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TRATAMENTO DE ÁGUA
DE CALDEIRAS
Eng.º Joubert Trovati
26/05/2007
1 - CONCEITOS GERAIS............................................................................................................... 4
1.1 - Calor e Temperatura........................................................................................4
1.1.1 - Mecanismos de Transferência de Calor ............................................... 5
1.1.1.1 Condução................................................................................................6
1.1.1.2 Convecção...............................................................................................6
1.1.1.3 Radiação .................................................................................................7
1.2 - Vapor ............................................................................................................8
1.3 - Combustão e Combustíveis...............................................................................9
2 - CALDEIRAS .......................................................................................................................... 11
2.1 - Breve Histórico ............................................................................................. 11
2.2 - Tipos de Equipamento.................................................................................... 12
2.2.1 - Caldeiras Fogotubulares (ou flamotubulares) .......................................12
4.2.2 - Desmineralização......................................................................27
2
7.2.2 - Corrosão Galvânica ...................................................................52
7.2.3 - Corrosão por Tensão ..................................................................53
7.2.4 - Ataque Cáustico (“Caustic Embrittlement”) .........................................54
7.2.5 - Fragilização por Hidrogênio ...........................................................56
7.3 - Remoção do Oxigênio da Água ........................................................................ 57
7.3.1 - Desaeração Mecânica .................................................................57
7.3.2 - Desaeração Química – Seqüestrantes de Oxigênio (“Oxygen Scavengers”) ......58
7.3.2.1 Sulfito de Sódio ..................................................................................... 58
7.3.2.2 Hidrazina .............................................................................................. 59
7.3.2.3 Outros Seqüestrantes de Oxigênio............................................................ 60
7.4 - Métodos Físicos de Prevenção da corrosão ........................................................ 60
7.5 - Corrosão em Linhas de Condensado – aminas fílmicas e
neutralizantes............................................................................................... 62
8 - ARRASTES............................................................................................................................ 64
8.1 - Volatilização da Sílica..................................................................................... 70
11 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................... 78
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1- CONCEITOS GERAIS
4
• Calor: É uma forma de energia térmica em trânsito, ou seja, está sempre se
transferindo de um corpo com maior temperatura para um corpo de menor
temperatura. O calor não pode ser armazenado; o que pode ser feito é apenas
facilitar ou dificultar sua transferência.
5
1.1.1.1 Condução
(Tq − T f )
q = k . A. Lei de Fourier:
l
Tq > Tf
k= Condutividade térmica (W/m.ºC)
T = Temperatura
A = Área
1.1.1.2 Convecção
6
q = h . A . (T∞ − Tp ) Lei do Resfriamento de Newton
T∞ > Tp
h = Coeficiente de transferência de
calor por convecção (W/m2.ºC)
1.1.1.3 Radiação
7
q = σ .ε . A. (Tq 4 − Tf 4 ) Lei de Radiação
ε = Emissividade
σ = Cte. Stefan-Boltzman
(5,669.10-8 W/m2.K4)
1.2 - VAPOR
1
Existe também o chamado “Vapor crítico”, cuja temperatura e pressão estão em valores acima dos
respectivos parâmetros críticos.
8
de vapor se condensa, cede calor latente. É usado para aquecimento direto ou
indireto. Pelo fato de estar em equilíbrio termodinâmico com a água, o vapor
saturado apresenta um valor fixo de sua pressão parcial para cada temperatura
(temperatura é função da pressão).
9
A combustão nada mais é do que uma reação de oxidação de um material
denominado “combustível” com o oxigênio (comburente), liberando calor. A equação
genérica para o processo é:
10
2- CALDEIRAS
2
Pode ser vista em: www.mtb.gov.br
3
Nas cidades de Campinas-SP, Tubarão-SC, Cruzeiro-MG e algumas outras é possível visitar locomotivas a
vapor que ainda funcionam. Detalhes podem ser encontrados em www.abpf.org.br .
11
FIGURA 04: FOTOGRAFIA DE UMA LOCOMOTIVA A VAPOR DO INÍCIO DO SÉCULO XX. O GRANDE
CILINDRO HORIZONTAL, QUE ABRANGE QUASE TODO O VEÍCULO, É A CALDEIRA.
São equipamentos surgidos com os modelos mais antigos, onde o fogo e os gases
quentes da combustão circulam no interior dos tubos e a água a ser vaporizada circula
pelo lado de fora. Ambos são contidos por uma carcaça cilíndrica denominada casco ou
costado. Nas extremidades do casco são fixados os espelhos, onde são mandrilhados os
tubos da caldeira. O conjunto pode ser vertical ou horizontal, dependendo do modelo.
Normalmente, este tipo de caldeira tem produção de vapor limitada a cerca de 40 t/ h e
pressão de operação máxima4 de 16 Kgf/ cm2. Existe uma variedade de caldeira
fogotubular, normalmente para queima de combustíveis sólidos, cuja fornalha é
circundada por tubos de água, formando uma seção aquatubular. Estas caldeiras são
chamadas de “mistas” e tem características de operação semelhantes às fogotubulares.
Nas figuras a seguir são mostrados alguns exemplos.
4
Algumas caldeiras fogotubulares de locomotivas a vapor operavam com pressão de até 21 Kgf/ cm2.
12
FIGURA 05: ILUSTRAÇÕES MOSTRANDO VÁRIAS SEÇÕES DE UMA CALDEIRA FOGOTUBULAR
HORIZONTAL COM DUAS CÂMARAS DE COMBUSTÃO. FONTE: AALBORG INDUSTRIES
(WWW.AALBORG-INDUSTRIES.COM).
