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Hoje ingressas nas fileiras da Franco-Maçonaria, tornando-te membro desta Ordem tão
antiga e sobre a qual muito o mundo profano fala, com misto de respeito, preconceito e mistério.
Neste momento os Obreiros da Aug.'. e Resp.'. Loj.'. Simb.'. Mist.'. Fraternidade e Paz Nº 4 dão-te
as boas-vindas à nossa Oficina, representados pela pessoa de seu Venerável Mestre.
Começas agora uma nova vida, como Aprendiz Maçom, gestado que fostes dentro da
Tumba, Ovo ou Útero que é a Câmara de Reflexões, durante a Iniciação ao Grau de Aprendiz.
Como dizem os Evangelhos, “Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na
terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.” (João 12:24). Deixastes para trás tua
vida mundana, para a qual morrestes, para renascer um novo homem comprometido com os
elevados ideais éticos da Maçonaria Universal.
Teu caminho dentro de nossa Ordem é longo e deve ser pautado pela Vontade e Sigilo, como
diz o lema: “Saber, querer, ousar e calar”. Terás ao teu lado o Venerável Mestre, responsável que é
pela Instrução de todos os Obreiros da Loja, assim como a orientação do Irmão 2º Vigilante,
responsável pela Instrução dos Aprendizes. Ao Irmão 2º Vigilante deverás reportar-te em caso de
qualquer dúvida e a ele, quando findo o tempo de estudo como Aprendiz Maçom, deverás solicitar
aumento de salário. Teus três anos de idade representam a tua inexperiência na nossa Augusta
Ordem, assim como o tempo simbólico que deves esperar para pedir aumento de salário. Ao
Aprendiz não é dado o direito da fala, pois ele humildemente deve primeiro estudar e prepara-se
para sua Exaltação ao Grau de Mestre Maçom, quando então terá plenamente desenvolvido o poder
do Verbo.
Percebe querido Irmão que a escolha do nome de nossa Oficina, Fraternidade e Paz, já
encerra para ti a primeira Instrução, qual seja, a busca pela fraternidade dentro de nossa Egrégora, o
trabalho caritativo e a luta pela paz para a humanidade, a Glória do Grande Arquiteto do Universo.
Este livro, de uso exclusivo dos membros de nossa Oficina, pretende ser um manual de
consulta e será fonte de conhecimento e instrução para ti nesta tua caminhada como Aprendiz
Maçom. Estuda-o com vigor, afinco e dedicação. Tenha em mente sempre o lema maior de nossa
Ordem: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. Trabalhamos pela liberdade e pela igualdade de
direitos de todos os homens, buscando a justiça social, para construir uma Grande Fraternidade
Universal.
Ven.'. Mestr.'.
Aug.'. e Resp.'. Loj.'. Simb.'. Mist.'. Fraternidade e Paz Nº 4
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 11
GLOSSÁRIO DE ABREVIATURAS MAÇÔNICAS.......................................................... 13
O QUE É A MAÇONARIA?................................................................................................... 15
UMA PROPOSTA DE INSTRUÇÃO MAÇÔNICA............................................................ 18
MOVIMENTAÇÃO E POSTURA EM LOJA...................................................................... 19
BATERIA, ACLAMAÇÃO, TOQUE E PALAVRA............................................................. 20
TROLHAMENTO................................................................................................................... 21
TERMINOLOGIA MAÇÔNICA........................................................................................... 22
HISTÓRIA, LEGISLAÇÃO E ÉTICA MAÇÔNICA.............................................. 23
HISTÓRIA DA FRANCO-MAÇONARIA............................................................................ 25
O ORDENAMENTO LEGAL MAÇÔNICO - ÉTICA E MORAL.................................... 29
AS VIRTUDES MORAIS....................................................................................................... 31
A MAÇONARIA MISTA NO RIO GRANDE DO SUL....................................................... 32
SIMBÓLICA MAÇÔNICA............................................................................................... 35
SÍMBOLO, ALEGORIA E SIMBOLISMO.......................................................................... 37
A INICIAÇÃO......................................................................................................................... 38
A CÂMARA DE REFLEXÕES.............................................................................................. 40
AS VIAGENS DO APRENDIZ.............................................................................................. 42
O SINAL DE APRENDIZ....................................................................................................... 46
AS FERRAMENTAS DO APRENDIZ.................................................................................. 47
O AVENTAL DO APRENDIZ................................................................................................ 49
O DELTA LUMINOSO........................................................................................................... 50
OS CARGOS EM LOJA......................................................................................................... 52
OS TRÊS PILARES................................................................................................................ 54
A CORDA DE 81 NÓS............................................................................................................ 55
O PAINEL DO GRAU DE APRENDIZ................................................................................. 57
GEOMETRIA SAGRADA..................................................................................................... 58
O SIGNIFICADO DO TEMPLO MAÇÔNICO................................................................... 60
A CABALA JUDAICA............................................................................................................ 63
LEITURA COMPLEMENTAR....................................................................................... 67
A TÁBUA DE ESMERALDA................................................................................................. 69
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
O DISCURSO DE PIMANDRO............................................................................................. 70
DUAS ORAÇÕES PARA ALQUIMISTAS........................................................................... 74
LEITURAS RECOMENDADAS........................................................................................... 75
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
INTRODUÇÃO
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
Ofic.'. - Oficina
OObr.'. - Obreiros
Or.'. - Oriente; Ordem; Orador
Orad.'. - Orador
Pal.'. de P.'. - Palavra de Passe
Pal.'. S.'. - Palavra Sagrada
Pran.'. Tr.'. - Prancha Traçada
S.'.F.'.B.'. - Sabedoria, Força, Beleza
S.'.F.'.U.'. - Saúde, Força, União
Sac.'. de PProp.'. e IInform.'. - Saco de Propostas e Informações
Sec.'. - Secretário
Secr.'. - Secretário
T.'. A.'. - Três Anos
T.'. e P.'. - Toque e Palavra
T.'.F.'.A.'. - Tríplice e Fraternal Abraço
Temp.'. - Templo
Tes.'. - Tesoureiro
Tr.'. de Ben.'. - Tronco de Beneficiência
Tr.'. de Solid.'. - Tronco de Solidariedade
Tr.'. e Frat.'. Abr.'. - Tríplice e Fraternal Abraço
Trab.'. - Trabalho
TTrab.'. - Trabalhos
V.'.S.'.P.'.T.'.V.'.T.'. - Vos Saúda Por Três Vezes Três
Ven.'. - Venerável
Ven.'. Mestr.'. - Venerável Mestre
Vig.'. - Vigilante
V.'.L.'. - Ano da Verdadeira Luz
VVig.'. - Vigilantes
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
O QUE É A MAÇONARIA?
