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Curso de finais de xadrez ( chessking )

Final de peões

Os finais de peões são a base de todos os finais e têm


que ser estudado com uma atenção especial, pois
qualquer tipo de final pode virar um final de peões.
Apesar da sua simplicidade, os finais de peões são
muito complexos. Até os grandes mestres cometem
muitos erros durante a execução desse tipo de final. A
dificuldade dos finais de peões reside no seu sentido
concreto, onde não há avaliações do tipo aproximado
(± ou ²), havendo apenas vantagem decisiva ou
igualdade. Uma decisão de passar do meio-jogo para
um final de peões mal avaliado pode conduzir a
consequências desastrosas.

Para dominar corretamente os finais de peões, é


necessário assimilar as seguintes técnicas e ideias
estratégicas.

Oposição

A oposição é o posicionamento dos reis separados


entre si por uma quantidade ímpar de casas, ocupando
a mesma fila (coluna) ou mesma diagonal. A oposição
sempre é desvantajosa para o bando que tem de fazer
seu lance. Daí conclui-se que ambos os reis devem
procurar chegar à oposição quanto antes. Em finais de
peões a oposição cumpre um papel decisivo, tanto
para promover um peão à dama (diag. 1), ganhar um
peão adversário ou para penetrar no campo inimigo,
procurando atacar seus peões (diag. 2) quanto para a
defesa de posições inferiores (diag. 3, 4).

Espaço

Tal como em outras fases do jogo, é muito importante


ganhar espaço com ajuda de rei ou de peões, já que
nesse caso, após as possíveis trocas, os peões do
bando mais forte estariam sendo promovidos à dama
com maior rapidez (veja a anterior ruptura de peões).

Finais de cavalo

Vamos considerar como finais de cavalo não apenas


aos finais de cavalo e peão (ou vários peões) vs cavalo
e peões (ou sem nenhum peão), mas também os finais
de cavalo vs peão (ou vários peões).

Características do cavalo

Tal como as outras peças, o cavalo também tem seus


defeitos e virtudes. Vamos vê-los.

Mobilidade restringida do cavalo

Devido a que o cavalo é uma peça com mobilidade


reduzida, o bando mais forte nem sempre consegue
fazer valer sua considerável vantagem material. Pela
mesma razão, o bando mais fraco perde com muita
frequência.
O cavalo tem muitas dificuldades em combater um
peão lateral

Este conceito se baseia no fato de que a mobilidade do


cavalo diminui substancialmente num extremo do
tabuleiro, pois no centro o cavalo controla 8 casas e
numa borda são apenas duas.

O cavalo sozinho não pode ganhar tempos

Acabamos de ver os 3 pontos fracos de um cavalo,


mas ele também tem suas virtudes! Os seguintes 3
pontos fortes são os mais importantes:
I. O cavalo pode montar uma "barreira" no caminho do
rei inimigo.
II. O cavalo é uma peça "ágil".
III. O cavalo continua sendo uma peça.

O cavalo pode colocar uma "barreira" no caminho do


rei inimigo

Ao mesmo tempo se aproveita a capacidade do cavalo


de fazer "garfos". A montagem de uma barreira muitas
vezes brinda salvação ao bando mais fraco, e também
ajuda ao bando mais forte para conseguir a vitória.
A "Agilidade" do cavalo

Às vezes o cavalo pode fazer "milagres" para deter o


peão passado (ou vários peões passados) adversário.
O principal motivo aqui também se baseia em
utilização de "garfos".

O cavalo também é uma peça

Em jogos reais, embora raramente, aparecem posições


que aparentam ter saido de uma variante de xadrez
chamado "mágico", no qual o cavalo é a personagem
principal.

A estratégia e a tática nos finais de cavalo

As ideias para jogar num final de cavalos são muito


semelhantes com as ideias utilizadas nos finais de
peões, já que o cavalo é uma peça bastante lenta.
Portanto, o que é válido para os finais de peões, serve
também para os de cavalo (realização de vantagem
material, triangulação, zugzwang, ruptura, peão
passado distante, etc.). Vamos vê-los mais
detalhadamente.

Realização da vantagem material

Um peão extra quase sempre é suficiente para ganhar


um final de cavalos (igual que nos finais de peões).
Rei ativo

Um rei ativo proporciona uma vantagem indiscutível


não só em finais de cavalo, mas também em todos os
outros tipos de finais.

Espaço.

O controle do espaço garante uma vantagem estável,


possibilitando melhorar paulatinamente as posições
das peças próprias

O conceito de "espaço" nem sempre está relacionado


com uma melhor (mais ativa) posição do rei. Isto
depende mais vezes dos peões bem avançados (tal
como nos finais de peões).

