QUE FREQUÊNCIA DEVO CALIBRAR MEU MEDIDOR DE RUÍDO?
Em avaliações de ruído, os instrumentos devem ser calibrados necessariamente
antes e depois do conjunto de medições. O normal é que isto ocorra ao início e ao final
da jornada de avaliações. Entretanto, se durante o trabalho ocorrerem fatos que
justifiquem uma recalibração, como choques mecânicos, campos eletromagnéticos muito
intensos, extremo calor ou frio, a calibração deve ser refeita. Conheça também os limites
de trabalho de seu medidor, que se encontram no manual de instruções. A calibração
deve ser acústica, e não apenas a calibração eletrônica interna que alguns equipamentos
possuem.

2.7.3.2. COMO VERIFICAR SE O CALIBRADOR ESTÁ OK?


Os calibradores devem ser aferidos (verificados), em termos gera is, numa base
anual. Outras periodicidades podem ser aceitas, em casos específicos e para fins
internos (critério da empresa). Há também exigências normativas (NBR 10151), no caso
de avaliação de ruído para comunidades, por exemplo, que deverão ser seguida s. O seu
calibrador de equipamentos é um padrão secundário (local), e deve ser verificado
comparando-o a um padrão primário (em laboratórios adequados). Se houve variação, o

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
49

novo valor de referência será indicado para uso daí em diante. É também importante
lembrar que isso pode ocorrer a qualquer tempo, se houver desconfiança (choques
mecânicos, campos eletromagnéticos muito intensos e extremos de frio e calor).

2.7.3.3. POSSO INTERCAMBIAR CALIBRADORES DE RUÍDO ENTRE DIFERENTES


APARELHOS?
Não, pois o calibrador acústico possui um volume (internamente) entre a face do
microfone e o atuador acústico que faz parte da calibração. Este volume pode variar entre
diferentes marcas de produtos, o que pode dar calibrações erradas entre equipamentos
de marcas diferentes. Dentro de uma mesma marca, não deve haver problemas entre os
diferentes modelos, mas ainda assim é bom consultar o manual para verificar se o
modelo de calibrador é o recomendado. O uso de uma triangulação (medidor, calibrador
certo e calibrador “alienígena” para se verificar o valor corrigido no uso espúrio) é
tolerável em emergências, mas não é um procedimento técnico normalizado e, portanto,
inaceitável em trabalhos de responsabilidade técnica.

2.7.3.4. POR QUE OS CALIBRADORES TÊM FREQUÊNCIA DE 1.000HZ?


A frequência de 1.000 Hz para calibração de medidores ocupacionais é preferida,
pois para ela todas as respostas padrão das curvas de compensação coincidem
(correção de 0 dB). Ou seja, a leitura nas escalas A, B ou C serão a mesma, assim como
a leitura linear (sem correção). Se o calibrador não tivesse 1.000 Hz, deveria ser
declarado um fator de correção para o calibrador, de acordo com a curva que estivesse
sendo usada na calibração, o que, convenhamos, seria meio desajeitado e sujeito a
erros.

2.7.3.5. POR QUE OS CALIBRADORES TÊM DIFERENTES NÍVEIS DE


CALIBRAÇÃO?
Há calibradores que apresentam níveis adicionais aos típicos 94 dB, como 114 dB e
124 dB. Não há razão especial para que existam obrigatoriamente vários níveis de
calibração num calibrador, mas se existirem, há uma implicação prática. Ao calibrarmos o
medidor em ambientes muito ruidosos (acima de 100 dBA), o ruído ambiente pode
“vazar” para dentro da câmara de calibração, introduzindo erros. Nesse caso,
calibradores com nível de calibração típico de 94 dB não podem ser utilizados nesses
ambientes (o avaliador deveria buscar uma sala tranquila na planta). Se possuirmos
níveis de calibração mais elevados, esse efeito será atenuado ou eliminado, evitando
essa preocupação.

2.7.4. FAZENDO A DOSIMETRIA


2.7.4.1. DEVO TIRAR O DOSÍMETRO DO TRABALHADOR NA HORA DO ALMOÇO?
Eis aí uma questão que não tem uma resposta definitiva. Se o almoço ocorre em
refeitório, e o trabalhador tem sua jornada de 8h na área produtiva, efetivamente o
almoço não faz parte da jornada, sendo o caso de retirar o dosímetro ou colocá -lo em

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
50

“pausa”. Há pessoas que argumentam que o trabalhador está na empresa, e sua


exposição é global, devendo-se deixar o dosímetro. É importante observar que essa
postura em favor da segurança é enganosa, pois em um refeitório, “silencioso”, isto é,
abaixo do limiar de integração do aparelho, em nada ocasionará à dose diária, com o
inconveniente sério de reduzir o nível médio que, então, ficará diluído em 9h e não em
8h. Se o nível médio (Lavg) for o parâmetro de avaliação, estaremos agindo contra o
trabalhador.
Todavia, se o almoço faz parte da jornada, por acordos coletivos, por exemplo, e
ainda mais se a refeição é feita na área industrial (“quentinha”), com certeza o dosímetro
deve ficar instalado e operante.

2.7.4.2. COMO AJUSTAR UM DOSÍMETRO RECÉM ADQUIRIDO?


Um dosímetro recém adquirido deve ser ajustado para que opere de acordo com a
legislação e critérios técnicos do país. O fabricante fará seu aparelho para se adaptar à
maior quantidade possível de ambientes legais, pois ele quer vender. Mas, nem sempre o
aparelho é fornecido levando-se em conta o ajuste adequado do país (não espere
necessariamente que o seu fornecedor tenha feito isso de forma adequada). Portanto, o
que temos de ajustar será: fator de duplicação (fator q), que deverá ser 5 (isto é a base
da tabela da NR-15 – a cada 5 dBA, dobra-se ou divide-se por 2 o tempo permitido de
exposição); o nível de critério (valor que fornecerá 100% de dose em jornadas de 8
horas), que deverá ser de 85 dBA; e por fim, o nível de limiar de integração, que é a linha
de corte entre os níveis que serão ou não considerados na dose diária, que deverá ser de
80 dBA. Neste último caso, isto não está previsto na NR-15, mas é um critério técnico
consolidado e suportado por várias entidades internacionalmente consagradas, como a
ACGIH, a OSHA e o NIOSH. A Fundacentro também ressalta essa provisão em suas
normas sobre ruído, desde 1985.

2.7.5. ATENUAÇÃO DE PROTETORES


2.7.5.1. POSSO USAR UM MICROFONE MINIATURA DENTRO DO PROTETOR
AURICULAR PARA MEDIR A ATENUAÇÃO REAL DO RUÍDO?
Não se pode considerar este procedimento um processo válido para fins técnicos.
Ele pode dar uma ideia, apenas, da diferença entre o ruído externo e o interno, naquele
momento e naquelas circunstâncias. Como o procedimento não existe na forma
normalizada, trata-se apenas de uma amostra, não comparável com outras avaliações
padronizadas. O grande risco é querer tirar conclusões com esse número obtido. Os
dados de atenuação de protetores devem ser obtidos em laboratório, com metodologias
normalizadas, e o seu uso é igualmente disciplinado por métodos conhecidos.

2.7.5.2. POSSO USAR UMA CABINE AUDIOMÉTRICA E CALCULAR A ATENUAÇÃO


DE UM PROTETOR DE INSERÇÃO, FAZENDO O TESTE COM E SEM O EPI?
Este caso é similar ao anterior. Não há validade técnica, pois este não é um
procedimento normalizado. Existe ainda o risco do fone audiométrico tocar o protetor de

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
51

inserção, dando um “curto-circuito” acústico e falseando ainda mais o experimento. Não


se recomenda esse procedimento; mais especificamente, não se recomenda usar a
atenuação obtida desta forma improvisada para nenhum fim técnico legal. O dado
fornece apenas uma ideia grosseira da atenuação que deve ser verificada
adequadamente com metodologia normalizada e em laboratórios específicos para tal.

2.7.6. DÚVIDAS INICIAIS


2.7.6.1. QUAL A DIFERENÇA ENTRE LAVG E LEQ?
O Leq é um nível obtido ao longo de um período, que é um equivalente energético
médio da história do nível real ocorrido. Por isso ele é “equivalente”. A exposição ao nível
real, variável, no período, é energeticamente igual à exposição ao Leq, no mesmo
período. O Leq é obtido de medidores integradores, ou de dosímetros que estejam
operando com q=3 (lembramos aqui que a provisão de q=3 repres enta o princípio de
igual energia, pois a cada 3 dB, dobra-se ou divide-se por 2 a potência sonora). Já o Lavg
é um nível médio (avg é abreviação de average, média em inglês) que é obtido a partir da
dose de ruído (para qualquer fator q diferente de 3 de um dosímetro). O Lavg é o nível
constante que produziria a mesma dose no mesmo período em que o nível real variou.
Ele é obtido a partir da dose de ruído medida e do tempo de operação. No nosso caso
(ver a questão de ajuste de um dosímetro), como trabalhamos com q=5, todo nível obtido
será um nível médio (Lavg), mas nunca equivalente, no sentido energético. Os dois
valores serão como regra diferentes. Observe também que textos antigos, assim como
manuais de equipamentos, podem não fazer essa distinção adequa damente.

2.7.6.2. POSSO USAR SEM MEDO O NÍVEL DE RUÍDO EXTRAPOLADO PARA 8


HORAS FORNECIDO PELO DOSÍMETRO?
Quando a dosimetria não pode abraçar toda a jornada, então o que temos é uma
amostra. Se a amostra for representativa (e aqui contam o conhecimento d a tarefa e a
experiência do higienista), então, os dados da amostra podem ser extrapolados para toda
a jornada em um procedimento tecnicamente válido. Todavia, os aparelhos fazem isso,
automaticamente, desde os primeiros minutos de operação do dosímetro. Esse número
não está validado por nenhuma observação profissional, e é apenas um parâmetro
calculado pelas rotinas internas do aparelho. Em outras palavras, o dosímetro não
substitui o higienista, e a dose extrapolada da jornada, a partir da amostra, pode n ão
fazer sentido, se não for validada pela observação e conhecimento do que ocorreu em
campo.

2.7.6.3. AFINAL, QUAL É MELHOR, q=3 OU q=5?


Não se trata de ser melhor, mas de respeitar um princípio básico ocupacional: se a
energia dobrar, o tempo de exposição deve ser a metade, ou seja, o princípio de igual
energia. Isso significa que, seja qual for o nível de exposição, o trabalhador receberia a
mesma energia limite, pois é a energia que causa dano. O fator que respeita o princípio
de igual energia é o de q=3. Isto significa dar proteção adequada, dentro das premissas

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
52

de igual energia e dos valores-limite de exposição que forem definidos. Já o valor de q=5
é uma consideração que vem dos anos 60, foi baseada em algumas evidências que mais
tarde não se mostraram as mais adequadas, mas foi usado mundialmente por longo
tempo. Já foi abandonado na Europa há muitos anos, e as entidades técnicas da área,
notadamente a ACGIH (e no Brasil a Fundacentro) já recomendam que se passe para
q=3.

2.7.6.4. POSSO TRANSFORMAR UMA LEITURA EM dBC PARA dBA?


É comum que se imagine que haveria uma forma de “transformar” leituras obtidas
por um tipo de compensação para outro, mas isso é impossível sem que se conheça
detalhadamente o espectro do ruído. Conhecendo-se o espectro, podem ser feitos
cálculos para obter qualquer tipo de leitura compensada, pois essas compensações são
padronizadas. Você pode pensar que elas são padronizadas, deve haver um jeito de
fazer o processo inverso, obter a leitura não compensada (linear) e depois compensar
para a outra curva desejada... Por que não é assim? Porque, depois de compensado, não
há como “restaurar” o espectro original. Uma leitura em dBA já inclui o somatório da
contribuição de todas as frequências audíveis, devidamente ponderadas no ato d e medir,
para aproximar a audição humana. O aparelho não explicita o espectro do ruído, apenas
o mede obedecendo a curva de compensação e integra a energia total, que é expressa
em dBA. Para se conhecer o espectro, é necessária uma avaliação por faixas de
frequência, com filtros especiais, explicitando o “conteúdo” do ruído.

2.7.7. ALGUMAS CURIOSIDADES


2.7.7.1. POR QUE OS SONS E RUÍDOS DE BAIXA FREQUÊNCIA SE OUVEM EM
TODA A PARTE?
Primeiro, é preciso lembrar que além da frequência, uma onda sonora tem uma
dimensão física, ao seu comprimento de onda. É difícil visualizar isso, mas fazendo um
paralelo com as ondas mecânicas na água, vejam que o surfista prefere a onda “grande”,
mas que demora para passar. Ela tem uma frequência baixa, mas ocupa uma dimensão
grande que o interessa. Não é apenas “maior”, mas mais longa. As baixas frequências
possuem grandes comprimentos de onda (estamos falando de sons mais “graves” do
espectro – um tom puro de 20 Hz tem um comprimento de onda de 17 metros). As ondas
de baixa frequência não conhecem obstáculos, pois para ser um obstáculo respeitável,
ele deve ser da ordem de grandeza do comprimento de onda. Por isso, os ruídos de
baixa frequência se propagam a longas distâncias, pois não se encontram realmente
obstáculos, e são esses que se escutam em toda a planta e mesmo nos vizinhos, na
comunidade, gerando queixas. Além disso, o ar absorverá menos os sons de baixa
frequência, pois há menos movimentação das moléculas do ar, onde ocorre a dissipação
da energia da onda.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
53

2.7.7.2. QUANTO EU GANHO EM REDUÇÃO DO RUÍDO ME AFASTANDO DA


FONTE?
Em um ambiente aberto, cada vez que dobramos nossa distância inicial à fonte
sonora, o nível cairá 6 dB. Daí se percebe que é bom negócio afastar-se das fontes, além
de envolver geralmente um baixo custo, ou até gratuitamente (medidas administrativas
para afastar “expostos” de fontes intensas).

2.7.7.3. COMO SERIA UMA BOA PAREDE PARA ISOLAR RUÍDO?


No sentido estrito de isolamento, ou seja, uma partição entre dois ambientes, a
redução será tanto maior quanto mais “massuda” for a parede (quantos quilos ela pesa
por metro quadrado). O isolamento também será melhor para espectros de alta
frequência do que para as baixas frequências (é sempre mais difícil lidar com baixas
frequências, como já vimos). Por isso, concreto é melhor que alvenaria, alvenaria é
melhor que blocos, blocos são melhores que gesso, gesso é melhor que divisória
simples, divisória é melhor que uma cortina de pano...

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
54

2.8. TESTES

1. Considere as afirmações abaixo sobre o som:


I – Som é uma variação da pressão atmosférica capaz de sensibilizar nossos
ouvidos;
II – O decibel é utilizado devido à grande variação na faixa de valores usuais;
III – O som é sempre um ruído;
IV – Ruídos são sons que nos causam desconforto.
Agora selecione a melhor alternativa:
a) Apenas II é falsa.
b) Apenas III é falsa.
c) Apenas I e II são verdadeiras.
d) Apenas I e IV são verdadeiras.
e) Todas são verdadeiras.
Feedback: item 2.2.1. Por definição, o som é uma variação da pressão
atmosférica capaz de sensibilizar nossos ouvidos.

2. Qual a alternativa correta com relação ao decibel (dB):


a) É uma escala log-normal de relação de grandezas.
b) Não é uma unidade, mas sim uma relação adimensional.
c) Só pode ser utilizado para sons.
d) O limiar de dor é atingido com 60 dB.
e) Pode ser somado algebricamente.
Feedback: item 2.2.2.

3. Para uma jornada de trabalho de 8 horas, qual o valor máximo em dBA que o
trabalhador pode estar exposto continuamente, de acordo com as normas
brasileiras?
a) 70.
b) 75.
c) 80.
d) 85.
e) 90.
Feedback: item 2.3.1. Tabela 2.2.

4. Qual a alternativa correta com relação às medições do nível de pressão sonora de


acordo com a NBR 10151?
a) As medições no interior e exterior de edificações possuem os mesmos
procedimentos.
b) Os pontos de medição podem estar a qualquer distância do piso.
c) Caso o reclamante indique algum ponto de medição que não atenda às condições
“padrão”, o valor medido neste ponto deve ser excluído do relatório.
d) A influência do vento é sempre considerada desprezível.
e) Na ocorrência de reclamações as medições devem ser efetuadas nas condições e
locais indicados pela norma.
Feedback: item 2.4.3.1.

5. Qual a equação que define a relação adimensional:

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
55

a) L= 10.log(P/P0).
b) L= 15.log(P/P0).
c) L= 20.log(P/P0).
d) L= 30.log(P/P0).
e) N.d.a.
Feedback: item 2.2.2.

6. Qual é a larga faixa de frequência que o ouvido humano responde (faixa audível):
a) 16-20Hz a 16-20kHz.
b) 16-20Hz a 16-20MHz.
c) 16-20kHz a 16-20MHz.
d) 16-20MHz a 16-20GHz.
Feedback: item 2.2.5.

7. Qual é o nível de início do estresse auditivo:


a) 50 Db.
b) 55 dB.
c) 70 dB.
d) 85 dB.
e) N.d.a.
Feedback: item 2.5.1.

8. A somatória de dois valores iguais, considerando 65dB, vamos obter?


a) 67,5 dB.
b) 69 dB.
c) 68 dB.
d) 66,5 dB.
e) N.d.a.
Feedback: item 2.2.4.

9. Em um ambiente aberto, cada vez que dobramos nossa distância inicial à fonte
sonora, o nível cairá?
a) 4 dB.
b) 3 dB.
c) 5 dB.
d) 6 dB.
e) N.d.a.
Feedback: item 2.7.2.

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Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído
56

2.9. EXERCÍCIOS
1) Para um protetor com NRR=29, tipo espuma de expansão lenta, que não é usado
por 30 minutos na jornada, qual o NRR corrigido (uso real e tempo real de uso)?
Resposta: 12,5

2) Qual a exposição final de uma situação com Lavg(C)= 102, usando -se um protetor
circum-auricular com NRR= 21 e uso de 100% do tempo da jornada?
Resposta: 86,25 dB(A)

3) A dosimetria de uma exposição, para fins de insalubridade, é de 193% e jornada


de trabalho é de 6 horas. Usa-se um protetor de polímero (forma fixa) de NRR=14,
por todo o tempo de jornada. Qual o nível atenuado?
Resposta: O método não evidencia proteção

4) O NRRsf de um protetor é 14,5. A dosimetria convencional é 300%. Qual o nível


atenuado?
Resposta: 78,4 dB(A)

5) Qual o máximo dBC para o qual um protetor de espuma de expansão lenta com
NRR=28, dará poroteção, se usado 100% do tempo? Considerar jornada de 8 horas.
Resposta: 99 dB(C)

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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
57

CAPÍTULO 3. EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL ÀS VIBRAÇÕES MECÂNICAS


Prof. IRLON DE ÂNGELO DA CUNHA

OBJETIVOS DO ESTUDO

Apresentar os diversos aspectos relacionados à exposição ocupacional a vibrações


mecânicas em mãos e braços e de corpo inteiro, entre os quais: os efeitos, os limites de
exposição, os critérios legais, os procedimentos voltados à avaliação do agente e as
medidas gerais de prevenção.

Ao terminar este capítulo o aluno deverá estar apto a identificar:

 Os principais parâmetros mecânicos e termos utilizados na avaliação deste agente


de risco;
 Os principais efeitos à saúde e as relações dose-resposta apresentadas nos
critérios internacionais;
 Os conteúdos básicos, a aplicação e interpretação do critério legal, normas e
critérios internacionais: ISO 5349-1:2001, ISO 5349-2:2001, ISO 2631-1:1997
(incluindo “Amendment” 2010), Limites da ACGIH e Diretiva Europeia;
 As características gerais e montagem do instrumental e acessórios utilizados na
medição da vibração em campo, levando-se em consideração as Normas de
Avaliação NHO 09 e NHO 10 que complementam este capítulo;
 Os elementos mínimos de um programa de prevenção dos riscos devidos à
exposição às vibrações com base no PPRA (Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais – NR 9).

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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
58

3.1 PRÉ-REQUISITOS
Para participação neste módulo, o aluno deverá ter conhecimentos prévios sobre
análise de frequência, curvas e filtros de ponderação e sua aplicação. Neste sentido, é
fundamental que o aluno tenha participado previamente dos módulos que tratam sobre a
exposição ocupacional ao ruído e sobre as Normas Regulamentadoras NR 15 e NR 09.

3.2 MODELO MECÂNICO SIMPLIFICADO DO CORPO HUMANO


Os efeitos da vibração no homem dependem, entre outros aspectos das
frequências que compõe a vibração. A figura 3.1 apresenta as faixas de ressonâncias
típicas em função de determinadas partes ou estruturas do corpo humano. É interessante
observar que de forma geral as baixas frequências são mais prejudiciais. Os medidores
de vibração deverão, portanto, possuir filtros de ponderação que levem em conta essas
características.

Figura 3.1. Modelo simplificado do corpo humano. [Fonte: Brüel & Kjaer, 1988]

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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
59

3.3 CLASSIFICAÇÃO, OCORRÊNCIAS E EFEITOS DA EXPOSIÇÃO


Vibrações em Mãos e Braços (VMB) - presentes nas atividades com ferramentas
manuais vibratórias: marteletes, britadores, rebitadeiras, compactadores, politrizes,
motosserras, lixadeiras e outras.
Os efeitos decorrentes da exposição à VMB são denominados dentro da
terminologia médica de Síndrome da Vibração em Mãos e Braços (SVMB) e refere -se ao
conjunto de sintomas de ordem vascular, neurológica, osteoarticular, muscular entre
outros.
Vibrações de Corpo Inteiro (VCI) - transmitidas ao corpo com o indivíduo na posição
sentado (reclinado ou não), em pé ou deitado, presentes em atividades com máquinas
pesadas: tratores; caminhões; máquinas de terraplanagem; grandes compressores;
ônibus; aeronaves e outras.
Entre os principais efeitos da exposição ocupacional a VCI são citadas as
lombalgias. No entanto, na literatura observa-se a possibilidade de ocorrência de outros
efeitos para condições de exposição severas a esse agente.

3.4 PARÂMETROS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO


A vibração pode ser expressa por meio das métricas apresentadas na Figura 3.2,
sendo que as normas de referência indicam a utilização da aceleração em m/s 2 para fins
ocupacionais. O Fator de Crista (FC) obtido a partir da razão V pico/Vrms fornece um
referencial sobre o comportamento do sinal. Para valores de FC elevados no caso da
VCI, ou seja, com a ocorrência de picos significativos, pode ser necessária a utilização de
métodos e procedimentos específicos para a medição e avaliação da exposição . Esses
métodos e procedimentos estão descritos nos critérios técnicos das normas de referência
citadas na legislação (Anexo 1) e apresentados nos tópicos a seguir:

Figura 3.2. Parâmetros para expressar a vibração. [Fonte: Brüel & Kjaer, 1988]

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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
60

3.5 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A VIBRAÇÃO


A avaliação da exposição ocupacional às vibrações mecânicas requer que a fase
de reconhecimento do risco seja realizada de forma cuidadosa, mediante uma análise
preliminar considerando-se os seguintes aspectos:

 identificação e descrição dos ambientes de trabalho, processos, operações e


condições de exposição, incluindo-se características das máquinas, veículos,
ferramentas ou equipamentos de trabalho e as informações fornecidas por fabricantes
sobre os níveis de vibração gerados pelos mesmos, quando disponíveis;
 condições de uso e estado de conservação de veículos, máquinas, equipamentos e
ferramentas, incluindo componentes ou dispositivos de isolamento e amortecimento
que interfiram na exposição de operadores ou condutores;
 características das superfícies de circulação, cargas transportadas, velocidades e
condições de operação, no caso de VCI;
 estimativa de tempo efetivo de exposição diária, identificação de pausas existentes ao
longo da jornada e de condições específicas de trabalho que possam contribuir para o
agravamento dos efeitos decorrentes da exposição;
 esforços físicos e aspectos posturais;
 dados de exposição ocupacional existentes, informações ou registros relacionados a
queixas e antecedentes médicos dos trabalhadores expostos.

A análise preliminar tem por objetivo reunir elementos que permitam enquadrar as
situações analisadas em três distintas possibilidades, quais sejam:

a) a convicção técnica de que as situações de exposição são aceitáveis, pressupondo -


se que estão abaixo do nível de ação;

b) a convicção técnica de que as situações de exposição são inaceitáveis,


pressupondo-se que estão acima do limite de exposição;

c) a incerteza quanto a aceitabilidade das situações de exposição analisadas.

Quando, após a análise preliminar, permanecer a incerteza da aceitabilidade da


condição de exposição analisada ou quando houver a necessidade de se dispor do valor
da vibração, deve-se efetuar a avaliação quantitativa.

Os parâmetros utilizados para quantificação do agente são a Aceleração


Resultante de Exposição Normalizada (aren) para VMB e VCI e o Valor de Dose de
Vibração Resultante (VDVR) para VCI. Este último parâmetro é importante quando
ocorrem choques ou solavancos significativos durante exposição do tra balhador,
ocasionados por vias de circulação ou pavimentos irregulares, apresentando buracos,
saliências ou desnivelamentos.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
61

3.5.1. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A VIBRAÇÃO


EM MÃO E BRAÇOS

O nível de ação para a exposição ocupacional diária a vibração em mãos e


braços adotado, corresponde a um valor de aceleração resultante de exposição
2
normalizada (aren) de 2,5 m/s .

O limite de exposição ocupacional diária a vibração em mãos e braços, adotado,


corresponde a um valor de aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de
2
5 m/s .