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
razão. O Maçom luta contra a ignorância e a cegueira e rejeita o fanatismo estéril que a tudo destrói.
Ele conhece suas potencialidades e seus defeitos. Conhece-se profundamente, seguindo a máxima
inscrita por Sócrates no Templo de Delfos: “NOSCE TE IPSUM” (“Conhece-te a ti mesmo”). Ao
conhecer-se a si mesmo, o Homem, liberto das amarras da vaidade e do egoísmo, compreende o
Mundo, a Natureza e a função de todas as coisas, pois o Mundo é o reflexo do Homem. Este é o
verdadeiro Mestr.'. M.'., pleno de sabedoria e compreendendo os aspectos mais profundos da
criação, onde encontra Deus, o G.'.A.'.D.'.U.'.
A Maçonaria possui um terrível segredo, divino em sua origem, desconhecido pelos
profanos e perdido pelos que se dizem maçons. O Segredo Maçônico jaz oculto no interior do
próprio Homem. Ele não é um segredo tangível ou material, mas sim espiritual, iniciático e
construtivo. O Segredo Maçônico é a chave para decodificar o Universo e compreender a existência
humana. Um Segredo incomunicável por palavras, mas que foi objeto de busca por inúmeras
escolas de mistério da antiguidade, e que segue sendo o Santo Graal da Maçonaria Universal. Uma
vez que o maçom compreenda que ele próprio é a chave que decodifica todos os símbolos, percebe
que deve preparar-se para esta “revelação” dos símbolos. Assim, o maçom dedica-se à “arte de
construir”. Como dizem as escrituras: “A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra
angular. ” (Salmos 118:22). Mas o que o maçom constrói não é outra coisa senão ele próprio,
tomando a matéria prima impura e tornando-a pura e adequada a essa construção.
Segundo o grande Maçom e Rosacruz Jorge Adoum (Mago Jefa): “Nenhum ser tem o direito
de chamar-se de 'Maçom' porque ser maçom é ser Super-Homem iluminado, que segue o caminho
da Verdade e da Virtude, fazendo delas carne de sua carne, sangue de seu sangue, vida de sua vida.”
Segue o grande escritor Maçom: “O grande objetivo da Maçonaria é o despertar do poder latente
que se acha em cada ser, e converter o homem em Deus consciente de sua divindade sem limitações
e dúvidas. O Maçom tem que trabalhar inteligentemente para o bem dos demais. Seu esforço tem
que ser dedicado ao progresso universal. Deve ajudar o Grande Arquiteto do Universo em sua
Obra.”
Ninguém conseguiu melhor que Fernando Pessoa definir o Segredo Maçônico em versos:
É um segredo de vida
e não de ritual
e do que se lhe relaciona.
Os Graus Maçônicos comunicam àqueles que os recebem,
sabendo como recebe-los,
um certo espírito,
uma certa aceleração da vida
do entendimento
e da intuição,
que atua como uma espécie
de chave mágica dos próprios símbolos,
e dos símbolos
e rituais não maçônicos,
e da própria vida.
É um espírito,
um sopro posto na Alma,
e, por conseguinte,
pela sua natureza,
...incomunicável.”
A Maçonaria tem uma história profana e outra secreta, ou seja, um aspecto exterior e outro
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
interior. O aspecto exterior é para os profanos, o interior para os Verdadeiros INICIADOS que estão
capacitados a recebe-lo. A Maçonaria Mística (de misto, secreto ou mudo, mas também significando
sagrado) é essencialmente iniciática e cujo segredo não pode ser transmitido por palavras. A
PALAVRA PERDIDA é buscada pela humanidade desde os mais antigos tempos, e ela significa a
queda espiritual do Homem, representada na alegoria bíblica da expulsão de Adão e Eva do Paraíso.
A Palavra Perdida só pode ser reencontrada no mais profundo âmago do Homem, por isso ela não
pode ser dita ou transmitida. Sua mais próxima descrição é a PAZ INTERIOR.
A busca pela Palavra Perdida foi obra que envolveu todas as Escolas de Mistério e
Instituições Secretas do passado: China; Índia; Egito; Caldéia; Grécia (Escola Pitagórica e
Platônica); Cabala Judaica; Alquimia Medieval; Hermetismo Islâmico; Rosacrucianismo; e,
finalmente, a Maçonaria Oculta ou Mística.
O objetivo da Maçonaria é resgatar o Homem de seu estado caído, e leva-lo novamente ao
seu estado divino original, como diz a máxima maçônica: “O HOMEM É MUITO MAIS UM
DEUS CONVALESCENTE QUE UM BRUTO EM ASCENÇÃO”.
Segundo Jorge Adoum: “A Verdadeira Maçonaria e sua história respondem à pergunta que
preocupa a mente de todo ser que vem ao mundo, a que é a seguinte: ' De onde viemos?' … Do
NADA NÃO VEM NADA; e como eu existo? Logo, EU SOU eterno ... Então a história da
Maçonaria está no que diz São Paulo: 'Nele vivemos, nos movemos e temos o ser'. E no que diz
Maomé: 'Dele viemos e a Ele temos que voltar'. Ou no que diz Jesus: 'Vós estais em mim, eu em
vós e todos no Pai' … De onde viemos? De Deus, Onde Estamos? Em Deus. Aonde vamos? A
Deus.”
Como afirmou o Grande Sábio da Galiléia, sobre a Verdade que se oculta dentro de nosso
âmago: “EU SOU é o Caminho, a Verdade e a Vida.”
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
Uma instrução não deve condicionar, mas sim ser a base para questionamentos e a busca de
respostas, e oferecer os elementos que cada um seguirá segundo sua vocação e capacidades. A
Maçonaria não possui dogmas, deixando ao buscador a tarefa de fazer-se as perguntas certas e
procurar as respostas, tarefa na qual será orientado pelos IIrm.'. mais experientes. De acordo com
Huberto Rohden: “Ninguém pode educar alguém. Alguém só pode educar-se a si mesmo. A
verdadeira educação é essencialmente intransitiva, ou reflexiva, subjetiva.”
A Tradição da Maçonaria nos apresenta a alegoria fundamental do Gr.'. de Apr.'. M.'., qual
seja, que devemos TALHAR A PEDRA BRUTA, para edificar o Templo que somos nós mesmos
(veja Figura na página 45). Ao Apr.'. foi dada a LUZ, pois vivia nas trevas e não sabia. Recuperada
a visão espiritual na INICIAÇÃO, que é interna e pessoal, deve o Apr.'. trabalhar na Ofic.'.
