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AULA 01-DESTRUIÇÃO DA INTELIGÊNCIA PELA DESTRUIÇÃO DA LINGUAGEM- CAIO PEROZZO

Mapeamento da situação atual- Todos estão discutindo o que é Educação Clássica. Existem vários modos de
resolver isso. Replicar o modelo original da Grécia, Roma ou o período da Escolástica, da Idade Média é complicado.
Estamos em outra época com situações particulares que envolvem outras ações concretas. Há muita imprecisão de
vocabulário!
Concepção pedagógica do Instituto Borborema: todos estão em processo pedagógico cada um num nível
diferente.
Para os gregos a cultura é um princípio formativo. A partir do que tem numa cultura, isso formará o
indivíduo, de maneira que ele possa ao final do processo educacional ser mais um agente no processo civilizacional.
O que está registrado na religião, na linguagem e na cultura, se configura o que podemos chamar de Civilização,
segundo S. Tomás.
Educar para a cidadania é uma falsa visão. Não existe educação sem que o tutor, o pedagogo saiba para
onde quer conduzir o aluno.
Apontando situações: SOCIOCONSTRUTIVISMO (PAULO FREIRE) (Ver palestra: Pq os humanos estão
acabando); Pedagogo Patrono da Educação Brasileira- só há deméritos nisso, isso é marketing político. Quanto mais
tempo o aluno passa na escola mais incapaz para a vida de estudo e para percepção da realidade onde se encontra.
Todo revolucionário parte do pressuposto de que há uma atmosfera que prende o sujeito sb determinado
status quo. E a ação revolucionária visa libertar o sujeito dessa situação que o oprime e impede dele ser o que
deveria ser na verdade. Nem o sujeito sabe quem ele deveria ser. Paulo Freire afirmava que o antigo sistema
educacional gerava uma série de preconceitos/problemas para o fim de categorização social e manutenção política
(Michel Foucault- diz a mesma coisa. Dizia tb que as leis penais, elas não são feitas para aplicar um senso medido
de justiça, e de punição correta segundo a sociedade, mas para resguardar bens jurídicos e bens de uma classe
dominante. Então o criminoso está preso não para cumprir penas, mas para formar uma categorização social que
gere a manutenção do status quo. Foucaut fala do louco tb nesse sentido, que foram colocados numa categoria
social e deveriam ser livres. Para eles não existe a loucura, por isso a extinção dos manicômios.
No caso de Paulo Freire, sua visão era de que a nossa concepção pedagógica era burguesa e segregadora ,
pois nem todas as pessoas poderiam alcançar um alto patamar educacional. Os anos 40/50 ainda tinha algum
resquício de um alto padrão educacional (Latim, escola de mulher/homem).
Colégio Jesuíta- objetivos educacionais: dominar bem a língua, sua religião e que esse sujeito se orientasse
e se situasse na sua realidade e construísse sua biografia. Esse modelo gerava uma ampliação da consciência e fazia
o sujeito enxergar além daquilo que estava diante dele na realidade, então ele poderia agir.
Paulo Freire achava que como nem todos tinham isso essa educação era segregadora, que havia um
aprisionamento linguístico, pois o pobre escreve errado e o rico escreve certo. O rico consegue olhar sua realidade
e manter-se rico e o pobre não consegue, daí fica sempre na miséria. Ou seja, toda a clave da Educação para Paulo
Freire é de que ela não serve para levar o indivíduo a agir na realidade, mas deve servir para emancipá-lo e
democratizar os meios de educação (Essa democratização, leia-se, é que todos estejam num patamar próximo. E
isso realmente funcionou pois hoje o analfabetismo funcional é o que há de mais democrático no Brasil, ou seja,
democrático no sentido de que todos têm acesso e estão nesse patamar.
