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RESPONSABILIDADE SOCIAL
FACULDADE FRASSINETTI DO RECIFE
COORDENAÇÃO GERAL DE GRADUAÇÃO
RECIFE, 2019
SUMÁRIO
Apresentação
Olá, estimado (a) estudante! Neste bloco, você estudará os principais aspectos
teóricos que fundamentam a ética e os diferentes termos que compõe esse
campo. Vamos lá?
BLOCO 2
DIVERSIDADE NO PENSAMENTO ÉTICO
Capítulo 1 - Diversidade no pensamento ético
https://www.youtube.com/watch?v=Jsjn49FxJLc
Capítulo 3 - Ética e Cultura
A discussão sobre ética e cultura está se tornando cada vez mais relevante em
nosso tempo, pois o desenvolvimento da civilização, no século XXI, chegou a um
ponto em que a cultura da sociedade parece desprovida de princípios éticos
ameaçando, cada vez mais, o bem-estar e a existência do homem na Terra.
É necessário, portanto, refletirmos sobre o perigo que a chamada "cultura de
massa" da sociedade contemporânea representa para o futuro da humanidade.
Ou seja, sem sólidas fundações morais, está imbuída de ideias de violência,
intolerância, roubo, egoísmo, ganância, culto ao sexo, levando a uma lenta
degradação da dignidade humana.
Nossos grandes avanços materiais levaram a mudanças fundamentais nas
condições de vida dos indivíduos, da sociedade e das nações, mas a ameaça à
cultura, oculta em conquistas materiais, consiste no fato de que o resultado da
transformação radical nas condições de vida das pessoas, foi passar do livre
para o não-livre.
Mas, afinal, o que é cultura?
Cultura é uma coleção de valores, normas, padrões de comportamento,
estereótipos culturais e outros mecanismos culturais que asseguram a natureza
coletiva das atividades das pessoas. É a totalidade do progresso do homem e
da humanidade em todas as áreas e direções, desde que esse progresso sirva
para pleno desenvolvimento individual e coletivo. Em outras palavras, cultura é
produto de uma visão de mundo. Além disso, na medida em que uma
cosmovisão mundial consciente e ao mesmo tempo ética se tornar eficaz, os
ideais da cultura influenciarão as visões do indivíduo e da sociedade.
No entanto, desde meados do século XIX, estamos passando por uma crise de
visão de mundo. Não somos mais capazes de chegarmos ao conceito de
universalidade, ou seja, de visão holística, que nos permita conhecermos o
significado da existência humana e da humanidade, e, assim, consigamos
estabelecer ideais advindos da afirmação da vida e do desejo ético, visto que a
ausência de uma visão de mundo também predetermina a ausência de cultura.
Assim, enfrentamos uma grande questão: por quanto tempo uma sociedade
conseguirá evoluir sem uma visão de mundo e sem uma ética que traga, em si,
os ideais que aperfeiçoam o homem e a humanidade em sua totalidade?
Se formos bem-sucedidos na construção de uma visão de mundo ética e
suficientemente convicta na afirmação da vida, então, conseguiremos frear a
decadência de nossa cultura. Caso contrário, estaremos condenados a
testemunhar o colapso e a degeneração da humanidade. Mas o caminho para
novas convicções será reestabelecido quando percebermos que não depende
de quaisquer eventos aleatórios, mas sim de nós.
Será que podemos provar isso?
Em que sentido pode-se falar da relação entre ética e religião? Até que ponto a
moralidade é dependente da crença religiosa? Quais contribuições as crenças
religiosas fazem para a prática da moralidade?
A ciência moderna dá uma resposta positiva em vez de negativa a essa questão.
Immanuel Kant formulou um princípio ético chamado de " imperativo categórico
". A essência desse princípio pode ser expressa de maneira direta: faça o que
você quer que os outros façam a você. Em essência, Kant filosoficamente
repensa o princípio da ética, já refletido no Evangelho de Mateus. O princípio de
Kant é bastante abstrato, mas, ao mesmo tempo, muito eficaz. Por alguma razão,
não queremos ser enganados, sermos odiados, mas ser honestos, sermos
amados. De onde vem esse “mínimo de decência”? Kant acreditava que os
princípios morais, em particular, o mecanismo de controle dado ao homem
através da consciência, não podem ser deduzidos do mundo da razão, eles são,
realmente, de uma origem divina.
Kant considerou a experiência da obrigação moral como a base da religião.
Nesse caso, foi postulada a existência de uma esfera religiosa especial, que não
compete com o campo da ciência.