A.'.G.'.D.'.G.'.A.'.D.'.U.'. e em favor de toda a humanidade.
A Instr.'. do Apr.'. M.'. deve cobrir quatro dimensões, quais sejam:
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
A postura corporal em Loja deve ser desenvolvida pelo Apr.'. Quando em pé, estando em
Ordem, deve o Maçom manter-se em perfeito alinhamento com as pernas retas e juntas e as costas
na vertical. Fica-se “em Ordem”, respondendo ao chamado do Ven.'. Mestr.'., “de pé e à Ordem
meus IIrm.'.” ou “a mim, meus IIrm.'.”, com a mão direita sobre a garganta e o braço direito na
horizontal, em perfeito esquadro com o corpo, a mão com o polegar afastado fazendo esquadro com
os outros dedos que ficam juntos, palma da mão para baixo, com o polegar apontado para a
garganta, o braço esquerdo solto ao lado do corpo. Os pés devem estar em esquadro, com os
calcanhares juntos. Descarrega-se o sinal movendo a mão direita até o ombro direito e baixando-se
em paralelo ao corpo até que a mão esteja solta no lado direito do corpo.
A postura sentada também deve ser objeto de atenção do Apr.'.:
a) Sentar-se usando o encosto da cadeira, para manter vertical a coluna vertebral (A Col.'. do Temp.'.
Humano);
b) Deixar cair naturalmente os ombros, mantendo os braços ao longo do corpo;
c) Colocar os antebraços e as mãos abertas (palmas para baixo) sobre os joelhos (não cruzar as
pernas!).
Para pedir a palavra, estando a palavra a disposição – Palavra ao Bem da Ordem (seguindo
o protocolo, primeiro no Norte, depois no Sul e finalmente no Or.'.), deve-se solicitar a palavra ao
Ven.'. Mestr.'., batendo com a mão direita no braço esquerdo, levantando, em seguida, o braço
direito a frente do corpo na horizontal. Depois de receber a palavra, em pé, inicia a fala com: “Ven.'.
Mestr.'. (faz o sinal), Irm.'. 1º Vig.'. (faz o sinal), Irm.'. 2º Vig.'. (faz o sinal), Caríssimos e Caros
IIrm.'. (faz o sinal)”. Dirigindo-se ao Ven.'. Mestr.'. diz-se: “Peço permissão para ficar a vontade
(após a permissão, desfaz o sinal e fala)”. Ao final da fala, encerra-se com: “Não tenho nada mais
a declarar (faz sinal e senta)” ou “foram cumpridas Vossas ordens” quando for o caso de estar-se
dirigindo ao Ven.'. Mestr.'. Ao Apr.'. M.'. é vedado fazer uso da palavra, quando da Palavra ao Bem
da Ordem, sendo isso permitido apenas aos MM.'. MM.'. O Apr.'. só fará uso da palavra na
apresentação de Peças de Arquitetura, quando então deverá ficar entre CCol.'.
Na marcha ritual de Apr.'., deve o Apr.'. M.'. esforçar-se por seguir as orientações que
serão dadas pelo Irm.'. 2º Vig.'., que corrigirá sua postura e a forma como deve ser corretamente
feita a marcha. A marcha do Apr.'. é feita com o pé esquerdo a frente, formando um esquadro com o
direito que fica atrás, arrasta para a frente o pé esquerdo, depois arrasta para junto dele o direito.
Este passo deve ser repetido três vezes.
Estando a Loja em sessão, até o encerramento da mesma, os únicos com permissão para
movimentarem-se em Loja são o Mestr.'. de CCer.'., os Diáconos e o Hospitaleiro, que o fazem
sempre circundando o Ocidente em sentido horário. Sempre que necessário a um Cargo da Loja
movimentar-se em sessão, deve faze-lo acompanhado pelo Mestr.'. de CCer.'. Na Entrada
Ritualística e no Cortejo de Saída devem ser observados o protocolo e a ordem com que as Luzes,
Dignitários e Oficiais entram e saem, sendo os AApr.'. MM.'. sempre os primeiros a entrar e os
últimos a sair, a exceção do G.'. do T.'.
Cobrir o Templo é protegê-lo de tal forma que pessoas que estão fora não saibam o que está
ocorrendo dentro dele. Eventualmente será solicitado aos AApr.'. que cubram o Templo,
significando que os AApr.'. devem retirar-se da sessão, por exemplo, quando em Loja de
Companheiro ou Loja de Mestre. O responsável pela cobertura do Templo é o Cob.'. Ext.'.
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
Em resposta ao chamado do Ven.'. Mestr.'., “a mim meus IIrm.'., pelo Sinal, pela Bateria e
pela Aclamação”, os membros da Loja devem executar o Sinal, a Bateria e a Aclamação. A Bateria
do G.'. de Apr.'. é feita com três palmas ou pancadas de igual duração, (!!!). A Aclamação usual,
usada no Rito Escocês Antigo e Aceito, é feita entoando-se, com voz forte, “Huzzé, Huzzé, Huzzé”,
mantendo a mão direita sobre a garganta, com o polegar afastado formando um esquadro com os
outros dedos, e o braço direito na horizontal em esquadro com o corpo, como no sinal de Apr.'.
Segundo alguns estudiosos, “Huzzé”, palavra originada do árabe, Huzza, significando “Viva”, é uma
antiga saudação que era dirigida ao Rei da Inglaterra e da França. No Rito Francês ou Moderno é
usada a Aclamação “Vivat, Vivat, Semper Vivat”. Considera-se que a Aclamação é direcionada ao
G.'.A.'.D.'.U.'. para render-Lhe graças. Em uma visão mística, “Huzzé” é um espécie de mantra, que
deve ser direcionado no sentido do bem.
Os maçons se reconhecem mutuamente usando Sinais, Toques e Palavras. Quando em Loja,
o Toque de Apr.'. deve ser feito tomando-se reciprocamente a mão direita e aplicam-se, com o uso
do D.'. Pol.'., o Tr.'. T.'. sobre a falange do D.'. Ind.'. do interlocutor.
O reconhecimento mútuo entre maçons completa-se fornecendo-se a Pal.'. S.'. do Gr.'. de
Apr.'. M.'., B.'. Esta palavra significa simbolicamente força. A Pal.'. S.'. de Apr.'. deve ser
transmitida silabada, no ouvido esquerdo, pois o Apr.'. ainda não sabe ler e escrever.