Com relação à linguagem e a Inteligência, Paulo Freire (Construtivismo) diz que vc constrói a percepção
daquilo que vc está estudando. Ao contrário do que se fazia até então, no qual o aluno estudava as poesias do
Luzíadas, por exemplo, e ia conhecendo geografia, a história, as virtudes, etc., daquilo ali e ia tentando “subir”
àquele nível, até imitar aquela realidade estudada.
Essa forma de trabalhar fazendo uma “roda”, onde cada um coloca sua impressão, sua opinião a respeito
de um livro/assunto. Esse soltar a opinião, muitas vezes, vazia e confusa, mas esse soltar um quinhão de opinião e
de quinhão em quinhão vai construindo um saber junto com todos. Esse quinhão são visões totalmente subjetivas
de pessoas que ainda imaturas e que ainda estão num nível educacional e de maturidade suficientes. E o que
acontece é que ele dá suas impressões do livro/realidades e como não tem condições para “subir” ao fato de forma
inteligente e consistente, ele “desce” o fato a seu nível pessoal e usa essa impressão particular que saiu de sua
subjetividade particular. E esse direito não pode ser negado a ele, pq se for negado é impedir que ele use de sua
liberdade. Isso de fato é segregar! Ou seja, impede, tole e desmotiva a pessoa a buscar algo mais elevado. Isso, na
verdade , impede que essa pessoa faça parte da vida de estudo e intelectual.
Paulo Freire foi a uma vila de pedreiros e colocou-nos numa roda. Apresentou um tijolo e perguntou a eles
o que era aquilo e tb pediu que cada um contasse sua experiência com o tijolo. E ele instigava àquelas pessoas
perguntando: Por que seu patrão não tem a casa só de tijolo? Pq vc constrói a casa de seu patrão com tijolo e esse
não serve para construir a sua casa? A visão de PF, era de que o processo educacional tinha que fazer isso, instigar
o aluno a perceber as esferas de dominação social. Para ele a educação é levar o aluno para fora do status quo,
para um estado de consciência social. Todo o nosso processo educacional atual é pautado com essa finalidade.
Gerar alguma espécie de consciência.
Educar para a cidadania é ensiná-lo que ele tem RG e CPF e que aperte o botão para votar na urna, por isso
não deve jogar lixo no chão, escovar os dentes e fechar a torneira. No Brasil, educação é isso! Nosso grande pilar
educacional vislumbrava isso!
Além de quebrar um elo de percepção política, PF dizia: “agora vcs vão ao quadro escrever a palavra
“tijolo” e os alunos escreviam “tigolo” ou “Dijolo”, daí PF confrontava os alunos e dizia: “Bom, uns podem dizer
que vc está escrevendo errado, mas aí eu pergunto: “A forma como vc está escrevendo muda a sua relação com o
ente “tijolo”? Não. Logo, se não muda a percepção sb o objeto, se o significado não muda pela disposição dos
grafemas, logo, isso é a prova, de que a disposição dos grafemas é uma imposição, que gera preconceito linguístico
e portanto, serve à categorização social.
Alguns podem dizer que isso não acontece, mas é a pura verdade!
O resultado disso são crianças que não lêem direito, trocam as letras, ou seja, reconhecem o grafema mas
não o som. O que acontece é que o professor acha que deve respeitar essa percepção do aluno e a forma dele
trabalhar os conteúdos aprendidos no colégio de que um dia isso será resolvido!
O objetivo da escola não é resolver esses problemas! Os professores são pessoas que às vezes podem ter a
melhor das intenções, mas que só estudaram isso e só conhecem esse lado da moeda. Para eles educação é só isso!
Quando o aluno de 8 anos não consegue distinguir os grafemas e sons das palavras, isso vai interferir no
significado. Esse é o ponto! Essa dissonância entre a disposição dos grafemas e dos fonemas muda
semanticamente. Com o passar do tempo, a percepção da palavra enquanto grafema e fonema dependem de
minha construção social a cerca disso, da minha percepção sb isso e da minha relação pessoal com o objeto ou
simplesmente com a palavra, é óbvio que isso vai interferir no significado disso aí. Sobretudo se o termo for de
abstração grande, ex. Democracia. Ninguém sabe o que é democracia no Brasil, o que é ser de direita no Brasil, pois
isso pode ir para várias situações distintas ou para dizer a mesma coisa.
