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CURSO PREPARATÓRIO PARA 1ª FASE DA OAB (XXII EXAME)

Professor: Marcílio da Silva Ferreira Filho | Matéria: Direito Administrativo

APOSTILA DE DIREITO ADMINISTRATIVO


DISCIPLINA: Direito Administrativo

PROFESSOR: Marcílio da Silva Ferreira Filho

CURRÍCULO RESUMIDO:
Mestre em direito pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Especialista em direito tributário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários
(IBET). Professional Coach pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC).
Graduado em direito pela Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP).
Professor em direito administrativo, tributário e constitucional para
preparatórios de concursos públicos, OAB e pós-graduação.
Procurador do Estado de Goiás, sócio e advogado na sociedade Marcílio
Ferreira Advogados Associados e na empresa Porto Zero Consultoria e
Assessoria em Comunicação Ltda.
Membro da Comissão Especial de Estudos Processuais da OAB/GO e
presidente da Subcomissão de Processo Administrativo.
Autor do livro "Rádio e Televisão: os novos procedimentos para concessão,
permissão e autorização dos seus serviços”. Organizador do livro “Execução
fiscal: teoria, prática e atuação fazendária”.

CONTATOS:
E-mail: marciliosff@gmail.com
Twitter/Instagram/Periscope: @marciliosff
Facebook: Marcílio Ferreira Filho (profmarcilioferreira)
WhatsApp: (62) 98215-0295

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO:
1. Princípios Administrativos
2. Organização Administrativa
3. Poderes Administrativos
4. Responsabilidade Extracontratual
5. Atos administrativos
6. Licitações e Contratos
7. Serviços Públicos
8. Servidores Públicos
9. Bens públicos
10. Intervenção do Estado na propriedade
11. Improbidade administrativa

"Não se preparar é o maior dos crimes;


estar preparado de antemão para qualquer
contingência é a maior das virtudes" (Sun
Tzu)

Curso Proordem – Unidade Goiânia |(62) 3932 0765 - 3087 2536 | www.proordem.com.br
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1. PRINCIPIOS, FONTES E INTERPRETAÇÃO

PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS

No direito administrativo, os princípios são divididos em:

a) Princípios constitucionais expressos (CF, art. 37, caput); e

b) Princípios administrativos implícitos (encontrados na doutrina e


também no art. 2º da Lei 9.784/99).

Os princípios devem ser compreendidos como NORMAS JURÍDICAS, fonte


primária do direito. Nesse sentido, é possível que um juiz decida
exclusivamente com base em um princípio!!

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS:

Os princípios constitucionais expressos constam expressamente do art.


37, caput, da CF/88, sendo assim elencados:

L LEGALIDADE
I IMPESSOALIDA
M DE
MORALIDADE
P PUBLICIDADE
E EFICIÊNCIA

a) LEGALIDADE: O princípio da legalidade, no âmbito da


Administração Pública, significa que ela SÓ PODE FAZER O
QUE A LEI AUTORIZA.

Perceba que o princípio da legalidade possui duas facetas.

(i) No âmbito das relações particulares , os cidadãos


em geral estão livres para fazer tudo o que a lei não
proíbe (CF, art. 5, II). Isso porque ninguém é
obrigado a fazer ou deixar de fazer, senão em
virtude de lei (vinculação negativa).

(ii) No âmbito da Administração pública , corresponde


ao sentido inverso. O agente público só pode fazer
aquilo que a lei autoriza, ou seja, a sua atuação é
condicionada à previsão legal (vinculação
positiva).

Segundo a doutrina, essa vinculação à lei deve ser considerada como


LEI EM SENTIDO AMPLO, abrangendo as mais diversas formas de fontes
normativas do direito. Tanto é assim que a Lei 9.784/99 (art. 2º, parágrafo
único, inciso I) estabelece a vinculação à lei e ao direito.
Resumindo: A Administração Pública só faz o que a lei autoriza!!!!

b) IMPESSOALIDADE: Significa a atuação imparcial do agente


público, com objetividade no atendimento do interesse público,
vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades (CF, art.
37, caput c/c Lei 9.784/99, p.ú., III e XIII).

Não pode haver direcionamento da atividade estatal em benefício ou


prejuízo a pessoa determinada. Não discriminação das pessoas. Exemplos:
Exigência de concurso (CF, art. 37, II); Exigência de licitação (CF, art. 37, XXI);
Restrição à publicidade (CF, art. 37, §1º); Nepotismo (Súmula Vinculante-STF
n.º 13).

rgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbo

Súmula Vinculante 13: “A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em


linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da
autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em
cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em
comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração
pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante
designações recíprocas, viola a Constituição Federal.”

Entendimentos do STF acerca da SV 13:


- Não se aplica a cargos políticos (ex: Ministro), hipótese em que a
violação ao nepotismo deverá ser analisada caso a caso. (Rcl 7590)

- A vedação ao nepotismo não exige previsão legal, sendo decorrente da


própria CF/88, independentemente de lei formal sobre o tema (Rcl 15451)

c) MORALIDADE: Segundo este princípio, a atuação do gestor deve


seguir padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé (CF, art.
37, caput c/c Lei 9.784/99, p.ú., IV).

A moralidade administrativa pode ser dividida em moralidade social e


jurídica. A social corresponde ao sentimento da sociedade em relação aos
atos praticados pelos gestores, independentemente de repercussão jurídica. A
moralidade jurídica, por outro lado, detém repercussão no mundo do direito.
Trata-se de conceito jurídico indeterminado que serve ao controle dos atos
administrativos de forma autônoma. Exemplo: Súmula Vinculante-STF n.º 13.
A moralidade administrativa está diretamente relacionada aos conceitos
de probidade e boa-fé, sendo verdadeiramente um requisito de validade do
ato administrativo que, uma vez violado, importa sua nulidade. Enseja,
inclusive, responsabilização por improbidade administrativa (CF, art. 37, §4º c/c
Lei 8.429), bem como viabiliza a utilização de um remédio constitucional
importante: a ação popular (CF, art. 5º, LXXIII, c/c Lei 4.717).

CF/88: Art. 5º [...] LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação
popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de
que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento
de custas judiciais e do ônus da sucumbência;

CF/88: Art. 37 [...] § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a


suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade
dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
sem prejuízo da ação penal cabível.

d) PUBLICIDADE: Aos atos praticados pelo Estado deve ser dada


publicidade, permitindo o conhecimento pela população e,
consequentemente, o seu controle administrativo. (CF, art. 5º,
LXXII, XXXIII, XXXIV e art. 37, caput e §3º, inciso II; Lei 9.784/99,
p.ú., IV; Lei 12.527/11; e Lei 8.429/92, art. 11, IV).

A divulgação oficial dos atos administrativos é regra. Entretanto, pode


haver sigilo da informação quando imprescindível: (i) à segurança do da
sociedade; e (ii) do Estado.

A publicidade é considerada sob duas óticas:


1
necessidade de publicação oficial dos atos
administrativos como requisito de sua eficácia; e

necessidade de transparência da Administração Pública. A Lei 9.784/99, art.


2º, p.ú., V, estabelece que a necessidade de observância da “divulgação oficial
dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na
Constituição”.

Como representação do princípio da publicidade, cita-se a Lei


12.527/11, denominada “Lei de Acesso à Informação”. A referida lei tem por
finalidade regulamentar o inciso XXXIII do art. 5º da CF/88, ao prever que
“todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da
lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.
1
Publicidade e publicação são conceitos distintos. A publicação é apenas uma faceta do
princípio da publicidade.
Outro aspecto importante da publicidade é a viabilização do uso do
habeas data, remédio constitucional importantíssimo previsto no art. 5º, LXXII,
da Constituição de 1988, bem como na Lei n.º 9.507/1997.

CF/88: Art. 5º [...] LXXII - conceder-se-á habeas data:


a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do
impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
governamentais ou de caráter público;
b) para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo
sigiloso, judicial ou administrativo;

Lei 9.507/1997 (inclui uma terceira hipótese):


Art. 7° Conceder-se-á habeas data: III - para a anotação nos assentamentos
do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas
justificável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.

e) EFICIÊNCIA (Incluído pela EC 19/98): O princípio da eficiência


não constava do texto originário da Constituição, tendo sido
incluído pela EC 19/98. Ele diz respeito à adoção de formas
simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza,
segurança e respeito aos direitos dos administrados (CF, art.
37, caput c/c Lei 9.784/99, p.ú., IX), atingindo o interesse público
de maneira mais adequada e menos burocrática. Exemplos:
Avaliação periódica de desempenho (CF, art. 41, §1º, III);
Cursos de aperfeiçoamento (CF, art. 39, §2º); Limitação de
gastos com pessoal (CF, art. 169); Formas de participação do
usuário na Administração Pública (CF, art. 37, §3º); Razoável
duração processual (CF, art. 5º, LXXVIII).

O princípio da eficiência tem por finalidade fomentar o que se


denominou chamar de “ADMINISTRAÇÃO GERENCIAL”, a qual visa eliminar
a burocracia e tornar a Administração Pública uma estrutura mais eficaz no
atendimento de suas finalidades. Contrapõe o conceito de “administração
burocrática”.

Possui relação direta ainda com o princípio da economicidade, citado


bastante no que concerne ao controle financeiro da Administração Pública (vide
art. 70, caput, da CF/88).

Atenção: O art. 41, §1º, III, da CF/88 foi alterado, permitindo a perda do cargo
do servidor estável “mediante procedimento de avaliação periódica de
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defesa”.
Apesar disso, não foi editada a lei complementar, tratando-se de uma
norma constitucional de eficácia limitada que ainda não produz seus
efeitos.
PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS IMPLÍCITOS:

Estes princípios podem ser encontrados na doutrina e, de forma não


exaustiva, no art. 2º da Lei 9.784/99. É preciso destacar que, ao longo dos
outros capítulos, serão observados outros princípios específicos não elencados
abaixo, pois dizem respeito apenas a alguns institutos do direito administrativo
(ex: princípios no procedimento licitatório, princípios aplicáveis aos serviços
públicos etc.). Aqui, trata-se de um rol mais geral, aplicado a toda a atividade
administrativa.

São eles:

Supremacia do Interesse Público


Indisponibilidade do Interesse
Público
Especialidade
Autotutela
Isonomia
Finalidade
Motivação
Razoabilidade/Proporcionalidade
Contraditório/Ampla Defesa
Segurança Jurídica

a) SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO: Na ocorrência de


conflito entre o interesse público e o privado, aquele deve
prevalecer.

Alguns doutrinadores colocam este princípio com a qualidade de


sobreprincípio do direito administrativo, que justificaria o regime jurídico
derrogador do direito comum (regime jurídico administrativo), a exemplo dos
seguintes institutos jurídicos: cláusulas exorbitantes do contrato administrativo;
formas de intervenção do estado na propriedade privada; presunção de
legitimidade dos atos administrativos; exercício do poder de política; entre
outros.

ATENÇÃO: A doutrina distingue:

- REGIME JURÍDICO : Conjunto de normas que colocam


ADMINISTRATIVO a
Administração Pública em pé de superioridade.

- REGIME JURÍDICO DA ADMINISTRAÇÃO : Conjunto de


PÚBLICA normas
aplicáveis à Administração Pública, com ou sem relação de supremacia.

Outro ponto importante é que a doutrina menciona que este princípio


está presente apenas nos ATOS DE IMPÉRIO da Administração Pública (atos
nos quais o Estado atua com prerrogativas e privilégios).
Em se tratando de ATOS DE GESTÃO (atos em que a Administração
atua na mesma qualidade do particular – condição de igualdade), o Estado
deve ser tratado de forma isonômica em relação ao administrado/particular.

b) INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO: A


indisponibilidade do interesse público decorre do princípio
anterior. Ela corresponde ao fato de que não cabe aos agentes
públicos dispor livremente sobre o interesse público,
devendo agir de acordo com ele, impedindo a prevalência do
interesse privado.

Quanto a este princípio, entende a doutrina que deve estar presente


tanto nos ATOS DE IMPÉRIO, como também nos ATOS DE GESTÃO. Assim,
nunca haverá possibilidade de o gestor público dispor sobre o interesse público
envolvido, privilegiando o interesse privado.

POSIÇÃO DOUTRINÁRIA IMPORTANTE: Entende a doutrina que existem


duas espécies de interesse público:

i interesse público : Aquele que realmente reflete o interesse


.toda
PRIMÁRIO denecessidades do povo.
a população, satisfazendo às

i interesse público SECUNDÁRIO: Aquele meramente patrimonial, no qual


iEstado
o objetiva aumentar sua riqueza enquanto pessoa jurídica.

Segundo o Prof. Celso Antônio, o interesse público secundário só poderá ser


perseguido de forma legítima quando: a) não contrarie nenhum interesse
público primário; b) possibilite atuação administrativa ao menos
indiretamente tendente à realização de interesses primários.

c) ESPECIALIDADE: O princípio da especialidade decorre do


princípio constitucional da eficiência. Através dele, orienta-se que
a Administração Pública promova a descentralização e
desconcentração das competências administrativas
(desmembramento), permitindo maior especialização de seus
agentes, de acordo com a matéria a ser enfrentada.

O princípio da especialidade encontra previsão para o âmbito federal no


Decreto-Lei n.º 200/1967. Segundo o art. 6º, a atuação da Administração
Pública Federal observará, como princípios fundamentais: I - Planejamento.
II - Coordenação. III - Descentralização. IV - Delegação de Competência. V -
Controle.

Este tema será retomado no assunto sobre organização administrativa.

d) AUTOTUTELA: Pelo princípio da autotutela, a Administração


pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-
los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a
apreciação judicial. (Súmulas-STF 473 e 346)

Importante observar que a autotutela administrativa possui duas facetas:

i. CONTROLE DE MÉRITO = REVOGAÇÃO: analisa-


se a conveniência e oportunidade de manutenção do
ato administrativo (efeitos ex nunc em caso de
revogação).

i. CONTROLE DE LEGALIDADE = ANULAÇÃO:


analisa-se a compatibilidade do ato administrativo
com o ordenamento jurídico (efeitos ex tunc do ato
administrativo).

TIPO DE FUNDAMENT ATO EEITO


CONTROLE
MÉRITO O
Conveniência PRATICADO
REVOGAÇÃO Ex nunc
e
LEGALIDADE Legalidade ANULAÇÃO Ex tunc

Por outro lado, é importante destacar que, em caso de revogação ou


anulação de ato administrativo que afete interesse dos administrados, há
necessidade de ser observado previamente o contraditório, oportunizando
a apresentação de alegações nos autos.

Súmula 473-STF: “A administração pode anular seus próprios atos, quando


eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos;
ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os
direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.”

É importante observar que a análise de CONVENIÊNCIA e


OPORTUNIDADE só pode ser feita pela Administração Pública, no exercício
da função administrativa. O Poder Judiciário nunca poderá efetuar controle de
mérito (mérito administrativo = conveniência e oportunidade), sob pena de
violação ao princípio da separação de poderes (CF, art. 2º).

Por esse motivo, o Poder Judiciário NUNCA revoga ato


administrativo de outro poder!!!

IMPORTANTE: No âmbito das Licitações, a autotutela é mitigada no que


concerne à revogação. É que, segundo o art. 49 da Lei 8.666/93, “A autoridade
competente para a aprovação do procedimento somente poderá revogar a
licitação por razões de interesse público decorrente de fato superveniente
devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta [...]”
e) ISONOMIA: Tratar os iguais igualmente e os desiguais
desigualmente. É permitido ao Estado promover ações
afirmativas, a fim de garantir tratamento especial a categorias de
pessoas que demandem proteção específica. Exemplos de
tratamentos equitativos/desiguais: Participação de pessoas
portadoras de deficiência em concurso e reserva de vagas:
Lei 8.112/92, art. 2º, §2º; Limite de idade em concurso público:
Súmula-STF 683; Tratamento diferenciado das
microempresas e empresas de pequeno porte (CF, art. 179).

O princípio da isonomia, por si só, não autoriza o Poder Judiciário a


intervir em aspectos remuneratórios.

Súmula Vinculante n.º 37-STF: Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem
função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o
fundamento de isonomia.

f) FINALIDADE: A finalidade, como um dos elementos dos atos


administrativos, deve corresponder sempre ao interesse
público (Lei 9.784/99, p.ú., II). A inobservância deste princípio
enseja desvio de finalidade, inquinando de nulidade o ato
administrativo.

g) MOTIVAÇÃO: A motivação corresponde à INDICAÇÃO


(exteriorização) dos pressupostos de fato e de direito
(MARQUE BEM ESSA EXPRESSÃO!!) que determinam a
decisão (Lei 9.784/99, p.ú., VII).

ATENÇÃO: Não se deve confundir motivo (que é elemento do ato, o


de sua prática) motivaç (que é a exteriorização do motivo, a
e
divulgação ão
para conhecimento sua
geral).

Observe:
- TODO ATO ADMINISTRATIVO possui , que é um elemento do
motivo
Não há como se pensar em ato administrativo semato. um motivo (pressuposto
de fato e de direito – o porquê) para a sua prática.
- NEM TODO ATO ADMINISTRATIVO possui , que é
motivação
exteriorização do motivo. Exemplo: Nomeação de alguém para um cargo a em
comissão tem motivo (a confiança), mas não tem motivação (ninguém diz na
portaria o porquê de estar nomeando tal pessoa...)

h) RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE: Os atos


administrativos devem ser praticados observando os limites da
razoabilidade e proporcionalidade, sob pena de viabilizar o seu
controle. Deve haver adequação entre meios e fins, vedada a
imposição de obrigações, restrições e sanções em medida
superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do
interesse público (Lei 9.784/99, p.ú., VI).
Fala-se que a razoabilidade e a proporcionalidade são decorrências do
princípio do devido processo legal (CF, art. 5º, LIV) em sua acepção
substantiva (substantive due processo of law). Tal princípio reflete a
necessidade de garantia da proteção material de bens jurídicos.

Deve-se ainda observar que a doutrina majoritária considera a


razoabilidade como sendo gênero, que inclui a adequação, necessidade e a
proporcionalidade em sentido estrito.

i) CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA: O contraditório e a ampla


defesa são princípios incidentes tanto no processo judicial, como
também no administrativo. O contraditório corresponde à
possibilidade de contestar/resistir à alegação contrária ao
interesse de alguém. A ampla defesa, por outro lado, é a
disponibilização dos meios de impugnação da alegação contrária.
(Vide Lei 9.784/99, p.ú., X).

Súmula Vinculante 3: “Nos processos perante o Tribunal de Contas da


União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão
puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que
, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão
interessa
inicial de aposentadoria, reforma e .”
pensão
Súmula Vinculante 5: “A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo não ofende a ”.
disciplinar Constituição
Súmula Vinculante 21: “É inconstitucional a exigência de depósito ou
arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso
administrativo.”

j) SEGURANÇA JURÍDICA: A segurança jurídica é sobreprincípio


constitucional, que determina a observância, pela Administração
Publica, da estabilidade das relações jurídicas com a “adoção
de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de
certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados” (Lei
9.784/99, p.ú., VIII e IX).

Também representa o princípio da segurança jurídica a norma do art.


2º, p.ú., XIII, da Lei 9.784/99, ao proibir a “aplicação retroativa de nova
interpretação”.

ATENÇÃO: Em virtude do princípio da segurança jurídica e da boa-fé, o


servidor que recebe importâncias em virtude de erro na interpretação da
Administração Pública, não está obrigado a restituí-las.
Nesse sentido, acompanhando o entendimento do STJ, a Súmula 249-TCU
explica bem a situação:
“É dispensada a reposição de importâncias indevidamente percebidas, de
boa- fé, por servidores ativos e inativos, e pensionistas, em virtude de erro
escusável de interpretação de lei por parte do órgão/entidade, ou por parte
de autoridade legalmente investida em função de orientação e supervisão, à
vista da presunção de legalidade do ato administrativo e do caráter alimentar
das parcelas salariais.”

FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO

O direito administrativo, diferentemente de outros ramos do direito


brasileiro, não foi objeto de codificação, sendo regrado por normas esparsas.
Os princípios e regras, junto às demais fontes, deverão ser objeto de pesquisa
e integração pelo jurista.

LEI E Fonte primária (CF, art. 59)


PRINCÍPIOS
ADMINISTRATIV
JURISPRUDÊNCIA Fonte secundária (não inova)
SÚMULA VINCULANTE Fonte primária (CF, art. 103-A)

DOUTRINA Fonte secundária (não inova)


COSTUME Fonte secundária (corpus +
animus)
PRINCÍPIOS GERAIS DE Fonte secundária (ex: justiça)
DIREITO
INTERPRETAÇÃO

A interpretação no direito administrativo segue a regra do direito em


geral, com ressalvas específicas do regime jurídico de direito público, podendo-
se citar 3 (três) principais diferenciações elencadas por Hely Lopes
Meirelles acerca do modelo publicista:

SUPREMACIA DO Desigualdade jurídica entre


INTERESSE Administração Pública e
PÚBLICO administrado;
PRESUNÇÃO DE LEGALIDADE Consideração de legitimidade dos
atos administrativos até prova em
contrário (juris tantum)
PODERES DISCRICIONÁRIOS O gestor possui poderes
discricionários em algumas
hipóteses para atender melhor ao
interesse público

Atenção: Há que se diferenciar a Hermenêutica Jurídica (Ciência que estuda a


interpretação) da atividade interpretativa em si considerada.
QUESTÕES SOBRE O TEMA 01
(Princípios, Interpretação e Fontes)

1. (2008/CESPE) Acerca dos princípios de direito administrativo, assinale a


opção incorreta.
a) Tanto a administração direta quanto a indireta se submetem aos princípios
constitucionais da administração pública.
b) O rol dos princípios administrativos, estabelecido originariamente na CF, foi
ampliado para contemplar a inserção do princípio da eficiência.
c) O princípio da legalidade, por seu conteúdo generalizante, atinge, da mesma
forma e na mesma extensão, os particulares e a administração pública.
d) Embora vigente o princípio da publicidade para os atos administrativos, o
sigilo é aplicável em casos em que este seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado.

2. (2007/VUNESP) Sobre os princípios da Administração Pública, é correto


afirmar que
a) segundo o princípio da legalidade, a Administração Pública pode, por meio
de simples ato administrativo, criar obrigações ou impor vedações, desde que a
lei não as proíba.
b) é conseqüência do princípio da impessoalidade a regra do parágrafo 1.º, do
artigo 37 da CF, que proíbe a publicidade de atos de governo que se
caracterizem como promoção pessoal do administrador.
c) os princípios da moralidade, da razoabilidade e da eficiência necessitam de
regulamentação legal para que sejam aplicáveis a casos concretos.
d) o princípio da publicidade veda em qualquer hipótese seja atribuído sigilo
aos atos praticados pela Administração Pública.

3. (2012/FGV) De acordo com o Art. 2º, inciso XIII, da Lei n. 9.784/98, a


Administração deve buscar a interpretação da norma que melhor garanta o
atendimento do fim público a que se dirige, vedada a aplicação retroativa da
nova interpretação.
Assinale a alternativa que indica o princípio consagrado por esse dispositivo,
em sua parte final.
a) Legalidade.
b) Eficiência.
c) Moralidade.
d) Segurança das relações jurídicas.

4. (2011/FGV) Tendo o agente público atuado nesta qualidade e dado causa a


dano a terceiro, por dolo ou culpa, vindo a administração a ser condenada, terá
esta o direito de regresso.
A respeito da ação regressiva, é correto afirmar que
a) em regra deve ser exercida, sob pena de afronta ao princípio da
indisponibilidade.
b) o prazo prescricional tem início a contar do fato que gerou a ação
indenizatória contra a Administração.
c) a prescrição será decenal, com base na regra geral da legislação civil.
d) o prazo prescricional será o mesmo constante da esfera penal para o tipo
criminal correspondente.

GABARITO
1. C
2. B
3. D
4. A
2. ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

ASPECTOS GERAIS

No estudo da organização administrativa, ponto elementar é entender o


que se quer dizer por ENTIDADES e ÓRGÃOS, ou seja, saber diferenciar o
seu ponto fundamental. (veja o art. 1º, §2º, da Lei 9.784/99).

Neste aspecto, destacamos que o que diferencia os dois é a


PERSONALIDADE JURÍDICA!

ESPÉCI NATUREZA PROCESSO EXEMPLO


Entidad Pessoas DesCEntralizaçã União,
es Jurídicas o Estados,
Órgãos Meras DesCOncentraç Autarquias,
Ministérios,
competência ão Secretarias,
s Departament
administrativ os etc.
as
As ENTIDADES é que são objeto do estudo neste tópico. Quando se
fala em Administração Direta ou Indireta, está se falando das pessoas jurídicas
e não dos órgãos.

As ENTIDADES podem ser políticas (entes federativos), que possuem


autonomia política (União, Estados, DF e Municípios) ou entidades
administrativas, que possuem apenas autonomia administrativa/capacidade
de autoadministração (Autarquias, Fundações, Sociedades de Economia Mista
e Empresas Públicas).

A criação de entidades administrativas, integrantes da Administração


Indireta, é chamada de DESCENTRALIZAÇÃO. A criação de órgãos, por outro
lado, é chamada de DESCONCENTRAÇÃO.

DESCONCENTRAÇÃO Criação de ÓRGÃO


(estrutura interna desprovida de
personalidade jurídica. Ex:
Secretaria; Superintendência; etc.)

DESCENTRALIZAÇÃO Criação de ENTIDADE


(personalidade jurídica.
Ex: Autarquias)

A descentralização pode ser política (União, Estados, DF e Municípios


- sem um ente central) ou administrativa (territorial ou geográfica; por
serviços, funcional ou técnica; e por colaboração).
Ressalte-se que, na descentralização, NÃO HÁ HIERARQUIA entre as
entidades (autonomia administrativa), que se submetem apenas à supervisão
ministerial (DL 200, art. 19 e seguintes).

A estrutura administrativa (Administração Pública Direta e Indireta) é


composta por ENTIDADES políticas e administrativas:

ADMINISTRAÇÃO DIRETA ADMINISTRAÇÃO INDIRETA


União Autarquias
Estados Fundações
DF Empresas Públicas (EP)
Municípios Sociedades de economia mista
(SEM)
Ressalte-se que estas 8 entidades são a base do estudo da organização
administrativa. O enquadramento das entidades que compõem a Administração
Pública sempre passará por uma dessas 8 pessoas jurídicas (ex: Consórcio
Público e Agências reguladoras são considerados como autarquia).

POSIÇÃO DOUTRINÁRIA IMPORTANTE: Internamente, as entidades


exercer AUTOTUTELA entre ), anulando ou revogando os
(
praticados ÓRGÃOS
pelos seus órgãos. atos por outro lado, os órgãos
Externamente,
centrais não podem anular e revogar aleatoriamente os atos dos entes
descentralizados.

O controle, pela entidade central entre ENTIDADES), denomina- TUTEL


ADMINISTRATIV e apenas pode ser exercido em 2 (duas) hipóteses,
do RECURSO HIERÁRQUICO :
a) previsão expressa em lei;
b) desvio de finalidade.

Feitas estas pontuações, necessário distinguir as pessoas jurídicas


integrante da Administração Pública INDIRETA.

AUTARQUIAS X FUNDAÇÕES

As autarquias e fundações são entidades da Administração Pública


indireta que bastante se assemelham. Tanto é assim que as fundações de
direito público são chamadas comumente de “Autarquias Fundacionais” ou
“Fundações Autárquicas”.

Autarquias serão sempre dotadas de personalidade jurídica de


direito público e, portanto, a ela se aplicam as regras derrogadoras do direito
comum, típicas da Fazenda Pública.

As fundações, por outro lado, podem ser dotadas de personalidade


jurídica de direito público ou privado (vide DL 200, art. 5º, inciso IV).
Assim, caso a fundação seja dotada de personalidade jurídica de
direito público (e ela pode ser de direito público ou privado) será considerada
com mesmo regime jurídico das autarquias, inclusive quanto à competência
para o art. 109, I, da CF/88. Ademais, será criada necessariamente por LEI,
assim como a autarquia (CF/88, art. 37, XIX).

Caso seja a fundação enquadrada como de direito privado, será ela


considerada com regime jurídico comum.

DIFERENÇAS:

AUTARQUIAS FUNDAÇÕES
Personalidade jurídica de direito Personalidade jurídica de direito
PÚBLICO PÚBLICO ou PRIVADO
Criação por lei Criação por lei, através de dotação
patrimonial pública, semipública ou
semiprivada

A criação das autarquias e das fundações de direito público será sempre


feita mediante LEI. Muita atenção nesta hora: a lei, por si só, cria a entidade,
já que é desnecessário o registro de qualquer ato constitutivo perante a Junta
Comercial ou Cartório de Pessoas Jurídicas. Assim, a personalidade jurídica
surge com a mera edição da lei!

CF/88: Art. 37 [...] XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia
e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista
e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas
de sua atuação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

*Caso seja FUNDAÇÃO PÚBLICA, a criação também deve se dar por LEI.

SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA X EMPRESA PÚBLICA

As sociedades de economia mista e empresas públicas são


relacionadas em separados por se constituirem como entidades dotadas de
personalidade jurídica de DIREITO PRIVADO, possuindo fundamento direto do
art. 173 do Texto Constitucional.

Observe que o objetivo central do Estado não é intervir no mercado,


competindo com outras empresas privadas. Por este motivo, o art. 173 da
Constituição estabelece que a criação de SEM ou de EP só pode se dar em
duas hipóteses, que são quando for necesssária: (i) aos imperativos da
segurança nacional; ou (ii) a relevante interesse coletivo.

Preste atenção ainda a um fato: Em regra, como estas entidades


possuem personalidade jurídica de direito privado, elas prestarão serviços
econômicos, ou seja, serviços que poderiam ser executados por outras
empresas privadas. Nesta hipótese, não gozarão de qualquer privilégio.
No entanto, a doutrina e jurisprudência admite a criação de SEM ou
EP para prestação de serviços públicos, hipótese em que, tratando-se de
prestação excusiva do serviço, gozará dos privilégios e prerrogativas da
Fazenda Pública (ex: ECT – Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, que
é uma empresa pública, mas goza de prerrogativas fazendárias, por ser serviço
exclusivo).

Podemos apontar como traços comuns e distinções básicas destas


entidades:

TRAÇOS COMUNS DISTINÇÕES BÁSICAS


Criação e extinção: Forma de organização
AUTORIZADAS - SEC = Sempre S/A;
por LEI ESPECÍFICA - EP = Modalidade livre;
Personalidade jurídica de Composição do capital
direito privado - SEC = Majoritário público
- EP = 100% público
Derrogação parcial do regime Competência quando de
de direito privado natureza federal (CF, art.
Vinculação aos fins da lei 109, I)
instituidora
Desempenho, como regra,
de atividade econômica

Veja-se que, no caso das SEM e das EP, a sua criação é AUTORIZADA
por LEI ESPECÍFICA. Isso porque, tratando-se de pessoa jurídica de direito
privado, a sua personalidade nasce apenas com o registro dos atos
constitutivos. Assim sendo, a lei autorizadora, por si só, não cria SEM ou EP.
A personalidade apenas surge com o registro dos atos no órgão competente
(Junta Comercial ou Cartório de Pessoas Jurídicas).

Registre-se ainda que o inciso XX do art. 37 do Texto Constitucional


exige também AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA para a criação de subsidiárias
das entidades mencionadas, assim como a participação de qualquer delas em
empresa privada. A referida autorização legislativa, no entanto, não precisa
constar de lei específica, podendo constar de maneira geral na lei da entidade
2
principal criada.

Apesar da diferenciação proposta, alguns elementos pontuais precisam


ser destacados, especialmente do ponto de vista jurisprudencial. É que,
independentemente da natureza da personalidade jurídica (de direito privado
ou público), algumas regras são excepcionadas pela jurisprudência, cabendo

2
É dispensável a autorização legislativa para a criação de empresas subsidiárias, desde que
haja previsão para esse fim na lei de instituição da empresa pública, sociedade de economia
mista ou fundação matriz, tendo em vista que a lei criadora é também a medida autorizadora.
(ADI 1491 MC/DF)
aa você conhecê-las pontualmente, especialmente para provas discursivas
(mas não menos importantes para provas objetivas).

Algumas características sobre SEM e EP:

 SEM E EP PRESTADORAS DE SERVIÇO PÚBLICO: Se


prestarem o serviço em caráter de exclusividade, gozarão de
prerrogativas fazendárias (ex: imunidade reciproca,
impenhorabilidade de bens, pagamento de dívidas via
precatórios etc. - ACO 765 QO/RJ)

ATENÇÃO: As sociedades de economia mista prestadoras de serviço público


de atuação própria do Estado e de natureza não concorrencial submetem-se
ao regime de precatório.
O caso concreto no qual o STF decidiu isso envolvia uma sociedade de
economia mista prestadora de serviços de abastecimento de água e
saneamento que prestava serviço público primário e em regime de
exclusividade. O STF entendeu que a atuação desta sociedade de economia
mista correspondia à própria atuação do Estado, já que ela não tinha objetivo
de lucro e o capital social era majoritariamente estatal. Logo, diante disso, o
STF reconheceu que ela teria direito ao processamento da execução por meio
de precatório. STF. 2ª Turma. RE 852302 AgR/AL, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 15/12/2015 (Info 812).

 CONCURSOS PÚBLICOS: “A exigência de concurso público


para admissão de pessoal se estende a toda a
Administração Indireta, nela compreendidas as Autarquias, as
Fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, as
Sociedades de Economia Mista, as Empresas Públicas e, ainda,
as demais entidades controladas direta ou indiretamente pela
União, mesmo que visem a objetivos estritamente econômicos,
em regime de competitividade com a iniciativa privada.”
(SÚMULA Nº 231-TCU)

 DISPENSA IMOTIVADA: “a dispensa do empregado de


empresas públicas e sociedades de economia mista que
prestam serviços públicos deve ser motivada, assegurando-
se, assim, que tais princípios, observados no momento daquela
admissão, sejam também respeitados por ocasião da dispensa”
(STF, RE 589998/PI)

 FALÊNCIA (Lei 11.101): O art. 2º, inciso I, da Lei 11.101, que


prevê a inaplicabilidade do instituto da falência às SEC e às
EP.

 REGIME DE PESSOAL: O regime de pessoal da SEM e da EP


é celetista, com vínculo trabalhista submetido a julgamento pela
Justiça do Trabalho. Tal conclusão advém do art. 173, §1º, II
do Texto Constitucional. Entretanto, a realização de concurso
público é obrigatória.