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FIGURA 06: FOTOGRAFIAS DE ALGUMAS CALDEIRAS FOGOTUBULRES. CIMA: HORIZONTAIS, A
ÓLEO. EMBAIXO: HORIZONTAL A LENHA (ESQ.); VERTICAL A GÁS (DIR.). FONTE:
DOMEL (WWW.DOMEL.COM.BR) E SERMATEC – MEPPAM (WWW.SERMATEC.COM.BR)
FIGURA 07: CALDEIRA MISTA PARA QUEIMA DE LENHA. VIDE A TAMPA DA FORNALHA NA FACE
ESQERDA INFERIOR DO EQUIPAMENTO. FONTE: SERMATEC.
14
2.2.2 - Caldeiras Aquatubulares
15
FIGURA 09: CALDEIRA AQUATUBULAR DE DOIS BALÕES COM PERIFÉRICOS. OBSERVE A
PINTURA EXTERNA NA COR BRANCA, DE MODO A MINIMIZAR A PERDA POR
RADIAÇÃO NO EQUIPAMENTO. FONTE: SERMATEC.
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FIGURA 10: ESQUEMA DE UMA INSTALAÇÃO COMPLETA DE CALDEIRA AQUATUBULAR DE DOIS
BALÕES. FONTE: DEDINI S/A (WWW.DEDINI.COM.BR).
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FIGURA 11: CALDEIRA AQUATUBULAR COM FORNALHA PARA QUEIMA DE ÓLEO COMBUSTÍVEL.
FONTE: BABCOCK & WILCOX CO. (WWW.BABCOCKWILCOX.COM) – CONFAB/
TENARIS GROUP (WWW.TENARIS.COM).
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2.2.3 - Equipamentos Periféricos
2.2.3.1 Pré-Aquecedor de Ar
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2.2.3.2 Economizador
Tem por objetivo pré-aquecer a água que alimentará a caldeira usando o calor dos
gases de combustão que saem do equipamento. Consegue-se, assim, melhor rendimento
na produção de vapor, respostas mais rápidas e economia de combustível.
20
depósitos de fuligem aderidos aos tubos que podem prejudicar as operações de troca
térmica.
2.2.3.4 Superaquecedor
21
3- ÁGUA PARA GERAÇÃO DE VAPOR
22
pode então usar na caldeira!”; procedimentos como esse podem ser catastróficos, pois a
água em questão pode conter grande concentração de material dissolvido. Por outro
lado, a água ideal para geração de vapor, ou seja, que não contém nenhuma substância
dissolvida, é inadequada para bebermos.
Geralmente, nas águas superficiais e subterrâneas que são usadas nos processos
industriais, encontramos as seguintes substâncias dissolvidas:
• Dureza, representada basicamente pelos íons cálcio e magnésio (Ca2+ e Mg2+),
principalmente os sulfatos (SO42-), carbonatos (CO32-) e bicarbonatos (HCO3-).
• Sílica solúvel (SiO2) e silicatos (SiO32-) associados a vários cátions.
• Óxidos metálicos (principalmente de ferro), originados de processos corrosivos.
• Diversos outros íons e substâncias inorgânicas dissolvidas.
• Material orgânico, óleos, graxas, açúcares, material de processo, contaminantes
de condensados, etc.
• Gases, como oxigênio, gás carbônico, amônia, óxidos de nitrogênio e enxofre, gás
sulfídrico.
• Materiais em suspensão, como areia, argila, lodo, etc.
Para evitar que todas essas impurezas adentrem ao sistema gerador de vapor,
deve-se proceder a um tratamento preliminar na água de reposição da caldeira. Além
disso, o uso de condensados como parte da alimentação também é recomendado e será
discutido no item seguinte.
23
de evaporadores e outros equipamentos do processo, desde que não estejam
contaminados.
É justamente a contaminação do condensado que causa o maior inconveniente no
seu reuso. Muitos equipamentos de troca de calor podem permitir o vazamento do
material de processo para a linha de condensado, contaminando a caldeira. Além disso, a
ocorrência de arrastes de material em condensados originados de evaporadores (tais
como nas operações de concentração de caldo p/ produção de açúcar ou de suco de
laranja) também ocasiona a contaminação. Para evitar este inconveniente e ter sucesso
no reuso do condensado, é recomendado um controle eficiente e assíduo da qualidade
dos mesmos, desviando-os da alimentação da caldeira ao primeiro sinal de
contaminação.
Um dos métodos mais usados para o monitoramento da qualidade dos
condensados é através da instalação de condutivímetros na linha de retorno dos
mesmos. Pelo fato de possuir baixíssima concentração de sais, a condutividade elétrica
do condensado é baixa e, qualquer contaminação provocará um aumento na
condutividade, cuja medida serve para informar a contaminação.
Além da possível contaminação, um outro problema está associado ao uso dos
condensados na alimentação da caldeira: a corrosão nas linhas e equipamentos. No
capítulo 7 este assunto será abordado com mais detalhes.
24
4- TRATAMENTOS PRELIMINARES DA ÁGUA
5
Consideramos o conceito de “coagulação” como sendo a neutralização das cargas elétricas das partículas
presentes na água. A floculação é o aglutinamento dessas partículas, formando um floco grande o suficiente
para ser removido por decantação (ou flotação). Um mesmo produto pode fazer a função de floculante e
coagulante.
25
durante e/ou após o processo de clarificação/ filtração, tarefa comumente efetuada por
uma cloração.
26
4.2.1 - Abrandamento
4.2.2 - Desmineralização
27
FIGURA 18: PRINCÍPIO DE FUNCINAMENTO DE UMA RESINA ANIÔNICA.
28
descartada a uma concentração mais elevada de sais. Este fato constitui uma das
desvantagens do sistema, além do custo relativamente alto e da necessidade de se
operar com vários permeadores em paralelo para obtenção de uma vazão razoável. Este
processo é bastante usado para obtenção de água de abastecimento através da
dessalinização da água do mar, tal como empregado em regiões desérticas (oriente
médio, entre outros.).