E aí vamos observando, o aluno acima de 8 anos, com esses problemas sérios vai fazer a prova de ciências:
Não jogar lixo no chão, fechar a torneira para escovar os dentes; em Geografia, todos de mãos dadas: índios,
brancos, negros, japoneses. Todos somos um só, devemos amar a todos apesar das diferenças. O que acontece: A
escola revela então sua finalidade: a intenção é que o aluno capte essa mensagem acima, esse comando e não que
eles tenham o domínio da língua, não que desenvolvam a linguagem para daí poderem a partir e através da
linguagem entender os outros entes concretos do mundo. Não! Eles têm que ter uma educação toda pautada em
receber um comando e executar! E isso vai construir a percepção subjetiva deles! E devemos perguntar: Se tudo
recai sb a percepção subjetiva da criança pq ela tem que estar no colégio? Pq se tudo depende da percepção
subjetiva dela e ela tem que passar por alguém no processo educacional, então se está dizendo que a percepção
subjetiva da criança tem que ser condicionada a percepção subjetiva da grade curricular do ensino formal e do
professor!
Percebe-se então que é uma loucura e contraditório em si mesmo! Não pode funcionar e não funciona!
O esquema básico da Teoria da Comunicação. Vc tem Emissor- Mensagem – Receptor- canal- código e
conjunto de referências (referência total).
A mensagem é o que eu falo. O emissor é quem fala e o receptor é quem escuta. O código é a língua
portuguesa, o que se está falando é a mensagem. O conjunto de referências é o que o emissor tem que ter em
mente, é um elo da imaginação e da consciência do emissor para o receptor. Se estamos numa situação de sala de
aula, eu devo falar e não posso falar tudo pensando que vc já sabe o que eu vou falar. Eu tenho sempre que jogar
com as situações, explicar um pouco mais as coisas para lançar pontes entre a consciência do professor e do
educando, com o objetivo da mensagem chegar.
E o referencial total e o canal são todos esses fatos que dão o aporte de verossemelhança para o que estou
falando, pois estamos inseridos na mesma realidade, e essa situação constrói uma situação comunicativa.
Como seria essa situação se tudo o que falo é uma expressão subjetiva da minha percepção dos dados
objetivos que vou processá-los como subjetivo? Exemplo: quando eu falar para vcs: Vcs vão ter uma percepção
subjetiva, em cima da minha percepção subjetiva e assim vai. Isso acaba com a comunicação. É por isso que vemos
que ninguém entende mais ninguém no Brasil! Pq todos nós passamos por isso no Brasil! Vamos ver alguns
problemas mais graves desse problema aqui no curso.
Outro problema: Vemos que as pessoas perderam a noção de nuance de peso das palavras. Exemplo: as
pessoas falam e ninguém se comunica, pois é uma confusão e todos têm apenas uma relação emocional frente a
isso! A expressão disso é que ficamos sempre à mercê de percepções subjetivas. É o seguinte: se o conteúdo
objetivo que existe nas coisas e nas palavras, se ele está sendo esvaziado, será preenchido com alguma coisa e essa
percepção subjetiva que temos é totalmente emocional, então criamos uma sociedade, onde as pessoas reagem às
palavras, não como quem reage a um conjunto de informações concretas, pautadas num código, numa situação
comunicativa. Elas vão enxergar sempre como gatilhos mentais. Exemplo de gatilho mental: a propaganda quer
sempre despertar gatilhos mentais, gatilhos de engajamentos ou desprezo (ex.: carteira de cigarro sempre tem
mensagens de que o uso desse produto pode gerar aborto, câncer e o objetivo é gerar desprezo e desengajamento.