 ESTABILIDADE: Ao empregado de empresa pública ou de


sociedade de economia mista, ainda que admitido mediante
aprovação em concurso público, não é garantida a estabilidade
prevista no art. 41 da CF/19888. (Súmula 390-TST)

 LIMITAÇÃO AO TETO CONSTITUCIONAL: A limitação do teto


constitucional previsto no art. 37, XI, da CF/88 apenas se aplica
às SEM e às EP que receberem recursos da União, dos
Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento
de despesas de pessoal ou de custeio em geral. (CF, art. 37,
§9º)

 ACUMULAÇÃO DE CARGOS E EMPREGOS PÚBLICOS: A


proibição de acumular cargos e empregos públicos estende-se
às SEM e às EP. Conforme o art. 37, XVII, da CF/88: “a
proibição de acumular estende-se a empregos e funções e
abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades
de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas,
direta ou indiretamente, pelo poder público”.

 LICITAÇÃO: Apesar do art. 173, §1º, III, da CF/88 prever que a


lei estabelecerá o estatuto jurídico das SEM e das EP,
especialmente quanto a um procedimento específico para
licitações, tal dispositivo ainda não foi regulamentado de
maneira geal, motivo pela qual as referidas entidades se
submetem, como regra, às normas da Lei 8.666/93.

Além das entidades que ocupam a estrutura da administração pública


direta (União, Estados, DF, Municípios) e indireta (Autarquias, Fundações,
SEM e EP), existem entidades com regime jurídico específico. Vejamos.

AGÊNCIAS REGULADORAS

As agências reguladoras são consideradas como AUTARQUIAS


especiais. O seu regime jurídico encontra-se fixado na Lei 9.986/2000,
cabendo destacar:

a) a estabilidade dos mandatos dos conselheiros e diretores


(art. 6º e 9º);
b) o período de quarentena (art. 8º);
c) a natureza técnica de suas funções (art. 5º);
d) ausência de recursos hierárquico impróprio.

Tais características, entre outras, asseguram maior autonomia à


entidade (entendimento doutrinário).
ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL (OAB) E CONSELHOS
PROFISSIONAIS

A OAB foi considerada pelo STF como serviço público independente,


de natureza sui generis. Não integra, pois, a Administração Pública, pois
não se submete aos ditames do Governo. (ADI 3026/DF)

Há muita confusão quando se compara a OAB com os Conselhos


Profissionais (CREA, CREME etc.). Estes, por exercerem Poder de Polícia,
são considerados como autarquias (RE 539224/CE), integrantes da
Administração Pública indireta. No entanto, a OAB, dado o seu regime
jurídico especial, não se enquadra como autarquia!!

AGÊNCIAS EXECUTIVAS

As agências executivas são órgãos ou entidades que firmam


CONTRATO DE GESTÃO com o Poder Público, objetivando assegurar maior
autonomia na sua função. Possui fundamento no art. 37, §8º, do Texto
Constitucional.

Art. 37 [...] § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e


entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante
contrato, a ser firmado entre seus administradores e o poder público, que tenha
por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade,
cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
1998)
I- o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e
responsabilidade dos dirigentes;
III - a remuneração do pessoal."

Nas dispensas de licitação por valor utilizadas pelas Agências


Executivas, aplica-se o valor máximo em dobro para as agências executivas,
nos termos do §1º do art. 24 da Lei 8.666/93.

CONSÓRCIOS PÚBLICOS (ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS) - LEI 11.107/05

Os Consórcios Públicos são associações formadas por pessoas jurídicas


políticas (União, Estados, Distrito Federal ou Municípios), com personalidade
de direito PÚBLICO ou PRIVADO (art. 1º, §1º), criadas mediante autorização
legislativa, para a gestão associada de serviços públicos.

Resumindo, são elas associações, que podem possuir personalidade


jurídica de direito público (CC/2002, art. 41, IV) ou privado.

A sua criação segue, sucessivamente, o seguinte procedimento:


CRIAÇÃO DE CONSÓRCIO PÚBLICO
1 Subscrição de protocolo de intenções
2 Publicação do protocolo na Imprensa Oficial
3 Lei de ratificação total ou parcial
4 Celebração de contrato
5 Atendimento das disposições civis, se for de direito
privado
ATENÇÃO: A lei pode ser anterior ao protocolo de intenções, já disciplinando a
matéria, quando será desnecessária a ratificação.

Uma vez criado o Consórcio Público, algumas características


estabelecidas na Lei 11.107/05 são relevantes:

a) PARTICIPAÇÃO DA UNIÃO: A União somente participará de


consórcios públicos em que também façam parte todos os Estados
em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados
(art. 1º, §2º);

b) DESAPROPRIAÇÃO: Nos termos do contrato de consórcio de


direito público, poderão promover desapropriações e instituir
servidões nos termos de declaração de utilidade ou necessidade
pública, ou interesse social, realizada pelo Poder Público (art. 2º,
§1º, II);

c) DISPENSA DE LICITAÇÃO: Os consórcios públicos podem ser


contratado pela administração direta ou indireta dos entes da
Federação consorciados, dispensada a licitação (art. 2º, §1º, III);

d) CONCESSÃO/PERMISSÃO/AUTORIZAÇÃO DE SERVIÇO
PÚBLICO: Os consórcios públicos poderão outorgar concessão,
permissão ou autorização de obras ou serviços públicos mediante
autorização prevista no contrato de consórcio público, que deverá
indicar de forma específica o objeto da concessão, permissão ou
autorização e as condições a que deverá atender, observada a
legislação de normas gerais em vigor. (art. 2º, §3º);

e) FISCALIZAÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS: O consórcio público


está sujeito à fiscalização contábil, operacional e patrimonial pelo
Tribunal de Contas competente para apreciar as contas do
Chefe do Poder Executivo representante legal do consórcio,
inclusive quanto à legalidade, legitimidade e economicidade das
despesas, atos, contratos e renúncia de receitas, sem prejuízo do
controle externo a ser exercido em razão de cada um dos contratos
de rateio. (art. 9º, parágrafo único)

ATENÇÃO: Segundo o dispositivo acima, o Tribunal de Contas que fiscalizará


as contas gerais do consórcio público será o mesmo competente para apreciar
as contas do Chefe do Poder Executivo representante legal do consórcio.
Logo, se um Governador de Estado for o representante do
será o respectivo TCE que terá competência para fiscalizar as contas da
entidade, mesmo que a União dela
participe.
Isto, contudo, não retira a competência do TCU para fiscalizar
especificamente os valores repassados pela União (não as contas gerais,
mas apenas o valor repassado).

f) CONTRATOS A SEREM FIRMADOS COM O CONSÓRCIO: Para


o funcionamento regular do consórcio, há necessidade de se firmar
contratos para obtenção de verbas e de outros recursos
necessários ao desempenho da função prevista no contrato de
consórcio. A Lei 11.107/05 prevê duas espécies de contrato:

ESPÉCIE DE CONTRATO OBJETIV


CONTRATO DE Destinação de RECURSOS
RATEIO OU PÚBLICOS, formalizado
REPASSE anualmente, exceto quando
previsto no Plano Plurianual ou se
o pagamento se der por tarifas ou
CONTRATO DE PROGRAMA Fixação depreços públicos entre
OBRIGAÇÕES
E/OU CONVÊNIOS DE os entes consorciados
COOPERAÇÃO

TERCEIRO SETOR (ENTIDADES PARAESTATAIS)

O terceiro setor é composto por entidades paraestatais (associações,


fundações ou cooperativas) que, sem fins lucrativos, executam atividades de
interesse público.

Elas não compõem a estrutura interna da Administração Pública,


possuindo personalidade jurídica de direito PRIVADO!!!!

ATENÇÃO: Apesar de estas entidades serem de direito privado e não


integrarem o Estado, elas se submetem ao controle do Tribunal de Contas,
caso venha a receber verbas públicas.

Veja-se o porquê da denominação “terceiro setor”:

PRIMEIRO Estado
SETOR
SEGUNDO Mercado
SETOR
TERCEIRO Atividades de interesse
SETOR público sem fins lucrativos
QUARTO SETOR Economia
informal
Atualmente, as entidades do terceiro setor são as seguintes:

a) Serviços sociais autônomos;


b) Entidades de apoio;
c) Organizações sociais (OS);
d) Organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP); e
e) Organizações da sociedade civil (OSC).

Vamos analisar cada uma das entidades:

a) SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS (SISTEMA "S"): São entidades


instituídas por lei, com personalidade jurídica de direito privado, sem fins
lucrativos, com o objetivo de Ministrar assistência ou ensino a categorias
sociais ou grupos profissionais (atividade privada de interesse público -
não é serviço público), financiados por meio de dotações orçamentárias
e/ou parafiscais (ex: Ex: SENAI, SENAC, SESC, SESI - SISTEMA S)

Elementos diferenciadores (marcantes) destas entidades:

(i) É instituído por lei (todas as demais são criadas,


independentemente de autorizçaão legal);

(ii) É remunerado através de dotações orçamentárias ou


contribuições parafiscais (CF, art. 149).

De acordo com o regime jurídico aplicável ao Sistema “S”:

(i) não há necessidade de observar a Lei 8.666/93, mas


apenas os princípios gerais sobre licitação;

(ii) Seus funcionários são equiparados a servidores


públicos para fins criminais e improbidade
administrativa, porém o vínculo é celetista;

(iii) não precisa realizar concurso público para contratação


de pessoal. (RE 789874/DF)

(iv) Submetem-se ao controle do Tribunal de


Contas quanto aos recursos públicos recebidos.

b) ENTIDADES DE APOIO: São associações, fundações ou cooperativas,


com personalidade jurídica de direito privado, instituída por servidores
públicos, em nome próprio, para prestação, em caráter privado, de
serviços sociais não exclusivos do Estado, mantendo vínculo com
entidades da Administração Direta ou Indireta, mediante convênio, com
atuação normalmente em hospitais e universidades (vide Lei 8.958/94,
art. 3º, §1º)

Elemento diferenciador desta entidade: instituída normalmente pelos


próprios servidores públicos do órgão, objetivando a prestação de
serviços sociais à própria categoria ou ao ente específico.

De acordo com o regime jurídico aplicável às entidades de apoio:


(i) firmam contratos de direito privado, sem licitação;

(ii) contratam mediante vínculo trabalhista, sem concurso


público;

(iii) não se submetem à tutela administrativa.

(iv) Submetem-se ao controle do Tribunal de


Contas quanto aos recursos públicos recebidos.

c) ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PUBLICO


(OSCIP - LEI 9.790) e ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (OS - Lei 9.637)

Vamos tratar das OS’s (Lei 9.790/99) e das OSCIP’s (Lei 9.637/98)
conjuntamente, pois as questões do Exame de Ordem cobram a diferenciação
entre estas duas entidades.

O direito brasileiro instituiu duas espécies de organizações para


prestarem serviços paralelamente ao Estado, seja prestando serviços públicos,
sejam serviços sociais.

Tratam-se das OSCIP`s e OS`s, que são TÍTULOS JURÍDICOS.


Explico: estas entidades são criadas por modalidades de direito privado, como
associações, fundações e cooperativas, sendo que, após sua criação, tais
entidades devem buscar perante a Administração Pública a concessão do título
de OSCIP ou OS..

TRAÇOS COMUNS ENTRE OS`S E OSCIP`S


Pessoa jurídica de direito privado
Sem fins lucrativos
Não integram a Administração Pública direta ou indireta
Recebem incentivo e fiscalização do Poder Público
Não precisam realizar concurso público ou licitação, mas precisam observar
os princípios administrativos
Fiscalização: Tribunal de Contas; órgão do Poder Público da área de
atuação referente à atividade fomentada; e Conselhos de Políticas Públicas
da área correspondente;

Apesar de serem títulos que conferem prerrogativas muito


próximas, a legislação coloca formalidades que as destinguem:

OSCIP`s OS`s
Habilitação/Qualificação pelo Habilitação/Qualificação perante a
Ministro da Justiça pasta relacionada à atividade
Firma TERMO DE PARCERIA Firma CONTRATO DE GESTÃO
Não há previsão de dispensa de Pode ser contratada por dispensa
de
licitação para contratar licitação pelo Estado (Lei
OSCIP 8.666/93, art. 24,
Faculdade de participação Obrigatoriedade de participação
de representantes do de representantes do Estado no
Estado no Conselho de Conselho de Administração (art.
Possui PJ`s específicas que Não há previsão de vedação
não podem se habilitar (art. pessoal
2.)
ATENÇÃO: Especificamente para OSCIP, a Lei 13.019/2014, alterando a Lei
9.790/99, passou a exigir que a entidade esteja constituídas e se encontre em
funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos.

d) ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL (OSC – LEI 13.019/14)

A Organização da Sociedade Civil, título criado pela Lei 13.019/14 (a


legislação passou a ter vigência a partir de Janeiro/2016), objetivou instituir o
chamado “Marco Regulatório das do Terceiro Setor”, instituindo uma série de
normas para a parceria entre o Estado e entidades sem fins lucrativos que
atenderem aos requisitos da legislação.

A legislação não extinguiu o regime jurídico das OS’s e das OSCIP’s,


passando a constituir uma terceira categoria de regime jurídico, que precisa ser
estudada adicionalmente.

A referida lei passou a prever 2 (dois) instrumentos de parceria:

TERMO DE Quando o projeto de trabalho


COLABORAÇÃO for de iniciativa do PODER
TERMO Quando o projeto de trabalho
DE for de iniciativa da

Tal como as demais entidades, as Organizações da Sociedade Civil


(OSC) são pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, que
prestam serviços de interesse público não privativos do Estado.

Algumas características relevantes:

a) OBRIGATORIEDADE DE CHAMAMENTO PÚBLICO: Excepcionando-


se as hipóteses de dispensa e inexigibilidade (art. 30 e 31), seleção das
entidades que firmarão com o Estado o termo de colaboração ou o
termo de fomento passam por um chamamento público, objetivando
assegurar o princípio da impessoalidade.

b) CONSELHO NACIONAL DE FOMENTO E COLABORAÇÃO: órgão


que pode ser criado, de composição paritária entre representantes
governamentais e organizações da sociedade civil, com a finalidade de
divulgar boas práticas e de propor e apoiar políticas e ações voltadas ao
fortalecimento das relações de fomento e de colaboração previstas
nesta Lei. (art. 15);

c) CONSELHO DE POLÍTICA PÚBLICA: órgão criado pelo poder público


para atuar como instância consultiva, na respectiva área de atuação, na
formulação, implementação, acompanhamento, monitoramento e
avaliação de políticas públicas. (art. 2º, IX). Tais conselhos poderão
apresentar propostas à administração pública para celebração de termo
de colaboração com organizações da sociedade civil. (art. 16, p.ú.)

d) PROCEDIMENTO PARA ABERTURA DO CHAMAMENTO PÚBLICO:


(i) Inicial: Procedimento de Manifestação de Interesse Social (art.
18 e seguintes), do qual que pode participar qualquer cidadão,
ou indicação do Conselho de Política Pública;

(ii) Elaboração do plano de trabalho (art. 22);

(iii) Realização externa do chamamento público com a: Publicação


de edital no site do órgão interessado (art. 26); Classificação
das propostas pela comissão de seleção (art. 28); Habilitação
da entidade (art. 24, §1º, VII); Encerramento e homologação
(art. 27, §4º).

e) Requisitos para celebração da parceria: art. 34;


QUESTÕES SOBRE O TEMA 02
(Organização Administrativa):

1. (2011/FGV) É correto afirmar que a desconcentração administrativa ocorre


quando um ente político:
a) cria, mediante lei, órgãos internos em sua própria estrutura para organizar a
gestão administrativa.
b) cria, por lei específica, uma nova pessoa jurídica de direito público para
auxiliar a administração pública direta.
c) autoriza a criação, por lei e por prazo indeterminado, de uma nova pessoa
jurídica de direito privado para auxiliar a administração pública.
d) contrata, mediante concessão de serviço público, por prazo determinado,
uma pessoa jurídica de direito público ou privado para desempenhar uma
atividade típica da administração pública.

2. (2008/CESPE) No que diz respeito à administração indireta, assinale a


opção incorreta.
a) Todas as entidades da administração indireta federal, sejam elas de direito
público ou de direito privado, estão sujeitas ao controle externo realizado pelo
Poder Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas da União.
b) As pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos
sujeitam-se à responsabilidade civil objetiva.
c) As entidades da administração indireta, incluindo-se as regidas por normas
de direito privado, têm legitimação ativa para propor ação civil pública.
d) As pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos
atuam com autonomia de vontade, sujeitando-se apenas a normas de direito
privado.

3. (2012/FGV) Quanto às pessoas jurídicas que compõem a Administração


Indireta, assinale a afirmativa correta.
a) As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei.
b) As autarquias são pessoas jurídicas de direito privado, autorizadas por lei.
c) As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito público, criadas por
lei.
d) As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, criadas para
o exercício de atividades típicas do Estado.

4. (2014/FGV) A ONG “Festivus”, uma associação de caráter assistencial,


qualificada como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
(OSCIP), celebrou Termo de Parceria com a União e dela recebeu R$
150.000,00 (cento e cinquenta mil reais) para execução de atividades de
interesse público. Uma revista de circulação nacional, entretanto, divulgou
denúncias de desvio de recursos e de utilização da associação como forma de
fraude.
Com base na hipótese apresentada, considerando a disciplina constitucional e
legal, assinale a afirmativa correta.
a) O Tribunal de Contas da União não tem competência para apurar eventual
irregularidade, uma vez que se trata de pessoa jurídica de direito privado, não
integrante da Administração Pública.
b) O Tribunal de Contas da União tem competência para apurar eventual
irregularidade praticada pela OSCIP, por se tratar de pessoa jurídica integrante
da administração indireta federal.
c) O Tribunal de Contas da União tem competência para apurar eventual
irregularidade praticada pela OSCIP, por se tratar de recursos públicos
federais.
d) O controle exercido sobre a utilização dos recursos repassados à OSCIP é
realizado apenas pela própria Administração e pelo Ministério Público Federal.

5. (2014/FGV) Numerosos professores, em recente reunião da categoria,


queixaram-se da falta de interesse dos alunos pela cultura nacional. O
Sindicato dos Professores de Colégios Particulares do Município X apresentou,
então, um plano para ampliar o acesso à cultura dos alunos com idade entre 10
e 18 anos, obter a qualificação de “Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público” (OSCIP) e celebrar um termo de parceria com a União, a fim
de unir esforços no sentido de promover a cultura nacional.
Considerando a proposta apresentada e a disciplina existente sobre o tema,
assinale a afirmativa correta.
a) O sindicato não pode se qualificar como Organização da Sociedade Civil de
Interesse Público, uma vez que tal qualificação, de origem doutrinária, não tem
amparo legal.
b) O sindicato não pode se qualificar como OSCIP, em virtude de vedação
expressa da lei federal sobre o tema.
c) O sindicato pode se qualificar como OSCIP, uma vez que é uma entidade
sem fins lucrativos e o objetivo pretendido é a promoção da cultura nacional.
d) O sindicato pode se qualificar como OSCIP, mas deve celebrar um contrato
de gestão e não um termo de parceria com o poder público.

6. (2011/FGV) A Lei 11.107, de 6 de abril de 2005, dispõe sobre normas gerais


para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratarem
consórcios públicos para a realização de objetivos de interesse comum. A
respeito do regime jurídico aplicável a tais consórcios públicos, assinale a
alternativa correta.
a) É vedada a celebração de contrato de consórcio público cujo valor seja
inferior a R$ 20.000.000,00 (vinte milhões) de reais.
b) Os consórcios públicos na área de saúde, em razão do regime de gestão
associada, são dispensados de obedecer aos princípios que regulam o Sistema
Único de Saúde.
c) É vedada a celebração de contrato de consórcio público para a prestação de
serviços cujo período seja inferior a 5 (cinco) anos.
d) A União somente participará de consórcios públicos em que também façam
parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios
consorciados.

7. (2014/FGV) A União celebrou protocolo de intenções com o Estado A e os


Municípios X, Y e Z do Estado B, todos em regiões de fronteira, para a
constituição de um consórcio público na área de segurança pública.
Considerando a disciplina legislativa acerca dos consórcios públicos, assinale a
afirmativa correta.
a) O consórcio público pode adquirir personalidade jurídica de direito público,
constituindo-se em uma associação pública.
b) O consórcio público representa uma comunhão de esforços, não adquirindo
personalidade jurídica própria.
c) A União não pode constituir consórcio do qual façam parte Municípios não
integrantes de Estado não conveniado.
d) O consórcio público adquire personalidade jurídica com a celebração do
protocolo de intenções.

8. (2014/FGV) No Estado X, foi constituída autarquia para a gestão do regime


próprio de previdência dos servidores estaduais. A lei de constituição da
entidade prevê a possibilidade de apresentação de recurso em face das
decisões da autarquia, a ser dirigido à Secretaria de Administração do Estado
(órgão ao qual a autarquia está vinculada).
Sobre a situação descrita, assinale a opção correta.
a) Não é possível a criação de autarquia para a gestão da previdência dos
servidores, uma vez que se trata de atividade típica da Administração Pública
b) Não cabe recurso hierárquico impróprio em face das decisões da autarquia,
uma vez que ela goza de autonomia técnica, administrativa e financeira
c) A previsão de recurso dirigido à Secretaria de Administração do Estado
(órgão ao qual a autarquia está vinculada) configura exemplo de recurso
hierárquico próprio.
d) São válidas tanto a constituição da autarquia para a gestão do regime
previdenciário quanto a previsão de cabimento do recurso ao órgão ao qual a
autarquia está vinculada.

9. (2014/FGV) O Estado ABCD, com vistas à interiorização e ao incremento


das atividades econômicas, constituiu empresa pública para implantar distritos
industriais, elaborar planos de ocupação e auxiliar empresas interessadas na
aquisição dessas áreas.
Considerando que esse objeto significa a exploração de atividade econômica
pelo Estado, assinale a afirmativa correta.
A) Não é possível a exploração de atividade econômica por pessoa jurídica
integrante da Administração direta ou indireta.
B) As pessoas jurídicas integrantes da Administração indireta não podem
explorar atividade econômica.
C) Dentre as figuras da Administração Pública indireta, apenas a autarquia
pode desempenhar atividade econômica, na qualidade de agência reguladora.
D) A constituição de empresa pública para exercer atividade econômica é
permitida quando necessária ao atendimento de relevante interesse coletivo.

10. (2013/FGV) Determinada entidade de formação profissional, integrante dos


chamados Serviços Sociais Autônomos (também conhecidos como “Sistema
S”), foi, recentemente, questionada sobre a realização de uma compra sem
prévia licitação. Assinale a alternativa que indica a razão do questionamento.
A) Tais entidades, vinculadas aos chamados serviços sociais autônomos,
integram a Administração Pública.
B) Tais entidades, apesar de não integrarem a Administração Pública, são
dotadas de personalidade jurídica de direito público.
C) Tais entidades desempenham, por concessão, serviço público de interesse
coletivo.
D) Tais entidades são custeadas, em parte, com contribuições compulsórias
cobradas sobre a folha de salário.

11. (2012/FGV) Quanto às pessoas jurídicas que compõem a Administração


Indireta, assinale a afirmativa correta.
A) As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei.
B) As autarquias são pessoas jurídicas de direito privado, autorizadas por lei.
C) As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito público, criadas por
lei.
D) As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, criadas para
o exercício de atividades típicas do Estado.

12. (2012/FGV) O Presidente da República, considerando necessária a


realização de diversas obras de infraestrutura, decide pela criação de uma
nova Sociedade de Economia Federal e envia projeto de lei para o Congresso
Nacional. Após a sua regular tramitação, o Congresso aprova a criação da
Companhia “X”.
Considerando a situação apresentada, assinale a afirmativa correta.
A) A Companhia “X” poderá editar os decretos de utilidade pública das áreas
que necessitam ser desapropriadas para consecução do objeto que justificou
sua criação.
B) A Companhia “X” está sujeita à licitação e à contratação de obras, serviços,
compras e alienações, observados os princípios da administração.
C) A Companhia “X” será necessariamente uma sociedade de propósito
específico (SPE) e a maioria do capital social deverá sempre pertencer à
União.
D) A Companhia “X” possui foro privilegiado e eventuais demandas judiciais
correrão perante a Justiça Federal.

13. (2011/FGV) A estruturação da Administração traz a presença, necessária,


de centros de competências denominados Órgãos Públicos ou, simplesmente,
Órgãos. Quanto a estes, é correto afirmar que
(A) possuem personalidade jurídica própria, respondendo diretamente por seus
atos.
(B) suas atuações são imputadas às pessoas jurídicas a que pertencem.
(C) não possuem cargos, apenas funções, e estas são criadas por atos
normativos do ocupante do respectivo órgão.
(D) não possuem cargos nem funções.

14. (2016/FGV) O Estado Alfa e os Municípios Beta e Gama, localizados


naquele Estado, celebraram protocolo de intenções para a constituição de
consórcio público para atuação na área de saneamento, dispondo que o
consórcio teria personalidade jurídica de direito público. No protocolo de
intenções está prevista a outorga de concessão, permissão e autorização de
serviços públicos pelo consórcio, além da possibilidade de promover
desapropriações e instituir servidões.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) O consórcio é ente desprovido de personalidade e, portanto, não é válida a
previsão contida no protocolo de intenções.
b) O consórcio em referência não poderá ser constituído sem a obrigatória
participação da União entre os seus consorciados.
c) Após a constituição do consórcio, poderá ele promover desapropriação, pois
prevista no protocolo, mas a declaração de utilidade pública não pode ser feita
pelo consórcio.
d) Com a assinatura do protocolo de intenções por todos os entes
participantes, estará constituído o consórcio em referência.

GABARITO
1. A / 2. D / 3. A / 4. C / 5. B / 6. D / 7. A / 8. D / 9. D / 10. D / 11. A / 12. B / 13.
B / 14. C
3. PODERES ADMINISTRATIVOS

USO E ABUSO DE PODER

Na atuação do Estado, a supremacia do interesse público justifica o


estabelecimento de poderes que vão além daqueles previstos ordinariamente
no direito comum. Há, então, um regime jurídico derrogador do direito comum,
estipulando poderes em favor do Estado (regime jurídico administrativo).

Deve-se observar que, apesar de se falar em “Poderes


Administrativos”, a doutrina entende que se trata de um poder-DEVER de
atuação. Como regra, tais poderes devem ser exercidos dentro de seus limites
e de maneira regular, sem a ocorrência de eventuais abusos.

O abuso de poder, regulado pela Lei 4.717/65 (Lei da Ação Popular)


ocorre em duas hipóteses:

EXCESSO DE Atuação fora


PODER das competências
DESVIO DE PODER Finalidade diversa
da prevista
normativamente

Na doutrina, encontramos os seguintes poderes administrativos:

PODER HIERÁRQUICO
PODER DISCIPLINAR
PODER
REGULAMENTAR
PODER DE POLÍCIA

DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO

Na atuação do gestor público, enquanto representante do Estado, as


decisões podem ser feitas de forma vinculada ou discricionária. Por esta
3
razão, fala-se em Poder Discricionário e Poder Vinculado.

O Poder Discricionário corresponde às hipóteses em que o gestor


público possui liberdade de escolha quanto ao motivo e ao objeto do ato
administrativo (análise de conveniência e oportunidade).

Essa faculdade é denominada pela doutrina de MÉRITO


ADMINISTRATIVO, sendo poder exclusivo da autoridade administrativa, sem
possibilidade de controle pelo Poder Judiciário como regra. Como já vimos no
primeiro capítulo, o Judiciário não analisa conveniência e oportunidade!!!
3
Existem alguns doutrinadores que entendem não se tratar de um verdadeiro poder, mas sim
de uma característica inerente ao ato administrativo.
Não esquecer que o Poder Judiciário NÃO REVOGA (análise de mérito
– conveniência e oportunidade) ato administrativo. O que ele pode fazer é
ANULAR (análise de legalide) o ato praticado com violação ao ordenamento
jurídico.

ATENÇÃO: A discricionariedade é conferida nos termos da lei. Caso o gestor


público, valendo-se da opção conferida pela lei, venha a praticar ato fora dos
limites estabelecidos, estará praticando arbitrariedade, que ocasiona a nulidade
do ato administrativo.

O Poder Vinculado (também chamado de Poder Regrado), por outro


lado, diz respeito às hipóteses em que não há qualquer escolha ao
administrador, devendo apenas fazer valer o disposto na lei, aplicando-a
integralmente. Todos os elementos do ato administrativos estão legalmente
previstos.

PODER HIERÁRQUICO

O Poder Hierárquico encontra fundamento na relação jurídica de


SUBORDINAÇÃO travada internamente entre órgãos e agentes na
Administração Pública. Não há tal poder no âmbito externo à pessoa jurídica,
inclusive de uma entidade da Administração direta em relação a uma entidade
da Administração indireta. Hierarquia = Subordinação!

Veja-se ainda que o poder hierárquico é exercido pelo chamado


“Recurso Administrativo Hierárquico”, que tem por finalidade levar a
discussão sobre determinado assunto de uma autoridade àquela superior.

A delegação e avocação são institutos relacionados ao Poder


Hierárquico, pois decorrem justamente da relação de subordinação existente
entre autoridades administrativas. (vide arts. 11 e seguintes da Lei 9.784/99)

a) DELEGAÇÃO: Ato de atribuição de competência a autoridade de


hierarquia inferior ou igual. Não pode ser objeto de delegação: (i)
a edição de atos de caráter normativo; (ii) a decisão de recursos
administrativos; (iii) as matérias de competência exclusiva do órgão
ou autoridade.

b) AVOCAÇÃO: Ato de chamar para si a competência de outra


autoridade de hierarquia inferior. É sempre excepcional e deve
ocorrer por motivos relevantes devidamente justificados.

PODER DISCIPLINAR

O Poder Disciplinar compreende a faculdade atribuída ao Estado de


aplicar penalidades em relações jurídicas ESPECIAIS (um cargo público, um
contrato administrativo firmado, um contrato de concessão etc.).
Tal poder permite à Administração Pública apurar infrações e aplicar
penalidades aos servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina
administrativa especial (ex: estudantes de escola pública contratados da
Administração).

ATENÇÃO: O poder disciplinar nem sempre decorre do poder hierárquico, já


que a doutrina moderna entende que a disciplina pode ser externa à
Administração Pública. (assunto cobrado na prova PGE-RN-2014)

Veja-se que é este também o elemento que diferencia o poder disciplinar do


poder de polícia.

PODER DISCIPLINAR = Sanção em qualquer relação jurídica de supremacia


especial (há vínculo entre o sancionado e a Administração Pública)

PODER DE POLÍCIA = Vínculo geral a que toda a população é submetida, ou


seja, uma relação de supremacia geral.

PODER REGULAMENTAR

O Poder Regulamentar diz respeito à possibilidade de criação de


NORMAS JURÍDICAS pelo Estado, através de instrumentos como: decretos,
instruções normativas, portarias etc.

Trata-se de ato normativo secundário (CF, art. 84, IV e VI) – pois não
cria direitos ou obrigações - e objetiva o detalhamento das disposições
legais, podendo sofrer controle político pelo Congresso Nacional (CF, art. 49,
V).

Para fins de prova, existem duas espécies de regulamento que devem


ser memorizadas:

Regulamento/Decre Editado para fiel execução de


to Executivo lei, não inovando no
ordenamento jurídico (CF, art.
Regulamento/Decre Inova no ordenamento
to Autônomo jurídico sem fundamento
direto na lei. Como regra,
não se admite no direito
brasileiro. Exceção

CUIDADO: O Regulamento/Decreto autônomo é polêmico, porém, para fins


de prova, admitir apenas e exclusivamente, de forma excepcional, a hipótese
do art. 84, inciso VI, da CF/88.
PODER DE POLÍCIA

O Poder de Polícia é a atividade do Estado, no âmbito meramente


administrativo, consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em
benefício do interesse público.

Encontra fundamento no art. 78 do Código Tributário Nacional (CTN).


O diploma tributário conceituar o poder de polícia, já que ele é um dos Fatos
Geradores para a cobrança da TAXA.

CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL (CTN):


Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que,
limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato
ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança,
à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização
do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31,
de 1966)

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando


desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com
observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como
discricionária, sem abuso ou desvio de poder.

Doutrinariamente, fala-se em dois sentidos do Poder de Polícia, uma


amplo (que compreende toda limitação proveniente do Estado – legislativa ou
administrativa) e uma mais restrita (apenas limitações decorrentes da função
administrativa), a qual é adotada como objeto do estudo.

SENTIDO AMPLO Limitações do Legislativo (leis) e


do Executivo
(normas e atividade material)
SENTIDO Limitações apenas do Executivo
ESTRITO
Um ponto fundamental é não confundir a Polícia Administrativa e a
Polícia Judiciária. As características distintivas principais podem ser assim
detalhadas:

POLÍCIA ADMINISTRATIVA POLÍTICA JUDICIÁRIA


Ilícito puramente administrativo Ilícito penal
Direito administrativo Direito processual penal
Competência repartida entre Competência da Polícia civil e militar
entes públicos

No que concerne à Polícia Administrativa, a doutrina elenca suas


características elementares (também chamados de atributos), as quais,
entretanto, são quase sempre excepcionadas e, por isso mesmo, são objeto de
críticas pela doutrina. São elas:

CARACTERÍSTICA CONCEITO CRÍTICA


DISCRICIONARIEDADE Haveria uma Existem situações
faculdade na prática em que o interesse
do ato de polícia público vincula a
atuação do agente
AUTOEXECUTORIEDA O ato de polícia é Existem situações
DE executado em que se exige
imediatamente, atuação judicial. Ex:
sem necessidade Execução de multa.
de recorrer ao
COERCIBILIDADE Judiciário
O ato é exigível Mesma crítica
de imediato do
ATIVIDADE NEGATIVA O ato seria limitação Existem hipóteses
de direitos que poderiam ser
obrigações de fazer.
Ex: determinação de
edificação
INDELEGABILIDADE À Não poderia Novo entendimento
PESSOA JURÍDICA DE ser delegado à do STJ abaixo.*
DIREITO PRIVADO PJ de direito

ATENÇÃO (MUITO, MUITO, MUITO IMPORTANTE!): Apesar de ser uma das


características do Poder de Polícia a sua indelegabilidade a pessoas
jurídicas de direito privado, entende o STJ que tal entendimento não pode
ser adotado de forma tão simplista.
Segundo o entendimento do STJ, o Poder de Polícia, como regra, realmente
não pode ser delegado a pessoas jurídicas de direito privado.
Entretanto, entende aquele tribunal que os atos de mera execução material
do Poder de Polícia (ex: mera execução) podem ser delegados.
Além disso, entende também que o Poder de Polícia se divide em 4 (quatro)
fases/ciclos, dentre os quais 2 (dois) podem ser delegados. Veja o quadro
abaixo.