Temos estudado as ideias que se aplicam tanto aos


finais de peões quanto aos finais de cavalos. Agora
vejamos duas ideias características apenas para os
finais de cavalos, que são muito importantes para a
compreensão desses tipos de finais.

Ações conjuntas de rei, cavalo e peão (peões)

Os esforços conjuntos das peças,


normalmente levam ao xeque-mate ou a uma ameaça
do mesmo, o que permite alcançar a vitória ou empatar
numa posição difícil. A quantidade de peões no
tabuleiro não tem grande importância (o xeque-mate
vale mais!).

Sacrifício de peça em finais de cavalo

O sacrifício de peça é um dos métodos de luta tática


em finais de cavalo. Como já temos visto em finais de
cavalo e peão vs cavalo (assim como em outros tipos
de finais), o método para ganhar consiste em sacrificar
o cavalo para desviar uma peça adversária (rei ou
cavalo) da zona de confronto principal. O rei e os
peões do bando mais forte obtêm mais liberdade de
ação, enquanto que o cavalo do bando mais fraco não
consegue lidar com o rei e os peões, devido à sua
baixa mobilidade. Às vezes, o sacrifício de um cavalo
representa o meio mais eficaz para a realização da
vantagem material.

Bispos de cores opostas

Para podermos entender adequadamente as


características particulares dos finais com bispos de
cores opostas, devemos primeiro nos familiarizar com
várias posições típicas, para depois estudar as ideias
que aparecem com mais frequência nestes tipos de
finais.
Número mínimo de posições exatas

Devido à impossibilidade de ganhar em finais com


bispos de cores opostas e um peão extra, vamos ver
posições com dois peões a mais por parte do bando
mais forte.
Quanto mais distanciados estiverem os peões entre si,
mais fácil se consegue a vitória.

Ideias estratégicas em finais com bispos de cores


opostas

Construindo uma "fortaleza"

O conceito da fortaleza é o principal recurso tático em


finais com bispos de cores opostas. A criação de
fortalezas é um procedimento bastante utilizado na
prática. O bando mais forte tem grandes dificuldades
para derrubar a defesa adversária, pois seu bispo não
pode colaborar para tomar a fortaleza (se movimenta
por casas de outra cor).

Criando dois peões passados

Em finais com bispos de cores opostas é muito


importante criar dois peões passados, pois o rei e o
bispo do adversário têm dificuldades em combatê-los,
além disso, quanto mais longe estiverem eles entre si,
mais difícil é de conseguir,
sendo quase impossível a construção de uma
fortaleza. Primeiro vejamos um exemplo clássico.

O duplo papel do bispo

O bispo deve ser colocado de tal maneira que por um


lado ele possa defender seus peões (seu peão), e pelo
outro impeça a passagem dos peões inimigos
utilizando uma única diagonal e não duas.

Penetração do rei do bando mais forte para ajudar o


peão passado

Geralmente, para este tipo de ruptura é necessário


primeiro liberar o caminho para o rei (através de trocas
de peões).
Às vezes, mediante a ação conjunta do rei e do bispo o
bando mais forte consegue impedir que o rei inimigo vá
em direção do seu peão passado.

Peões passado conectados

Os peões passados conectados representam uma


grande vantagem em finais com bispos de cores
opostas. Em posições deste tipo, o bando mais fraco
não consegue criar fortalezas.
Bispo "mau"

Se o bispo estivesse muito restringido pelos peões (os


próprios e os do adversário), então, geralmente o
bando mais fraco chega a ficar em zugzwang,
perdendo o jogo.

Bispos de cores opostas com outras peças

Bispos de cores opostas com torres

Em finais com bispos de cores opostas com torres que


se produzem na prática com bastante frequência, o
bando mais forte tem muitas mais possibilidades de
realizar sua vantagem material ou posicional (ao
contrário dos finais de bispos de cores opostas, sem a
presença de torres), já que as ações conjuntas da torre
e do bispo, apoiados pelo rei e os peões, permitem
derrubar as maiores fortalezas ou criar um ataque ao
rei inimigo. O bispo do bando mais fraco não pode
ajudar na defesa, virando uma peça "inútil".

Nalguns casos, o bando que tem vantagem pode impô-


la sacrificando uma qualidade ou uma peça. Todos
esses fatores indicam que havendo torres, o bando
mais forte não se deve preocupar com os finais de
bispos de cores opostas.
O bando mais forte muitas vezes consegue aproveitar
sua melhor estrutura de peões, e aí os bispos de cores
opostas não são um problema.