As membranas de osmose reversa podem ser fabricadas em diversos materiais,
sendo mais comuns as orgânicas/ poliméricas (acetato de celulose, polisulfona,
poliacrilonitrila, polipropileno, etc). As membranas são montadas em módulos, que por
sua vez apresentam-se sob diversas configurações, destacando-se os módulos com
placas, tubulares, espirais, de fibras ocas e de discos rotatórios. Uma detalhada
referência bibliográfica para este assunto, pioneira no Brasil, é SCHNEIDER, R. P. &
TSUTIYA, M. T. (2001).
Ultimamente, o custo de fabricação das membranas de osmose reversa vem
sendo substancialmente reduzido, tornando este processo muito competitivo em
comparação aos sistemas de troca iônica. Uma breve comparação econômica entre os
dois processos, embora um pouco antiga, pode ser encontrada em DOW (1998). Um
interessantíssimo hipertexto de comparação entre os dois sistemas é encontrado em
http://www.amberlite.com/ix_vs_ro/index.htm. (Rohm and Haas Company).
A água também pode ser abrandada (remoção de Ca2+ e Mg2+) embora às vezes
não totalmente, por outros processos químicos através de tratamento com cal, cal e soda
(também chamado “cal sodada”), barrilha (Na2CO3) ou fosfatos; alguns deles são
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também capazes de remover parte da sílica dissolvida na água. Estes processos são
usados quando a dureza da água é excessivamente elevada e não se encontra nenhuma
outra fonte de água de melhor qualidade. Maiores detalhes podem ser vistos na literatura
especializada, entre elas MAGUIRE (1980) e KEMMER (1988). Ultimamente, esses
processos vem sendo substituídos pelos sistemas de troca iônica.
4.5 - DESTILAÇÃO
6
Ver detalhes em DREW (1984)
30
5- OBJETIVOS DO TRATAMENTO DE ÁGUA DAS CALDEIRAS
31
6.1 - INCRUSTAÇÃO – CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS
32
tais como hidrojateamento a altas pressões, marteletes, impactos com ferramentas, etc.
Vide fotografia adiante mostrando incrustações dissolvidas após uma limpeza química.
Os principais responsáveis pela formação de incrustações em caldeiras são:
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Nas figuras a seguir são mostrados inúmeros casos de incrustação e depósitos em
geradores de vapor.
34
FIGURA 23: TUBO DE CALDEIRA AQUATUBULAR INCRUSTADO COM PRODUTOS DE CORROSÃO
(ÓXIDO DE FERRO)
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FIGURA 25: CALDEIRA AQUATUBULAR – FOTOGRAFIA COMPARATIVA DE UM TUBO
LIGEIRAMENTE INCRUSTADO (ESQ) E UM TUBO ISENTO DE INCRUSTAÇÕES.
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FIGURA 27: ACÚMULO DE LAMA E DEPÓSITOS EM UM COLETOR LATERAL DE CALDEIRA
AQUATUBULAR. ESTE MATERIAL PODE PREJUDICAR A CIRCULAÇÃO DE ÁGUA NOS
TUBOS DE PAREDE D’ÁGUA E OCAIONAR SEU SUPERAQUECIMENTO.
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FIGURA 29: MATERIAL ORGÂNICO COMPOSTO BAICAMENTE POR ÓLEO E GRAXA ENCONTRADOS
EM EQUIPAMENTOS NOVOS E USADOS DURANTE A MONTAGEM DO EQUIPAMENTO.
ESTE MATERIAL DEVE SER PREVIAMENTE REMOVIDO, ATRAVÉS DE LIMPEZA
QUÍMICA ESPECÍFICA, ANTES DE INICIAR A OPERAÇÃO DO EQUIPAMENTO.
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FIGURA 30: CIMA: JANELA ABERTA EM TUBULAÇÃO MOSTRANDO INCRUSTAÇÕES COM
PREDOMINÂNCIA DE SÍLICA; BAIXO: MESMO EQUIPAMENTO, APÓS EXECUÇÃO DE
LIMPEZA QUÍMICA ESPECÍFICA. OBSERVE A LAMA DE COLORAÇÃO ACINZENTADA,
CONSTITUÍDA PELAS INCRUSTAÇÕES DISSOLVIDAS, E TAMBÉM ÓXIDOS DE FERRO
(COLORAÇÃO AMARELADA) GERADOS POR PROCESSOS CORROSIVOS EXISTENTES
NO PROCESSO.
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entre outros. Atualmente, o uso de polímeros específicos tem se mostrado mais eficiente,
citando como exemplo, aqueles baseados em acrilatos, sulfonados e fosfino-carboxílicos.
No caso dos fosfatos, o uso dos chamados polifosfatos mostrou-se mais eficiente,
principalmente pelo efeito “Threshold” que este tipo de molécula exibe; vide observações
sobre este fenômeno mais adiante e uma representação de sua estrutura abaixo.
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FIGURA 32: ROTOR DE BOMBA E VOLUTA INCRUSTADOS PELO USO DE FOSFATOS NA SEÇÃO
PRÉ-CALDEIRA.
É um tratamento que tem por meta a complexação (quelação) dos íons de cálcio e
magnésio da água, formando compostos estáveis e solúveis, prevenindo-os assim de se
incrustarem na caldeira. Como vantagem, não há formação de lamas e nem as possíveis
conseqüências que as mesmas podem gerar. Os agentes quelantes mais utilizados são o
EDTA (Etileno Diamino Tetra Acetato) e o NTA (Nitrilo Triacetato) que também podem se
apresentar na forma dos respectivos ácidos.
A observação criteriosa de muitos casos onde foi aplicado o tratamento quelante
isolado em caldeiras mostra vários pontos negativos, entre eles:
Necessita desaeração total da água de alimentação, sob o risco de traços de
oxigênio causarem degradação do produto no ponto de dosagem, situado
normalmente na seção pré-caldeira.
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Um pequeno excesso de quelante pode causar corrosão generalizada na caldeira,
devido à complexação do óxido de ferro protetor (magnetita – Fe3O4). Existem
relatos de caldeiras completamente avermelhadas7 no seu interior, devido ao
ataque do quelante.
