Dialnet Bullying 5555841

Revista Eletrônica Gestão & Saúde ISSN: 1982-4785
Alves CF. Artigo de Revisão

Bullying: gestão escolar e a saúde pública, uma revisão da literatura
Bullying: school management and public health, a literature review
Bullying: la gestión escolar y la salud pública, una revisión de la literatura
Cinthia Francisco Alves1 período de 2005 a 2012. O

comportamento agressivo entre
Resumo estudantes é um problema universal,
tradicionalmente admitido como natural
O presente artigo trata-se de uma e frequentemente ignorado ou não
revisão critica da literatura acerca do valorizado pelos adultos, o bullying é
conceito e de estudos realizados sobre o um problema de saúde pública com
bullying relacionando à saúde pública, dimensões cada vez maiores em todos
revisando estratégias para deixar o os países, tratando-se de atos de
ambiente escolar mais seguro, além de violência física ou psicológica,
orientar as famílias e a sociedade para o intencionais e repetidos, relacionados a
enfrentamento da forma mais frequente desequilíbrios de poder. O foco político
da violência juvenil. Desta forma, é a pratica em educação em saúde com
disponibilizando informações aos o envolvimento de toda a comunidade,
profissionais das áreas da saúde e as escolas estão assumindo um
educadores, mostrando a importância envolvimento crescente na promoção da
deste tema para minimizar a incidência saúde, prevenção de doenças e
do problema a ser enfrentando, sendo a prevenção de trauma. A prevenção do
curto ou longo prazo, investigando e bullying entre estudantes constitui-se
avaliando os impactos do bullying em uma necessária medida de saúde
causados nos autores e alvos dessa pública, capaz de possibilitar o pleno
prática e suas consequências. Foram desenvolvimento de crianças e
acessados bancos de dados adolescentes, habilitando-os a uma
bibliográficos e páginas de relevância convivência social sadia e segura.
na internet, identificando artigos e
textos recentes sobre no tema no Palavras chaves: bullying, saúde
1 pública, crianças e adolescentes.
Fisioterapeuta formada em 2010 no Centro
Universitário de Rio Preto - Unirp. Pós-graduada
(especialização) em Gestão de Saúde pela Universidade
de Brasilia - UnB em 2012. E-mail:
cialves@hotmail.com
Revista Eletrônica Gestão & Saúde. Vol.06, N°. 03, Ano 2015 p. 2919-33 2919
Alves CF. Bullying: gestão escolar e saúde pública...
Abstract enabling development of children and

teenagers in a safe and healthy place.
This article is a critic literature's review Key words: bullying, public health,
of the concept and studies about children and teenagers.
bullying related to public health,
reviewing strategies to make school a Resumen
safe place, besides guiding families and
society to face the most frequent youth Este artículo trata de una revisión crítica
violence. So, proving information to de la literatura acerca del concepto y de
health's professionals and educators, estudios realizados sobre el bullying
showing the importance of this topic to relacionando a la salud pública,
understate the incidence of this facing repasando estrategias para hacer que el
problem, for short or long term, ambiente escolar, además de quedarse
investigating and evaluating the impacts más seguro, oriente las familias y la
of bullying caused to authors and its sociedad para el afrontamiento de la
consequences. Bibliographic data and forma más frecuente de la violencia
relevance's website pages were juvenil. De esta manera, se quedan
accessed, identifying articles and text disponibles informaciones a los
about this topic between 2005 and 2012. profesionales de la zona de la salud y
The aggressive behavior between educadores, que les muestra la
students is considered an universal importancia de este tema para reducir al
problem, already admitted as common mínimo la incidencia del problema a ser
and most of the time ignored or not enfrentado, con corto o largo plazo,
valued by the adults, but bullying is a investigando y evaluando los impactos
public health's problem and it has taken del bullying causados en los autores y
large scales in all countries, for acts of en las víctimas de esa práctica y sus
psychological or physical violence, consecuencias. Fueron visitados bancos
intended or repetitious, related to de dados bibliográficos páginas
imbalance of power. The political focus relevantes en Internet, identificando
is the experience in health's education to artículos y textos recientes sobre el
all society, schools are increasing their tema en el período de 2005 a 2012. El
health promotion, preventing diseases comportamiento agresivo entre los
and traumas. The bullying' prevention estudiantes es un problema universal,
should be required for the public health, tradicionalmente aceptado como algo
natural y, a menudo, ignorado o no morrem e os que mais matam.