Bispos de cores opostas com damas

Havendo damas no tabuleiro, o bando mais forte


consegue montar um ataque ao rei adversário.
Depende muito da posição do rei próprio.

O seguinte final artístico mostra a boa ação conjunta


no ataque entre a dama e o bispo.
A dama e o bispo (igual que a torre e o bispo) podem
prender "para sempre" as peças adversárias à defesa
de algum determinado ponto.

Bispos de mesma cor

Algumas posições teóricas

Cada enxadrista deve conhecer as seguintes posições


típicas
Bispo e peão vs bispo

Se o rei do bando mais fraco estiver diante do peão,


ocupando uma casa inacessível para o bispo
adversário, então o empate é evidente. Mas se o rei
estiver longe do peão, as chances de se salvar são
muito poucas, e quanto mais próximo estiver o peão da
casa de promoção, menores seriam essas chances
para o bando mais fraco. O plano para ganhar é bem
típico: o bispo expulsa seu oponente da diagonal na
qual ele está impedindo o avanço do peão, após o qual
o peão promove à dama.

O empate só pode ser conseguido, se tanto o rei


quanto o bispo do bando mais fraco controlam em
simultâneo a casa da possível interceptação do bispo
adversário.

Bispo e dois peões vs bispo

Tendo dois peões extra, o bando mais forte ganha


facilmente, mas para isso eles devem estar
conectados. Também se ganha com os peões isolados
(à exceção dos peões laterais!), basta que entre eles
haja no mínimo umas 2-3 casas de distância. No resto
dos casos,
a concretização da vantagem está relacionada com
grandes dificuldades, ou talvez seja mesmo
impossível.

As características mais importantes para conduzir


finais de bispos da mesma cor

Realização da vantagem material

Tal como foi visto antes, a conversão da vantagem


material em finais com bispos da mesma cor está
relacionada com grandes dificuldades técnicas,
especialmente naqueles casos onde há pouco material
no tabuleiro. Ao mesmo tempo, procurando salvar a
partida, o bando mais fraco às vezes consegue
entregar seu bispo, ocupando com o rei o canto da cor
contrária à cor do bispo inimigo, obtendo assim um
empate teórico.

Peões do adversário ocupando casas da cor do próprio


bispo

Esta é talvez a vantagem posicional mais importante


ao jogar um final com bispos de cores opostas. O bispo
do bando mais forte pode estar atacando
constantemente os peões fracos,
entanto que o bispo adversário está restringido em sua
ação. Na maioria das vezes, em posições deste tipo o
bando inferior mais tarde ou mais cedo fica em
zugzwang, tendo que escolher entre deixar que o rei
inimigo penetre em seu território ou sofrer perdas
materiais, o que predestina o resultado da partida.

Peão passado

Um peão passado (especialmente se é um peão


distante!), tal como acontece em outros tipos de finais,
dá certa vantagem, que às vezes pode virar decisiva
para o bando que a tem.

Rei ativo

Um rei ativo, como em todos os finais, fornece uma


vantagem indiscutível.

Bispo vs cavalo

O bispo e o cavalo são duas peças totalmente


distintas, o que outorga um sentido especial ao
confronto entre eles. O bispo pode controlar um
máximo de 13 casas, e um mínimo de 7. O cavalo
controla 8 e 2, respectivamente. Ou seja, o bispo tem
mais possibilidades de interferir no jogo. Mas, em
compensação o bispo apenas pode se movimentar por
casas de uma cor só, e o cavalo tem acesso a todas as
casas do tabuleiro.
José Raúl Capablanca considerava o bispo uma peça
mais forte, chamando a vantagem do bispo sobre o
cavalo na fase final do jogo de "pequena qualidade", o
que corresponde aproximadamente a 1/2 de um peão.
Como é evidente, nem todas as posições suportam
esse tipo avaliação.

Vejamos as caraterísticas dessas peças por separado,


para entendermos melhor como elas lutam entre si. De
passagem, vamos analisar algumas posições teóricas
(exatas).

