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Exmo. Sr. Dr.

Juiz de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Macaé

Processo nº XXXXXXX

XXXXXXX, inscrito no CPF nº xxxxxx, residente e domiciliado na rua xxxxxx, nº xxx,


bairro: xxxx, na cidade de xxxx, estado xxxx, por meio de seu advogado, infra-
assinado, com endereço eletrônico: xxxx vem à presença de Vossa excelência,
apresentar:

CONTESTAÇÃO
À ação de despejo cumulada com cobrança de aluguéis, que lhe promove xxxxxxx,
processo em epígrafe, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos:

1. DOS FATOS

Sustenta, em breve síntese: a existência de dívida correspondente a valores devidos de


aluguéis, inclusive com pagamentos parciais e com cheque de terceiros por parte do
locatário; que os pagamentos com desconto ou em data diversa do vencimento do
contrato são atos de mera liberalidade; que a multa, juros e honorários advocatícios
devem incidir sobre o valor anual contratado; que é devida multa rescisória, em razão
da não constituição de nova garantia pelo locatário.

Contudo, tais fatos não merecem prosperar, como será demonstrado a seguir:

2. DA PRELIMINAR DE INÉPCIA DA PETIÇÃO INICIAL. AUSÊNCIA DE


PLANILHA DE CÁLCULO DOS VALORES A TÍTULO DE COBRANÇA

Inicialmente, cumpre destacar que a petição inicial da Autora se encontra


desacompanhada da planilha de cálculo dos valores a título de cobrança de aluguéis e
acessórios, em afronta ao disposto no artigo 62, I, parte final, da Lei Federal nº
8245/1991.

Com efeito, a petição inicial se revela inepta, a ensejar a extinção do processo, sem
julgamento de mérito, nos termos do artigo 330, parágrafo primeiro, II, combinado
com o artigo 485, I, todos do Código de Processo Civil.

3. DO MÉRITO

3.1 DO PAGAMENTO DE ALUGUEL PELO LOCATÁRIO COM CHEQUE DE


TERCEIRO. OPONIBILIDADE AOS FIADORES. RELAÇÃO JURÍDICA
ESTRANHA AO CONTRATO DE LOCAÇÃO.
Caso superada a preliminar supracitada, no mérito, alega a Autora que o aluguel
correspondente ao mês de fevereiro de 2019 foi pago com cheque, o qual foi devolvido
pela instituição bancária, razão pela qual subsiste o débito, a ser reclamado perante os
fiadores, ora Réus.

Contudo, o parágrafo segundo da Cláusula Quarta do instrumento de contrato é claro


ao dispor que “o pagamento será realizado mediante depósito ou transferência
eletrônica”, razão pela qual o pagamento por cheque ou outra forma não encontra
guarida no contrato, não sendo possível opor tal situação fática aos fiadores ora réus
na medida em que extrapola os limites do contrato de fiança. O qual não o admite no
art. 819 do CC.

Na mesma linha, é o entendimento de nossos Tribunais no sentido de que a falta


reiterada de cobrança de valores acessórios ao aluguel por parte do locador dá ensejo
ao fenômeno da supressio, consectário do princípio da boa-fé objetiva, razão pela qual
não podem ser imputados aos fiadores ora Réus.

3.2 DOS PAGAMENTOS SUCESSIVOS COM DESCONTO EM DATA DIFERIDA.


DA MORATÓRIA. SUPRESSIO.
Continuando, sustenta a Autora com a existência de valores devidos de aluguéis e de
multa por atraso no pagamento, os quais não foram cobrados à época por mera
liberalidade do locador.

Sobre esse ponto, é imperioso destacar que a dilação do prazo de pagamento pelo
locador configura moratória, negócio jurídico estranho aos limites da fiança, razão pela
qual é inadmissível a cobrança de valores supostamente atrasados dos fiadores ora
Réus.

3.3 DA BASE DE CÁLCULO PARA INCIDÊNCIA DE JUROS MORATÓRIOS,


MULTA E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS.

Outrossim, merece impugnação a base de cálculo utilizada pela Autora no tocante à


incidência de multa moratória, juros e honorários contratuais, na forma apresentada na
planilha de cálculo anexa à exordial. Isso porque conforme dispõe de forma inequívoca
o parágrafo terceiro da Cláusula Quarta do instrumento de contrato de locação, tais
valores devem incidir tão somente sobre os valores devidos, e não sobre o valor
anual contratado

3.4 DA EXONERAÇÃO DA FIANÇA E CONSTITUIÇÃO DE NOVA GARANTIA


IDÔNEA PELO LOCATÁRIO. DA MULTA RESCISÓRIA. INEXISTÊNCIA DE
PREVISÃO CONTRATRUAL.

Continuando, requer a Autora o pagamento de multa rescisória, concernente a três


meses de aluguel, calculados pro-rata, sob o fundamento de que não houve prestação
de nova garantia locatícia idônea pelo locatário, após a exoneração do compromisso de
fiança pelos ora réus e notificação do locatário para constituir novo fiador.
Sobre esse ponto, impende destacar que os ora Réus se exoneraram da fiança do
referido contrato de locação imobiliária a partir de 07 de junho de 2019, conforme
descreve o documento anexo à fl. 20 dos autos encaminhado ao locador, com fulcro
no artigo 12 e parágrafos da Lei do Inquilinato . In verbis:

Art. 12. Em casos de separação de fato, separação judicial, divórcio ou dissolução da


união estável, a locação residencial prosseguirá automaticamente com o cônjuge ou
companheiro que permanecer no imóvel. (Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009)
§ 1o Nas hipóteses previstas neste artigo e no art. 11, a sub-rogação será comunicada
por escrito ao locador e ao fiador, se esta for a modalidade de garantia locatícia.
(Incluído pela Lei nº 12.112, de 2009) § 2o O fiador poderá exonerar-se das suas
responsabilidades no prazo de 30 (trinta) dias contado do recebimento da comunicação
oferecida pelo sub-rogado, ficando responsável pelos efeitos da fiança durante 120
(cento e vinte) dias após a notificação ao locador. (Incluído pela Lei nº 12.112, de
2009)

4. DOS REQUERIMENTOS

Posto isso e considerando a efetivação do despejo do primeiro réu, requer à V. Exa.:


o reconhecimento da preliminar de inépcia da petição inicial, com a consequente
extinção do processo sem julgamento de mérito; caso superada a preliminar, seja
julgado improcedente o pedido, por ser esta medida de justiça, condenada a autora
nos ônus da sucumbência.

Protesta pela produção de todos os meios de prova admitidos em direito,


notadamente, documental, testemunhal e pericial.

Termos em que pede e espera deferimento ,

MACAÉ, XX de XXXXX de XXXX

XXXXXXXX OAB XXXX/RJ

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