1927
DIARIO NACIONAL. Domingo, 11 de novembro de 1927
ARTE EM S. PAULO — I — 0 BURGUES
E A OPERA
A tardinha desembocava apenas pro lado da Laps. Todo
mundo enveredava ja para casa ¢ Séo Paulo num chinfrim de
bondes ¢ automéveis, era uma glorificagéo em pé.
Encontrei seu Marcondes na esquina do Correio. Fazia bem
tempo que nao punha os olhos no negocista. Mirci passando
nelosombreegachor dee ojito do chapéa perosbi que as fhe
— Dr. Mario! Dr. Mari
E 0 diabo aquela est
podido passar logo.
— Oh, seu Marcondes, como vai?
— Vou bem dr. 0 dr., 8 que esta bem, se percebe. Nunca
mais quis aparecer... As meninas falam sempre no doutor.
tas a vida no io, negécio. ..
Oat Gils mal take a pee
— Abn...
— Outro dia mesmo estava lendo um artigo do Jilio Dantas!
Como ele escreve mimoso, nao!
— Mimosissimo!
— Ja estamos com uma biblioteca lé em
ipendo,
a madeira esta to bem brunida que da na vista logo.
0 contos!
— Ja. Tenho que ir para casa.
— Entdo venha jantar comigo, as meninas vio ficar satisfei-
tas. Depois a gente faz um pouco de misica... 0 senhor canta
aquela cantiga portuguesa, se lembra?
0 ladréo morrew
‘A comer tomates
Meninas bonitas
Nao so para alfaiates.
no me lembro mais, seu Marcondes.
— Pois nao me esqueci nio. Mas puxa! Como os portugue-
ses siio burros! Eu achava uma graga no sr. Vamos fazer misica!
6 um pouquinho!
— Nio posso, seu Marcondes.
— A Toté me obrigou a comprar um rédio. Todas as noites
tem cada concerto estupendo.
— Estupendo.
— E sabe? Jé dois anos que tomo assinatura do lirico, &
tum despesio!
— 8!
= 'Mas as meninas querem... Diz que toda a gente assina
‘muito de épera, aquelas vestimenta
mas acho que 0 sr. concorda
miisica, Nao se entende nada!
M. de A.