Para fins de comparação com o limite de exposição ou com o nível de ação,


independentemente da duração da jornada de trabalho, deve -se determinar a aceleração
resultante de exposição normalizada (aren).

A aceleração resultante de exposição normalizada (aren) é determinada pela


expressão:

sendo:

are = aceleração resultante da exposição, representativa da exposição


ocupacional diária;
T = tempo de duração da jornada diária de trabalho, expresso em horas ou
minutos;
T0 = 8 horas ou 480 minutos.
Todas as acelerações consideradas neste critério são ponderadas em frequência,
segundo a curva de ponderação “W h”, conforme estabelecido no anexo A da Norma de
referencia a ISO 5349-1: 2001.

Para detalhamentos sobre definições de métricas, símbolos, abreviaturas e


correlações de termos português-inglês, procedimentos de avaliação, sistemas de
medição e calibração de equipamentos, observar as Normas NHO 09 e NHO 10 da
Fundacentro, disponíveis em PDF no endereço:
http://www.fundacentro.gov.br/biblioteca/normas-de-higiene-ocupacional
Essas NHO foram elaboradas considerando-se entre outros, os requisitos contidos
nas normas internacionais ISO 5349 e ISO 2631.

A severidade da vibração transmitida às mãos nas condições de trabalho é


influenciada pelos seguintes aspectos:

 espectro de frequências da vibração;


 magnitude do sinal de vibração;
 duração da exposição diária e tempo total de exposição à vibração;
 configuração da exposição (contínua, com pausas, tempos relativos), e método
de trabalho;

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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
62

 magnitude e direção das forças aplicadas pelo operador ao segurar a


ferramenta ou peça;
 posicionamento das mãos, braços e corpo durante a operação;
 tipo e condição do equipamento, ferramenta ou peça trabalhada;
 área e localização das partes das mãos que estão expostas à vibração.

Quadro 3.1. Determine are e aren sabendo-se que a exposição diária de um


operador à vibração em mãos e braços é devida ao uso de três tipos de ferramentas
manuais vibratórias ao longo da jornada. As acelerações triaxiais e tempos
representativos da exposição são: 1,1 m/s 2 por 1,5 h; 3,7 m/s2 por 3h; 5,1 m/s2 por
2 h. A jornada diária de trabalho é de 6,5 horas.

Resposta:

Aceleração Resultante de Exposição (are): corresponde à aceleração


média resultante, representativa da exposição ocupacional diária,
considerando os três eixos ortogonais e as diversas componentes de
exposição identificadas, definida pela expressão que segue:
]
sendo:
arepi = aceleração resultante de exposição parcial;
ni = número de repetições da componente de exposição “i”ao longo
da jornada de trabalho;
Ti = tempo de duração da componente de exposição “i”;
m = número de componentes de exposição que compõem a
exposição diária;
T = tempo de duração da jornada diária de trabalho.
Neste caso: m=3, n=1 e T= 6,5 h

A aceleração resultante de exposição normalizada (aren) é determinada


pela expressão:

sendo:
T = tempo de duração da jornada diária de trabalho, expresso em horas
ou minutos;

T 0 = 8 horas ou 480 minutos .


Neste caso

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
63

A parte 1 da Norma ISO 5349: 2001 que trata dos requisitos gerais para medição
e avaliação da exposição humana à vibração transmitida às mãos não define limites de
exposição. Em seu anexo C de caráter informativo apresenta uma relação dose resposta
(Figura 3.3) onde Dy é o nº de anos necessários para surgimento de lesões vasculares
(dedos brancos), P é a porcentagem de incidência em 10% da população exposta à VMB
e aren corresponde à aceleração em m/s 2, a qual equivale à notação A(8) utilizada pela
norma ISO 5349.
No entanto, dependendo do tipo de ferramenta e condições de trabalho essa
relação dose resposta pode superestimar ou subestimar os efeitos da exposição ao
agente segundo alguns pesquisadores.

Figura 3.3. Modificado de ISO 5249:2001(E) - Relação Dose-resposta


Dy  31,8 aren
1, 06

O nível de ação e o limite de exposição presentes na diretiva 2002/44/EC em vigor


para a comunidade europeia para VMB são iguais aos valores os adotados pela

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
64

Legislação Brasileira, Portaria Nº 1297 de 13/08/2014 do Ministério do Trabalho e


Emprego.

A Conferência Americana de Higienistas Industriais Governamentais (ACGIH) em


sua publicação de 2014 que trata dos limites de exposição ocupacional (TLVs®) para
substâncias químicas, agentes físicos e índices biológicos de exposição (BEIs®),
apresentou uma nota de alteração pretendida, onde o limite de exposição à VMB se
iguala ao limite da Diretiva Europeia [5 m/s 2].
No entanto, indica que este limite e as demais recomendações relacionadas ao
mesmo devem ser usados como guia no controle da exposição à vibração em mãos e
braços e, devido às variações na susceptibilidade individual, não devem ser considerados
como linhas divisórias entre níveis seguros e perigosos.

3.5.1.1. MEDIÇÃO TRIAXIAL (ISO 5349-2: 2001)


1º CASO – Quando a vibração nos três eixos apresenta valores de
aceleração semelhantes
Exemplo: quando a orientação da peça de trabalho está continuamente mudando
de posição nas mãos do operador (ex.: operação com esmeril de pedestal - pequenos
componentes), a medição em um único eixo pode ser suficiente para fornecer uma
estimativa da exposição à vibração representativa, uma vez que para os demais eixos os
valores são semelhantes, a peça gira nas mãos do oper ador.
Neste caso a aceleração resultante dos três eixos corresponde aproximadamente
à aceleração medida numa única direção vezes o fator 1,7.

ahv  ahwx
2
 ahwy
2
 ahwz
2
 ahw
2
, measured  ahw, measured  ahw, measured
2 2

(3.2)
,measured  1,73 ahw,measured  1,7 ahw,measured
2
3ahw

2º CASO – Quando a vibração é predominante em determinado eixo e os


demais eixos possuem cada um, valor inferior a 30% em relação ao eixo
dominante.
Exemplo: Medições em britadores durante a perfuração de asfalto apontam uma
vibração dominante no eixo vertical, nos demais eixos os valores são inferiores a 30% em
relação ao eixo dominante.

(3.3)

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
65

A aceleração resultante dos três eixos corresponde aproximadamente à


aceleração do eixo dominante vezes o fator: (1,1).

Quadro 3.2. Ao se avaliar a exposição de um “marteleteiro”, verificou-se que a


vibração medida no eixo mais significativo apresentou uma aceleração ponderada
equivalente, valor eficaz de 12,9 m/s 2. Discuta a exposição sabendo que o mesmo
opera o martelete em média 4,5 horas por dia. Considerar os critérios legais, NR15;
NR9, relação dose resposta da ISO 5349:2001, Diretiva 2001/44/EC e ACGIH (2014).

Resolução:

Pela NR15 e NR 09, deve -se determinar a aren. Neste caso não são
fornecidos os valores para os demais eixos, mas estes podem ser estimados
segundo a ISO 5349:2001. Para ferramentas de percussão a vibração nos eixos
secundários são em geral iguais ou inferiores a 30% do valor correspondente
ao eixo principal. Ou seja, se a x = 12,9 m/s2, ay = az = 0,3.ax Portanto:

Conforme o anexo da NR 09 o limite de exposição aren = 5,0 m/s2 foi


superado exigindo ações preventivas e corretivas. Segundo a NR 15 a
superação do limite implica caracterização de condição insalubre.

Mediante a relação dose-resposta da ISO 5349: 2001, o tempo aproximado


em anos para incidência de branqueamento nos dedos (percentil 10%) pode ser
-1,06
obtido pela expressão: Dy = 31,8 (aren) . Logo Dy = 31,8 (10,5) -1,06 ≈ 2,6
anos.

A nota de alteração pretendida da ACGIH (2014) apresentou limite igual ao


da Diretiva Europeia 2002/44/EC, cujo valor corresponde ao estabelecido pelo
Anexo 8 da NR 15 ou seja 5 m/s2, o valor da aren supera portanto os limites em
todos os critérios.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
66

Quadro 3.3. A vibração transmitida às mãos de um trabalhador durante a operação


com uma lixadeira produziu os dados apresentados no gráfico a seguir. Efetue a
análise da exposição ocupacional do operador, considerando: os limites de
exposição da ACGIH (2014), a relação dose-resposta da ISO 5349: (2001) e a
Diretiva Europeia 2002/44/CE.

Histórico de exposição à vibração


(Eixo predom inante)

7
6
5
a (h,w ) [m /s2]

4
3
2
1
0
7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
t (h)

Obs: A vibração nos demais eixos corresponde a 55% e 66% da aceleração


medida no eixo predominante

Resposta:
Pelo livreto da ACGIH de 2014 que contém os valores limites de
exposição (TLVs e BEIs) tem-se duas abordagens. A primeira (em vigor em
2014) considera um limite de 4m/s 2, correspondente a aceleração dominante
para durações totais da exposição diária entre 4 horas e menos de 8 horas. A
segunda abordagem corresponde a “Nota de alteração pretendida”, onde o
limite de exposição à VMB se iguala ao limite da Diretiva Europeia de 5 m/s 2
(resultante dos três eixos). Para primeira abordagem determinamos a
aceleração equivalente para o tempo total de contato com a vibração para o
eixo predominante (eixo x).

3.4

Pela ACGIH, o valor da componente de aceleração dominante, valor

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
67

eficaz, ponderada em frequência, não deve ultrapassar o valor de 4 m/s 2. Neste


caso o limite foi superado (4,7 m/s 2).
Segundo a “Nota de alteração pretendida’ da ACGIH deve-se determinar a
aceleração A (8) que corresponde a aceleração resultante de exposição
normalizada aren, notação prevista no anexo 8 da NR 15.

Tempo aproximado em anos capaz de produzir episódios de


branqueamento em 10% dos indivíduos expostos, após um dado número de
anos (Dy) conforme o anexo C (caráter informativo) da ISO 5349:2001 pode ser
obtido pela expressão: Dy = 31,8[A(8)] -1,06  Dy = 31,8[4,9] -1,06 = 5,9 anos

A aceleração A (8) obtida embora não tenha superado o limite de


exposição conforme diretiva da comunidade europeia (5 m/s 2) superou o nível
de ação (2,5 m/s2), requerendo ações preventivas.

Nota: A partir de 2015 o Nível de Ação (NA) e o Limite de exposição da ACGIH


para VMB equivalem aos previstos pela Portaria Nº 1297 de 13/08/2014 do
Ministério do Trabalho e Emprego.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
68

Quadro 3.4. Um auxiliar de produção utiliza constantemente ao longo de sua


jornada um esmeril de pedestal para fazer o acabamento ao redor de pequenas
peças metálicas. A peça trabalhada muda de posição continuamente nas suas
mãos. A vibração medida em um único eixo resultante de diversas medições
produziu uma aceleração equivalente de 3,7 m/s2. O tempo total diário de operação
é de 4,5 horas. Quais conclusões podem ser obtidas, considerando -se a relação
dose-resposta apresentada pela ISO 5349:2001?

Resposta:
Neste caso, pela ISO 5349:2001, a medição em um único eixo pode ser
suficiente para fornecer uma estimativa da exposição à vibração representativa
da aceleração resultante (total):

Usando a notação da ISO 5349: 2001, A (4,5) = 6,3 m/s2

Neste caso não foi fornecida a jornada diária, no entanto para determinação da
aren pode-se utilizar o valor de amr e o tempo total diário de operação.

Segundo o anexo C (caráter informativo) da norma citada, a relação entre a


exposição diária à vibração A(8) capaz de produzir episódios de
branqueamento em 10 % dos indivíduos expostos após um dado número de
anos (Dy) pode ser obtido pela expressão:

3.5.2. VIBRAÇÕES DE CORPO INTEIRO


Entre os principais efeitos da exposição à VCI se destacam as lombalgias, no
entanto, a literatura aponta outros efeitos relacionados ao agente em trabalhadores
expostos a condições severas, tais como:

 problemas gastrointestinais;
 no sistema reprodutivo;
 no sistema visual e vestibular;
 nos discos intervertebrais;
 degenerações da coluna vertebral, entre outros.

Vibrações superiores a 10 m/s 2 são preocupantes, valores da ordem de 100 m/s 2


podem causar danos, ex.: sangramentos internos.

Entre as normas de referência relacionadas à VCI destaca-se a ISO 2631. A


edição de 1985 apresentava limites de exposição e foram a base dos limites de tolerância

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
69

da legislação brasileira (Anexo 8 da NR 15) até 1997. A edição da ISO 2631:1997 além
de cancelar e substituir a edição anterior suprimiu os limites de exposição. A ACGIH
constitui outra importante referência no âmbito da legislação brasileira, sendo
referendada na Norma Regulamentadora NR 9 que trata dos Programas de Prevenção
de Riscos Ambientais (PPRA). Os limites de exposição da ACGIH para VCI até 2015
tinham por base a ISO 2631: 1985. Em 2016 a ACGIH mudou seus limites de exposição
com base na zona de cautela dada pelo Anexo B da ISO 2631 -1:1997/AMD 2010.

3.5.2.1. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS LIMITES DA ACGIH (2014)

 Para cada eixo, é necessário efetuar uma análise espectral (Fourier) em bandas
de terço de oitavas (1 a 80 Hz) para comparação com as curvas (Figuras 3.4 e
3.5) que estabelecem os limites para cada banda de frequência (eixo z e eixos
x, y).
 Para cada ponto de medição deve ser obtida a aceleração rms contínua e
simultânea nos três eixos ortogonais, registrada por pelo menos um minuto junto
às coordenadas biodinâmicas.
 O limite de exposição é válido para fatores de crista (FC) de vibração iguais ou
inferiores a 6. Quando o fator de crista exceder 6, o limite subestimará os efeitos
da VCI, devendo, portanto, ser usado com cuidado. O fator de crista é definido
como a relação entre a aceleração de pico e a rms (raiz média quadrática),
medida na mesma direção, em um período de um minuto, para qualquer um dos
eixos ortogonais X, Y e Z.
 Se a aceleração nos eixos de vibração tem magnitudes similares, o movimento
combinado dos três eixos pode ser maior que qualquer um dos componentes e
possivelmente afetará o desempenho do operador do veículo. A resultante Awt
pode ser determinada. O fator de (1,4), multiplicando os valores dos totais de
aceleração rms ponderada dos eixos X e Y, é a razão entre o valo r longitudinal
e os transversais das curvas de igual resposta, nas faixas de maior
sensibilidade de resposta humana.

3.5

A aceleração resultante Awt pode ser comparada ao valor de 0,5 m/s 2


recomendado pela Comissão Europeia (CE) como nível de ação para uma jornada
diária de 8 horas:
 Se durante a jornada de trabalho ocorrer múltiplas vibrações de choque de curta
duração e grande amplitude (FC>6) o Limite pode não oferecer proteção.
Nestes casos outros métodos de cálculo que incluem o conceito d a quarta
potência podem ser recomendáveis (Valor de Dose da Vibração VDV).

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
70

Figura 3.4. Limites para aceleração longitudinal ACGIH (2014).

Figura 3.5. Limites para aceleração transversal ACGIH (2014).

Deve ser observado que com a publicação da Portaria N.º 1.297 de 13 de agosto
de 2014 os limites da ACGIH para VMB e VCI não se aplicam para fins do anexo 8 da
NR 15 e anexo 1 da NR 9.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
71

3.5.2.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE A ISO 2631-1:1997 - VIBRAÇÃO MECÂNICA E


CHOQUE – AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO HUMANA À VIBRAÇÃO DE CORPO
INTEIRO.
 Esta edição cancela e substitui a primeira edição ISO 2631-1:1985 e ISO 2631-
3:1985, e se subdivide em:

 Parte 1: Requisitos gerais


 Parte 2: Vibração contínua e induzida por choque em edificações (1 a 80Hz)
 Os limites de exposição não foram incluídos e o conceito de "proficiência
reduzida pela fadiga" relativo à ISO 2631: 1985 foi excluído;
 A faixa de frequência foi estendida abaixo de 1Hz sendo que a avaliação está
baseada na aceleração eficaz ponderada em frequência preferencialme nte ao
método detalhado (análise por faixas de frequência):

 0,5 Hz a 80 Hz para fins de saúde, conforto e percepção


 0,1 Hz a 0,5Hz para o mal do movimento (Cinetose)

Principais métricas para avaliação da exposição conforme ISO 2631 -1: 1997

 Método básico de avaliação (rms): normalmente suficiente para FC < 9.


1
 T  2


 
aw   1
T
2
aw t  dt
  (3.6)
 0 
 Método alternativo quando FC>9
Valor de Dose da Vibração - quarta potência, utilizado quando existem choques
ocasionais que possam gerar dúvidas quanto a aplicabilidade do método básico, sendo
mais sensível a picos do que o método básico. Expresso em m/s 1,75 ou rad/s1,75.
1
T  4


 
VDV   a w t  4 dt
  (3.7)
0 

aw (t) - aceleração ponderada instantânea


T - duração da medição

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
72

Para exposição à vibração em dois ou mais períodos, i, de diferentes magnitudes:


1
  4


 4
VDVtotal   VDVi 
  (3.8)
 i 
 Experiências sugerem que os métodos adicionais de avaliação serão
importantes no julgamento dos efeitos da vibração no homem quando a razão a
seguir for excedida:

1/4
(VDV / awT ) = 1,75 (3.9)

 Para certos tipos de vibração, especialmente aquelas contendo choques


ocasionais, o método básico pode subestimar a severidade com relação ao
desconforto mesmo quando FC < 9. Em caso de dúvida utilizar os métodos
adicionais.

ISO 2631:1997 - Ponderação em frequência e relação dose -resposta


As duas principais ponderações em frequência relacionadas à saúde são W k para a
direção z e W d para as direções x e y.
A aceleração ponderada em frequência (rms) deve ser determinada para cada eixo
(x, y e z) da vibração translacional na superfície que suporta o indivíduo.
A avaliação do efeito da vibração à saúde deve ser feita independentemente para
cada eixo. A análise da vibração deve ser feita considerando -se a maior componente de
aceleração ponderada em frequência medida nos diversos eixos do assento.
Quando a vibração em dois ou mais eixos for comparável, o vetor resultante é
algumas vezes utilizado para estimar o risco à saúde. As ponderações em frequência
devem ser aplicadas para os indivíduos sentados, com os fatores de multiplicação K
conforme indicado:

Eixo x – Wd, K =1,4


Eixo y – Wd, K =1,4
Eixo z – Wk , K =1

O Anexo B da ISO 2631-1:1997 - Guia para os efeitos da vibração à saúde (caráter


informativo), revisado em 2010 (Amendment 1) pela ISO 2631 -1:1997/Amd.1:2010,
fornece informações sobre efeitos da exposição conforme Figura 3.6.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
73

Figura 3.6. Guia sobre os efeitos da vibração à saúde (caráter informativo).


[Fonte: Modificado do Anexo B da ISO 2631-1:1997/AMD 2010]

Observações em relação à Figura 3.6:


 Recomendações baseadas principalmente para exposições na faixa de 4 h a 8
h, pessoas sentadas - Eixo z. Durações mais curtas devem ser tratadas com
extrema precaução.
 Região A - os efeitos à saúde não têm sido claramente documentados e/ou
observados objetivamente.
 Região B - cautela em relação aos riscos potenciais à saúde.
 Região C - os riscos à saúde são prováveis.

O guia fornecido está baseado principalmente em dados disponíveis de pesquisas


relacionadas à exposição humana à vibração no eixo z em indivíduos sentados. A
experiência na aplicação dessa parte da norma é limitada para os eixos X e Y (pessoas
sentadas) e para todos os eixos nas posições em pé, deitada ou reclinada.
Quando a exposição à vibração consistir de dois ou mais períodos de exposição a
diferentes magnitudes e durações, a magnitude da vibração equivalente em energia
correspondente à duração total da exposição pode ser avaliada de acordo com a
seguinte expressão:

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
74

1


aw,  
 2
aw  2
i  Ti 


 (3.10)
 Ti 
 

onde:
aw, = magnitude da vibração equivalente (aceleração rms em m/s2);
aw, i = magnitude da vibração (aceleração rms em m/s2) para a duração da
exposição Ti.

Alguns estudos indicam uma magnitude de vibração diferente dada pela expressão:
1


aw,   
 4 
aw i  Ti 

4


 T i 

(3.11)

Essas duas magnitudes equivalentes têm sido utilizadas no guia para saúde de
conforme figura 3.6. Em alguns estudos têm-se utilizado valores de dose da vibração
estimativos, quando FC<6:
1
eVDV  1,4 a w T 4 (3.12)
onde:
a w - Corresponde a aceleração ponderada em frequência rms;

T - Corresponde a duração da exposição em segundos.

Considerações sobre os limites da ACGIH (2016) para VCI


A partir de 2016 o Nível de Ação (N.A) e Limite de Exposição (L.E) passaram a
vigorar conforme tabela a seguir:

Tabela 3.1

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
75

O N.A e o L.E listados acima são válidos para vibrações com fatores de crista (FC)
iguais ou inferiores a 9 (ISO, 1997). Para FC> 9 recomenda o uso do VDV. Neste caso o
VDV não deve exceder 17 ms –1,75 a fim de evitar riscos à saúde. Recomenda também
que ações para mitigação da vibração sejam empreendidas para reduzir qualquer VDV
situado entre 8,5 a 17,0 ms –1,75. O método do VDV não deve ser aplicado a exposições
com duração superior a 8 horas.

Quadro 3.5. Um operador de uma pá carregadeira executa suas atividades durante um


tempo médio diário de 5 horas. A acelerações equivalentes medidas junto ao assento,
valor eficaz (rms), ponderadas segundo a ISO 2631:1997 foram:

awx = 0,20 m/s2 , awy = 0,32 m/s2, awz = 0,55 m/s2

Quais conclusões podem ser formuladas à partir dos dados fornecidos, tendo em conta a
relação dose-resposta da norma citada e o critério legal vigente?

Resposta:
Considerando-se o anexo B da referida norma, verificamos que para o eixo Z
vale a relação expressa na Figura 3.6 ou seja, a w1.T11/2= aw2.T21/2

Quando aw1 = 3 m/s2 implica T1 = 10min logo para T2= 5 horas (300 min) temos:
3x10 =aw2x3001/2 → aw2 = 0,54 m/s2 como o valor medido foi awz = 0,55 m/s2
1/2

observa-se que este recai interface da zona B, portanto, dentro da área de cautela
em relação aos riscos potenciais à saúde.
Em relação aos eixos x, y, o guia cita que existe experiência limitada na
aplicação das zonas de precaução para pessoas sentadas. De qualquer modo os
valores de aceleração medidos nesses eixos recaem na região A onde os efeitos à
saúde não têm sido claramente documentados e/ou observados de forma objetiva.

Segundo o anexo 1 da NR 9 a aceleração resultante deve ser determinada

Embora não seja insalubre segundo o anexo 8 da NR 15, o nível de ação está
superado segundo o anexo 1 da NR 09, exigindo ações preventivas.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
76

Quadro 3.6. A utilização de um Harvester no processamento de árvores (corte,


desgalhamento e traçamento) expõe o operador à vibração de corpo inteiro. A
aceleração equivalente, eficaz, ponderada segundo a ACGIH/2014 medida em cada
eixo, junto ao assento da máquina é fornecida. Considerando-se o critério da ACGIH
de 2014, quais considerações podem ser emitidas em relação ao desempenho do
operador, sabendo-se que o tempo total de operação diária é de 6 horas. Como fica a
exposição desse operador frente aos limites de exposição previstos nos critérios pela
ACGIH (2016) e normas NR 15 e NR 09, vigentes?

aw x = 0,35 m/s2 , aw y = 0,30 m/s2, aw z = 0,32 m/s2

Resposta:

Considerando-se o critério da ACGIH 2014, se a aceleração nos eixos de


vibração tem magnitudes similares, o movimento combinado dos três eixos
pode ser maior que qualquer um dos componentes e possivelmente afetaria o
desempenho do operador do veículo.
Ainda, segundo a ACGIH, a aceleração global ponderada pode ser
determinada pela expressão que segue, e comparada ao valor de 0,5 m/s 2
recomendado pela Comissão Europeia (CE) como nível de ação para uma
jornada diária de 8 horas.

Obtenção de Awt(8):

Neste caso a aceleração encontrada supera o nível de ação proposto pela


CE (0,5 m/s2).

Pela ACGIH 2016:

, sendo L.E correspondente ao tempo de exposição T (hrs). Neste caso


para T=6 hrs, L.E=1,0 m.s -2, ou seja o limite de exposição para qualquer dos
eixos não foi foi superado, bem como para o valor somatória dos eixos.

Quanto ao Anexo 8 da NR 15 e anexo 1 da NR 09:


aren = 0,62 m.s -2, abaixo do limite de exposição permitido (1,1 m.s -2), porém
superior ao nível de ação (0,5 m.s -2 ), exigindo ações preventivas.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
77

3.5.2.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A DIRETIVA 2002/44/EC DA COMUNIDADE


EUROPEIA
A Diretiva 2002/44/EC em vigor para a comunidade europeia estabelece níveis de
ação e limites de exposição. Para VMB esses valores têm equivalência com a legislação
brasileira em vigor (Anexo 8 da NR 15 e anexo 1 da NR 9), conforme Tabela 3.2, onde a
aceleração resultante A (8) equivale a aceleração aren.

Para VCI observamos os que a Legislação Brasileira é mais restritiva, pois a


métrica utilizada na comparação com o nível de ação e limite de exposição, a aren, é
resultante e não valor corresponde ao maior eixo, conforme adotado na diretiva, bem
como exige a determinação do valor VDVR (Valor de Dose da Vibração Resultante) para
comparação com limite relativo ao VDV. A diretiva permite aos países membros da
comunidade europeia escolher entre A (8) ou VDV.