As virtudes do bispo

A. O bispo pode deixar cortado o cavalo num extremo


do tabuleiro ou isolá-lo da zona de ações bélicas das
restantes forças, o que dá uma grande vantagem ao
bando que tem o bispo.
B. O bispo pode ganhar tempos (o cavalo sozinho não o
pode fazer)
C. Graças ao seu raio de ação, o bispo colabora melhor
no apoio dos peões passados

A. Um bispo pode deixar isolado um cavalo num


extremo do tabuleiro ou cortá-lo da zona de ação das
outras peças do seu bando, o que dá uma grande
vantagem ao bando que tem o bispo.
Virtudes do cavalo

A. O cavalo pode interceptar a ação do bispo


B. Estando no centro, o cavalo pode restringir
fortemente a ação do bispo (impedindo que o bispo
ocupe a diagonal certa).
C. Com ajuda do cavalo é possível construir uma
"fortaleza" ou colocar uma "barreira" no caminho do
rei inimigo.
D. O cavalo tem uma grande vantagem sobre um bispo
limitado pelos peões próprios.
E. O cavalo é a melhor peça para bloquear (além de
cumprir uma função defensiva, ele também ataca).

A. Um cavalo pode interceptar a ação de um bispo

Com a ameaça de interceptação se ganham muitas


posições exatas (teóricas).

Bispo lutando contra cavalo

Resumindo o que foi visto anteriormente, podemos


tirar as seguintes conclusões:

O cavalo é mais forte do que o bispo,


quando:
1) O bispo fica restringido por peões próprios.
2) O cavalo ocupa uma forte posição de bloqueio.
3) O cavalo é mais "esperto" do que o bispo (V.
Smyslov) - por questões táticas.

Um bispo tem mais força do que um cavalo (à exceção


de casos anteriormente vistos), se:
1) O bispo pode cortar (isolar) o cavalo da zona de
batalha.
2) Havendo peões passados (especialmente em
flancos opostos).
Além dessas caraterísticas, um bispo tem outras boas
qualidades:
3) O bando mais fraco não tem possibilidades de
proteger as casas fracas da invasão do rei adversário.
Entre os enxadristas russos este tipo de posição se
chama extra-oficialmente de: "crivo" (ou seja, o rei do
bando mais forte acaba penetrando no campo do
adversário de todas as maneiras).

Um bispo é simplesmente mais forte do que um cavalo


- é uma "pequena qualidade".

Já que um bispo é um pouco mais forte do que um


cavalo, então, havendo igualdade de outros tantos
fatores, graças a ele se consegue obter algumas
vantagens posicionais (tais como "caçar" um cavalo,
conseguir o zugzwang, criar um peão passado, criar
um "crivo", penetrando com o rei no campo inimigo,
etc.).
Par de bispos no final

O primeiro em falar sobre a vantagem do par de bispos


foi o primeiro campeão do mundo Wilhelm Steinitz. Ele
elaborou um método de jogo para o bando que tem o
par de bispos. A essência deste método consiste em
que o bando mais forte avança seus peões ao longo de
toda a linha da frente, restringindo o pouco móvel
cavalo (cavalos) do adversário. Steinitz disputou
muitas partidas memoráveis onde aplicou a realização
da vantagem do par de bispos. Veja aqui dois
exemplos da autoria de Steinitz que se tornaram
clássicos.

O aproveitamento da vantagem do par de bispos se


baseia principalmente no avanço de peões em
diferentes flancos, na conquista de espaço e na
restrição de peças adversárias. No meio-jogo, quando
há muitas peças no tabuleiro, é um método de difícil
aplicação, devido ao enfraquecimento da posição do
rei próprio. Além disso, na fase do meio-jogo há
demasiada quantidade de outros fatores (mais
importantes do que a vantagem do par de bispos), os
que influenciam sobre a avaliação da posição e sobre
o planejamento do jogo, sendo eles: o ataque ao rei, a
estrutura de peões, uma linha aberta, etc. Portanto,
quando for mencionada a vantagem do par de bispos,
isto vai significar apenas uma vantagem do par de
bispos na fase final do jogo. Entretanto,
o bando mais forte geralmente tem menos dificuldades
em aproveitar sua vantagem do par de bispos em
"estado puro", ou seja, quando o tabuleiro fica sem
mais peças do que esses bispos, os que podem assim
demonstrar sua verdadeira força.
Nem todos os enxadristas (incluindo os grandes
mestres) tinham e continuam tendo a compreensão
completa da força do par de bispos.

Trocando um dos bispos

Ao jogar com o par de bispos muitas vezes surgem


situações, onde já há algum tipo de vantagem, mas
para transformá-la em vantagem decisiva é necessário
(e também é suficiente) com que um dos bispos seja
trocado por um cavalo ou um bispo do adversário. Não
é por acaso que os enxadristas dizem que os dois
bispos são bons, porque um deles sempre pode ser
convenientemente trocado. Mas antes de chegar a
essa troca, o bando mais forte normalmente consegue
obter algum tipo de beneficio, justamente graças à
vantagem do par de bispos. Geralmente, a troca do
bispo está relacionada com a destruição de uma
"fortaleza" inimiga ou com a simplificação da posição
para facilitar a transformação da vantagem em vitória.