valorado por los adultos. El bullying Atualmente a população de adolescentes
entre los estudiantes es un problema de representa 20% da população mundial 3.
salud pública con dimensiones cada vez Na América Latina, casos de
más grandes en todos los países, violência nas escolas — e de bullying
tratándose de actos de violencia física o especificamente — são apresentados
psicológica, intencionales y repetidos, diariamente em manchetes de jornais e
estando relacionados con los revistas e facilmente encontrados em
desequilibrios de poder. El objetivo diferentes sites de notícias, blogs ou
político es la práctica en educación para homepages. Entretanto, pesquisas e
la salud con la participación de toda la iniciativas de intervenção e prevenção
comunidad, las escuelas están tomando do bullying e violência na escola podem
un papel cada vez más grande en la ser consideradas recentes 9.”
promoción de la salud, prevención de “A escola é vista para formar
enfermedades y la prevención de cidadãos capazes de conviver em
lesiones. La prevención del bullying um ambiente social com respeito
entre los alumnos representa una ao diferente, liberdade religiosa
medida de salud pública necesaria que e adversidade sexual” 6.
permita el pleno desarrollo de los niños
y adolescentes, lo que les permite una O bullying define-se pelo
convivencia social saludable y segura. comportamento agressivo entre os
estudantes, sendo que um problema
Palabras clave: bullying, salud pública, universal, tradicionalmente admitido
niños y adolescentes. como natural e frequentemente ignorado
ou não valorizado pelos adultos.
Segundo a Associação Brasileira
Introdução
Multiprofissional de Proteção à infância
e Adolescente – ABRAPIA – o bullying
“A violência é um problema de
é um problema complexo e de causas
saúde pública importante e crescente no
múltiplas, que cada escola deve
mundo, com sérias consequências
desenvolver sua própria estratégia para
individuais e sociais, particularmente
redução e combate.
para os jovens” 4, “[...] que aparecem
O bullying era tratado
nas estatísticas como os que mais
somente na área
educacional e atualmente governo com vistas à redução de

é definido como um acidentes e violência. O
problema de saúde Ministério da Saúde destaca a
pública pouco importância do período escolar
evidenciada em para a abordagem da saúde na
congressos e revistas perspectiva de sua promoção,
médicas, dificultando a por intermédio do
atualização de desenvolvimento de ações para a
profissionais da área da prevenção de doenças e para o
saúde em relação ao fortalecimento dos fatores de
diagnóstico e meios proteção. E o bullying no Brasil
adequados de intervenção parece ocorrer em proporção
precoce 5. semelhante à de outros países,
pois 63% dos alunos de ensino
“Diante dessa nova epidemia de médio relataram terem sofrido
doenças de etiologia comportamental, um episódio pelo menos 9, 3, 2.
surge uma nova estratégia de promoção
de saúde como movimento ideológico Objetivo
que valoriza o social e o estilo de vida
saudável” 3. Objetivo geral: realizar uma revisão da
No Brasil, os primeiros estudos literatura sobre o bullying na escola e a
começaram a ser realizados a saúde publica, disponibilizando
partir de 2000 e uma busca com informações aos profissionais das áreas
o descritor bullying, saúde da saúde e educadores, mostrando a
pública e gestão de saúde importância deste tema para minimizar
apontaram poucos artigos a incidência do problema a ser
científicos brasileiros e enfrentando, sendo a curto ou longo
especificados, sendo assim ainda prazo.
necessárias mais pesquisas nesta Objetivos específicos: Investigar os
área. Apesar de não haver impactos do bullying causados nos
muitos estudos é possível autores e alvos dessa prática. Avaliar
observar que existem estratégias suas consequências e discutir a
implementadas pela sociedade importância da inclusão dos
civil e pelas várias esferas do profissionais da área da saúde no meio
educacional orientando os gestores os que mais matam” 4. “Atualmente a