Tabela 3.2. Níveis de ação e limites de exposição para a comunidade europeia

Diretiva da CE
H/A WB
A (8) A (8) VDV
2
[m/s ]
2
[m/s ] [m/s1,75]

Nível de ação 2,5 0,5 9,1

Limite de
5 1,15 21
exposição

3.6 MEDIDAS PREVENTIVAS


Entre as medidas preventivas obrigatórias quando os níveis de ação são
superados incluem-se: o controle médico, a orientação aos trabalhadores, a avaliação
periódica da exposição e a adoção de procedimentos e métodos de trabalho alternativos
que permitam reduzir a exposição ao agente.
Quando os limites de exposição são superados devem ser adotadas medidas
corretivas, entre as quais: a redução do tempo e da intensidade de exposição diária à
vibração, a modificação de processos, operações, rotinas ou reorganização dos postos
de trabalho.
Outros aspectos relacionados às ações preventivas e corretivas pode m ser
observados no o critério legal, detalhado no Anexo A.

3.7 EXPOSIÇÃO À VIBRAÇÃO E A APOSENTARIA ESPECIAL


O Instituto Nacional do Seguro Social por meio de sua Instrução Normativa
INSS/PRES Nº 77, de 21 de janeiro de 2015 dispõe no Capítulo V (Dos benefícios e
serviços),Seção V (Da aposentadoria especial), Subseção IV (Do enquadramento por

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
78

exposição a agentes nocivos), no seu artigo 283, os períodos e as f ormas para


enquadramento da aposentadoria especial para trabalhadores expostos ao agente.

Art. 283. A exposição ocupacional a vibrações localizadas ou no corpo inteiro dará ensejo
à caracterização de período especial quando:

I - até 5 de março de 1997, véspera da publicação do Decreto nº 2.172, de 5 de março de


1997, de forma qualitativa em conformidade com o código 1.0.0 do quadro anexo
ao Decretos nº 53.831, de 25 de março de 1964 ou Código 1.0.0 do Anexo I do Decreto
nº 83.080, de 1979, por presunção de exposição;
II - a partir de 6 de março de 1997, quando forem ultrapassados os limites de tolerância
definidos pela Organização Internacional para Normalização - ISO, em suas Normas ISO
nº 2.631 e ISO/DIS nº 5.349, respeitando-se as metodologias e os procedimentos de
avaliação que elas autorizam; e
III - a partir de 13 de agosto de 2014, para o agente físico vibração, quando forem
ultrapassados os limites de tolerância definidos no Anexo 8 da NR-15 do MTE, sendo
avaliado segundo as metodologias e os procedimentos adotados pelas NHO-09 e NHO-
10 da FUNDACENTRO, sendo facultado à empresa a sua utilização a partir de 10 de
setembro de 2012, data da publicação das referidas normas.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
79

3.8. TESTES

1. Considere as afirmações abaixo sobre vibração:


I – As vibrações podem causar problemas de ordem vascular e neurológica, dentre
outras;
II – Os primeiros sintomas da síndrome são o branqueamento dos dedos;
III – A exposição por tempos elevados pode causar a necrose da pele, chamada de
acrocianose;
V – Os efeitos da vibração no homem dependem apenas da frequência que a
compõe.
Qual a alternativa correta?
a) Apenas I e II são verdadeiras.
b) Apenas IV é falsa.
c) Apenas I e III são verdadeiras.
d) Apenas II e IV são verdadeiras.
e) Todas são verdadeiras.
Feedback: item 3.3.

2. Qual dessas condições médicas não influencia na utilização de equipamentos


vibratórios?
a) Desordem do sistema nervoso periférico.
b) Doenças anteriores que causem deformidades dos ossos e juntas.
c) Doença primária de Raynaud.
d) Problemas de circulação sanguínea.
e) Problemas respiratórios leves.
Feedback: item 3.3.

3. Quanto às vibrações de corpo inteiro, quando a exposição é severa, qual desses


efeitos não é causado pela vibração?
a) Problemas no sistema reprodutivo.
b) Problemas renais.
c) Problemas gastrointestinais.
d) Problemas no sistema visual.
e) Problemas nos discos intervertebrais.
Feedback: item 3.5.2.

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Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
80

3.9. EXERCÍCIOS

1) O ciclo de exposição de um trabalhador à vibração foi determinado. Sabendo -


se que o mesmo é representativo e a exposição diária total é de 6 horas, faça uma
analise da exposição considerando os limites da Diretiva Européia.

Ciclo determinado:

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
81

2) Um trabalhador utiliza as seguintes ferramentas em sequência: nº 1 por 1h,


nº 2 por 0,5h e nº 3 por 1h. considerando-se o critério legal vigente quais considerações
podem ser feitas em relação a exposição desse trabalhador?

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 3. Exposição Ocupacional às Vibrações Mecânicas
82

3) A Promotoria de Acidentes do Trabalho determinou que a empresa Beta


avaliasse a necessidade de aplicação de medidas preventivas e de controle do risco
devido exposição de um operador à vibração de corpo inteiro. Você é o assistente técnico
da empresa. Quais são os critérios técnico-legais a serem utilizados na avaliação e na
caracterização do risco. Justifique.

Resposta:
Para avaliação e caracterização do risco, a Legislação Brasileira estabelece
por meio da Norma Regulamentadora NR-15 - Anexo 8, com redação dada pela
PORTARIA N.º 1.297 DE 13 DE AGOSTO DE 2014, os critérios para caracterização
da condição de trabalho insalubre decorrente da exposição às Vibrações de Corpo
Inteiro (VCI). Os procedimentos técnicos para a avaliação quantitativa da VCI são
os estabelecidos na Norma de Higiene Ocupacional da FUNDACENTRO a NHO 09.
2.2 Caracteriza-se a condição insalubre quando forem superados quaisquer dos
limites de exposição ocupacional diária a VCI:
a) valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 1,1 m/s 2;
b) valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,0 m/s 1,75.

A caracterização da exposição deve ser objeto de laudo técnico que deve


conter, entre outros aspectos, a descrição e resultado da avaliação preliminar da
exposição, realizada de acordo com o item 3 do Anexo 1 da NR-9 do MTE.

4) Um operador de uma pá carregadeira executa suas atividades durante um


tempo médio diário de 5 horas. A acelerações equivalentes medidas junto ao assento,
rms, ponderadas segundo a ISO 2631:1997 foram:

awx = 0,20 m/s2 , awy = 0,32 m/s2, awz = 0,55 m/s2


Quais conclusões podem ser formuladas à partir dos dados fornecidos, tendo em
conta a relação dose-resposta da norma citada?

Resposta:

Considerando-se o anexo B da referida norma, verificamos que para o eixos


x e y, o guia cita que existe experiência limitada na aplicação das zonas de
precaução para pessoas sentadas. Entrando com os valores de aceleração
medidos no gráfico (Figura 3.6), observamos que a exposição recai na região A
onde os efeitos à saúde não têm sido claramente documentados e/ou observados
objetivamente. Entrando com o valor da aceleração para o eixo z, observamos que
a exposição recai próxima à interface entre as regiõ es A e B, portanto, dentro da
área de precaução em relação aos riscos potenciais à saúde.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 4. Iluminação
83

CAPÍTULO 4. ILUMINAÇÃO
Prof. Prof. SÉRGIO MÉDICI DE ESTON
JOAQUIM GOMES PEREIRA

OBJETIVOS DO ESTUDO

Neste capítulo são analisados problemas associados a projetos de iluminação.

À medida que a ciência e a tecnologia evoluem, novos problemas ocupacionais


são criados. Como exemplo temos os problemas associados a forno de micro-ondas, a
terminais de vídeo ou a apontadores de laser. Não existem ainda evidências indicando
que estes problemas são significativos, mas os cientistas continuam a pesquisar as
possibilidades. Novos tipos de lâmpadas são continuamente comercializados e a
adequação do ambiente de trabalho tem que ser preservada.

Após este capítulo você deverá:

 Entender como o espectro eletromagnético contém a faixa de radiação visível;


 Entender os principais problemas associados à iluminação deficiente;
 Conhecer as principais unidades fotométricas;
 Saber que unidades devem ser medidas de acordo com as normas.

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Capítulo 4. Iluminação
84

4.1. A CIÊNCIA DA ILUMINAÇÃO


4.1.1. A NATUREZA FÍSICA DA LUZ
A energia pode se apresentar de muitas formas, como elétrica , magnética,
térmica, química, mecânica (cinética e potencial), atômica, etc. Quando apresenta
componentes elétricos e magnéticos é denominada de energia eletromagnética.

Quando uma forma de energia tem um caráter cíclico, se propagando no espaço


em todas as direções a partir de um ponto chamado fonte, ela é dita radiante. Uma
visualização do conceito de radiante pode ser a de ondas na água a partir de uma pedra
nela jogada. A luz é uma forma de energia eletromagnética radiante que nos permite
"ver", ou seja, que sensibiliza o olho humano. Portanto, trataremos aqui da energia
radiante visível ou luz.

A luz pode ser caracterizada por diversos parâmetros e os mais importantes são o
comprimento de onda e a frequência:
a) comprimento de onda (): é a distância percorrida espacialmente enquanto um
ciclo se repete.
b) frequência (f): é dada pelo número de ciclos na unidade de tempo, normalmente
num segundo. O inverso da frequência é o período (T) que representa o tempo para que
um ciclo se repita. O período pode ser definido como a "distância temporal" percorrida
para que um ciclo se complete.
Sendo  a distância percorrida pela onda durante um ciclo, e f o número de ciclos
por segundo, então o produto (·f) representa a distância percorrida pela onda em um
segundo. Ou seja, a velocidade de propagação da onda é dada por:

v =  x f (4.1)
No vácuo a velocidade de propagação da onda é aproximadamente de 300.000
km/s, e para o ar é um pouco menor. Ela é uma característica do meio de propagação e o
produto (·f) pode ser obtido por um número infinito de valores para elementos do par. O
conjunto destes pares define o chamado espectro de energia eletr omagnética radiante ou
espectro de radiação eletromagnética. Este espectro é apresentado na Figura 4.1, tendo
o nome espectro se originado dos trabalhos de J.C. Maxwell.

Atualmente a luz é analisada como um fenômeno de caráter dual, ou seja,


algumas vezes é mais conveniente se utilizar a teoria ondulatória e outras vezes é mais
conveniente se empregar a teoria corpuscular. Isaac Newton favorecia a teoria
corpuscular por entre outras coisas, observar a formação de sombras com contornos
delineados pela propagação retilínea dos raios luminosos.

Huygens, Fresnel, Maxwell e Hertz desenvolveram a teoria ondulatória, pois


certos fenômenos, como a difração ou a interferência luminosa, só podiam ser explicados
a partir de um caráter ondulatório. A difração, por exemplo, é a curvatura de uma onda
luminosa em torno da borda de um objeto.

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Capítulo 4. Iluminação
85

Posteriormente se retornou a aspectos da teoria corpuscular porque a teoria


eletromagnética clássica não explicava fenômenos como o efeito fotoelétrico ou o efeito
Compton. O efeito fotoelétrico (emissão de elétrons quando se incide luz num condutor)
foi explicado por Einstein em 1905 a partir de uma ideia de Planck. Ele postulou que a
energia de um feixe luminoso não era distribuída espacialmente nos campos
eletromagnéticos da onda, mas era discretizada e concentrada em "corpúsculos"
denominados de "fótons”.

Também o efeito Compton favorece aspectos da teoria corpuscular, porque no


choque entre um elétron e um fóton, eles se comportam de certo modo como corpos
materiais, conservando-se a energia cinética e o momento linear. Em resumo, fenômenos
de propagação são mais bem explicados pela teoria ondulatória, enquanto que a
interação luz-matéria é mais bem entendida usando-se conceitos corpusculares.

As propriedades ondulatórias são mais facilmente identificáveis quanto "mais


compridas" as ondas, ou seja, quanto mais além do vermelho visível se estiver, mais
notável se torna o aspecto ondulatório. Por outro lado, quanto mais nos deslocamos do
ultravioleta para os raios cósmicos, são mais notáveis os aspectos corpusculares das
radiações.

-9
Figura 4.1. Espectro de radiação eletromagnética. Um nm corresponde a 10 m. A
24
frequência vai de 10 Hz para os raios cósmicos até cerca de 1 Hz para transmissões de
potência. A luz visível compreende apenas a pequena faixa de 380 a 780 nm.

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Capítulo 4. Iluminação
86

4.1.2. GERAÇÃO, PROPAGAÇÃO E PERCEPÇÃO DA LUZ


A radiação eletromagnética surge como subproduto de qualquer processo onde
uma carga elétrica é acelerada, e alguns destes processos, ocorrentes na escala
atômico-molecular, dão origem à radiação visível.
Todo corpo visível é fonte primária ou secundária de luz; no primeiro caso a luz é
por ele gerada por um processo físico-químico ou nuclear, e no segundo caso o corpo
iluminado reflete parte da luz nele incidente.
Durante a propagação da luz da fonte até o olho humano ela pode ser alterada de
vários modos. Quando ela encontra a superfície de um objeto ela pode ser refletida,
absorvida ou transmitida. Luz transmitida é aquela que atravessa um objeto, ao qual é
dito transparente ou translúcido conforme deixe imagens serem transmitidas com ou sem
distorção. Luz refletida é aquela que não penetra no objeto, retornando ao meio de onde
proveio a partir da superfície do objeto. Luz absorvida é aquela que não é nem
transmitida nem refletida, sendo transformada em outra forma de energia como calor.
Na realidade, da luz incidente num objeto parte é refletida, parte é absorvida e
parte pode ser transmitida. A divisão de cada uma destas partes pela quantidade de luz
incidente define 3 quocientes denominados de refletância (r), transmitância (t) e
absorbância (a), relacionados entre si por:

r + t + a = 1 (4.2)

Alguns objetos têm transmitância nula, mas nenhum objeto real apresenta
qualquer um destes parâmetros como unitários. A absorbância atua no sentido de
sempre diminuir a quantidade de energia luminosa que sai da superfície.
Quando a luz atinge o olho humano o processo de percepção visual é
desencadeado e pode ser interpretado com base em dois parâmetros da luz:
comprimento de onda e nível energético. A composição de diversos comprimentos de
onda é interpretada como cor, enquanto que a combinação de comprimentos de onda e
níveis energéticos é interpretada como brilho.

4.1.3. INCANDESCÊNCIA E LUMINESCÊNCIA


A emissão primária de luz pode ocorrer por incandescência ou luminescência. A
incandescência está associada à radiação térmica de um corpo "quente". Todo corpo
acima de zero Kelvin emite radiações, e para sólidos e líquidos até cerca de 300°C a
energia irradiada está quase toda na região do infravermelho. Assim para temperaturas
normais, a pequeníssima parte da radiação localizada na faixa do visível não causa
sensação visual. Sólidos e líquidos acima de cerca de 300°C apresentam o fenômeno da
incandescência, surgindo um espectro contínuo de emissão que apresenta uma infinita
sucessão de radiações monocromáticas de comprimento de onda se iniciando em zero. A
Tabela 4.1 apresenta algumas das ordens de grandeza das temperaturas associadas a
fontes incandescentes.

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Capítulo 4. Iluminação
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Tabela 4.1. Temperaturas de fontes incandescentes.

A luminescência é a emissão de luz por processo que não seja a ir radiação


térmica, certos gases e vapores emitem radiação visível a temperaturas normais devido a
um processo de excitação. A excitação pode ser causada por raios X, por raios gama, por
raios ultravioletas, por atrito superficial, por partículas eletrizadas, ou pela colocação de
um sal volátil numa chama.
Neste processo de excitação, o espectro se apresenta apenas com algumas
linhas ou raias verticais paralelas que estão associadas a determinados comprimentos de
onda. Os comprimentos de onda das raias são característicos do elemento que as
produzem. Por exemplo, o hidrogênio sempre fornece o mesmo conjunto de raias nas
mesmas posições. Às vezes, as raias se acumulam numa pequena faixa obtendo-se
então um espectro de faixas ou bandas.

Existem várias formas de luminescência tais como:


a) Fotoluminescência: excitação devida a raios X ou gama.

b) Bioluminescência: excitação associada com a oxidação da lu ciferina na


presença da enzima luciferase. Como exemplo temos os vaga-lumes
(pirilampos), certos cogumelos e certos seres do mar. Ela pode ser também
devida a oxidação de certas substâncias ocasionada por choque mecânico.
Este é o caso de certos micro-organismos marinhos que em número de milhões
secretam certa substância que se oxida nas ondas, causando uma sensação de
faiscamento das águas.

c) Triboluminescência: a excitação está associada ao atrito, como na formação de


clarões ao se partir um cristal de açúcar ou na clivagem de certas micas.

d) Quimioluminescência: causada por reação química como a oxidação do fósforo


ao ar livre.

e) cátodo-luminescência: causada por choque de partículas alfa ou elétrons, como


nos oscilógrafos ou tubos de televisão.

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Capítulo 4. Iluminação
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A luminescência é subdividida em fluorescência e fosforescência. Na


fluorescência a luz cessa logo ao ser o agente interrompido, e na fosforescência a
emissão continua por um dado tempo após cessar a causa.
Exemplo típico são certos mostradores de relógio e tomadas que fosforescem no
escuro, enquanto a fluorescência de raios X é uma das mais importantes técnicas de
caracterização mineralógica da atualidade, uma especialidade importante dentro de um
projeto de empreendimento de mineração.

4.1.4. REFLEXÃO, TRANSMISSÃO E ABSORÇÃO


Certos fenômenos como a reflexão ou a transmissão podem ser estudados
supondo-se que a luz se propague em linha reta em um meio homogêneo. Tem-se na
realidade um problema de geometria e daí deriva o nome de ótica geométrica. Neste
campo se estuda, por exemplo, a posição e a amplificação de imagens pelas lentes ou a
reflexão por espelhos.
Fenômenos como a difração e a interferência não conseguem ser analisados pela
ótica geométrica, exigindo conceitos como amplitude e diferença de fase. Neste caso se
tem o campo da ótica física.

4.1.5. REFLEXÃO LUMINOSA


Objetos iluminados podem refletir de vários modos a luz, dependendo de fatores
como a textura da superfície ou das camadas do objeto próximas à superfície. Os
desenhos da Figura 4.2 ilustram algumas das possibilidades de distribuição espacial da
luz refletida. A difusão perfeita é traduzida do inglês "matte diffuse", enquanto que a
difusão com espalhamento provém de "diffuse-spread". O termo "specular and spread" foi
traduzido por especular com espalhamento.
Na reflexão especular a luz tem raios incidente e refletido definidos pela igualdade
dos ângulos de incidência (i) e reflexão (r).
Na reflexão perfeitamente difusa a luz incidente é espalhada em todas as direções
pelas asperezas da superfície. Uma superfície deste tipo tende a parecer igualmente
brilhante qualquer que seja o ângulo de observação, tal qual uma parede pintada com
tinta lisa ou a neve fofa.
A superfície do carvão é em essência um refletor difuso porque reflete a luz
incidente de modo uniforme numa ampla faixa de direções. Todavia tem-se um acréscimo
relativo da energia luminosa refletida no ângulo de reflexão especular. No controle da
emissão luminosa de lâmpadas e luminárias se utilizam os princípios da reflexão
especular.

4.1.6. TRANSMISSÃO LUMINOSA


A transmissão de luz através de um meio é afetada por diversas propriedades
deste meio as quais dão origem a distintos fenômenos. Dentre estes pode -se citar a
transparência, a translucidez, a difusão, a transmissão seletiva, o espalhamento
retroativo, a refração, a dispersão e a absorção.

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Capítulo 4. Iluminação
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4.1.6.1. TRANSPARÊNCIA E TRANSLUCIDEZ


Um material transparente transmite a luz sem espalhamento, de modo que se
pode observar em detalhe os pormenores de objetos locados em qualquer lado do
material. Um material translúcido transmite luz com um certo grau de espalhamento, de
modo que não se observa nitidamente o contorno de objetos, os quais aparecem
"borrados" e com contorno impreciso.

4.1.6.2. DIFUSÃO
O fluxo luminoso pode ser controlado direcionalmente por meio de materiais com
a propriedade de gerar um certo grau de espalhamento. Esta difusão pode ser obtida de
vários modos tais como o riscamento da superfície, a incorporação no material de
partículas difusoras, pela aplicação de um revestimento superficial, etc.
O objetivo da difusão é fazer com que a fonte luminosa pareça maior e menos
brilhante, sendo uma técnica importante para a redução do ofuscamento e melhoria do
conforto visual. Estes aspectos são importantes na mineração principalmente nas minas
com camadas pouco espessas (galerias estreitas e com peq uena altura), onde as
lâmpadas são colocadas na altura dos olhos dos mineiros.
Para 2 lâmpadas incandescentes comuns, uma com bulbo de vidro limpo e outra
com bulbo fosco, a de bulbo fosco faz com que a lâmpada pareça maior, reduzindo a
percepção do brilho por unidade de área. Em termos de ordem de grandeza média, o
bulbo de vidro limpo tem um brilho por unidade de área cerca de sete vezes maior.
A difusão sempre implica numa diminuição da energia transmitida e, portanto, numa
diminuição da eficiência da instalação luminosa. Técnicas de projeto de luminárias
permitem a redução desta perda através do fenômeno da inter -reflexão.

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Capítulo 4. Iluminação
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Figura 4.2. Tipos básicos de reflexão superficial.

As superfícies difusoras não são lisas, mas "ásperas", e podem ser usadas para
melhorar problemas de ofuscamento. No caso de difusão perfeita temos no espaço uma
esfera que no desenho bidimensional está representada por uma circunferência. Fatores
como textura e comprimento de onda influenciam a refletância.

4.1.6.3. TRANSMISSÃO SELETIVA


Muitos meios transmitem certos comprimentos de onda enquanto refletem ou
absorvem outros. Esta propriedade pode ser usada para se obter uma luz de composição
desejada, pois estes materiais mudam a cor da luz sem praticamente alterar a sua
distribuição. A transmissividade seletiva é usada em certos faróis que usam o chamado
refletor dicroico, o qual reflete para frente o feixe luminoso e transmite para trás
comprimentos de onda da região do infravermelho. Isto minimiza o efeito do aquecimento
causado por estes comprimentos de onda em pessoas e objetos.

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Capítulo 4. Iluminação
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4.1.6.4. ESPALHAMENTO RETROATIVO


Este é um fator importante quando se tem atmosferas com poeira ou neblina, e as
partículas do ar refletem a luz de volta ao observador, diminuindo a visibilidade. Est e é o
caso, por exemplo, de dirigir em forte nevoeiro, quando se recomenda usar faróis baixos
e luz de composição preponderantemente amarela (pois o fenômeno é menos intenso
para este comprimento de onda). Em minas subterrâneas de carvão e sal, se os siste mas
de ventilação e de aspersão de água não forem muito eficientes, durante a operação dos
mineradores contínuos a visibilidade se reduz drasticamente quase a zero.

4.1.6.5. TRANSMITÂNCIA E TRANSMISSIVIDADE


A transmissão da luz através da atmosfera nunca é feita com transmitância (t)
unitária, mesmo nas melhores condições de claridade e visibilidade. Este parâmetro é
importante nos casos de neblina, névoa, poeira em suspensão, "fog" e "smog",
principalmente se as distâncias de transmissão forem grandes. O quociente entre a
transmitância e distância denomina-se de transmissividade (tu) ou transmitância unitária:

tu = t / d (4.3)

Numa atmosfera limpa a transmissividade é de cerca de 0,96 /km, ou seja, apenas


96% da luz atinge o observador locado a 1 km de distância. Para um observador locado a
2 km apenas 92,2% da luz o atinge.
Nos casos de neblina ou "fog", mesmo leves, a transmissividade se reduz
drasticamente caindo para valores da ordem de 0,4 /km. Assim um observador locado a 2
km recebe apenas 16% da luz emitida pela fonte e um situado a 3 km recebe apenas 6%.
Na mineração subterrânea o conceito de transmissividade tem aplicação nas
análises de transmissão de sinais (seleção de dispositivos visuais indicadores de
funcionamento, por exemplo, de ventiladores, e junto a locais de geração de muito pó
como nas frentes em extração continua). Neste último caso, as distâncias são pequenas,
mas se não se tiver cuidado, a quantidade de poeira será enorme.

4.1.7. REFRAÇÃO
A velocidade da luz no vácuo é uma constante e independe do comprimento de
onda considerado. Em qualquer outro meio, a velocidade é diferente (menor) que no
vácuo e varia com o comprimento de onda considerado. Deste modo, em q ualquer meio
que não o vácuo, raios luminosos monocromáticos violeta e vermelho terão velocidades
distintas, fenômeno conhecido como dispersão. O quociente entre as velocidades no
vácuo (c) e num meio qualquer (v) define, para um dado comprimento de onda, o índice
de refração do meio (n):
n = c / v (4.4)

Não havendo explícita especificação do comprimento de onda considerado ,


assume-se o da luz amarela de comprimento 589 nm. A Tabela 4.2 apresenta valores do
índice de refração relativos ao vácuo e para comprimento de onda de 589 nm. Os valores

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Capítulo 4. Iluminação
92

desta tabela são para sólidos e líquidos, e alguns valores para gases e vapores são os
seguintes (1 atmosfera):

Tabela 4.2. Índices de refração para alguns sólidos, líquidos e gases.