CICLO/FASE CONCEITO DELEGAÇÃO


ORDEM Restrições e INDELEGÁV
condicionament EL
Consentimen Anuência de Delegável
to utilização de
propriedade ou
Fiscalização Medidas inibidoras Delegável
ou dissuasivas
SANÇÃO Aplicação INDELEGÁV
de EL
QUESTÕES SOBRE O TEMA 03
(Poderes Administrativos):

1. (2008/CESPE) No que se refere aos poderes dos administradores públicos,


assinale a opção correta.
a) O poder disciplinar caracteriza-se pela discricionariedade, podendo a
administração escolher entre punir e não punir a falta praticada pelo servidor.
b) Uma autarquia ou uma empresa pública estadual está ligada a um estado-
membro por uma relação de subordinação decorrente da hierarquia.
c) No exercício do poder regulamentar, a administração não pode criar direitos,
obrigações, proibições, medidas punitivas, devendo limitar-se a estabelecer
normas sobre a forma como a lei vai ser cumprida.
d) O poder de polícia somente pode ser exercido de maneira discricionária.

2. (2010/CESPE) Assinale a opção correta no que se refere à revogação dos


atos administrativos.
a) A revogação do ato administrativo produz efeitos ex tunc.
b) Atos vinculados não podem ser objeto de revogação.
c) A revogação pode atingir certidões e atestados.
d) Atos que gerarem direitos adquiridos poderão ser revogados.

3. (2014/FGV) José da Silva é o chefe do Departamento de Pessoal de uma


Secretaria de Estado. Recentemente, José da Silva avocou a análise de
determinada matéria, constante de processo administrativo inicialmente
distribuído a João de Souza, seu subordinado, ao perceber que a questão era
por demais complexa e não vinha sendo tratada com prioridade por aquele
servidor.
Ao assim agir, José da Silva fez uso
a) do poder hierárquico.
b) do poder disciplinar.
c) do poder discricionário.
d) da teoria dos motivos determinantes.

4. (2010/FGV) A doutrina costuma afirmar que certas prerrogativas postas à


Administração encerram verdadeiros poderes, que são irrenunciáveis e devem
ser exercidos sempre que o interesse público clamar. Por tal razão são
chamados poder-dever.
A esse respeito é correto afirmar que:
a) o poder regulamentar é amplo, e permite, sem controvérsias, a edição de
regulamentos autônomos e executórios.
b) o poder disciplinar importa à administração o dever de apurar infrações e
aplicar penalidades, mesmo não havendo legislação prévia.
c) o poder de polícia se coloca discricionário, conferindo ao administrador
ilimitada margem de opções quanto à sanção a ser, eventualmente, aplicada.
d) o poder hierárquico é inerente à ideia de verticalização administrativa, e
revela as possibilidades de controlar atividades, delegar competência, avocar
competências delegáveis e invalidar atos, dentre outros.

5. (2010/FGV) No âmbito do Poder discricionário da Administração Pública, não


se admite que o agente público administrativo exerça o Poder discricionário
a) quando estiver diante de conceitos legais e jurídicos parcialmente
indeterminados, que se tornam determinados à luz do caso concreto e à luz
das circunstâncias de fato.
b) quando estiver diante de conceitos legais e jurídicos técnico- científicos,
sendo, neste caso, limitado às escolhas técnicas, por óbvio possíveis.
c) quando estiver diante de conceitos valorativos estabelecidos pela lei, que
dependem de concretização pelas escolhas do agente, considerados o
momento histórico e social.
d) em situações em que a redação da Lei se encontra insatisfatória ou
ultrapassada.

6. (2013/FGV) Oscar é titular da propriedade de um terreno adjacente a uma


creche particular. Aproveitando a expansão econômica da localidade, decidiu
construir em seu terreno um grande galpão. Oscar iniciou as obras, sem
solicitar à prefeitura do município “X” a necessária licença para construir,
usando material de baixa qualidade. Ainda durante a construção, a diretora da
creche notou que a estrutura não apresentava solidez e corria o risco de
desabar sobre as crianças. Ao tomar conhecimento do fato, a prefeitura do
município “X” inspecionou o imóvel e constatou a gravidade da situação. Após
a devida notificação de Oscar, a estrutura foi demolida.
Assinale a afirmativa que indica o instituto do direito administrativo que autoriza
a atitude do município “X”.
a) Tombamento.
b) Poder de polícia.
c) Ocupação temporária.
d) Desapropriação.

7. (2010/FGV) O poder de polícia, conferindo a possibilidade de o Estado


limitar o exercício da liberdade ou das faculdades de proprietário, em prol do
interesse público
a) gera a possibilidade de cobrança, como contrapartida, de preço público.
b) se instrumentaliza sempre por meio de alvará de autorização.
c) afasta a razoabilidade, para atingir os seus objetivos maiores, em prol da
predominância do interesse público.
d) deve ser exercido nos limites da lei, gerando a possibilidade de cobrança de
taxa.

8. (2014/FGV) A Secretaria de Defesa do Meio Ambiente do Estado X lavrou


auto de infração, cominando multa no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais)
à empresa Explora, em razão da instalação de uma saída de esgoto
clandestina em uma lagoa naquele Estado.
A empresa não impugnou o auto de infração lavrado e não pagou a multa
aplicada.
Considerando o exposto, assinale a afirmativa correta.
a) A aplicação de penalidade representa exercício do poder disciplinar e
autoriza a apreensão de bens para a quitação da dívida, em razão da
executoriedade do ato.
b) A aplicação de penalidade representa exercício do poder de polícia e
autoriza a apreensão de bens para a quitação da dívida, em razão da
executoriedade do ato.
c) A aplicação de penalidade representa exercício do poder disciplinar, mas
não autoriza a apreensão de bens para a quitação da dívida.
d) A aplicação de penalidade representa exercício do poder de polícia, mas não
autoriza a apreensão de bens para a quitação da dívida.

9. (2013/FGV) Atendendo a uma série de denúncias feitas por particulares, a


Delegacia de Defesa do Consumidor (DECON) deflagra uma operação,
visando a apurar as condições dos alimentos fornecidos em restaurantes da
região central da capital. Logo na primeira inspeção, os fiscais constataram que
o estoque de um restaurante tinha produtos com a validade vencida. Na
inspeção das instalações da cozinha, apuraram que o espaço não tinha
condições sanitárias mínimas para o manejo de alimentos e o preparo de
refeições. Os produtos vencidos foram apreendidos e o estabelecimento foi
interditado, sem qualquer decisão prévia do Poder Judiciário.
Assinale a alternativa que indica o atributo do poder de polícia que justifica as
medidas tomadas pela DECON.
a) Coercibilidade.
b) Inexigibilidade.
c) Autoexecutoriedade.
d) Discricionariedade.

10. (2014/FGV) A Secretaria de Defesa do Meio Ambiente do Estado X lavrou


auto de infração, cominando multa no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais)
à empresa Explora, em razão da instalação de uma saída de esgoto
clandestina em uma lagoa naquele Estado.
A empresa não impugnou o auto de infração lavrado e não pagou a multa
aplicada.
Considerando o exposto, assinale a afirmativa correta.
A) A aplicação de penalidade representa exercício do poder disciplinar e
autoriza a apreensão de bens para a quitação da dívida, em razão da
executoriedade do ato.
B) A aplicação de penalidade representa exercício do poder de polícia e
autoriza a apreensão de bens para a quitação da dívida, em razão da
executoriedade do ato.
C) A aplicação de penalidade representa exercício do poder disciplinar, mas
não autoriza a apreensão de bens para a quitação da dívida.
D) A aplicação de penalidade representa exercício do poder de polícia, mas
não autoriza a apreensão de bens para a quitação da dívida.

11. (2013/FGV) Oscar é titular da propriedade de um terreno adjacente a uma


creche particular. Aproveitando a expansão econômica da localidade, decidiu
construir em seu terreno um grande galpão. Oscar iniciou as obras, sem
solicitar à prefeitura do município “X” a necessária licença para construir,
usando material de baixa qualidade. Ainda durante a construção, a diretora da
creche notou que a estrutura não apresentava solidez e corria o risco de
desabar sobre as crianças. Ao tomar conhecimento do fato, a prefeitura do
município “X” inspecionou o imóvel e constatou a gravidade da situação.
Após a devida notificação de Oscar, a estrutura foi demolida.
Assinale a afirmativa que indica o instituto do direito administrativo que autoriza
a atitude do município “X”.
A) Tombamento.
B) Poder de polícia.
C) Ocupação temporária.
D) Desapropriação.

12. (2012/FGV) É correto afirmar que o poder de polícia, conferindo a


possibilidade de o Estado limitar o exercício da liberdade ou das faculdades de
proprietário, em prol do interesse público,
A) gera a possibilidade de cobrança de preço público.
B) se instrumentaliza sempre, e apenas, por meio de alvará de autorização.
C) para atingir os seus objetivos maiores, afasta a razoabilidade, em prol da
predominância do interesse público.
D) deve ser exercido nos limites da lei, gerando a possibilidade de cobrança de
taxa.

GABARITO:
1. C / 2. B / 3. A / 4. D / 5. D / 6. B / 7. D / 8. D / 9. C / 10. D / 11. B / 12. D
4. RESPONSABILIDADE CIVIL EXTRACONTRATUAL

A responsabilidade civil extracontratual envolve situações em que o


Estado é chamado a reparar danos de natureza cível cometidos em geral
pela sua atuação.

Aqui, não há regramento contratual (ou por outro vínculo especial) a


definir a solução de reparação, motivo pelo qual se aplica, como regra, o
regime jurídico constitucional de responsabilidade.

Antes, entretanto, é preciso compreender as teorias que antecederam o


regramento jurídico atual (podem ser objeto de cobrança em prova!!!).

EVOLUÇÃO HISTÓRICA E REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO

A) Teoria da irresponsabilidade (Le roi ne peut mal faire; the king


can do no wrong): Em um primeiro momento, o Estado não poderia
ser chamado a responder pelos seus atos, uma vez que o Rei,
representante da vontade divina, não poderia vir a praticar atos
equívocos. Esta fase decorre da soberania como subordinação
incontestável dos súditos, marca do Estado Absolutista.

B) Teorias civilistas: Com a decaída do Estado Absolutista e o advento


do Estado de Direito, sobrevieram teorias civilistas aceitando a
responsabilidade extracontratual. Estas teorias se enquadram na
categoria de civilistas por exigirem a análise do elemento dolo ou
culpa.

Teoria dos atos de impérios e de gestão: Em um primeiro momento,


admitia-se a responsabilidade apenas nos atos de gestão, ou seja, naquelas
atos em que a Administração Pública praticava na condição de particular,
igualando-se no seu regime jurídico. Quando praticava, porém, atos de
império, não poderia ser chamado a responder.

Teoria da culpa civil ou da responsabilidade subjetiva: A teoria anterior


também não foi satisfatória. Assim, passou-se à responsabilidade subjetiva,
também chamada de teoria da culpa civil, através da qual, para responsabilizar
o Estado, haveria necessidade de comprovação do dolo ou culpa do agente,
com base no CCB de 1916.

C) Teorias publicistas: As teorias tradicionais civilistas também não se


mostraram satisfatórias. É que a quantidade de Poderes
Administrativos estabelecidos em favor do Estado exigir um regime
jurídico de responsabilidade mais intenso do que o meramente
subjetivo/civilista/particular. Por isso, começaram a surgir as teorias
publicistas:
Teoria da culpa administrativa, culpa do serviço ou culpa anônima: Por
meio desta teoria, a responsabilização do Estado seria possível, bastando
apenas que o lesado demonstrasse que: (i) o serviço não funcionou; (ii) o
serviço funcionou mal; ou (iii) o serviço funcionou atrasado ou funcionou
mal (faute du service).

Teoria do risco administrativo ou teoria da responsabilidade objetiva:


Esta teoria foi a adotada, como regra, no direito brasileiro e se aplica tanto para
o Estado, como também para concessionários e permissionários de serviço
público, enquanto prestador do serviço. Consta expressamente do art. 37, §6º,
da Constituição. Através dela, basta à vítima demonstrar 3 (três) elementos
para configurar a responsabilidade do Estado, quais sejam: a) conduta; b)
dano; e c) nexo de causalidade. Não há necessidade de perquirir sobre dolo
ou culpa.

Teoria do risco integral: Nesta teoria, utilizada para casos excepcionais, a


responsabilidade do Estado se dá de forma direta, sem possibilidade sequer de
alegação de excludentes. No direito brasileiro, existe apenas nas hipóteses
previstas expressamente no Texto Constitucional, a exemplo da
responsabilidade por dano nuclear (CF/88, art. 21, XXIII) e dano ao meio
ambiente (CF/88, art. 226, 3).

REGIME JURÍDICO ATUAL

A) Teorias adotadas

O regramento jurídico atual quanto à responsabilidade civil


extracontratual do Estado abrange as 3 (três) teorias publicistas, havendo 1
(uma) regra geral e 2 (duas) exceções, que deverão ser analisados caso a
caso:

Art. 37 [...]
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
prestadoras de serviços responderãoprivado
pelos danos que
públicos
agente nessa qualidade, causarem seus a assegurado o direito
s,
regresso terceiros,
contra o responsável nos casos de dolo de
ou culpa.

 REGRA GERAL (Teoria do Risco Administrativo): Aplicação da teoria


do risco administrativo ou teoria da responsabilidade administrativa, por
força do art. 37, §6º, da CF/88. Não é necessário perquirir acerca do
DOLO ou da CULPA, bastando ao administrado a comprovação dos 3
(três) elementos básicos: i) conduta; ii) nexo de causalidade; iii) dano.
Ressalte-se que esta regra geral não é novidade da Constituição de
1988, tendo sido inserida por previsão na Constituição de 1946. Trata-se de
uma forma de garantir um regime jurídico mais prudente da Administração
Púlica em face das suas diversas prerrogativas.

Apesar de não ser necessária a análise da presença do dolo ou culpa, o


Estado pode alegar excludentes de responsabilidade em sua defesa, a
exemplo da ocorrência de força maior, caso fortuito, culpa exclusiva da
vítima, culpa de terceiro etc. Nestes casos, ocorrerá o rompimento do nexo
de causalidade, afastando a responsabilidade do Estado.

A despeito da possibilidade da alegação de causas excludentes de


responsabilidade, há também uma hipótese em que a responsabilidade é
dividida entre os envolvidos: CULPA CONCORRENTE.

Nesta hipótese (culpa concorrente), a responsabilidade será dividida


entre os envolvidos, diminuindo-se a indenização a ser paga pelo Estado.

(i) CONDUTA: Exige-se a uma ação do agente público que atue


nesta qualidade ao causar o dano. Esta conduta pode advir tanto
de atos ILÍCITOS como também de atos ILÍCITOS, desde que
preenchidos os requisitos acima mencionados. No entanto, para
responsabilização em virtude de atos LÍCITOS, exige-se a
demonstração de um dano ANORMAL e ESPECÍFICO
demonstrado pela vítima.

O fundamento para a responsabilidade do Estado em virtude de atos


LÍCITOS é apontado pela doutrina como sendo o princípio da isonomia.
Entendem que, se toda a sociedade irá se beneficiar do ato praticado pelo
Estado como regra (ex: obra pública que prejudica um empreendimento
próximo com sua desvalorização), não pode haver prejuízo de um grupo
minoritário.

ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO E JURISPRUDENCIAL: Segundo a doutrina


e jurisprudência, a conduta deve ser praticada por um agente público que
esteja agindo nesta qualidade. No entanto, quando este agente, mesmo fora de
horário de expediente ou da repartição, se utilize da qualidade de agente,
tendo aparência de Estado, a responsabilidade extracontratual deve ser
estabelecida. (teoria da aparência)
Ex: Policial militar, fora do horário de expediente, atira em um civil com a
arma da corporação. O Estado deverá responder!

(ii) NEXO DE CAUSALIDADE: o direito brasileiro adotou a teoria da


causalidade adequada, ou seja, o ato praticado pelo agente
público deve ser necessário e suficiente à ocorrência do dano.
Assim, caso o dano advenha da atitude de terceiros e o agente
apenas tenha contribuindo de forma indireta, não haverá
responsabilidade do Estado.
(ii) DANO: O dano causado ao particular pode ser um dano material
e/ou moral (sim, o Estado responde também por dano moral,
conforme pacificado pela doutrina e jurisprudência). Ressalte-se
que o mero aborrecimento não causa o dever de indenizar,
devendo ser comprovado o real prejuízo aferível em face do
administrado.

 EXCEÇÃO 1 (Teoria da Culpa Administrativa, Culpa do Serviço ou


Culpa Anônima): Em casos de OMISSÃO, aplica-se a teoria da culpa
administrativa, culpa do serviço ou culpa anônima (faute du
service), devendo ser demonstrado: i) que o serviço funcionou mal; ii)
que o serviço funcinou atrasado; ou iii) que o serviço não funcinou.

Hipótese típica desta exceção é a omissão no atendimento de serviços


públicos, como em hospitais. A obrigação de indenizar exsurge quando
comprovada a culpa, através de um dos 3 (três) elementos acima
mencionados. Por isso se diz que esta teoria é também uma espécie de teoria
da responsabilidade subjetiva, na modalidade de culpa anônima.

ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL E DOUTRINÁRIO: Entende a doutrina


e jurisprudência, no entanto, que, caso o Estado assuma a posição de
garantidor de um patrimônio jurídico (ex: aluno, preso etc.), mesmo em caso de
omissão, a responsabilidade a ser seguida é a objetiva, pelo risco
administrativo.

Este entendimento resultou no que a doutrina chama de “teoria do risco


assumido” ou “teoria do risco suscitado”. Neste caso, não há que se falar
sequer em caso fortuito interno, já que o Estado assumiu o risco.

Em caso de inobservância de seu dever específico de proteção previsto no art.


5º, inciso XLIX, da CF/88, o Estado é responsável pela morte de detento. (STF.
Plenário. RE 841526/RS)

 EXCEÇÃO 2 (Teoria do Risco Integral): Nos casos estabelecidos pela


Constituição de 1988, aplica-se a teoria do risco integral, sem
possibilidade de alegação de excludentes de responsabilidade, a
exemplo da responsabilidade por dano nuclear (CF/88, art. 21, XXIII) e
dano ao meio ambiente (CF/88, art. 226, 3).

B) Responsabilidade dos delegatários de serviço público

O art. 37, §6º, da CF/88 estabelece a responsabilidade objetiva por atos


praticados tanto por pessoas jurídicas de direito público, como também por
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos.
ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL: Nesta hipótese, entendeu o STF que
a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de
serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não-usuários
do serviço (entendimento do STF – RE 591874/MS).

Quanto à responsabilidade do Poder Concedente (Administração Pública


que delega o serviço à concessionária ou permissionária), esta só deve existir
de forma SUBSIDIÁRIA. Neste caso, o entendimento do STJ é que a
prescrição só flui a partir da falência da empresa delegatária.

RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA.


PODER CONCEDENTE. CABIMENTO. PRESCRIÇÃO. NÃO
1 Há responsabilidade subsidiária do Poder Concedente, em
. situações
em que o concessionário não possuir meios de arcar com a indenização
pelos prejuízos a que deu causa. Precedentes.
2. No que tange à alegada ofensa ao art. 1º, do Decreto 20.910/32, mostra-
se improcedente a tese de contagem da prescrição desde o evento danoso,
vez que os autos revelam que a demanda foi originalmente intentada em face
da empresa concessionária do serviço público, no tempo e no modo devidos,
sendo que a pretensão de responsabilidade subsidiária do Estado somente
surgira no momento em que a referida empresa tornou-se insolvente para a
recomposição do dano.
3. Em apreço ao princípio da actio nata que informa o regime jurídico
prescrição (art. 189, do há de se reconhecer que o termo a quo
CC),
lapso prescricional somente do teve início no momento em que
se configurou o fato gerador da responsabilidade subsidiária
Concedente, in casu, a falência da empresa concessionária, sob pena
de
esvaziamento da garantia de responsabilidade civil do Estado nos
casos de incapacidade econômica das empresas delegatárias de
serviço público.
4. Recurso especial não provido. (STJ, REsp 1135927/MG)

C) Prescrição

A prescrição em favor da Fazenda Pública sempre foi prevista no


Decreto n.º 20.910/32 e posteriormente pela Lei 9.494/97, com modificação
introduzida pela MP 2.180-35/2001. O prazo é de 5 (cinco) anos, não se
aplicando o prazo de 3 (três) anos do Código Civil (art. 206, §3º, V), uma vez
que se trata de lei especial. (vide REsp 1251993/PR, em procedimento de
repetitivos).

D) Ação regressiva

Ressalte-se que, apesar da responsabilidade ser objetiva, a


Administração Pública, após ser eventualmente condenada, poderá mover
ação de regresso em face do agente causador do dano. Nesta hipótese,
aplica-se o regime jurídico de direito comum, sendo necessária a aferição do
DOLO ou CULPA (responsabilidade subjetiva).
Muito se discute se a ação de ressarcimento contra agentes públicos se
submete a prazo prescricional, dada a redação do art. 37, §5º, da CF/88.
Todavia, o STF entendeu que ilícitos civis se submetem ao prazo prescricional
de 3 (três) anos do Código Civil, sendo imprescrivíel o ressarcimento apenas
em ações de improbidade administrativa e outras de natureza penal. (INFO
813-STF)

ATENÇÃO: É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública


decorrente de ilícito civil.
Dito de outro modo, se o Poder Público sofreu um dano ao erário decorrente de
um ilícito civil e deseja ser ressarcido, ele deverá ajuizar a ação no prazo
prescricional previsto em lei.
Vale ressaltar, entretanto, que essa tese não alcança prejuízos que
decorram de ato de improbidade administrativa que, até o momento,
continuam sendo considerados imprescritíveis (art. 37, § 5º). STF.
Plenário. RE 669069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 3/2/2016
(repercussão geral) (Info 813).

RESPONSABILIDADE POR ATOS LEGISLATIVOS

O regramento dito no tópico anterior se aplica aos atos praticados no


exercício da função administrativa. No âmbito da função legislativa, aplica-
se, como regra, a teoria da irresponsabilidade, ou seja, o Estado não
responde por danos causados em virtude de leis.

A jurisprudência e doutrina, por outro lado, admite a responsabilização


por atos legislativos nas seguintes hipóteses:

LEIS INCONSTITUCIONAIS Leis declaradas inconstitucionais pelo STF em sede


de controle CONCENTRADO podem ensejar
responsabilização do ente estatal.
(EXIGE-SE COMPROVAÇÃO DE DANO DIRETO)
LEIS DE EFEITO CONCRETO Se uma lei for editada com efeito concreto,
(Lei apenas em sentido formal) sem generalidade e abstração, será possível a
responsabilização, já que não será lei em
sentido material, mas apenas em sentido
formal
RESPONSABILIDADE POR ATOS JURISDICIONAIS

Da mesma maneira que os atos legislativos, os atos jurisdicionais


também não ensejam, como regra, a responsabilidade do Estado. Assim, se
um magistrado, por exemplo, pratica um ato que causa dano ao seu
destinatário, o Estado não poder ser responsabilizado (teoria da
irresponsabilidade).

Encontram-se alguns argumentos em favor da responsabilidade por atos


jurisidicionais no caso de ERRO JUDICIÁRIO (CF, art. 5º, inciso LXXV), bem
como uma divergência doutrinária quanto ao caso de preso além do tempo
fixado em sentença (CF, art. 5º, inciso LXXV) e nas hipóteses de dolo ou
fraude do magistrado (CPC, art. 133, inciso I).

ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO: Segundo a doutrina, a responsabilidade por


preso além do tempo fixado na sentença (CF, art. 5º, LXXV) decorre de ato
administrativo e não jurisdicional.
Ainda, a hipótese do CPC, art. 133, inciso I, segundo a doutrina, seria de
responsabilidade pessoal do magistrado e não do Estado, não se
enquadrando, portanto, como exceção.
Para fins de prova discursiva, cabe ressaltar as hipóteses e mencionar a
tendência a considerar apenas o ERRO JUDICIÁRIO como exceção à regra
geral.
QUESTÕES SOBRE O TEMA 04
(Responsabilidade Extracontratual do Estado):

1. (2012/FGV) Sílvio, servidor público, durante uma diligência com carro oficial
do Estado X para o qual trabalha, se envolve em acidente de trânsito, por sua
culpa, atingindo o carro de João.
Considerando a situação acima e a evolução do entendimento sobre o tema,
assinale a afirmativa correta.
A) João deverá demandar Sílvio ou o Estado X, à sua escolha, porém, caso
opte por demandar Sílvio, terá que comprovar a sua culpa, ao passo que o
Estado responde
independentemente dela.
B) João poderá demandar Sílvio ou o Estado X, à sua escolha, porém, caso
opte por demandar Sílvio, presumir‐se‐á sua culpa, ao passo que o Estado
responde independentemente dela.
C) João poderá demandar apenas o Estado X, já que Sílvio estava em serviço
quando da colisão e, por isso, a responsabilidade objetiva é do Estado, que
terá direito de regresso contra Sílvio, em caso de culpa.
D) João terá que demandar Sílvio e o Estado X, já que este último só responde
caso comprovada a culpa de Sílvio, que, no entanto, será presumida por ser
ele servidor do
Estado (responsabilidade objetiva).

2. (2012/FGV) Ambulância do Corpo de Bombeiros envolveu-se em acidente


de trânsito com automóvel dirigido por particular, que trafegava na mão
contrária de direção. No acidente, o motorista do automóvel sofreu grave lesão,
comprometendo a mobilidade de um dos membros superiores. Nesse caso, é
correto afirmar que
(A) existe responsabilidade objetiva do Estado em decorrência da prática de
ato ilícito, pois há nexo causal entre o dano sofrido pelo particular e a conduta
do agente público.
(B) não haverá o dever de indenizar se ficar configurada a culpa exclusiva da
vítima, que dirigia na contramão, excluindo a responsabilidade do Estado.
(C) não se cogita de responsabilidade objetiva do Estado porque não houve a
chamada culpa ou falha do serviço. E, de todo modo, a indenização do
particular, se cabível, ficaria restrita aos danos materiais, pois o Estado não
responde por danos morais.
(D) está plenamente caracterizada a responsabilidade civil do Estado, que se
fundamenta na teoria do risco integral.

3. (2011/FGV) Tendo o agente público atuado nesta qualidade e dado causa a


dano a terceiro, por dolo ou culpa, vindo a administração a ser condenada, terá
esta o direito de regresso.
A respeito da ação regressiva, é correto afirmar que
(A) em regra deve ser exercida, sob pena de afronta ao princípio da
indisponibilidade.
(B) o prazo prescricional tem início a contar do fato que gerou a ação
indenizatória contra a Administração.
(C) a prescrição será decenal, com base na regra geral da legislação civil.
(D) o prazo prescricional será o mesmo constante da esfera penal para o tipo
criminal correspondente.

4. (FGV/2016) A fim de pegar um atalho em seu caminho para o trabalho,


Maria atravessa uma área em obras, que está interditada pela empresa
contratada pelo Município para a reforma de um viaduto. Entretanto, por
desatenção de um dos funcionários que trabalhava no local naquele momento,
um bloco de concreto se desprendeu da estrutura principal e atingiu o pé de
Maria. Nesse caso,
A) a empresa contratada e o Município respondem solidariamente, com base
na teoria do risco integral.
B) a ação de Maria, ao burlar a interdição da área, exclui o nexo de
causalidade entre a obra e o dano, afastando a responsabilidade da empresa e
do Município.
C) a empresa contratada e o Município respondem de forma atenuada pelos
danos causados, tendo em vista a culpa concorrente da vítima.
D) a empresa contratada responde de forma objetiva, mas a responsabilidade
do Município demanda comprovação de culpa na ausência de fiscalização da
obra.

5. (2016/FGV) José, acusado por estupro de menores, foi condenado e preso


em decorrência da execução de sentença penal transitada em julgado. Logo
após seu recolhimento ao estabelecimento prisional, porém, foi assassinado
por um colega de cela.
Acerca da responsabilidade civil do Estado pelo fato ocorrido no
estabelecimento prisional, assinale a afirmativa correta.
a) Não estão presentes os elementos configuradores da responsabilidade civil
do Estado, porque está presente o fato exclusivo de terceiro, que rompe o nexo
de causalidade, independentemente da possibilidade de o Estado atuar para
evitar o dano.
b) Não estão presentes os elementos configuradores da responsabilidade civil
do Estado, porque não existe a causalidade necessária entre a conduta de
agentes do Estado e o dano ocorrido no estabelecimento estatal.
c) Estão presentes os elementos configuradores da responsabilidade civil do
Estado, porque o ordenamento jurídico brasileiro adota, na matéria, a teoria do
risco integral.
d) Estão presentes os elementos configuradores da responsabilidade civil do
Estado, porque o poder público tem o dever jurídico de proteger as pessoas
submetidas à custódia de seus agentes e estabelecimentos.

6. (2016/FGV) Caio, policial militar do Estado X, abalroou, com sua viatura, um


veículo particular estacionado em local permitido, durante uma perseguição.
Júlio, proprietário do veículo atingido, ingressou com demanda indenizatória em
face do Estado. A sentença de procedência reconheceu a responsabilidade
civil objetiva do Estado, independentemente de se perquirir a culpa do agente.
Nesse caso,
a) não pode o Estado ingressar com ação de regresso em face do policial
militar, eis que atuava, no momento do acidente, na condição de agente
público.
b) pode o Estado ingressar com ação de regresso em face do policial militar,
devendo o ente público demonstrar a existência de dolo do agente.
c) pode o Estado ingressar com ação de regresso em face do policial militar,
devendo o ente público demonstrar a existência de culpa ou dolo do agente.
d) não pode o Estado ingressar com ação de regresso em face do agente
público, uma vez que o Estado não foi condenado com base na culpa ou dolo
do agente.

GABARITO
1–C/2–B/3–A/4–C/5–D/6-C
5. ATOS ADMINISTRATIVOS

CONCEITO

O estudo dos atos administrativos envolve certa dose de compreensão


do regime jurídico-administrativo e um pouco de memorização, motivo pelo
qual se faz importante estudar este tópico com bastante atenção, dando
preferência para elaboração de mapas mentais e anotações. Para se chegar ao
conceito de ato administrativo é preciso primeiramente relembrar alguns
institutos jurídicos que estão em volta.

Um fato é considerado como qualquer acontecimento, seja decorrente


da natureza, seja de um ato humano. Este fato pode ser de natureza jurídica
ou não a depender de sua repercussão para o mundo jurídico. Sendo relevante
ao mundo jurídico e constituindo-se, então, como fato jurídico, tem-se também
duas espécies: o fato jurídico strictu sensu (decorrente da natureza) e o ato
jurídico (decorrente de atuação humana).

FATO Qualquer
acontecimento
FATO JURÍDICO Repercute no mundo
jurídico (pode ser strictu
sensu ou ato jurídico).
FATO JURÍDICO STRICTU Decorrente da natureza
ATOSENSU
JURÍDICO Decorrente da atuação
humana
A partir destes conceitos, vê-se que os atos administrativos se
enquadram como atos jurídicos, pois decorrentes de atos praticados pelo
homem. Eventos da natureza que por ventura tenham repercussão para o
direito administrativo serão denominados de fatos administrativos.

Os atos administrativos são conceituados como atos praticados pela


Administração Pública ou por quem lhe faça as vezes (ex:
concessionárias/permissionárias), no exercício da função administrativa, sob
regime jurídico administrativo (prerrogativas e sujeições), manifestando
unilateralmente a vontade do Poder Público (exclui contratos e convênios).

A doutrina, por outro lado, diferencia os atos administrativos dos atos


da Administração. Entendem que os atos da Administração compreendem
qualquer ato, com regime jurídico de direito público ou privado, praticado pela
Administração Pública (ex: ato administrativo, ato político ou de governo, atos
privados, os atos de mera execução material etc.). Assim, pode-se dizer que os
atos da Administração compreendem o gênero do qual os atos
administrativos são apenas uma espécie.
ATOS DA ADMINISTRAÇÃO = Qualquer ato praticado pelo Estado (privados
ou administrativos)

ATOS ADMINISTRATIVOS = apenas aqueles praticados com regime jurídico


administrativo (relação de supremacia)

a) REQUISITOS E ATRIBUTOS

A) REQUISITOS do Ato Administrativo

Os atos administrativos, para assim serem considerados, necessitam


do preenchimento de 5 (cinco) requisitos, também chamados de elementos,
indicados pela doutrina e pela jurisprudência. São eles: competência,
finalidade, forma, motivo e objeto (Regrinha: CO.FI.FO.M.OB). Vejamos
cada um deles.

 COMPETÊNCIA: A competência corresponde à atribuição de um plexo


de atividades, por meio de lei, a uma pessoa com qualidade jurídica para
tanto. São características da competência apontadas pela doutrina:

PODER DEVER Não há faculdade, mas imposição


IMPRESCRITÍVEL Não desaparece por inércia do
IMPRORROGÁVEL agente
Não se transfere a alguém que
reiteradamente pratique o ato
sem competência
IMODIFICÁVE Não pode ser objeto de
L/ transação pelo
INDISPONÍVE
IRRENUNCIÁVEL agente
Impassível de renúncia (o que
não prejudica a delegação ou
avocação)
Ainda sobre competência, dois conceitos estão estritamente interligados:
delegação e avocação.

A delegação corresponde à extensão temporária da competência a


outro agente público de hierarquia igual ou inferior, sem que haja renúncia,
para a prática de atos dentro de um círculo de competência pré-definida; (ver
arts. 11 e seguintes da Lei 9.784/99).

Não podem ser objeto de delegação: (Lei 9.784/99, art. 13)

(i) a edição de atos de caráter normativo;


(ii) a decisão de recursos administrativos;
(iii) as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
A avocação se dá quando a autoridade superior chama competência da
autoridade inferior de forma excepcional (Lei 9.784/99, art. 15). Diferente da
delegação, não pode ocorrer entre autoridades de mesma hierarquia, também
não sendo possível quando se tratar de competência exclusiva.

 FINALIDADE: A finalidade é aquilo que se busca com a prática do ato.


A finalidade pode ser compreendida de forma genérica (interesse
público) e específica (objetivo imediato = Ex: Construção de uma
escola). A prática do ato com desvio de finalidade caracteriza abuso de
poder e, como regra, a nulidade do ato administrativo.

 FORMA: A forma nada mais é do que a exteriorização do ato, nos


moldes determinado por lei. (Lei 9.784/99, art. 22). A doutrina, neste
aspecto, aponta a existência de dois princípios importantes: princípio da
solenidade e princípio da instrumentalidade das formas.

PRINCÍPIO DA Em regra, o ato administrativo é


SOLENIDADE praticado de forma solene, por escrito
(Lei 9.784, art. 22, 1)
PRINCÍPIO DA Quando o vício de forma for sanável e
INSTRUMENTALIDADE não causar prejuízo à Administração ou a
DAS FORMAS terceiros, deve ser mantido, sem
declaração de nulidade

 MOTIVO: O motivo corresponde às razões de fato e de direito da


prática do ato. Este requisito do ato administrativo possui algumas
diferenciações reiteradamente exigida nas questões. Há que se
diferenciar motivo de: motivação, móvel e motivação aliunde.

MOTIVO Pressuposto de fato e de


direito (requisito)
MOTIVAÇÃO Exposição do motivo
MÓVEL Real intenção do agente
MOTIVAÇÃO ALIUNDE Quando o motivo se remete a
fundamentos e outro ato
administrativo antecedente
(ex: parecer) - Vide art. 50, 1,
da Lei 9.784/99.