O fato dos maçons reconhecerem-se usando Sinal, Toque e Palavra de Apr.'. denota
humildade e afirma que todos somos aprendizes, independente do Gr.'. em que estivermos.
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
TROLHAMENTO
P: Sois Maçom?
R: M.'.I.'.C.'.T.'.M.'.R.'.
P: De onde vindes?
R: De uma Loja de São João justa e perfeita.
P: Que trazeis?
R: Amizade, paz e prosperidade a todos os irmãos.
P: Que desejais?
R: Um lugar entre vos
Este vos é concedido, Irm.'. Mestr.'. de CCer.'., conduzi o(s) irmão(ãos) ao(s) lugar(es) que lhe(s)
compete(m).
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
TERMINOLOGIA MAÇÔNICA
Alfaias – São os adornos, joias e distintivos da Oficina que, nos Ritos e nas cerimônias,
servem para caracterizar virtudes, dignidades e funções.
Altos-Graus – São os graus acima do 3º grau simbólico da Maçonaria.
Aumento de Salário – É a promoção de grau que é concedida ao Irmão por antiguidade,
serviço ou talento.
Avental Maçônico – Peça de vestuário obrigatória para participar de sessão.
Balandrau – Uma túnica preta que é a vestimenta usada em Loja. Ela tem uma função de
implantar a igualdade em Loja, já que serão iguais o rico e o pobre, o homem e a mulher.
Franco-Maçonaria - Associação de Pedreiros Livres.
Grande Arquiteto do Universo – Refere-se ao Criador do mundo material, independente de
religião ou crença pessoal.
Grande Loja – Confederação composta de, no mínimo, três Lojas, que adotam o mesmo
Rito Maçônico.
Grande Oriente – Confederação composta de, no mínimo, três Lojas, podendo adotar mais
de um Rito Maçônico.
Grão Mestre – O chefe máximo de uma Obediência Maçônica ou Grande Loja.
Graus Simbólicos – São os primeiros três graus, os graus de uma Loja Simbólica: Aprendiz;
Companheiro; e Mestre.
Loja – Expressão que tem sua origem no inglês Lodge ou do Francês Loge, denotando
“cabana”, designando o prédio onde os pedreiros medievais reuniam-se para discussões e instruções
aos aprendizes. A Loja também pode ser denominada de “Oficina”. A expressão “Loja” pode tanto
denotar o local onde a Egrégora reúne-se, o Templo, quanto a própria Egrégora. Para que uma Loja
seja justa ela deve ter três Mestres Maçons, e para que seja perfeita deve ter sete.
Loja Simbólica ou Loja Azul - Desenvolve trabalhos nos graus simbólicos: Aprendiz;
Companheiro e Mestre. Também chamada de “maçonaria azul” ou “Loja de São João”.
Loja Filosófica - Desenvolve seus trabalhos nos Altos-Graus ou graus filosóficos,
usualmente do 4º ao 33º no Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA).
Luzes – As Luzes do Templo são o Venerável Mestre, o 1º Vigilante e o 2º Vigilante, que são
as autoridades na condução dos trabalhos. As três Luzes Emblemáticas da Maçonaria são o Livro da
Lei, o Compasso e o Esquadro.
Neófito – É o candidato que recém foi Iniciado e está recebendo suas primeiras IInstr.'.
Assim, o profano apresenta-se na Loja para a sua Iniciação como candidato e torna-se, ao final dela
um Neófito.
Obediência Maçônica - Federação de Lojas trabalhando os três primeiros graus - “corpo”
maçônico.
Ordem Maçônica - Constituída pelos Altos-Graus - “alma” maçônica.
Potência Maçônica – Organismo maçônico de caráter nacional, reconhecido e regular, que
congrega diversas Lojas. Consulte Grande Loja e Grande Oriente.
Rito - Conjunto de rituais que abrangem todos os eventos da vida maçônica. É um conjunto
sistemático de cerimônias e ensinamentos. Alguns dos principais Ritos usados na Maçonaria são:
Rito Escocês Antigo e Aceito; Rito Francês ou Moderno; Rito de York; Rito Adonhiramita; Rito de
Memphis-Misraim; Rito de Schröeder; etc. - “espírito” maçônico.
Supremo Conselho – Instituição Maçônica que congrega Lojas Filosóficas e regula a
outorga dos Altos Graus (graus filosóficos).
Venerável Mestre – Mestre Maçom que preside uma Loja Maçônica, eleito por seus pares.
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
HISTÓRIA DA FRANCO-MAÇONARIA
Ninguém sabe com certeza quando e como a Maçonaria foi formada. O mais antigo
documento que faz referência aos maçons é o manuscrito de Regius, impresso ao redor de 1390.
Existe algum consenso entre os estudiosos que ela surgiu a partir das guildas de pedreiros da Idade
Média que construíram as grandes catedrais e castelos medievais. Essas guildas ou corporações
tinham por objetivo defender os interesses econômicos e profissionais dos trabalhadores que dela
faziam parte. Essas organizações estabeleciam tratados em comum, embora suas diferenças
profissionais e geográficas.
Esses trabalhadores organizavam-se em “lojas” (em inglês “lodge”, que significa “cabana”)
que eram espaços onde podiam fazer suas reuniões. Evidências históricas sugerem que estas
oficinas antigas possuíam algum tipo de ritualística, mas não existem documentos históricos que
descrevam esses rituais. Alguns autores acreditam que os graus iniciais da Maçonaria (Aprendiz,
Companheiro e Mestre) sejam herdados das guildas medievais.
Segundo os estudiosos, as guildas operativas passaram, em algum momento, a aceitar a
admissão de membros não operativos ou especulativos, que acabaram desenvolvendo os ideais
morais e espirituais que caracterizam a Ordem, transformando-a em uma fraternidade liberal,
iniciática e simbólica. Esses novos membros ficaram conhecidos como “maçons aceitos”. Este fato
marca a passagem da Maçonaria Operativa para a fase Especulativa.
A Maçonaria sofreu influências diversas, uma das maiores delas dos Rosacruzes, cuja
Fraternidade foi fundada na Alemanha em 1604, tendo sido publicado seu primeiro Manifesto, o
Fama Fraternitatis, em 1614. Anteriormente, com a Ordem dos Templários tendo sido proscrita e
perseguida pela Igreja, muitos Cavaleiros Templários procuraram filiação na Maçonaria, trazendo
com eles seus ideais de Cavalaria. Mas a maioria dos estudiosos concorda que a grande influência
na Maçonaria veio do misticismo judaico, a Cabala. Segundo Leadbeater: “A tradição dos Mistérios
Judaicos é a que tem exercido maior influência em nossa Ordem, e por isso a maioria de nossas
cerimônias e s.'.s.'. se reveste agora de uma forma judaica.”
