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A PROSA NO ROMANTISMO

O Romantismo proporcionou não somente a inserção de um novo modelo formal na lírica e a


apresentação de um aprofundamento no sentimento amoroso, como também introduziu novos
gêneros literários. A prosa é um modelo textual escrito em parágrafos, que narra os
acontecimentos de um enredo e carrega grande caráter descritivo.

No Brasil, o desenvolvimento da prosa romântica é paralelo ao desenvolvimento da imprensa


no país, que foi introduzida em 1808. Antes da vinda da Corte ao Rio de Janeiro, Portugal não permitia
o desenvolvimento e a introdução da imprensa aqui no Brasil. A atividade passou a ser desenvolvida
somente com a vinda da Corte portuguesa ao Brasil, em 1808, que exigiu o desenvolvimento da
colônia para atender ao seu modo de vida.

Com o desenvolvimento da imprensa, criou-se um público leitor que impulsionou um grande


número de publicações em folhetins (publicação regular em periódicos, em fragmentos ou capítulos)
formato que permitiu o surgimento e desenvolvimento da prosa romântica, que, ao lado da poesia,
formaram toda a produção literária romântica.

É importante colocar que, pelo fato da produção em prosa ter surgido no Romantismo, o
nome romance é comumente associado ao movimento, muitas vezes sendo sinônimo de folhetim e
de histórias românticas. No entanto, nem todo o romance é romântico (do Romantismo) uma vez que
romance é apenas uma palavra que designa um gênero literário narrativo em prosa que teve vários
desdobramentos ao longo do tempo.

O romance romântico, mais do que as poesias, queria responder e atender aos


questionamentos sobre a identidade nacional. A prosa romântica tinha o intuito de redescobrir o Brasil,
trazendo à tona e reconhecendo todos os espaços que o compunham, não só exaltando uma
característica nacional, como a poesia fazia.

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José Martiniano de Alencar é o principal ficcionista do Romantismo no Brasil. Explorou a


lenda, a história, os costumes dos brancos e índios, a política e a vida colonial. Seus romances são
divididos em 4 grupos: indianista, histórico, urbano e regionalista. A obra O Guarani faz parte do
grupo indianista, onde explora o encontro/confronto entre a civilização europeia e a indígena, de que
resultaria uma pretensa civilização brasileira.

Após a leitura atenta do trecho de O Guarani, responda às questões,


assinalando a única resposta correta.

Observação: Caso desconheça alguma palavra, consulte o dicionário.