Importante observar que todo ato administrativo possui motivo


(elemento/requisito do ato administrativo). Porém, nem todos os atos
administrativos necessitam de motivação (exposição dos motivos, por
exemplo, via imprensa oficial).

Contudo, a doutrina aponta que, caso a autoridade não seja obrigada a


dar motivação (exposição) a um ato administrativo, porém mesmo assim ela o
motive por vontade prova, estará vinculada aos motivos expostos. É o que a
doutrina denominada de teoria dos motivos determinantes.

Ex: Um servidor poderia ser removido no interesse da Administração Pública,


sem maiores motivos. Porém, o Chefe da repartição, na portaria de remoção,
declara que está movendo o servidor porque, na unidade de destino, está
faltando servidor. Essa declaração deve ser verdadeira, sob pena de o
servidor, achando-se prejudicado, obter a sua anulação.

 OBJETO: Por fim, tem-se o objeto como sendo aquilo que o ato atinge
com sua disposição, ou seja, aquilo que se objetiva afetar com a sua
prática: a decisão contida no ato administrativo. Para ser válido,
necessita ser: lícito, possível, determinado ou determinável.

B) ATRIBUTOS do Ato Administrativo

Ponto fundamental neste tema é não confundir REQUISITOS e


ATRIBUTOS do ato administrativo!!! Os requisitos são aspectos que não
podem deixar de existir para formar o ato. Os atributos, porém, são
consequências, ou seja, são aspectos posteriores à formação do ato
administrativo (o ato já se encontra formado e agora se analisa os seus
atributos).

Os ATRIBUTOS nada mais são do que prerrogativas do Poder Público


na sua atuação, decorrentes do princípio da supremacia do interesse
público. Dividem-se em:

L LEGITIMIDADE
E EXIGIBILIDADE
I IMPERATIVIDADE
T TIPICIDADE
E EXECUTORIEDA
DE
 LEGITIMIDADE: Pela legitimidade, os atos administrativos são
considerados legítimos (legais e verídicos) até prova em contrário
(presunção relativa - juris tantum). Divide-se em: (i) presunção de
veracidade (veracidade do fato) e (ii) presunção de legalidade
(compatibilidade jurídica).

 EXIGIBILIDADE: Através da exigibilidade - também denominada


doutrinariamente de coercibilidade -, tem-se que o ato se torna
imediatamente coercível frente o particular. Diz respeito
exclusivamente à prerrogativa de ser unilateralmente coercível direta
ou indiretamente, embora possa não ser executável (ex: multa de
trânsito; multas aplicáveis pelos Tribunais de Contas; etc.).

 IMPERATIVIDADE: Pelo atributo da imperatividade, dentro dos limites


da lei, a Administração Pública pode estabelecer unilateralmente
obrigações em desfavor do administrado. (também denominado de
poder extroverso).

 TIPICIDADE: A tipicidade nada mais é do que a exigência de todo ato


corresponda a um tipo definido em lei (princípio da legalidade). É
classificação originária das lições de Maria Sylvia di Pietro e sofre
críticas por não se mostrar como um atributo, mas sim como uma
característica decorrente do princípio da legalidade. Porém, para fins de
prova, considerar como atributo.

 EXECUTORIEDADE (AUTOEXECUTORIEDADE): Trata-se da


possibilidade de execução imediata do ato administrativo, sem
necessitar ingressar no judiciário (ex: guincho de carro estacionado na
calçada), dada a autorização por lei ou pela urgência no atendimento do
interesse público. Nem sempre está presente nos atos administrativos,
pois alguns demandam atuação do Poder Judiciário (ex: execução do
patrimônio do devedor de uma multa).

Na hipótese de urgência, o ato administrativo será executado de


imediato, sendo ouvido o administrado apenas em momento posterior, o que se
denomina de contraditório diferido ou postergado.

REQUISIT ATRIBUTOS
OS
Competênci Legitimidade
a
Forma Exigibilidade
Finalidade Imperativida
Motivo de
Tipicidade
Objeto Executoridad
e
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS

A classificação dos atos administrativos talvez seja o assunto que mais


demanda memorização. Recomenda-se paciência e a leitura do tópico mais de
uma vez para incentivar a lembrança visual.

São eles classificados da seguinte maneira:

QUANTO AO GRAU DE LIBERDADE:

a) Atos vinculados: todos os elementos previstos legalmente;


b) Atos discricionários: Margem de escolha quanto à conveniência e
oportunidade do motivo e objeto.

QUANTO À FORMAÇÃO:

a) Atos simples: Depende de única manifestação de vontade;


b) Atos complexos: Mais de uma manifestação de vontade, sendo uma
principal e outra acessória que apenas ratifica (relação de
dependência por desigualdade); Ex: aposentadoria (órgão + Tribunal de
Contas)
c) Atos compostos: Mais de uma manifestação de vontade, cada uma
independente (relação de independência por igualdade).

QUANTO AOS DESTINATÁRIOS:

a) Atos gerais: Atingem quantidade indeterminada de pessoas, sendo


composto de generalidade e abstração;
b) Atos individuais: Atingem determinados indivíduos. Podem ser
múltiplos (mais de um indivíduo determinado) ou singular (apenas um).

QUANTO AO OBJETO:

a) Atos de império: utiliza-se de prerrogativas públicas sobre o particular;


b) Atos de gestão: atua como mero ente privado, sem prerrogativas;
c) Atos de expediente: mero andamento à atividade, que não configura
manifestação de vontade.

QUANTO À ESTRUTURA:

a) Atos concretos: editados para resolver situação concreta e específica;


b) Atos abstratos: editado com finalidade de aplicação a situações não
definidas previamente.

QUANTO AOS EFEITOS:

a) Atos constitutivos: cria uma situação jurídica nova, não existente. (ex:
autorização de uso de bem público)
b) Atos declaratórios: declaração de situação jurídica já existente, com
efeitos retroativos. (ex: aposentadoria compulsória aos 70 anos)

QUANTO AOS RESULTADOS DA ESFERA JURÍDICA:

a) Atos ampliativos: concedem direitos e vantagens aos destinatários (ex:


autorização de uso de bem público)
b) Atos restritivos: impõem obrigações ou afetam negativamente a esfera
jurídica do administrado. (ex: aplicação de multa)

QUANTO AO SEU ALCANCE:

a) Atos internos: efeitos internos à Administração Pública (ex: circular


para padronização da atuação administrativa);
b) Atos externos: efeitos externos à Administração Pública
(ex: regulamento sobre direitos dos administrados).
ESPÉCIES DE ATO ADMINISTRATIVO

Os atos administrativos podem assumir diferentes formas, que se


diferenciam a partir de pequenas características. São elas:

ATOS NORMATIVOS

a) Regulamentos: Podem ser executivos ou autônomos (vide tópico


anterior sobre Poder Regulamentar);
b) Aviso: Expedido por órgãos auxiliares diretos do Executivo (ex:
Ministérios, Secretarias etc.), objetivando repassar informações à
sociedade acerca das atividades finalísticas do órgão.
c) Instrução normativa: Normas gerais e abstratas, normalmente traçando
diretrizes relativas a regulamentos já existentes;
d) Regimento: Regras aplicáveis internamente à Administração Pública,
normalmente em órgãos colegiados;
e) Deliberações: Norma expedida por órgãos colegiados acerca do
entendimento por eles firmados;
f) Resoluções: Ato normativo, também de órgãos colegiados, que
resumem as suas deliberações. Normalmente utilizadas pelo Legislativo,
Judiciário ou Agências Reguladoras.

ATOS ORDINATÓRIOS:
(São atos de organização interna da Administração Pública, decorrente da
relação hierárquica existente)
a) Portaria: Fixa ordens e determinações destinadas a subordinados
específicos (ex: portaria de remoção);
b) Circular: Fixa procedimento uniforme destinado a todos servidores
internos;
c) Ordem de serviço: Distribui e ordena o funcionamento dos serviços
internos;
d) Despacho: Decisão administrativa que objetiva dar andamento ao
processo administrativo;
e) Memorando: Comunicação entre agentes de um mesmo órgão público;
f) Ofício: Documento de comunicação externa ao órgão que o emite;

ATOS NEGOCIAIS:
(Correspondem a atos em que a Administração Pública concede direitos
pleiteados por particulares)

Atenção: Não se confundem com contratos, visto que os atos negociais são
concedidos unilateralmente pelo Estado. Tais atos são formalizados pelo
documento espécies: físico denominado alvará, que não se confunde com as suas
autorização, permissão, licença, admissão, aprovação e
homologação.
a) Autorização: É ato administrativo ampliativo pelo qual a Administração
Pública consente algo em benefício do administrado e no seu interesse,
sendo a concessão de natureza discricionária e precária, podendo
ser revogada a qualquer momento, independentemente de
indenização (ex: uso de bem público e atividade sujeita a poder de
polícia etc.);
b) Permissão: É ato administrativo ampliativo pelo qual a Administração
Pública consente algo em benefício do administrado, por acordo ao
interesse público, sendo a sua concessão também de natureza
discricionária e precária, podendo ser revogada a qualquer
momento, independentemente de indenização.
c) Licença: Ato pelo qual o Estado consente com a realização de
determinada atividade sujeita à fiscalização do Poder de Polícia, com
natureza de ato vinculado, sendo necessário o preenchimento de
requisitos previstos em lei (há direito subjetivo à sua concessão).
d) Admissão: ato unilateral e vinculado pelo qual a Administração,
verificando o preenchimento dos requisitos legais pelo particular, admite-
o para usufruir de um serviço público (ex: admissão em escola pública);
e) Aprovação: Ato administrativo pelo qual o Estado promove controle de
legalidade e de mérito sobre ato anteriormente praticado. Por analisar a
conveniência e oportunidade do ato antecedente, é considerado como
de natureza discricionária.
f) Homologação: controle de legalidade do ato anterior, considerando-se
como de natureza vinculada, uma vez que não analisa o mérito.

ATOS ENUNCIATIVOS:

a) Atestado: Confirma, mediante verificação, uma situação fática;


b) Certidão: Confirma uma situação fática já registrada na Administração
(um espelho do registro preexistente);
c) Apostila ou averbação: Acrescenta informação a um registro existente
na repartição (ex: averbação de tempo de serviço);
d) Parecer: Opinião sobre determinada matéria.

ATOS PUNITIVOS:

Aplicação de penalidades a servidores ou particulares, podendo ser em


decorrência do Poder Disciplinar no caso de pessoas sujeitas à disciplina do
Estado ou em decorrência do Poder de Polícia quando direcionados a
particulares.

EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS (tópico MUITO


importante!!)

Também no que concerne à extinção dos atos administrativos, temos


modalidades diversas a compreender e memorizar. O ato administrativo pode
ser objeto das seguintes formas de extinção:
a) EXTINÇÃO NATURAL: A extinção pode se dar de forma natural,
cumprimento seus efeitos:

(i) pelo cumprimento de seus efeitos;


(ii) pelo advento do termo final ou da condição resolvia; ou
(iii) pelo esgotamento do conteúdo jurídico do ato.

b) RENÚNCIA: O administrado poderá renunciar a um direito


concedido via ato administrativo ampliativo, hipótese em que
haverá sua extinção;

c) DESAPARECIMENTO: A pessoa ou o objeto ao qual se refere o


ato pode desaparecer, dando ensejo à extinção do ato (ex:
falecimento de um aposentado);

d) RETIRADA: As formas de extinção por retirada é o ponto mais


cobrado em prova. Podem ser por:

(i) Anulação: Ocorre em virtude da prática de atos inexistentes,


nulos, anuláveis ou irregulares.

(ii) Revogação: Dá-se por motivos de conveniência e


oportunidade (discricionariedade), com efeitos ex nunca e
podendo ensejar indenização;

(iii) Cassação: Extingue-se o ato por cassação quando o


beneficiário deixa de cumprir os requisitos necessários que
estavam presentes anteriormente quando do seu
deferimento; (Descumprimento de requisitos)

(iv) Caducidade: Há edição de uma lei superveniente que passa


a vedar a atividade autorizada e inicialmente válida; (Lei
superveniente)

(v) Contraposição (ou derrubada): Ocorre quando é editado um


ato novo, com conteúdo contraposto ao ato administrativo
anterior. (Conteúdo contraditório)

CONVALIDAÇÃO

A convalidação, por outro lado, é instrumento pelo qual se objetiva a


MANUTENÇÃO do ato administrativo no mundo jurídico, com eficácia “Ex
Tunc”, ou seja, considerando-o válido desde o seu nascedouro.

ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO: Sobre a divisão dos atos administrativos


em atos nulos e anuláveis (passíveis de convalidação), duas doutrinas
administrativas surgiram:
a) Teoria monista (tradicional): Atos que possuem vício seriam sempre
nulos e não admitiriam a convalidação.

b Teoria dualista : Os atos administrativos podem ser nulos


) (moderna)
anuláveis, ou (ADOTADA – Lei 9.784/99, art. 55).
aceitando a convalidação

Adotada a Teoria Dualista, entende-se que a convalidação do ato


administrativo exige a presença de 3 (três) requisitos (Lei 9.784/99, art. 55):

a) O defeito seja sanável;

b) O ato não acarrete lesão ao interesse público e a terceiros;

c) Seja proferida decisão da Administração pela convalidação, a


qual seria discricionária.

Quanto aos vícios que admitem convalidação, não há consenso


doutrinário. No entanto, citam-se:

a) o vício de competência quanto à pessoa, quando não se trate de


matéria exclusiva da autoridade; e

b) o vício de forma, quando a lei não a considera como elemento


essencial à validade do ato.
QUESTÕES SOBRE O TEMA 05
(Atos administrativos)

1 (2013/FGV) O Estado X concedeu a Fulano autorização para a prática de


determinada atividade. Posteriormente, é editada lei vedando a realização
daquela atividade. Diante do exposto, e considerando as formas de extinção
dos atos administrativos, assinale a afirmativa correta.
a) Deve ser declarada a nulidade do ato em questão.
b) Deve ser declarada a caducidade do ato em questão.
c) O ato em questão deve ser cassado.
d) O ato em questão deve ser revogado.

2. (2011/FGV) A revogação representa uma das formas de extinção de um ato


administrativo. Quanto a esse instituto, é correto afirmar que
a) pode se dar tanto em relação a atos viciados de ilegalidade ou não, desde
que praticados dentro de uma competência discricionária.
b) produz efeitos retroativos, retirando o ato do mundo, de forma a nunca ter
existido.
c) apenas pode se dar em relação aos atos válidos, praticados dentro de uma
competência discricionária, produzindo efeitos ex nunc.
d) pode se dar em relação aos atos vinculados ou discricionários, produzindo
ora efeito ex tunc, ora efeito ex nunc.

3. (2010/CESPE) De acordo com a classificação dos atos administrativos,


constitui ato de gestão:
a) a apreensão de bens.
b) o negócio contratual.
c) o decreto de regulamentação.
d) o embargo de obra.

4. (2008/CESPE) Não configura, segundo a doutrina dominante, elemento ou


requisito do ato administrativo
a) a forma.
b) o objeto.
c) a finalidade.
d) a discricionariedade.

5. (2008/CESPE) Com relação aos diversos aspectos que regem os atos


administrativos, assinale a opção correta.
a) Segundo a teoria dos motivos determinantes do ato administrativo, o motivo
do ato deve sempre guardar compatibilidade com a situação de fato que gerou
a manifestação de vontade, pois, se o interessado comprovar que inexiste a
realidade fática mencionada no ato como determinante da vontade, estará ele
irremediavelmente inquinado de vício de legalidade.
b) Motivo e motivação do ato administrativo são conceitos equivalentes no
direito administrativo.
c) Nos atos administrativos discricionários, todos os requisitos são vinculados.
d) A presunção de legitimidade dos atos administrativos é uma presunção jure
et de jure, ou seja, uma presunção absoluta.
6. (2008/CESPE) Encontra-se sedimentado o entendimento de que ao Poder
Judiciário é defeso apreciar o mérito dos atos administrativos, limitando sua
atuação quanto à aferição dos aspectos relativos à sua legalidade. A esse
respeito, assinale a opção correta.
a) A garantia constitucional de que ninguém será obrigado a deixar de fazer
algo senão em virtude de lei assegura ao administrador público ilimitada
discricionariedade na escolha dos critérios de conveniência e oportunidade nos
casos de anomia.
b) Embora discricionariedade e arbitrariedade sejam espécies do mesmo
gênero e, portanto, legítimas, apenas a segunda é passível de controle de
legalidade em sentido estrito.
c) O abuso de poder e a arbitrariedade têm como traço de distinção o fato de
que aquele se sujeita ao controle judicial e esta, somente à revisão
administrativa.
d) Não há discricionariedade contralegem.

7. (2011/FGV) Em âmbito federal, o direito de a Administração Pública anular


atos administrativos eivados de vício de ilegalidade, dos quais decorram efeitos
favoráveis para destinatários de boa-fé
a) não se submete a prazo prescricional.
b) não se submete a prazo decadencial.
c) prescreve em 10 (dez) anos, contados da data em que praticado o ato.
d) decai em 5 (cinco) anos, contados da data em que praticado o ato.

8. (2006/CESPE) Julgue os seguintes itens, referentes a atos administrativos.


I Ato vinculado ou regrado é aquele para cuja realização a lei estabelece
requisitos e condições.
II Ato discricionário pode ser praticado pela administração com liberdade de
escolha de seu conteúdo, de seu destinatário, de sua conveniência, de sua
oportunidade e do modo de sua realização.
III Ato nulo é aquele que a administração, e somente ela, pode invalidar, por
motivo de conveniência, oportunidade ou justiça.
IV Ato revogável é o que nasce afetado de vício insanável por ausência ou
defeito substancial em seus elementos constitutivos ou em seu procedimento
formativo.
Estão certos apenas os itens
a) I e II.
b) I e III.
c) II e IV.
d) III e IV.

GABARITO
1. B / 2. C / 3. B / 4. D / 5. A / 6. D / 7. D / 8. A
6. LICITAÇÕES E CONTRATOS

LICITAÇÕES

CONCEITO

O tema licitações utilizará como base a Constituição de 1988, a Lei


8.666/93 e algumas legislações específicas, como a Lei 10.520/2002 (que trata
do pregão). Assim, aconselha-se a leitura da apostila, acompanhada dos textos
normativos indicados durante as passagens.

Já vimos que a atuação da Administração Pública se pauta por


diversos princípios administrativos, dentre os quais os da impessoalidade e
moralidade administrativa. Nesse sentido, para que o Estado possa contratar,
efetuando gastos públicos, o art. 37, XXI, da Constituição Federal exige a
realização de um processo objetivo denominado “licitação”.

Art. 37 [...] XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as


obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo
de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de
mantidas as condições efetivas da , nos termos da lei, o
somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

A licitação se conceitua como sendo procedimento administrativo de


seleção pública tendente à escolha da proposta mais vantajosa para
contratação de obras, serviços, compras e alienações pela Administração
Pública, observando os princípios administrativos.

COMPETÊNCIA PARA LEGISLAR

O art. 22, XVII, da Constituição de 1988 prevê competência privativa


da União para legislar sobre NORMAS GERAIS em matéria de licitação.

Isto não significa que apenas a União poderá legislar sobre


licitações. Pelo contrário, todos os Estados, DF e Municípios podem editar leis
para tratar dos seus respectivos procedimentos licitatórios, porém deverão
observar as NORMAS GERAIS editadas pela União por meio de sua
competência privativa.

RESUMINDO:
UNIÃO Competência para NORMAS GERAIS
aplicáveis a todos os entes federativos, e
NORMAS ESPECÍFICAS aplicáveis apenas
no âmbito federal.
ESTADOS/DF/MUNICÍPI Competência para NORMAS ESPECÍFICAS
OS em
matéria de licitação.
FINALIDADES E PRINCÍPIOS (Lei 8.666/93, art. 3º)

O art. 3º da Lei 8.666/93 prevê finalidades e princípios administrativos


aplicáveis especificamente ao procedimento licitatório.

Quanto às finalidades, é de se ressaltar que o rol foi alterado pela Lei


12.349/2010, que incluiu também a promoção do desenvolvimento
nacional sustentável. Temos 3 (três) finalidades da licitação:

a) Observância do princípio constitucional da isonomia;

b) Seleção da proposta mais vantajosa para a administração;

c) Promoção do desenvolvimento nacional sustentável (Lei 12.349/2010);

Além das finalidades, o mesmo dispositivo indica também a aplicação de


princípios administrativos ao procedimento licitatório. São eles:

a) PRINCÍPOI DA VINCULAÇÃO AO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO:


O instrumento convocatório (Edital ou Convite) é a lei do certame e deve
ser observada pelos participantes e pelo gestor público. Cuidado:
Instrumento convocatório é gênero, que inclui o Edital ou Convite
como espécies;

b) PRINCÍPIO DO JULGAMENTO OBJETIVO: O julgamento das


propostas deve se pautar por critérios de julgamento objetivos (deve
haver prévio conhecimento para permitir a formulação correta das
propostas), os quais devem estar previamente definidos no instrumento
convocatório;

c) PRINCÍPIO DO SIGILO DAS PROPOSTAS: As propostas devem ser


sigilosas até o momento da abertura dos envelopes. Devassar o sigilo
das propostas constitui, inclusive, crime, punível com detenção, de 2
a 3 anos (Lei 8.666/93, art. 3º, §3º e art. 94).

d) PRINCÍPIO DO PROCEDIMENTO FORMAL: O procedimento licitatório


deve observar as regras formais estabelecidas em lei. Não é permitido
ao gestor público criar uma nova modalidade não prevista em lei ou
mesmo combinar as já existentes (art. 22, §8º);

e) PRINCÍPIO DA EFICÁCIA ADMINISTRATIVA: Os recursos públicos


devem ser utilizados para obtenção dos melhores resultados
econômicos possíveis, de forma quantitativa e qualitativa. Tem relação
direta com a noção de economicidade que deve pautar o gasto de
verbas públicas.
f) PRINCÍPIO DA ISONOMIA: Prevalece a isonomia material, sendo
permitidas as ações afirmativas, como o empate ficto previsto para as
ME e EPP’s (LC 123/2006, art. 44).

REGRA DE DESEMPATE

Durante o processo licitatório, é possível que o julgador administrativo se


depare com uma situação de empate e tenha que resolver a situação. O art. 3º,
§2º, da Lei 8.666/93 prevê um escalonamento de preferências, considerando
que os bens tenham sido:

a) Produzidos no País;

b) Produzidos ou prestados por empresas brasileiras;

c) Produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e


no desenvolvimento de tecnologia no País;

d) produzidos ou prestados por empresas que comprovem


cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para pessoa com
deficiência ou para reabilitado da Previdência Social e que atendam
às regras de acessibilidade previstas na legislação

Caso nenhuma das alternativas resolva o empate, então o gestor estará


autorizado a se utilizar, como última saída, o SORTEIO! (art. 45, §2º)

Preste atenção, contudo, que, no caso de participação de ME ou EPP,


aplica-se o art. 44 da LC 123/06, segundo o qual “entende-se por empate
aquelas situações em que as propostas apresentadas pelas
microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais ou até 10%
(dez por cento) superiores à proposta mais bem classificada” (percentual
reduzido para 5% no pregão).

Nesta hipótese, a ME ou EPP mais bem classificada poderá apresentar


proposta de preço inferior àquela considerada vencedora do certame, situação
em que será adjudicado em seu favor o objeto licitado (art. 45, I). Sendo mais
de uma ME ou EPP em situação de empate, haverá sorteio (art. 45, II).

Além disso, é importante ressaltar que a mesma LC 123/06 determina


ainda que, em licitações cujo valor seja de até R$ 80.000,00, a licitação
deve ser EXCLUSIVAMENTE destinada às ME e EPP’s (art. 48, II).

A legislação citada ainda prevê a possibilidade de se exigir, em


processos licitatórios, que a empresa vencedora promova a subcontratação do
objeto diretamente à ME ou EPP (art. 48, II), além da cota obrigatória para
estas entidades quando se tratar de aquisição de bens de natureza divisível,
limitado a até 25% (art. 48, III).
DEVER DE LICITAR

A licitação é obrigatória para as seguintes entidades:

a) Administração Direta (União, Estados, DF e Municípios)

b) Administração indireta (Autarquias, Fundações, Empresas Públicas e


Sociedades de economia mista)

c) Entidades controladas, direta ou indiretamente, pelo Estado,


quando recebem dinheiro público para custeio ou manutenção de
pessoal;

d) Conselhos de classe – ADI 1717 (exceto OAB, ADI 3026), uma vez
que possuem natureza jurídica de autarquia, com personalidade jurídica
de direito público.

ATENÇÃO: Para Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista,


art. 173, §1º, III, da CF prevê a possibilidade de edição de lei específica
para
disciplinar o procedimento licitatório diferenciado, no que é
acompanhado
também pelo art. 119 da Lei Porém, a lei ainda não foi editada,
sorte que continuam vinculadas à Lei .

Porém, mesmo sem a edição da lei específica, entende-se que, para a


atividade fim da empresa, não há necessidade de licitação quando for
incompatível com seus objetivos institucionais.

PUBLICAÇÃO DO EDITAL

Os editais deverão sempre ser publicados na formatação prevista no art.


21 da Lei 8.666/93:

ENTE LICITANTE VEÍCULO DE PUBLICAÇÃO


Administração Pública Federal Diário Oficial da União
ou com utilização de recursos
federais
Administração Pública Diário Oficial do Estado
Estadual, Municipal ou
PARA TODOS Jornal diário de grande
circulação no Estado e também,
se houver, em jornal de circulação
no Município ou na região onde
será realizado objeto (podendo se
valer ainda de outros meios)

No convite, não há publicação do instrumento convocatório em Diário


ou Jornal, mas apenas a sua afixação em local apropriado da repartição.
INTERVALO MÍNIMO

O intervalo mínimo é regra que estabelece período entre a públicação


do instrumento convocatório e a data de recebimento dos envolpes
contendo a documentação e as propostas. É o tempo necessário para que
todos tenham conhecimento do processo licitatório e possam, caso queiram,
concorrer ao seu objeto.

Art. 21 [...]
§ 4º Qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma que
deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente exce
estabelecido,
quando, inqüestionavelmente, a alteração não afetar a formulação to
das
propostas.

MODALIDADE INTERVALO MÍNIMO


Concorrência 45 dias (tipo melhor técnica ou técnica e
preço) 30 dias (tipo menor preço ou maior
Tomada de 30 dias (tipo melhor técnica ou técnica e
preços preço) 15 dias (tipo menor preço ou maior
Convite 5 dias ÚTEIS (independente do tipo)
Concurso 45
Leilão dias
15
Pregão dias 8 dias ÚTEIS

COMISSÃO

Apesar de o procedimento licitatório ser autorizado pela autoridade


superior do órgão, a sua condução se dá por meio de uma comissão. Esta
comissão possui algumas características estabelecidas na Lei 8.666/93, entre
as quais se destacam três:

a) DURAÇÃO: A comissão de licitação pode ser de natureza permanente


ou especial, com mandato de duração de no máximo 1 ano, vedada a
recondução da totalidade de seus membros para a mesma comissão
no período subseqüente. (art. 51, §4º);

b) COMPOSIÇÃO: Na sua composição, a comissão deverá ter, no mínimo,


3 (três) membros, sendo pelo menos 2 (dois) deles servidores
qualificados pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos da
Administração responsáveis pela licitação (art. 51, caput);

c) ESPÉCIES: especial (designada para licitação específica) ou


permanente (conduz todas as licitações do órgão);

d) RESPONSABILIDADE: A responsabilidade dos membros da Comissão


é solidária, salvo se posição individual divergente estiver
devidamente fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião
em que tiver sido tomada a decisão (art. 51, §3º);

Apesar das referidas regras, é de se destacar que existem regramentos


específicos para algumas modalidades licitatórias.

 No caso do LEILÃO, ao invés de se nomear uma comissão, os trabalhos


são conduzidos por um leiloeiro oficial ou servidor público designado
(Decreto 21.981/32).

 No PREGÃO, semelhantemente, teremos um pregoeiro, acompanhado


ou não de uma comissão de apoio (Lei 10.520/02, art. 3º, IV).

Art. 3º [...]
IV - a autoridade competente designará, dentre os servidores do órgão
entidade promotora da licitação, pregoeiro e respectiva equipe de
o
cuja atribuição inclui, dentre outras, apoio,
o recebimento das propostas e lances, a
análise de sua aceitabilidade e sua classificação, bem como a habilitação e a
adjudicação do objeto do certame ao licitante vencedor.

 No CONCURSO, há uma Comissão especial integrada por pessoas de


reputação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em exame,
servidores públicos ou não (art. 51, §5º).

 no CONVITE, “a Comissão de licitação, excepcionalmente, nas


pequenas unidades administrativas e em face da exigüidade de
pessoal disponível, poderá ser substituída por servidor formalmente
designado pela autoridade competente” (art. 51, §1º).

MODALIDADES X TIPOS DE LICITAÇÃO

Licitação é o gênero, que representa o procedimento formal previsto em


lei. Porém, podem ser adotadas 6 (seis) modalidades diversas de licitação,
as quais são escolhidas em razão do valor ou do objeto a ser contratado.

As MODALIDADES de licitação, que são 6 (seis) ao total, se diferenciam


por absoluto dos TIPOS de licitação, que totalizam 4 (quatro) espécies.

 MODALIDADES: Procedimento formal previsto em lei para escolha da


proposta;

 TIPOS: Critérios de julgamento fixados em lei.

MODALIDADES TIPOS
(art. 22) (art. 44)
Concorrência Menor preço
Tomada de preços Melhor técnica
Convite Técnica e
Concurso preço
Maior lance
Leilão
Pregão

ATENÇÃO: “Não se considerará qualquer oferta de vantagem não prevista


no edital ou no convite, inclusive financiamentos subsidiados ou a fundo
perdido, nem preço ou vantagem baseada nas ofertas dos demais licitantes”
(art. 44, §2º)

EM RAZÃO DO VALOR

Nas modalidades de licitação em razão do valor, existe uma verdadeira


ordem hierárquica entre as espécies, sendo a concorrência considerada a
mais formal para valores vultuosos, enquanto que a tomada de preços é
fixada para valores intermediários e o convite para valores inferiores.

Você poderá encontrar a definição das modalidades nos parágrafos do


art. 22 da Lei 8.666/93.

ATENÇÃO: Há uma ordem Sempre que couber um


simples (ex: convite), o gestor pode utilizar um mais rígido (ex: tomada
de
preços ou concorrência). Em todos os casos, a concorrência é .
cabível
(art. 23, §4º).

 CONCORRÊNCIA: A concorrência é a modalidade de licitação entre


quaisquer interessados (UNIVERSALIDADE) que, na fase inicial de
habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de
qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.

PARA OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA


Acima de R$ 1.500.000,00

PARA COMPRAS E SERVIÇOS EM GERAL


Acima de R$ 650.000,00

ATENÇÃO: A Concorrência pode ser exigida também em virtude do objeto,


como: Alienação ou aquisição de imóveis (art. 17, exceto nas hipóteses do
art. 19, em que será possível o leilão); Contrato de concessão de serviço
público (Lei 8.987 e Lei 11.079); Concessão de direito real de uso (Decreto-
lei 271/67); Contratos de obra celebrados por meio de empreitada integral;
Licitações internacionais (exceto quando houver cadastro internacional, em
que poderá ser utilizada a tomada de preços, ou quando não houver fornecedor
do bem ou serviço no país, podendo ser utilizado o convite).

Intervalo mínimo:

45 dias (tipo melhor técnica ou técnica e preço)


30 dias (tipo menor preço ou maior lance)

 TOMADA DE PREÇOS: A tomada de preços é a modalidade de


licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem
a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia
anterior à data do recebimento das propostas, observada a
necessária qualificação.

PARA OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA


Até R$ 1.500.000,00

PARA COMPRAS E SERVIÇOS EM GERAL


Até R$ 650.000,00

O cadastramento prévio possui fundamento no art. 34 ao 37 da Lei


8.666/93, com validade de 1 (um) ano e permite à entidade garantir sua
habilitação no certame, apresentando previamente todos os documentos.

Entretanto, “A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso ou


cancelado o registro do inscrito que deixar de satisfazer as exigências do
art. 27 desta Lei, ou as estabelecidas para classificação cadastral” (art.
37).

Em caso de indeferimento do cadastramento, poderá ser apresentado


recurso administrativo, com efeito meramente devolutivo (art. 109, I, “d”).

Intervalo mínimo:

30 dias (tipo melhor técnica ou técnica e preço)


15 dias (tipo menor preço ou maior lance)

 CONVITE: O convite é a modalidade de licitação entre interessados do


ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e
convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa,
a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e
o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade
que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte
e quatro) horas da apresentação das propostas.

PARA OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA


Até R$ 150.000,00

PARA COMPRAS E SERVIÇOS EM GERAL


Até R$ 80.000,00

“Existindo na praça mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada


novo convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório
o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem
cadastrados não convidados nas últimas licitações”. (art. 22, §6º)
Veja-se, por outro lado, que é possível o convite de apenas 2 (dois)
interessados em virtude de restrição de mercado devidamente justificada
(art. 22, §7º)

Nesta modalidade licitatória, não há Edital, mas sim Carta-Convite.


Também não há publicação em Diário Oficial, devendo apenas ser afixado em
local visível ao público localizado na repartição.

Comissão: “a Comissão de licitação, excepcionalmente, nas


pequenas unidades administrativas e em face da exigüidade de pessoal
disponível, poderá ser substituída por servidor formalmente designado
pela autoridade competente” (art. 51, §1º).

Intervalo mínimo:

5 DIAS ÚTEIS.

Ainda sobre as modalides fixadas em razão do valor, alguns aspectos


precisam ser pontuados com muita atenção:

HIERARQUIA ENTRE MODALIDADES

Sempre que for cabível uma modalidades menos formal (ex: convite), o
administrador possui a faculdade (discricionariedade) de optar pela modalidade
mais rígida (ex: concorrência). O inverso, contudo, não é verdade. (art. 23,
§4º).

VEDAÇÃO AO FRACIONAMENTO DE DESPESA

Não é lícito ao gestor público fracionar o objeto para viabilizar uma


modalidade de licitação menos rígida. Deverá ele considerar o somatório do
objeto a ser adquirido ao longo do ano e, então, definir a modalidade mais
rígida possível. (art. 23, §5º)

Esta regra também se aplica aos casos de dispensa de licitação em


virtude do valor, devendo ser observada a licitação sempre que o somatório
exceder o limite legal.

MELHOR SITUAÇÃO AOS CONSÓRCIOS PÚBLICOS

Os consórcios públicos os valores em dobro ou triplo para definição da


modalidade licitatória, conforme a quantidade de entes consorciados. Se forem
até 3 (três) entes, calcula-se em dobro. Se acima, calcula-se em triplo. (art. 23,
§8º)
EM RAZÃO DO OBJETO

 CONCURSO: O concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer


interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico,
mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores,
conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial
com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.