Entre os mais antigos manuscritos e documentos maçônicos (Old Charges) descrevendo os
deveres do Maçom, legislação maçônica e ritualística, podemos citar: As Constituições de York, de
926; o Poema de Regius, cujos primeiros exemplares circularam já no séc. 13; o Manuscrito de
Cooke, supostamente de 1490; o Manuscrito de Edinburgh Register House de 1696, um dos raros
documentos antigos descrevendo ritualística maçônica; e a Constituição de Anderson de 1723.
Em 1717, quatro lojas em Londres formaram a primeira Grande Loja da Inglaterra, evento
que marca o surgimento da Franco-Maçonaria moderna (Associação de Pedreiros Livres). Pouco
tempo depois, a Igreja condena a Maçonaria, iniciando a perseguição aos maçons, muitos dos quais
foram torturados e queimados nas fogueiras da Inquisição, o que exigiu que a Maçonaria passasse a
atuar em segredo.
Em 1751 surge uma Grande Loja rival em Londres, originalmente formada por maçons
irlandeses que afirmavam que a Grande Loja original havia feito inovações inaceitáveis na
Maçonaria. Eles chamaram a primeira Grande Loja de “os modernos” e chamaram a si próprios de
“os antigos”. As duas Grandes Lojas existiram concomitantemente por 63 anos, sem jamais
reconhecerem-se mutuamente. Finalmente, após quatro anos de negociações, as duas Grandes Lojas
da Inglaterra uniram-se em 1813 formando a Grande Loja Unida da Inglaterra.
A Franco-Maçonaria estabelece-se na França em 1725. A mais antiga obediência maçônica
no mundo é o Grande Oriente de França, fundado em 1728 e que se caracteriza por ser liberal e
adogmático. Foi exatamente a Maçonaria francesa a que mais influência teve na Maçonaria
brasileira. A França foi, nos séculos 18 e 19, o principal palco do esoterismo no mundo, com o
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
O REAA possui 33 graus, sendo os três primeiros os Graus Simbólicos, e os graus de 4º até
33º os Graus Filosóficos:
O REAA é dividido em seções, que são apresentadas a seguir com suas cores:
O Rito Francês surgiu após 1730, de uma forma não organizada, e a partir de 1755
começaram os esforços para a elaboração de um rito organizado. O Rito Francês foi finalmente
anunciado em Paris no ano de 1761 e proclamado em 1773 pelo Grande Oriente de França. O Rito
Francês compunha-se inicialmente apenas dos primeiros três graus, os graus simbólicos. No
entanto, o grande interesse pelos graus mais elevados, os graus filosóficos, provocou uma
proliferação de ritos. Preocupado com esta situação, o Grande Oriente de França buscou uma forma
de harmonizar e padronizar as diferentes doutrinas que vicejavam desordenadamente, influenciadas
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
pelos mais variados misticismos e esoterismos, particularmente o Rosacruz. Assim, em 1786 surgia
o Rito Francês de sete graus. Preocupado com a disseminação das mais variadas práticas
ritualísticas, é publicado o “Le Régulateur du Maçon” em 1801, que normatiza o rito.
O rito mais difundido nos EUA é o Rito de York, fundado em 1797. Ele é o mais teísta dos
ritos maçônicos, sendo muito identificado com o protestantismo.
Até 1801, os ritos de Memphis e Misraim, a chamada Maçonaria Egípcia, desenvolveram-se
de forma independente. Em 1881, o herói dos dois mundos, Giuseppe Garibaldi, tornou-se o Grande
Hierofante de ambos os ritos. Finalmente, em 1890, diversas Lojas dos ritos de Memphis e Misraim
uniram-se fundando o Rito de Memphis-Misraim, um dos ritos mais esotéricos e ocultos da
Maçonaria.
Os diversos ritos possuem diferentes Altos-Graus, como é o caso do Rito Francês, que
possui apenas sete graus, mais a Quinta Ordem com os graus 8º e 9º, e o Rito de Memphis-Misraim
que possui 96 graus mais três graus administrativos. No entanto, existe um sistema de equivalências
de graus, de forma que o 96º de Memphis-Misraim e o 9º do Francês equivalem ao 33º do REAA.
Em todos os ritos, os primeiros três graus (1º-3º) são os mesmos, os Graus Simbólicos: Aprendiz,
Companheiro e Mestre.
A Maçonaria tem desenvolvido ao longo de sua história a fraternidade universal, um ênfase
no estudo pessoal, auto-aprimoramento e uma melhoria da sociedade por meio de envolvimento em
atividades filantrópicas, e disso resultou a fundação de diversas instituições paramaçônicas
dedicadas à filantropia, como é o caso do Rotary. A Maçonaria foi um veiculo que difundiu os
ideais do Iluminismo de Liberdade, Igualdade e Fraternidade, defendendo a razão, a dignidade
humana e a liberdade individual.
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AS VIRTUDES MORAIS
Um maçom deve ter sua vida pautada pelas virtudes mais elevadas: Generosidade,
desprendimento, prudência, temperança, justiça, paciência, serenidade, caridade, humildade, etc. O
Homem foi criado para fazer o bem, como diz Jolivet: “um bem excelente entre todos é a ordem
moral em virtude da qual todo ser dotado de razão é submetido ao seu Autor cuja perfeição suprema
ele reconhece e procura imitar, na medida de sua natureza e de suas possibilidades.”
O mundo material, mundo sensível ou mundo fenomênico, é o palco da existência, o mundo
da dualidade, a arena das paixões humanas. Sendo dual ou plural, submete à consciência humana a
possibilidade da escolha entre diversas opções, pois ao Homem foi dado o livre-arbítrio, que é a
origem do bem e do mal. Neste palco, o Maçom deve esforçar-se por ter uma vida reta. A retidão
tem como representação maçônica o Esquadro.
Deve o maçom cultivar as virtudes como o jardineiro que diariamente poda, aduba, rega e
prepara seus cultivos. Cada ato da vida do maçom deve refletir a sua inabalável intenção de ser
melhor a cada dia. Vivemos imersos em Deus, o que significa que cada ato, por mais simples que
seja, deve ser feito em sintonia com nossa natureza divina. Este trabalho sobre si próprio está
representado pela alegoria do Apr.'. M.'., ou seja, TALHAR A PEDRA BRUTA.