escolares e seus funcionários população de adolescentes representa
20% da população mundial” 3.
Metodologia
A violência assumiu
grande importância para
Trata-se de um estudo de revisão
a sociedade brasileira nas
de literatura sobre o bullying
ultimas décadas e tornou-
relacionando à saúde pública, sendo
se um permanente
pesquisados nos bancos de dados
problema de saúde
bibliográficos e páginas de relevância
publica, em razão da sua
na internet, Scielo e Google acadêmico,
magnitude, gravidade,
identificando artigos e textos recentes
impacto social e
com o descritor: bullying, saúde pública
capacidade de
e gestão em saúde, nos períodos de
vulnerabilidade a saúde
2005 a 2012. Sendo encontrados 22
individual e coletiva 10.
artigos e utilizado 12 artigos que
atenderam os critérios de inclusão que
Segundo Neto4 relata que uma
era relacionar à gestão escolar e a gestão
das formas mais visíveis da violência na
em saúde, em pesquisas exploratórias,
sociedade é chamada violência juvenil,
descritivas ou explicativas. Analisando
cometidas por pessoas com idades entre
e disponibilizando as informações dos
10 e 21 anos. Quando abordamos a
estudos revisados para alertar, prevenir
violência contra crianças e adolescentes
e informar os profissionais da saúde e
e a vinculamos aos ambientes onde ela
educadores sobre a violência escolar.
ocorre, a escola. A violência na escola é
um problema social grave e complexo, e
Analise e discussão dos resultados
provavelmente, o tipo mais frequente e
visível da violência juvenil. A
“A violência é um problema de
agressividade nas escolas é um
saúde pública importante e crescente no
problema universal e o bullying é a
mundo, com sérias consequências
principal causa de violência durante a
individuais e sociais, particularmente
infância e adolescência.
para os jovens, que aparecem nas
estatísticas como os que mais morrem e
O bullying é um tema muito crianças e adolescentes:

importante e deve despertar a atenção físico, sexual, emocional
de pais e profissionais da área da saúde. ou psicológico e
negligencia, os quais
O termo bullying não podem resultar em danos
possui tradução literal físicos, psicológicos,
para o português. Bully é além de danos ao seu
o termo em inglês para crescimento,
valentão, e bullying pode desenvolvimento e
ser traduzida como maturação 10.
intimidação, tirania ou
ameaça o que reduz a “No Brasil parece ocorrer em
complexidade do proporção semelhante à de outros
fenômeno a uma das suas países, pois 63% dos alunos de ensino
múltiplas formas de médio relataram terem sofrido um
manifestação, ou seja, episódio pelo menos de bullying” 2.
com um comportamento
de ameaças e Alguns autores
intimidações. Embora enumeram alguns
seja ainda pouco aspectos explicativos ou
conhecida, refere-se a associativos da violência
uma prática frequente nas escolar: gênero –
6, 9
escolas do mundo . meninos se envolvem
mais em situações de
“Bullying é a denominação violência escolar, seja
usada para o desejo consciente e como vitimas ou autores;
deliberada de maltratar uma pessoa e idade – o comportamento
coloca-la sob tensão, termo que agressivo é associado ao
conceitua os comportamentos ciclo etário; etnia –
agressivos e anti-sociais” 1. resistência dos alunos de
Segundo a Organização minorias étnicas aos
Mundial da Saúde, tratamentos
distinguem-se quatro discriminatórios por parte
tipos de violência contra dos colegas e
professores; família – quando espalha boatos maldosos e isola