Tem também por objeto a contratação de serviços técnicos profissionais


especializados (art. 13, §1º). Seu procedimento é definido por meio de
regulamento.

Intervalo mínimo:
45 DIAS

 LEILÃO: O leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer


interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a
administração ou de produtos legalmente apreendidos ou
penhorados, ou para a alienação de bens imóveis previstos no art.
19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da
avaliação.

Intervalo mínimo:
15 DIAS

 PREGÃO: O pregão possui regramento próprio, aplicando-se a Lei


8.666/93 apenas subsidiariamente. O estudo do pregão deve se dar por
meio da Lei 10.520/2002.

No início, o pregão foi previsto ao lado da chamada “consulta”, ambos


aplicáveis exclusivamente a certas agências reguladoras (ANATEL e ANP),
posteriormente extendido a toda União Federal e, com a Lei 10.520/2002, à
toda Administração Pública dos entes federados.

O pregão é modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços


comuns (cujos padrões mínimos de qualidades serão previamente estipulados
no instrumento convocatório), independentemente do valor.

Não é cabível para obras públicas, mas tem sido aceito para
serviços de engenharia considerados comuns.

a) COMISSÃO: Será conduzido por um pregoeiro, acompanhado


de uma comissão de apoio (art. 3º, IV).

b) TIPO DE LICITAÇÃO: será sempre o melhor preço (art. 4º, X).


c) PREGÃO ELETRÔNICO: Na Lei 10.520/2002 há autorização
legal para uso do pregão na forma comum (presencial), por meio
da via eletrônica (internet), porém facultativa.

Intervalo mínimo:
8 DIAS ÚTEIS.

ATENÇÃO: A consulta, como uma nova modalidade de licitação, continua


tendo previsão apenas nas legislações específicas de algumas agências
reguladoras (ANATEL e ANP), porém sem aplicabilidade, na medida em que
falta regulamentação legal mais detalhada a viabilizar seu procedimento.

REGISTRO DE PREÇOS

A Administração pode realizar licitação para registrar preços quando a


contratação é frequente, formando então uma Ata de Registro de Preços,
com validade de 1 ano (art. 15).

O vencedor não possui o direito de ser contratado.

ATENÇÃO: É admitido que órgãos se utilizem da Ata de Registro de Preços


outros (carona), limitado ao valor registrado em ata. deve
Porém,
observada a , não podendo a União utilizar, por exemplo, ser
a Ata
hierarquia
um município. de

PROCEDIMENTOS LICITATÓRIOS

 CONCORRÊNCIA

A concorrência possui uma: (i) fase interna (com a preparação para a


publicação do edital) e uma (ii) fase externa (a partir da publicação do edital).

 FASE INTERNA: são adotadas providências como: exposição de


motivos da contratação, declaração de adequação orçamentária (LC
101/00), projeto básico, audiência pública em contratos de valores
altos, elaboração do Edital e da minuta de contrato, aprovação pela
consultoria jurídica, etc. etc. É importante ler o art. 9º da lei, que veda
a participação de determinadas pessoas no certame.

Quando a contratação se refere a obras públicas, há um regime jurídico


específico para a sua execução que, vez por outra, é objeto de prova. A
execução de uma obra pública pode se dar de forma DIRETA (quando o
próprio Estado a executa) ou INDIRETA (quando terceiros são contratados
para executá-la), com modalidades específicas (empreitada por preço global,
preço unitário, por tarefa e por empreitada integral).
AUDIÊNCIA PÚBLICA (acima de R$ 150.000.000,00): Em caso de
valores vultuosos, determina a legislação (art. 39) a realização de audiência
pública, a ser realizada com:

a) antecedência mínima de 15 dias da data marcada para publicação do


Edital.

b) divulgação com antecedência mínima de 10 dias antes da sua


realização, pelos mesmos meios previstos para o procedimento
licitatório (D.O. e jornal de grande circulação).

PARECER JURÍDICO PRÉVIO (art. 38, p.ú.): As minutas de editais de


licitação, bem como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem ser
previamente examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da
Administração.

 FASE EXTERNA:

Edital – Habilitação – Classificação – Homologação - Adjudicação

PUBLICAÇÃO DO INSTRUMENTO CONVOCATÓRIO: O Edital


é PUBLICADO em diário oficial e em jornal de grande circulação,
sendo que a Administração não pode cobrar pela obtenção do
edital físico além do valor da mera reprodução gráfica.

A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente


poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de
fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para
justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por
provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente
fundamentado. (Art. 49 – Autotutela mitigada)

Com a publicação qualquer cidadão poderá impugná-lo até o 5º dia


útil anterior à data marcada para abertura dos envelopes; O potencial
licitante, por outro lado, pode impugnar até o 2º dia útil anterior à data de
abertura dos envelopes.

QUALQUER CIDADÃO Até o 5º dia útil anterior


POTENCIAL LICITANTE Até o 2º diá útil anterior

HABILITAÇÃO: A habilitação dos licitantes requer a análise da


documentação necessária para a firmação de negócio jurídico
com a Administração Pública e abrange a Regularidade Jurídica
(art. 28); Regularidade Fiscal e Trabalhista (art. 29); Qualificação
Técnica (art. 30); Qualificação Econômico-Financeira (art. 31); e
Cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7o da
Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 9.854, de 1999)
HABILITAÇÃO DE ME E EPP: Nos casos de ME e EPP, as
empresas deverão apresentar todos os documentos de
regularidade fiscal exigidas no edital, porém estes poderão
possuir restrições. Nesta hipótese, a ME ou EPP será chamada
para, em 5 dias úteis de quando for declarado vencedor para
apresentar a comprovação de regularidade. (LC 123, art. 42 e 43)

PARTICIPAÇÃO DE EMPRESAS EM CONSÓRCIO: A Lei


8.666/93 permite a participação de empresas em consórcio,
desde que atendidos os requisitos legais fixados no seu art. 33;

RECURSO ADMINISTRATIVO: Da decisão de


habilitação/inabilitação, cabe recurso administrativo em 5 (cinco)
dias úteis, com efeito suspensivo (art. 109, I e §2º).

DILIGÊNCIA PELA COMISSÃO (art. 43, §3º): É facultada à


Comissão ou autoridade superior, em qualquer fase da licitação, a
promoção de diligência destinada a esclarecer ou a complementar
a instrução do processo, vedada a inclusão posterior de
documento ou informação que deveria constar
originariamente da proposta.

VEDAÇÃO À INABILITAÇÃO SUPERVENIENTE (art. 43, §4º):


Ultrapassada a fase de habilitação dos concorrentes (incisos I e
II) e abertas as propostas (inciso III), não cabe desclassificá-los
por motivo relacionado com a habilitação, salvo em razão de
fatos supervenientes ou só conhecidos após o julgamento.

DESISTÊNCIA DA PROPOSTA (art. 43, §5º): Após a fase de


habilitação, não cabe desistência de proposta,salvo por
motivo justo decorrente de fato superveniente e aceito pela
Comissão.

JULGAMENTO E CLASSIFICAÇÃO: O JULGAMENTO e a


CLASSIFICAÇÃO, no caso da concorrência, apenas acontecem
posteriormente à habilitação. Primeiro o concorrente é
habilitado para só então haver o julgamento de sua proposta com
a consequente classificação. Propostas inexequíveis serão
desclassificadas (art. 48, II).

HOMOLOGAÇÃO: Com o julgamento dos recursos, o processo


segue para HOMOLOGAÇÃO da Autoridade superior, que
analisa se há nulidade e, se não houver, homologa o certame.
Ressalte-se que a autoridade competente para a aprovação do
procedimento somente poderá revogar a licitação por razões de
interesse público decorrente de fato superveniente devidamente
comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta,
devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de

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terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado
(art. 49)

ADJUDICAÇÃO: Após a homologação, o objeto do certame é


ADJUDICADO ao vencedor. Isto não significa que ele será
contratado, mas que, caso a Administração resolva contratar,
terá de ser com ele.

ATENÇÃO: Fala-se em Princípio da Adjudicação Compulsória, por ser ato


vinculado e impassível de atribuição a outro licitante. O vencedor, por outro
lado, fica obrigado a celebrar o contrato caso seja convocado no prazo de 60
(sessenta) dias da abertura dos envelopes.

 TOMADA DE PREÇOS: Na Tomada de Preçosm segue-se o mesmo


rito do anterior, só que NÃO HÁ FASE DE HABILITAÇÃO, uma vez que
os licitantes são previamente cadastrados.

 CONVITE: No Convite, não há publicação de edital, vez que o


instrumento convocatório denomina-se CONVITE! Os prazos de
recursos são de 2 dias úteis (art. 109, §6º), não há fase de habilitação
para os previamente cadastrados.

 CONCURSO E LEILÃO: No concurso e no leilão, o procedimento a ser


adotado varia de acordo com o regulamento específico do certame.

E) PREGÃO

Edital – Classificação – Habilitação – Adjudicação - Homologação

Além da fase interna – tal como a concorrência -, o Pregão possui uma


fase externa diferenciada, especialmente pelas seguintes características:

PUBLICAÇÃO: a convocação dos interessados será efetuada


por meio de publicação de aviso em diário oficial do respectivo
ente federado ou, não existindo, em jornal de circulação local, e
facultativamente, por meios eletrônicos e conforme o vulto da
licitação, em jornal de grande circulação, nos termos do
regulamento de que trata o art. 2º;

INVERSÃO DAS FASES DE HABILITAÇÃO E


JULGAMENTO: Apenas será analiasada a documentação de
habilitação da empresa melhor classificada. No pregão,
primeiramente os licitantes têm suas propostas julgadas e
classificadas para só então ser o primeiro colocado chamado a
se habilitar.
LANCES SUCESSIVOS: No pregão, as concorrentes são
chamadas, até o limite legal, a participar de uma sessão para
apresentar lances sucessivos.

CRITÉRIO DE JULGAMENTO OBRIGATÓRIO: Para


julgamento e classificação das propostas, será adotado o
critério de menor preço, observados os prazos máximos para
fornecimento, as especificações técnicas e parâmetros
mínimos de desempenho e qualidade definidos no edital;

CHAMADA SUCESSIVA: Se a oferta não for aceitável ou se o


licitante desatender às exigências habilitatórias, o pregoeiro
examinará as ofertas subseqüentes e a qualificação dos
licitantes, na ordem de classificação, e assim sucessivamente,
até a apuração de uma que atenda ao edital, sendo o
respectivo licitante declarado vencedor;

INVERSÃO NAS FASES DE HOMOLOGAÇÃO E


ADJUDICAÇÃO: No pregão, primeiramente é adjudicado o
objeto ao vencedor para, em seguida, o procedimento ser
encaminhado à autoridade superior para homologação.

RECURSO ÚNICO: Declarado o vencedor, qualquer licitante


poderá manifestar imediata e motivadamente a intenção de
recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias
para apresentação das razões do recurso, ficando os
demais licitantes desde logo intimados para apresentar contra-
razões em igual número de dias, que começarão a correr do
término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista
imediata dos autos;

PENALIDADE ESPECÍFICA: Além das penalidades previstas


na Lei 8.666/93, no Pregão é possível a aplicação de uma
penalidade específica, prevista no art. 7º. “Quem, convocado
dentro do prazo de validade da sua proposta, não celebrar o
contrato, deixar de entregar ou apresentar documentação falsa
exigida para o certame, ensejar o retardamento da execução
de seu objeto, não mantiver a proposta, falhar ou fraudar na
execução do contrato, comportar-se de modo inidôneo ou
cometer fraude fiscal, ficará impedido de licitar e contratar
com a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios e,
será descredenciado no Sicaf, ou nos sistemas de
cadastramento de fornecedores a que se refere o inciso XIV do
art. 4o desta Lei, pelo prazo de até 5 (cinco) anos, sem
prejuízo das multas previstas em edital e no contrato e das
demais cominações legais”.

PRAZO DE VALIDADE DA PROPOSTA: A proposta


apresentada pela empresa interessada terá validade de 60
(sessenta) dias, se não houver sido fixado outro prazo no
edital. (art. 6º).

VEDAÇÃO À EXIGÊNCIA DE GARANTIA: No pregão, veda-se


a exigência de garantia da proposta, diferentemente do que
ocorre na Lei 8.666/93. (Lei 10.520, art. 5º, I)

CONTRATAÇÃO DIRETA, SEM LICITAÇÃO (TEMA MUITO COBRADO!)

Existem hipóteses em que a lei autoriza a contratação direta do


prestador, sem licitação, de sorte que a doutrina elenca 3 (três) situações
previstas na Lei 8.666/93 que autorizam esta contratação. São elas: dispensa
de licitação (art. 24); inexigibilidade de licitação (art. 25); e licitação
dispensada/proibida (art. 17).

DISPENSA INEXIGIBILIDAD DISPENSAD


Fundamen Art. 24 Art. E Art.A17
to
Hipóteses Taxativas 25
Exemplificativas Taxativas
Contrataçã Facultativa Obrigatória Obrigatória
o
É importante lembrar que a contratação direta, sem licitação, importa em
ocorrência de crime específico previsto na Lei 8.666/93 (art. 89), exigindo-se a
presença de dolo específico em causar dano ao erário e efetivo prejuízo à
Administração Pública. (STJ, AgRg no REsp 1259109/DF)

Veja-se que, apesar da contratação direta, naquelas hipóteses, ser


autorizada por meio de lei, ainda assim deverá SEMPRE exitir um processo
administrativo para justificar a contratação, inclusive no que concerne ao
preço contratado.

É o que prevê o art. 26 da Lei 8.666/93:

Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art. 17 e no inciso III e


seguintes do art. 24, as situações de inexigibilidade referidas no art. 25,
necessariamente justificadas, e o retardamento previsto no final do parágrafo
único do art. 8º desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três)
dias,
à autoridade superior, para ratificação e publicação na imprensa oficial,
no prazo de 5 (cinco) , como condição para a eficácia dos
dias atos.de 2005)
(Redação dada pela Lei nº 11.107,

Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de


retardamento, previsto neste artigo, será instruído, no que couber, com os
seguintes elementos:
I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa que justifique a
dispensa, quando for o caso;
II - razão da escolha do fornecedor ou
executante; III - justificativa do preço.
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa aos quais os bens
serão alocados. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)

Veja-se que a leitura integral do art. 24, 25 e 19 compete ao aluno


interessado, pois, em boa parte, é cobrada em prova apenas a memorização
do seu teor. No entanto, cabe pontuar algumas hipóteses específicas:

ALGUMAS HIPÓTESES PRINCIPAIS DE DISPENSA (art. 24)

Em razão do valor: Os incisos I e II do art. 24 preveem situações em


que é possível a contratação direta em virtude do baixo valor.

I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10% (dez por cento) do
limite previsto na alínea "a", do inciso I do artigo anterior, desde que não se
refiram a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e
serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam ser realizadas
conjunta e concomitantemente; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)

II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez por cento) do limite
previsto na alínea "a", do inciso II do artigo anterior e para alienações, nos
casos previstos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mesmo
serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada de uma só
vez; (Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998)

Em razão de emergência: Os incisos III e IV preveem hipóteses


emergenciais em que o procedimento licitatório é incompatível com a
situação vivenciada pelo Estado. Ressalte-se que, no caso do inciso VI,
a doutrina entende que a emergência não pode ter sido causada pelo
próprio Estado, bem como deverá ser apurada a responsabilidade de
quem deu causa à situação emergencial.

III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;

IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando


caracterizada urgência de atendimento de situação que possa ocasionar
prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras, serviços,
equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os
bens necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e
para as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no prazo
máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados
da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos
respectivos contratos;
Licitação deserta x fracassada: A doutrina tende a diferenciar o que
chamou de “licitação deserta” e “licitação fracassada”.

a) A licitação DESERTA é aquela na qual não apareceu qualquer


interessado no objeto licitado, podendo ser dispensada a próxima
licitação se não puder ser repetida sem prejuízo para Administração
Pública.

b) No caso da licitação FRACASSADA, aparecem interessados, porém


estes são inabilitados ou desclassificados. Como regra, nesta
hipótese, é necessário novo procedimento licitatório.

V - quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta,


justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração,
mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas;

Por órgão ou entidade da Administração Indireta

VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de bens
produzidos ou serviços prestados por órgão ou entidade que integre a
Administração Pública e que tenha sido criado para esse fim específico em
data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja
compatível com o praticado no mercado; (Redação dada pela Lei nº 8.883,
de 1994)

Compra ou locação de imóvel

X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das


finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e
localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível
com o valor de mercado, segundo avaliação prévia; (Redação dada pela Lei nº
8.883, de 1994)

Organizações sociais

XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as


organizações sociais, qualificadas no âmbito das respectivas esferas de
governo, para atividades contempladas no contrato de gestão. (Incluído pela
Lei nº 9.648, de 1998)

Contrato de programa (Consórcios Públicos)

XXVI – na celebração de contrato de programa com ente da Federação ou


com entidade de sua administração indireta, para a prestação de serviços
públicos de forma associada nos termos do autorizado em contrato de
consórcio público ou em convênio de cooperação. (Incluído pela Lei nº
11.107, de 2005)
ALGUMAS HIPÓTESES PRINCIPAIS DE INEXIGIBILIDADE

Fornecedor exclusivo:

I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser


fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo,
vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser
feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do
local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo
Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas
entidades equivalentes;

Serviços técnicos

ados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigib

Trabalho artístico

III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou


através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica
especializada ou pela opinião pública.

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS

CONCEITO

No âmbito dos contratos firmados pela administração pública, está a


espécie do contrato administrativo, que é caracterizado pela aplicação do
regime jurídico administrativo, ou seja, um regime que coloca a
Administração Pública em posição de superioridade.

É necessário, no entanto, diferenciar:

A) CONTRATOS DA ADMINISTRAÇÃO: São todos os contratos


firmados pelo Estado, seja com aplicação do regime jurídico
administrativo (contrato administrativo), seja com aplicação apenas
do regime privado (contratos privados).

B) CONTRATOS ADMINISTRATIVOS: Contratos firmados com


aplicação do regime jurídico administrativo (incidência de
cláusulas exorbitantes). Trata-se de uma relação de verticalidade.

C) CONTRATOS PRIVADOS: Além de contratos com regime jurídico


administrativo, a Administração Pública também firma contratos na
qualidade de particular, ou seja, sem regras de supremacia (ex:
contrato de compra e venda, contrato de locação etc.). Mesmo
nestas hipóteses, aplica-se a regra da obrigatoriedade de licitação.

CONTRATOS DA
ADMINISTRAÇÃO

CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
CONTRATOS PRIVADOS

Registre-se, a título de informação, que a União possui competência


privativa para legislar acerca de normas gerais sobre contratos administrativos,
conforme art. 22, XXVII, da Constituição de 1988.

CARACTERÍSTICAS

A) CARACTERÍSTICAS GERAIS

Na análise classificatória dos contratos administrativo perante a Teoria


Geral dos Contratos, a doutrina os classifica como um contrato comutativo,
consensual, de adesão, oneroso, sinalagmático, personalíssimo (não admite
subcontratação, sem previsão no edital) e formal.

Tendo em vista a regra da formalidade nos contratos administrativos, a


própria Lei 8.666/93 estipula regras variáveis quanto ao instrumento. A regra é
que seja formalizado por escrito e através do instrumento contrato.

No entanto, o art. 62 da Lei 8.666/93 autoriza que o contrato seja


substituído por instrumentos hábeis, tais como carta-contrato, nota de
empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de
serviço, desde que o valor da contratação se enquadra no limite do
convite (até R$ 80.000,00 para compras e serviços e até R$ 150.000,00 para
obras e serviços de engenharia)..

Também é dispensada a utilização do contrato, com sua substituição


na forma anterior independentemente de seu valor, nos casos de compra
com entrega imediata e integral dos bens adquiridos, dos quais não
resultem obrigações futuras, inclusive assistência técnica.

ATENÇÃO: A regra é a vedação ao contrato verbal com a Administração


Pública. No entanto, o art. 60, parágrafo único, viabiliza a sua utilização em
pequenas compras de pronto pagamento até R$ 4.000,00.

Art. 60 [...] Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com
a Administração, salvo o de pequenas compras de pronto pagamento,
entendidas aquelas de valor não superior a 5% (cinco por cento) do limite
estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a" desta Lei, feitas em regime de
adiantamento.

Além disso, a formalidade também exige a publicação do contrato


como condição de eficácia. (art. 61, parágrafo único)

B) CLÁUSULAS EXORBITANTES

As cláusulas exorbitantes são disposições do contrato administrativo


que não existiriam nos meros contratos de direito privado, sob pena de serem
consideradas abusivas. O regime jurídico administrativo prevê estas cláusulas
que colocam o poder público em relação de superioridade face ao particular
contratado. (veja o art. 58 da Lei 8.666/93).

Vejamos:

ALTERAÇÃO UNILATERAL DO CONTRATO: Por necessidade da


Administração Pública, o contrato pode ser alterado unilateralmente,
sendo o contratado obrigado a prestar o objeto na forma determinada
pelo Estado. Nesta hipótese, deve haver acréscimo ou diminuição, sem
alterar o objeto, pois, do contrário, teríamos violação à obrigatoriedade
de licitação.

A alteração pode ser qualitativa ou quantitativa, porém, nos dois


casos, o art. 65, §1º, da Lei 8.666/93 fixa limites, nos seguintes moldes:

ALTERAÇÃO Até 25% para acréscimos


UNILATERAL ou diminuições
COMUM
ALTERAÇÃO UNILATERAL Até 50% para acréscimos e 25%
EM CONTRATOS DE para diminuições

Ressalte-se que, em havendo modificação unilateral do contrato, o


particular possui direito ao equilíbrio econômico-financeiro do contrato, a fim
de restabelecer a relação entre margem de lucro e o objeto prestado.

O §4º do art. 65 da mesma lei ainda estabelece que “no caso de


supressão de obras, bens ou serviços, se o contratado já houver
adquirido os materiais e posto no local dos trabalhos, estes deverão ser
pagos pela Administração pelos custos de aquisição regularmente
comprovados e monetariamente corrigidos, podendo caber indenização
por outros danos eventualmente decorrentes da supressão, desde que
regularmente comprovados”.

RESCISÃO UNILATERAL: A rescisão unilateral do contrato


administrativo é prerrogativa exclusiva da Administração Pública. Caso
haja inadimplemento do contratante, o contratado-particular terá de
buscar a tutelar judicial para ver o contrato rescindido.
Veja-se que a rescisão pode resultar de inadimplemento do particular
ou de razões de interesse público do Estado. Neste segundo caso, o
particular possui direito à: devolução de garantia; pagamentos devidos pela
execução do contrato até a data da rescisão; pagamento do custo da
desmobilização (vide art. 79, §2º).

ATENÇÃO: A doutrina e precedentes do STJ vêm indicando que o particular,


no caso de rescisão por razões de interesse público, também possui direito a
lucros cessantes (vide REsp 1240057).

É importante destacar que, caso o inadimplemento seja da


Administração Pública, o particular fica obrigado a continuar prestando o
serviço durante 90 dias, momento a partir do qual fica autorizado a suspender a
prestação (vide art. 78, XV). Trata-se da aplicação da exceção do contrato
não cumprido (exceptio non adimpleti contractus), que apenas tem
aplicabilidade em seguida ao transcurso do prazo de 90 dias.

FISCALIZAÇÃO: O contratado fica em permanente fiscalização pela


Administração Pública, que, inclusive, deverá designar um fiscal do
contrato para fazer o seu acompanhamento. O contratado, por outro
lado, mantém preposto no local da obra ou serviço para representa-lo.
(art. 67)

OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA: Em se tratando de serviços essenciais,


por incidência do princípio da continuidade do serviço público, a
Administração Pública pode ocupar provisoriamente bens móveis,
imóveis, pessoa e serviços vinculados ao objeto do contrato.

APLICAÇÃO DE PENALIDADES: Em caso de descumprimento do


contrato, a Administração Pública pode aplicar penalidades em desfavor
do contratado. Estas penalidades estão descritas no art. 87 da Lei
8.666/93 e podem ser:

1) Advertência;

2) multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato;

3) Suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de


contratar com a Administração, por prazo não superior a 2 (dois) anos;

4) Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a


Administração Pública enquanto perdurarem os motivos determinantes
da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria
autoridade que aplicou a penalidade, que será concedida sempre que o
contratado ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após
decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso anterior.
ATENÇÃO: A penalidade de declaração de inidoneidade só pode
aplicada Ministro de Estado, do Secretário Estadual ou
pelo
conforme Municipal,
o caso, facultada a defesa do interessado no respectivo processo,
no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista, podendo a reabilitação ser
requerida após 2 (dois) anos de sua aplicação (art. 87, §3º)

5) Impedimento de licitar e contratar com a União, Estados, Distrito


Federal ou Municípios e, será descredenciado no Sicaf, ou nos
sistemas de cadastramento de fornecedores a que se refere o inciso
XIV do art. 4º da Lei 10.520/02, pelo prazo de até 5 (cinco) anos, sem
prejuízo das multas previstas em edital e no contrato e das demais
cominações legais. (Penalidade específica do Pregão - art. 7º da Lei
10.520/02).

Há uma diferença ainda sobre as penalidades de suspensão


temporária e declaração de inidoneidade. A primeira possui incidência
apenas no âmbito do ente federativo que aplicou a penalidade, enquanto que a
segunda incide para todos os entes federativos.

GARANTIA: A garantia do contrato, a ser prestada pelo contratado, é


considerada pela doutrina majoritária como uma espécie de cláusula
exorbitante. O seu valor, como regra, será de até 5%, podendo atingir
10% em caso de objetos de alta complexidade técnica. (art. 56)

C) ALTERAÇÃO CONSENSO DAS PARTES

Além de poder ser alterado unilateralmente pela Administração Pública,


o contrato também pode ser alterado por consenso das partes, ou seja, de
forma bilateral, quando (art. 65, inciso II):

a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;

b) quando necessária a modificação do regime de execução da


obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face
de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais
originários;

c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por


imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor
inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com
relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente
contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra
ou serviço;

d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram


inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da
administração para a justa remuneração da obra, serviço ou
fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de
sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de
conseqüências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da
execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso
fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica
extraordinária e extracontratual. *Esta última hipótese
representa o que a doutrina denomina de teoria da imprevisão.

D) EQUILÍBRIO ECONÔMICO FINANCEIRO CONTRATUAL

A despeito destas cláusulas e normas que colocam a Administração


Pública em pé de superioridade, o particular contratado possui um direito
constitucional assegurado. Trata-se do equilíbrio econômico-financeiro
contratual.

O referido equilíbrio se refere à garantia de manutenção do binômio


LUCRO X ENCARGO e seu fundamento advém do próprio texto constitucional,
na medida em que o art. 37, XXI, especifica que deverão ser “mantidas as
condições efetivas da proposta”.

Além de ter sede constitucional, também possui fundamento na Lei


8.666/93, assim como em outros diplomas legislativos que tratam de contratos
específicos (ex: Lei 8.987).

Nesse sentido, o transcurso do tempo e eventual alterações nos


encargos do contratado podem resultar no reequilíbrio econômico financeiro do
contrato. Esta alteração ocorre nas hipóteses de álea econômica ordinária,
quando fatos previsíveis influenciam sobre o contrato, e de álea econômica
extraordinária, onde teremos algo imprevisível ou previsível, porém de
consequência incalculáveis (teoria da imprevisão).

ÁLEA ECONÔMICA ORDINÁRIA

CORREÇÃO MONETÁRIA REAJUSTAMENTO DE PREÇOS

Na álea econômica ordinária, o fato que altera o equilíbrio econômico


financeiro é previsível e, portanto, a alteração do contrato deve ter previsão
precedente. São casos:
a) CORREÇÃO MONETÁRIA: Manutenção do valor real do contrato
por meio de atualização, sem qualquer acréscimo do valor inicial. O
fundamento básico é a ocorrência da inflação.

b) REAJUSTAMENTO DE PREÇOS: fatos regulares que acarretam


aumento do custo dos insumos e custos em geral necessários ao
cumprimento do objeto contratual.

ÁELA ECONÔMICA EXTRAORDINÁRIA

RECOMPOSIÇÃO OU
REVISÃO DE PREÇOS

CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR SITUAÇÕES IMPREVISTAS FATO DA ADMINISTRAÇÃO FATO DO PRÍNCIPE

A álea econômica extraordinária, por outro lado, se refere a fatos


imprevisíveis ou previsíveis, porém de consequências incalculáveis. O
contratado, na hora de apresentar sua proposta, não aguardava aquela
ocorrência. Trata-se do que a doutrina denominou de teoria da imprevisão,
podendo ser apontadas as hipóteses:

a) CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR: Correspondem a fatos


externos, não causados pelas partes contratuais, que são
imprevisíveis (decorrentes de ato do homem ou da natureza) e
influenciam consideravelmente na relação contratual (ex: chuva
forte que destrói parte da obra);

b) SITUAÇÕES IMPREVISTAS: Situações precedentes à celebração


do contrato, desconhecidas pelas partes, mas que impedem ou
dificultam a sua execução (ex: particular contratado para execução
de uma obra e, no seu curso, descobre que o terreno é pantanoso);

c) FATO DA ADMINISTRAÇÃO: O desequilíbrio, nesta hipótese,


decorre de uma atuação específica do poder público contratante,
descumprindo um encargo seu (ex: não promove as
desapropriações necessárias à realização da obra no seu correto
tempo);

d) FATO DO PRÍNCIPE: Também há desequilíbrio, porém decorrente


de uma atuação geral e abstrata (extracontratual) do poder público
(ex: aumento de um tributo incidente diretamente sob o
fornecimento do bem ou serviço).

E) DURAÇÃO

Os contratos administrativos devem sempre ser realizados com prazo


determinado (Lei 8.666/93, art. 57, §3º). Além disso, a regra é que tenha
duração referente à respectiva vigência dos créditos orçamentários (1
ano). Ocorre que o próprio art. 57 excepciona a regra geral em algumas
hipóteses:

HIPÓTESE DURAÇÃO
Projetos incluídos no 4 anos
PPA (Plano
Plurianual)
Prestação de serviços contínuos Até 60 meses
Aluguel de equipamentos e Até 48 meses
utilização de programas de
informática
Hipóteses de dispensa dos incisos Até 120 meses
IX, XIX, XXVIII e XXXI do art.
24
ATENÇÃO: Existem contratos administrativos específicos, com previsão fora
da Lei 8.666/93, que podem ultrapassar os limites do art. 57. Exemplo claro
são os contratos de PPP, que podem chegar até 35 anos.

F) RESPONSABILIDADE

Ao ser contratado, o particular executa o seu serviço por sua conta e


risco, sob supervisão da Administração Pública. Nesse sentido é que ele é
obrigado a arcar com os encargos trabalhistas, fiscais e comerciais, sendo que
eventual inadimplemento não transfere ao Estado a responsabilidade pelo seu
pagamento. (art. 71, §1º)

Este dispositivo foi muito discutido no âmbito da Justiça do Trabalho, a


qual aplicava a responsabilidade subsidiária da Administração Pública nas
reclamações trabalhistas. Contudo, após o julgamento da ADC 16/2010, o TST
reviu seu posicionamento e, através da Súmula 331, adequou seu
posicionamento ao entendimento do STF e ao dispositivo legal.

Segundo entende o TST, a Administração Pública apenas pode


responder em caso de comprovada culpa na fiscalização do cumprimento dos
encargos.
Súmula nº 331 do TST

CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE (nova


redação
do item IV e inseridos os itens V e VI à redação) - Res. 174/2011, DEJT
divulgado em 27, 30 e 31.05.2011
I - A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-
se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de
trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974).
II - A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não
gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta,
indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988).
III - Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços
de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem
como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador,
desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta.
IV - O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador,
implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto
àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e
conste também do título executivo judicial.
respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item ca
IV,
evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da so
Lei n.º 8.666, de , especialmente na fiscalização
cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora
serviço como A aludida responsabilidade não decorre
empregadora.
mero inadimplemento das de obrigações trabalhistas assumidas
empresa pela
regularmente .
contratada
VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as
verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação
laboral.
Assim, segundo o TST, a responsabilidade do Estado por verbas
trabalhistas só ocorre em sendo comprovada a conduta culposa. Ressalte-se
que o entendimento poderá ser revisto futuramente para restringir ainda mais,
uma vez que o art. 71, §1º, da Lei 8.666/93 não admite a responsabilidade nem
mesmo em virtude de conduta culposa.

No que concerne ao adimplemento de encargos previdenciários, a


responsabilidade da Administração Pública é solidária, a teor do art. 71, §2º,
da Lei 8.666/93.
QUESTÕES SOBRE O TEMA 6
(Licitações e contratos)

1. (2014/FGV) Diante das chuvas torrenciais que destruíram o telhado do


prédio de uma Secretaria de Estado, o administrador entende presentes as
condições para a dispensa de licitação com fundamento no Art. 24, IV, da Lei
nº 8.666/1993 (contratação direta quando caracterizada urgência de
atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos
ou particulares).
Submete, então, à Assessoria Jurídica a indagação sobre a possibilidade de
contratação de empresa de construção civil de renome nacional para a
reconstrução da estrutura afetada do edifício.
Sobre as hipóteses de contratação direta, assinale a afirmativa correta
a) As hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação não exigem
justificativa de preço, porque são casos em que a própria legislação entende
inconveniente ou inviável a competição pelas melhores condições de
contratação
b) A dispensa de licitação, assim como a de inexigibilidade, não prescinde de
justificativa de preço, uma vez que a autorização legal para não licitar não
significa possibilidade de contratação por preços superiores aos praticados no
mercado.
c) Apenas as hipóteses de dispensa de licitação (e não as situações de
inexigibilidade) exigem justificativa de preço, até porque a inexigibilidade
significa que somente uma pessoa pode ser contratada, o que afasta
possibilidade de discussão quanto ao preço.
d) A dispensa de licitação não exige justificativa de preço, pois a própria lei
prevê, taxativamente, que não se faça licitação nas hipóteses elencadas; na
inexigibilidade, a justificativa de preço é inafastável, diante do caráter
exemplificativo do Art. 25 da Lei.