A reação do quelante com os íons metálicos é estequiométrica, ou seja, acontece
em relações molares fixas. Caso haja subdosagem do quelante, fatalmente iniciar-
se-á um processo incrustante na caldeira, devido à existência de íons não-
quelatados.
Os agentes quelantes tem muita afinidade com o cobre, o que impossibilita este
tipo de tratamento em sistemas que contenha este metal ou suas ligas,
principalmente na seção pré-caldeira (economizador, tubulações, etc.).
Os quelantes são instáveis e decompõem-se em altas temperaturas, formando
produtos difíceis de serem detectados por testes analíticos; impedem assim a
determinação exata de sua concentração na caldeira.
Os quelantes convencionais não são suficientemente efetivos para evitar
deposição de óxido férrico (Fe2O3) nas superfícies da caldeira. Exigem, assim, o
uso de dispersantes de ferro específicos.
Finalizando, os quelantes não apresentam ação contra a sílica. Assim, a mesma se
precipita de maneira quase que exclusiva, constituindo incrustações vitrificadas
pelo calor, extremamente duras e ancoradas na tubulação da caldeira.
7
Normalmente a coloração avermelhada é resultado da presença de Fe2O3, chamado “hematita”. Este óxido de
ferro é o predominante na ferrugem, onde também podem ser encontrados os hidróxidos de ferro, tais como o
Fe(OH)2 e Fe(OH)3.
8
Vários nomes são designados comercialmente para definir este princípio de tratamento, sendo bastante
comum o uso da sigla TDS (Tratamentos Disperso-Solubilizantes). Não confundir com a sigla TDS do inglês
(Total Dissolved Solids) que significa Sólidos Totais Dissolvidos.
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quando o dispersante é dosado em quantidades sub-estequiométricas. Isto é
possível porque o produto reage somente com a espécie química que está na
iminência de se precipitar, sendo assim consumido somente por uma pequena
fração da espécie. As principais classes de produtos que exibem estas
propriedades são os polifosfatos, fosfonatos (compostos organofosfóricos) e
polímeros/ copolímeros (acrílicos, maleicos, estireno-sulfonados, carboxílicos
etc.).
2. Ação dispersante: Apresentada comumente por compostos organofosfóricos e
polieletrólitos, que por sua vez tendem a se adsorver sobre a superfície de
partículas em suspensão, tais como núcleos de precipitação de sais. O produto
adsorvido sobre a partícula confere-lhe cargas elétricas, fazendo com que as
mesmas exerçam forças de repulsão entre elas e, assim, permaneçam dispersas.
Em outras palavras, a ação dispersiva atua de modo oposto à floculação. As
partículas dispersas podem então ser removidas pelas descargas da caldeira.
Muitas vezes, um único produto pode apresentar duas ou mais das características
mencionadas, sendo que a escolha deve levar em consideração os íons presentes na
água, o pré-tratamento empregado, a classe de operação da caldeira, a presença de
incrustações antigas e evidentemente, o custo global do tratamento.
Várias informações adicionais sobre os produtos usados neste tipo de tratamento
podem ser encontradas em literatura, catálogos e boletins técnicos de fabricantes, dentre
os quais se destacam: SOLUTIA (1998); ROHM AND HAAS, (1997 a, b, c), GIOVANNI
BOZZETTO (1996) e CLARIANT (N/D).
Nas figuras a seguir são ilustrados alguns cristais, normalmente constituintes de
incrustações em caldeiras, submetidos a tratamentos com diferentes classes de disperso-
solubilizantes.
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FIGURA 33: CRISTAIS DE CARBONATO DE CÁLCIO FOTOGRAFADOS EM MICROSCÓPIO
ELETRÔNICO: (A) PRECIPITADO COMO CALCITA (FORMA CRISTALINA
PREDOMINANTE EM BAIXAS TEMPERATURAS). (B) PRECIPITADO COMO ARAGONITA
(PREDOMINANTE EM ALTAS TEMPERATURAS). (C) DISTORÇÃO CAUSADA POR
TRATAMENTO COM POLIACRILATO. (D) MUDANÇAS NA ESTRUTURA DO
PRECIPITADO. (E) ESTRUTURA RESULTANTE DE TRATAMENTO COM COPOLÍMERO
SULFONADO. (F) DISTORÇÕES PRODUZIDAS POR UMA MISTURA DE FOSFONATO E
POLIACRILATO. KEMMER (1988).
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FIGURA 34: CRISTAIS DE SULFATO DE CÁLCIO. ACIMA, À ESQ.: SEM TRATAMENTO. ACIMA, À
DIR.: APÓS TRATAMENTO COM FOSFONATO (PBTC). ABAIXO: APÓS TRATAMENTO
COM POLIACRILATO (ROHM AND HAAS, 1997B).
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FIGURA 35: ESQ: SULFATO DE CÁLCIO PRECIPITADOS NAS SEGUINTES CONDIÇÕES: SEM
TRATAMENTO (CIMA); COM 10 PPM (CENTRO) E 25 PPM DE POLIACRILATO (EM
BAIXO). DIREITA.: CARBONATO DE CÁLCIO PRECIPITADO SEM TRATAMENTO (CIMA)
E COM 20 PPM DE POLIACRILATO. FONTE: ROHM AND HAAS (1997 A)
46
As vantagens dos tratamentos disperso-solubilizantes são:
Por outro lado, certo critério deve ser adotado na aplicação do tratamento
disperso-solubilizante, haja vista que o mesmo apresenta algumas restrições e
desvantagens:
9
Alguns polímeros são dotados de um traçador, permitindo a avaliação de sua concentração na água da
caldeira com testes simples, rápidos e confiáveis, similares aos testes de gravidez vendidos em farmácias.
Outros produtos podem ter sua concentração determinada facilmente através da medição da fluorescência em
equipamento específico.