Par de bispos com peão passado

Devido ao seu raio de ação, os bispos são um


excelente apoio para um peão passado.
Uma grande importância tem o fato de que eles
possam controlar todas as casas situadas no caminho
do avanço desse peão. O bando mais fraco tem
grandes dificuldades para impedir que o peão avance,
sendo que a sua única chace consiste em bloqueá-lo
sobre uma casa de cor do seu próprio bispo. Mas esse
bloqueio geralmente é neutralizado mediante o
zugzwang.

Quanto mais longe estiver o peão passado do centro,


mais difícil será a defesa para o bando mais fraco.

A realização da vantagem em posições fechadas é a


mais difícil de conseguir, pois a força dos bispos
diminui e o bando mais fraco obtém chances para criar
uma "fortaleza". Nesses casos, após longas manobras,
melhorando gradualmente a posição e utilizando o
zugzwang, a questão se resume geralmente aos
métodos de realização da vantagem anteriormente
vistos (criação do peão passado, troca de um dos
bispos, etc.). O papel do rei do bando mais forte tem
aqui uma grande importância.

Par de bispos com torres

Em finais com par de bispos e torres, o plano de


realização da vantagem continua sendo o mesmo:
mediante o avanço dos peões se criam fraquezas no
campo inimigo, para depois atacá-las. Todos os outros
métodos de realização da vantagem anteriormente
estudados (criação do peão passado,
troca de um dos bispos, etc.) servem também em
presença de torres. Claro que o bando mais forte não
deve ter medo de trocar torres.

Combatendo com sucesso o par de bispos

Os casos quando um par de bispos resulta ter menos


força do que um bispo e um cavalo ou um par de
cavalos são bem escassos, embora também
acontecem na prática. Geralmente, isto acontece em
posições de tipo fechado, quando os bispos estão
restringidos por peões do próprio bando ou por peões
adversários.

Como se obtêm posições com par de bispos?

A teoria de aberturas tem muitas variantes, nas quais


um dos bandos obtém a vantagem do par de bispos.
Por exemplo: a defesa Nimzoíndia, o sistema
Cambridge-Springs, a abertura Espanhola, o sistema
Rauzer na defesa Siciliana, a defesa Francesa, etc.
Isto não significa que o bando que ficou com o par de
bispos estaria imediatamente melhor, pois em troca de
um dos bispos (ou mesmo dos dois) o adversário fica
com suas próprias vantagens bem definidas (vantagem
de desenvolvimento, ataque ao rei, melhor estrutura de
peões, etc.). Ora bem, se o bando que tem o par de
bispos consegue chegar com vida até ao final, então...
Mas, antes do final, segundo uma precisa observação
de Savielly Tartakower, "os deuses criaram o meio-
jogo",
onde geralmente ocorrem os principais
acontecimentos de uma partida. Portanto, o bando que
tem o par de bispos às vezes procura entrar num final,
inclusivamente sacrificando um peão, à espera de
conseguir um jogo ativo baseado na força dos seus
bispos.

O par de bispos (lutando contra bispo e cavalo ou


contra par de cavalos em posições abertas) tem uma
vantagem aproximada de 1/2 de um peão.

Qualidade extra

Torre vs bispo

Torre vs bispo sem peões.

Os finais deste tipo são impossíveis de ganhar (salvo


raras exceções).

Final teórico.

Torre e peão vs bispo

Em posições desse tipo,


o bando mais forte quase sempre consegue sair
vitorioso, embora às vezes com alguma dificuldade.
Cabe mencionar que é mais fácil realizar a vantagem
com um peão pouco avançado.

Torre e peão vs bispo

Em posições desse tipo, o bando mais forte quase


sempre consegue sair vitorioso, embora às vezes com
alguma dificuldade. Cabe mencionar que é mais fácil
realizar a vantagem com um peão pouco avançado.

Torre e peão vs bispo e peão

Com esta correlação de forças, o resultado do jogo


depende muito da estrutura de peões. Para o bando
que se defende, as posições mais desvantajosas são
aquelas onde os peões ficam bloqueados um contra o
outro.

É mais fácil chegar ao empate, havendo um peão que


ocupa uma casa da cor oposta à cor do bispo (à cor
das casas pelas que ele se movimenta). Nesse caso, o
adversário teria mais dificuldades para concretizar sua
vantagem.