O Maçom deve saber agir com sabedoria e prudência. A prudência (conhecimento ou
sabedoria) é a sabedoria para reconhecer o bem e o bom, assim como os justos meios de atingi-lo.
Sobre a prudência, Thomas de Kempis, em Imitação de Cristo, afirma que “Não se há de dar crédito
a toda palavra nem a qualquer impressão, mas cautelosa e naturalmente se deve, diante de Deus,
ponderar as coisas ... Grande sabedoria é não ser precipitado nas ações, nem aferrado
obstinadamente à sua própria opinião ... Quanto mais humilde for cada um em si e mais sujeito a
Deus, tanto mais prudente será e calmo em tudo.” O Cinzel é a representação maçônica da
prudência, pois o cinzel direciona inteligentemente a força do malho na Pedra Bruta, de forma a
controlar o trabalho do Maçom.
O Maçom deve ser sempre justo. A justiça é a vontade de fornecer aos outros o que lhes é
devido. A justiça importa em igualdade e humildade. A humildade é a virtude que reflete a pureza
do coração que se submete aos desígnios de Deus, considerando todos os homens como iguais
perante o Criador.
Para efetuar seu trabalho, o Maçom deve possuir o dom da fortaleza. A fortaleza (ou força) é
a firmeza de atitude nas dificuldades. A fortaleza é derivada da VONTADE, a ferramenta do mago,
aquele que domina os elementos e a sua própria natureza. Sua representação maçônica é o malho,
que aplica os golpes sobre o cinzel.
Finalmente, o Maçom deve ser moderado. A temperança (ou moderação) é o domínio da
vontade sobre os instintos, a busca do equilíbrio. Temperança significa aplicar a vontade para
equilibrar as tendências opostas que habitam a natureza humana. Seu símbolo maçônico é o Nível,
por seu significado de igualdade e equilíbrio.
Cabe ao maçom seguir o conselho do Grande Sábio da Galileia: “Amarás o teu próximo
como a ti mesmo”; ou o que foi registrado pelo Grande Mestre da Arábia: “tratai com benevolência
vossos pais e parentes, os órfãos e os necessitados; falai ao próximo com doçura”. O maçom deve
ser generoso e benevolente com todos e dedicar-se à caridade, ajudando os necessitados.
A Maçonaria ensina a LEI DO AMOR, que denota FRATERNIDADE, IGUALDADE,
TOLERÂNCIA e CARIDADE.
O famoso maçom e escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe fornece uma forma
interessante de entender a ética e a moral maçônica: “Todo o nosso saber se reduz a isto: renunciar à
nossa existência para podermos existir.”
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Uma consulta a qualquer livro de autoria de maçons ditos tradicionais, revelará que a
maioria deles tem conhecimento da existência da Maçonaria Mista e Feminina. A diferença é que
insistem em sustentar que estas não são legalmente reconhecidas; que são espúrias, entre outras
desculpas. Todavia, muitos não perdem tempo e até reconhecem que estas vertentes da Maçonaria
tem hoje um nome próprio e ocupam um considerável e reconhecido espaço dentro da Instituição.
Não é novidade a participação da mulher nos Mistérios da antiguidade, genérica e
modernamente conhecidos como Ciências Ocultas, ou simplesmente Ocultismo. Sabemos, através
dos escritores ocultistas, que a mulher tomava parte em todos os trabalhos que se realizavam nos
Templos da antiga Grécia, do Egito, da Etiópia, e etc., onde eram previamente iniciadas nos
Mistérios. Na própria instituição Maçônica, se buscarmos na história veremos que a mulher já teve
participação efetiva. Todavia, quando a Maçonaria vestiu novas roupagens, e que até hoje sustenta
em parte de seus quadros, a mulher foi afastada dos Templos e, consequentemente, negado-lhe o
direito à iniciação, passando a Ordem Maçônica a ser privilégio unicamente dos homens. Porém,
essa exclusão injustificável da mulher, vedando-lhe o ingresso na Maçonaria, não poderia se
prolongar indefinidamente, posto que os fatos históricos da própria Ordem retratavam o contrário e
as verdades científico-filosóficas se impunham como argumento insofismável contra o erro
cometido ao se negar à mulher o direito à iniciação. Assim, nada mais justo e lógico que esse
errôneo entendimento, sustentado numa premissa eivada de parcialidade, preconceitos e convenções
retrógradas, fosse identificada por uma parcela de Irmãos que passaram a manifestar sua
contrariedade com tal situação e tomaram a iniciativa de buscar a alteração de tal comportamento.
Corria o ano de 1937 quando, no Rio Grande do Sul, efetivamente brotou a ideia, ainda que
enfrentando grande resistência de grupos contrários, de adotar-se na Maçonaria Brasileira o sistema
de iniciação maçônica independente de discriminação de sexo, conformando-se à lei cabalística do
“binário”, presente em toda a existência.
A caminhada foi longa e desgastante para os Irmãos que levantaram essa bandeira.
Desiludidos diante da incompreensão dos dirigentes da Ordem que antepunham pretensões e
sofismas à realidade instante e necessária, esses poucos mas valorosos Irmãos abandonaram
definitivamente a atividade da Maçonaria masculina; ao mesmo tempo que, com redobrado
interesse, voltaram a consagrar o propósito que estavam imbuídos, no caso, “a prática da Maçonaria
sem discriminação de sexo, obediente ao princípio universal da bipolaridade”. Durante o período
em que os Irmãos buscavam e reuniam elementos suficientes para efetivamente proceder a fundação
de Lojas Mistas perfeitamente regulares, muitas Oficinas chegaram a funcionar em várias cidades
do Estado, porém, ante as dificuldades impostas, em especial por parte do seguimento da Maçonaria
masculina, que mantinha-se firme no propósito de não manter Lojas de adoção, que era o mínimo
que necessitavam os Irmãos, e não aventavam sequer analisar a possibilidade de reconhecimento, a
maioria dessas Lojas, então em funcionamento, tinham suas colunas abatidas.