4,5
alvo de controvérsia, socialmente a vitima” . “Ou seja, na
especialmente pelas prática direta sendo mais utilizado entre
características sócias das os meninos, e na prática indireta sendo
famílias violentas; mais utilizada por meninas” 4,5,9.
ambiente externo – “Uma nova forma de bullying
comunidades com sinais que usa a tecnologia da informação e
de abandono ou comunicação tipo: e-mails, telefones,
decadência estão mais celulares, mensagens por pagers e
vulneráveis à violência; celulares, fotos digitais, sites pessoais
insatisfação/frustração difamatórios e ações difamatórias on-
com instituições e a line é chamado de cyber-bullying” 4.
gestão pública – falta de
equipamentos e recursos Os envolvidos no
didáticos e humanos, bullying são classificados
além da baixa qualidade em: ativos – demonstram
do ensino; exclusão pouca empatia com as
social – restrições à vitimas, tem necessidade
incorporação de parte da de poder e dominar
população à comunidade situações, são
política e social; contestadores,
exercício de poder – desobedientes a
desestimulo e regulamentos da escola,
discriminações São filhos de pais
contribuindo para violentos, em afeto e
desrespeitar os direitos sofrem violência física;
humanos dos alunos à passivos – possuem auto-
12
proteção . estima baixa, ansiedade,
insegurança, infelicidade,
“A prática do bullying pode ser depressão, poucos
direta ou indireta, são consideradas amigos, isolamento
diretas quando o praticante ameaça, social, são avessos a se
bate, implica, rouba pertences e chama defenderem das
de apelidos pejorativos; e indiretas agressões e sofrem
constantemente de hiperventilação, queixas visuais,

sintomas físicos, os pais síndrome do intestino irritável,
são totalmente protetores; anorexia, bulimia, isolamento, tentativas
neutros – não participam de suicídio, irritabilidade, agressividade,
do processo; ansiedade, perda de memória, histeria,
ativo/passivo – são os depressão, pânico, relatos de medo,
envolvidos nos dois tipos resistência em ir à escola,
de comportamento, tem demonstrações de tristeza, insegurança
maior risco de apresentar por estar na escola, mau rendimento
distúrbios psiquiátricos escolar, atos deliberados de auto-
futuros, principalmente agressão; sendo estes também sintomas
os relacionados com físicos do estresse.
hiperatividade 5.
As crianças que ocupam
Segundo Almeida5 alguns altas posições sociais no
indicadores da criança podem estar grupo sendo os lideres
sendo alvo do bullying entre os quais: podem apresentar
falta de vontade e medo de ir à escola; elevados níveis de
sentir-se mal ao sair para escola e não agressividade, e assim,
querer ir sozinho; mudar o caminho da devido ao seu papel no
escola; chegar sempre da escola com grupo, podem auxiliar
roupas e livros rasgados e machados; seus amigos mais
calado, arredio, angustiado, ansioso, vulneráveis. E as vítimas
deprimido; baixa auto-estima; ter estão mais propensas a
pesadelos frequentes; perder apresentarem problemas
repetidamente pertences e dinheiro e comportamentais e
não falar sobre o assunto. afetivos como depressão,
6 2
Gomes e Leme relatam que os ansiedade e suicídio 9.
sinais e sintomas possíveis de serem
observados em alunos alvos de bullying “O bullying costuma provocar
são: enurese noturna, alterações do um ciclo perverso, no qual muitas
sono, cefaleia, dor epigástrica, vítimas em uma dada situação acabam
desmaios, vômitos, dores em se tornando os agressores de novos
extremidades, paralisias, sujeitos em outras oportunidades,
gerando um crescimento exponencial de vida, familiares relataram que várias