47
Alguns produtos (certos tipos de fosfonatos) também têm forte interação com o
cobre e podem, assim, causar corrosão em equipamentos construídos com este
metal ou suas ligas, normalmente encontradas na seção pré-caldeira. Caso haja
necessidade do uso desses produtos, recomenda-se fazer a dosagem após o
equipamento em questão ou verificar/ monitorar atentamente a existência de tais
processos corrosivos.
O tratamento disperso-solubilizante depende, fundamentalmente, da eficiência e
de um ótimo funcionamento dos sistemas de descarga das caldeiras. Lembramos
que os cristais, mesmo modificados, devem ser expulsos do sistema. Sua
permanência dentro da caldeira pode formar depósitos e prejudicar a troca
térmica.
Existem legislações em alguns países que proíbem ou limitam o descarte de
efluentes contendo fósforo. Assim, os fosfonatos e polifosfatos devem ser usados
com critério; nesses casos, a escolha recai normalmente sobre os polímeros
isentos desse elemento.
48
7- CORROSÃO E MÉTODOS DE CONTROLE
7.1 - FUNDAMENTOS
10
Informações detalhadas sobre corrosão, bem como uma série de trabalhos, livros e publicações sobre o
assunto podem ser encontradas em:
ABRACO - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CORROSÃO: www.abraco.org.br
NACE – NATIONAL ASSOCIATION OF CORROSION ENGINEERS: www.nace.org
49
3. Se houver oxigênio presente na água, o mesmo move-se para a área catódica e
ingressa no circuito, usando os elétrons que migraram para o cátodo e formando
íons hidroxila (OH-) na superfície do metal. O oxigênio até pode, devido à sua
eletroafinidade, induzir a migração dos elétrons do ferro no cátodo.
4. Os íons OH- deslocam-se para a região anódica, onde reagem com os íons Fe2+
formando hidróxido ferroso, Fe(OH)2, que se deposita ao redor da área anódica.
Esta etapa completa o ciclo básico do processo.
5. O hidróxido ferroso formado é instável e, na presença de oxigênio e/ ou íons
hidroxila, forma-se hidróxido férrico Fe(OH)3.
6. O hidróxido férrico, por sua vez, tende a se decompor em Fe2O3, que é o óxido
férrico, conhecido como ferrugem.
50
7.2 - TIPOS DE CORROSÃO EM CALDEIRAS
51
FIGURA 39: TUBO DE SUPERAQUECEDOR VÍTIMA DE CORROSÃO POR OXIGÊNIO. PORT &
HERRO, 1991.
Este tipo de corrosão ocorre, basicamente, quando dois ou mais metais com
diferença significativa de potenciais de oxidação estão ligados ou imersos em um
eletrólito (tal como a água com sais dissolvidos). Um metal chamado de “menos nobre”,
tem uma tendência a perder elétrons para um metal “mais nobre”, cuja tendência de
perda é menor. Assim, o metal menos nobre torna-se um ânodo e é corroído. Este
fenômeno também depende da área entre as regiões anódicas e catódicas, isto é, quanto
menor for a área do ânodo em relação ao cátodo, mais rápida é a corrosão daquele. Um
exemplo disso ocorre entre o cobre (mais nobre) e o aço carbono, menos nobre e que
tem a sua taxa de corrosão acelerada.
No quadro a seguir, encontra-se representada uma série galvânica de diferentes
metais e ligas onde se pode visualizar a maior tendência à corrosão (áreas anódicas) ou
menor tendência (área catódica).
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Chumbo – Estanho (soldas)
Chumbo
Estanho
Níquel (Ativo)
Inconel (Ativo)
Hastelloy A
Hastelloy B
Latão
Cobre
Bronze
Cobre – Níquel (ligas)
Titânio
Monel
Prata (soldas)
Níquel (Passivo)
Inconel (Passivo)
Ferro-Cromo (Passivo)
18/8 Cr-Ni-Fe (Inox 304-Passivo)
18/8/3 Cr-Ni-Mo-Fe (Inox 316-Passivo)
REGIÃO CATÓDICA (Mais Nobre) Prata
Extremidade Protegida Grafite
Já citada no item referente aos “pittings”, a corrosão sob tensão ocorre em áreas
do metal submetidas a tensões e esforços, tais como nas operações de corte, soldagem,
mandrilhamento de tubos, calandragem e dobramento de chapas, entalhamento de
roscas, rebites, etc. Também aparecem em pontos de falha na estrutura cristalina do
metal, tal como a presença de átomos metálicos diferentes da liga, espaços vazios no
retículo, presença de átomos nos interstícios do mesmo, etc. A corrosão sob tensão pode
causar prejuízos significativos quando atinge determinadas proporções.
53
Os métodos de combatê-la são, na maioria, preventivos: alívio de tensões,
escolha de material de boa qualidade para fabricação e reparos no equipamento, evitar
operações que provoquem tensões excessivas no equipamento depois de montado, entre
outros.
11
Deve-se manter o pH na faixa alcalina pelos seguintes fatores: evitar a corrosão por ácido, promover a
formação de lamas não aderentes (tratamentos c/ fosfatos) e garantir a dispersão da sílica na forma de hidroxi-
silicatos, evitando a formação do ácido ortosilíssico que se precipita sob uma forma cristalina muito aderente.
54
FIGURA 40: FOTOGRAFIA MOSTRANDO FISSURA PROVOCADA POR ATAQUE CÁUSTICO (500X).
FONTE: KEMMER, F.N. (1988).
FIGURA 41: TUBO DE 3” DE UMA CALDEIRA QUE SOFREU ATAQUE CÁUSTICO. PRESSÃO DE
OPERAÇÃO: 150 KGF/ CM2 (PORT & HERRO, 1991).
55
FIGURA 42: ESQUERDA: COSTADO DE BALÃO DE UMA CALDEIRA DE 65 KGF/CM2 DE PRESSÃO,
VITIMADA PELO ATAQUE CÁUSTICO. DIREITA: PEDAÇO DO COSTADO REMOVIDO,
ONDE É POSSÍVEL VISUALIZAR A TRINCA OCORRIDA. O PROCESSO OCORREU
JUNTO A UMA SOLDA CIRCUNFERENCIAL EXISTENTE NO BALÃO.