Com a insistência, dedicação, seriedade e perseverança dos Irmãos, esse período foi
superado, e, fruto de um quarto de século de luta e idealismo, transpondo todo o tipo de óbices,
obstáculos e incompreensões, no dia 12 de maio de 1961 foi realizada no Oriente de Santa
Maria/RS a reunião plenária definitiva, oportunidade que todos os Irmãos e Irmãs envolvidos
estabeleceram as condições básicas para a organização da Potência, sendo apresentados os
dispositivos necessários no tocante a Regulamento e Estatutos, declarando-se assim constituído o
“Grande Oriente Simbólico Misto Brasileiro”, em plena conformidade com as antigas Marcas,
expurgadas de comentários e interpretações incondizentes e antagônicas aos princípios e
fundamentos da Instituição Maçônica e das mais respeitáveis consuetudes iniciáticas e
administrativas da Maçonaria Universal, congregando-se, a partir daquele momento as Lojas Mistas
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SIMBÓLICA MAÇÔNICA
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A Maçonaria é conhecida por fazer largo uso de alegorias e símbolos em suas instruções.
Ensina-se que a Maçonaria é um sistema de moralidade velado por alegorias e ilustrado por
símbolos. O que isso significa? O que são símbolos e alegorias e qual a razão de seu uso pela
Maçonaria?
O homem é um ente simbólico. Toda a vida humana é regida e ilustrada por símbolos.
O símbolo é um sinal de reconhecimento de um objeto, um representação analógica
relacionada com o objeto em consideração. Por exemplo, quando alguém cruza por um amigo ou
conhecido e tira o chapéu, está fazendo uso de um símbolo de deferência e respeito.
A alegoria é uma forma de “falar de outro modo”, velando o conhecimento que está sendo
transmitido. Um exemplo é a alegoria do Gr.'. de Apr.'. M.'., ou seja, o talhar da Pedra Bruta.
Finalmente, o emblema é a representação de uma ideia simples, como por exemplo, o boi é
considerado um emblema da força.
O simbolismo trata do estudo dos símbolos, emblemas e das alegorias considerando todos os
sentidos que estão ligados a eles: sentido literal; sentido alegórico; sentido moral; etc. O simbolismo
é a chave para entender a Linguagem dos Mistérios.
Citando Brunetière, “O símbolo é imagem, é pensamento... Ele nos faz captar, entre o
mundo e nós, algumas destas afinidades secretas e dessas leis obscuras que podem muito bem ir
além do alcance da ciência, mas que nem por isso são menos certas. Todo símbolo é, nesse sentido,
uma espécie de revelação”. Sendo assim, o simbolismo para a Maçonaria, assim como nas Escolas
de Mistério da antiguidade, é um método de estudo e ensino profundo e científico, cujos objetos de
estudo são o Homem, a Natureza e a Divindade; uma verdadeira ciência que tem suas regras
precisas, derivadas do mundo dos arquétipos.
Tomemos como exemplo a Cruz. A Cruz é um símbolo antigo, anterior a cristandade, basta
lembrar a Cruz Suástica dos Hindus e a Cruz Ansata, usada no Antigo Egito. Para a cristandade é
um símbolo do amor de Deus pela humanidade, que sacrifica Seu próprio Filho. No entanto, em seu
sentido esotérico, a Cruz é um símbolo fálico. Sendo a vertical interpretada como o ativo,
masculino, e a horizontal como o passivo, feminino, fica evidente sua interpretação. Segundo H. P.
Blavatsky, “A cruz filosófica, as duas linhas traçadas em direções opostas, a horizontal e a
perpendicular, a altura e a largura, que a Divindade, que faz geometria, divide no ponto de
intersecção, e que forma o quaternário, tanto o mágico como o científico, ― quando inscrita no
quadrado perfeito é a base do Ocultista.”
H. P. Blavatsky menciona a diferença entre emblema e símbolo, e citando Kenneth
Mackenzie, afirma que o primeiro “compreende uma série de pensamentos maior que a do símbolo,
o qual se deve antes considerar como destinado a esclarecer uma só ideia especial.” Nesta citação,
Blavatsky não parece referir-se a emblema e símbolo, mas a alegoria e símbolo. É a partir da
existência do símbolo, como derivado do mundo dos arquétipos, que podemos chegar ao
esoterismo, a explicação profunda dos Ritos e Sabedoria presente na Maçonaria. O símbolo liga a
experiência humana individual à uma escala cósmica, expressando ideias universais.
De acordo com Albert Mackey, “A Maçonaria é um sistema de moralidade desenvolvido e
inculcado pela ciência do simbolismo. Este caráter peculiar de instituição simbólica e também a
adoção deste método genuíno de instrução pelo simbolismo, emprestam à Maçonaria a
incolumidade de sua identidade e é também a causa dela diferir de qualquer outra associação
inventada pelo engenho humano. É o que lhe confere a forma atrativa que lhe tem assegurado
sempre a fidelidade de seus discípulos e a sua própria perpetuidade.”
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A INICIAÇÃO
A Iniciação é uma cerimônia tão antiga quanto a humanidade. Sabemos que as antigas
Escolas de Mistério adotavam esta forma de receber seus discípulos. Podemos encontrar cerimônias
semelhantes no Antigo Egito, na Grécia Clássica, na Roma Antiga, etc. Cada “Iniciação” tem suas
formas próprias e a Iniciação Maçônica baseia-se na “arte de construir”. Embora as alegorias destas
“Iniciações” sejam diferentes exteriormente, coincidem plenamente os símbolos e suas
interpretações, quando entendido seu sentido interno.
A cerimônia de recepção aos novos membros da Maçonaria contém, perfeitamente
apresentadas e manifestadas, as duas características fundamentais de nossa Instituição: a iniciática e
a simbólica.
A palavra “iniciação” deriva da palavra latina initiare, de initium, início ou começo,
significando “ir para dentro”, “penetrar no interior”, “ingressar no mundo interno”, pois a palavra
iniciação tem duplo sentido, o de começo e o de ingressar. A Iniciação é a porta que conduz ao
ingresso em um novo estado moral, na qual se inicia uma nova maneira de viver. Assim, a Iniciação
não é simplesmente um acontecimento material, um evento temporal, mas marca o ingresso do
iniciado em um novo estado de consciência. Por meio da Iniciação, ingressa o profano, que está nas
trevas, apegado à matéria, no mundo interno da LUZ, do Espírito que habita o interior do Homem.
A Iniciação é um NASCIMENTO ou RENASCIMENTO, uma transmutação do íntimo de nosso ser.
Na Masonic Encyclopedia de Mackey é dito que a palavra latina initia significa o primeiro
princípio da ciência.
Iniciar alguém, no sentido esotérico, é conferir-lhe conhecimentos que ele não poderia obter
sozinho, por meio do exercício de sua inteligência. A Iniciação não é um ato racional, mas antes
psicológico e espiritual. Os símbolos e a ritualística da Iniciação dirigem-se, não à inteligência
discursiva, mas à inteligência analógica, pois a linguagem da Iniciação é uma linguagem oculta, que
não pode ser revelada por meio de palavras. O símbolo tem um poder especial, pois os símbolos
formam a linguagem das Verdades Eternas, derivada do mundo dos arquétipos e superior à nossa
inteligência discursiva.