violência” 7. pessoas teriam o humilhado durante
“Nos presentes estudos podemos anos pelo fato dele ter sido obeso. Na
observar casos de atentados realizados cidade de Remansa/BA em 2004, um
por alvos de bullying em todo o mundo, adolescente de 17 anos matou a tiros
em 2982/1983, na Noruega, três alunos duas pessoas, deixando outras três
cometeram suicídio, possivelmente por feridas, tentou o suicídio, mas foi
resultado de bullying” 7,9. impedido, segundo o relato do jovem, o
Segundo Albino7 nos EUA, mesmo era humilhado pelos colegas e
1999 dois adolescentes que sofriam decidiu cometer o crime após ter
ridicularizações, havendo fortes indícios tomado um banho de lama dos colegas
de bullying, arquitetavam vingança enquanto andava de bicicleta. Em 2007,
relatando em um blog na internet, foram em João Pessoa/PA, um caso curioso de
responsáveis por um grande massacre um estudante que publicou ameaças em
no Instituto Columbine do Estado do uma rede de relacionamento virtual,
Colorado, eles mataram 13 pessoas a segundo as quais provocaria violência
tiros e deixaram mais de 21 feridos, com armas de fogo em seu colégio caso
para então cometerem o suicídio. Em a direção permanecesse omissa em
2007 um jovem sul-coreano promoveu relação ao bullying que alegava sofrer a
um novo massacre assassinando 32 três anos.
pessoas e ferindo 23, seguido de Hirama1 realizou um estudo
suicídio no Instituto Politécnico da realizado no Brasil em 2009, onde foi
Virginia, antes de sua morte utilizado um questionário relacionado
documentou em detalhes, chegando este ao bullying em 117 universitários de
a emissora NBC, com as praticas de educação física, onde 56% desses
bullying que teria sido submetido na alunos afirmaram terem sofrido algum
universidade. Em 2009, também nos tipo de discriminação em âmbito escolar
EUA, dois garotos de 11 anos se e uma disposição para essas ocorrências
suicidaram vitimas de bullying. No no período dos 6/7 aos 14/15 anos em
Brasil, em 2003, um jovem de 18 anos média, que são referentes ao ensino
invadiu a escola onde estudou na cidade fundamental. Sendo que 30 pessoas
de Taiuva/SP e feriu a tiros seis desta pesquisa disse que sofreram
estudantes, uma professora e um discriminação por seus aspectos
zelador, em seguida tirando a própria estéticos, relacionadas à imagem
corporal e aos padrões culturais do de crianças e

corpo considerado belo. Foi possível adolescentes.
observar também que o principal agente
de discriminação das pressões Lisboa9 disse que a escola em
discriminatórias é proveniente dos seu inicio teve função civilizatória,
próprios alunos; e a discriminação porém, com as novas configurações da
ocorre tanto em ambiente que há ou sociedade é considerada peça
deveria ter mediação direta de pelo fundamental para a educação de
menos um professor, como salas de crianças e jovens na atualidade. Devido
aulas e situações de maior autonomia ao seu poder propagador e multiplicador
dos alunos, como a entrada, saída e espera-se que a escola ensine as pessoas
intervalo. Apesar de constar que 39 que ali estudam a lidar com as suas
pessoas afirmaram terem compartilhado emoções e com as suas dificuldades, a
o problema com outra pessoa, mas respeitar as diferenças, a aprender a
também é elevado o numero de conviver, a socializar, a dividir, a
entrevistados que enfrentam a situação compartilhar, enfim, a se relacionar de
em silencio, porém podemos perceber forma saudável. As escolas devem ser
que a família é a grande representante capacitadas para realizar
da figura de confiança, ou seja, com encaminhamentos adequados de
quem a criança compartilha o ato crianças identificadas como vitimas e
sofrido. agressoras para clinicas escolas ou
Segundo Neto4 e Leme2 consultórios de psicólogos.
Fatores econômicos, Liberal3 observou que diante
sociais e culturais, dessa nova epidemia de doenças de
aspectos inatos de etiologia comportamental, surge uma
temperamento e nova estratégia de promoção de saúde
influências familiares, de como movimento ideológico que
amigos, da escola e valoriza o social e o estilo de vida
comunidade, constituem saudável, sendo uma ótima
riscos para a oportunidade para trabalhar a cidadania,
manifestação do bullying que está relacionado a tolerância étnica,
e causam impacto na cultural e de gênero; sendo que o
saúde e desenvolvimento respeito as diferenças é importante para
um país com as características do
Brasil. A promoção da saúde vai alem as estratégias a serem desenvolvidas