(*) dióxido de titânio cristalino sintético

Quando uma luz monocromática atinge a interface de dois meios que apresentam
índices de refração diferentes, uma parte é refletida e outra parte é refratada, penetrando
no segundo meio. A Figura 4.3 mostra os raios incidentes, refletidos e refratados e as leis
da ótica aplicáveis a cada um deles. Para o raio refratado é válida a lei de Snell -
Descartes dada por:

n  sen  n  sen  (4.5)

Na expressão (4.6) n e n' são os índices de refração para os meios origem e


destino, respectivamente, e como eles derivam do quociente entre velocidades no meio e
no vácuo, podemos escrever:

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Capítulo 4. Iluminação
93

Num dado meio luzes monocromáticas diferentes terão velocidades de


propagação diferentes, ou seja, terão diferentes índices de refração. Esta diferença de
índices de refração faz com que raios de diferentes cores apresentem diferentes ângulos
de refração.
Muitos feixes luminosos são constituídos de raios com comprimentos de onda que
se estendem por todo o espectro visível. Quando um raio de luz branca, composto da
mistura de todos os comprimentos de onda visíveis, incide num prisma de quartzo os
raios refratados de cada comprimento seguirão ângulos diferentes.
Assim, um feixe de raios policromáticos paralelos será dispersado num cone de
raios de cores distintas. Este fenômeno é denominado de dispersão luminosa. Como o
desvio angular causado pelo prisma aumenta com o índice de refração (lei de Snell-
Descartes), a luz violeta é a mais desviada e a luz vermelha a menos. As demais cores
ocupam posições intermediárias entre estas cores extremas. A Figura 4.4 ilustra
dispersão de um feixe policromático num prisma de quartzo.

Figura 4.3. Refração da luz na interface de dois meios com índices de refração n e n .

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Capítulo 4. Iluminação
94

Ao sair do prisma, a luz branca se espalha num leque e dizemos que ela se
dispersou num espectro. Esta dispersão pode ser quantificada por dois parâmetros, a
dispersão angular e o desvio. A dispersão angular é dada pela separação angular entre
os raios vermelho e violeta, enquanto que o desvio médio de todo o feixe com relação à
direção de incidência pode ser medido pelo desvio da luz amarela. Assim, o desvio do
espectro é controlado pelo índice de refração da luz amarela enquanto que a "abertura"
do feixe depende da diferença entre os índices de refração do vermelho e do violeta. A
Tabela 4.3 apresenta alguns índices de refração para vários comprimentos de onda e
vários tipos de vidro.
Os parâmetros desvio e dispersão são importantes no estudo de certas
propriedades como o brilho e a "luminosidade" de certas gemas e cristais. O diamante e
os cristais de Murano, Itália, apresentam brilho especial em parte devido às suas altas
dispersões. Na Tabela 4.3. podemos observar que o vidro "flint" apresenta razoável
dispersão e desvio, mas a fluorita, por exemplo, os tem pequenos. Isto é, a fluorita tem
pequeno desvio para a luz amarela e pequena diferença de índices de refração entre o
violeta e o vermelho.
A velocidade da luz em um gás é aproximadamente igual à no vácuo, e a dispersão
é muito pequena. Para o ar em condições normais tem-se:

 Luz vermelha (656 nm) ---- n = 1,000 295 7


 Luz violeta (436 nm) -------- n = 1,000 291 4

Portanto, na maioria das aplicações o índice de refração do ar é considerado como


unitário para todos os comprimentos de onda.
A refração está associada aos problemas de iluminação de 2 modos:
 Lentes podem ser projetadas para controlar a distribuição da luz, através da
curvatura das mesmas;
 O olho humano obtém uma imagem em foco na retina através do princípio da
refração.

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Capítulo 4. Iluminação
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Figura 4.4. Dispersão de feixe policromático devido aos diferentes índices de refração.

Tabela 4.3. Índices de refração para várias cores e vidros (*).

(*) vidros compõe-se de variadas proporções de SiO 2 (48 a 67%), Na 2 O, PbO e BaO.
(**) borossilicato contendo SiO 2 , K 2 O, B 2 O3 , BaO e Na 2 O.

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Capítulo 4. Iluminação
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4.1.8. ABSORÇÃO
Quando um objeto absorve certos comprimentos de onda permitindo que outros
sejam refletidos ou transmitidos, diz-se que ele apresenta propriedades absorventes
seletivas. A absorção seletiva altera a composição de comprimentos de onda da luz
refletida (ou transmitida), e esta alteração é percebida como cor do objeto. Um objeto
visto como vermelho quando iluminado por luz branca contém moléculas (pigmentos) que
absorvem comprimentos de onda da região verde-azul do espectro, ao mesmo tempo em
que refletem comprimentos de onda da região do vermelho.
Se um objeto que praticamente só reflete luz da região do vermelho for iluminado
por uma luz composta basicamente por comprimentos da região do verde -azul do
espectro, ele surgirá "sem cor", sem "brilho" e muito escuro. Isto demonstra que o olho
humano só percebe cores que já existiam na luz incidente. A percepção de cor é um
processo subtrativo, isto é, a mistura de cores na luz refletida é um subconjunto da
mistura de cores da luz incidente.
As propriedades de absorção são úteis na seleção de fontes de luz onde a
discriminação de cores é importante como nos códigos de sinalização para fiações e
tubulações, e zonas especiais de tráfego.
No garimpo subterrâneo de esmeraldas de Campos Verdes, Goiás, foi feita uma
tentativa de minimização de furto de pedras nas frentes de lavra em subsolo
empregando-se na iluminação das galerias apenas lâmpadas que não emitiam
comprimento de onda da região do verde. Deste modo, ficava muito difícil se distinguir as
gemas brutas da rocha encaixante talco-xisto. As gemas, que eram esverdeadas,
apresentavam então cor cinza semelhante ao xisto.

4.1.9. CURVA ESPECTRAL DE EFICIÊNCIA LUM INOSA


O olho humano não "vê" luz se propagando no espaço, mas tão somente fontes
luminosas ou objetos que refletem luz. Por isso é que o céu é escuro à noite apesar da
luz solar estar se propagando até a lua.
O olho "sente" a luz que o penetra, a processa e a interpreta com relação ao objeto
sendo visto. Estes processos se baseiam na focalização da imagem do objeto na re tina,
ocorrendo uma decodificação das informações trazidas pela luz. Estas informações
incluem dados de coloração, de brilho e de relações espaciais. Portanto, é a luz refletida
que indica o que é visto, tendo importância nos projetos onde se avalia um amb iente para
determinar quanta luz é refletida e como esta é distribuída.
Salas de escritório de cores claras tem uma boa parte da luz usada para fins de
leitura ou visualização decorrente de interreflexões. Admitamos que a refletância média
das paredes de um escritório seja da ordem de 90%. Minas de sal podem ter refletância
das paredes da ordem de 40 a 50%, minas metálicas da ordem de 15% e minas de
carvão da ordem de 5%. Portanto, uma boa iluminação de uma sala, se transportada
para uma galeria de mina de carvão, seria totalmente insuficiente.

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Capítulo 4. Iluminação
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4.1.9.1. CORES
Cores são os nomes especiais dados a determinados comprimentos de onda ou a
várias combinações destes. Percebe-se que comprimentos de onda da faixa entre 380nm
e 400 nm caracterizam a cor violeta, enquanto que a faixa ao redor de 600 nm caracteriza
a cor amarela.
Quando se tem uma mistura de comprimentos de onda de todo o espectro visível a
luz se apresenta como branca, enquanto o preto não é uma cor, mas a ausência total de
luz (refletida ou emitida). O sol e certas lâmpadas produzem misturas mais ou menos
"balanceadas" de todo o espectro visível e, portanto, emitem uma luz "natural". Outras
proporções relativas de comprimentos de onda produzem diversos tipos de luz
denominadas de “cores brancas".
Certas combinações de comprimentos de onda podem ser percebidas pelo olho
como de uma dada cor, sendo na realidade uma composição de apropriados
comprimentos de onda. Por exemplo, a mistura de amarelo e azul é percebida como
sendo a cor verde.

4.1.9.2. BRILHO
A percepção do "brilho" de um objeto depende entre outras coisas de 2
características da luz, a energia luminosa e a mistura de comprimentos de onda. Para um
dado comprimento de onda, quanto maior a energia atingindo o olho, maior a sensação
de brilho.
Todavia o olho humano não responde igualmente a todos os comprimentos de onda
do espectro visível, e isto é ilustrado na Figura 4.5. A curva representa a resposta do olho
aos brilhos relativos de vários comprimentos de onda, referenciados ao comprimento de
555 nm (luz verde, para o qual o olho é mais sensível). Esta curva é denominada de
curva espectral de eficiência luminosa, sendo uma curva média obtida experimentalmente
a partir das curvas individuais de muitas pessoas.
A curva espectral de eficiência luminosa surge nas definições das principais
unidades fotométricas, sendo incorporada em instrumentos que medem estas grandezas.
Estes instrumentos possuem sistemas de filtros internos que selecionam comprimentos
de onda de modo a reproduzir esta curva.

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Capítulo 4. Iluminação
98

Figura 4.5. Curva espectral de eficiência luminosa para fluxos radiantes monocromáticos
e sua percepção pelo olho humano. O valor de máxima eficiência do olho (f=1) corresponde à luz
verde amarelada de 555 nm.

A curva espectral é utilizada na construção de instrumentos fotométricos, ou seja,


instrumentos que efetuam medições incorporando a percepção subjetiva de brilho dada
pela curva espectral. Deste modo, eles procuram "imitar" o processo de percepção do
olho humano quando este avalia o brilho de uma super fície.
Por outro lado, instrumentos que medem apenas a energia radiante, sem
incorporar qualquer subjetividade do olho humano, são ditos radiométricos. Estes
fornecem resultados em watts ou unidades equivalentes. A Figura 4.6 ilustra a diferença
essencial entre instrumentos radiométricos e fotométricos.

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Capítulo 4. Iluminação
99

Figura A

Figura B
Figura 4.6. Medidas radiométricas (energia radiante) e medidas fotométricas (energia
luminosa). Instrumentos fotométricos levam em consideração a curva espectral de eficiência
luminosa, de modo que a luz de comprimento de onda de 550 nm (Figura A) origina, neste
exemplo, uma medida fotométrica de intensidade cerca de 10 vezes maior que a de 650 nm
(Figura B). Todavia, ambos os feixes transportam a mesma energia radiante, medida em watts.

Consideremos dois raios monocromáticos de comprimentos de onda 550 e 650


nm, e que transportem a mesma energia radiante (medida, por exemplo, em watts). De
acordo com a curva espectral da Figura 4.6 os fatores de brilho relativo (f) s eriam
respectivamente da ordem de 1 e 0,1, indicando que o raio de 550 nm fornecerá um
brilho relativo cerca de 10 vezes maior que o raio de comprimento 650 nm. O olho
humano perceberá esta diferença de brilho quando observar um objeto iluminado
separadamente por cada um destes raios.
Devido ao fato de que a luz verde de 555 nm ser aquela de maior sensibilidade do
olho humano, é aquele em que o olho trabalha mais "descansado". Por este motivo,
muitos objetos como lousas de sala de aula passaram da cor preta para a cor verde.
Além disso, o verde é considerado como repousante. Durante um certo tempo as minas
carboníferas inglesas utilizaram lâmpadas verdes em subsolo, mas esta prática não é
mais utilizada face à outras dificuldades derivadas deste procedimento .

4.1.10. GRANDEZAS E UNIDADES FOTOMÉTRICAS


Fontes luminosas comuns se caracterizam por transformar a energia elétrica
recebida em energia eletromagnética radiante. A emissão da energia radiante depende

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 4. Iluminação
100

da temperatura e da natureza da superfície emitente, e se observa que apenas uma parte


da potência elétrica recebida (Pel) se transforma em fluxo eletromagnético radiante (Φr)
como ilustra a Figura 4.7.

Figura 4.7. Transformação de potência elétrica em energia radiante.

As perdas incluem calor por convecção e radiação, absorção, etc. O rendimento é


dado por:

 =  r / Pel (4.7)

Verifica-se também experimentalmente que apenas uma parte do fluxo radiante (


r ) sensibiliza o olho humano, mais precisamente a estreita faixa de comprimentos de
onda entre 380 e 780 nm.
Unidades como o watt são usadas quando se quer quantificar a energia associada
às grandezas potência elétrica ou fluxo radiante, tendo-se então as "intensidades" das
fontes como emissoras de radiação eletromagnética. Como se deseja comparar as
"intensidades relativas" das fontes como emissoras de luz visível, em projetos de
iluminação o foco está em comparar fluxos luminosos e não fluxos radiantes. A Figura 4.8
ilustra a relação entre a energia radiante e sua parte que sensibiliza o olho humano.
A experiência mostra que quantidades iguais de fluxos radiantes de diversos
comprimentos de onda não produzem iguais percepções de brilho visual. Além disso,
quantidades iguais de fluxos luminosos monocromáticos de cores distintas também não
produzem a mesma percepção visual de brilho. Estas observações são sintetizadas na
curva espectral de eficiência luminosa a qual reflete o fato de que para um grande
número de pessoas a vista é mais sensível à luz verde de comprimento de onda de 555
nm. Os limites desta curva experimental é que definem a faixa de comprimentos de onda
que sensibilizam o olho humano, estimada entre 380 e 780 nm. Estes limites do espectro
visível não são rígidos, e com iluminação reduzida a vista se torna mais sensível a
comprimentos de onda mais curtos; nestes casos a percepção do maior brilho se situa na
faixa de 500 a 550 nm.
O decaimento da percepção do brilho para cores diferentes do verde é rápido, e a
610 nm o brilho relativo é de apenas 50%. Isto é, se olharmos uma superfície onde
incidem fluxos iguais de energia radiante, medidos em watts, e de comprimentos de onda
de 555 e 610 nm, para o segundo parecerá que se tem apenas metade do brilho do
primeiro.

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Capítulo 4. Iluminação
101

Para um mesmo observador, uma lâmpada emitindo um milésimo de watt de luz


verde parece brilhante, ao passo que uma emitindo um milésimo de watt de luz azul
parece pálida. A relação na curva espectral é da ordem de 1 para 0,05, ou seja, a luz azul
parece vinte vezes menos brilhante. Lâmpadas que emitem apenas radiações com
comprimentos de onda menores que 380 nm ou maiores que 780 nm não apresentam
"brilho" e parecem negras.

r (W) l (lm)

perdas
e

fluxo radiante fluxo luminoso


unid. radiométrica unid. fotométrica

Figura 4.8. Uma parte do fluxo radiante (r) corresponde ao fluxo luminoso l, o qual é
capaz de sensibilizar o olho e cuja unidade é o lúmem (e não o watt).

Dos exemplos acima se percebe que o watt não é adequado para quantificar fluxo
luminoso, e o que se precisa é de uma unidade que exprima a capacidade da radiação
provocar sensações visuais subjetivas de brilho. O instrumento básico de medida é o olho
humano e a ciência que estuda e compara quantidades de luz e seus efeitos na
iluminação de objetos, tendo por base as sensações visuais, chama -se fotometria.
Os sistemas de unidades fotométricas são muito particulares, porque aplicam uma
função de ponderação humana às medidas físicas de energia. Ou seja, e les ponderam as
energias medidas com a curva espectral de eficiência luminosa. Esta é uma diferença
essencial entre unidades radiométricas e fotométricas; as primeiras são usadas para
radiações não visíveis e não incluem esta ponderação humana.
As principais grandezas consideradas em projetos de iluminação são: potência
elétrica (Pel), fluxo radiante (Φr), fluxo luminoso (Φl), eficácia luminosa (e), intensidade
luminosa (I), iluminância (E), luminância (L) e refletância (r).

4.1.11. FLUXO RADIANTE


É a potência transportada por todas as radiações de um feixe eletromagnético
independentemente de efeitos visuais. Ou seja, é a energia transportada na unidade de
tempo por todos os comprimentos de onda do feixe. Sua unidade é o watt. Este fluxo
contém radiações visíveis e não visíveis.

4.1.12. FLUXO LUMINOSO


É a potência transportada medida conforme a sensação visual que pode produzir.
Sua unidade no sistema internacional é o lúmem (lm), que representa a energia na

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 4. Iluminação
102

unidade de tempo tanto quanto outras unidades como o watt, o cavalo-vapor, a caloria
por segundo, etc. Definido o lúmem e utilizando-se considerações geométricas é possível
se definir as demais unidades que quantificam a distribuição da luz no espaço e sobre
objetos.
Com um instrumento como um fotômetro de cintilação, pode-se comparar a
sensação subjetiva de brilho causada pela fonte padrão com a sensação provocada pela
luz de qualquer cor. Se o olho fosse igualmente sensível a todo o espectro
eletromagnético, então o fluxo luminoso Φl seria igual ao fluxo radiante Φr e ambos
seriam medidos em watts. Mas o olho só é sensível a uma pequena faixa de radiações
(entre 380 e 780 nm), e mesmo dentro desta faixa a sensibilidade varia como indicado
pela curva espectral de eficiência luminosa. No pico da curva espectral (luz verde com 
= 555 nm) obtém-se que 1 watt de fluxo radiante monocromático corresponde a 685
lúmens de fluxo luminoso. Para fluxos radiantes monocromáticos de outras cores
(portanto não mais no pico da curva espectral), 1 watt de fluxo radiante corresponde a
menos que 685 lúmens de fluxo luminoso.

4.1.13. EFICÁCIA LUM INOSA


A partir da curva espectral de eficiência luminosa define -se a noção de eficácia
luminosa (e), dada pelo quociente:

e = l / r (4.8)

Como  l é dado em lúmens e  r em watts, a eficácia é dada em lúmens por watt.


A máxima eficácia de 685 lm/W ocorre para a luz verde de comprimento de onda de 555
nm; para qualquer outra cor a eficácia é menor que 685 lm/W. Para radiações
monocromáticas fora do pico da curva espectral a eficácia luminosa é obtida através do
fator de luminosidade (f). Este fator corresponde a ordenada da curva espectral e,
portanto:

e = {f x 685} (com 0<f<1) (4.9)

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Capítulo 4. Iluminação
103

Quadro 4.1. Exemplo de eficácia luminosa para luz amarela.

Resposta:

Para a luz de vapor de sódio com comprimento de onda de 589,3 nm (Tabela


4.3), temos para f o valor de 0,765. Logo a eficácia luminosa desta luz amarela será
de: e = (0,765) (685) = 524 lm/W. Ou seja, cada watt de potência radiante desta luz
conterá 524 lúmens de energia luminosa. Já para a radiação amarela de
comprimento de onda de 600 nm um feixe de 5 watts desta luz conterá os seguintes
lúmens:
Da curva espectral: f = 0,5

4.1.14. EFICIÊNCIA GLOBAL DE UMA LÂMPADA


A eficiência de transformação da potência elétrica em potência radiante,
simbolizada por , e a eficiência do fluxo radiante em produzir sensação visual, expressa
pela eficácia e, permitem as relações:
 =  r / Pel (4.10)
e = l / r (4.11)

A eficácia luminosa exprime uma propriedade de um fluxo radiante, e podemos


definir a eficiência global de uma fonte luminosa (por exemplo, uma lâmpada) por:
 g =  l / Pel (4.12)

Portanto:
 g = (e x  r) / Pel = ( f x 685 x  r ) / Pel
 g = f x 685 x (  x Pel ) / Pel

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Capítulo 4. Iluminação
104

Finalmente:
 g = f x  x 685 (lm/W) (4.13)

Devido às perdas por calor (expressas por ) e a produção de radiações não


visíveis (expressas por e), a eficiência luminosa global das lâmpadas é bem inferior a 685
lm/W. Para lâmpadas fluorescentes brancas g é da ordem de 50 lm/W, e para
incandescentes brancas é da ordem de 20 lm/W.

4.1.15. INTENSIDADE LUMINOSA DE FONTE PONTUAL


A intensidade luminosa é uma grandeza usada para se descrever como o fluxo
luminoso, emitido por uma fonte pontual, se distribui no espaço que a rodeia. A definição
formal é: a intensidade luminosa de uma fonte pontual, numa dada direção, é a
quantidade de fluxo luminoso que ela irradia por unidade de ângulo sólido na direção
considerada. Esta definição envolve o conceito de ângulo sólido definido a seguir.

4.1.15.1. ÂNGULO SÓLIDO


O ângulo sólido  é medido em esterorradianos, dados pelo quociente entre a
área S e o raio da esfera ao quadrado:

 = S/R2 (4.14)

Portanto o ângulo sólido de um esterorradiano é aquele cuja área na superfície da


esfera é igual ao raio ao quadrado. Como a superfície da esfera é de 4  vezes o raio ao
quadrado, o espaço todo ao redor do centro contém um ângulo sólido de 4 
esterorradianos.

4.1.15.2. INTENSIDADE LUMINOSA


Matematicamente a intensidade luminosa de uma fonte pontual é dada pelo
quociente:

I = d l / d (4.15)

onde:
d l = fluxo luminoso, em lúmens;
d = ângulo sólido, em esterorradianos;
I = intensidade luminosa em candelas (lúmens por esterorradianos) na direção do ângulo
sólido considerado.

Como não existem na realidade fontes pontuais, uma fonte real pode ser tratada
como pontual quando sua maior secção transversal for igual ou inferior a 1/20 da
distância da qual ela é observada. Aproximações mais grosseiras são feitas para a
relação 1/10. Assim, uma chama de vela de 2 cm pode ser considerada pontual a mais

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Capítulo 4. Iluminação
105

de 40 cm. Para fontes não pontuais (extensas) existe o conceito equivalente de


luminância que será visto mais adiante.
A maioria das fontes não emite quantidades iguais de fluxo luminoso por unidade
de ângulo sólido em todas as direções do espaço. Por exemplo, uma lâmpada
incandescente não emite fluxo na direção da sua base.
Para uma fonte luminosa pontual de intensidade A candelas em todas as
direções, o fluxo luminoso que ela emite para todo o espaço que a rodeia é expresso por:

 l =  I d = (4) A lúmens

O fluxo luminoso dado em lúmens representa a quantidade de energia luminosa


transportada na unidade de tempo, e pode ser visualizado através de linhas de fluxo
luminoso. Do exposto fica claro que a intensidade luminosa de uma fonte pontual é uma
grandeza direcional, com a direção sendo definida pelo "eixo" do ângulo sólido. A
intensidade média é calculada pela expressão:

Im =  l /  (4.16)

É uma intensidade média para todo o ângulo sólido e uma área sobre uma esfera
centrada na fonte pontual. À medida que o ângulo sólido é subdividido em ângulos
menores a variação da intensidade com a direção pode ser melhor avaliada. No limite a
intensidade numa certa direção é dada por:

I = d l / d (4.17)

Para áreas infinitesimais dA que não estejam sobre a superfície de uma esfera, ou
seja para áreas infinitesimais cujas normais não contenham o vértice do ângulo sólido,
temos a seguinte expressão para o ângulo sólido:

d  = dAproj / R2 (4.18)

Em (4.18) dAproj representa a projeção da área dA na direção normal ao raio como


mostra a figura 4.9.
Os conceitos de ângulo sólido e intensidade luminosa tem aplicação direta nos
problemas de iluminação mineira quando se consideram questões como níveis mínimos
de iluminação em subsolo.

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Capítulo 4. Iluminação
106

Figura 4.9. Ângulo sólido para área infinitesimal não esférica.

4.1.16. ILUMINÂNCIA DE UMA SUPERFÍCIE


4.1.16.1. ILUMINÂNCIA MÉDIA
Quando um fluxo luminoso incide numa superfície dizemos que ela está
iluminada. O quanto ela está iluminada é dado pelo conceito de iluminância, que é a
quantidade de fluxo luminoso que atinge a superfície. Matematicamente temos:

E =  l /  S (4.19)

onde:
E = iluminância média na superfície S, dado em lm/m2 ou lux, símbolo lx;
 l = fluxo luminoso total incidindo na superfície.

A Figura 4.10 ilustra um fluxo luminoso atingindo uma super fície, e notamos que
neste conceito não há não há nada que distinga os raios luminosos quanto a origem ou
direção. Além disso, o fluxo total pode ser de mais de uma fonte, valendo o princípio da
superposição.

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Capítulo 4. Iluminação
107

Figura 4.10. Fluxo luminoso total atingindo a área S.

Quadro 4.2. Exemplo de iluminância média para determinada área.

Resposta:

O conceito de iluminância independe do comprimento de onda da luz


incidente e da sua direção. Assim um fluxo de 5 lm de luz verde ( = 550 nm) e um
fluxo de 15 lm de luz vermelha ( = 700 nm), ambos incidindo com ângulos
diferentes numa área de 10 m2, produzem uma iluminância média nesta área de:

E(média) =  (  l ) /  S = ( 5 + 15 ) / 10 = 2 lm/m2 = 2 lux

4.1.16.2. ILUMINÂNCIA NUM PONTO


A iluminância num ponto (P) é obtida tomando-se uma pequena área ao redor do
ponto considerado e levando-se a expressão 4.19 ao limite:

E(P) = lim ( l / S) = d l / dS (4.20)


S  0

Se todos os pontos de uma área forem igualmente iluminados, a área é dita sob
iluminância uniforme e escrevemos:

E = E(P) = E (4.21)

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Capítulo 4. Iluminação
108

Desde que o fluxo luminoso seja caracterizado em lúmens a iluminância


independe do comprimento de onda da luz incidente. Todavia se o feixe luminoso for
caracterizado pela sua energia radiante, então a inclusão do fator de luminosidade
implica numa diferenciação de iluminância originada da curva espectral de eficiência
luminosa.

Quadro 4.3. Exemplo de iluminância para um ponto.