Finais com vários peões

O bando mais fraco tem mínimas chances para


empatar em finais deste tipo (estar com uma qualidade
a menos é uma desvantagem importante). Existem
apenas algumas posições onde o empate é possível. O
bando mais forte às vezes tem que resolver grandes
problemas técnicos para conseguir seu objetivo.

Torre vs cavalo

Torre vs cavalo ou cavalo e peões

A superioridade da torre sobre o cavalo geralmente


não é suficiente para ganhar o jogo. Mas se o cavalo
estiver longe do rei ou na 8ª fila (nas colunas "a" e "h"),
então ele poderia perder-se.

Contra um cavalo com dois peões mesmo conectados


na 3ª fileira, a torre continua podendo se defender com
sucesso.

Torre e peão vs cavalo ou cavalo e peões

Existe uma série de posições teóricas, nas quais


cavalo e peão (e até um cavalo sozinho!) conseguem
empatar enfrentando torre e peão.

Finais com muitos peões


Havendo uma grande quantidade de peões, a
realização da vantagem se consegue mais fácil,
já que o bando mais fraco tem dificuldades em trocar
todos os seus peões.

É bem mais difícil trocar o cavalo pela torre, mas às


vezes é possível construir uma fortaleza.

Torre vs peões (peão)

A luta em finais "torre vs peões (peão)" sempre tem um


caráter dinâmico e agudo, e o resultado da partida
com muita frequência depende de um tempo. Portanto,
nessas posições é necessário um cálculo preciso de
variantes. O domínio dos procedimentos típicos que
vamos ver mais a frente, permite encontrar mais
rapidamente os planos e os lances isolados certos.

Torre vs peão

Peão na segunda fileira

Nesses casos o jogo geralmente acaba em tablas, mas


também há exceções.

A promoção do peão à cavalo não salva apenas em


casos de peões laterais. Em todos os outros casos é
empate.
Torre vs dois peões

Peões conectados

Com o rei do bando mais forte estando à frente dos


peões, a vitória é fácil.
Mas se os peões estiverem bem avançados, e o rei
inimigo estiver afastado deles, então a torre, via de
regra, não poderá lutar contra eles.

Peões isolados

Havendo peões isolados, o resultado do jogo também


depende muito do posicionamento do rei inimigo.

Torre vs três ou quatro peões

Em finais deste tipo, o bando que tiver a torre ganha


muito poucas vezes.

Técnica do "Ataque frontal"

A ideia do chamado "ataque frontal" consiste em não


deixar avançar o rei do bando mais forte. O objetivo
principal é impedir que o peão adversário avance
sequer uma casa!
Torre e dois peões vs torre

Peões conectados

Geralmente, o bando mais forte ganha, mas se se


consegue bloquear os peões, então é o empate é
possível.
Se um dos peões dobrados tiver chegado até à 6ª fila,
estando o rei do bando mais fraco na 8ª, então é
simples de ganhar (inclusivamente se os peões
estivessem nas colunas dos cavalos ("b" ou "g").

Peões isolados

Dois peões isolados geralmente são suficientes para


ganhar, sendo um deles frequentemente sacrificado, e
o outro é promovido à dama.
Se um dos peões estiver numa coluna lateral ou na
coluna de cavalo, então é bem mais difícil, ou mesmo
impossível de ganhar.

Torre e peão vs torre e peão

Com esta correlação de forças, o jogo normalmente


acaba em tablas, embora nestas posições tão simples
também existe uma serie de diferentes nuances.
Algumas posições, assim como os métodos de como
conduzi-las, devem ser aprendidas. Na maioria dos
casos, o jogo se resume num confronto entre torre e
peão contra torre (ou torre e peão).

Em vez de se defender passivamente, às vezes é


melhor diretamente entregar um peão, levando o jogo
para um final teoricamente empatado (para isso é
necessário conhecer as posições típicas!).

Antes de passar para um final de torre vs peão é


necessário jogar com muita precisão.

Torre e dois peões vs torre e peão

Peões no mesmo flanco

Geralmente, o jogo acaba em tablas, mas se deve


saber como consegui-las.

Finais de quatro torres

Um final de quatro torres (duas torres vs duas torres)


se diferencia consideravelmente de um final de torre
(torre vs torre). Aqui o bando mais forte tem mais
facilidade para realizar sua vantagem material ou
posicional, pois aparece a possibilidade de atacar o rei
inimigo (duas torres são uma grande força!). Neste tipo
de finais, a atividade das torres, expressada em sua
ação conjunta, tem uma grande importância. A posição
ideal das torres é na 7ª (2ª) fileira. Vejamos as ideias
mais típicas que se encontram nesses finais.