2. (2014/FGV) A Agência Reguladora de Serviços Públicos Estaduais,


autarquia do Estado ABC, identificou um imóvel, no centro da cidade XYZ
(capital do Estado) capaz de receber as instalações de sua nova sede. O
proprietário do imóvel, quando procurado, demonstrou interesse na sua
alienação pelo preço de avaliação da Administração Pública.
Considerando a disciplina legislativa a respeito do tema, assinale a opção
correta.
a) É possível a compra de bem imóvel pela Administração, dispensada a
licitação no caso de as necessidades de instalação e localização
condicionarem a sua escolha.
b) Não é possível a celebração de contrato de compra e venda, pois a única
forma de aquisição de bem imóvel pelo Estado é a desapropriação.
c) É possível a compra de bem imóvel pela Administração, mas tal aquisição
deve ser, obrigatoriamente, precedida de licitação, na modalidade de
concorrência
d) É possível a compra de bem imóvel pela Administração, mas tal aquisição
deve ser, obrigatoriamente, precedida de licitação, na modalidade de leilão
3. (2014/FGV) A União licitou, mediante concorrência, uma obra de engenharia
para construir um hospital público. Depois de realizadas todas as etapas
previstas na Lei n. 8.666/93, sagrou- se vencedora a Companhia X. No entanto,
antes de se outorgar o contrato para a Companhia X, a Administração Pública
resolveu revogar a licitação. Acerca do tema, assinale a afirmativa correta.
a) A Administração Pública pode revogar a licitação, por qualquer motivo,
principalmente por ilegalidade, não havendo direito subjetivo da Companhia X
ao contrato.
b) A revogação depende da constatação de ilegalidade no curso do
procedimento e, nesse caso, não pode ser decretada em prejuízo da
Companhia X, que já se sagrou vencedora.
c) A revogação, fundada na conveniência e na oportunidade da Administração
Pública, deverá sempre ser motivada e baseada em fato superveniente ao
início da licitação.
d) Quando a Administração lança um edital e a ele se vincula, somente será
possível a anulação do certame em caso de ilegalidade, sendo-lhe vedado,
pois, revogar a licitação.

4. (2013/FGV) A Administração Pública estadual pretende realizar uma licitação


em modalidade não prevista na legislação federal.
Nesse caso, é correto afirmar que
a) a intenção é viável, pois o Estado tem ampla competência para legislar
sobre licitações.
b) a intenção somente é viável caso seja realizada a combinação de
modalidades de licitação já previstas na Lei n. 8.666/93.
c) a intenção não é viável por expressa vedação da Lei n. 8.666/93.
d) a intenção é viável por expressa autorização da Lei n. 8.666/93.

5. (2013/FGV) Em um pregão presencial promovido pela União, foram abertas


as propostas de preço, constatando-se que o licitante “M” ofereceu preço de R$
10.000,00; “N”, o preço de R$ 10.001,00; “O” ofertou R$ 10.150,00; “P”, o preço
de R$ 10.500,00; “Q” apresentou proposta de R$ 10.999,99 e “R”, por fim,
ofereceu R$ 12.000,00.
Diante da hipótese sugerida, assinale a afirmativa correta.
a) Devem ser classificados para a fase de lances verbais os licitantes “M”, “N”,
“O”, “P” e “Q”, uma vez que ofereceram a proposta mais baixa e as propostas
com preço até dez por cento superiores àquela.
b) Para a fase de lances verbais, somente devem ser classificados os licitantes
“M”, “N”, “O” e “P”, uma vez que ofereceram a proposta mais baixa e as três
outras melhores propostas.
c) Todos os licitantes devem ser classificados para a próxima fase, uma vez
que restringir a participação de algum deles significaria ofensa ao caráter
competitivo da licitação.
d) A Administração deve realizar média de todos os preços ofertados e poderão
participar da fase seguinte os licitantes com propostas inferiores a esta média e
aqueles que aceitarem reduzir seu preço para este limite.
6. (2013/FGV) Nenhuma proposta foi apresentada na licitação promovida por
uma autarquia federal para a aquisição de softwares de processamento de
dados. Com relação a esse caso, assinale a afirmativa correta.
a) Um novo procedimento licitatório deve ser realizado no prazo de até 180
dias do término do procedimento anterior.
b) A hipótese é de licitação dispensada, ainda que ela possa ser repetida sem
prejuízo para a Administração.
c) A hipótese é de inexigibilidade de licitação, desde que a contratação se faça
no prazo de até 180 dias do término do procedimento anterior.
d) A contratação direta é admitida, se a licitação não puder ser repetida sem
prejuízo para a Administração.

7. (2010/CESPE) Mauro, chefe do setor de compras de um órgão do Instituto


Nacional do Seguro Social, recebeu pedido de abertura de procedimento
licitatório para a aquisição de grande quantidade dos seguintes itens:
impressoras, cartuchos para impressoras, monitores LCD e licença para uso de
sistema operacional a ser utilizado nos computadores da autarquia. A
solicitação estava de acordo com todas as normas aplicáveis, incluindo-se a
justificativa do quantitativo e da necessidade dos referidos itens. Antes de
promover a abertura de qualquer procedimento de compra, Mauro procedeu a
análise técnico-econômica e concluiu que a compra dos cartuchos para
impressoras, se realizada separadamente da dos demais itens, implicaria uma
ampliação da concorrência, sem perda da economia de escala. Constatou,
também, que era a terceira vez no ano que a administração encaminhava
pedido para a compra de cartuchos para impressora. Por fim, verificou que a
estimativa do valor total que seria gasto na contratação era de R$ 700.000,00.
De acordo com os dados apresentados nessa situação hipotética, Mauro deve
promover a abertura de
a) concorrência, pois o valor a ser gasto é substancioso e os produtos e
serviços de informática não podem ser caracterizados como serviços comuns.
b) pregão, sendo preferencial a sua utilização na forma presencial.
c) convite para a elaboração de ata de registro de preços para a aquisição de
cartuchos de impressoras e de concorrência para a compra dos demais itens
solicitados.
d) dois pregões eletrônicos, um para a elaboração de ata de registro de preços
para a aquisição de cartuchos de impressoras e outro para a compra dos
demais itens solicitados.

8. (2015/FGV) Diante das chuvas torrenciais que destruíram o telhado do


prédio de uma Secretaria de Estado, o administrador entende presentes as
condições para a dispensa de licitação com fundamento no Art. 24, IV, da Lei
nº 8.666/1993 (contratação direta quando caracterizada urgência de
atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos
ou particulares).
Submete, então, à Assessoria Jurídica a indagação sobre a possibilidade de
contratação de empresa de construção civil de renome nacional para a
reconstrução da estrutura afetada do edifício.
Sobre as hipóteses de contratação direta, assinale a afirmativa correta.
A) As hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação não exigem
justificativa de preço, porque são casos em que a própria legislação entende
inconveniente ou inviável a
competição pelas melhores condições de contratação.
B) A dispensa de licitação, assim como a de inexigibilidade, não prescinde de
justificativa de preço, uma vez que a autorização legal para não licitar não
significa possibilidade de contratação por preços superiores aos praticados no
mercado.
C) Apenas as hipóteses de dispensa de licitação (e não as situações de
inexigibilidade) exigem justificativa de preço, até porque a inexigibilidade
significa que somente uma pessoa pode ser contratada, o que afasta
possibilidade de discussão quanto ao preço.
D) A dispensa de licitação não exige justificativa de preço, pois a própria lei
prevê, taxativamente, que não se faça licitação nas hipóteses elencadas; na
inexigibilidade, a justificativa de preço é inafastável, diante do caráter
exemplificativo do Art. 25 da Lei.

9. (2015/FGV) A Agência Reguladora de Serviços Públicos autarquia do Estado


ABC, identificou um imóvel, no centro da cidade XYZ (capital do Estado) capaz
de receber as instalações de sua nova sede. O proprietário do imóvel, quando
procurado, demonstrou interesse na sua alienação pelo preço de avaliação da
Administração Pública.
Considerando a disciplina legislativa a respeito do tema, assinale a opção
correta.
A) É possível a compra de bem imóvel pela Administração, dispensada a
licitação no caso de as necessidades de instalação e localização
condicionarem a sua escolha.
B) Não é possível a celebração de contrato de compra e venda, pois a única
forma de aquisição de bem imóvel pelo Estado é a desapropriação.
C) É possível a compra de bem imóvel pela Administração, mas tal aquisição
deve ser, obrigatoriamente precedida de licitação, na modalidade de
concorrência.
D) É possível a compra de bem imóvel pela Administração, mas tal aquisição
deve ser, obrigatoriamente, precedida de licitação, na modalidade leilão.

10. (2013/FGV) Determinada construtora sagra-se vencedora numa licitação


para a reforma do hall de acesso de uma autarquia estadual. O contrato foi
assinado no dia 30 de abril, com duração até 30 de outubro daquele mesmo
ano.
Iniciada a execução do contrato, a Administração constata a necessidade de
alteração no projeto original, a fim de incluir uma rampa de acesso para
deficientes físicos.
Com base na hipótese sugerida, assinale a afirmativa correta.
A) A alteração do projeto, pela Administração, autoriza a recomposição do
equilíbrio econômico-financeiro, mas não a prorrogação do prazo de entrega da
obra.
B) A alteração do projeto, pela Administração, autoriza a recomposição do
equilíbrio econômico-financeiro e também a prorrogação do prazo de entrega
da obra.
C) Os concorrentes que perderam a licitação podem questionar a validade da
alteração, exigindo a realização de novo procedimento licitatório para a
totalidade da obra.
D) Os concorrentes que perderam a licitação podem questionar a validade da
alteração, exigindo a realização de novo procedimento licitatório para a
construção da rampa de acesso para deficientes físicos.

11. (2012/FGV) Acerca das modalidades de extinção dos atos administrativos,


assinale a alternativa correta.
A) A renúncia configura modalidade de extinção por meio da qual são extintos
os efeitos do ato por motivo de interesse público.
B) A cassação configura modalidade de extinção em que a retirada do ato
decorre de razões de oportunidade e conveniência.
C) A revogação configura modalidade de extinção que ocorre quando a retirada
do ato se dá por ter sido praticado em contrariedade com a lei.
D) A caducidade configura modalidade de extinção em que ocorre a retirada do
ato por ter sobrevindo norma jurídica que tornou inadmissível situação antes
permitida pelo direito e outorgada pelo ato precedente

Respostas
1 – B / 2 – A / 3 – C / 4 – C / 5 – A / 6 – D / 7 – D / 8 – B / 9 – A / 10 – B / 11 -
D
7. SERVIÇOS PÚBLICOS

7.1 CONCEITO

O conceito de serviços públicos envolve a análise de 3 (três) elementos:


subjetivo, formal e material. Pelo subjetivo, serviço público compreende
aquele que pode ser prestado direta ou indiretamente pelo Estado (CF, art.
175). Pelo elemento formal, compreende-se qualquer serviço prestado sob
regime jurídico-administrativo (definido por lei). No elemento material, por fim,
envolve qualquer atividade de interesse público.

Assim, é considerado serviço público aquele prestado direta ou


indiretamente (concessão, permissão ou autorização) pelo Estado, mediante
incidência do regime jurídico-administrativo, dada a natureza do interesse
público que envolve a prestação do serviço.

ELEMENTO SUBJETIVO Incumbência do Estado para


prestação direta ou indireta
(concessão, permissão ou
autorização)
ELEMENTO FORMAL Aplicação do regime
jurídico
ELEMENTO MATERIAL Atividade de interesse público

PRINCÍPIOS

O regime jurídico aplicável aos serviços públicos possui também suas


peculiaridades. Fala-se em princípios específicos aplicáveis à prestação de
serviços públicos, dentre os quais podem ser elencados:

a) PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO (também


chamado de princípio da permanência): Por este princípio, a
permanência da prestação dos serviços públicos deve ser priorizada, só
podendo haver interrupção em casos excepcionais. Este princípio
suporta algumas exceções, tais como:

ATENÇÃO: Apesar do princípio da continuidade, admite o STF a greve dos


servidores públicos com base na legislação privada, a despeito de não existir
previsão legal para a greve no âmbito do serviço público:

“Aplicabilidade aos servidores públicos civis da Lei nº 7.783/1989, sem


prejuízo de que, diante do caso concreto e mediante solicitação de
entidade ou órgão legítimo, seja facultado ao juízo competente a fixação
de regime de greve mais severo, em razão de tratarem de "serviços ou
atividades essenciais" (Lei no 7.783/1989, arts. 9º a 11)” (STF, MI 708)
Em que pese tal entendimento, o posicionamento atual do STF é de que
deve ser descontado os valores correspondentes aos dias não
trabalhados por servidores em greve, exceto: (i) compensação em caso
de acordo; e (ii) greve decorrente de conduta ilícita do Poder Público.
(STF. Plenário. RE 693456/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 27/10/2016)
(repercussão geral) (Info 845).
O desconto pode se dar de maneira parcelada (STJ. 2ª Turma. RMS 49.339-
SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 6/10/2016) (Info 592).

Quando se trata de Militares ou Policiais Civis, o STF entende não haver


direito subjetivo à greve:

“As atividades exercidas por policiais civis constituem serviços públicos


essenciais desenvolvidos por grupos armados, consideradas, para esse
efeito, análogas às dos militares. Ausência de direito subjetivo à greve “(STF,
MI 774 AgR/DF)

Outros exemplos de aplicabilidade do princípio da continuidade dos


serviços públicos é a cláusula exorbitante da vedação ao exceptio non
adimplenti contractus, que não permite ao contratado deixar de prestar o
serviço por mera inadimplência do contratante, antes de findo o período de 90
dias - art. 78, XV, da Lei 8.666/93.

ATENÇÃO: Em caso de Inadimplência do usuário é possível a interrupção


por motivo de ordem técnica ou por inadimplência, neste caso mediante
prévia notificação (Lei 8.987/95, art. 6, §3º).

Se o corte for atingir interesse público essencial (ex: Hospital) ou


pessoa jurídica de direito público, entende-se que a inadimplência não
pode resultar na paralisação do serviço. (STJ, AgRg no Resp
1430018/CE)
Também não é cabível a interrupção do serviço em virtude de
pretéritos – O DÉBITO DEVE débitos
SER ATUAL (STJ, AgRg no Resp
1351546/MG)
Também representa o sobredito princípio o art. 58, V, da Lei 8.666/93, o
qual permite a ocupação de provisória de bens móveis, imóveis, pessoal e
serviços vinculados ao objeto do contrato administrativo, em caso de serviços
públicos essenciais, para evitar a sua interrupção. O art. 36 da Lei 8.987/95,
em sentido semelhante, permite a reversão de bens da concessionária.

b) PRINCÍPIO DA MUTABILIDADE DO REGIME JURÍDICO: O regime


jurídico administrativo aplicável à prestação de serviços públicos pode
ser alterado para se adequar ao interesse público respectivo, com, por
exemplo, modificações unilaterais de cláusulas do contrato de
concessão. Ressalte-se que, em havendo alteração do encargo
atribuído ao delegatário, deve-se sempre observar o equilíbrio
econômico-financeiro contratual (Lei 8.987/99, art. 9º, §4º);
c) PRINCÍPIO DA IGUALDADE DOS USUÁRIOS: Os usuários têm direito
ao tratamento igualitário (igualdade material), sem prejuízo de ações
afirmativas a serem promovidas pelo Poder Público (ex: atendimento
prioritário e diferenciado para deficientes).

d) Outros: regularidade, eficiência, segurança, atualidade,


generalidade, economicidade, cortesia na sua prestação e
modicidade das tarifas (requisitos do serviço adequado – art. 6º, §1º).

CLASSIFICAÇÃO

Considerando a natureza jurídica que os serviços públicos possuem, a


doutrina promove classificação, assim sistematizada:

• SERVIÇOS PÚBLICOS PRÓPRIOS:

1. PRÓPRIOS: assumidos e executados direta ou indiretamente


pelo Estado;

2. IMPRÓPRIOS: apenas autorizado pelo Estado, que fiscaliza e


regulamenta.*

• QUANTO AO OBJETO: serviços públicos administrativos, comerciais ou


industriais e sociais.

• QUANTO À MANEIRA COMO CONCORREM PARA SATISFAZER O


INTERESSE GERAL:

1. Uti singuli: satisfação individual e direta das necessidades dos


cidadãos (luz, gás, transporte, ensino, saúde, assistência);

2. Uti universi: usufruídos indiretamente pelos indivíduos (serviços


diplomáticos, serviços administrativos, pesquisa científica,
iluminação pública, saneamento etc.)

• QUANTO Á EXCLUSIVIDADE:

1. Exclusivos: postal, correio aéreo, telecomunicações,


radiodifusão etc;

2. Não-exclusivos: podem ser prestados pelos particulares


mediante mera autorização.
Serviços públicos próprios a) Próprios
e impróprios b) Impróprios
Quanto ao objeto a) Serviços públicos administrativos;
b) Serviços comerciais ou industriais;
e
c) Serviços sociais.
Quanto à maneira como a) uti singuli e
concorrem para satisfazer o b) uti universi
interesse geral:
Quanto à exclusividade a) Exclusivos
b) Não-exclusivos

CONCESSÕES/PERMISSÕES

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob


regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a
prestação de serviços públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços
públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como
as condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou
permissão;
II - os direitos dos
usuários; III - política
tarifária;

De acordo com o ordenamento jurídico, existem 2 (dois) gêneros de


concessão, cada uma possuindo 2 (duas) especiais diferenciadas:

CONCESSÃO DA 8.987 CONCESSÃO DA PPP (LEI 11.079)


Não há pagamento!!! O Estado paga algo!!
Concessões simples: mera Concessões patrocinadas:
transferência do serviço ao concessão de servi’ços públicos ou
particular, que o executará sob sua de obras públicas de que trata a Lei
responsabilidade) 9.897, quando envolver,
adicionalmente à tarifa cobrada dos
usuários contraprestação peculiar
do parceiro público ao parceiro
Concessão precedida de obra Concessões privado
administrativas:
pública: o particular realiza uma contrato de prestação de serviços
obra necessária à prestação do de que a Administração Pública
serviço, vindo a ser remunerado seja a usuária direta ou indireta,
posteriormente com a execução do ainda que envolva execução de
serviço respectivo) obra ou fornecimento e instalação
CONCESSÕES/PERMISSÕES DA LEI 8.987

A) ASPECTOS GERAIS E DIREITOS DOS USUÁRIOS

A Lei 8.987 possui vários detalhes quanto ao regime jurídico geral das
concessões e permissões de serviços públicos. Ela é considerada com a Lei
Geral de Concessões e Permissões, possuindo duas espécies: a concessão
simples e a concessão precedida de obra pública (conceituadas acima).
Sugerimos a leitura do diploma legal na íntegra.

Apesar para ressaltar, no caso de concessões ou permissões da Lei


8.987/95, a remuneração é obtida na prestação do serviço, mediante tarifa dos
usuários, não havendo repasse de dinheiro público pela Administração Pública
ao concessionário ou permissionário.

O art. 7. da referida lei estabelece um rol de direitos do usuário, que são


garantidos independentemente do tipo de concessão ou permissão. Dentre
eles - que sugerimos a leitura de todos -, cabe destacar o direito de ter
oferecido, dentro do mês de vencimento, o mínimo de seis datas
opcionais para escolherem os dias de vencimento de seus débitos.

B) REEQUILÍBRIO ECONÔMICO FINANCEIRO

Da mesma forma que nos contratos administrativos em geral, o


concessionário ou permissionário também possui direito ao reequilíbrio
econômico financeiro contratual, conforme art. 9 e seguintes da Lei 8.987.
Como já visto no tópico de licitações, o reequilíbrio pode ser obtido através da
Revisão (fato imprevisível ou de consequências incalculáveis) ou do Reajuste
(aplicação de índices previsíveis, em virtude do transcurso do tempo).

C) ASPECTOS IMPORTANTES DA LICITAÇÃO E DA CONTRATAÇÃO

Ponto fundamental nesta matéria é o que diz respeito à licitação e à


firmação do contrato de concessão ou permissão. O art. 175 da Constituição de
1988 fixa, de plano, uma regra diferenciada, ao estabelecer como modalidade
de licitação obrigatória a concorrência.

Nesta hipótese, a utilização da concorrência é obrigatória em razão do


objeto, independentemente do valor a ser atribuído pela concessão ou
permissão. Ressalta-se, porém, que a Lei 9.074/95, que criou o Programa
Nacional de Desestatização, permite que seja utilizada a modalidade do
leilão para escolher o concessionário.

O art. 15 fixa também um rol diferenciado de tipos de licitação (que


não se confunde com modalidades licitatórias), fugindo ao rol da Lei 8.666.

Diferentemente do que prevê também a Lei Geral de Licitações, a Lei


8.987 também permite que, mesmo sendo utilizada a concorrência, possa o
gestor público se valer da inversão das fases de habilitação e julgamento
(art. 18-A).

Prevê ainda um regramento específico para o caso de constituição de


consórcio pelos licitantes (art. 19 e 20), além de estabelecer cláusulas
essenciais que o contrato de concessão ou permissão deverá possuir (art. 23),
além de permitir o uso da arbitragem em caso de conflito (art. 23-A).

A Lei 8.987 ainda regra também a hipótese de subconcessão (art. 26),


que ocorre quando a concessionária ou permissionária atribui a um terceiro a
prestação dos serviços públicos, sem se desfazer da titularidade. Tal
transferência só pode ocorrer nos termos do contrato e desde que autorizado
pelo Poder Concedente.

A transferência da concessão (art. 27), por outro lado, ocorre quando a


concessionária ou permissionária deixa de ser a titular do serviço e passa para
um terceiro que não compunha a relação contratual inicialmente estabelecida.
Tal transferência só pode ocorrer se autorizado previamente pelo Poder
Concedente, sob pena de caducidade da concessão (forma de extinção).

Importante modificação promovida na Lei 8.987 se deu por meio da Lei


nº 13.097, editada ainda em 2015, que passou a prever a assunção do
controle societário por financiadores e garantidores (art. 27-A). Segundo a
norma inserida, desde que previsto no contrato, poderá o Poder Concedente
autorizar "assunção do controle ou da administração temporária da
concessionária por seus financiadores e garantidores com quem não mantenha
vínculo societário direto, para promover sua reestruturação financeira e
assegurar a continuidade da prestação dos serviços˜.

Tal previsão tem o objetivo de assegurar a continuidade da prestação


do serviço público. Da mesma maneira, é também o art. 32 e seguintes da Lei
8.987, que possibilita ao Poder Concedente "intervir na concessão, com o fim
de assegurar a adequação na prestação do serviço, bem como o fiel
cumprimento das normas contratuais, regulamentares e legais pertinentes˜.

O contrato de concessão/permissão não se submete ao prazo do art. 57


da Lei 8.666/93, pois não há dispêndio de recursos públicos. No entanto, isso
não significa que poderá ser feito por prazo indeterminado, apenas que o prazo
será, de regra, mais longo do que os comuns.

Ainda é importante observar que a Lei 8.987 não se aplica à concessão,


permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e
imagens (art. 41), já que estes serviços possuem normatização própria (Lei
4.117).

D) ESPÉCIES DE EXTINÇÃO DA CONCESSÃO/PERMISSÃO (CAI


BASTANTE!!!!)

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A Lei 8.987 também fixa hipóteses de extinção da concessão ou
permissão (art. 35). O natural é que a extinção da concessão ou permissão se
dê pelo advento do termo contratual, ou seja, pelo transcurso do tempo e final
da vigência contratual.

Contudo, é possível haver hipóteses fora da normalidade a justificar a


sua extinção. O diploma legal referido então prevê:

a) ENCAMPAÇÃO: retomada do serviço pelo poder concedente


durante o prazo da concessão, por motivo de interesse público,
mediante lei autorizativa específica e após prévio pagamento da
indenização (art. 37);

b) CADUCIDADE (art. 38): inexecução total ou parcial do contrato,


independentemente de indenização prévia;

c) RESCISÃO: por iniciativa da concessionária, no caso de


descumprimento das normas contratuais pelo poder
concedente, mediante ação judicial especialmente intentada
para esse fim;

d) ANULAÇÃO; e

e) FALÊNCIA ou EXTINÇÃO da empresa concessionária e


falecimento ou incapacidade do titular, no caso de empresa
individual.

PARECERIAS PÚBLICO-PRIVADAS (PPP - LEI 11.079)

A) ASPECTOS GERAIS

A parceria público-privada, regida pela Lei 11.079 (sugiro leitura integral)


também é gênero que possui duas espécies: a concessão patrocinada e a
concessão administrativa (definições acima). Este tipo de concessão serve
para negócios jurídicos de grande vulto. O diferencial, além disso, é que o
Estado participa no financiamento do serviço público, ou seja, há investimento
de recursos públicos em benefício da concessionária ou permissionário para a
prestação dos serviços públicos.

Ressalte-se que não constitui parceria público-privada a concessão


comum, assim entendida a concessão de serviços públicos ou de obras
públicas de que trata a Lei n. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, quando não
envolver contraprestação pecuniária do parceiro público ao parceiro privado.

Para escolha das PPP’s, veda-se a contratação:

✓ cujo valor do contrato seja inferior a R$ 20.000.000,00


(vinte milhões de reais);

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101
✓ cujo período de prestação do serviço seja inferior a 5
(cinco) anos; ou
✓ que tenha como objeto único o fornecimento de mão-de-
obra, o fornecimento e instalação de equipamentos ou a
execução de obra pública.

Diferentemente dos contratos administrativos da Lei 8.666, a vigência do


contrato de PPP não pode ser inferior a 5 (cinco), nem superior a 35 (trinta e
cinco) anos, incluindo eventual prorrogação (art. 5º, I).

B) PECULIARIDADES DAS PPP`S

As PPP`s justificam um regime jurídico diferenciado pelo grande vulto da


contratação, boa parte estatuído no art. 5 e seguintes da Lei 11.079. A
legislação orienta um controle intensivo sobre o concessionário e
permissionário, mas também uma repartição de riscos entre o contratado,
inclusive os referentes a caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea
econômica extraordinária (art. 5, III).

O concessionário ou permissionário é submetido a avaliação periódica


(art. 5º, VII), a fim de avaliar a eficiência do serviço. Os delegados ainda são
obrigados ao compartilhamento de ganhos econômicos (art. 5º, IX).

A contraprestação (podendo ser proporcional ao desempenho e


mediante prévia prestação do serviço) da contratante por meio de (art. 6º): I –
ordem bancária; II – cessão de créditos não tributários; III – outorga de direitos
em face da Administração Pública; IV – outorga de direitos sobre bens públicos
dominicais; V – outros meios admitidos em lei.

Apesar de serem compartilhados os riscos, a Administração Pública


também é obrigada a prestar garantia (art. 8). O contratado ainda deverá
constituir sociedade de propósito específico para prestar o serviço (art. 9º).

C) PECULIARIDADES DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO

A licitação para PPP`s também se submete à modalidade obrigatória de


licitação: a concorrência (art. 10, caput). Pelo vulto da contratação, obriga-se
ainda a realização de consulta pública prévia (art. 10, VI). Exige-se ainda
prévia autorização legislativa quando o parceiro privado seja remunerado pela
Administração em mais de 70% da remuneração total (art. 10, §3º), no caso de
concessão patrocinada, já que a administrativa é integralmente remunerada
pelo Estado.

A Lei 11.079 também autoriza a inversão das fases de habilitação e


julgamento (art. 13).
QUESTÕES SOBRE O TEMA 7
(Serviços públicos)

1. (2015/FGV) No Estado X, foi constituída autarquia para gestão do regime


próprio de previdência dos servidores estaduais. A lei de constituição da
entidade prevê a possibilidade de apresentação de recurso em face das
decisões da autarquia, a ser dirigido à Secretaria de Administração do Estado
(órgão a qual a autarquia está vinculada).
Sobre a situação descrita, assinale a opção correta.
A) Não é possível a criação de autarquia para a gestão da previdência dos
servidores, uma vez que se trata de atividade típica da Administração Pública.
B) Não cabe recurso hierárquico impróprio em face das decisões da autarquia,
uma vez que ela goza de autonomia técnica, administrativa e financeira.
C) A previsão de recurso dirigido à Secretaria de Administração do Estado
(órgão ao qual a autarquia está vinculada) configura exemplo de recurso
hierárquico
próprio.
D) São válidas tanto a constituição da autarquia para a gestão do regime
previdenciário quanto a previsão de cabimento do recurso ao órgão ao qual a
autarquia está vinculada.

2. (2014/FGV) Caso o Estado delegue a reforma, manutenção e operação de


uma rodovia estadual à iniciativa privada, com a previsão de que a amortização
dos investimentos e a remuneração do particular decorram apenas da tarifa
cobrada dos usuários do serviço, estaremos diante de uma
A) concessão de obra pública.
B) concessão administrativa.
C) concessão patrocinada.
D) concessão de serviço público precedida da execução de obra pública.

3. (2014/FGV) O Estado X publicou edital de concorrência para a concessão de


uma linha de transporte aquaviário interligando os municípios A e B, situados
em seu território, por meio do Rio Azulão. Sobre o tema da concessão de
serviços públicos, e
considerando os dados acima narrados, assinale a afirmativa correta.
A) A outorga de concessão de serviço público, em regra, se dá em caráter de
exclusividade.
B) O edital de licitação pode prever a utilização de receitas alternativas,
provenientes da exploração de placas publicitárias, com vistas a favorecer a
modicidade das tarifas.
C) Não se admite a inserção, no contrato, de cláusula que preveja a arbitragem
para a resolução de conflitos.
D) Na licitação para a concessão de serviços públicos, não se admite a
inversão da ordem das fases de habilitação e julgamento.

4. (2012/FGV) Uma concessionária de serviço público, em virtude de sua


completa inadequação na prestação do serviço, não consegue executar o
contrato.
Nesse caso, segundo a Lei n. 8.987/95, poderá ser declarada, a critério do
poder concedente, a extinção do contrato por:
A) caducidade.
B) encampação.
C) anulação.
D) revogação

5. (2016/FGV) Determinada empresa apresenta impugnação ao edital de


concessão do serviço público metroviário em determinado Estado, sob a
alegação de que a estipulação do retorno ao poder concedente de todos os
bens reversíveis já amortizados, quando do advento do termo final do contrato,
ensejaria enriquecimento sem causa do Estado. Assinale a opção que indica o
princípio que justifica tal previsão editalícia.
A) Desconcentração.
B) Imperatividade.
C) Continuidade dos Serviços Públicos.
D) Subsidiariedade.

6. (2016/FGV) Uma autarquia federal divulgou edital de licitação para a


concessão da exploração de uma rodovia que interliga diversos Estados da
Federação. A exploração do serviço será precedida de obras de duplicação da
rodovia. Como o fluxo esperado de veículos não é suficiente para garantir, por
meio do pedágio, a amortização dos investimentos e a remuneração do
concessionário, haverá, adicionalmente à cobrança do pedágio,
contraprestação pecuniária por parte do Poder Público.
Sobre a hipótese apresentada, assinale a afirmativa correta.
a) Trata-se de um exemplo de parceria público-privada, na modalidade
concessão administrativa.
b) Trata-se de um consórcio público com personalidade de direito público entre
a autarquia federal e a pessoa jurídica de direito privado.
c) Trata-se de um exemplo de parceria público-privada, na modalidade
concessão patrocinada.
d) Trata-se de um exemplo de consórcio público com personalidade jurídica de
direito privado.

1–D/2–D/3–B/4–A/5–C/6-C
8. SERVIDORES PÚBLICOS

CONCEITO E ESPÉCIES

Agentes públicos são todos aqueles que agem em nome do Estado,


não importando a relação jurídica travada, a existência de remuneração ou a
transitoriedade da função. (vide art. 327 do Código Penal e art. 2º da Lei
8.429/99)

Deve-se observar que o tempo AGENTES PÚBLICOS remete a um


gênero, que engloba 4 (quatro) espécies apontadas pela doutrina: a) agentes
políticos; b) particulares em colaboração com o Poder Público; c)
Servidores Estatais; e d) Servidores Temporários.

A) AGENTES POLÍTICOS: Quanto ao conceito de agentes políticos, muita


divergência existe entre os doutrinadores. Para fins de prova, deve-se
entender como sendo aqueles que executam atividades relacionadas à
decisão política do Estado, com regime jurídico estabelecido
constitucionalmente. Ex: Chefes do Poder Executivo e seus auxiliares
(Ministros e Secretários); Parlamentares; Membros da magistratura e
MP.

B) PARTICULARES EM COLABORAÇÃO COM O PODER PÚBLICO:


Também não há consenso, mas vem se entendendo que são aqueles
que, a despeito de integrarem a Administração Pública, atuam em nome
do Estado em situações excepcionais, podendo ser divididos em: I.
Designados/Honoríficos/Convocados (ex: mesários; júri; etc); II.
Voluntários (ex: ingressos em programas sociais específicos); II.
Delegado (ex: concessionárias e permissionárias de serviço público); IV.
Credenciados (ex: médicos privados em convênio com o SUS).

C) SERVIDORES TEMPORÁRIOS (vide art. 37, IX, da CF/88 + Lei


8.745/93);

D) SERVIDORES ESTATAIS: Esta espécie de servidor presta serviço


através de vínculo com o Estado de natureza administrativa, sendo
identificados a partir do critério de exclusão. Podem ser servidores: (i)
Estatutários; (ii) Empregados públicos (EC19/98 + Lei 9.962/00); ou
(ii) Empregados simples (Vínculo jurídico pela CLT, integrantes da
Administração Indireta de direito privado).

ATENÇÃO: Apesar do art. 39 da CF/88 ter sido alterado pela EC 19/98,


abolindo o regime jurídico único, foi deferida medida cautelar na ADI 2135,
suspendendo os efeitos da emenda em 02/08/2007 e represtinando o texto
anterior. Quem ingressou entre a EC 19/98 e a liminar com vínculo de
emprego público, mantém a natureza do vínculo, inclusive com direito à
estabilidade.
Apesar de a regra ser o R.J.Ú., o art. 198, §4º, permite o regime da CLT para
agentes de saúde e agentes de combate às endemias, contratados
através de processo seletivo público que não é necessariamente concurso
público. (vide Lei 11.350/06).

REGIME JURÍDICO

O regime jurídico dos servidores públicos deve ser estudado tendo por
base a Constituição Federal (art. 37 ao 41) e a Lei 8.112/90, que, apesar de
tratar especificamente sobre servidores públicos federais, tem sido cobrada na
prova da OAB.

Tal regime tem por base o estabelecimento de normas aplicáveis aos


cargos, empregos e funções públicos, institutos jurídicos que precisam ser
distinguidos. São eles

A) CARGO PÚBLICO: É considerado como o conjunto de atribuições e


responsabilidades previstas na estrutura organizacional que devem
ser cometidas a um servidor (Lei 8.112/90, art. 3º). O cargo público
pode ser de provimento em COMISSÃO, EFETIVO ou VITALÍCIO:

CARGO EM COMISSÃO: Serve para atribuições de direção, chefia ou


assessoramento, a serem preenchidos por quaisquer pessoas, integrantes
ou não da Administração, mediante livre nomeação, sem precisar de
concurso. Dispensa motivação para nomear e exonerar (nomeação e
exoneração ad nutum).

ATENÇÃO: “As funções de confiança, exercidas exclusivamente por


servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais
mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia
e assessoramento”. (CF, art. 37, V)

CARGO EFETIVO: Ocupado por agente devidamente aprovado em concurso


público, podendo vir a adquirir estabilidade em 3 (três) anos, mediante vínculo
estatutário, após o prazo fixado legalmente. Pode perder o cargo mediante
processo administrativo disciplinar.