Resposta:

Consideremos uma parede branca na qual incide a luz de dois faróis com

luzes de cores distintas, cada um colocando na superfície uma densidade

uniforme de fluxo radiante de 50 W/m2. Os faróis iluminam regiões diferentes da

parede com as cores amarelo (fator de luminosidade 0,765 6) e vermelho (fator de

luminosidade 0,077 2). As iluminâncias produzidas por cada cor seriam distintas e

se teriam os seguintes valores:

E = Δɸl /ΔS com Δɸ l = e x Δɸ r = f x 685 x Δɸ r

Logo:

E (amarela) = 0,765 6 x (685 lm/W) x (50 W/m2) = 26 221,8 lm/m2 = 26 222 lux

E (vermelha) = 0,077 2 x (685 lm/W) x (50 W/m2) = 2 644,1 lm/m2 = 2 644 lux

Ou seja, a região iluminada pelo feixe amarelo tem iluminância cerca de dez

vezes maior. Se os dois faróis incidissem simultaneamente na mesma região

teríamos:

E (total) = 26 222 + 2 644 = 28 866 lux

A iluminância se refere, portanto a uma densidade superficial de fluxo luminoso,


distinguindo-se de uma densidade superficial de fluxo radiante por meio do fator de
luminosidade.

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Capítulo 4. Iluminação
109

4.1.16.3. MEDIÇÃO DA ILUMINÂNCIA


A iluminância média é uma grandeza de fácil medição e isto é um fato interessante
por várias razões:
 A iluminância pode ser convertida para outras grandezas mais difíceis de serem
medidas diretamente, como a intensidade luminosa;

 Muitas normas são especificadas em termos de níveis de iluminâ ncia, o que


permite uma boa descrição da distribuição da luz, facilita os cálculos de projeto
e permite fácil checagem no local. É por isso que muitos países adotam este
parâmetro nas suas normas de iluminação de minas.

Todavia especificações em termos de níveis de iluminância, feitas em função da


utilização de objetos e ambientes, não consideram como as superfícies refletem a luz e é
a luz refletida que determina o que é visto.

Ao se fotografar minas subterrâneas com a mesma câmera fotográfica e "flash", e,


portanto, tendo-se aproximadamente as mesmas iluminâncias, os resultados podem ser
muito distintos em função da refletância das superfícies. Três resultados bem diferentes
ocorreriam numa mina de sal (como a Taquari-Vassouras da Vale em Aracaju), numa
mina de calcário (como a mina do Baltar em Sorocaba) e numa mina de carvão (como a
do Trevo em Santa Catarina).

A medida da iluminância é feita por instrumentos contendo células fotrônicas ou


fotoelétricas, as quais contém materiais sensíveis à luz e que transformam a energia
luminosa incidente em energia elétrica. Quando o fluxo radiante incide na superfície da
célula ela produz uma corrente, porém a relação entre correntes produzidas por fluxos
radiantes de diversos comprimentos de onda não é, infelizmente, a mesma que a relação
das sensações subjetivas de brilho causadas no olho humano.

A maioria das células fotrônicas responde ao fluxo infravermelho, gerando uma


corrente que obviamente não é proporcional ao fluxo luminoso (pois este inexiste nesta
faixa do espectro). Todavia colocando-se à frente da célula filtros que absorvam
adequadamente os diferentes comprimentos de onda, pode-se fazer com que a curva de
resposta da célula concorde razoavelmente com a curva de percepção do olho humano.
Neste caso, a corrente gerada pode ser tomada como uma medida do fluxo luminoso que
nela incide, e se a célula for uniformemente iluminada, a corrente gerada é proporcional
ao fluxo luminoso incidente por unidade de área.

4.1.17. LUMINÂNCIA E PERCEPÇÃO DE BRILHO


Uma fonte puntiforme é caracterizada por sua intensidade luminosa (I), e para a
maioria dos projetos pode-se considerar como aproximadamente puntiformes elementos
como velas, lampiões e lâmpadas incandescentes. Com o advento de bulbos foscos, de

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Capítulo 4. Iluminação
110

quebra-luzes difusores, de lâmpadas fluorescentes e de iluminação indireta, a maioria


das fontes deixou de poder ser considerada puntiforme. O conceito de intensidade
luminosa de uma fonte pontual é então estendido para o conceito de luminância de uma
superfície.

A luminância média de uma superfície, simbolizada por L, é definida como o


quociente entre a intensidade luminosa e a área projetada da superfície de onde vem a
luz como mostra a Figura 4.11.

L = I / Aproj = I / A cos  (4.22)

Figura 4.11. Conceito de luminância de uma superfície de área A na direção do


observador O. Fontes extensas são caracterizadas por sua luminância, sejam elas fontes
primárias ou secundárias de luz.

A partir dos parâmetros geométricos associados à defin ição de luminância


podemos concluir que:
a) A luminância é uma grandeza direcional; variando-se o ponto de observação a
luminância varia tanto em função do ângulo  como também porque a superfície pode
emitir diferentes quantidades de luz para distintas direções;
b) A luminância independe do motivo pelo qual a luz sai da superfície; podendo -se
ter uma área emitente como a superfície de uma lâmpada, uma área refletora como um
talude ou mesmo áreas transmissoras como as superfícies de lentes e luminárias;
c) Quanto maior a área mais se aplica o conceito de luminância média; quanto
menor a área mais se tende para o valor da luminância pontual;
d) No sistema internacional de unidades a luminância é expressa em candelas por
metro quadrado (cd/m2) ou nit (nt).
Ao ser lida, esta página se encontra praticamente sob iluminância uniforme, e
como as letras impressas refletem menos luz elas parecem menos brilhantes que o papel
branco. Portanto, apesar da iluminância ser uniforme, a luminância dest a página não o é.

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Capítulo 4. Iluminação
111

Em geral a luminância de uma superfície depende da direção da qual é


observada, existindo superfícies perfeitamente difusas para as quais a luminância é a
mesma de qualquer ponto que seja observada. Para estas superfícies, denominadas de
difusores perfeitos ou superfícies Lambertianas, a luminância pode ser expressa em outra
unidade que não cd/m2.
Como exemplos de ótimas superfícies difusoras temos a neve nova e muito fofa,
uma parede pintada com tinta branca e o óxido de magnésio. Para estas superfícies,
podemos fazer a aproximação de difusor perfeito, pois sua luminância é praticamente a
mesma qualquer que seja a direção de observação.
O conceito de luminância é importante em projetos de iluminação porque é uma
grandeza física que se correlaciona com a percepção subjetiva de "brilho". A simplicidade
da equação 4.22 encobre uma série de considerações importantes que podem não ser
percebidas à primeira vista. Vamos analisá-la com maior detalhe, variando isoladamente
os seguintes fatores: a intensidade I, a área A, a distância de observação e a direção de
observação.

4.1.17.1. VARIAÇÃO APENAS DA INTENSIDADE LUMINOSA


Seja uma lâmpada incandescente para a qual se tenha um controlador da sua
intensidade luminosa; à medida que se diminui a intensidade diminui ta mbém a sensação
de brilho que se percebe nas superfícies e pela equação 4.22 também diminui a
luminância já que diminui o numerador.

4.1.17.2. VARIAÇÃO APENAS DA ÁREA


Sejam dez velas iguais, distribuídas de dois modos distintos: numa área em 10x10
cm e numa área de 1 m2. Se as observarmos de uma distância fixa (como 30 m), em
2

ambos os casos temos a mesma intensidade porque a quantidade total de lúmens


emitidos é aproximadamente igual. Todavia, a sensação de brilho é maior para a área
menor e a equação 4.22 indica está maior luminância devido ao denominador da
equação ser menor.

4.1.17.3. VARIAÇÃO APENAS DA DISTÂNCIA DE OBSERVAÇÃO


Observemos uma parede de 6 m2 às distâncias de 5 e 10 m; ao nos afastarmos
da parede ela parecerá menor, mas não sua luminância, pois a percepção de brilho
permanece inalterada. Isto é expresso na equação 4.22 pela inexistência do fator
distância.

4.1.17.4. VARIAÇÃO APENAS DA DIREÇÃO DE OBSERVAÇÃO


Nem sempre as superfícies emissoras (ou refletoras ou transmissoras) distribuem
seu fluxo uniformemente pelo espaço, de modo que a intensidade pode variar com a
direção de observação. Além disso, a área projetada varia com o ângulo de observação.
Por causa desta dupla influência não se pode tirar conclusões gerais, podendo -se apenas
afirmar que a direção de observação é um parâmetro influente que deve ser estudado em
cada caso particular.

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Capítulo 4. Iluminação
112

Das considerações anteriores pode-se perceber que existe uma correlação entre
luminância e percepção de brilho, mas que esta correlação não é absoluta. Ela é válida
apenas quando se tem as mesmas condições de observação visuais, o que pode ser
ilustrado do seguinte modo. Se olharmos para vários objetos sob um mesmo nível de
iluminação de fundo, poderemos ordená-los segundo nossa percepção de brilho.
Esta ordenação coincidiria com aquela que seria obtida se medíssemos
experimentalmente as luminâncias. Por outro lado, se observarmos uma lanterna de
capacete mineiro numa galeria escura (sem iluminação de rede) e a céu aberto num dia
claro, ela não parecerá tão brilhante na superfície, mas sua luminância é a mesma nos
dois locais.
O que acontece é que os estados de adaptação do olho humano aos níveis de
iluminação em subsolo e a céu aberto são distintos, ocorrendo, portanto, uma alteração
da correlação entre percepção de brilho e luminância.

4.1.18. REFLETÂNCIA
A refletância é uma medida da eficiência de uma superfície em devolver a luz
incidente; se for nula toda a luz é absorvida e se for unitária toda luz é refletida.

Um espelho praticamente reflete toda a luz incidente e sua refletância pode ser
considerada para fins práticos como unitária. O chamado corpo negro perfeito (radiador
integral) absorve toda a radiação que nele incide e tem então uma refletância nula. Uma
boa aproximação deste corpo negro pode ser obtida com um orifício numa caixa pintada
de preto por dentro, pois praticamente toda luz que entra pelo orifício não sai mais.

Bons projetos de iluminação mineira requerem o conhecimento da refletância do


ambiente porque nós "vemos é através da luz refletida", e em geral, nas minas a maior
parte da luz incidente é absorvida. A quantificação da luz refletida torna possível que se
compense as perdas por absorção, e esta compensação pode ser efetuada pelo sistema
de iluminação ou pela alteração da superfície refletora.

Didaticamente podemos classificar a reflexão superficial em seis tipos principais:


especular, especular com difusão preferencial, especular com difusão perfeita, difusão
com componente especular, especular com espalhamento e difusão com espalhamento.
Os diagramas da Figura 4.2 são muito simplificados, pois ilustram apenas um raio
incidente, enquanto que na realidade poderíamos ter um cone de luz incidente ou ela
poderia provir de todas as direções. Além disso, poderíamos estar medindo to da a luz
refletida, ou uma parte dela numa dada direção ou ainda apenas um feixe de raios.
Na literatura não há concordância absoluta quanto aos tipos de reflexão
encontradas em minas subterrâneas. Trotter (1982) afirma que na maioria das minas
secas as superfícies são difusoras com componente especular, enquanto que para
superfícies poeirentas e pulverulentas a reflexão se aproximaria da difusão perfeita.
Já Crooks e Peay afirmam que a maioria das rochas e minerais quando secos são
difusores perfeitos; quando úmidos a maior parte se tornaria difusora com espalhamento
e uma pequena parte se tornaria difuso-especular.

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Capítulo 4. Iluminação
113

Esta última seria potencialmente a mais provável causadora de ofuscamento, e,


portanto, a umidade é um fator gerador de ofuscamento em minas principalmente se as
superfícies estiverem bem úmidas e intensamente iluminadas.
A tabela 4.4 contém dados de refletância levantados por Trotter, podendo -se
observar que a refletância do carvão é bem baixa estando em geral na faixa de 3 a 6%.

Tabela 4.4. Refletâncias obtidas em minas de carvão canadenses, próximas a Sidney, Nova
Escócia.

4.1.19. MÉTODO PONTO A PONTO PARA CÁLCULO DA ILUMINÂNCIA


Neste método se estima iluminamento ou a iluminância no chamado plano de
trabalho a partir das distribuições de fluxo das diversas fontes e das leis que relacionam a
propagação e o reflexão deste fluxo.
O método ponto a ponto se baseia nas leis do cosseno e do inverso do quadrado
da distância, que convenientemente agrupadas dão origem à chamada lei do cosseno ao
cubo.
A lei básica da iluminância é expressa por:

E(p) = I / RP2 (4.23)

Onde:
E(P) = iluminância no ponto P considerado, contido num plano perpendicular com relação
a reta definida por P e a fonte pontual, em lux;
I = fluxo luminoso da fonte na direção do ponto P, em lúmens (lm);
RP = distância entre a fonte pontual e o ponto P, em m.

Esta lei é aplicável para fontes pontuais, com luz atingindo diretamente o ponto
considerado e não havendo absorção atmosférica. Ela serve como boa aproximação
quando se tem ar limpo, as refletâncias das superfícies são bem baixas, as medidas são
efetuadas a uma certa distância da fonte e as lâmpadas possam ser aproximadas por
fontes pontuais. Como em geral os valores medidos são relativos a um plano horizontal

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Capítulo 4. Iluminação
114

de trabalho e a luz o atinge obliquamente, deve-se introduzir a correção expressa pela lei
do cosseno. A fórmula (4.23) se torna:

E(P,) = I () cos  / RP2 (4.24)

Onde:
E(P,) = iluminância no ponto P do plano de trabalho inclinado de com relação a
direção unindo a fonte ao ponto P, em lux;
= ângulo entre a normal ao plano de trabalho e a direção fonte -ponto P.

A medida da distância Rp nem sempre é fácil e numa via de altura h pode ser
mais conveniente se medir distâncias horizontais. A Figura 4.24 (apresentada e explicada
mais detalhadamente no item 4.8.2.) exemplifica uma fonte luminosa colocada na linha
do teto de uma galeria de mina.

Da geometria temos:

h / RP = cos  ou RP2 = h 2 / cos2     (4.25)

Introduzindo (4.25) em (4.24) obtemos:

E(P,) = {I () cos3  / h 2 (4.26)

A expressão (4.26) representa a chamada lei do cosseno ao cubo.

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Capítulo 4. Iluminação
115

*Adaptado de Fantazzini – apostila curso Pece 2001


Figura 4.12. Parâmetros Fotométricos.

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Capítulo 4. Iluminação
116

4.2. A NATUREZA DO PROBLEMA


4.2.1. GERENCIAMENTO MODERNO, ILUMINAÇÃO, SEGURANÇA E
PRODUTIVIDADE
A Engenharia Ambiental aplicada à mineração subterrânea tem tido cada vez mais
importância não só nos aspectos ligados à segurança, higiene e saúde ocupacional, mas
também nas análises de custos e produtividade. É hoje importante componente de
qualquer projeto de mineração, tanto no aspecto de planejamento como de
gerenciamento, e sob esta ótica se insere num amplo programa gerencial de controle de
perdas e danos (atualmente já aplicado em algumas minas subterrâneas brasileiras).

De acordo com a literatura mais recente a engenharia ambiental em minas engloba


uma variada gama de tópicos que podem ser didaticamente agrupados em agentes e
medidas de controle. Dentre os agentes temos os físicos, os químicos, os biológicos e os
ergonômicos. Dentre as técnicas de controle e mitigação destacam-se os equipamentos
de proteção individual (EPI) e a ventilação forçada (geral diluidora ou local exaustora).

Dentre os agentes físicos a iluminação é de capital importância nas minas


subterrâneas, principalmente nos aspectos de segurança operacional. Além disso,
recentes pesquisas têm demonstrado sua relação direta com frequência e severidade de
acidentes bem como com a eficiência e a produtividade.

Apesar da relação entre nível de iluminação, segurança do ambiente de trabalho e


produtividade ser intuitiva, a demonstração de que a boa iluminação favorece os outros
dois aspectos não é simples. Estudos realizados em diversas indústrias demonstraram
que a melhoria da iluminação proporciona aumento da produtividade e da qualidade do
trabalho, já existindo na literatura material demonstrativo desta correlação para testes
laboratoriais controlados e para ambientes industriais onde se possa manter constantes
as demais variáveis exceto a iluminação.

Estudos quantitativos conclusivos sobre as relações iluminação -produtividade e


iluminação-segurança em mineração são difíceis, porque é necessário efetuar estudos
similares aos feitos para escolas, escritórios, estradas e indústrias. Todavia, no ambiente
mineiro existem muitos fatores inter-relacionados, como as condições geológicas, as
espessuras das camadas e a emissão de gases, que variam continuamente e que são
virtualmente impossíveis de isolar ou controlar. No caso específico de minas
subterrâneas, muitas dificuldades complicam a execução de testes e a análise dos
resultados, podendo-se citar entre outros:

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Capítulo 4. Iluminação
117

 A impraticabilidade de instalações permanentes, devido a evolução da lavra,


aos contínuos desmontes e aos custos de instalação e manutenção;
 A ausência de uma definição legal exata do que seja uma boa iluminação
mineira;
 A agressividade do ambiente mineiro, com baixa refletância das superfícies e
diminuição da transmissão devido a poeiras e fumaças.

Assim fica muito difícil avaliar o efeito isolado de um único fator como o nível de
iluminação, e quantificar os ganhos em termos de prevenção de acidentes ou fatalidades.
Contudo, as análises consistentemente indicam um aumento da segurança e ou da
produtividade nas seções melhor iluminadas da mina, e o corpo de evidências diretas e
indiretas cada vez justifica mais a melhoria da iluminação em subsolo de modo a se ter
fontes de rede além das individuais de capacete e dos faróis dos veículos.

4.2.2. ILUMINAÇÃO E PRODUTIVIDADE


4.2.2.1. PESQUISAS DE LABORATÓRIO
Engenheiros civis e arquitetos têm uma vasta literatura disponível sobre os níveis
ótimos de iluminação em escritórios e indústrias, o que não ocorre com os engenheiros
de minas. Todavia, estudos em minas demonstraram um claro aumento da produtividade
nos realces e seções iluminados em comparação com os não iluminados.

4.2.2.2. PESQUISAS EM MINAS SUBTERRÂNEAS


Para minas de carvão na Hungria estudos efetuados durante 2 meses por Halmos
(1968) mostraram que as seções que continham iluminação geral de rede (além daquela
dos capacetes) apresentaram produtividade de 5 a 26% maior com relação às seções
não iluminadas. Num estudo anual efetuado numa mina americana de carvão constatou -
se que um realce-teste com iluminação geral apresentara um nível de produção
(toneladas por homem-turno) 17% superior com relação ao realce com o segundo nível
de produção.

Levantamentos efetuados em 1979 por um comitê formado pela "United Mine


Workers of America" (UMWA), pela "Betuminous Coal Operators Association" (BCOA) e
pela "Mining Safety and Health Administration" (MSHA) forneceram respostas favoráveis
dos trabalhadores das minas lavradas por câmaras e pilares com relação às novas
normas de iluminação. Observações restritivas foram feitas apenas para as camadas
com espessuras inferiores a 107 cm devido a problemas de ofuscamento visual.
Portanto, a satisfação dos trabalhadores com a iluminação em subsolo é uma das
componentes que favorecem o aumento da produtividade.

O aspecto melhoria da produtividade é importante para que as empresas


percebam os benefícios da boa iluminação, a qual aumenta também a disponibilidade e
desempenho dos equipamentos.

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Capítulo 4. Iluminação
118

4.2.3. ILUMINAÇÃO E ACIDENTES


4.2.3.1. DADOS GERAIS DA INDÚSTRIA
Para situações de trabalho em fábricas ou tráfego em estradas, existem muitas
evidências diretas documentadas demonstrando que o aumento da visibilidade diminui o
número de acidentes. Na mineração as evidências são menos diretas e precisas porque
a iluminação é apenas um dos fatores que contribui para a situação de risco e para a
ocorrência do acidente.

4.2.3.2. DADOS DA MINERAÇÃO


Minas são locais de trabalho de alto risco devido a uma série de fatores e a
iluminação é apenas um dos componentes da situação de risco. Em subsolo há pouca luz
para destacar todas as informações, e o cérebro não interpreta corretamente os sinais
visuais, demorando a processar imagens e para reagir em face de situações de perigo.
Estas características são ainda mais importantes quando estão associadas a locais onde
se têm equipamentos móveis tais como jumbos de perfuração, pás carregadoras,
caminhões, correias transportadoras e vagonetas.

Estudos quantitativos conclusivos sobre as relações iluminação -produtividade e


iluminação-segurança em mineração são difíceis, porque é necessário efetuar estudos
similares aos feitos para escolas, escritórios, estradas e indústrias. Todavia no ambiente
mineiro existem muitos fatores inter-relacionados, como as condições geológicas, as
espessuras das camadas e a emissão de gases, que variam continuamente e que são
virtualmente impossíveis de isolar ou controlar.

Fica assim muito difícil avaliar o efeito isolado de um único fator como o nível de
iluminância, e quantificar os ganhos em termos de prevenção de acidentes o u
fatalidades. Contudo as análises consistentemente indicam um aumento da segurança e
ou da produtividade nas seções melhor iluminadas da mina.

Estudo do "National Safety Council" dos Estados Unidos revelou que a iluminação
insuficiente era a causa de 5% dos acidentes nas indústrias, e que em 20% dos casos a
pouca iluminação e a fadiga visual eram componentes da situação de risco potencial. Em
minas, onde se tem um dos mais perigosos ambientes de trabalho, é de se esperar que
estas porcentagens sejam até maiores.

Estudos conduzidos por Halmos em minas húngaras de linhito demonstraram uma


diminuição de 60% dos acidentes para seções com iluminação de rede, enquanto que o
aumento do nível de iluminância de 20 para 250 lux diminuíra o número de acidentes em
42%. Mishra e Dixit (1978) concluíram que 35% de todos os acidentes menores ocorridos
em minas de carvão indianas podiam ser atribuídos a má iluminação.
Estudos efetuados durante 2 anos numa mina de carvão de West Virginia
indicaram não ter ocorrido nenhum acidente grave em uma seção iluminada, enquanto
tinham ocorrido 10 acidentes em 5 seções sem iluminação geral.

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Capítulo 4. Iluminação
119

4.2.4. ILUMINAÇÃO E SAÚDE OCUPACIONAL


Estima-se que na virada do século a temida e incurável doença visual nistagmus
atingia cerca de 70% dos carvoeiros da Europa e Reino Unido, mas ela desapareceu com
a utilização sistemática das lâmpadas de capacete e de novos métodos de lavra.
Atualmente as pesquisas se direcionam para a relação entre níveis de iluminação
e a ausência (ou excesso) de alguma faixa espectral, como por exemplo, a radiação
ultravioleta em lâmpadas fluorescentes, e também para as relações entre quantidade de
luz e ritmos corporais. Análises têm sido feitas correlacionando ausência de luz, baixa
moral e depressão psíquica ("mid-winter blues"), enfocando-se o papel da glândula pineal
cujas secreções controlam os órgãos hormonais e a qual é afetada pela qualidade e
quantidade de luz.
A relação entre luminosidade e ritmos corporais está associada ao ritmo térmico
do corpo, o qual se repete a cada 24 horas e tende a ter o pico de temperatura
coincidente com os momentos de máxima luminosidade. Alterando -se o período de
máxima luminosidade, o corpo gradualmente altera seu ritmo termal para que os picos de
luz e de temperatura coincidam.
Este aspecto é importante para o trabalho em minas porque o pico térmico ocorre
para o momento de máxima ativação e desempenho do corpo, sendo prejudicial a
alternância de turno diurno e noturno para as equipes de trabalho. É preferível que as
equipes trabalhem continuamente num mesmo horário sem a alternância a cada semana,
pois este é mais ou menos o período que o corpo leva para se adaptar a mudança de
horário.
As avaliações de iluminação têm por objetivo quantificar a iluminância nos postos
de trabalho, visando sua posterior comparação com os valores mínimos estabelecidos
pela legislação brasileira, bem como fornecer recomendações gerais, para se obter a
adequação das condições de iluminação às atividades desenvolvidas nesses locais.
Existem duas formas básicas de iluminação:
 Natural – quando existe o aproveitamento direto (incidência) ou indireto
(reflexão / dispersão) da luz solar;
 Artificial – quando é utilizado um sistema (em geral elétrico) de iluminação,
podendo ser de dois tipos:
 Geral – para se obter o aclaramento de todo um recinto ou ambiente;
 Suplementar ou Adicional – para se reforçar o aclaramento de
determinada superfície ou tarefa.

4.2.4.1. CONSEQUÊNCIAS DE UMA ILUMINAÇÃO INADEQUADA


A iluminação não é, a exemplo de outros parâmetros levantado s em higiene
ocupacional, propriamente um “agente agressivo”, do ponto de vista de limites de
tolerância e doenças ocupacionais. Assim mesmo, quando a mesma está inadequada, e,
na maioria das vezes a inadequação se refere à deficiência da iluminação, podemos
perceber algumas consequências, tais como:

 Maior fadiga visual e geral;


 Maior risco de acidentes;

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Capítulo 4. Iluminação
120

 Menor produtividade / qualidade;


 Ambiente psicologicamente negativo.

4.2.4.2. RISCOS ASSOCIADOS


Além das consequências diretas mencionadas acima, podemos verificar alguns
riscos associados aos aspectos de iluminação, como:

 Maior probabilidade de acidentes, quando ocorre uma variação brusca da


iluminância;
 Efeito Estroboscópico, que é um fenômeno que pode resultar da combinação
de:

máquinas com partes girantes ou com movimento alternado


+
fonte piscante (60 Hz) não percebida (ex. lâmpada fluorescente)

Isto pode resultar numa falsa impressão de que a máquina está parada, com
pouco movimento, ou até com movimento contrário ao esperado, podendo causar
acidentes.

