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DOSSIÊ DO PROFESSOR págin@as 10

FICHAS DE AVALIAÇÃO

PROPOSTAS DE RESOLUÇÃO

FICHAS DE AVALIAÇÃO DE EDUCAÇÃO LITERÁRIA

Ficha 2 – Fernão Lopes, Crónica de D. João I B. A Crónica de D. João I é um texto da autoria de Fernão Lopes, um
dos mais fecundos cronistas medievais portugueses.
1. O Mestre de Avis lidera as operações prévias ao cerco de Lisboa
Neste texto, encomendado pelo rei D. Duarte, emerge um
pelo Rei de Castela.
sentimento coletivo do povo português à volta de um líder: o
Aquando do iminente cerco da cidade, o Mestre ordenou que o
Mestre de Avis. O momento difícil que constitui a crise de 1383-
povo se abastecesse de alimentos: “logo foi ordenado de
85 contribui para o fortalecimento da unidade nacional.
recolherem pera a cidade os mais mantimentos que haver
Efetivamente, o povo ganha consciência coletiva de que pode ter
podessem, assi de pam e carnes, come quaes quer outras cousas”
um papel mais ativo nos desígnios políticos da nação e intervém
e que fossem tomadas medidas militares para proteger a cidade:
para salvar o Mestre, no capítulo 11, mobilizando-se para
“que fosse repartida a guarda dos muros pelos fidalgos e
enfrentar os castelhanos e decidir quem será o próximo rei. A
cidadãos honrados; aos quaes derom certas quadrilhas e
consciência de grupo e o sentimento nacional são representados
besteiros e homens d’armas pera ajuda de cada hũ guardar bem
através da personagem coletiva, quando se trata da multidão de
a sua”.
Lisboa, que revela uma vontade comum, que se organiza para
Concluindo, o Mestre levou a população de Lisboa a tomar
defender a cidade (capítulo 115) e que sofre em conjunto num
várias medidas para suportar um cerco que deveria ser
cerco imposto (capítulo 148).
prolongado.
Em suma, um dos objetivos de Fernão Lopes foi demonstrar o
patriotismo dos portugueses e valorizar o papel do Mestre de Avis
2. Neste excerto, o Mestre, herói individual, assume o seu papel de na defesa da independência do reino e na construção de um novo
líder incontestado do povo, que se apresenta, neste texto, como Portugal liderado por uma nova dinastia.
uma personagem coletiva e una.
As medidas tomadas pelo Mestre não são questionadas e homens
e mulheres do povo contribuem, como podem, para a defesa da
cidade: “e como cada hũ ouvia o sino da sua quadrilha, logo
todos rijamente corriam pera ela”.
Assim, é da conjugação entre o ator individual e os atores
coletivos que resulta um trabalho concertado de preparação da
cidade para o cerco de Castela.

3. A relação que se estabelece entre os dois textos apresentados é


de causa consequência.
Na realidade, no excerto inicial, anuncia-se o cerco à cidade de
Lisboa enquanto, no segundo excerto, deparamos com as
consequências desse cerco junto das populações: “E posto que tal
trigo algũa ajuda fezesse, era tam pouco e tam raramente, que
houvera mester de o multiplicar como fez Jesu Cristo aos pães,
com que fartou os cinco mil homens”.
Em conclusão, no primeiro excerto, referem-se as medidas que
foram tomadas para atenuar o efeito do cerco à cidade de
Lisboa, no segundo excerto, relata-se a vivência do cerco pela
população de Lisboa.

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