Em sua prática religiosa, o homem é livre para cumprir fidelidade à sua religião,
mas qualquer religião que degrada a personalidade humana ou encoraja sua
degradação é injusta. Por isso, é preciso reconhecer a relação que existe entre
religião, ética e humanidade. A religião é uma atividade humana que deve ser
feita tendo em vista o bem da humanidade, uma vez que está sujeita a uma
avaliação ética. Parte dessa ética é absorver a atitude de tolerância, pois o
pluralismo da sociedade contemporânea requer que encontremos normas
comuns para que todos os seres humanos possam viver juntos em harmonia,
independentemente da sua religião ou estilo de vida adotado.
Capítulo 5 - Ética, Política e Direito
O problema da correlação entre política e moralidade ocupou as mentes dos
pensadores por milhares de anos. Valores morais e normas relacionadas ao
mundo político, às suas instituições, atitudes, visão política do mundo e
comportamento dos membros de uma sociedade, juntos, constituem a ética
política. A ética política é a base normativa da atividade política, diretamente
ligada a problemas fundamentais como a estrutura social justa da sociedade e
do Estado.
As pessoas muito se interessam pelo que a frase "política moral" significa e quais
são os princípios que a política deve seguir para ser moral. Dessa forma, é
legítimo aplicar valores morais e éticos à esfera da política? Como a política e a
moralidade estão relacionadas? Quais são as características da interação entre
moralidade e política?
A política organiza a vida coletiva das pessoas e suas atividades; regula e
controla as ações da sociedade; a política é capaz de estabelecer regras morais.
A moralidade influencia a política através de mudanças ideológicas, as
orientações de valor dominante da consciência de massa e as posições políticas
dos cidadãos.
A moralidade (ou imoralidade) da política é um valor relativo?
Primeiro, se considerarmos que a moralidade é um produto do desenvolvimento
de uma sociedade específica, haverá uma distinção entre a moralidade do
indivíduo e a do Estado, entre a ética do comportamento individual e a ética do
dos grupos sociais. O que é considerado imoral no nível individual, no nível dos
grupos sociais, poderá ter um caráter moral. Dessa forma, o que é considerado
repreensível no comportamento do indivíduo poderá ser considerado normal no
comportamento do Estado e vice-versa.
Tal discrepância entre as normas da moralidade individual e social ocorre em
qualquer sociedade e em qualquer estado.
Em segundo lugar, a política é moral como uma reflexão, como a personificação
das relações sociais estabelecidas, da cultura de um povo, ou seja, sua
correspondência mais ou menos exata ao nível de desenvolvimento moral de
uma sociedade ou Estado. A política, portanto, não é moral em si mesma, mas
sim das relações sociais que a correspondem.
Em terceiro lugar, a política pode ser chamada de imoral quando,
aparentemente, leva à destruição do Estado, quando contribui para a anarquia,
quando tenta preservar ou impor as estruturas e instituições estatais sobre as
pessoas, quando deixa de responder aos interesses da população ou quando é
abstraído dos princípios morais. A história conhece muitas pessoas e partidos
que foram guiados apenas pelo desejo de poder, o desejo de governar e
comandar, considerando o poder do estado como um meio de alcançar seus
próprios interesses pessoais ou partidários. Esse tipo de "política" é certamente
imoral.
Quarto, o problema da relação entre política e moralidade se deve aos meios
inerentes da política. A mesma ferramenta pode ser usada para propósitos ruins
e bons. Moral ou imoral, não é o meio, mas os fins, intenções, ações dos
envolvidos. O que é considerado moral hoje, em um determinado lugar, em um
determinado povo, em um determinado ambiente social, pode ser considerado
imoral em um tempo diferente, em um lugar diferente, em outro povo, em um
ambiente social diferente.
Em quinto lugar, a política é considerada “a arte do possível”, o que significa não
abrir mão do princípio moral e ético, mas estabelecer os limites para a
moralização da política. Cada político, quase sempre, é levado a cumprir
determinados acordos preestabelecidos, sejam eles decorrentes de seu
programa, promessas ou por convicções pessoais. Contudo, tais obrigações e
promessas nem sempre correspondem às leis vigentes. E, em tais
circunstâncias, surge frequentemente um “dilema moral”: o que um político deve
e quer fazer, baseado em promessas preestabelecidas e convicções pessoais,
mesmo diante da falta das condições apropriadas para tal, e o que ele pode fazer
com base na lei, mesmo que seja um posicionamento contrário a todas as
promessas, intenções e interesses acordados.