4.3. EXEMPLOS OCUPACIONAIS


Em 1992, acumularam-se reclamações de alunos e bibliotecárias de um
Departamento da Escola Politécnica. As dificuldades se referiam a leitura e até mesmo
identificação de nomes nas estantes e lombadas de livros. Medid as efetuadas indicaram
níveis de iluminância (ou iluminamento) de 20 a 50 lux!
A solução aplicada envolveu dobrar o número de lâmpadas, usar fluorescentes e
reduzir à metade a altura das lâmpadas, porque estavam muito altas. Os níveis de
iluminância se elevaram para cerca de 450 lux.

Na mineração subterrânea, uma iluminação apropriada também é essencial. As


Figuras apresentadas a seguir mostram a falta de iluminação adequada na mina de
manganês e ferro de Urucum (Mato Grosso).

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Capítulo 4. Iluminação
121

Figura 4.13. Placas superiores ilegíveis. (Fonte: arquivo pessoal)

Figura 4.14. Dificuldade de análise de qualidade da rocha no teto. (Fonte: arquivo


pessoal)

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Capítulo 4. Iluminação
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Figura 4.15. Dificuldade de analisar mineralizações. (Fonte: arquivo pessoal)

Figura 4.16. Dificuldade de leitura de placas. (Fonte: arquivo pessoal)

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Capítulo 4. Iluminação
123

4.4. NORMAS TÉCNICAS E LIMITES DE TOLERÂNCIA


4.4.1. TERMOS TÉCNICOS DE ILUMINAÇÃO
Nas atividades de avaliação da iluminação, para evitar avaliações inexpressivas
(tão poucos pontos que não se conclui o estudo) ou exageradas (muitos pontos sem
importância), é importante ter-se em mente os conceitos de tarefa visual e campo de
trabalho.
Entende-se por campo de trabalho, toda a região do espaço onde, para qualquer
superfície aí situada, exigem-se condições de iluminação apropriadas à tarefa visual a
ser realizada.
Sendo assim, os pontos que realmente interessam ser avaliados em um estudo de
iluminação são aqueles onde são realizadas as tarefas visuais principais/ habituais.
Há também outros termos importantes definidos e empregados na Norma NHO-11
(2018) que são fundamentais para uma adequada avaliação de iluminação de locais de
trabalho internos, como:
 Área da tarefa: a área parcial em um local de trabalho no qual a tarefa
visual está localizada e é realizada. Esta superfície de referência pode ser
horizontal, vertical ou inclinada (Figura 4.17).
 Entorno imediato: uma zona de no mínimo 0,5 m de largura ao redor da
área da tarefa dentro do campo de visão.
 Ângulo de corte: ângulo medido a partir do plano horizontal, abaixo do
qual a(s) lâmpadas é (são) protegida(s) da visão direta do observador pela
luminária (Figura 4.18).
 Plano de trabalho: superfície de referência definida como o plano onde
trabalho é habitualmente realizado.

Figura 4.17. Área da tarefa (amarelo) compreendendo a superfície de trabalho (tampo


cinza) e o espaço do usuário (rosa) (ABNT, 2013)

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Capítulo 4. Iluminação
124

Figura 4.18. Ângulo de corte (ABNT, 2013)

4.4.2. ILUMINAÇÃO DE AMBIENTES DE TRABALHO INTERNOS


Em 21 de março de 2013 foi publicada uma nova norma brasileira para
elaboração de projetos luminotécnicos de locais de trabalho internos, a norma ABNT
NBR ISO/CIE 8995-1:2013 Iluminação de ambientes de trabalho Parte 1: Interior,
substituindo e cancelando a ABNT NBR 5413:1992 e a ABNT NBR 5382:1985.
No entanto, estava mais voltada para projetos de iluminância, não deixando clara
de que forma devem ser realizadas as avaliações dos novos requisitos de qualidade para
sistemas de iluminação propostos (como o índice de ofuscamento unificado, UGR e a
reprodução de cor mínima, Ra) em ambientes de trabalho já existentes, uma vez que não
costumam ser feitas suas medições in loco, a Coordenação-Geral de Normatização e
Programas (CGNOR) da Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) in formou em
novembro de 2014 que para o cumprimento do item 17.5.3.3 da Norma Regulamentadora
no 17 (NR 17) – Ergonomia deveriam ser ainda observados os valores de iluminância
previstos na ABNT NBR 5413:1992, bem como os métodos de avaliação estabelecidos
na norma ABNT NBR 5382:1985 até a emissão de norma específica pela
FUNDACENTRO. A nova norma da Fundacentro, NHO-11, foi disponibilizada ao público
no final de 2018.
No dia 24 de outubro de 2018, a Portaria n° 876 alterou a redação do item
17.5.3.3 da NR-17 e estabeleceu que : “Os métodos de medição e os níveis mínimos de
iluminamento a serem observados nos locais de trabalho são os estabelecidos na Norma
de Higiene Ocupacional nº 11 (NHO 11) da Fundacentro – Avaliação dos Níveis de
Iluminamento em Ambientes de Trabalho Internos”.

4.4.2.1. NBR 5413: 1992


A NBR 5413:1992 é especificada com base nos níveis de iluminância, o que
permite uma boa descrição de como a luz se distribui, cálculos de projeto não
complicados e fácil verificação no local.
Segundo a norma “a iluminância deve ser medida no campo de trabalho. Quando
este não for definido, entende-se o nível como referente a um plano horizontal a 0,75 m
do piso” e as medições devem ser feitas por amostragem em alguns pontos específicos
com um luxímetro.
Os valores medidos de iluminância devem ser iguais ou maiores que valores de
referência tabelados e eventualmente ajustados por fatores de correção.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 4. Iluminação
125

Para determinação então da iluminância mínima adequada é recomendável


considerar o seguinte procedimento:
Na tabela 4.5. constam três valores de iluminância para cada grupo de tarefas
visuais. O uso adequado de iluminância específica é determinado por três fatores, de
acordo com a tabela 4.6.
Tabela 4.5. Iluminância para cada grupo de tarefas visuais *

FAIXA ILUMINÂNCIA (lux) TIPO DE ATIVIDADE


20 Áreas públicas com
30 arredores escuros.
50

A
50 Orientação simples
Iluminação geral para
75 para permanência curta.
áreas usadas interruptamente
100
ou com tarefas visuais simples.

100 Recintos não usados


150 para trabalho contínuo,
200 depósitos.
200 Tarefas com requisitos
300 visuais limitados, trabalho bruto
500 de maquinaria, auditórios.

500 Tarefas com requisitos


B
750 visuais normais, trabalho médio
Iluminação geral para
1000 de maquinaria, escritórios.
área de trabalho.

1000 Tarefas com requisitos


1500 visuais especiais, gravação
2000 manual, inspeção, indústria de
roupas.
2000 Tarefas visuais exatas
3000 e prolongadas, eletrônica de
5000 tamanho pequeno.

C 5000 Tarefas visuais muito


Iluminação adicional 7500 exatas e prolongadas,
para tarefas visuais difíceis. 10000 montagem micro-eletrônica.

10000 Tarefas visuais muito


15000 especiais, cirurgia.
20000
(*) a ser utilizada quando da não aplicação direta ou por analogia dos locais específicos definidos na NBR 5413
da ABNT.

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Capítulo 4. Iluminação
126

Tabela 4.6. Fatores determinantes da iluminância adequada

O procedimento é o seguinte:
a) Analisar cada característica para determinar o seu peso ( -1, 0 ou +1);
b) Somar os três valores encontrados, algebricamente mantendo o sinal;
c) Quando o valor total é igual a –2 ou –3, usa-se a iluminância mais baixa do grupo;
usa-se a iluminância superior quando a soma for +2 ou +3; nos outros casos utiliza -se
o valor médio.

Como exemplo de precisão podemos mencionar a leitura simples de um jornal


versus a leitura de uma receita médica, sendo a primeira sem importância e a Segunda
crítica.
É óbvio que a maioria das tarefas visuais pelo menos apresentam uma média
precisão.
Na tabela a seguir (extraída do item 5.3 da NBR 5413 / 1992), das tr ês iluminâncias
apresentadas, deve ser considerado como mínimo o valor do meio, devendo o valor mais
alto ser utilizado quando a tarefa apresentar contrastes e refletâncias bastantes baixos,
os erros forem de difícil correção, o trabalho visual for crítico , a alta produtividade ou
precisão forem de grande importância ou quando a capacidade visual do observador
estiver abaixo da média. O valor mais baixo poderá ser usado quando as refletâncias ou
contrastes forem altos, a velocidade e precisão não forem impo rtantes ou a tarefa for
executada ocasionalmente.

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Capítulo 4. Iluminação
127

Tabela 4.7. Valores mínimos de iluminância em lux por tipo de atividade


(Exemplos extraídos da tabela do item 5.3 da NBR 5413/1992 da ABNT)

OBSERVAÇÃO: A referida NBR fornece valores mínimos para a execução de várias


tarefas. Os itens específicos são bastante resumidos, porém, por analogia de atividades,
pode-se estabelecer os valores mínimos. Se houverem situações que não constem da
Tabela 4.7, usa-se a Tabela 4.5, já citada.

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Capítulo 4. Iluminação
128

4.4.2.2. NHO-11
Segundo a nova norma uma boa iluminação requer igual atenção para a
quantidade e qualidade da iluminação e enfatiza que embora seja necessária a provisão
de uma iluminância suficiente em uma tarefa, a visibilidade em muitos exemplos depende
da forma pela qual a luz é fornecida, das características da cor da fonte de luz e da
superfície em conjunto com o nível de ofuscamento do sistema.
Os principais parâmetros que contribuem para o ambiente luminoso são: a
distribuição da luminância, a iluminância, o índice geral de reprodução de cor, a
direcionalidade da luz, os aspectos da cor da luz e superfícies, a cintilação, a luz natural e
a manutenção do sistema de iluminação.
Diferente da norma NBR 5413, a NHO-11 leva em consideração não apenas a
iluminância, mas também o limite referente ao índice de reprodução de cor mínimo da
fonte para garantir o desempenho de diferentes tarefas visuais de maneira eficiente, com
conforto e segurança durante todo o período de trabalho em vários locais de trabalho.
A norma apresenta para diferentes tipos de ambiente, tarefa ou atividade, tabelas
com valores recomendados para os seguintes parâmetros quantificáveis de iluminância, e
reprodução de cor (explicados detalhadamente nos próximos itens).
A tabela 4.8 abrange uma pequena parte do Quadro I da norma, onde são
apresentadas como algumas tabelas da norma NHO-11 com requisitos de iluminação
mínimos recomendados para determinados ambientes e atividades.

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Capítulo 4. Iluminação
129

Tabela 4.8. Níveis mínimos de iluminamento E (lux) em função do tipo de ambiente, tarefa
ou atividade (NHO-11)

4.4.2.2.1. CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO


O critério adotado na norma para avaliação do nível de iluminamento é a medição
ponto a ponto nas diferentes tarefas e a comparação com os valores mínimos exigidos
correspondentes ao valor da iluminância mínima E (lux) para as tarefas apresentadas na
tabela 4.8 (na norma a tabela é muito maior, constando diversas outras atividades). Na
norma, afirma-se a permissão de uma tolerância de 10% abaixo destes valores.
A iluminância média de um ambiente de trabalho deve ser obtida da seguinte
maneira:
 Em relação aos instrumentos de medição, estes devem possuir unidade de
medição em lux, especificação técnica emitida pelo fabricante, possibilidade
de realizar medição conforme lâmpada utilizada (LED, fluorescente e

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 4. Iluminação
130

outros). O instrumento deve ser periodicamente calibrados e certificado pelo


Inmetro, com periodicidade definida pelo fabricante.
 Medições realizadas a 0,75 m do piso em um plano horizontal.
 Seu cálculo deve respeitar os layouts apresentados na NHO-11 (ANEXO I
da norma).

Depois de calculada, todos os pontos da área de tarefa não devem ser inferiores a
70% da iluminância média. Caso uma tarefa específica não esteja apresentada no
Quadro 1 da norma (Tabela 4.8), o valor de iluminância mínimo exigido deverá ser obtido
por associação com tarefa similar.
Em nenhum local onde existe tarefa continua, a iluminância não pode ser inferior a
200 lux. Na própria tabela 4.8 a norma pode estabelecer valores inferiores a 200, como
no exemplo “área de circulação e corredor”, com valor de iluminância mínimo de 1 00 lux.
Essa área não possui tarefa continua naturalmente. Se existir, deve ser aumentado
para 200 lux no mínimo o valor de iluminância média.
Existem situações ainda onde há uso de iluminação suplementar. Neste caso, deve
ser verificada a iluminância nas áreas do entorno imediato e a iluminância média deve
possuir, ao mínimo, os valores da tabela 4.9.

Tabela 4.9. Valores recomendados de iluminância mantida nas áreas do entorno imediato
Iluminância da tarefa Iluminância do entorno
(lux) imediato (lux)

≥ 750 500

500 300

300 200

Mesma iluminância da área de


≤ 200
tarefa

A razão entre o maior valor de iluminância medido na área da tarefa e a


iluminância média daquele ambiente, não deve ser superior a proporção de 5:1. Se a
iluminação da área da tarefa for superior a 2.500 lux, essa relação não se aplica e deve
ser avaliada caso a caso, considerando-se os riscos devido a contraste excessivo. Ou
seja, se a iluminância média de determinado local for 200, em nenhum ponto deve -se
possuir valores maiores que 1000 lux (cinco vezes 200), para se evitar ofuscamento.

4.4.2.2.2. ESCALA DE ILUMINÂNCIA MÍNIMA


Após ser obtido os valores de iluminância média, o engenheiro ou técnico
responsável pela medição devem comparar os seus valores diretamente com o Quadro I
da norma (tabela 4.8). Antes de realizar essa comparação, ele deve avaliar se a tarefa
analisada possui:

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Capítulo 4. Iluminação
131

 o trabalho visual for crítico;


 a capacidade visual dos trabalhadores estiver abaixo do normal;
 a tarefa apresentar contrastes excepcionalmente baixos.

Caso algum destes requisitos for encontrado, o nível de iluminância mínimo deve
ser aumento em um nível de acordo com a seguinte escala:

20 - 30 - 50 - 75 - 100 - 150 - 200 - 300 - 500 - 750 - 1000 - 1500 - 2000 - 3000 -
5000 lux

Por exemplo, em uma enfermaria. O nível de iluminância mínimo conforme norma é


500 lux. Caso alguns dos três requisitos for encontrado, deve se aumentar o nível mínimo
de iluminância para o próximo, ou seja, 750 lux.
A iluminância mantida necessária poderá ser reduzida na área da tarefa quando:
 Os detalhes são de um tamanho extraordinariamente grande ou de alto
contraste;
 A tarefa é realizada por um tempo excepcionalmente curto.

4.4.2.2.3. ANÁLISE PRELIMINAR


A Norma dita a realização de uma análise preliminar, levantando aspectos como
ofuscamento, cintilação, efeito estroboscópico, direcionalidade, sombras excessivas,
aparência da cor e contraste. Foram extraídos da norma as seguintes definições:

Cintilação (flicker): Termo utilizado para descrever variações de brilho aparente ou


de cor de uma fonte luminosa percebida visualmente. A cintilação pode provocar fadiga
física e psíquica e ocasionar efeitos fisiológicos como dor de cabeça, incômodo visual e
estresse. Pode ser resultado de pequenas flutuações de tensão provocadas pelo
funcionamento de cargas variáveis de grande porte: fornos a arco, máquinas de solda,
motores etc.

Efeito estroboscópico: Ocorre quando uma fonte de luz pulsante ilumina um objeto
em movimento, podendo ocasionar modificação aparente do seu movimento ou sua
imobilização aparente. Os efeitos estroboscópicos podem levar a situações de perigo
pela mudança da percepção de movimento de rotação ou por máquinas alternativas (de
movimento repetitivo).

Tipos de lâmpada: O tipo de lâmpada pode interferir na sensação percebida e nas


questões de conforto e aparência de cor.
Ofuscamento: Condição de visão na qual há desconforto ou redução da capacidade
de distinguir detalhes ou objetos, devido a uma distribuição desfavorável das luminâncias,
contraste excessivo ou reflexões em superfícies especulares. O ofuscamento é a
sensação visual produzida por áreas brilhantes dentro do campo de visão, que pode
resultar em fadiga visual, erros e até mesmo acidentes. Pode ser classificado como
desconfortável, inabilitador ou refletido. O ofuscamento desconfortável geralmente surge

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Capítulo 4. Iluminação
132

diretamente de luminárias brilhantes ou janelas no interior de locais de trabalho. O


ofuscamento inabilitador é mais comum na iluminação externa, mas também pode ser
experimentado em iluminação pontual ou fontes brilhantes intensas, tais como uma janela
em um espaço relativamente pouco iluminado. O ofuscamento refletido é aquele causado
por reflexões em superfícies especulares, também sendo conhecido como reflexão
veladora.

Zonas de transição entre ambientes internos e externos: Diferenças significativas


nos níveis de iluminamento entre as áreas de trabalho e suas áreas adjacentes podem
causar desconforto visual e ocasionar acidentes em locais onde haja movimentação
frequente. Esse problema provém, na maioria das vezes, quando há movimentação de
ambiente interno para externo e vice-versa. Nesses casos, deve ser avaliada a
necessidade de criação de uma zona de transição.

Aparência da cor: As lâmpadas normalmente são divididas em tr ês grupos, de


acordo com suas temperaturas de cor correlata (Tcp). Quanto mais alta a temperatura de
cor, mais branca é a tonalidade da luz emitida. Unidade: K.

As cores mais quentes induzem ao relaxamento, não sendo indicadas para


ambientes de trabalho, e sim domésticos (a exemplo de dormitórios). As cores
intermediárias são interessantes em aplicações que não interferem na coloração dos
objetos (como em salões de beleza e museus). As cores frias são recomendadas para
aplicações em escritórios e salas de aula.

4.4.2.2.4. REPRODUÇÃO DE COR MÍNIMA


As qualidades da cor de uma lâmpada próxima à cor branca são caracterizadas por
dois atributos que devem ser considerados separadamente:
 A aparência de cor da própria lâmpada;
 Sua capacidade de reprodução de cor, que afeta a aparência da cor de objetos e
das pessoas iluminadas pela lâmpada.
A “aparência da cor” de uma lâmpada refere-se à cor aparente (cromaticidade da
lâmpada) da luz que ela emite e pode ser descrita pela sua temperatura de cor correlata
(T cp).
Já a reprodução de cor é bastante importante para o desempenho visual e para a
sensação de conforto e bem-estar, uma vez que afeta a aparência do ambiente, das
pessoas e dos objetos. A cor da pele humana por exemplo, deve ser reproduzida de
forma correta e natural, de modo que as pessoas tenham uma aparência atrativa e
saudável.
Para fornecer uma indicação objetiva das propriedades de reprodução de cor de uma
fonte de luz foi introduzido índice geral de reprodução de cor (Ra), também conhecido
como IRC no Brasil e CRI internacionalmente. O valor máximo de R a é 100. Este valor
diminui com a redução da qualidade de reprodução de cor.
Não se recomenda a utilização de lâmpadas com R a inferior a 80 em interiores onde
pessoas trabalham ou permanecem por longos períodos. Pode haver exceções para a
iluminação de montagem alta (como por exemplo galpões industriais) e para iluminação

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Capítulo 4. Iluminação
133

externa.
A norma NHO-11 recomenda valores mínimos do índice geral de reprodução de cor
para diferentes tipos de ambientes internos, tarefas ou atividades (Tabela 4.8.).
Os índices de reprodução de cor para as lâmpadas utilizadas num dado projeto são
fornecidas pelos fabricantes de lâmpadas e não deverão ser inferiores aos valores R a
estabelecidos pela norma para a tarefa em questão.

4.4.2.3. AVALIAÇÃO EM ÁREAS EXTERNAS


Para o caso das áreas externas, não coberto pelas normas anteriores, pode -se
utilizar critérios nacionais específicos (p.ex., normas para pátios ferroviários) porém
limitados à abrangência, ou critérios internacionais, como por exemplo a norma API - RP
540, do “American Petroleum Institute”. Veja alguns exemplos de valores a seguir:

Tabela 4.12. API – RP 540 – Valores mínimos de iluminância para ambientes externos

Obs.: valores arredondados a maior, para múltiplos de 5

4.4.2.4. LIMITES DE TOLERÂNCIA


A legislação brasileira (portaria 3214, NR 17) dispõe sobre condições ambientais de
trabalho no item 17.5.3, do qual seguem trechos de importância quanto a aspectos de
iluminação de locais de trabalho.

17.5.3 – Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural


ou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade.
17.5.3.1 – A iluminação geral deve ser uniformemente distribuída e difusa.
17.5.3.2 – A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de
forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos.
17.5.3.3 Os métodos de medição e os níveis mínimos de iluminamento a serem
observados nos locais de trabalho são os estabelecidos na Norma de Higiene
Ocupacional nº 11 (NHO 11) da Fundacentro - Avaliação dos Níveis de Iluminamento em
Ambientes de Trabalho Internos.
17.5.3.4 – A medição dos níveis de iluminamento previstos no subitem 17.5.3.3
deve ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando -se de
luxímetro com fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em função do
ângulo de incidência.

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Capítulo 4. Iluminação
134

17.5.3.5 – Quando não puder ser definido o campo de trabalho previsto no


subitem 17.5.3.4, este será um plano horizontal a 0,75 m do piso.

INSTRUMENTAL NECESSÁRIO
O equipamento utilizado para as avaliações de iluminância deve ser um luxímetro.
Como existe no mercado uma grande diversidade de marcas e modelos de luxímetros, é
previsível que a qualidade e a adequabilidade também variem. Abaixo, são relacionados
os recursos / características mínimas que um luxímetro deve possuir para permitir uma
medição adequada e representativa.

Figura 4.21. Fotocélula independente – A fotocélula deve ser independente do corpo do


luxímetro, com cabo de extensão de, no mínimo, um metro, visando minimizar a interferência
(sombras e reflexos) do usuário no campo visual a ser medido.

4.5. AÇÕES CORRETIVAS


Para se buscar uma iluminação adequada e eficaz, não devemos estar somente
fixados no aspecto de maior número de lâmpadas ou maior potência. A adequação irá
resultar da combinação dos seguintes fatores:

Tipo de Lâmpada:
 Reprodução de cores;
 Aplicações especiais;
 Carga térmica;
 Eficiência luminosa.

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Capítulo 4. Iluminação
135

Tipo de luminária:
 Difusão;
 Diretividade;
 Ofuscamento/reflexos.

Quantidade de luminárias:
 Valor adequado de iluminância.

Distribuição:
 Homogeneidade;
 Contrastes;
 Sombras.

Manutenção:
 Reposição;
 Limpeza.

Cores:
 Refletância;
 Ambiente.

4.6. CASOS REAIS


Abaixo podemos ver a iluminação de algumas minas subterrâneas na África do Sul
e na Suíça.

Figura 4.22. Vias subterrâneas de mina de ouro na RSA (Republic of South Africa) com
paredes caiadas para aumento da luminância.

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Capítulo 4. Iluminação
136

Figura 4.23. Mina subterrânea de sal na Suíça, com paredes caiadas.

4.7. TÓPICOS AVANÇADOS – PROJETO DE ILUMINAÇÃO EM SUBSOLO


Um projeto de iluminação de mina deve se preocupar com os aspectos de
segurança, produtividade e saúde ocupacional. Deve ser orientado ao ambiente mineiro e
suas características peculiares, procurando tirar partido das suas características.
Dentre as muitas características de minas subterrâneas, as mais influentes num
projeto de iluminação e que devem ser consideradas são:
 Mobilidade - as frentes de lavra se deslocam continuamente e, portanto
também os sistemas de iluminação devem ser móveis;
 Refletância e contraste - as paredes normalmente são más refletoras e o
nível de contraste é baixo, dificultando a visão de riscos;
 Natureza do ambiente - o ambiente é muito agressivo, com gases, poeiras,
umidade, choques mecânicos, além de ser confinado no sentido de espaços
reduzidos;
 Riscos elétricos - algumas minas apresentam gases explosivos;
 Ofuscamento - as lâmpadas são colocadas próximas ao campo de visão,
porque o espaço é reduzido, podendo causar problemas de ofuscamento.

4.7.1. OBJETIVOS DE UM PROJETO MINEIRO DE ILUMINAÇÃO


Os principais objetivos da iluminação industrial são o aumento da produtividade e
da segurança. Além disso, uma boa iluminação também deve oferecer outras vantagens,
tais como:
Fisiológicas: facilitar a visão, poupar a vista, suavizar o trabalho, diminuir a fadiga;
Psicológicas: favorece o bem-estar, inspirar trabalho ordeiro e confiança, elevar o
moral;
Técnicas: possibilitar tarefas de precisão, melhorar a qualidade e a quantidade da
produção, diminuir riscos e acidentes.

Mas o que é uma boa iluminação? Uma boa iluminação deve apresentar:
a) Uma iluminância uniforme, de modo que a distribuição de luz proporcione a
aparência correta dos objetos e permita sua identificação sem falseamento de formas e
cores.

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Capítulo 4. Iluminação
137

b) Ausência de ofuscamento e sombras duras; o ofuscamento causado por fluxo


excessivo nos olhos é um dos mais graves defeitos de iluminação. Numa mina é em geral
causado por lâmpadas descobertas na altura dos olhos.

Complicadores de um projeto de iluminação em mina subterrânea incluem as rudes


condições ambientais encontradas tais como:
Existência de poeira, que diminui a transmissão atmosférica e suja as luminárias;
Atuação da umidade e das altas temperaturas favorecendo a corrosão;
Ocorrência de choques mecânicos devido a mobilidade dos equipamentos,
máquinas e pessoal;
Existência de gases e poeiras explosivas;
Geometria e dimensões das aberturas que favorecem situações de ofuscamento;
Baixas refletâncias das superfícies das paredes, pisos e tetos.