Torres na 7ª (2ª) fileira

Tal como foi observado anteriormente, a ação das


torres sobre a penúltima fileira é a mais "produtiva".
Com ajuda delas é possível empatar em posições com
desvantagem material ou ainda ganhar em posições
em aparência totalmente igualadas.

Realizando a vantagem posicional

A vantagem posicional nos finais de quatro torres pode


estar baseada num peão passado, na existência de
peões fracos adversários, ou numa maior atividade de
peças (especialmente das torres).

Finais de dama

Vamos considerar como finais de dama o confronto


entre duas damas com peões ou sem peões, e também
a luta de uma dama mais uma peça contra uma dama
solitária. Devido à multiplicidade de xeques e à
duração prolongada do jogo, a complexidade dos finas
de dama é apenas aparente. Na realidade, esses finais
são bem simples, basta não ter medo dos xeques.

Para perceber os finais de dama, é necessário


conhecer algumas posições típicas e os principais
conceitos para poder atuar dentro delas.

Vejamos primeiro as ideias características dos finais


de dama, e depois vamos ver algumas posições
teóricas.

Ameaças de mate

A dama é a peça mais forte no xadrez, portanto


havendo uma quantidade mínima de peões, as
ameaças de receber o xeque-mate são bastante reais,
incluso se no tabuleiro só ficam as damas. Claro que
para criar as ameaças de mate, a dama deve estar
auxiliada pelo rei ou pelos peões. Geralmente, as
ameaças de mate surgem com uma maior atividade
das peças do bando mais forte, ou quando as peças
adversárias (rei ou dama) estão passivas.
Muitas vezes, o bando mais forte consegue ganhar
com ajuda dos chamados lances "silenciosos"
("tranquilos") ou mediante o zugzwang.

Xeque perpétuo

O poder de uma dama não se limita só à criação de


ameaças de mate. A dama muitas vezes dá xeque
perpétuo (ou ameaça com dá-lo) ao bando que tem
vantagem (material ou posicional). Isto se torna
possível, se o rei inimigo estiver descoberto. O bando
mais forte deve estar muito atento para evitar o xeque
perpétuo.

Rei resguardado

Um rei protegido dá mais tranquilidade para jogar, pois


não há riscos de receber xeque-mate, nem ameaças de
xeque perpétuo. Isto permite que o bando mais forte
possa atacar o rei e os peões do adversário com a
dama, sem se preocupar com o rei próprio (havendo
igualdade material). E se houver vantagem material,
sua realização se torna bem mais simples.

Peão passado

O peão passado é um fator muito importante em finais


de dama. Quanto mais longe estiver o peão, mais
perigoso ele é. A vantagem material durante a luta
entre os peões passados não tem tanta importância,
sendo mais importante a posição mais próxima de
cada peão em relação à casa da promoção. O
resultado da partida pode ser decidido tão só por um
tempo. O bando mais fraco se salva muitas vezes
mediante a criação de um peão passado (ou através da
ameaça de sua criação), sem ter medo de sacrificar os
demais peões.
Se havendo igualdade material, só um dos bandos
tivesse um peão passado (inclusivamente não
demasiado avançado), então isso representaria um
importante fator na luta pela vitória.
O bando mais fraco deveria jogar com muita precisão
para não perder. É necessário criar contrachances
(peão passado, xeque perpétuo, etc.)

A atividade da dama

Se a dama do bando mais forte estivesse o


suficientemente ativa, então gradualmente e cada vez
mais ela "prenderia" as peças do adversário,
facilitando assim a posterior realização da vantagem.

Vejamos um exemplo clássico. G. Maróczy é


merecidamente considerado um dos maiores
especialistas dos finais de dama .

Com uma dama ativa, a realização da vantagem


material se torna mais fácil.

Finais teóricos

Dama e peão vs dama

Vamos falar apenas sobre aquelas posições, onde o rei


do bando mais fraco está afastado do peão, caso
contrário, se produz um elementar empate.
Com os peões centrais e nas colunas dos bispos ("c" e
"f"), que tiverem chegado até à 7ª ou 6ª (ou até à 5ª)
fila,
o bando mais forte quase sempre consegue ganhar, se
joga com precisão. Os xeques não representam quase
nenhum perigo, exceto desde o ponto de vista da regra
dos 50 lances.