de um estilo de vida saudável, caminha devem considerar sempre as
em direção a um bem-estar global, características sócias, econômicas e
individual e coletivo em todos os níveis. culturais de sua população.
“Então, é possível observar que o Leme2 mostrou algumas
bullying causa prejuízos financeiros e iniciativas anti-bullying, sendo relatadas
sociais, atingindo as famílias, escolas e como: o Programa Paz nas Escolas,
a sociedade em geral” 4. implantado em 14 estados brasileiros, o
programa constituiu basicamente em
Os efeitos do bullying capacitação de educadores em temas
são raramente evidentes, como direito humanos, ética, cidadania
sendo pouco provável e mediação de conflitos e capacitação
que a criança ou de outros profissionais como policiais, e
adolescente procure um estimulo as agremiações de jovens para
médico, no entanto, é discussão da violência nas escolas. No
possível identificar os plano estadual e municipal, como em
pacientes de risco, São Paulo, datam no final da década de
aconselhar as famílias, 80, como o estimulo a democratização
rastrear possíveis da gestão das escolas e abertura das
alterações psiquiátricas e mesmas nos finais de semana, que
incentivar a implantação tiveram um impacto desigual na
de programas anti- redução da violência nas unidades
bullying nas escolas. A escolares. Em Porto Alegre, uma
intervenção precoce, parceria entre a Secretaria de Educação
tanto em relação aos e a Universidade Federal do Rio Grande
alvos quanto aos autores, do Sul, em 1996, resultou em primeiro
pode reduzir os riscos de lugar, uma pesquisa que visava a
4
danos emocionais . realizar um diagnóstico dos problemas
de convivência nas escolas, esta
Neto4 disse que todos os pesquisa revelou que a violência contra
programas anti-bullying devem ver as a pessoa, representando 59% nos
escolas como sistemas dinâmicos e estabelecimentos escolares, levando a
complexos, não podendo trata-las de realização do programa Ação Contra a
maneira uniforme. Em cada uma delas, Violência nas Escolas, orientado por
princípios como dialogo, negociação no enfermeiros, médicos, fonoaudiólogos,

conflito e busca de entendimento entre nutricionistas, psicólogos e auxiliares de
os jovens. Em Minas Gerais, foram enfermagem.
tomadas algumas iniciativas diferentes, Foi possível observar segundo
pois partiram da Policia Militar, como o Liberal3 que as escolas promotoras de
monitoramento das ocorrências e um saúde têm os seguintes objetivos:
programa de proteção às escolas, fomentar a saúde e o aprendizado em
denominado Anjos da Escola, que todos os momentos; integrar
estimulava a participação de todos os profissionais de saúde, educação, pais,
integrantes da comunidade escolar nessa alunos e membros da comunidade, no
tarefa. esforço de transformar a escola em um
Almeida5 no seu estudo relatou ambiente saudável; implementar
que no interior de São Paulo, em São práticas que respeitem o bem estar e a
José do Rio Preto, existe o Programa dignidade individuais, reconhecendo
Educar para a Paz, que conseguiu seus esforços, intenções e realizações
reduzir o percentual de vitimas de 22% pessoais; promover atividade física e
para 4%, através da sistematização de assegurar serviços de saúde, ou seja,
estratégias psicopedagógicas implementar políticas que garantam
fundamentada na solidariedade, oportunidades de crescimento e
tolerância e respeito as diferenças nas desenvolvimento em um ambiente
escolas. saudável e com a participação dos
Liberal3 relatou que no Rio de setores da saúde e educação, da família
Janeiro, o Programa Saúde na Escola e da comunidade. Essas escolas devem
(PSE), tem por objetivo promover a proporcionar educação em saúde de
saúde de escolares, seus pais e forma abrangente, no sentido de
comunidade escolar por intermédio de prevenir lesões não intencionais,
ações de educação em saúde, prevenção violências e suicídios.
de agravos, além de atividades Pode-se notar que os impactos
assistenciais nos Centros Integrados de do bullyving sobre a saúde pública estão
Educação Pública, participando assim gerando grandes discussões em áreas da
do processo de construção de Escolas educação, cultura e saúde, pois, se não
Promotoras de Saúde. O PSE conta com houver intervenções e métodos para
mais de 1.000 profissionais de saúde, amenizar a epidemia da violência
entre assistentes sociais, dentistas, juvenil desta geração de uma infância
violenta, poderá aumentar o índice de Conclusão