FIGURA 43: RUPTURA EM UM TUBO DE CALDEIRA (PRESSÃO DE OPERAÇÃO: 136 KGF/ CM2)
DEVIDO A FRAGILIZAÇÃO POR HIDROGÊNIO (PORT & HERRO, 1991).
56
7.3 - REMOÇÃO DO OXIGÊNIO DA ÁGUA
12
A solubilidade dos gases em líquidos é inversamente proporcional à temperatura, ou seja, quanto maior a
temperatura, menor é a solubilidade.
57
FIGURA 45: FOTOGRAFIA DE UM DESAERADOR HORIZONTAL EM OPERAÇÃO. FONTE: SERMATEC.
13
Na alimentação da caldeira, são desejados valores de oxigênio dissolvidos inferiores a 5 ppb.
58
de cana sulfitado para produção de açúcar branco, já contêm quantidade razoável de
sulfitos e, assim, dispensam o uso do produto em pó.
O sulfito tem o inconveniente de formar sulfatos, ou seja, sólidos que contribuem
para aumento da condutividade da água e aumentam as chances de formarem
incrustações de sulfato de cálcio e magnésio. Em caldeiras de alta pressão, isto não é
desejado e outros produtos devem ser usados. Além disso, em altas temperaturas14
(altas pressões), ocorre a decomposição do sulfito em H2S e SO2, ambos corrosivos.
7.3.2.2 Hidrazina
N2H4 + O2 N2 + 2H2O
A hidrazina tem a desvantagem de, sob pressões (temperaturas) muito altas (da
ordem de 350ºC/ 170 Kgf/cm2) e concentrações acima dos limites normalmente
recomendados, decompor-se em amônia (NH3) a qual pode causar corrosão em ligas de
cobre. Outras desvantagens são: periculosidade, pois é tóxica e estudos comprovam que
é cancerígena15, exigindo cuidados especiais no seu manuseio; seus níveis de
concentração recomendados são relativamente baixos (da ordem de 0,02 – 0,4 ppm,
dependendo da pressão) o que dificulta a quantificação pelos métodos analíticos e
aumenta a probabilidade de ocorrência de erros analíticos, o que é comum nesse tipo de
procedimento.
14
O sulfito de sódio começa a se decompor em temperaturas da ordem de 255ºC (correspondente à cerca de
42 Kgf/cm2 de pressão) e é completa a 280ºC (cerca de 60 Kgf/cm2).
15
Curiosamente, um dos compostos da hidrazina (o sulfato de hidrazina) é utilizado no tratamento de alguns
tipos de câncer, em dosagens controladas.
59
7.3.2.3 Outros Seqüestrantes de Oxigênio
60
• Tratamentos de Superfície: Têm por objetivo a formação de uma película
protetora sobre o metal, impedindo seu contato direto com o meio. Este
tratamento é muito importante durante a fabricação e montagem do
equipamento, evitando que o mesmo sofra um processo corrosivo antes mesmo
de entrar em operação.
61
corrigidos. Deve-se também evitar a lavagem de qualquer seção do lado fogo e as
infiltrações de água no equipamento.
São fenômenos que ocorrem com freqüência nos sistemas de geração, distribuição
e utilização de vapor. O condensado é uma água praticamente pura, com uma tendência
elevada de dissolver o material com o qual mantém contato. Além disso, os condensados
podem apresentar um caráter ácido devido à formação de ácido carbônico, originado da
decomposição térmica de íons carbonato e bicarbonato presentes na água da caldeira.
Nas equações seguintes é possível visualizar este processo:
O gás carbônico produzido por essa decomposição sai junto com o vapor e, na
condensação, dissolve-se formando ácido carbônico. Este se dissocia e forma íons H+,
responsáveis pelo abaixamento do pH e pela corrosão ácida encontrada nesses sistemas.
As reações são:
62
FIGURA 46: INTERIOR DE UMA LINHA DE RETORNO DE CONDENSADO QUE SOFREU PROCESSO
INTENSO DE CORROSÃO (PORT & HERRO, 1991)
Para evitar este problema, é feita uma dosagem de um produto alcalino volátil,
que tenha capacidade de vaporizar-se junto com o vapor de água e, no momento da
condensação deste, promover a neutralização do condensado resultante. Um dos
produtos usados é a amônia, na forma de solução aquosa de hidróxido de amônio
(NH4OH). No entanto, a amônia causa corrosão em cobre, impedindo sua utilização em
sistemas onde este metal ou alguma de suas ligas esteja presente. Além disso, a amônia
é muito volátil e tende a se acumular somente nas áreas mais frias do sistema, deixando
desprotegidos os pontos com temperatura mais elevada.
Para contornar este problema, o uso de aminas específicas, com diferentes
volatilidades, tem sido empregado com sucesso. Os principais produtos utilizados são:
morfolina, ciclohexilamina e dietilaminoetanol. Na tabela a seguir são indicados os
coeficientes de distribuição no líquido e vapor para alguns compostos.
63
Amônia --- 10,0 / 1,0 4,2 / 1,0
Ciclohexilamina 134 4,0 / 1,0 6,6 / 1,0
Dietilaminoethanol (DEAE) 163 1,7 / 1,0 3,8 / 1,0
Dimetilaminoetanol (DMAE) --- 1,0 / 1,0 1,9 / 1,0
Morfolina 128 0,4 / 1,0 1,3 / 1,0
Observação: Quanto maior for a razão de distribuição do composto, maior é sua volatilidade.
FIGURA 47: TUBO QUE RECEBEU TRATAMENTO COM AMINA FÍLMICA. OBSERVAR A REPULSÃO
EXERCIDA NAS GOTAS DE ÁGUA (KEMMER, 1988).
8- ARRASTES
64
podendo causar danos significativos nos mesmos (rupturas, desbalanceamentos,
etc.)