Diante disso, podemos perguntar: é possível fazer política sem ética?
Há muito em comum entre ética e lei. Elas representam as formas de valor da
consciência, têm um conteúdo normativo e servem como reguladoras do
comportamento humano. A ética e a lei são determinadas por fatores sociais,
políticos e econômicos da vida social. Têm um objetivo comum, harmonizar os
interesses do indivíduo e da sociedade, fortalecer a liberdade e a dignidade da
pessoa e preservar a ordem pública. A ética e a lei são guiadas pelos ideais de
liberdade e justiça.
Ao mesmo tempo, a ética e a lei têm uma diferença significativa. A ética foi
formada antes mesmo da divisão da sociedade em classes e da formação do
estado. A lei expressa a vontade do estado, a consciência legal do povo. Os
princípios e normas da ética estão enraizados na consciência pública. Elas são
apoiadas pelo estilo de vida dos indivíduos de uma sociedade. A lei expressa a
vontade do estado e do povo e nem sempre oferece uma escolha de
comportamento.
Para aprofundar um pouco mais, sugerimos que você assista ao vídeo sobre
filosofia e ética, com Márcia Tiburi.
https://www.youtube.com/watch?v=9jsRUafEV9A
Parada obrigatória! Vamos fazer uma pausa de 2 minutos e, depois,
exercitaremos mais um dilema ético?
Dilema ético
Ricardo olhou em volta, viu que não havia ninguém por perto e
pensou: "alguém deve ter utilizado o caixa e se esqueceu de pegar
o dinheiro. Então, ele foi até a máquina e pegou a quantia de R$
50,00 e o recibo impresso.
Será que realmente conta se você fizer algo assim apenas uma
vez? Ricardo pensou: é apenas uma vez. Ninguém precisa saber!
Não é como se ele fosse um ladrão, alguém, com pressa, acabou
deixando o dinheiro. Portanto, ele pegou o dinheiro e o colocou no
bolso, amassou o recibo e foi embora.
Ao sair, Ricardo lembrou de algo que seu avô sempre dizia: “Toda
vez que você mente, você fica mais perto de ser um grande
mentiroso”. Mas ele disse a si: "isso não é a mesma coisa" e seguiu
para casa.
https://www.youtube.com/watch?v=1-tUPtnrR98
Que bom rever o Chaves e o sr. Madruga, não é? De forma lúdica, podemos tirar
grandes reflexões sobre a ética no âmbito profissional.
Capítulo 7 - Ética da Virtude
De um modo geral, existem apenas dois sistemas éticos: ética baseada em
regras (ética normativa) e ética baseada na virtude. A normativa é baseada em
regras, definindo o que é certo ou errado. A da virtude, por sua vez, é baseada
na natureza humana, aquilo que aproxima a pessoa da perfeição.
O termo "virtude" aparece como um conceito geral correspondente à moralidade:
"pessoa virtuosa" é o mesmo que "pessoa moral". Por conseguinte, "corrupto" é
o mesmo que "imoral".
A palavra "virtude", em alguns casos, é usada como uma designação de
qualidade pessoal e, em outros, como um indicador geral de caráter, que sem a
qual ela não pode ser considerada moralmente ética. Então, existem muitas
virtudes, portanto, é natural acreditar que, em alguns casos, alguém será virtuoso
e, em outros, imoral, por exemplo, corajoso, mas injusto, sincero, mas
desregrado etc. Por natureza, uma pessoa é realmente virtuosa ou imoral, mas
o homem não é perfeito e essa imperfeição, em particular, se dá no fato de que
ela não é formada apenas de virtudes.
Do ponto de vista da teoria das virtudes, a ação moralmente correta é aquela
que se baseia nas qualidades morais positivas (virtudes) do indivíduo. Por
exemplo, práticas como responsabilidade, benevolência, justiça, paciência,
sinceridade, compaixão, generosidade, etc.
A ética das virtudes, naturalmente, não nega a necessidade de princípios e
regras morais; ela apenas atribui mais importância ao próprio homem e que é
impossível regular completamente o comportamento humano a partir delas.
Portanto, a questão crucial é qual qualidade o indivíduo deve possuir para agir
de forma correta. Desse ponto de vista, uma ação correta é aquela que um
indivíduo virtuoso realizaria sob quaisquer circunstâncias.
A presença de virtudes, em si, não garante um comportamento adequado: uma
pessoa boa pode, minimamente, cometer erros ou executar ações com
consequências negativas.