internações hospitalares ou até mesmo a Conclui-se que o bullying é um
morte entre crianças e adolescentes. problema atual, sério, complexo e
Apesar da maioria dos estudos frequente em nossas escolas, podendo
relatarem que o bullying está ligado a dificultar o desenvolvimento social e
classe social hoje se pode notar em acadêmico.Sendo que melhorando os
reportagens em revistas e mídias como relacionamentos interpessoais na
telejornais, que o bullying estético é o infância e adolescência, geram melhores
mais comum entre crianças e níveis de aprendizagem, elevam a
adolescentes tanto para se destacar e ser autoestima e incrementam o repertorio
o autor, como ser o alvo deste crime. de habilidades sociais.
É notório como a saúde publica As instituições de saúde e
tem tido influencia sobre o bullying, educação, assim como seus
mesmo com pouca divulgação e profissionais, devem reconhecer a
informação sobre este ato nas mídias, é extensão e o impacto gerado pela
possível observar que os trabalhos pratica de bullying entre estudantes e
realizados dentro das escolas com desenvolver medidas para reduzi-la. Os
parcerias do Ministério da Saúde, profissionais de saúde devem ser aptos
Ministério da Educação e apoio do para prevenir, investigar, diagnosticar e
município tem diminuído o índice da adotar as condutas adequadas diante de
violência juvenil, principalmente o situações de violências que envolvam
bullying que trás transtornos físicos e crianças e adolescentes, tanto na figura
psicológicos as crianças e adolescentes. de autor, como na de alvo ou
Este resultado é possível devido o apoio testemunha.
da família, diretores, professores, Para o combate eficaz e seguro
funcionários da escola, voluntários, do bullying é importante a participação
policias, profissionais da área da saúde conjunta de profissionais da saúde,
e a sociedade, sendo possível observar professores e pais. Porém, cabe às
que com conscientização se chega a um escolas reconhecer e reduzir o problema
resultado positivo melhorando a e encaminhar aos profissionais da saúde
qualidade de vida e bem-estar de uma para diagnosticar e adotar conduta
população. adequada garantindo proteção e
assistência necessária.
Devemos investir na melhoria da 3. Liberal EF, Aires RT, Aires MT

et al. Escola segura. J Pediatr (Rio
relação professor-aluno tendo como
J). 2005;81(5 Supl):S155-S163
relevância a atuação sob a violência e
no desenvolvimento de características
4. Neto AAL. Bullying –
individuais. Além de direcionar e Comportamento agressivo entre
estudantes. J Pediatr (Rio J).
orientar o autor de bullying para que
2005;81(5 Supl):S164-S172
controle sua irritabilidade, expresse sua
raiva e frustração de forma apropriada,
5. Almeida KL, Silva AC, Campos
mostrando que este é responsável por JS. Importância da identificação
precoce da ocorrência do
suas ações, aceitando as consequências
bullying: uma revisão de
de seus atos. literatura. Rev Pediatr, 9(1): 8-16,
jan./jun. 2008.
E, apesar das Políticas Públicas
voltadas à prevenção do bullying ainda
6. Gomes PB. Bullying: um desafio
serem inexistente no Brasil, esses
para as nossas escolas.
processos felizmente são considerados Universidade Federal Fluminense
– Faculdade de Educação –
um problema de Saúde Pública e já se
Revista Querubim – revista
observavam iniciativas de intervenção eletrônica de trabalhos científicos
nas áreas de Letras, Ciências
em escolas, bem como o assunto já se
Humanas e Ciências Sociais –
faça presente em diversos fóruns de Ano 07 – n° 14 – de 2011 – ISSN
1809-3264 – Página 89 -99 –
debates.
Junho de 2011.
Referências bibliográficas 7. Albino PL, Terêncio MG.