• Formação dos chamados golpes de aríete nas linhas de vapor, devido à formação
de um pistão de água na mesma e o deslocamento do mesmo a velocidades
razoavelmente elevadas. Vide figura na seqüência.
• Abrasão na tubulação, válvulas e acessórios da linha de vapor.
Concentração de Sólidos
Problemas Observados
Totais no Vapor (ppm)
0 a 0,01 Nenhum
16
Medição através de resíduo de evaporação. Coleta do vapor com funil apropriado, colocado diretamente na
linha de saída da caldeira, antes de qualquer acessório.
65
Alguns danos provocados por arrastes podem ser encontrados nas figuras
seguintes:
FIGURA 49: VÁLVULA DE REGULAGEM DE VAPOR DE UMA TURBINA COM DEPOSIÇAO DE SAIS
ORIGINADA DE ARRASTES.
66
FIGURA 51: ROTORES DE TURBINAS DANIFICADOS PELA PRESENÇA DE ÁGUA NAS LINHAS DE
VAPOR.
67
FIGURA 52: SEPARADORES DE GOTÍCULAS (CHEVRONS), MOSTRANDO SINAIS DE ARRASTE
(EQUIPAMENTO NO ALTO) E SEM EVIDÊNCIAS DO MESMO (BAIXO)
68
FIGURA 53: DEPOSIÇÃO DE SAIS NO PRIMEIRO ESTÁGIO DE UMA TURBINA A VAPOR,
PROVENIENTE DE ARRASTES.
69
Na tabela a seguir, apontamos resumidamente as causas e medidas corretivas
para cada tipo de arraste.
Tipo de
Causa Medida Corretiva
Arraste
Ajustar dosagem de soda cáustica,
mantendo pH e alcalinidade hidróxida
convenientes.
• Excesso de alcalinidade
Manter concentração de sólidos
hidróxida.
suspensos e sólidos totais dissolvidos
abaixo dos limites aceitáveis
• Excesso de sólidos
Evitar contaminações por orgânicos
Químico
suspensos.
(suco, óleos, açúcar, etc.), através de
constante monitoramento dos
• Excesso de sólidos
condensados e água de reposição. Em
dissolvidos.
caso de contaminação, isolar a causa e
aumentar as descargas da caldeira,
• Presença de contaminantes
para renovar a água.
orgânicos (óleos, graxas,
Em caldeiras com tendência ao arraste,
detergentes, açúcar, etc.)
fazer uso de um agente antiespumante.
Aumentar a dosagem em caso de
contaminação.
Reparos nas colméias e dispositivos do
• Danos no separador de
separador, de modo a evitar fluxos
vapor (chevrons).
preferenciais.
Evitar variações bruscas de consumo,
• Variações bruscas no
ocasionadas principalmente por
Mecânico
consumo de vapor.
partidas simultâneas ou rápidas de
equipamentos.
• Demanda de vapor superior
Equacionar demanda e produção de
à produção nominal do
vapor.
sistema.
Operar a caldeira no nível especificado
pelo fabricante. Verificar funcionamento
• Operação com nível elevado.
correto dos dispositivos de controle de
nível.
• Falha de projeto da caldeira.
Verificar projeto c/ fabricante.
70
às turbinas, causando desbalanceamento e podendo comprometer a integridade do
equipamento.
Para controlar este inconveniente, recomenda-se o uso de água desmineralizada
para alimentação de caldeiras que operam acima de 30 Kgf/cm2 e um correto regime de
descargas, de modo a limitar a concentração de sílica na caldeira abaixo dos valores
recomendados. Uma relação entre a concentração de sílica presente na água e no vapor
é encontrada na figura a seguir.
FIGURA 54: (ESQ.) RELAÇÃO ENTRE SÍLICA NO VAPOR E NA ÁGUA, EM DIFERENTES PRESSÕES.
DIREITA: CONCENTRAÇÃO MÁXIMA DE SÍLICA PERMITIDA NA ÁGUA DE MODO A
MANTER A CONCENTRAÇÃO ABAIXO DE 0,02 PPM NO VAPOR. FONTE: NALCO, 1997.
71
9- TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CALDEIRAS DE ALTA PRESSÃO
72
FIGURA 55: CURVA DE CONTROLE DO MÉTODO FOSFATO COORDENADO E CONGRUENTE.
73
9.2 - MÉTODO CONGRUENTE
Foi desenvolvido de modo a garantir que não haverá formação de hidroxilas livres
em condições de hideout. É bastante semelhante ao fosfato coordenado, porém a curva
limite situa-se abaixo da relação Na2,6PO4, mostrada na figura anterior. Os valores usuais
de concentração de fosfato na água com este tipo de tratamento situam-se entre 2 e 20
ppm de PO42-. As empresas que atuam na área costumam fornecer gráficos de controle,
tanto para o fosfato coordenado como para o congruente, em função da operação da
caldeira.
Surgiu como uma modificação dos tratamentos descritos, fazendo uso somente de
fosfato trissódico. O mecanismo proposto é deixar o sistema atingir seu próprio
equilíbrio, controlando-se a dosagem e mantendo-se na região pouco acima da linha do
fosfato coordenado (correspondente à concentração de fosfato trissódico mais 1,0 ppm
de NaOH).
Maiores detalhes sobre essa técnica podem ser encontrados em STODOLA &
SILBERT (1996).
74
10 - CONTROLE ANALÍTICO E OPERACIONAL DO TRATAMENTO
Cl − CALDEIRA
CC = −
Cl ALIMENTAÇÃO
17
Ainda não existe um consenso unificado, dentre as várias normas existentes, acerca das faixas de pressão e
respectiva classificação das caldeiras. No caso do Brasil, a NR-13 considera caldeira de alta pressão as unidades
enquadradas na categoria A, ou seja, pressão de trabalho acima de 19,99 Kgf/ cm2. Percebemos que a
legislação está desatualizada, já que existem no país caldeiras operando com pressões superiores a 100 Kgf/
cm2, e inúmeras delas operando com mais de 40 Kgf/ cm2. Adotamos o termo “Caldeira de alta Pressão” para
unidades operando com pressão igual ou acima de 40 Kgf/ cm2, média pressão entre 20 e 42 Kgf/ cm2 e de
baixa pressão os modelos com até 20 Kgf/ cm2.