Na década de 50, a mensagem era de virilidade, gatilhos de engajamento).
Se observarmos bem, quando crianças são treinadas nessa lógica linguística, numa esfera endêmica, no
macro social, vemos uma sociedade prontinha pra ser dominada, para ser adestrada como um cachorro. O
cachorro não tem uma visão completa como o homem tem do uso da língua. Quando nos comunicamos usamos as
palavras, o tom de quem fala e em qual situação está falando. O cachorro não usa isso! O cachorro recebe
comandos e executa!(Reflexo de Pavlov)- condicionamentos em relação a objetos e comandos! Se observarmos
bem as pessoas no Brasil estão assim!
Todas as pessoas no Brasil perderam o senso descritivo da linguagem! Perderam o senso narrativo, senso
de harmonia e beleza! As pessoas só atendem a duas claves: apelativo e emocional!
Toda linguagem no Brasil é emocional. Observe como as pessoas falam no Brasil, é mais um nível de
sentimentalismo e da psicologia daquela pessoa que está falando do que um conjunto de palavras que refletem
algo concreto e que pode, de fato, contribuir para uma observação objetiva do público alvo- receptores. E isso se
dá pq? É o resultado de anos de construtivismo.
O grande objetivo desse curso é que percebamos isso não só nos outros, mas primeiro em nós mesmos.
Todos somos afetados por isso. Exemplo: conversa com uma pessoa que tem 50 anos do whatsaap, elas usam de
forma indevida as palavras, vírgulas e etc, muitas vezes têm que manter áudio, pois quem recebe não entende e
nem ela entende o que vc fala tb. Estamos numa nação de bárbaros!
Outro problema: moralidade muito baixa, as pessoas estão buscando virtudes pois não aguentam mais
viver nessa desordem moral imensa.
O trabalho de reconstrução da língua é muito menos glamorosa e dará muito mais trabalho. Requer
silêncio, uma auto-humilhação, sinceridade interior e maturidade das pessoas.
Reconhecer que não conhecemos nossa língua direito é difícil e faremos tudo para negar.
Temos que reconhecer esses problemas e vencê-los. Não para ficar depressivo. É para lutar!
A educação libertadora de PF, aprisiona a Inteligência. Inteligência vem do latim: inter-lectus, fazer uma
inter-relação entre as coisas, que tb pode ser entendido como “ler entre as coisas”.
Oração de S. Tomás: “Interpretar entre as sutilezas”. Sutileza é algo sutil, leve, aparentemente inocente e
sem importância, que para ser visto é com dificuldades, são detalhes que se for retirado da realidade, tudo desaba.
Esse detalhe está tão largamente na estrutura do que se está lendo ou da obra de arte, que tem uma importância
larga e essencial para a estrutura. E dão riqueza ao texto, por exemplo.
A ideia fixa é uma ideia boa, só que muitas vezes a realidade mostra, que ela não deve ser executada e que,
portanto, não é boa! Então, temos duas opções: ou aceitamos a dificuldade da execução da ideia, em seu contraste
com os dados imediatos da realidade, ou nós entramos num mecanismo de ilusão mental, de auto-engano, e
começamos a brigar com a realidade.
Quando Nosso Senhor fala sb a trave do olho, que não devemos julgar o outro, ele quer dizer: “Por que
retirar a trave do seu olho primeiro antes de denunciar a do irmão?” É pq não podemos denunciar a hipocrisia
alheia (aspecto teatral da outra personalidade, do personagem do outro) quando nós tb somos um personagem e
pq só pode dizer quem está fora da realidade, quem está na realidade em primeiríssimo lugar! E se vc não
consegue se colocar na sua realidade particular, vc não pode apontar o deslocamento da realidade alheia!