CARGO VITALÍCIO: Regime semelhante ao do efetivo, mas com maior


garantia, na medida em que só se
admite perda cargo com sentença
, não sendo
transitad e admitida a perda através de decisão
julga
meramente administrativa. (ex: magistratura). Adquire vitaliciedade, em regra,
em 2 (dois) anos (exceção para cargos de Tribunal, 1/5 constitucional).
B) EMPREGO PÚBLICO: O empregado público é aquele admitido,
mediante concurso público, porém com vínculo celetista

C) FUNÇÃO PÚBLICA: Conjunto de tarefas e competências, que


podem ser atribuídas a um cargo/emprego ou não. Todo
cargo/emprego tem uma função, mas o inverso não é
necessariamente verdade. Há funções sem cargo/emprego, a
exemplo das funções de confiança.

INGRESSO NO SERVIÇO PÚBLICO

Os cargos públicos são acessíveis (art. 37, I) a brasileiros natos e


naturalizados, admitindo-se estrangeiros na forma da lei. (princípio da
acessibilidade dos cargos públicos)

Exige-se, no entanto, como regra, a realização de concurso público


(art. 37, II), uma vez que a investidura em cargo ou emprego público depende
de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de
acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado
em lei de livre nomeação e exoneração.

No concurso público, deve ser assegurada a participação mais ampla


possível, com garantia dos princípios aplicáveis à Administração Pública,
dentre os quais se destaca o principio da isonomia.

ATENÇÃO: Editais de concurso público não podem estabelecer restrição a


pessoas com tatuagem, salvo situações excepcionais em razão de conteúdo
que viole valores constitucionais. (STF. Plenário. RE 898450/SP, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 17/8/2016 (repercussão geral) (Info 835)

O dispositivo constitucional enseja a impossibilidade de provas


exclusivamente de títulos. O certame, tal como a licitação, possui um edital,
que deverá ser publicado (princípio da publicidade), com vigência de até 2
anos, permitida uma única prorrogação pelo mesmo período (art. 37, III).

Ao publicar o Edital, como regra, a Administração Pública indica o


número de vagas disponíveis para provimento do cargo público. Assim,
segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, o aprovado DENTRO DO
NÚMERO DE VAGAS possui direito subjetivo à nomeação, podendo
ingressar com ação judicial para garantir sua nomeação e posse.

ATENÇÃO: Apesar de entender o STF que o aprovado, dentro do número de


vagas, possui direito subjetivo à nomeação, existem situações
excepcionalíssimas, devidamente justificadas, em que é possível deixar de
nomear candidato aprovado dentro do número de vagas. São requisitos para
tanto: a) superveniência; b) imprevisibilidade; c) gravidade;
d)
necessidade.
Se o candidato for aprovado fora do número de vagas (cadastro de
reserva por exemplo), haverá mera expectativa de direito.

ATENÇÃO: Não se admite provimento de cargo público sem prévia aprovação


em concurso público, sob pena de inconstitucionalidade.
Súmula Vinculante 43: “É inconstitucional toda modalidade de provimento que
propicie ao servidor investir-se, se prévia aprovação em concurso público
destinado ao seu provimento, em cargo que não integra a carreira na qual
anteriormente investido.”

ESTABILIDADE (CF, art. 41)

A estabilidade é uma garantia assegurada ao servidor público de não


ser demitido do seu cargo, a não ser nas hipóteses previstas legalmente.
Adquire-se a estabilidade após 3 (três) anos de exercício do cargo, sendo que,
após a aquisição, a demissão só poderá ocorrer:

A) Em virtude de sentença judicial transitada em julgado;


B) Mediante processo administrativo em que lhe seja assegurada
ampla defesa;
C) Mediante procedimento de avaliação periódica de
desempenho, na forma de lei complementar (ainda não
editada – norma de eficácia limitada), assegurada ampla
defesa.

ATENÇÃO: A lei complementar da terceira hipótese nunca foi editada,


forma que se trata de uma norma atualmente sem eficácia (norma de
eficácia
limita ). Assim, servidor com estabilidade só pode ser demitido na primeira
da
segundaehipótese.

Além das 3 (três) hipótese mencionadas acima, o servidor público pode


ser demitido também em virtude de excesso de despesa com pessoal,
observando-se uma ordem sucessória de providências prévias a serem
adotadas (vide art. 169, §3º, da CF).

ATENÇÃO: Os empregaods de sociedade de economia mista ou empresa


pública (Administração Indireta privada) não possuem estabilidade. Porém,
decidiu o STF no RE 589998/PI que há necessidade de motivar os atos de
dispensa.

Observe que, apesar de a regra ser a prestação de concurso público


para ingresso em cargos públicos e aquisição de estabilidade, o art. 19 da
ADCT previu uma hipótese excepcional e transitória em que: “Os servidores
públicos civis da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, da
administração direta, autárquica e das fundações públicas, em exercício na
data da promulgação da Constituição, há pelo menos cinco anos continuados,
e que não tenham sido admitidos na forma regulada no art. 37, da Constituição,
são considerados estáveis no serviço público”.

Durante os 3 (três) anos necessários a aquisição da estabilidade, o


servidor público estará sendo avaliado - Estágio probatório. A avaliação
envolverá a análise de critérios: assiduidade; disciplina; capacidade de
iniciativa; produtividade; responsabilidade (art. 20).

ATENÇÃO: O prazo do estágio probatório é o mesmo para aquisição de


estabilidade = 3 anos. A Lei 8.112/90 fala em 2 anos, mas deve ser
compreendida de acordo com a Constituição. Assim, tanto o estágio probatório
como a estabilidade têm prazo idêntico: 3 anos.

PROVIMENTO E VACÂNCIA (Lei 8.112, art. 8º e 34)

Os cargos e empregos públicos são providos de forma ORIGINÁRIA e


DERIVADA. Trata-se de uma maneira de inserir o servidor público em uma
relação jurídica (ocupação de um cargo público), através do respectivo ato
administrativo.

ORIGINÁRI DERIVAD
O O
Nomeação Promoção
Readaptação
Reversão
Aproveitame
nto
Reintegração
Recondução

A) NOMEAÇÃO: A nomeação, como forma de provimento originário,


assegura direito ao cargo, que se aperfeiçoa com a investidura (posse
em até 30 dias), tendo o prazo de até 15 dias para entrar em exercício;

ATENÇÃO: O servidor nomeado, mas que não tomou posse, não é exonerado.
A sua nomeação se torna sem efeito, pois ainda não houve a investidura.

B) PROMOÇÃO: Corresponde ao provimento de cargo mais alto, integrante


da mesma carreira, por antiguidade ou merecimento.

C) READAPTAÇÃO = LIMITAÇÃO FÍSICA: É a “investidura do servidor


em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis com a
limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou mental
verificada em inspeção médica” e “em cargo de atribuições afins,
respeitada a habilitação exigida, nível de escolaridade e equivalência de
vencimentos” (art. 24);
D) REVERSÃO = APOSENTADORIA: Retorno à atividade de servidor
aposentado (art. 25): I. por invalidez, quando junta médica oficial
declarar insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou; II. no
interesse da administração, desde que: tenha solicitado a reversão; a
aposentadoria tenha sido voluntária; estável quando na atividade; a
aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação;
haja cargo vago;

E) REINTEGRAÇÃO = DEMISSÃO ILEGAL: “reinvestidura do servidor


estável no cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultante de sua
transformação, quando invalidada a sua demissão por decisão
administrativa ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens”
(art. 28);

F) RECONDUÇÃO = ESTÁGIO PROBATÓRIO/REINTEGRAÇÃO:


“Recondução é o retorno do servidor estável ao cargo anteriormente
ocupado e decorrerá de: I - inabilitação em estágio probatório relativo a
outro cargo; II - reintegração do anterior ocupante” (art. 29).
G) APROVEITAMENTO: “O retorno à atividade de servidor em
disponibilidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório em cargo
de atribuições e vencimentos compatíveis com o anteriormente ocupado”
(art. 30).

Além das formas de provimento do cargo público, há também a


possibilidade de VACÂNCIA, que ocorre a partir da sua desocupação, em
hipóteses como: a) Aposentadoria; b) Falecimento; c) Exoneração; d)
Demissão; e) Readaptação (em relação ao cargo anterior); f) Promoção (em
relação ao cargo anterior); g) Posse em cargo inacumulável.

ACUMULAÇÃO DE CARGOS:

A CF/88, como regra, veda a acumulação de cargo ou emprego público,


englobando os estatutários, celetistas e servidores temporários (art. 37, IX),
integrantes da Administração Pública direta e indireta.

Ao mesmo tempo, estabelece EXCEÇÕES para as seguintes hipóteses:

a) Dois cargos de professor;


b) Um cargo de professor com outro técnico ou científico (nível
superior ou formação técnica especializada);
c) Dois cargos ou empregos privativos de profissionais de
saúde, com profissões regulamentadas (EC 34/2001);

ATENÇÃO: O art. 142, §3º, ampliou esta regra para os servidores militares no
ano passado (EC 77/2014).
d) Um cargo de Magistrado ou membro do Ministério Público
com um cargo de professor (art. 95, p.ú., I c/c art. 128, §5º, II,
“d”);
e) Um cargo efetivo com um de vereador (art. 38), havendo
opção pela remuneração;

A acumulação de cargos e empregos exige compatibilidade de


horários e observância do teto remuneratório.
ATENÇÃO: A acumulação ilegal, evidenciada pela autoridade, enseja a
instauração de processo disciplinar sumário, com regramento mais ágil do que
o PAD normal (vide art. 133 da Lei 8.112/90). Admite-se a opção do servidor
por um dos cargos até o último dia de defesa, presumindo-se a sua boa-fé.

Da mesma maneira, a CF também veda a acumulação de aposentadoria


e remuneração de cargo efetivo (art. 37, §10 e art. 40, §6º, admitindo apenas
nas hipóteses constitucionais).

REMUNERAÇÃO

A remuneração dos servidores públicos é fixada por lei de iniciativa dos


Chefes/Membros de cada um dos Poderes (art. 61, §1º, II, “a”; art. 96, II, “b”;
art. 51, IV e 52, XIII). Exceção apenas para a fixação da remuneração do
Presidente da República e do Vice-Presidente, dos Ministros de Estado e
dos senadores e deputados federais, respeitado o teto geral, através de
decreto legislativo (vide Art. 49, VIII), além do subsídio dos Vereadores (art.
29, VI).

A remuneração corresponde ao total recebido pelo servidor público,


enquanto que o vencimento diz respeito apenas ao valor base fixado em
referência ao cargo. Remuneração e vencimento também se diferenciam de
subsídio, que corresponde a uma forma de pagamento distinta, que se dá em
parcela única, não se admitindo acréscimos.

REMUNERAÇÃ Total recebido (vencimento +


O vantagens)
VENCIMENTO Valor base do cargo
SUBSÍDIO Forma de pagamento em parcela única,
sem acréscimos

O art. 37, XV garante a IRREDUTIBILIDADE do VENCIMENTO e do


SUBSÍDIO, tratando-se de uma irredutibilidade nominal (apenas do valor que
está fixado, independentemente da futura inflação), pois não há garantia de
irredutibilidade real (STF, MS 21659/DF).

Apesar de não haver garantia à irredutibilidade real, o art. 37, X, da


CF/88 prevê o direito à REVISÃO GERAL ANUAL dos vencimentos pagos aos
servidores, sempre na mesma data e sem distinção de índices.
Garante-se também ao servidor que a REMUNERAÇÃO não pode ser
inferior ao salário mínimo, embora o vencimento possa (art. 41, §3º e 5º).

SÚMULA VINCULANTE 16: “Os artigos 7º, IV, e 39, §3º (redação da EC
19/98), da Constituição, referem-se ao total da remuneração percebida pelo
servidor público”.

Para fins remuneratórios, “é vedada a vinculação ou equiparação de


quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal
do serviço público” (CF/88, art. 37, XIII)

SÚMULA VINCULANTE 37: “Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem
função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob o
fundamento de isonomia”.

A CF ainda traz outra regra importante. Trata-se do Teto remuneratório


(art. 37, XI), que deve ser observado pela Administração Pública em geral. A
CF divide o teto geral ainda em outros subtetos, conforme tabela abaixo:

Teto geral Subteto estadual e do DF Subtet


o
municip
Subsídio dos Executivo: Governador Prefeito
Ministros do Legislativo: Deputados
STF Judiciário: Desembargadores do
TJ, correspondente a 90,25% do
STF*

*Os Desembargadores e juízes estaduais não se submetem ao Subteto


estadual (ADI 3854/DF)
** É possível a fixação do subsídio mensal dos Desembargadores do TJ,
limitados a 90,25% do subsídio dos Ministros do STF, como subteto único no
âmbito estadual, não se aplicando a Deputados Estaduais e Distritais e aos
Vereadores.

O Teto remuneratório se aplica às empresas públicas e às sociedades


de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem recursos da União,
dos Estados, do Distrito Federal ou dos para pagamento
Municípiosde pessoal ou de custeio em
despesas de
. (art. 37, §9º)
geral
e natureza indenizatória, direitos sociais, abono de permanência e remuneração da atividade de magistério (esta última sen

RESPONSABILIDADE (REGIME DISCIPLINAR)


O servidor responde civil, penal e administrativamente pelo exercício
irregular de suas atribuições (art. 121). Responde penalmente pelo
cometimento de crimes e contravenções previstas na legislação penal.
Responde civilmente pelo dano material e moral, além de responsabilidade
por improbidade (Lei 8.429/92). Responde administrativamente por infrações
de natureza funcional (Lei 8.112/90), aplicadas após instauração de sindicância
ou processo administrativo disciplinar (PAD).

PRINCÍPIO DA INDEPENDÊNCIA DE INSTÂNCIAS: Como regra “as


sanções civis, penais e administrativas poderão cumular-se, sendo
independentes entre si” (art. 125).

Porém, a Lei 8.112/93 admite a COMUNICAÇÃO DE INSTÂNCIAS,


afastando a responsabilidade administrativa do servidor no caso de
absolvição criminal que negue a existência do FATO ou sua AUTORIA.

A Lei 8.112/93 fixa ainda prazos prescricionais (art. 142) para aplicação
das penalidades, prazo prescricional, que é contada de quando o fato se tornou
conhecido (art. 142, §1º):

Demissão, cassação de 5 ANOS


aposentadoria e destituição
de cargo em comissão
Suspensão 2 ANOS
Advertência 180 DIAS

PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR

Para aplicação de penalidade ao servidor público estável, é necessária a


instauração de sindicância ou de processo administrativo disciplinar
(PAD).

A) SINDICÂNCIA: A sindicância poderá resultar apenas em arquivamento


do processo; aplicação de penalidade de advertência ou suspensão
de até 30 (trinta) dias; ou instauração de processo disciplinar;

B) PAD: Pode resultar na aplicação de qualquer penalidade.

“O servidor que responder a processo disciplinar só poderá ser


exonerado a pedido, ou aposentado voluntariamente, após a conclusão do
processo e o cumprimento da penalidade, acaso aplicada” (art. 172).

ATENÇÃO: Servidores em estágio probatório podem ser demitidos sem PAD


ou sindicância, mas é exigido processo administrativo com garantia do
contraditório. Súmulas 20 e 21-STF.
O PAD inicia a partir de uma portaria de instauração, contendo a
designação da comissão processante, composta de três servidores estáveis
designados pela autoridade competente, que indicará, dentre eles, o seu
presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de esc

Após a instauração, inicia-se o Inquérito administrativo, com a instrução


probatória, citação do acusado para defesa e elaboração do relatório. A falta de
defesa por advogado não importa em nulidade do PAD. O prazo de defesa
varia conforme a hipótese:

REGRA 10 dias
CITAÇÃO POR EDITAL 15 DIAS
2 OU MAIS ACUSADOS 20 DIAS

Com a instrução completa, a comissão elabora RELATÓRIO conclusivo,


com natureza de parecer. Após o relatório, a autoridade competente profere
decisão, que deverá seguir o relatório, salvo se contrário à prova dos autos
(art. 168).

Julgado o PAD, o interessado poderá apresentar:

PEDIDO DE Dirigido à mesma autoridade que proferiu a


RECONSIDERAÇÃ decisão (prazo de 30 dias – art. 108);
O
RECURSO Recebido pela autoridade que proferiu a decisão e
encaminhado à autoridade superior (prazo de 30
dias – art. 108);
REVISÃO Alegação de fatos novos que possam influenciar no
julgamento anterior (fatos não analisados no
processo anterior). Trata-se de novo processo, com
nova comissão

PROCESSO DISCIPLINAR SUMÁRIO

Em duas hipóteses, a Lei 8.112/93 prevê um processo disciplinar


sumário contra o servidor. São elas: acumulação ilegal de cargos (art. 133) e
Abandono de cargo (30 dias seguidos) ou inassiduidade habitual (60 dias
intercalados) - art. 140.

Sendo acumulação ilegal de cargos, o servidor poderá fazer a opção no


prazo improrrogável de dez dias, contados da data da ciência (art. 133), pelo
cargo que preferir, sendo considerado como de boa-fé.
A Instauração se dará com a publicação do ato que constituir a
comissão, a ser composta por DOIS servidores estáveis, indicando a a autoria
e a materialidade da transgressão objeto da apuração.

A Instrução será sumária, com indiciação, defesa (5 dias) e relatório.


Em seguida, dar-se-á o julgamento.
QUESTÕES SOBRE O TEMA 8
(Servidores Públicos)

1. (2015/FGV) Em determinado estado da Federação, o Estatuto dos


Servidores Públicos, lei ordinária estadual, prevê a realização de concurso
interno para a promoção de servidores de nível médio aos cargos de nível
superior, desde que preencham todos os requisitos para investidura no cargo,
inclusive a obtenção do bacharelado.
A partir da situação descrita e tomando como base os requisitos constitucionais
para acesso aos cargos públicos, assinale a afirmativa correta.
A) A previsão é inválida, pois só poderia ter sido veiculada por lei
complementar.
B) A previsão é válida, pois a disciplina dos servidores públicos compete à
legislação de cada ente da Federação.
C) A previsão é inválida, por ofensa à Constituição da República.
D) A previsão é válida, desde que encontre previsão na Constituição do estado.

2. (2014/FGV) Manolo, servidor público federal, obteve a concessão de


aposentadoria por invalidez após ter sido atestado, por junta médica oficial, o
surgimento de doença que o impossibilitava de desenvolver atividades
laborativas. Passados dois anos, entretanto, Manolo voltou a ter boas
condições de saúde, podendo voltar a trabalhar, o que foi comprovado por
junta médica oficial.
Nesse caso, o retorno do servidor às atividades laborativas na Administração,
no mesmo cargo anteriormente ocupado, configura exemplo de
A) reintegração.
B) reversão.
C) aproveitamento.
D) readaptação.

3. (2014/FGV) Cláudio, servidor público federal estável, foi demitido por


suposta prática de ato de insubordinação grave em serviço.
Diante da inexistência de regular processo administrativo disciplinar, Cláudio
conseguiu judicialmente a anulação da demissão e a reinvestidura no cargo
anteriormente ocupado.
Ocorre que tal cargo já estava ocupado por João, que também é servidor
público estável.
Considerando o caso concreto, assinale a afirmativa correta.
A) Sendo Cláudio reinvestido, o ato configura reintegração. Caso João
ocupasse outro cargo originariamente, seria reconduzido a ele, com direito à
indenização.
B) Sendo Cláudio reinvestido, o ato configura reversão. Caso João ocupasse
outro cargo originariamente, seria reconduzido a ele, com direito à indenização.
C) Cláudio obteve em juízo sua reintegração. João será reconduzido ao cargo
de origem, sem indenização, ou será aproveitado em outro cargo ou posto em
disponibilidade.
D) Cláudio obteve em juízo sua reversão. João será reconduzido ao cargo de
origem, sem indenização, ou será aproveitado em outro cargo ou posto em
disponibilidade.
4. (2013/FGV) Um empregado público de uma sociedade de economia mista
ajuizou uma ação para garantir o recebimento de valores acima do teto
remuneratório constitucional, que tem como limite máximo os subsídios pagos
aos Ministros do STF.
Nesse caso, é correto afirmar que
A) o empregado tem direito a receber acima do teto, pois somente a
administração pública direta está sujeita à referida limitação.
B) o empregado não tem direito a receber acima do teto, pois toda a
administração direta e indireta está sujeita à referida limitação.
C) o empregado tem direito a receber acima do teto, pois somente a
administração pública direta e as autarquias estão sujeitas à referida limitação.
D) o empregado pode receber acima do teto, caso a sociedade de economia
mista não receba recursos de nenhum ente federativo para despesas de
pessoal ou de custeio em geral.

5. (2013/FGV) Um servidor público foi acusado de corrupção passiva e


peculato. Respondeu a processo criminal e foi absolvido por ausência de
provas. Diante dessa situação, assinale a afirmativa correta.
A) A Administração Pública, no caso, permanece livre para punir o funcionário,
desde que verifique haver desvios na conduta funcional do servidor.
B) A decisão de absolvição do servidor sempre vincula a Administração
Pública, que não poderá punir o seu funcionário.
C) A autotutela administrativa permite desconsiderar decisões judiciais
contrárias à lei ou às provas dos autos, sendo possível a aplicação de sanções
administrativas com cópias extraídas do processo criminal.
D) As decisões da justiça, que punem o servidor por qualquer crime, vinculam o
Poder Público, embora as decisões de absolvição nunca impeçam o poder
punitivo da Administração.

6. (2013/FGV) As alternativas a seguir apresentam condições que geram


vacância de cargo público, à exceção de uma. Assinale-a.
A) Falecimento.
B) Promoção.
C) Aposentadoria.
D) Licença para trato de interesse particular.

7. (2012/FGV) Luiz Fernando, servidor público estável pertencente aos quadros


de uma fundação pública federal, inconformado com a pena de demissão que
lhe foi aplicada, ajuizou ação judicial visando à invalidação da decisão
administrativa que determinou a perda do seu cargo público. A decisão judicial
acolheu a pretensão de Luiz Fernando e invalidou a penalidade disciplinar de
demissão. Diante da situação hipotética narrada, Luiz Fernando deverá ser
(A) reintegrado ao cargo anteriormente ocupado, ou no resultante de sua
transformação, com ressarcimento de todas as vantagens.
(B) aproveitado no cargo anteriormente ocupado ou em outro cargo de
vencimentos e responsabilidades compatíveis com o anterior, sem
ressarcimento das
vantagens pecuniárias.
(C) readaptado em cargo de atribuições e responsabilidades compatíveis, com
ressarcimento de todas as vantagens.
(D) reconduzido ao cargo anteriormente ocupado ou em outro de vencimentos
e responsabilidades compatíveis com o anterior, com ressarcimento de todas
as vantagens pecuniárias.

8. (2011/FGV) O art. 37, II, da Constituição da República Federativa do Brasil


de 1988, condiciona a investidura em cargo ou emprego público à prévia
aprovação em concurso público de provas ou de provas e títulos, ressalvadas
as nomeações para os cargos em comissão.
Em relação a concurso público, segundo a atual jurisprudência dos tribunais
superiores, é correto afirmar que
(A) os candidatos aprovados em concurso público de provas ou de provas e
títulos e classificados entre o número de vagas oferecidas no edital possuem
expectativa de direito à nomeação.
(B) os candidatos aprovados em concurso público de provas ou de provas e
títulos devem comprovar a habilitação exigida no edital no momento de sua
nomeação.
(C) o prazo de validade dos concursos públicos poderá ser de até dois anos
prorrogáveis uma única vez por qualquer prazo não superior a dois anos,
iniciando-se a partir de sua homologação.
(D) os candidatos aprovados em concurso público de provas ou de provas e
títulos e classificados dentro do limite de vagas oferecidas no edital possuem
direito subjetivo a nomeação dentro do prazo de validade do concurso.

9. (2016/FGV) Paulo é servidor concursado da Câmara de Vereadores do


município Beta há mais de quinze anos. Durante esse tempo, Paulo concluiu
cursos de aperfeiçoamento profissional, graduou-se no curso de economia,
exerceu cargos em comissão e foi promovido por merecimento. Todos esses
fatores contribuíram para majorar sua remuneração. Considerando a disciplina
constitucional a respeito dos servidores públicos, assinale a afirmativa correta.
A) O teto remuneratório aplicável a Paulo, servidor público municipal,
corresponde ao subsídio do prefeito do município Beta.
B) O teto remuneratório aplicável a Paulo, servidor público municipal,
corresponde ao subsídio pago aos vereadores de Beta.
C) Os acréscimos de caráter remuneratório, pagos a Paulo, como a gratificação
por tempo de serviço e a gratificação adicional de qualificação profissional, não
se submetem ao teto remuneratório.
D) O teto remuneratório aplicável a Paulo não está sujeito a qualquer limitação,
tendo em vista a necessidade de edição de lei complementar para a instituição
do teto previsto na CRFB/88.

10. (2016/FGV) Carlos Mário, chefe do Departamento de Contratos de uma


autarquia federal descobre, por diversos relatos, que Geraldo, um dos
servidores a ele subordinado, deixara de comparecer a uma reunião para
acompanhar a tarde de autógrafos de um famoso artista de televisão. Em outra
ocasião, Geraldo já se ausentara do serviço, durante o expediente, sem prévia
autorização do seu chefe, razão pela qual lhe fora aplicada advertência.
Irritado, Carlos Mário determina a instauração de um processo administrativo
disciplinar, aplicando a Geraldo a penalidade de suspensão, por 15 (quinze)
dias, sem a sua oitiva, em atenção ao princípio da verdade sabida.
Considerando o exposto, assinale a afirmativa correta.
A) A penalidade aplicada é nula, em razão de violação às garantias
constitucionais da ampla defesa e do contraditório, razão pela qual o princípio
da verdade sabida não guarda compatibilidade com a ordem constitucional
vigente.
B) A penalidade aplicada é nula, pois a ausência do serviço sem autorização
do chefe é hipótese de aplicação da penalidade de advertência e jamais
poderia dar ensejo à aplicação da penalidade de suspensão.
C) A penalidade aplicada é correta, pois a ausência do servidor no horário de
expediente é causa de aplicação da penalidade de suspensão, e o fato era de
ciência de vários outros servidores.
D) A penalidade aplicada contém vício sanável, devendo ser ratificada pelo
Diretor-Presidente da autarquia, autoridade competente para tanto.

11. (2016/FGV) O Município Beta verificou grave comprometimento dos


serviços de educação das escolas municipais, considerando o grande número
de professoras gozando licença maternidade e de profissionais em licença de
saúde, razão pela qual fez editar uma lei que autoriza a contratação de
professores, por tempo determinado, sem a realização de concurso, em
situações devidamente especificadas na norma local.
Diante dessa situação hipotética, assinale a afirmativa correta.
a) A Constituição da República não autoriza a contratação temporária sem a
realização de concurso público.
b) O Município Beta somente poderia se utilizar da contratação temporária para
os cargos permanentes de direção, chefia e assessoramento.
c) A contratação temporária, nos termos da lei, é possível, considerando que a
situação apresentada caracteriza necessidade temporária de excepcional
interesse público.
d) A contratação temporária de servidores, independentemente de previsão
legal, é possível.

12. (2016/FGV) João foi aprovado em concurso público para o cargo de agente
administrativo do Estado Alfa. Após regular investidura, recebeu sua primeira
remuneração. Contudo, os valores apontados na folha de pagamento
causaram estranheza, considerando que a rubrica de seu vencimento-base se
mostrava inferior ao salário mínimo vigente, montante que só era alcançado se
considerados os demais valores (adicionais e gratificações) que compunham a
sua remuneração total. Diante dessa situação hipotética, assinale a afirmativa
correta.
a) A remuneração de João é constitucional, porque a garantia do salário
mínimo não é aplicável aos servidores públicos.
b) A remuneração de João é inconstitucional, porque o seu vencimento-base
teria que ser superior ao salário mínimo.
c) A remuneração de João é constitucional, porque a garantia do salário
mínimo se refere ao total da remuneração percebida.
d) A remuneração de João é inconstitucional, pois todo servidor público deve
receber por subsídio, fixado em parcela única.
13. (2016/FGV) Fátima exerce o cargo público de servidora da câmara de
vereadores do Município Z. Como servidora municipal, sua remuneração tem
um limite remuneratório.
Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
a) O cargo de Fátima está sujeito ao teto remuneratório correspondente ao
subsídio do Prefeito.
b) O cargo de Fátima está sujeito ao limite remuneratório correspondente ao
subsídio dos vereadores.
c) O cargo de Fátima não está sujeito ao limite remuneratório, uma vez que
pode ser cumulado com o cargo de professor.
d) Enquanto não for editada lei complementar específica, não pode ser
aplicado o limite remuneratório aos vencimentos do cargo de Fátima.

14. (2016/FGV) Apolônio foi aprovado em concurso público para o provimento


do cargo de auditor fiscal da receita federal, alcançando a sexta colocação na
classificação geral. O edital prevê a existência de cinco vagas, a serem
preenchidas ao longo do prazo de validade do concurso, que é de dois anos,
prorrogável por igual período.
Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
a) Apolônio tem direito subjetivo a ser nomeado para o cargo em questão.
b) A prorrogação do prazo de validade do concurso público é ato discricionário
da administração.
c) O prazo de validade estabelecido para o concurso viola os limites
estabelecidos na Constituição da República.
d) Caso venha a ser investido no cargo, Apolônio se submeterá ao regime
celetista até que se expire o prazo de validade do concurso.

GABARITO
1 – C / 2 – B / 3 – C / 4 – D / 5 – A / 6 – D / 7 – A / 8 – D / 9 – A / 10 - C / 11 –
C / 12 – C / 13 – A / 14 - B
9. BENS PÚBLICOS

CONCEITO (CRITÉRIO DA TITULARIDADE X AFETAÇÃO)

O conceito de bens públicos passa por uma dupla face que é cobrada
reiteradamente em provas. Isso porque o conceito varia conforme o critério
adotado: critério da TITULARIDADE e critério da AFETAÇÃO.

O Código Civil (art. 98) adota o critério da TITULARIDADE ao dispor


que: “são públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual
for a pessoa a que pertencerem. (critério da titularidade).

A doutrina e jurisprudência adotam o critério da AFETAÇÃO. Por este


critério, são públicos todos os bens destinados à prestação de serviços
públicos, independentemente de estarem sob propriedade de entes de direito
público.

CRITÉRIO DA TITULARIDADE = Bem público é aquele de propriedade de


uma pessoa jurídica de direito público

CRITÉRIO DA AFETAÇÃO = Bem público é aquele afetado à prestação de um


serviço público

CLASSIFICAÇÃO

Quanto à titularidade, os bens públicos podem ser considerados


federais, estaduais, distritais ou municipais, conforme pertença a cada um dos
respectivos entes políticos.

Por outro lado, o critério mais cobrado é o da destinação (CCB, art. 99):

A) USO COMUM DO POVO: Uso livre pela população, de forma gratuita


(pode haver cobrança pela utilização anormal ou privativa)

B) USO ESPECIAL: Destinado a um serviço público (uso especial direto –


ex: edifício de uma repartição) ou conservado por interesse público (uso
especial indireto – ex: terras dos índios).

C) DOMINICAIS: Sem destinação específica e podem ser alienados. (ex:


terras devolutas não utilizadas.

REGIME JURÍDICO

Dado o princípio da supremacia do interesse público, os bens públicos


são dotados de garantias elencadas pela doutrina e jurisprudência. São elas:

A) IMPENHORABILIDADE; (CF, art. 100)


B) NÃO ONERABILIDADE (não pode ser objeto de garantia real);
C) IMPRESCRITIBILIDADE; (ver Súmula 340-STF)
D) ALIENABILIDADE CONDICIONADA (cumprimento dos requisitos
legais).

ATENÇÃO: A inalienabilidade, indicada como garantia/característica dos bens


públicos só se aplica aos de uso comum e de uso especial, haja vista a
possibilidade de alienação dos bens públicos dominicais. (CCB, art. 101)
Caso o gestor tenha por intenção alienar um bem de uso comum ou especial,
poderá fazer se, primeiramente, promover sua DESAFETAÇÃO, ou seja, caso
lhe retire previamente a sua destinação, tornando-o bem dominical.

9.4. ALIENAÇÃO (Ler arts. 17 ao 19 da Lei 8.666/93)

A alienação de bens públicos não pode se dar de maneira aleatória, haja


vista a necessidade de garantir a sua integridade. Por isso, a Lei 8.666/93, arts.
17 ao 19, exige alguns requisitos para sua alienação:

Bens móveis Bens imóveis

Manifestação de interesse Manifestação de interesse


público fundamentada público fundamentada
Avaliação prévia Avaliação prévia
Procedimento licitatório, na Procedimento licitatório,
modalidade enquadrada de na modalidade
acordo com o valor do bem* concorrência**
Autorização legislativa

*Possibilidade de dispensa (art. 17, II); Deve-se adotar o Leilão quando se


tratar de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos
legalmente apreendidos ou penhorados, desde que não ultrapasse o valor de
R$ 650.000,00. (art. 22, §5º)
**Possibilidade de dispensa (art. 17, I)

ATENÇÃO: Pode haver alienação de imóveis por outra modalidade que não a
concorrência? Sim (art. 19), quando se tratar de bens cuja aquisição haja
derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento.

UTILIZAÇÃO DOS BENS PÚBLICOS POR PARTICULARES

Os bens públicos podem ser utilizador por particulares de forma


comum, que independe de autorização do Estado e ocorre quando a utilização
está relacionada à finalidade para a qual o bem é destinado. Pode o Poder
Público regulamentá-la. (ex: regras de trânsito em relação às vias públicas)
Porém, pode haver utilização ANORMAL ou ESPECIAL de bens
públicos, que pode ser:

A) UTILIZAÇÃO ESPECIAL REMUNERADA: Cobra-se pela utilização (ex:


teatro público, pedágio etc.)

B) UTILIZAÇÃO ESPECIAL PRIVATIVA: Utilização sem intervenção de


terceiros (ex: fechamento da praia para um casamento). Deve ocorrer
mediamente instrumento válido legitimador do uso.