Os finais de dama, com os peões laterais ou das


colunas de cavalo, se consideram difíceis ou mesmo
impossíveis de ganhar. Mas não é fácil de defender
para o bando mais fraco. Veja três exemplos práticos,
nos quais o bando mais forte conseguiu a vitória, e que
os engines provem qual posição se ganha e qual não.
Diante do tabuleiro é necessário jogar.

Dama e dois peões vs dama.

As posições com dois peões extra se ganham


facilmente, se não houver um xeque perpetuo
imediato. E não é tão importante se esses peões estão
conectados, isolados ou dobrados.

Dama e cavalo vs dama

Dama e cavalo vs dama não se ganha em condições


normais, mas existem posições onde a vitória é
possível (devido ao mau posicionamento das peças
adversárias). Além disso, as peças do bando mais forte
devem atuar em harmonia.
Se a dama e o rei do bando mais fraco estiverem num
extremo do tabuleiro,
então a dama e o cavalo podem dar xeque-mate ao rei
inimigo, sem a ajuda do rei próprio.

Dama e bispo vs dama

Com esta correlação de material, a vitória seria


possível talvez apenas em finais artísticos, em
posições, onde as peças do bando mais fraco
estiverem situadas muito mal.
Em posições como esta é muito importante que a
dama e o bispo se movimentem pelas casas de cores
opostas, já que dessa maneira eles estariam se
complementando mutuamente.

Dama vs duas torres

A luta destas fortíssimas peças entre si é sempre


muito aguda, exigindo dos jogadores a total
concentração de suas forças. Formalmente, 2 torres
são um pouco mais fortes do que uma dama, mas a
avaliação da posição depende de posições concretas
produzidas no tabuleiro. Geralmente, os enxadristas de
estilo combinativo preferem ter a dama, e os
"posicionais" - as 2 torres.
Dama superior a duas torres

Criação de ameaças de mate

É possível de conseguir com ajuda de rei ou de peões,


sendo que as peças do bando mais fraco estão
posicionadas passivamente.

Torres desconectadas ou passivas

Nesses casos, com ajuda de xeques a dama obtém a


possibilidade de ganhar uma das torres.

Peão passado

A dama é um bom complemento para os peões


passados. Uma dama junto a um peão passado pode
imobilizar ambas as torres do adversário, além disso, a
dama também pode influenciar sobre as outras áreas
do tabuleiro.

Torres lutando com sucesso contra uma dama

O mais importante em posições deste tipo é a


atividade conjunta das torres, sendo a 2ª (7ª) fileira ou
as colunas "b" e "h" onde melhor elas funcionam,
caso o rei inimigo estiver isolado (cortado) num dos
extremos do tabuleiro.

Finais complexos

Nos capítulos anteriores temos visto as principais


posições típicas da fase final do jogo, mais os planos
de como jogá-las. Mas os finais puramente ditos não se
produzem imediatamente. São uma espécie de faróis,
os que devem ser procurados de longe. Antes disso, é
necessário jogar a abertura, o meio-jogo e os finais
complexos.

A fase final do jogo possui leis próprias, que se


diferenciam dos conceitos aplicados nas primeiras
duas fases da partida (a abertura e o meio-jogo). Após
o desaparecimento da maior parte das peças, a
importância de calcular variantes, tão imprescindível
no meio-jogo, deixa seu lugar ao jogo planificado.
Ambos os adversários começam a raciocinar mediante
esquemas, ou seja, compõem o plano do jogo e o
seguem ponto por ponto. Em algum momento, o plano
pode se alterar, dependendo da situação surgida no
tabuleiro, podendo aparecer um plano novo. Um plano
é imprescindível, pois um jogo sem qualquer plano
sempre recebe seu castigo.

Tudo isto não significa que a tática nos finais está


completamente ausente. O aumento da importância do
rei, ou seja,
a atividade dele pode torná-lo mais vulnerável contra
os ataques organizados com poucas peças
adversárias. Mas o contrário acontece com mais
frequência - o rei ativo colabora com as suas peças
para atacar o rei inimigo passivo. Nesse caso é
necessário calcular variantes.

O papel dos peões, especialmente os que estão bem


avançados, conduz a um jogo baseado em puro
cálculo. Não são poucos os casos de rupturas,
sacrifícios de qualidade ou de peça, com objetivo de
aumentar a vantagem.

Na fase final do jogo é necessário aproveitar a


atividade de todas as peças, utilizando a ação
conjunta de todas elas, sendo que o alvo do ataque
não é apenas o rei inimigo, senão também os peões
fracos do adversários.

Fonte : Curso de finais de xadrez ( chessking )

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