Machado de Assis afirma em sua obra: Brás Cubas, que a ideia fixa é pior do que a trave do olho. Pois essa
ideia levou Brás Cubas ao auto-engano e ao negacionismo da realidade, pior do que apontar o erro do outro. Pois a
trave do olho é um aspecto físico no olho e a ideia fixa está totalmente arraigada na mente e no coração e no
espírito. Agora, isso é uma sutileza, onde a inteligência foi atrás do que Machado de Assis disse de fato (não existe
isso de : “o que o autor quis dizer”, se busca o que de fato ele disse e o que ele disse está concretamente nas
palavras escolhidas por ele. E se não está escrito, escolheu mal as palavras). Isso que foi dito acima é o que de fato
Machado de Assis escreveu no livro.
O que tem que ser feito é fazer a inteligência penetrar na camada mais grossa do texto e captar as sutilezas
de lá. Leitura é isso! A gente esqueceu isso!
A pessoa pautada nos conceitos do Socioconstrutivismo fará uma leitura emocional do texto acima e vai
falar que obsessão é muito ruim, que o Brás Cubas morreu por causa do emplastro e ele perdeu a vida por causa
disso. E de fato é muito ruim, né! Meu pai quis sempre ser médico e se sentiu frustrado e assim vai. E o cara
começa a entrar num processo de auto-ajuda, ele sai do texto e vem para biografia dele e fica expressando
sentimentalismo apenas. Não sabe explicar racionalmente a percepção a partir das palavras, ele vem sempre com
uma questão emocional.
A educação que PF propõe é libertar o sujeito de todas as amarras, do preconceito linguístico e etc., mas o
que acontece de fato é o aprisionamento da inteligência do sujeito a uma redoma de palavrinhas prontas que
restringem o alcance do pensamento. Temos dois exemplos literários maravilhosos disso que é o livro “1984, de
George Orwel”: Pq se quer fazer uma nova fala, como relata este livro? Pq a nova fala é super restrita, é um
vocabulário para expressões imediatas, com os anos as pessoas apenas vão conseguir falar com a nova fala e
pensar a partir da nova fala. Então, não existe, nesse livro diz isso, que por exemplo, no vocabulário da nova fala
(língua) não existe a palavra Liberdade! E as pessoas não conseguirão pensar em liberdade pois elas sempre se
sentirão livres, estando presas ao partido, pois no livro, o partido é o grande ente dominador, da sociedade fictícia
de George Orwel.
Então, se pensarmos bem, toda essa restrição no Português não foi por acaso! E as pessoas estão
raciocinando em cima de termos gatilhos e emoções, fazendo um circuito fechado! E não conseguem de fato ler as
coisas! E estão querendo ler texto mais complexos e não vão conseguir e vão se frustrar! Não vão entender, vão
achar que o entendimento subjetivo delas é válido e ninguém poderá contraditar e não vão se tocar, que estão
exatamente lutando com as espadas do inimigo, pq essa percepção é paulofreiriano e isso aprisiona a inteligência e
impede que essa se expanda! Vc fica aprisionado ao seu âmago sentimental, pq tudo vira uma expressão do teu seu
sentimento e vc não se toca disso!
De fato, a inteligência fica tão atrofiada que a grande dificuldade disso é que vc pode estar frustrado, que o
Brasil pode estar uma bosta politicamente, que vc pode ser um merda pq vc é casado e viciado em pornografia, vc
não consegue arrumar um trabalho, vc não consegue se desprender da ânsia de agradar a todo mundo, isso te faz
mal! Mas o problema de quem está no socioconstrutivismo é que o cara está tão defasado linguisticamente, que
perde a capacidade de entender que não está entendendo uma mensagem!
Observe que em todas essas confusões linguísticas ninguém está entendendo nada e nem sequer está
entendendo que ninguém está entendendo!
Essa educação aprisiona as pessoas. O Instituto Borborema parte dessa concepção e quer nos conduzir para
nos libertar desse problema. Em primeiro lugar todos nós estamos aprisionados a isso, só que em graus diferentes.