Em subsolo alguns parâmetros podem ser alterados enquanto outros não, e é difícil
a comparação entre os valores de projeto e os reais porque simplesmente não existem
medidas fotométricas precisas numa mina. Cálculos muito precisos não tem, portanto,
sentido e é comum que para se enquadrar um ambiente em alguma norma se utilize
adotar uma margem de segurança de 100% em vez dos valores comuns de 10 a 20%.
Por causa disso um bom projeto de iluminação de mina pode ser feito com uma
calculadora não sendo necessário nem justificável recorrer-se aos sofisticados programas
existentes no mercado.
O ambiente de trabalho subterrâneo é de alto risco e a iluminação mineira deve ter
alguns objetivos inerentes a sua própria natureza, tais como.

4.7.1.1. AUMENTO DA VISIBILIDADE DOS RISCOS


Nas minas subterrâneas e em especial nas de carvão, os baixos contrastes e
baixos níveis de iluminância tornam difícil a identificação visual de riscos. Um dos
objetivos da iluminação em subsolo é, portanto, aumentar a visibilidade de objetos de
risco como cabos, ferramentas mal localizadas, madeiramento, blocos de rocha
descalçados, bocas de chutes ou chaminés no piso, etc.

4.7.1.2. AUMENTO DA RESPOSTA VISUAL AO CAMPO PERIFÉRICO


Tendo-se apenas lâmpadas individuais de capacete, é difícil se observar
movimentos de pessoas, equipamentos e blocos de rocha ocorrentes no campo visual
periférico (locado fora do facho principal da lâmpada de capacete). A boa iluminação
permite que se perceba sutis movimentos em qualquer ponto do campo visual normal.
Isto leva a se detectar os riscos mais cedo, tendo-se um tempo maior de reação.

4.7.1.3. MOBILIDADE
Um projeto comum de iluminação é orientado para uma área específica onde
equipamentos de iluminação podem ser instalados permanentemente. Numa mina a face
avança continuamente, e várias faces podem estar sendo lavradas ao mesmo tempo por
um mesmo equipamento. Existem, portanto duas opções de projeto: colocação de fontes

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Capítulo 4. Iluminação
138

de luz nos equipamentos ou instalação de sistemas semipermanentes em cada face


ativa.

4.7.1.4. REFLETÂNCIA E CONTRASTE


Sob igual iluminância o "brilho" de uma superfície depende de sua refletância, e na
maioria das aplicações tem-se superfícies que refletem uma alta porcentagem da luz
incidente. Numa mina de carvão quase todas as superfícies têm baixíssima refletividade,
da ordem de 4%, e para se ter um dado nível de brilho superficial as fontes subterrâneas
de luz deveriam gerar de 10 a 20 vezes mais energia luminosa. Ressaltemos que uma
baixa refletividade favorece a eliminação de reflexos secundários e sob este aspecto, tem
um lado positivo. Minas metálicas de sulfetos também tem refletâncias muito baixas, e
qualquer mina subterrânea tem refletância das paredes muito menor do que aquelas
normais de paredes claras de escritórios.
Outro parâmetro importante a ser considerado é o con traste entre os níveis de
iluminância do objeto e do ambiente de fundo contra o qual se observam os detalhes.
Refletividade e contraste requerem fontes de luz de alta energia luminosa e isto pode
causar problemas de ofuscamento, de modo que cada projeto de verá procurar o seu
ponto de equilíbrio.

4.7.1.5. RISCOS ELÉTRICOS


Toda vez que se instala mais equipamento elétrico numa máquina ou numa
abertura subterrânea, aumenta-se a possibilidade de ocorrer uma falha elétrica, um
choque ou uma explosão (se a atmosfera contiver por exemplo metano).

4.7.1.6. OFUSCAMENTO
Sistemas de iluminação em subsolo tem muitas vezes sua eficiência ameaçada por
problemas de ofuscamento, originário em fatores como: necessidade de sistemas de alta
potência luminosa (face às baixas refletividades); alto contraste entre a fonte de luz e o
fundo de baixa refletividade; colocação de lâmpadas na linha de visão dos trabalhadores.
Este último fator pode ser causado por restrições geométricas (forma e tamanho das
galerias, localização dos suportes), ou por necessidades de iluminância mínima para
certas tarefas.
As maiores dificuldades na execução de um projeto mineiro de iluminação estão
associadas à:
Dificuldades de instalação (tetos podem conter blocos soltos);
Variações de voltagem (comuns em minas face aos grandes equipamentos);
Padronização imperfeita das lâmpadas;
Alteração da inclinação e orientação das luminárias (devido a choques com
máquinas e ferramentas);
Alteração dos fatores de manutenção (devido ao estado de conservação);
Absorção atmosférica (devido ao pó em suspensão);
Variações da produção luminosa com o tempo.

Um fator importante nos projetos mineiros é o empoeiramento das luminárias com o


decorrer do tempo e que pode reduzir em mais de 50% o fluxo útil emitido.

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Capítulo 4. Iluminação
139

A influência da poeira é introduzida no projeto por meio de um fator de manutenção


(FM), um número empírico variável de mina para mina e mesmo dentro de uma mesma
mina. Minas de carvão são muito empoeiradas e a presença de água transforma o pó em
lama. A velocidade do fluxo de ar é importante porque pode impedir que a poeira se
deposite em camadas. O fator de manutenção varia também em função da frequência de
limpeza das luminárias, que pode variar desde mensal até apenas quando o bulbo
queima. Os fatores de manutenção variam desde 0,9 a 0,3 (para os casos mais
desfavoráveis).
Numa mina com atmosfera limpa, a absorção varia entre 2 a 5% mas em algumas
situações críticas ela pode ser bem maior. Bons sistemas de ventilação mantêm a
atmosfera razoavelmente limpa, mas após detonações ou no encontro de correntes de ar
quente úmido com ar frio pode-se ter altos níveis de fumaça ou neblina. Nestas
situações, pode-se assumir um fator absorção (FA) que pode atingir valores de dezenas
de porcento e baixar o fator de manutenção para valores de 0,5.

4.7.2. PROJETO PELO MÉTODO PONTO A PONTO


Um projeto de iluminação em subsolo pode ser executado pelo método ponto a
ponto ou pelo método dos lúmens, que são simples e práticos. Outros métodos mais
sofisticados não se justificam na lavra em subsolo.
No método ponto a ponto são estimadas a iluminância e a luminância no plano de
trabalho, a partir das distribuições de fluxo de fontes variadas e leis que relacionam sua
propagação e reflexão.
Conforme visto no item 4.1.19., o método é baseado na lei do cosseno ao cubo. As
expressões analíticas mais usadas para pisos de galerias horizontais são:

E (P, ) = FM x FA x {I() cos3 () } / h 2 (4.28)

L(P) = FM x (FA /  ) x {I() cos3 () } / h 2 (4.29)


onde:

E (P, ) = iluminância no ponto P do piso da galeria, com ângulo  com relação à


lâmpada do teto, dada em lux;  fica definido pelas retas vertical pela lâmpada e a que
une a lâmpada ao ponto P do piso;
FM = fator de manutenção, a ser estimado para cada mina e região desta,
adimensional;
FA = fator de absorção atmosférica devido a partículas no ar da mina, entre 0,9 e
1;
I() = intensidade luminosa da lâmpada na direção dada pelo ângulo , expressa
em candelas. Consta dos dados da lâmpada fornecidos pelo fabricante;
h = altura média da galeria;
 = constante de valor 3,14.

A Figura 4.24 ilustra a utilização das fórmulas básicas do método ponto a ponto
para um projeto de iluminação em subsolo.

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Capítulo 4. Iluminação
140

Figura 4.24. Método ponto a ponto aplicado à galeria de mina.

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Capítulo 4. Iluminação
141

4.8. TESTES

1. Considere as informações abaixo sobre a luz:


I – Os parâmetros mais importantes para se caracterizar a luz são seu comprimento
de onda e sua frequência;
II – A luz é uma forma de energia eletromagnética pontual;
III – Atualmente utilizamos apenas a teoria ondulatória para analisar a luz;
IV – Quanto maior a frequência, os aspectos corpusculares são mais notáveis.
Qual a alternativa correta?
a) Apenas II é falsa.
b) Apenas I é verdadeira.
c) Apenas I e IV são verdadeiras.
d) I, II e III são verdadeiras.
e) Apenas I e III são falsas.
Feedback: item 4.1.1.

2. Qual informação é incorreta sobre o comportamento da luz?


a) A soma da refletância, absorbância e transmitância sempre deve ser igual a “1” .
b) Todo corpo acima de zero Kelvin emite radiações.
c) A velocidade de propagação da luz no vácuo é independente do comprimento de
onda.
d) Não existem objetos que possuam algum dos quocientes ( r, t,a) com valor nulo.
e) Um material transparente sempre transmite a luz sem espalhament o.
Feedback: item 4.1.2.

3. Qual a cor em que o olho é mais sensível, ou seja, apresenta maior eficiência?
a) Vermelho.
b) Amarelo.
c) Azul.
d) Preto.
e) Verde.
Feedback: Figura 4.5.

4. A faixa de comprimento de onda que sensibiliza o olho humano é estimad a em:


a) 160 a 590 nm.
b) 380 a 780 nm.
c) 580 a 1200 nm.
d) 1080 a 2380 nm.
e) 1500 a 3000 nm.
Feedback: item 4.1.10.

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Capítulo 4. Iluminação
142

5. A definição de refletância é:
a) Uma medida da eficiência de uma superfície em devolver a luz refletida .
b) Uma medida do quanto a luz vai ser desviada após sua reflexão.
c) O maior valor que a superfície pode refratar.
d) Uma medida da eficiência de uma superfície em devolver a luz incidente.
e) N.d.a.
Feedback: item 4.1.18.

6. Analise as informações abaixo sobre a importância da iluminação:


I – Uma maior iluminação pode aumentar a produtividade, disponibilidade e
desempenho dos equipamentos;
II – Na mineração as evidências de diminuição de acidentes são menos diretas e
precisas porque a iluminação é apenas um dos fatores que contribui para a situação
de risco;
III - É preferível que as equipes trabalhem continuamente num mesmo horário sem a
alternância a cada semana, pois este é mais ou menos o período que o corpo leva
para se adaptar a mudança de horário.
Qual a alternativa correta?
a) Apenas III é incorreta.
b) Apenas II é verdadeira.
c) Apenas I e III são verdadeiras.
d) Apenas II e III são verdadeiras.
e) Todos as afirmações são verdadeiras.
Feedback: itens 4.2.2. a 4.2.4.

7. No vácuo a velocidade de propagação da onda é aproximadamente?


a) 300 000 km/s.
b) 250 000 km/s.
c) 350 000 km/s.
d) 400 000 km/s.
e) N.d.a.
Feedback: item 4.1.1.

8. Podemos denominar comprimento de onda como:


a) Número de ciclos na unidade de tempo, normalmente num segundo .
b) A distância percorrida espacialmente enquanto um ciclo se repete.
c) A velocidade de propagação da onda em um dado momento do ciclo .
d) A distância percorrida espacialmente enquanto dois ciclos se repetem.
e) N.d.a.
Feedback: item 4.1.1.

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Capítulo 4. Iluminação
143

9. Assinale a alternativa incorreta


Existem várias formas de luminescência tais como:
a) Fotoluminescência: excitação devida a raios X ou gama.
b) Bioluminescência: excitação associada com a oxidação da luciferina na presença
da enzima luciferase.
c) Triboluminescência: a excitação está associada por choque de partículas, como na
formação de clarões ao se partir um cristal de açúcar ou na clivagem de certas
micas.
d) Quimioluminescência: causada por reação química como a oxidação do fósforo ao
ar livre.
e) Cátodo-luminescência: causada por choque de partículas alfa ou elétrons, como
nos oscilógrafos ou tubos de televisão.
Feedback: item 4.1.3.

10. Assinale a alternativa incorreta.

A partir dos parâmetros geométricos associados à definição de luminância podemos


concluir que:
a) A luminância é uma grandeza direcional; variando-se o ponto de observação a
luminância varia tanto em função do ângulo  como também porque a superfície
pode emitir diferentes quantidades de luz para distintas direções.
b) A luminância independe do motivo pelo qual a luz sai da superfície; podendo-se
ter uma área emitente como a superfície de uma lâmpada, uma área refletora como
um talude ou mesmo áreas transmissoras como as superfícies de lentes e
luminárias.
c) Quanto maior a área mais se aplica o conceito de luminância média; quanto menor
a área mais se tende para o valor da luminância pontual.
d) No sistema internacional de unidades a luminância é expressa em candelas por
metro (cd/m) ou nit (nt).
e) N.d.a.
Feedback: item 4.1.17. “No sistema internacional de unidades a luminância é
expressa em candelas por metro quadrado (cd/m²) ou nit (nt)”.

11. A iluminação não é, a exemplo de outros parâmetros levantados em higiene


ocupacional, propriamente um “agente agressivo”, do ponto de vista de limites de
tolerância e doenças ocupacionais. Assim mesmo, quando a mesma está
inadequada, e, na maioria das vezes a inadequação se refere à deficiência da
iluminação, podemos perceber algumas consequências, tais como:
I - Maior fadiga visual e geral;
II - Maior risco de acidentes;
III - Maior produtividade / qualidade;
IV - Ambiente psicologicamente negativo.

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Capítulo 4. Iluminação
144

a) Apenas a II é verdadeira.
b) Apenas a III é falso.
c) Apenas a II e IV são verdadeiras.
d) Apenas a I e II são falsas.
e) Todas são verdadeiras.
Feedback: item 4.2.2. “A deficiência na iluminação causa uma DIMINUIÇÃO da
produtividade”.

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Capítulo 5. Pressões
145

CAPÍTULO 5. PRESSÕES

OBJETIVOS DO ESTUDO

Neste capítulo serão abordados os principais conceitos referentes às pressões


anormais e seus efeitos no organismo humano.

Ao terminar este capítulo você deverá estar apto a:


 Listar as três principais leis dos gases relacionadas às pressões;
 Conhecer as principais patologias associadas;
 Entender os mecanismos de compressão e descompressão; e
 Enumerar as medidas de controle relativas ao ambiente e ao pessoal.

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Capítulo 5. Pressões
146

5.1. PRESSÕES ANORMAIS


No desenvolvimento de suas atividades, os trabalhadores são influenciados pela
pressão atmosférica em seu ambiente de trabalho. Em grande parte das atividades a
pressão de trabalho é a atmosférica ou próxima dela, pois no Brasil não temos muitos
locais de altitudes elevadas, no entanto algumas atividades expõem os trabalhad ores a
pressões acima do normal em trabalhos de mergulho e em tubulões pressurizados.

5.2. EFEITOS DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA NO ORGANISMO


Como o sangue é uma solução que se presta para o transporte de gases e o
corpo é constituído de muitas cavidades pneumáticas, este sofre muito com as variações
de pressão, que alteram o volume dos gases, bem como a solubilidade dos gases no
sangue. Essas alterações são regidas pelas leis dos gases.

Tabela 5.1. Leis dos gases.

Com o aumento da pressão do ar, aumenta também a solubilidade dos gases no


sangue, fazendo com que mais nitrogênio e oxigênio se dissolvam nele, alterando o
equilíbrio dessa solução. Com a diminuição da pressão diminui também a solubilidade
dos gases no sangue. No caso dessas variações, o sangue atinge o seu equilíbrio em
poucos minutos, no entanto o tecido adiposo pode levar horas para liberar o nitrogênio
dissolvido. Daí a necessidade de se aumentar ou diminuir a pressão vagarosamente e
em estágios que são função da pressão e do período que o trabalhad or ficou nessa
pressão.
Essas variações de pressão resultam em alguns tipos de doenças.

5.2.1. BAROTRAUMA
É um acidente que decorre da incapacidade de se equilibrar a pressão no interior
das cavidades pneumáticas do organismo com a pressão ambiente em var iação.

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Capítulo 5. Pressões
147

Tabela 5.2. Relação profundidade e volume pulmonar.

5.2.2. EMBOLIA TRAUM ÁTICA PELO AR


No caso de um mergulhador ter que subir rapidamente em uma situação de
emergência, tendo respirado ar comprimido no fundo, o ar retido nos pulmões aumenta o
volume, podendo romper os alvéolos, provocando a penetração do ar na corrente
sanguínea. Esse acidente não ocorre no mergulho livre.

5.2.3. EMBRIAGUEZ DAS PROFUNDIDADES


A embriaguez das profundidades é provocada pela impregnação difusa do
sistema nervoso central por elementos de uma mistura gasosa respirada além de uma
certa profundidade, com manifestação psíquicas, sensitivas e motoras.
A 30 metros de profundidade começam a aparecer os sinais de embriaguez, a
60 metros, com ar comprimido, as tarefas são prejudicadas por esse problema. A
90 metros, poucas pessoas conseguem executar as tarefas programadas.
Existe uma proporcionalidade entre a profundidade e a intensidade dos sintomas,
justificando a chamada “Lei Martini” a cada 100 pés de profundidade, correspondem aos
efeitos de uma dose de Martini.
No caso da Compressão, diversos riscos atingem os trabalhadores como: irritação
dos pulmões quando a pressão atinge o nível de 5 atmosferas; narcose pelo nitrogênio
com início em 4 atmosferas e até produzir perda da consciência a 10 atmosferas .
Na descompressão diversos problemas podem ocorrer como:
 Ruptura dos alvéolos pela expansão brusca do ar nos pulmões;
 Com a descompressão muito rápida, a quantidade de nitrogênio liberada do
sangue pode-se dar numa velocidade maior que a capacidade do sangue de
transportá-la para os pulmões, podendo ocorrer fortes dores em várias partes do
corpo;
 Dores abdominais ocorrem pela expansão dos gases nos intestinos;
 Dor de dente provocada pela expansão dos gases presos entre o dente e uma
obturação;
 Inconsciência, tonturas e paralisia no caso de atingir o sistema nervoso central.

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Capítulo 5. Pressões
148

5.3. MEDIDAS DE CONTROLE


O anexo 6 da NR-15 da portaria 3214 do Ministério do Trabalho estabelece
critérios para o planejamento das compressões e descompressões, o limite superior de
pressão que é de 3,4 kgf/cm2 e o período máximo de trabalho para cada faixa de pressão
conforme a tabela:

Tabela 5.3. Relação da pressão e o período máximo de trabalho.

O anexo D (anexo 6 da Portaria n°. 5 de 09/02/1983) também fornece as tabelas


de descompressão para os mais variados períodos de trabalho em função da pressão.

5.3.1. COMPRESSÃO
No caso da compressão deve-se elevar a pressão de 0,3 kgf/cm2 no primeiro
minuto, fazendo-se a seguir a observação dos sintomas e efeitos nos trabalhadores. A
partir daí, com uma taxa de no máximo 0,7 kgf/cm2 por minuto aumenta -se a pressão até
o valor de trabalho. No caso de algum problema em qualquer etapa da compressão, ela
deve imediatamente interrompida.

5.3.2. DESCOMPRESSÃO
No caso da descompressão, além da pressão de trabalho é necessário também o
tempo de permanência nessa pressão. Na descompressão a pressão será reduzida a
uma taxa não superior a 0,4 kgf/cm2 por minuto até o primeiro estág io, definido na tabela
a ser utilizada. A seguir se mantém a pressão por um tempo de parada indicado na tabela
5.4.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 5. Pressões
149

Tabela 5.4. Estágios de Descompressão (Tempo de trabalho de 1,5 a 2 horas).

Quadro 5.1. Um trabalhador vai realizar um trabalho em um tubulão a uma pressão de


2,0 kgf/cm2 durante duas horas. Determinar os procedimentos para a etapa de
compressão e de descompressão.

Resolução:

1) ETAPA DE COMPRESSÃO

Iniciamos a compressão do tubulão de forma que em um minuto tenhamos 0,3

kgf/cm2 . Após atingir esse valor, mantemos a pressão por um certo tempo para

fazer uma avaliação das condições do trabalhador. Se ele não apresentar nenhum

sintoma nem queixa, continuamos a compressão a uma velocidade não superior a

0,7 kgf/cm2 por minuto, até atingirmos a pressão de trabalho (2,0 kgf/cm2 ).

Após duas horas de trabalho, iniciaremos os procedimentos para a etapa da

descompressão.

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Capítulo 5. Pressões
150

2) ETAPA DE DESCOMPRESSÃO

Selecionamos a tabela de descompressão para o período de 1:30 e 2,0 horas e para

a pressão de trabalho de 2,0 kgf/cm2 .

A tabela 5.4 indica um procedimento de descompressão em três estágios:

No primeiro estágio a pressão deve baixar de 2,0kg f/cm2 até 0,6 kgf/cm2 a uma

velocidade de 0,4 kgf/cm2, em um tempo de 3 minutos e 30 segundos. A seguir

mantemos essa pressão (0,6kgf/cm2) por cinco minutos. Após esse tempo de

parada, reduzimos a pressão de 0,6 para 0,4kgf/cm 2, portanto num tempo de 30

segundos e nesse segundo estágio, mantemos a pressão por 25 minutos. Para se

atingir o terceiro estágio, baixamos a pressão até 0,2 kgf/cm2 em um tempo de 30

segundos e mantemos a pressão por 40 minutos. Cumprido o último estágio serão

necessários mais 30 segundos para se atingir a pressão atmosférica normal.

O tempo total de descompressão foi de 75 minutos.

Esse trabalhador deverá ficar na empresa pelo menos por mais duas horas após o

término da tarefa, para observações e acompanhamento de seu estado físico.

5.3.3. CÂMARA DE COM PRESSÃO


Deve-se controlar a temperatura e o nível dos contaminantes, que sob pressões
maiores são mais facilmente absorvidos pelo organismo. O anexo 6 estabelece alguns
limites de concentração conforme a tabela 5.5:

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Capítulo 5. Pressões
151

Tabela 5.5. Contaminante e seu Limite de Tolerância.

Onde: ppm/v (partes por milhão em volume);


PT = Pressão de Trabalho;
LIE = Limite Inferior de Explosividade.

Observa-se que os valores de limites de tolerância para trabalho em ar


comprimido são menores que os LTs da NR-15 anexo 11, onde: monóxido de carbono
tem LT = 39ppm e dióxido de carbono tem LT = 3.900ppm.

O controle da temperatura deve ser feito através de um sistema de refrigeração do


ar e durante a permanência dos trabalhadores no interior do tubulão, e o limite de
tolerância é dado pelo TGU (Temperatura de Globo Úmido) de 27 graus centígrados,
medidos através do termômetro de Globo Úmido (Botsball). A taxa de ventilação deve
ser de pelo menos de 30 pés cúbicos/minuto/homem.
No caso de pressões elevadas recomenda-se substituir a mistura
Oxigênio/Nitrogênio por mistura Oxigênio/Hélio, pois o Hélio não apresenta os
inconvenientes dos efeitos anestésicos do Nitrogênio.
O anexo 6 da Portaria n°. 5 de 09/02/1983 (anexo D) exige a sinalização dos
locais de trabalho sob pressão, através de uma placa de identificação, com 4 cm de
altura e 6 cm de largura, em alumínio de 2 mm, com os dizeres conforme a figura 5.1.:

Figura 5.1. Modelo de placa de identificação para trabalho em ambiente sob ar


comprimido.

Como a oxigenoterapia permite o tratamento de doenças refratárias aos


tratamentos tradicionais, o Conselho Federal de Medicina através da Resolução CFM
1.457/95, faz indicações de Oxigenoterapia hiperbárica para várias doenças como:

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Capítulo 5. Pressões
152

 Doença descompressiva;
 Embolia traumática pelo ar;
 Embolia gasosa;
 Envenenamento por CO ou inalação de fumaça;
 Envenenamento por gás cianídrico / sulfídrico;
 Gangrena gasosa;
 Síndrome de Fournier (fascite necrosante na região genital) ;
 Outras infecções necrotizantes de tecidos moles: celulites, fascites (infecção
plantar), miosites (infecção muscular) e inclui a infecção de sítio cirúrgico;
 Isquemias agudas traumáticas: lesão por esmagamento, síndrome
compartimental, reimplantação de extremidades amputadas e outras ;
 Vasculites agudas de etiologia alérgica, medicamentosa ou por toxinas biológicas:
(aracnídeos, ofídios e insetos);
 Queimaduras térmicas e elétricas;
 Lesões refratárias: úlceras de pele, pés diabéticos, escaras de decúbito, úlceras
por vasculite autoimune e deiscência de suturas;
 Lesões por radiação: radiodermite, osteoradionecrose e lesões actínicas de
mucosa;
 Retalhos ou enxertos comprometidos ou de risco;
 Osteomielites (inflamação dos músculos);
 Anemia aguda nos casos de impossibilidade de transfusão sanguínea .

Quadro 5.2. Em um trabalho em tubulão pressurizado, em uma pressão de 1,8


kgf/cm2 durante 3 horas, o início da compressão se deu por volta das 13 horas, sendo
o período de trabalho das 8 às 17 horas. Programar as etapas de compressão,
trabalho e descompressão.

Resposta:

O primeiro trabalho será selecionarmos a tabela adequada:

Pegaremos a tabela para período de trabalho de 3 a 4 horas, que é mais

conservativa do que a tabela de 2:30 a 3 horas.