O Plano
JOSÉ DE ALENCAR. O Guarani.
Editora Martin Claret, 2004, São Paulo, SP.
O fidalgo, livre do pesar de perder um amigo, assumira a sua costumada severidade, sempre que se tratava de uma falta
grave.
– Cometeste uma grande imprudência, disse ao índio; fizeste sofrer teus amigos; expuseste a vida daqueles que te amam;
não precisas de outra punição além desta.
– Peri ia salvar-te!
– Entregando-te nas mãos do inimigo?
– Sim!
– Fazendo-te matar por eles?
– Matar e…
O índio calou-se.
– É preciso explicares-te, para que não julguemos que o amigo inteligente e dedicado de outrora tornou-se um louco e
um rebelde.
A palavra era dura; e o tom em que foi dita ainda agravava mais a repreensão severa que ela encerrava.
Peri sentiu uma lágrima umedecer-lhe as pálpebras:
– Obrigas Peri a dizer tudo!
– Deves fazê-lo, se desejas reabilitar-te na estima que te votava, e que sinto perder.
– Peri vai falar.
Álvaro entrava nesse momento tendo deixado no alto da esplanada os seus companheiros já livres do perigo, e quites por
algumas feridas que não eram felizmente muito graves.
Cecília apertou a mão do moço com reconhecimento; Isabel enviou-lhe num olhar toda a sua alma.
As pessoas presentes se gruparam ao redor da poltrona de D. Antônio, em face do qual Peri, de pé, com a cabeça baixa,
confuso e envergonhado como um criminoso, ia justificar-se.
Dir-se-ia que confessava uma ação indigna e vil; ninguém adivinhava que sublime heroísmo, que concepção gigantesca
havia nesse ato, que todos condenavam como uma loucura.
Ele começou:
“Quando Ararê deitou o seu corpo sobre a terra para não tornar a erguê-lo, chamou Peri e disse:
“Filho de Ararê, teu pai vai morrer; lembra-te que tua carne é a minha carne; que teu sangue é meu sangue. Teu corpo
não deve servir o banquete do inimigo.
“Ararê disse, e tirou suas contas de frutos que deu a seu filho: estavam cheias de veneno; tinham nelas a morte.
“Quando Peri fosse prisioneiro, bastava quebrar um fruto, e ria do vencedor que não se animaria a tocar no seu corpo.
“Peri viu que a senhora sofria, e olhou as suas contas; teve uma ideia; a herança de Ararê podia salvar a vida de todos.
“Se tu deixasses fazer o que queria, quando a noite viesse não acharia um inimigo vivo; os brancos e os índios não te
ofenderiam mais.”
Toda a família ouvia esta narração com uma surpresa extraordinária; compreendiam dela que havia em tudo isto uma
arma terrível, – o veneno; mas não podiam saber os meios de que o índio se servira ou pretendia servir-se para usar desse
agente de destruição.
– Acaba! disse D. Antônio; por que modo contavas então destruir o inimigo?
– Peri envenenou a água que os brancos bebem, e o seu corpo, que devia servir ao banquete dos Aimorés!
Um grito de horror acolheu essas palavras ditas pelo índio em um tom simples e natural.
O plano que Peri combinara para salvar seus amigos acabava de revelar-se em toda a sua abnegação sublime, e com o
cortejo de cenas terríveis e monstruosas que deviam acompanhar a sua realização.
1. O episódio narrado nos assegura que seu protagonista é:
a. ( ) D.Antonio b. ( ) Cecília c. ( ) Peri d. ( ) Álvaro

2.O fidalgo considera o índio Peri como um:


a. ( ) adversário b. ( ) aliado c. ( ) empregado d. ( ) amigo

3. O índio cometeu uma falta:


a. ( ) fugindo ao combate
b. ( ) lutando sozinho
c. ( ) abandonando a família
d. ( ) expondo os amigos

4. As reticências da resposta do índio (Matar e…) devem completar-se com o verbo:


a. ( ) comer b. ( ) beber c. ( ) envenenar d. ( ) morrer

5. O índio expôs a vida dos companheiros:


a. ( ) abandonando-os
b. ( ) diminuindo o número de combatentes
c. ( ) chamando para perto os inimigos
d. ( ) obrigando os amigos a salvá-lo

6. O fidalgo impôs ao índio um castigo:


a. ( ) físico b. ( ) mental c. ( ) moral d. ( ) religioso

7. Desejando calar o que fizera, o ato do índio revela:


a. ( ) heroísmo b. ( ) orgulho c. ( ) vaidade d. ( ) temeridade

8. O índio foi salvo por um grupo chefiado por:


a. ( ) Ararê b. ( ) D. Antonio c. ( ) Álvaro d. ( ) um aimoré

9. A cena nos deixa descobrir que há um casal de apaixonados:


a. ( ) Álvaro e Cecília
b. ( ) Álvaro e Isabel
c. ( ) Dom Antonio e Isabel
d. ( ) Peri e Isabel

10. O grupo inimigo era composto por:


a. ( ) brancos b. ( ) guaranis c. ( ) aimorés d. ( ) brancos e aimorés

11. Na prática da sua façanha, Peri valeu-se de um costume dos:


a. ( ) brancos b. ( ) negros c. ( ) índios d. ( ) europeus

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