Se quer resgatar o que era feito antes e que dava certo! Não se dará uma Educação Clássica como antigamente,
mas o Instituto pegou princípios de lá para aplicar na realidade atual. Readequação.
Primeiro é preciso mapear esse grau de aprisionamento linguístico. Temos que sair desse campo linguístico
emocional e entrar para a língua portuguesa como um ente concreto e que é um instrumento maravilhoso de
expressão, não de aprisionamento.
Todos temos cacoetes mentais de quem sai do colégio construtivista. Nós odiamos estudar semântica,
sintase e literatura.
No livro, “Admirável Mundo Novo”, tem uma cena em que as crianças são colocadas diante de livros lindos
de contos de fadas e de rosas. Esses livros estão com uma iluminação fantástica, só que quando elas tocam os livros
recebem choques (reflexo Pavlov)! Daí criam uma repulsa àquilo ali!
Mas para frente no livro, tem uma cena do Selvagem, que é o protagonista do livro, que conversa
com Mustafá Mondi, que é um dos chefes mundiais, governador de Londres. Aí o Selvagem que já havia tido
contato com uma tribo fora do Break Word, da sociedade civilizada, (nessa tribo tinha religião, Shakespeare) e o
Selvagem que leu Shakespeare e teve contato com a Bíblia (ninguém no Admirável Mundo Novo tem acesso a isso).
Daí o Chefe do Controle Mundial abriu um cofre e mostrou para ele o que tinha lá dentro: Bíblia, obras completas
de Shakespeare e outras obras literárias de alto nível. Daí o Selvagem pergunta: Ora vc tem acesso a tudo isso e
sabe que é bom. Vc sabe como isso é belo! Pq as outras pessoas não podem ter acesso tb? E o Mustafá diz uma
coisa assim: “Entre o conhecimento e a felicidade universal nós precisamos fazer uma escolha e escolhemos a
felicidade universal!” O que está dito nas entrelinhas ai? É que o contato com a alta literatura e grandes obras
melhoram a nossa linguagem, melhoram o nosso pensamento, melhoram a nossa percepção de nós mesmos e do
mundo e isso pode fazer com que caiamos em desespero, nos escandalizemos com o mal. Têm pessoas que leem
muito ( ex. leem Kafka, pode achar que o homem não tem salvação, que é o lobo do próprio homem e pode ver a
condição humana e desesperar-se com isso e achar que não há saída.) É disto que o Mustafá está falando. “
precisamos escolher entre o conhecimento e a felicidade universal”.
E alguém pode dizer que é possível que alguém não tenha uma crise de consciência no Mundo Novo e
encare sua vida vazia em algum momento! Existe sim, mas para isso lá existe uma droga chamada Soma. A Soma é
um comprimido que eles tomam quando têm essas crises e ficam imediatamente felizes e estáticos! Se olharmos
bem, não por acaso, numa sociedade em que as pessoas estão mais iletradas, mais afastadas da literatura, temos
mais alcóolatras e mais pessoas tresloucadas vivendo de sexo, pornografia, pois estão há todo momento
procurando subterfúgios, buscando cobrir esse vácuo no coração e no espírito que o homem tem, com coisas
supérfluas.
Toda essa degradação política e cultural está ligada com a degradação da língua! É por isso que o Instituto
insiste na restauração da língua! É preciso que essa consciência chegue às pessoas.
E um dos efeitos disso é que as pessoas não conseguem entender, as crianças parecem estar mais burras e
isso é triste! Não é natural essa repulsa que temos a arte e a literatura!
Esse movimento de reconstrução da alma através da língua é importante pois afeta a todos! Temos a
responsabilidade de tentar ser melhor e agindo assim, isso irradiará para os outros! E que, portanto, os outros
tentarão ser melhores, mais honestos, mais integrados à sociedade do ponto de vista vocacional e espiritual ( do
que ficar na historinha de não jogar papel no chão)!
É esse tipo de riqueza que estamos jogando fora!