75
TABELA 04: PARÂMETROS18 RECOMENDADOS PARA CONTROLE FÍSICO-QUÍMICO DE ÁGUAS DE
CALDEIRA
10,0 a 9,0 a
pH 10,5 a 11,5 9,5 a 10,5 8,5 a 9,8
11,0 10,0
Condutividade
< 4000 < 3000 < 2000 < 800 < 500 < 150 < 60
(µS/cm, 25ºC)
Alcalinidade
Total < 800 < 600 < 400 < 150 < 50 --- ---
(ppm CaCO3)
Alcalinidade
200 a 100 a Depende do Tratamento
Hidróxida 80 a 150
400 300 (normalmente nula)
(ppm CaCO3)
Sólidos Totais
Dissolvidos < 3500 < 2500 < 1800 < 1000 < 400 < 50 < 20
(ppm STD)
Dureza Total
< 2,0 < 1,0 ZERO
(ppm CaCO3)
Cloretos
< 400 < 300 < 150 < 80 < 30 < 10 < 2,0
(ppm CaCO3)
Sílica Solúvel
< 150 < 120 < 50 < 20 < 5,0 < 1,0 < 0,2
(ppm SiO2)
Ferro
<5 <3 <1 < 0,5 < 0,1 --- ---
(ppm Fe)
Sólidos
Suspensos < 300 < 150 < 50 <5 < 1,0 --- ---
(ppm SS)
Sulfito
30 a 50 20 a 40 10 a 30 Não Recomendado
(ppm SO32-)
Hidrazina
Não Recomendado 0,1 a 0,5 0,1 a 0,2 0,05 a 0,1
(ppmN2H4)
18
Os valores apresentados constituem médias e aproximações de várias referências, dados empíricos,
recomendações de fabricantes, normas estrangeiras e valores estipulados por empresas que atuam no setor de
tratamento de águas industriais. Assim, pode haver diferenças entre os valores aqui apresentados e os
praticados por uma empresa ou consultor em particular.
Para caldeiras de até 10 Kgf/cm2, os valores referem-se aos modelos fogotubulares. Demais valores são
relativos aos modelos aquatubulares.
As fontes de consulta para esta tabela foram:
BRITISH STANDARDS BS 2486 (1997); DEDINI (N/D); MEPPAM (N/D); AQUATEC (N/D); BUCKMAN (1997);
NALCO (1962); KURITA (2001), ASME (1979).
76
• Para caldeiras de baixas e médias pressões, o teor de alcalinidade hidróxida deve
ser, no mínimo, 2,5 vezes o valor da concentração de sílica solúvel, a fim de
mantê-la dispersa.
• Consideramos o limite de dureza usado para tratamento fosfato. Alguns
tratamentos disperso-solubilizantes toleram dureza de até 50-70 ppm para
caldeiras de baixa pressão, porém o ideal é que esteja o mais próximo possível de
zero.
77
11 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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& Wilcox Company. 2005.
GENTIL, V.: CORROSÃO. 4ª Ed. Rio de Janeiro. Livros Técnicos e Científicos Editora.
2003.
KEMMER, F.N. (ed).: THE NALCO WATER HANDBOOK. 2 ed. Nalco Chemical Company.
New York, Mc. Graw Hill. 1988.
78
KERN, D. Q.: PROCESSOS DE TRANSMISSÃO DE CALOR. Trad: A. M. Luiz. Rio de Janeiro.
Editora Guanabara. 1987.
LYBERG, M.D. (ed.): SOURCE BOOK FOR ENERGY AUDITORS. VOL. I. – Energy
Conservation in Buildings and Community Systems Programme. Stockholm. IEA -
International Energy Agency. 1987.
NALCO: CONDITIONING WATER FOR BOILERS. Chicago. Nalco Chemical Company. 1962.
PETERS, C. R.: INTERNAL WATER TREATMENT FOR INDUSTRIAL BOILERS. Analyst Winter
2001. AWT – Association of Water Technologies. 2001.
PORT, R.D; HERRO, H.M.: THE NALCO GUIDE TO BOILER FAILURE ANALYSIS. New York.
Mc Graw Hill. 1991.
ROBERGE, P. R.: HANDBOOK OF CORROSION ENGINEERING. New York. Mc. Graw Hill,
1999.
ROHM AND HAAS: ACUMER® WATER TREATMENT POLYMERS. Philadelfia. Rohm and Haas
Company. 1997a.
ROHM AND HAAS: ACUMER® 1000, 1020, 1100, 1110 SCALE INHIBITORS. Technical
Bulletin. Philadelfia. Rohm and Haas Company. 1997b.
ROHM AND HAAS: ACUMER® 5000: MULTIPOLYMER FOR SILICA AND MAGNESIUM
SILICATE SCALE CONTROL. Technical Bulletin. Philadelfia. Rohm and Haas Company.
1997c.
79
STODOLA, J.; SILBERT, M. D.: ENHANCED PHOSPHATE TREATMENT FOR DRUM-
RECIRCULATING BOILERS. 1st. Global Internet Corrosion Conference. Denver. 1996.
http://www.corrosionsource.com/events/intercorr/techsess/papers/session3/abstracts/silbert.html
UAI: BOILER WATER TREATMENT PRINCIPLES – PART I. Reading – PA. UAI Associates
Inc.. N/D.
U.S. ARMY: BOILER WATER TREATMENT – LESSONS LEARNED. Washington DC. Public
Works Technical Bulletin 420-49-21. US Army Corp of Engineers - Installation
Support Division. 1999.
80