A teoria das virtudes é importante tanto em termos teóricos como em termos
práticos. Ela fornece elementos para olharmos uma pessoa como um indivíduo
heterogêneo, bem como entender a dualidade de qualquer caráter moral, o que
nos possibilitará entendermos o significado do mandamento "Não julgar uma
pessoa por ações individuais”.
Nesse sentido, virtude é a intenção do indivíduo de agir com base em princípios
morais. Para ser virtuosa, uma pessoa precisa ter a capacidade de agir com base
em seus próprios princípios. Por respeito a si mesmo, um indivíduo não deve
realizar ações que o faça se sentir envergonhado ou culpado após realizá-las.
Capítulo 8 - Ética e cidadania na sociedade tecnológica
A tecnologia avança de forma exponencial e os princípios culturais e as leis não
conseguem acompanhar tais avanços. À medida que a complexidade do mundo
aumenta, valores morais como solidariedade, responsabilidade, honestidade,
confiança, capacidade de cooperação, ajuda mútua e coletivismo, cada vez
mais, são entendidas como importantes necessidades para o indivíduo moderno.
Mudanças em larga escala, que costumavam levar séculos, agora, acontecem
em poucos anos. Não muito tempo atrás, o Facebook foi criado como um site
para encontros com amigos da faculdade, mas que, rapidamente, tornou-se o
maior site de rede social do mundo. Além disso, telefones celulares estavam
disponíveis apenas para pessoas ricas, drones custavam milhões e eram usados
para operações militares, e os supercomputadores eram usados para pesquisas
secretas do governo. Hoje, os amantes de drones podem projetar sozinhos seu
"Veículo Aéreo Não Tripulado" e moradores de aldeias africanas pobres têm
acesso ao Facebook via smartphones, com mais poder computacional do que o
Cray 2 - um supercomputador que em 1985 custou 17,5 milhões de dólares e
pesava 2.500 kg. Um estudo completo do genoma humano, que em 2002
custava 100 milhões de dólares, agora, pode ser feito por apenas mil dólares.
Talvez, em alguns anos, seja o equivalente a uma xícara de café.
Ao mesmo tempo que presenciamos tantos avanços tecnológicos, uma ética
universal destinada às particularidades do mundo digital ainda não foi
completamente elaborada. Recentemente, foi noticiado, em todos os jornais do
mundo, o compartilhamento de informações de milhões de usuários do
Facebook para a agência britânica Cambridge Analytica. Isso levou a um debate
público acalorado sobre como proteger os dados pessoais e manter um equilíbrio
entre coletar e analisar grandes volumes de dados e uma total vigilância.
Quando a análise de big data é usada na construção de uma rede de
telecomunicações para fornecer internet para onde as pessoas moram,
trabalham ou viajam, isso, potencialmente, tornará a vida delas melhor. Outro
exemplo é quando o lixo de informações é filtrado da Internet para mostrar aos
usuários apenas conteúdo "útil", acaba ajudando a economizar tempo e facilitar
a vida de todos.
Os computadores e a internet foram introduzidos na sociedade para facilitar o
trabalho das pessoas, bem como ampliar a percepção de tempo e espaço, mas
sem desconsiderar a interação e colaboração entre as pessoas como elementos
necessários. As máquinas e a rede são ferramentas que potencializam as
relações humanas e são melhores do que as mídias anteriores, como, por
exemplo, a televisão, que favorece uma relação mais passiva.
Diante disso, percebemos que hábitos e crenças estão mudando rapidamente,
modificando a relação das pessoas com a informação. Tal mudança foi possível
porque falar, dialogar, selecionar e criticar algo se tornou muito simples graças
às novas tecnologias e à Internet.
As tecnologias da informação, redes sociais, Internet, economia digital e outros
fenômenos e processos da sociedade da informação criou a chamada Cultura
Digital. Miller (2013) a definiu como um mundo que inclui a produção, utilização
e disseminação de produtos de informação. Cultura digital é uma realidade de
uma mudança de era, é a cultura da contemporaneidade.
Assista agora ao vídeo sobre cultura digital e reflita sobre o que foi estudado até
agora.
https://www.youtube.com/watch?v=CJbvPSQcI2Y
https://www.youtube.com/watch?v=WFzk12KPYvE
Agora que assistimos ao vídeo, podemos refletir: quem irá monitorar as falsas
notícias? Como filtrá-las? Essas questões permanecem abertas até hoje.
Chegamos ao final do segundo bloco! Agora que já entendemos melhor alguns
dos principais conceitos sobre ética, ficará mais fácil irmos para o próximo bloco.
Vamos avançar?
REFERÊNCIAS