COMPRESSÃO

 0,7 kgf/cm2 /minuto de 1,8 a 0 (2,5 mais 1 minuto para verificação

das condições a 0,3kgf/cm2 )

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Capítulo 5. Pressões
153

Tempo total de compressão: 3,5 minutos

DESCOMPRESSÃO

Para a pressão de 1,8 kgf/cm2 , teremos quatro estágios de descompressão:

 0,8 kgf/cm2 durante 15 minutos

 0,6 kgf/cm2 durante 30 minutos

 0,2 kgf/cm2 durante 45 minutos

Portanto na descompressão teríamos 95 minutos mais o período entre estágios

(1,8kgf/cm2 dividido por 0,4kgf/cm2 /minuto que é de 4,5 minutos)

Tempo total de descompressão igual a 99 minutos e meio, aproximadamente 100

minutos

Tempo total de trabalho: 403,5 minutos sendo:

 Compressão: 3,5 minutos

 Trabalho: 180 minutos

 Descompressão: 100 minutos

 Descanso após compressão: 120 minutos (para verificação do

estado de saúde)

RESPOSTA: Se a compressão começou às 13hs, com 6horas e 43,5 minutos, o

trabalhador sairá do canteiro de obras às 19:44 hs, e receberá 2:44 minutos de

hora extra.

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Capítulo 5. Pressões
154

Quadro 5.3 Em um trabalho em tubulão pressurizado programado para duas horas,


após uma hora, a temperatura de globo úmido resultou em 28 °C. Que providências
você tomaria?

Resposta:

Como a TGU (Temperatura de Globo Úmido) máxima é de 27 o C, a primeira

providência é parar as atividades para diminuir o Metabolismo de trabalho.

A seguir verificar se o sistema de troca de ar está adequado e se estiver, e não

for possível modificar as condições ambientais, iniciar o estágio de

descompressão parando todas as atividades no tubulão, pois os trabalhadores

provavelmente estiveram sujeitos à sobrecarga térmica. Na programação de

novas compressões, fazer uma inspeção geral em todo o sistema para evitar

problemas com sobrecargas térmicas.

Nota 5.1.
Programe as etapas de compressão, trabalho e descompressão em tubulão
pressurizado, por 1:30 hs, a uma pressão de 1,6 kgf/m2 .

Resposta:

A primeira tarefa é selecionar a tabela de descompressão adequada.

Tabela para 1:30 a 2horas, pressões de 1 a 2,0 kg f/cm2

A 1,60 kgf/cm² teremos dois estágios de compressão e as atividades

seriam desenvolvidas da seguinte forma:

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Capítulo 5. Pressões
155

 Estágio de compressão até 0,3 kgf/cm2 com parada para verificação.

 Estágio de compressão com 0,7kgf/cm2 /min até 1,6 kgf/cm2

 Etapa de trabalho de 1:30hs

 Etapa de descompressão (0,4kgf/cm2/min.) até 0,4kgf/cm2

 Parada de 10 minutos (1o estágio)

 Descompressão até 0,2 kgf/cm2

 Parada de 30 minutos (2o estágio)

 Descompressão até 0 kgf/cm2

 Etapa de observação e acompanhamento médico: 120 minutos.

 Tempo total: 257 minutos (4:17hs):

 Estágio de compressão (0,7kgf/cm2/min de 0 a 1,6kgf/cm2) = 3 minutos

 Etapa de trabalho: 90 minutos

 Etapa de descompressão (0,4kgf/cm2/min) = 4 minutos

 Estágios de descompressão = 40 minutos

Etapa de observação médica = 120 minutos

5.4 RESUMO DAS MEDIDAS DE CONTROLE PARA TRABALHO SOB AR


COMPRIMIDO EM TUBULÕES PNEUMÁTICOS E TÚNEIS PRESSURIZADOS

5.4.1. RELATIVAS AO AMBIENTE


1) Ventilação contínua de, no mínimo, 30 pés 3/min/homem.
2) TGU  27ºC.
3) Sistema de telefonia ou similar para comunicação com o exterior.
4) A qualidade do ar deverá ser mantida dentro dos padrões de pureza.
5) Pressão máxima = 3,4 kgf/cm2 (exceto emergência e tratamento médico).

5.4.2. RELATIVAS AO PESSOAL


1) Uma compressão a cada 24 horas.

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Capítulo 5. Pressões
156

2) 18 anos  idade  45 anos.


3) Exame médico obrigatório, pré-admissional e periódico.
4) Uso obrigatório de plaqueta de identificação.
5) Inspeção médica antes da jornada de trabalho.
6) Proibido o trabalho para alcoolizados, ingestão de bebidas gasosas e fumo nos
ambientes de trabalho.
7) Deve haver instalações para assistência médica, recuperação, alimentação e
higiene.
8) Cada trabalhador deve possuir atestado de aptidão ao trabalho, válido por 6
meses.
9) Após descompressão o trabalhador deve permanecer, no mínimo, 2 horas no
canteiro de obras sob observação médica.
10) Folha de registro de compressão e descompressão (Tabela 5.6.)

Tabela 5.6. Folha de Registro do Trabalho sob Ar Comprimido

Firma Data
Obra Nome do Encarregado
Compressão Des com pressão
Nome Função Pressão de Hora de Período Início Término Duração Obs.
trabalho entrada trabalho

Fonte: NR-15 Anexo 6 – QUADRO II

5.5. CORRELAÇÃO ENTRE A ALTITUDE, A PRESSÃO ATMOSFÉRICA E A


PRESSÃO PARCIAL DO OXIGÊNIO

Tabela 5.7. Correlação entre a altitude, a pressão atmosférica e a pressão parcial do oxigênio.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 5. Pressões
157

5.6. EFEITOS DA ALTITUDE NO ORGANISMO


5.6.1. A CURTO PRAZO
a) Hiperventilação (taquipnéia) estimulada pela baixa PO 2 que diminui a
porcentagem de saturação da hemoglobina;
b) Maior eliminação de CO 2 que baixa a PCO 2 e aumenta o pH provocando a
alcalose respiratória;
c) Tonturas, vertigens e enjoo.

5.6.2. A MÉDIO PRAZO


a) Excreção de HCO 3- pela urina para baixar o pH até o normal;
b) Perda de H2O que provoca desidratação e diminui o volume plasmático;
c) Hemoconcentração - aproximação das hemácias para facilitar o transporte de O 2
por um processo difusional.

5.6.3. A LONGO PRAZO


a) Secreção de eritropoietina pelo rim estimulando a medula óssea a f azer
eritropoiese (reposição dos eritrócitos);
b) Aumento de volume sanguíneo - recuperação da capacidade de transporte de O 2
com o sangue com mais hemácias que o normal à nível do mar.
A aclimatização se dá em duas semanas para uma altitude de até 2.100 metros e
a cada 600 metros a mais, aumenta mais uma semana.
Após a aclimatização há um aumento do volume sanguíneo e do número de
hemácias aumentando a capacidade de transporte de O 2. Entretanto, a massa muscular
e o peso corporal diminuem devido à desidratação e supressão do apetite que provocam
o catabolismo proteico.
Pela menor oferta de oxigênio, diminui também a capacidade oxidativa.

5.7. MEDICINA HIPERBÁRICA E OXIGENIOTERAPIA HIPERBÁRICA (O2HB)


A Medicina Hiperbárica é uma especialidade médica que se dedica ao estudo, à
prevenção e ao tratamento das doenças e lesões decorrentes do mergulho e do trabalho
em ambientes pressurizados (como na construção de túneis e pontes em áreas
alagadas).

Sua origem remonta à 1841 na França, quando Triger, um engenheiro de


mineração francês fez a primeira descrição dos sintomas de doença descompressiva em
operários de uma mina de carvão. Em 1854, os médicos franceses Pol e Watelle
observaram que a recompressão aliviava os sintomas da doença descompressiva.

A Oxigenioterapia Hiperbárica (O 2HB) é uma modalidade de tratamento médico, do


âmbito da Medicina Hiperbárica, na qual o paciente ventila ("respira") oxigênio puro (à

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 5. Pressões
158

100%) à uma pressão ambiente maior que a pressão atmosférica normal, para a
supressão ou controle de condições patológicas específicas.

Este procedimento é realizado em um equipamento especial chamado câmara 169H

hiperbárica.
O uso terapêutico do oxigênio hiperbárico teve início em 1937 quando Behnke e
Shaw o utilizaram para tratamento de doenças descompressivas. Em 1955 surgiram dois
trabalhos pioneiros que se tornaram referências clássicas da oxigenioterapia hiperbárica:
High-Pressure Oxygen and Radiotherapy, publicado no The Lancet por I.Churchill -
Davidson e;
Life without Blood, publicado no J.Cardiovasc.Surg. pelo cirurgião cardiovascular
holandês Ite Boerema, considerado o "pai" da Medicina Hiperbárica moderna.
Desde então, a O 2HB vem sendo utilizada, seja como tratamento principal, seja
como terapêutica coadjuvante, em várias patologias refratárias às abordagens
convencionais.

Figura 5.2. Câmara hiperbárica.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Capítulo 5. Pressões
159

5.8. TESTES

1. Qual a afirmação incorreta com relação às pressões?


a) A pressão total de uma mistura gasosa é igual à soma das pressões parciais dos
componentes.
b) A uma temperatura constante, o volume de um gás é inversamente proporcional à
sua pressão.
c) Quando há variação de pressão, o tecido adiposo atinge o seu equilíbrio em
poucos minutos, no entanto o sangue pode levar horas para liberar o nitrogênio
dissolvido.
d) Na maior parte das atividades a pressão de trabalho é próxima à atmosférica
e) Com o aumento da pressão do ar, aumenta também a solubilidade dos gases no
sangue.
Feedback: item 5.2.

2. Qual das doenças abaixo não é causada por variação de pressão?


a) Embolia traumática pelo ar.
b) Embriaguez das profundidades.
c) Pneumonia.
d) Barotrauma.
e) Duas alternativas estão corretas.
Feedback: itens 5.2.1 a 5.2.3.

3. Qual a lei que a uma temperatura constante, o volume de um gás é inversamente


proporcional à sua pressão.
a) Lei de Dalton.
b) Lei de Henry.
c) Lei de Boyle.
d) Lei de Newton.
e) N.d.a.
Feedback: Tabela 5.1.

4. Assinale a alternativa incorreta.


Na descompressão diversos problemas podem ocorrer como:
a) Ruptura dos alvéolos pela expansão brusca do ar nos pulmões.
b) Com a descompressão muito rápida, a quantidade de oxigênio liberada do sangue
pode se dar numa velocidade maior que a capacidade do sangue de transportá -la
para os pulmões, podendo ocorrer fortes dores em várias partes do corpo.
c) Dores abdominais ocorrem pela expansão dos gases nos intestinos.
d) Dor de dente provocada pela expansão dos gases preso s entre o dente e uma
obturação.
e) Inconsciência, tonturas e paralisia no caso de atingir o sistema nervoso central .
Feedback: item 5.2.3.

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Capítulo 5. Pressões
160

5. Para pressões elevadas recomenda-se substituir a mistura Oxigênio/Nitrogênio


por:
a) Oxigênio/Hidrogênio.
b) Oxigênio/Hélio.
c) Oxigênio.
d) Nitrogênio.

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35. MALCHAIRE, J.; PIETTE, A. The SOBANE Strategy for the Management of Risk,
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eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Bibliografia
164

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fev.2015.
36. MANUAL DIDÁTICO MEDICINA SUBMARINA -Diretoria de Ensino da Marinha
37. MINISTÉRIO DA MARINHA -1976
38. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Norma Regulamentadora NR 15 –
Atividades e Operações Insalubres. Disponível em <URL:
http://mte.gov.br/sit/nrs/> [2002 Jul. 19].
39. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Norma Regulamentadora NR 17 –
Ergonomia. Disponível em <URL: http://mte.gov.br/sit/nrs/> [2002 Jul. 19].
40. Módulos Didáticos dos cursos Básico de Higiene Ocupacional e Avançado de
Agentes Físicos, do Itsemap do Brasil. Mario L Fantazzini e Anis Saliba Filho
41. Módulos didáticos de 1988 a 2000 . Itsemap do Brasil . Mario L. Fantazzini
(vários cursos).
42. NIOSH – publicação 98-126. Disponível em: <www.cdc.gov/niosh>.
43. NR-15, P3214/78, MTb
44. PORTARIA 3214 - NR-15 Anexo 6
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46. SOUZA, F. P.- Efeitos da poluição sonora no sono e na saúde em geral - ênfase
urbana. Revista Brasileira de Acústica e Vibrações, 1992, 10: 12 -22.
http://www.icb.ufmg.br/lpf/pfhumanaexp.html#1 11/11/2002
47. UMEÅ UNIVERSITY - Department of Public Health and Clinical Medicine
Occupational and Enviromental Medicine – Research, Vibration Database.
Disponível em: < http://www.vibration.db.umu.se/Default.aspx?lang=EN >.
Acesso em fev. 2015.
48. VIBRISKS. Final technical report: FP5 Project Nº QLK4-2002-02650: January
2003 to December 2006. Disponível em:
<http://www.vibrisks.soton.ac.uk/reports/VIBRISKS%20Final%20Technical
%20Report%20210907.pdf>. Acesso em jun. 2020.
49. WORLD HEALTH ORGANIZATION: Noise. WHO, Geneve, 1980, 103p.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Anexo A
165

ANEXO A
CRITÉRIO LEGAL

O MINISTÉRIO DA ECONOMIA, por meio da Secretaria Especial de Previdência e


Trabalho, emitiu a PORTARIA Nº 6.735, DE 10 DE MARÇO DE 2020 (DOU de
12/03/2020 - Seção 1) que aprova a nova redação da Norma Regulamentadora nº 09 -
Avaliação e Controle das Exposições Ocupacionais a Agentes Físicos, Químicos e
Biológicos.
Essa alteração na NR 09 tem o início de vigência - 1 (um) ano a partir da
publicação da Portaria SEPRT nº 6.735, de 10 de março de 2020. Durante esse período
aplica-se o disposto na norma vigente: NR 9 - PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE
RISCOS AMBIENTAIS.
Portanto, em relação ao agente físico “vibrações” permanece mantido o texto
previsto pela PORTARIA N.º 1.297 DE 13 DE AGOSTO DE 2014 que estabeleceu
mudanças nos critérios voltados à caracterização e prevenção da exposição ocupacional
ao agente, conforme segue:

Norma regulamentadora NR 15 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES - ANEXO


N.º 8 - VIBRAÇÃO

1. Objetivos

1.1 Estabelecer critérios para caracterização da condição de trabalho insalubre


decorrente da exposição às Vibrações de Mãos e Braços (VMB) e Vibrações de Corpo
Inteiro (VCI).

1.2 Os procedimentos técnicos para a avaliação quantitativa das VCI e VMB são
os estabelecidos nas Normas de Higiene Ocupacional da FUNDACENTRO.

2. Caracterização e classificação da insalubridade

2.1 Caracteriza-se a condição insalubre caso seja superado o limite de exposição


ocupacional diária a VMB correspondente a um valor de aceleração resultante de
exposição normalizada (aren) de 5 m/s 2.

2.2 Caracteriza-se a condição insalubre caso sejam superados quaisquer dos


limites de exposição ocupacional diária a VCI:
a) valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 1,1 m/s 2;

b) valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,0 m/s 1,75.

2.2.1 Para fins de caracterização da condição insalubre, o empregador deve


comprovar a avaliação dos dois parâmetros acima descritos.

2.3 As situações de exposição a VMB e VCI superiores aos limites de exposição


ocupacional são caracterizadas como insalubres em grau médio.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Anexo A
166

2.4 A avaliação quantitativa deve ser representativa da exposição, abrangendo


aspectos organizacionais e ambientais que envolvam o trabalhador no exercício de suas
funções.

2.5 A caracterização da exposição deve ser objeto de laudo técnico que


contemple, no mínimo, os seguintes itens:

a) Objetivo e datas em que foram desenvolvidos os procedimentos;

b) Descrição e resultado da avaliação preliminar da exposição, realizada de


acordo com o item 3 do Anexo 1 da NR-9 do MTE;

c) Metodologia e critérios empregados, inclusas a caracterização da exposição e


representatividade da amostragem;

d) Instrumentais utilizados, bem como o registro dos certificados de calibração;

e) Dados obtidos e respectiva interpretação;

f) Circunstâncias específicas que envolveram a avaliação;

g) Descrição das medidas preventivas e corretivas eventualmente existentes e


indicação das necessárias, bem como a comprovação de sua eficácia;
h) Conclusão.

3.4.2 Norma regulamentadora NR 09 - PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS


AMBIENTAIS - ANEXO N.º 1 - VIBRAÇÃO

1. Objetivos

1.1 Definir critérios para prevenção de doenças e distúrbios decorrentes da


exposição ocupacional às Vibrações em Mãos e Braços - VMB e às Vibrações de Corpo
Inteiro – VCI, no âmbito do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.

2. Disposições Gerais

2.1 Os empregadores devem adotar medidas de prevenção e controle da


exposição às vibrações mecânicas que possam afetar a segurança e a saúde dos
trabalhadores, eliminando o risco ou, onde comprovadamente não houver tecnologia
disponível, reduzindo-o aos menores níveis possíveis.

2.1.1 No processo de eliminação ou redução dos riscos relacionados à exposição


às vibrações mecânicas devem ser considerados, entre outros fatores, os esforços físicos
e aspectos posturais.

2.2 O empregador deve comprovar, no âmbito das ações de manutenção


preventiva e corretiva de veículos, máquinas, equipamentos e ferramentas, a adoção de
medidas efetivas que visem o controle e a redução da exposição a vibrações.

2.3 As ferramentas manuais vibratórias que produzam acelerações superiores a


2,5 m/s 2 nas mãos dos operadores devem informar junto às suas especificações técnicas

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Anexo A
167

a vibração emitida pelas mesmas, indicando as normas de ensaio que foram utilizadas
para a medição.

3. Avaliação Preliminar da Exposição

3.1 Deve ser realizada avaliação preliminar da exposição às VMB e VCI, no


contexto do reconhecimento e da avaliação dos riscos, considerando-se também os
seguintes aspectos:

a) ambientes de trabalho, processos, operações e condições de exposição;

b) características das máquinas, veículos, ferramentas ou equipamentos de


trabalho;

c) informações fornecidas por fabricantes sobre os níveis de vibração gerados por


ferramentas, veículos,

máquinas ou equipamentos envolvidos na exposição, quando disponíveis;

d) condições de uso e estado de conservação de veículos, máquinas,


equipamentos e ferramentas, incluindo componentes ou dispositivos de isolamento e
amortecimento que interfiram na exposição de operadores ou condutores;
e) características da superfície de circulação, cargas transportadas e velocidades
de operação, no caso de VCI;

f) estimativa de tempo efetivo de exposição diária;

g) constatação de condições específicas de trabalho que possam contribuir para o


agravamento dos efeitos decorrentes da exposição;

h) esforços físicos e aspectos posturais;

i) dados de exposição ocupacional existentes;

j) informações ou registros relacionados a queixas e antecedentes médicos


relacionados aos trabalhadores expostos.

3.2 Os resultados da avaliação preliminar devem subsidiar a adoção de medidas


preventivas e corretivas, sem prejuízo de outras medidas previstas nas demais NR.

3.3 Se a avaliação preliminar não for suficiente para permitir a tomada de decisão
quanto à necessidade de implantação de medidas preventivas e corretivas, deve-se
proceder à avaliação quantitativa.

4. Avaliação Quantitativa da Exposição

4.1 A avaliação quantitativa deve ser representativa da exposição, abrangendo


aspectos organizacionais e ambientais que envolvam o trabalhador no exercício de suas
funções.

4.1.1 Os procedimentos de avaliação quantitativa para VCI e VMB, a serem


adotados no âmbito deste anexo, são aqueles estabelecidos nas Normas de Higiene
Ocupacional publicadas pela FUNDACENTRO.

4.2 Avaliação quantitativa da exposição dos trabalhadores às VMB

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Anexo A
168

4.2.1 A avaliação da exposição ocupacional à vibração em mãos e braços deve


ser feita utilizando-se sistemas de medição que permitam a obtenção da aceleração
resultante de exposição normalizada (aren), parâmetro representativo da exposição diária
do trabalhador.
4.2.2 O nível de ação para a avaliação da exposição ocupacional diária à vibração
em mãos e braços corresponde a um valor de aceleração resultante de exposição
normalizada (aren) de 2,5 m/s 2.

4.2.3 O limite de exposição ocupacional diária à vibração em mãos e braços


corresponde a um valor de aceleração

resultante de exposição normalizada (aren) de 5 m/s 2.


4.2.4 As situações de exposição ocupacional superior ao nível de ação,
independentemente do uso de equipamentos de proteção individual, implicam obrigatória
adoção de medidas de caráter preventivo, sem prejuízo do disposto no item 9.3.5.1 da
NR9.

4.2.5 As situações de exposição ocupacional superior ao limite de exposição,


independentemente do uso de equipamentos de proteção individual, implicam obrigatória
adoção de medidas de caráter corretivo, sem prejuízo do disposto no item 9.3.5.1 da NR9.

4.3 Avaliação quantitativa da exposição dos trabalhadores às VCI

4.3.1 A avaliação da exposição ocupacional à vibração de corpo inteiro deve ser


feita utilizando-se sistemas de medição que permitam a determinação da aceleração
resultante de exposição normalizada (aren) e do valor da dose de vibração resultante
(VDVR), parâmetros representativos da exposição diária do trabalhador.

4.3.2 O nível de ação para a avaliação da exposição ocupacional diária à vibração


de corpo inteiro corresponde a um valor da aceleração resultante de exposição
normalizada (aren) de 0,5m/s 2, ou ao valor da dose de vibração resultante (VDVR) de
9,1m/s 1,75.

4.3.3 O limite de exposição ocupacional diária à vibração de corpo inteiro


corresponde ao:

a) valor da aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 1,1 m/s 2; ou

b) valor da dose de vibração resultante (VDVR) de 21,0 m/s 1,75.

4.3.3.1 Para fins de caracterização da exposição, o empregador deve comprovar a


avaliação dos dois parâmetros acima descritos.

4.3.4 As situações de exposição ocupacional superiores ao nível de ação implicam


obrigatória adoção de medidas de caráter preventivo, sem prejuízo do disposto no item
9.3.5.1 da NR9.

4.3.5 As situações de exposição ocupacional superiores ao limite de exposição


ocupacional implicam obrigatória adoção de medidas de caráter corretivo, sem prejuízo do
disposto no item 9.3.5.1 da NR9.

5. Medidas Preventivas e Corretivas

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Anexo A
169

5.1 As medidas preventivas devem contemplar:

a) Avaliação periódica da exposição;


b) Orientação dos trabalhadores quanto aos riscos decorrentes da exposição à
vibração e à utilização adequada dos equipamentos de trabalho, bem como quanto ao
direito de comunicar aos seus superiores sobre níveis anormais de vibração observados
durante suas atividades;

c) Vigilância da saúde dos trabalhadores focada nos efeitos da exposição à


vibração;

d) Adoção de procedimentos e métodos de trabalho alternativos que permitam


reduzir a exposição a vibrações mecânicas.

5.1.1 As medidas de caráter preventivo descritas neste item não excluem outras
medidas que possam ser consideradas necessárias ou recomendáveis em função das
particularidades de cada condição de trabalho.

5.2 As medidas corretivas devem contemplar, no mínimo, uma das medidas


abaixo, obedecida a hierarquia prevista na NR9:

a) No caso de exposição às VMB, modificação do processo ou da operação de


trabalho, podendo envolver: a substituição de ferramentas e acessórios; a reformulação ou
a reorganização de bancadas e postos de trabalho; a alteração das rotinas ou dos
procedimentos de trabalho; a adequação do tipo de ferramenta, do acessório utilizado e
das velocidades operacionais;

b) No caso de exposição às VCI, modificação do processo ou da operação de


trabalho, podendo envolver: o reprojeto de plataformas de trabalho; a reformulação, a
reorganização ou a alteração das rotinas ou dos procedimentos e organização do trabalho;
a adequação de veículos utilizados, especialmente pela adoção de assentos
antivibratórios; a melhoria das condições e das características dos pisos e pavimentos
utilizados para circulação das máquinas e dos veículos;

c) Redução do tempo e da intensidade de exposição diária à vibração;


d) Alternância de atividades ou operações que gerem exposições a níveis mais
elevados de vibração com outras que não apresentem exposições ou impliquem
exposições a menores níveis.

5.2.1 As medidas de caráter corretivo mencionadas não excluem outras medidas


que possam ser consideradas necessárias ou recomendáveis em função das
particularidades de cada condição de trabalho.

eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021.


Anexo B
170

ANEXO B
PRESSÕES ANORMAIS – PORTARIA Nº. 5 DE 09-02-83
TRABALHO SOB AR COMPRIMIDO EM TUBULÕES PNEUMÁTICOS E TÚNEIS
PRESSURIZADOS

Medidas de controle RELATIVAS AO AMBIENTE


3
1) Ventilação contínua de, no mínimo, 30 pés /min/homem.

2) TGU  27ºC.

3) Sistema de telefonia ou similar para comunicação com o exterior.

4) A qualidade do ar deverá ser mantida dentro dos padrões de pureza.


2
5) Pressão máxima = 3,4 kgf/cm (Exceto emergência e tratamento médico).

Medidas de controle RELATIVAS AO PESSOAL


1) Uma compressão a cada 24 horas.

2) 18 anos  idade  45 anos.

3) Exame médico obrigatório, pré-admissional e periódico.

4) Uso obrigatório de plaqueta de identificação.

5) Inspeção médica antes da jornada de trabalho.

6) Proibido o trabalho para alcoolizados, ingestão de bebidas alcoólicas e fumo nos


ambientes de trabalho.

7) Deve haver instalações para assistência médica, recuperação, alimentação e


higiene.

8) Cada trabalhador deve possuir atestado de aptidão ao trabalho, válido por 6 meses.

9) Após descompressão, o trabalhador deve permanecer, no mínimo, 2 horas no canteiro


de obras sob observação médica.

10) Folha de registro de compressão e descompressão.

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