Não só as escolas vendem esse tipo de educação linguística, mas vendem tb o modelinho de vida social! E
essa educação linguística envenena a imaginação e bloqueia o nosso imaginário! Se vc precisa da inteligência
para captar a sutileza e a sutileza ficar implantada na sua imaginação, e se o teu imaginário está comprometido
por essa formação escolar baseada nos sentimentos e percepção subjetiva, ele não pegará nada quando ler
grande obras literárias! Ficará só na percepção subjetiva e sentimentos, não conseguirá buscar o que o autor quis
dizer e trabalhar isso de forma inteligente!
Quando vc ler “Memórias de Brás Cubas”, “Senhor dos Anéis”, “Nárnia”, “Luzíadas”, vc não perceberá a
obra artística concreta tal qual ela foi escrita, mas pegará uma percepção subjetiva! Já que é uma relação afetiva
e não intelectual! Então, não seremos capazes de pegar aqueles símbolos, de vileza, de sacrifício, de amor, na
sua imaginação!
Todo mundo sabe que Tolken era católico e que Nárnia está cheio de simbologia católica (Cristianismo) e
hoje, por causa desse problema linguístico, o pessoal nerd, mais interessado em cultura pop, ama o Senhor dos
Anéis. Se tiver um evento do Senhor dos Anéis o pessoal pop vai e os cristãos católicos não vão ou vão menos,
achando que é coisas do demônio! No fundo é uma luta contra percepções subjetivas!
E aí vc poderia dizer que os Hobits eram os pequenos, que N. Senhor diz que é deles o reino dos céus e etc.
Nossa imaginação está blindada a ver os símbolos como eles são. Estamos presos à questão emocional e não à
parte concreta e objetiva do texto. É tudo pura percepção subjetiva.
E, se comprarmos o modelinho vendido: vc vai fazer vestibular, casar, fazer faculdade, diploma, vai ter
dinheiro...., esse é o roteiro social de ouro que se vende! E temos isso tão arraigado na imaginação que quando
não passamos no vestibular ou algo deu errado, as pessoas ficam frustradas e entram em depressão. Pq na
imaginação delas não há outra possibilidade de vida. E elas irão encarar todo problema no caminho como um
fracasso invencível! Esse é um problema moral ligado à uma questão linguística!
Daí vemos que as pessoas cada vez mais estão menos maduras! Não conseguem perceber outros
exemplos de humanidade, de realização! Reintegrado à sua personalidade e a partir deles absorve as
circunstâncias e se tornarem pessoas maiores que os problemas imediatos.
Video do prof. Olavo: “O problema dos brasileiros”. Todos nós padecemos do mal citado por ele! E nós
temos um problema muito grande pois não encaramos a cultura como uma possibilidade de refúgio interior, de um
lugar belo e rico, cheio de tesouros que podemos nos apropriar deles e que gigantes fizeram isso por nós! E que
podemos usar como armas para vencermos a nós mesmos e aí seguir o conselho de José Maria Escrivá: “Quereis
mudar o mundo? Pq não façamos assim: Eu tento ser menos pilantra e tu tb! Aí serão dois a menos!” Falta isso nos
brasileiros.
Estamos sempre terceirizando e jogando para o outro! Não mudaremos a situação se for desse jeito! Ver
live: “Como lidar com os problemas da Cultura Brasileira” e temos que lidar com os problemas em nós mesmos!
Lutar contra essa rejeição com a cultura e tentar crescer, revivendo o exemplo de nossos avós, bisavós, que
chegaram e não tinham trabalho, superou as dificuldades. Cresceram e se tornaram pessoas dignas. Esses
exemplos estão morrendo! A degradação está aumentando!
Acabar com esse complexo de vira-lata, nos achando incapazes de grandeza. Esse curso é para ajudar nisso!
Esse curso é um diagnóstico! Tentando mostrar um problema. Precisamos de atenção, humildade e
compromisso!

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