A utilização anormal de bens públicos por particulares pode ser


condicionada à obtenção de consentimento do Estado. Este consentimento
será feito nas seguintes modalidades:

A) AUTORIZAÇÃO DE USO: Ato administrativo: (i) discricionário; (ii)


precário (em caso de revogação, não dá direito à indenização); (iii)
gratuito ou oneroso; (iv) independente de licitação; (v) no interesse
do particular, para uso privativo do bem; (ex: autorização para evento
em rua)

B) PERMISSÃO DE USO: Ato administrativo: (i) discricionário; (ii)


precário; (iii) gratuito ou oneroso; (iv) independente de licitação
(como regra), para uso privativo do bem; (v) no interesse público. (ex:
stands em feiras);

C) CONCESSÃO DE USO: Contrato administrativo: (i) gratuito ou


oneroso; (ii) utilizado para situações mais duradouras, com prazo
determinado; (iii) dependente de licitação; (iv) estável, dando ensejo
à indenização em caso de rescisão antecipada;(v) no interesse
público. (ex: restaurante em órgão público)

D) CONCESSÃO DE DIREITO REAL DE USO: concede o direito real


sobre o imóvel, inclusive com possibilidade de transferência inter vivos
ou causa mortis (DL 271/67), sendo utilizada para fins específicos de
regularização fundiária de interesse social, urbanização, industrialização,
edificação, cultivo da terra, aproveitamento sustentável das várzeas,
preservação das comunidades tradicionais e seus meios de
subsistência ou outras modalidades de interesse social em áreas
urbanas.

E) CONCESSÃO DE USO ESPECIAL PARA FINS DE MORADIA:


Destinado aquele que “até 30 de junho de 2001, possuiu como seu, por
cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, até duzentos e cinqüenta
metros quadrados de imóvel público situado em área urbana, utilizando-
o para sua moradia ou de sua família, tem o direito à concessão de uso
especial para fins de moradia em relação ao bem objeto da posse,
desde que não seja proprietário ou concessionário, a qualquer título, de
outro imóvel urbano ou rural” (MP 2.220/01, art. 1º).
F) CESSÃO DE USO: Utilização entre órgãos ou entidades públicas, de
qualquer esfera de governo, em regra de forma gratuita, sem
transferência da propriedade.
QUESTÕES SOBRE O TEMA 9
(Bens Públicos)

1. (2012/FGV) Sobre os bens públicos é correto afirmar que


A) os bens de uso especial são passíveis de usucapião.
B) os bens de uso comum são passíveis de usucapião.
C) os bens de empresas públicas que desenvolvem atividades econômicas que
não estejam afetados a prestação de serviços públicos são passíveis de
usucapião.
D) nenhum bem que pertença à pessoa jurídica integrante da administração
pública indireta é passível de usucapião.

2. (2012/FGV) A autorização de uso de bem público por particular caracteriza-


se como ato administrativo
(A) discricionário e bilateral, ensejando indenização ao particular no caso de
revogação pela administração.
(B) unilateral, discricionário e precário, para atender interesse
predominantemente particular.
(C) bilateral e vinculado, efetivado mediante a celebração de um contrato com
a administração pública, de forma a atender interesse eminentemente público.
(D) discricionário e unilateral, empregado para atender a interesse
predominantemente público, formalizado após a realização de licitação.

3. (2015/FGV) O prédio que abrigava a Biblioteca Pública do Município de


Molhadinho foi parcialmente destruído em um incêndio, que arruinou quase
metade do acervo e prejudicou gravemente a estrutura do prédio. Os livros
restantes já foram transferidos para uma nova sede. O Prefeito de Molhadinho
pretende alienar o prédio antigo, ainda cheio de entulho e escombros.
Sobre o caso descrito, assinale a afirmativa correta.
a) Não é possível, no ordenamento jurídico atual, a alienação de bens públicos.
b) O antigo prédio da biblioteca, bem público de uso especial, somente pode
ser alienado após ato formal de desafetação.
c) É possível a alienação do antigo prédio da biblioteca, por se tratar de bem
público dominical.
d) Por se tratar de um prédio com livre acesso do público em geral, trata-se de
bem público de uso comum, insuscetível de alienação.

4. (2011/FGV) De acordo com o critério da titularidade, consideram-se públicos


os bens do domínio nacional pertencentes
a) às entidades da Administração Pública Direta e Indireta.
b) às entidades da Administração Pública Direta, às autarquias e às empresas
públicas.
c) às pessoas jurídicas de direito público interno e às pessoas jurídicas de
direito privado prestadoras de serviços públicos.
d) às pessoas jurídicas de direito público interno.

5. (2016/FGV) A sociedade “Limpatudo” S/A é empresa pública estadual


destinada à prestação de serviços públicos de competência do respectivo ente
federativo. Tal entidade administrativa foi condenada em vultosa quantia em
dinheiro, por sentença transitada em julgado, em fase de cumprimento de
sentença. Para que se cumpra o título condenatório, considerar-se-á que os
bens da empresa pública são
a) impenhoráveis, certo que são bens públicos, de acordo com o ordenamento
jurídico pátrio.
b) privados, de modo que, em qualquer caso, estão sujeitos à penhora.
c) privados, mas, se necessários à prestação de serviços públicos, não podem
ser penhorados.
d) privados, mas são impenhoráveis em decorrência da submissão ao regime
de precatórios.

GABARITO
1–C/2–B/3–C/4–D/5-C
10. INTERVENÇÃO ESTATAL NA PROPRIEDADE

DIREITO DE PROPRIEDADE

O direito de propriedade é consagrado constitucionalmente como


direito fundamental (art. 5º, caput e XXII), possuindo caráter de exclusividade
(oposição erga omnes), caráter absoluto (utilização de acordo com a vontade)
e perpetuidade (impassível de prescrição).

Todavia, o direito de propriedade se condiciona ao cumprimento da


função social, o que permite ao Estado adotar medidas de intervenção (art. 5º,
XXIII, 170, III), que podem ser classificadas em:

A) INTERVENÇÕES SUPRESSIVAS: Retiram e esvaziam a propriedade


(ex: desapropriação).

B) INTERVENÇÕES RESTRITIVAS: Limita um dos aspectos


da propriedade (ex: limitação administrativa).

DESAPROPRIAÇÃO

PONTOS GERAIS

A desapropriação é uma forma de Intervenção SUPRESSIVA por


excelência, como forma originária de aquisição, compulsoriamente, da
propriedade.

Pode ter por objeto bens móveis ou imóveis; corpóreos ou


incorpóreos; públicos ou privados, porém não é possível a
desapropriação de direitos personalíssimos; moeda corrente; pessoas
(ex: pessoa jurídica).

ATENÇÃO: A desapropriação de bens públicos é admitida pelo art. 2º, §2º, do


DL 3.365/41, atendida a hierarquia estabelecida entre os entes e a
exigência de edição de prévia lei autorizativa. (“Os bens do domínio dos
Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados
pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato
deverá preceder autorização legislativa”)
A MP 700/2015 passou a autorizar também a desapropriação de bens públicos
mediante acordo dos entes federativos (DL 3.365/41, art. 2º, §2º-A).

A desapropriação tem 3 (três) pressupostos indicados na Constituição


(art. 5º, XXIV). São eles:

A) UTILIDADE PÚBLICA: uso do bem para obra e/ou prestação de


serviços públicos (vide art. 5º do DL 3.365/41);
B) NECESSIDADE PÚBLICA: considera-se que se confunde com
hipóteses de utilidade pública, adicionada à urgência da medida;

C) INTERESSE SOCIAL: Objetiva a concretização da função social da


propriedade, sendo caso típico – mas não único – a desapropriação para
fins de reforma agrária. Regramento pela Lei 4.132/1962 e Lei
8.629/1993, além de outros diplomas legais.

ESPÉCIES DE DESAPROPRIAÇÃO

DESAPROPRIAÇÃO-SANÇÃO

A CF estabelece algumas hipóteses em que a desapropriação tem


também uma finalidade sancionatória pelo descumprimento da função social da
propriedade. Os requisitos estão apontados abaixo:

DESAPROPRIAÇÃO PARA REFORMA


AGRÁRIA (CF/88, art. 184; Lei
4.504/64)
Competência exclusiva da União
Natureza sancionatória pelo desatendimento da função social da
propriedade rural
Indenização por meio de títulos da dívida agrária (TDAs), com cláusula
de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até 20 anos, a
partir do segundo ano de sua emissão;
Benfeitorias úteis e necessárias são pagas em dinheiro (art. 184, §5º);
Procedimento judicial próprio (LC 76/93);
Prazo prescricional de 2 anos para propositura da ação.

ATENÇÃO: É vedada a desapropriação, para fins de reforma agrária, nas


hipóteses de: Pequena (1 a 4 módulos fiscais) e média (4 a 15 módulos
fiscais) propriedade rural, desde que seu proprietário não possua outra; e
da propriedade produtiva.

DESAPROPRIAÇÃO PARA POLÍTICA URBANA (CF/88, art. 182, §4º,


III):
Competência exclusiva dos Municípios
Natureza sancionatória pelo não cumprimento da função
social (descumprimento do plano diretor)

Indenização por títulos da dívida pública, de emissão previamente aprovada


pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até 10 anos, em parcelas
anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os
juros
legais (CF/88, art. 182)

Exigência de providências anteriores e sucessivas*

ATENÇÃO: Antes da desapropriação, é necessária a adoção de providências


anteriores e sucessivas:
A)Exigência de adequação da propriedade à sua função social;
B) Ordem de parcelamento, utilização ou edificação compulsório;
C) Cobrança de IPTU progressivo no tempo durante 5 anos, observada a
alíquota máxima de 15%.

DESAPROPRIAÇÃO CONFISCATÓRIA (CF/88, art. 243)

Competência exclusiva da União


Propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde
forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a
exploração de trabalho escravo
Ausência de indenização
Reversão dos bens apreendidos a um fundo específico

ATENÇÃO: A expropriação prevista no art. 243 da Constituição Federal pode


ser afastada, desde que o proprietário comprove que não incorreu em culpa,
ainda que in vigilando ou in eligendo. STF. Plenário. RE 635336/PE, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em 14/12/2016 (repercussão geral) (Info 851).

DESAPROPRIAÇÃO ORDINÁRIA (Decreto-lei 3.365/41)

A desapropriação ordinária segue o rito do Decreto-Lei 3.365/41 e pode


ser promovida por qualquer ente (União, Estados, DF e Municípios). Para
seguir o rito legal, deverá observar sempre uma fase declaratória e uma fase
executória.

Pela fase declaratória , há expedição do decreto expropriatório pelo


Chefe do Executivo, fixando o estado da coisa, autorizando o direito de
penetração do Estado e iniciando o prazo de caducidade de 5 anos, em caso
de utilidade pública, e 2 anos em caso de interesse social.

ATENÇÃO: Apenas o Chefe do Poder Executivo pode editar o Decreto de


utilidade pública. No entanto, a execução do processo de desapropriação pode
ser promovida por uma delegatária (vide art. 3º do DL 3.365/41).

Já na fase executória pode ser EXTRAJUDICIAL, com a concordância


do desapropriado acerca do valor e lavratura da escritura pública, ou
JUDICIAL, com a propositura da ação respectiva. A fase executória pode ser
delegada a uma pessoa jurídica diversa do ente político que expediu o decreto
expropriatório, conforme visto anteriormente

Atenção a alguns aspectos importantes, muito recorrentes em prova:

A) RETROCESSÃO: Doutrina majoritária entende que a desapropriação se


trata de direito pessoal e, portanto, o desvio de finalidade no processo
expropriatório terminaria sempre em perdas e danos (art. 35). A
utilização do bem para uma finalidade diferente da inicialmente prevista
é chamada de TREDESTINAÇÃO, que pode ser lícita ou ilícita.

B) INDENIZAÇÃO: Deverá ser sempre prévia, justa e em dinheiro,


incidindo: (i) Correção monetária a partir do laudo; (ii) Juros
compensatórios a partir da imissão na posse em 12% sobre a diferença
entre o valor do depósito e o valor fixado em sentença (vide Súmula
408-STJ); (iii) Juros moratórios a partir de 1º de janeiro do segundo ano
após a data de apresentação do precatório, em 6% ao ano.

C) DESAPROPRIAÇÃO DIRETA X INDIRETA: A doutrina ainda menciona


a diferença entre desapropriação direta e indireta. (i) Desapropriação
direta: Quando for observado o rito legal para desapropriação; (ii)
Desapropriação indireta: Quando houver esbulho possessório do
Poder Público, que ocupa o imóvel sem observância dos pressupostos
legais de desapropriação. Neste caso, o particular lesado deverá
ingressar com ação de desapropriação indireta no prazo de 10 anos
(entendimento do STJ).

LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA

A limitação administrativa corresponde a um tipo de intervenção


restritiva, de caráter geral, que não atinge proprietários e bens em específico,
mas sim todos aqueles que forem destinatários enquadrados na norma
geral, limitando a utilização do bem (afeta o caráter absoluto da propriedade).
Ex: normas gerais sobre construção, como limitação de andares.

Em regra, não há Indenização, não há direito à indenização, exceto se


houver comprovação de prejuízo diferenciado.

SERVIDÃO ADMINISTRATIVA

A servidão administrativa também é forma de Intervenção restritiva,


com natureza de direito real, recaindo sobre bens imóveis determinados,
que serão prédios servientes do serviço administrativo dominante (afeta o
caráter exclusivo da propriedade). Ex: instalação de postes e fios de energia.
Envolve sempre bens imóveis, sendo possível a instituição de servidão
administrativa sobre bens públicos, desde que observada a hierarquia
administrativa do art. 2º, §2º, do DL 3.365/41.

A indenização só será possível em caso de comprovado dano.

A instituição da servidão segue procedimento semelhante ao da


desapropriação. Exige-se a edição de lei prévia, autorizando a instituição da
servidão. Há procedimento extrajudicial para tentativa de acordo quanto ao
valor. Caso não haja acordo, deverá ser proposta a ação judicial para
instituição da servidão.

Após acordo ou sentença, deverá a servidão ser registrada no CRI da


circunscrição do imóvel, para garantir eficácia erga omnes.

TOMBAMENTO

O tombamento é também forma de intervenção restritiva da


propriedade para proteção de bens cuja conservação seja de interesse
público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer
por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico
(DL 25/37). Também abrange a proteção ao meio ambiente, sobre bens móveis
e imóveis.

A competência administrativa para sua instituição é concorrente dos


entes federativos, podendo haver mais de um tombamento sobre o mesmo
bem, sem interferir nos demais. A competência, todavia, está relacionada ao
âmbito do interesse (nacional, regional ou local).

Existem espécies de tombamento indicadas pela doutrina:

A) VOLUNTÁRIO: O proprietário solicita e a coisa se reveste dos


pressupostos necessários para tombamento ou o proprietário
simplesmente concorda com a notificação de intenção do
Estado em tombar o bem;

B) COMPULSÓRIO: O proprietário recusa que a coisa seja


tombada, instaurando-se procedimento administrativo (DL
24/37);

C) GERAL: Tombamento constante de norma abstrata, atingindo


uma quantidade indeterminada de bens, sujeitos às restrições.
Recai sobre regiões determinadas.

D) INDIVIDUAL: Incide especificamente sobre um bem.

E) DEFINITIVO: Registro do tombamento após regular processo


administrativo.
F) PROVISÓRIO: Medida cautelar administrativa para garantir o
resultado da pretensão estatal de tombamento enquanto não é
registrado o definitivo.

Em regra, a indenização no caso do tombamento só ocorre nas


hipóteses de prejuízo comprovado.
O tombamento gera obrigações em relação ao proprietário:

OBRIGAÇÕES DE FAZER Direito de


preferência; Dever
de conservação;
Dever de comunicação em caso de
OBRIGAÇÕES DE Retirada do
NÃO FAZER país; Não
destruição
OBRIGAÇÃO DE Fiscalização
TOLERAR
REQUISIÇÃO ADMINISTRATIVA E OCUPAÇÃO TEMPORÁRIA

De difícil compreensão é a diferença entre requisição administrativa e


ocupação temporária. Cabe ao examinando verificar os detalhes
diferenciadores entre um e outro, haja vista sua proximidade conceitual:

REQUISIÇÃO OCUPAÇÃO

Perigo público Interesse público


Bens móveis ou imóveis e Bens móveis ou imóveis
serviços
Indenização ulterior, se houver Indenização ulterior, se houver
dano dano
QUESTÕES SOBRE O TEMA 10
(Intervenção do Estado na propriedade)

1. (2014/FGV) Acerca da desapropriação, assinale a afirmativa correta.


A) Na desapropriação por interesse social, o expropriante tem o prazo de cinco
anos, contados da edição do decreto, para iniciar as providências de
aproveitamento do bem expropriado.
B) Na desapropriação por interesse social, em regra, não se exige o requisito
da indenização prévia, justa e em dinheiro.
C) O município pode desapropriar um imóvel por interesse social, mediante
indenização prévia, justa e em dinheiro.
D) A desapropriação para fins de reforma agrária da propriedade que não
esteja cumprindo a sua função social não será indenizada.

2. (2014/FGV) O Município de Barra Alta realizou a desapropriação de grande


parcela do imóvel de Manoel Silva e deixou uma parcela inaproveitável para o
proprietário.
No caso descrito, o proprietário obterá êxito se pleitear:
A) a reintegração de posse de todo o imóvel em função da má-fé do Município.
B) o direito de extensão da desapropriação em relação à área inaproveitável.
C) a anulação da desapropriação em relação à parcela do imóvel suficiente
para tornar a área restante economicamente aproveitável.
D) a anulação integral da desapropriação, pois a mesma foi ilegal.

2. (2013/FGV) Após regular procedimento de desapropriação, fundado no


Decreto Lei n. 3.365/41, um Estado da Federação assume o domínio do imóvel
anteriormente titularizado por Gilberto.
A desapropriação foi realizada com a finalidade de construir uma escola pública
no local (Art. 5º, ‘m’, do Decreto Lei n. 3.365/41). No entanto, após algum
tempo, Gilberto descobre que a utilização do imóvel foi transferida, sem
qualquer formalidade, ao diretório regional do partido do governador do Estado.
Indignado com a situação, Gilberto procura um advogado para orientá-lo.
Nesse caso, assinale a afirmativa que indica o correto esclarecimento a ser
dado pelo advogado.
A) A conduta do Estado não é vedada pelo ordenamento jurídico, não obstante
a destinação diversa dada ao imóvel.
B) A conduta do Estado não é passível de controle judicial, porque diz respeito
ao mérito administrativo, o que é vedado segundo nosso ordenamento jurídico.
C) Uma demanda judicial deve ser ajuizada, visando declarar a nulidade do ato
de desapropriação ao argumento de ocorrência de tredestinação ilícita.
D) O ato não pode ser invalidado judicialmente, somente restando a Gilberto
ajuizar uma demanda, postulando reparação pelos danos materiais e morais
sofridos.

3. (2013/FGV) A fim de permitir o escoamento da produção até uma refinaria,


uma empresa pública federal, que explora a prospecção de petróleo em um
campo terrestre, inicia a construção de um oleoduto. O único caminho possível
para essa construção atravessa a propriedade rural de Josenildo que, em
razão do oleoduto, teve que diminuir o espaço de plantio de mamão e, com
isso, viu sua renda mensal cair pela metade.
Assinale a afirmativa que indica a instrução correta que um advogado deve
passar a Josenildo.
A) Não há óbice à constituição da servidão administrativa no caso, mas cabe
indenização pelos danos decorrentes dessa forma de intervenção na
propriedade.
B) A servidão administrativa é ilegal e Josenildo pode desconstituí-la, pois o
instituto só tem aplicação em relação aos bens públicos.
C) A servidão administrativa é ilegal, pois o nosso ordenamento veda a
intervenção do Estado sobre propriedades produtivas.
D) Não há óbice à constituição da servidão administrativa e não há de se falar
em qualquer indenização.

4. (2012/FGV) A União, após regular licitação, realiza concessão de


determinado serviço público a uma sociedade privada.
Entretanto, para a efetiva prestação do serviço, é necessário realizar algumas
desapropriações.
A respeito desse caso concreto, assinale a afirmativa correta.
A) A sociedade concessionária poderá promover desapropriações mediante
autorização expressa, constante de lei ou contrato.
B) As desapropriações necessárias somente poderão ser realizadas pela
União, já que a concessionária é pessoa jurídica de direito privado.
C) O ingresso de autoridades administrativas nos bens desapropriados,
declarada a utilidade pública, somente será lícito após a obtenção de
autorização judicial.
D) Os bens pertencentes ao(s) Município(s) inserido(s) na área de prestação
do serviço não poderão ser desapropriados, mesmo que haja autorização
legislativa

5. (2012/FGV) A empresa pública federal X, que atua no setor de pesquisas


petroquímicas, necessita ampliar sua estrutura, para a construção de dois
galpões industriais. Para tanto, decide incorporar terrenos contíguos a sua
atual unidade de processamento, mediante regular processo de
desapropriação.
A própria empresa pública declara aqueles terrenos como de utilidade pública e
inicia as tratativas com os proprietários dos terrenos – que, entretanto, não
aceitam o preço oferecido por aquela entidade.
Nesse caso,
A) se o expropriante alegar urgência e depositar a quantia arbitrada de
conformidade com a lei, terá direito a imitir‐se provisoriamente na posse dos
terrenos.
B) a desapropriação não poderá consumar‐se, tendo em vista que não houve
concordância dos titulares dos terrenos.
C) a desapropriação demandará a propositura de uma ação judicial e, por não
haver concordância dos proprietários, a contestação poderá versar sobre
qualquer matéria.
D) os proprietários poderão opor‐se à desapropriação, ao fundamento de que a
empresa pública não é competente para declarar um bem como de utilidade
pública.

6. (2012/FGV) O Município Y promove o tombamento de um antigo bonde, já


desativado, pertencente a um colecionador particular. Nesse caso,
A) o proprietário pode insurgir‐se contra o ato do tombamento, uma vez que se
trata de um bem móvel.
B) o proprietário fica impedido de alienar o bem, mas pode propor ação visando
a compelir o Município a desapropriar o bem, mediante remuneração.
C) o proprietário poderá alienar livremente o bem tombado, desde que o
adquirente se comprometa a conservá‐lo, de conformidade com o ato de
tombamento.
D) o proprietário do bem, mesmo diante do tombamento promovido pelo
Município, poderá gravá‐lo com o penhor.

GABARITO:
1–C/2–B/3–C/4–A/5–A/6–D
11. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (Lei 8.429/92)

11.1. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

A) Fundamentos constitucional e legal

A responsabilidade de agentes públicos por improbidade administrativa tem


fundamento no art. 37, §4º, da CF/88 e na Lei 8.429/92 (Lei de Improbidade
Administrativa). Trata-se de responsabilidade de NATUREZA CÍVEL, sendo
possível a responsabilização administrativa e penal remanescente do agente.

B) Prescrição do ressarcimento ao erário

O art. 37, §5º, da CF/88 estabeleceu que o ressarcimento ao erário seria


um aprovidência de natureza IMPRESCRITÍVEL.

ATENÇÃO: Apesar de o STF ter entendido que há prescrição nos casos de


ressarcimento ao erário por ilícitos civiis (CCB/2002, art. 206, §3º), em caso
de improbidade administrativa, a pena de ressarcimento é sim
já que se trawta de um regime jurídico mais grave.

C) Sujeito ativo e passivo x Legitimidade ativa e passiva

 SUJEITO ATIVO: Qualquer AGENTE PÚBLICO (conceito mais


abrangente possível) ou PARTICULAR que com ele concorra pode vir a
responder por improbidade administrativa. Deve-se atentar para a
literalidade do art. 1º, caput e parágrafo único, 2º e 3º, todos da Lei
8.429/92.

Apesar de ser possível a responsabilização de particular no polo passivo


da ação de improbidade administrativa (sujeito ativo do ato de improbidade), a
jurisprudência do STJ entende que há necessidade de que também figure um
AGENTE PÚBLICO, na qualidade de litisconsorte passivo. Sem o agente, a
ação deve ser extinta sem resolução de mérito, o que não impede, contudo, o
eventual ajuizamento de Ação Civil Pública comum para obter o ressarcimento
do Erário". (REsp 896.044/PA)

 SUJEITO PASSIVO: O sujeito passivo do ato de improbidade é o ente


lesado, ou seja, Administração direta, indireta ou fundacional de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público
ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou
concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita
anual.

Aplica-se também à entidade que receba subvenção, benefício ou


incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja
criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de
cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes
casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos
cofres públicos.

D) Representação e Pedido de Indisponibilidade

O art. 7º da Lei 8.429/92 determina a obritoriedade de a autoridade


administrativa representar ao Ministério Público para fins de obtenção da
indisponibilidade de bens dos réus toda vez que tiver ciência do ato ímprobo.

Ressalte-se que, segundo a jurisprudência do STJ, o deferimento do


pedido de indisponibilidade (que é um pedido liminar), não exige a
demonstração do perigo na demora, que é presumidamente presente. (REsp
1366721 / BA)

Entende também o STJ que a decretação de indisponibilidade deve


abranger o valor a ser ressarcido, mas também o valor de eventual multa
civil a ser fixada pelo magistrado a título de punição. (AgRg no AgRg no
AREsp 100445/BA)

E) Sucessão

Caso o causador do ato lesivo venha a falecer, os sucessores deverão


responder pelas penalidades pecuniárias até o limite do valor da herança.
(Lei 8.429, Art. 8)

10.1. ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

A) Espécies de atos e a questão da ausência de taxatividade

Os atos que ensejam a punição por improbidade administrativa estão


descritos nos arts. 9, 10 e 11 da Lei 8.429 e podem ser:

 POR ENRIQUECIMENTO ILÍCITO: “Constitui ato de improbidade


administrativa importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo de
vantagem patrimonial indevida em razão do exercício de cargo,
mandato, função, emprego ou atividade nas entidades”. Exige-se, para a
responsabilidade, a comprovação de DOLO do sujeito ativo.

 POR PREJUÍZO AO ERÁRIO: “Constitui ato de improbidade


administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão,
dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação,
malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades”.
Pode ser em virtude de DOLO ou CULPA.

 POR VIOLAÇÃO A PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS: “Constitui ato de


improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres
de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições”
Exige-se, para responsabilidade, a comprovação do DOLO do sujeito
ativo.

ATENÇÃO: Muito cuidado! Não é sempre necessária a ocorrência de dano ao


patrimônio público, já que podemos ter responsabilidade por improbidade
quando há mera violação dolosa a princípios administrativos. Da mesma
maneira, a aprovação ou rejeição de contas por órgão de controle interno ou
por Tribunal ou Conselho de Contas não influencia na aplicação de penalidade.
(art. 21).

É importante observar também que, no ano de 2016, foi aprovada a Lei


Complementar Federal 157/2016, a qual trouxe nova hipótese de improbidade
administrativa, inserindo o art. 10-A da Lei 8.429/92:

Seção II-A
Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes de
Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Financeiro ou
Tributário
Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa qualquer
ação ou omissão para conceder, aplicar ou manter benefício
financeiro ou tributário contrário ao que dispõem o caput e o §
1º do art. 8º-A da Lei Complementar nº 116, de 31 de julho de
2003. (Incluído pela LC 157/2016)

A hipótese, no entanto, só entra em vigor a partir de 30/12/2017, não


caindo no próximo exame de ordem.

11.2. PECULIARIDADES PROCEDIMENTAIS

A Lei 8.249 traz algumas peculiaridades procedimentais em relação ao


rito ordinário do CPC. Como se sabe, no que a LIA trouxer de inovador na parte
procedimental, deve prevalecer, já que a norma específica prevalece sobre a
geral.

A) LEGITIMIDADE: A ação será proposta pelo Ministério Público, na


qualidade de legitimado ativo, ou pela entidade lesada. Nesta última
hipótese, o parquet atuará na qualidade de custos legis.

B) MANIFESTAÇÃO PRELIMINAR: Semelhante às ações penais, na ação


de improbidade administrativa, há uma manifestação preliminar em um
procedimento preparatório, que antecedente a citação e a contestação.

Inicialmente, o requerido é intimado para se manifestar sobre a inicial no


prazo de 15 dias. Após sua manifestação, o juiz deverá decidir sobre o
recebimento ou indeferimento da inicial (art. 17, §7º). Apenas após esta
decisão é que se inicia o procedimento ordinário.
C) MEDIDAS CAUTELARES: A Lei 8.429/92 permite ao juiz deferir
medidas cautelares no bojo do processo, tais como: Afastamento
preventivo do servidor público (art. 20, p.ú.); Bloqueio de contas: (art. 16,
§2º); Indisponibilidade dos bens (art. 7º); e Sequestro de bens: (art. 16)

D) PRESCRIÇÃO: As ações destinadas a levar a efeitos as sanções


previstas nesta lei podem ser propostas:

PRAZO HIPÓTESE
5 anos após o término da mandato, de cargo em
função comissão ou de função de
Específico previsto em lei para faltas Cargo efetivo ou
disciplinares puníveis com demissão a emprego
bem do serviço público cargo efetivo ou
5 anos da data da apresentação ao Vínculos em geral, em
Estado da prestação de contas parcerias do Terceiro
final Setor
QUESTÕES SOBRE O TEMA 10
(Improbidade administrativa)

1. (2014/FGV) Caio, chefe de gabinete do prefeito do município X, ocupante


exclusivamente de cargo em comissão, conhecendo os planos concretos da
prefeitura para levar asfaltamento, saneamento e outras intervenções
urbanísticas a um bairro mais distante, revela a alguns construtores tal fato,
levando-os a adquirir numerosos terrenos naquela localidade antes que
ocorresse sua valorização imobiliária. Caio recusa, expressamente, todos os
presentes enviados pelos construtores.
Sobre a situação hipotética descrita acima, assinale a opção correta.
A) O ato de improbidade pode estar configurado com a mera comunicação,
antes da divulgação oficial, da medida a ser adotada pela prefeitura, que
valorizará determinados imóveis, ainda que não tenha havido qualquer
vantagem para Caio.
B) A configuração da improbidade administrativa depende, sempre, da
existência de enriquecimento ilícito por parte de Caio ou de lesão ao erário,
requisitos ausentes no caso concreto.
C) Caio, caso venha a ser condenado criminalmente pela prática das condutas
acima descritas, não poderá responder por improbidade administrativa, sob
pena de haver bis in idem.
D) Caio não responde por ato de improbidade, por não ser servidor de carreira;
responde, todavia, por crime de responsabilidade, na qualidade de agente
político, ocupante de cargo em comissão.

2. (2014/FGV) Após conclusão de licitação do tipo menor preço, conduzida por


uma autarquia federal para a contratação de serviços de limpeza predial,
sagrou-se vencedora a sociedade “LYMPA”, que ofereceu a melhor proposta.
O dirigente da autarquia, entretanto, deixou de adjudicar o objeto à sociedade
vencedora e contratou com outra sociedade, pertencente ao seu genro, para
realizar o serviço por um preço mais baixo do
que o oferecido pela sociedade vencedora. O Ministério Público ajuizou ação
de improbidade contra o dirigente da autarquia.
A partir do caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
A) A improbidade administrativa não está configurada, uma vez que não restou
configurado enriquecimento do agente público.
B) O resultado da ação de improbidade dependerá da apuração financeira de
eventual prejuízo aos cofres do ente público.
C) A propositura da ação de improbidade é admissível, ainda que não haja
prejuízo ao erário e nem enriquecimento do agente público.
D) A ação de improbidade somente é aceita em relação aos atos
expressamente tipificados na Lei nº 8.429/1992, o que não atinge a contratação
direta sem licitação.

3. (2011/FGV) No que tange à chamada ação de improbidade administrativa,


assinale a definição correta segundo a doutrina do Direito Administrativo.
(A) Trata-se de ação de natureza civil e penal, uma vez que a Lei 8.429/92
prevê sanções de ambas as naturezas.
(B) Trata-se de ação meramente administrativa, uma vez que a Lei 8.429/92
prevê apenas sanções de caráter administrativo.
(C) Trata-se de ação civil, muito embora as sanções previstas pela Lei 8.429/92
ultrapassem o âmbito da simples ação de ressarcimento e importem em
penalidades de natureza penal e administrativa.
(D) Não se trata de uma ação judicial e sim de uma ação administrativa, com a
previsão legal (Lei 8.429/92) de sanções penais e administrativas.

4. (2015/FGV) O Ministério Público do Estado W ajuizou ação de improbidade


administrativa contra um ex-governador, com fundamento no Art. 9º da Lei nº
8.429/1992 (ato de improbidade administrativa que importe enriquecimento
ilícito), mesmo passados quase 3 (três) anos do término do mandato e 6 (seis)
anos desde a suposta prática do ato de improbidade que lhe é atribuída.
Nesse caso,
a) o ex-governador está sujeito, dentre outras sanções, à perda dos bens ou
valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ao ressarcimento integral do
dano e à suspensão dos direitos políticos pelo período de oito a dez anos.
b) a ação de improbidade está fadada ao insucesso, tendo em vista que não
podem ser réus de tal demanda aqueles que já não ocupam mandato eletivo e
nem cargo, emprego ou função na Administração.
c) a ação de improbidade está fadada ao insucesso, tendo em vista que já
transcorreram mais de 3 (três) anos desde o término do exercício do mandado
eletivo.
d) é imprescritível a ação de improbidade destinada à aplicação das sanções
previstas na Lei nº 8.429/1992, e, por essa razão, o ex-governador pode sofrer
as cominações legais, mesmo após o término do seu mandato.

5. (2009/CESPE) O MP tomou conhecimento de que um servidor, Vicente,


ocupante do cargo de ordenador de despesas de determinado município,
facilitava a aquisição de bens por preço superior ao de mercado.
Com referência a essa situação hipotética e à improbidade administrativa,
assinale a opção correta.
a) O prazo prescricional das ações destinadas a levar a efeito as sanções
previstas na Lei de Improbidade Administrativa é contado, na situação
hipotética em questão, a partir da data em que Vicente praticou o ato.
b) Caso o ato praticado por Vicente não esteja tipificado de forma expressa na
Lei de Improbidade Administrativa, não poderá o juiz condená-lo pela prática de
ato de improbidade.
c) Não estará prescrita a pretensão do MP caso seja ajuizada ação com o
exclusivo propósito de ressarcir os prejuízos causados ao erário quinze anos
após a saída do referido servidor do cargo de ordenador de despesas.
d) Vicente não poderá ser condenado em eventual ação de improbidade
proposta pelo MP caso o tribunal de contas competente aprove as contas do
município.

6. (2016/FGV) Uma organização da sociedade civil recebeu recursos públicos


para a execução de um projeto, em regime de colaboração com a
Administração Pública.
A partir da hipótese apresentada, segundo a Lei de
Improbidade Administrativa, assinale a afirmativa correta.
a) Uma organização da sociedade civil, que se qualifica como entidade privada
sem fins lucrativos, ao receber recursos públicos, inclusive sob a forma de
auxílio ou subvenção, pode ser sujeito passivo de ato de improbidade
administrativa.
b) Uma organização da sociedade civil, por ser entidade privada, não pode ser
sujeito passivo de ato de improbidade administrativa.
c) Os atos praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção,
benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de ente público, não se sujeitam às
penalidades previstas na lei de improbidade administrativa.
d) Uma organização da sociedade civil, por ser entidade privada sem fins
lucrativos, pode receber recursos públicos, razão pela qual não pode ser sujeito
passivo de ato de improbidade administrativa.

1–A/2–C/3–C/4–A/5–C/6-A

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