Considerações críticas sobre o
fenômeno do bullying: do
1. Hirama LK, Joaquim CS.
conceito o combate e a prevenção.
Discriminação na escola:
Revista Eletrônica do CEAF.
fenômeno a ser encarado.
Porto Alegre – RS, Ministério
Congresso Paulistano de
Público do Estado do RS, vol. 1,
Educação Física Escolar, 2009.
n. 2, fev./maio 2012.
2. Leme MIS. A gestão da violência

8. Junior JCO. Os apelidos e suas
escolar. Revista Diálogo
implicações no corpo.
Educacional, vol. 9, núm. 28,
Universidade Metodista de
setembro-dezembro, 2009, pág.
Piracicaba. 6ª amostra acadêmica
541-555. Pontifica Universidade
UNIMEP. 2008.
Católica do Paraná, Brasil.
9. Lisboa C, Braga LL, Ebert G. O

fenômeno bullying ou vitimização
entre pares na atualidade:
definições, formas de
manifestação e possibilidades de
intervenção. Contextos Clínicos,
vol. 2, n.1, janeiro-junho 2009.
10. Malta DC, Souza ER, Silva MMA

et al. Vivencia de violência entre
escolares brasileiros: resultados
da Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar (PeNSE). Ciências &
Saúde Coletiva, 15(Supl.2): 3053,
2010.
11. Sousa JG. Participação e

importância do supervisor de
ensino frente ao bullying nas
escolas. USP – Universidade de
São Paulo, REDEFOR – Rede
Formação de São Paulo, Curso de
Especialização em Gestão da
Rede Pública para Supervisores,
2011.
12. Assis SG, Avanci JQ, Oliveira

RVC. Violência escolar e auto-
estima de adolescentes. Cadernos
de Pesquisa, v. 3, n. 127, p. 35-50,
jan./abr. 2006
Sources of funding: No
Conflict of interest: No
Date of first submission: 2014-02-26
Last received: 2015-07-20
Accepted: 2015-09-25
Publishing: 2015-09-30

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Alves CF. Artigo de Revisão

Bullying: school management and public health, a literature review

Bullying: la gestión escolar y la salud pública, una revisión de la literatura

Cinthia Francisco Alves1 período de 2005 a 2012. O

Abstract enabling development of children and

natural y, a menudo, ignorado o no morrem e os que mais matam.

educacional e atualmente governo com vistas à redução de

educacional orientando os gestores os que mais matam” 4. “Atualmente a

O bullying é um tema muito crianças e adolescentes:

professores; família – quando espalha boatos maldosos e isola

constantemente de hiperventilação, queixas visuais,

gerando um crescimento exponencial de vida, familiares relataram que várias

corporal e aos padrões culturais do de crianças e

Brasil. A promoção da saúde vai alem as estratégias a serem desenvolvidas

princípios como dialogo, negociação no enfermeiros, médicos, fonoaudiólogos,

violenta, poderá aumentar o índice de Conclusão

Devemos investir na melhoria da 3. Liberal EF, Aires RT, Aires MT

Referências bibliográficas 7. Albino PL, Terêncio MG.

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9. Lisboa C, Braga LL, Ebert G. O

10. Malta DC, Souza ER, Silva MMA

11. Sousa JG. Participação e

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