A Iniciação tem o poder de imprimir uma indelével influência magnética, espiritual, no
candidato, uma vibração nos planos psicológico, mental e astral, preparando o neófito para os
conhecimentos que irá adquirir em seus estudos posteriores, capacitando-o a sintonizar energias
sutis, cuja existência, após a Iniciação, estará capacitado a conhecer. A Iniciação tem a função de
despertar a visão psíquica no candidato por meio de símbolos, cuja linguagem é sagrada.
Segundo Huberto Rohden, “Por isso, o agir do iniciado é totalmente diferente do profano.
Não corre freneticamente atrás dos efeitos ilusórios, mas apodera-se tranqüilamente da causa real de
todas as coisas. Crea dentro de si mesmo uma espécie de 'centro de sucção' (desculpe a comparação
primitiva!), espécie de vácuo; em virtude dessa vacuidade estabelecida e mantida voluntariamente,
todas as plenitudes, mesmo as da vida presente, são 'sugadas' ou atraídas para esse homem. De
dentro do seu centro dinâmico e silencioso, domina ele todas as periferias. Ele é silenciosamente
poderoso, quando outros são ruidosamente fracos, embora se tenham em conta de fortes. Esse
homem sabe por experiência própria que 'todas as coisas são dadas de acréscimo' àquele que 'em
primeiro lugar busca o reino de Deus e sua justiça'. Isto ele não crê, isto ele sabe, porque vive cada
dia essa grande verdade.”
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INICIAÇÃO
Fernando Pessoa
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A CÂMARA DE REFLEXÕES
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sobre as Trevas. Como anunciador do nascer do dia e da luz, ele exprime uma das propriedades do
azougue secreto. O Enxofre é um símbolo da energia ativa, positiva, masculina. O Mercúrio
representa a energia passiva, negativa, feminina. Sendo dois polos opostos são uma referência às
duas Colunas J.'. e B.'. do Templo Maçônico e aos dois primeiros graus da Maçonaria. Os três
princípios apresentam entre si uma relação dialética, sendo os dois opostos Enxofre e Mercúrio
conciliados e temperados pelo Sal, que é o elemento neutro. No ovo, o Mercúrio é a clara, o
Enxofre, a gema, e o Sal, a casca. A antiga alquimia dizia que, nos metais, o Enxofre é a alma, o
“fixo”, dando aos metais suas propriedades químicas, o Mercúrio, o corpo, o “volátil”, fornecendo
suas propriedades físicas.
Os ossos e o crânio, que figuram na Câmara, servem para lembrar o que somos e o que
seremos, como afirma a Bíblia: “tu és pó e ao pó tornarás” (Gênesis 3:19); cuja interpretação indica
a transitoriedade da vida humana, a futilidade das coisas materiais e uma rejeição da vaidade, mas
também remetem à Alquimia. O crânio e os ossos correspondem ao processo alquímico de
putrefação, um dos sete principais processos da alquimia filosófica:
A putrefação é um processo em que o vivo morre e o que está morto renasce para uma nova
vida. Dentro do Ovo Filosófico, o candidato, mergulhado na escuridão de sua ignorância, irá
meditar sobre sua vida e irá nascer do Útero da Sabedoria para a Luz, tornando-se um Filho da Luz.
O crânio, com seu sorriso irônico e ar pensativo, simboliza o conhecimento daquele que enfrentou a
morte em busca da sabedoria que transcende este mundo.
Finalmente, a ampulheta é um símbolo do inexorável transcorrer do tempo e da brevidade da
vida humana. Constitui-se em um aviso ao futuro Maçom de que a vida dedicada apenas às coisas
mundanas será uma vida perdida. Deve o Maçom dedicar-se às causas nobres e ideais elevados.
Este compromisso com uma vida de ideais mais elevados fica completa com o preenchimento do
Testamento. Nele o candidato expressa sua intenção de morrer para as coisas mundanas e dedicar-se
às coisas espirituais. O Testamento não é exatamente um testamento civil, mas um testamento
filosófico, de compromisso com essas obrigações. Completa-se assim, para o neófito na Câmara, a
transição da vida profana para a vida Maçônica, por meio da introspecção e do reconhecimento da
instabilidade e transitoriedade da vida humana.
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
AS VIAGENS DO APRENDIZ
As três viagens que o candidato empreende, durante a Inic.'. ao Gr.'. de Apr.'., um dos
momentos principais da Cerimônia, fazem-nos lembrar de um tema central da literatura antiga, as
viagens descritas nas grandes epopeias, como as de Jasão e Ulisses, e as aventuras vividas pelos
navegadores, como descrita por Camões em “Os Lusíadas”. Estas viagens evocam a aventura e a
busca do Conhecimento. O movimento circular na direção horária, que o candidato realiza em volta
do Altar dos Juramentos no Ocidente, acompanha o movimento do sol no Hemisfério Norte.
Caminhadas circulares são comuns na ritualística de diversas tradições religiosas, particularmente
no Judaísmo. A ideia geral das provas enfrentadas pelo candidato na Iniciação tem nítida filiação
com rituais antigos, e podemos verificar vestígios do enredo da Iniciação nos Mistérios de Baco, de
Mitra, de Ceres, de Cibele, etc.
O candidato à Iniciação apresenta-se para as provas desprovido de seus metais, em
simplicidade e pobreza. Ele está vendado, pois ainda é um profano e vive nas trevas. Seu braço e
peito esquerdo estão descobertos, perna e joelho direito desnudo e com o pé esquerdo descalço.
Antes de ser uma tentativa de ridicularizar o candidato, esta estranha forma de trajar-se tem um
significado simbólico relacionado com a Iniciação. Segundo Oswald Wirth, “a região do coração é
posta a descoberto como alusão à absoluta sinceridade do Recipiendário; a nudez do joelho pretende
que, ao dobrá-lo, ele entre diretamente em contato com um solo sagrado, que ele pisa, por sua vez,
com o pé descalço”.
Lembremos que foi com a perda de uma de suas sandálias que Jasão empreendeu a
conquista do Velo de Ouro. Estando com um pé calçado e outro descalço, as pisadas do candidato
durante suas viagens são desequilibradas e titubeantes, representando as dificuldades de sua
caminhada na vida iniciática.
Estando o peito desnudo, a atenção do Recipiendário é atraída para o coração, sede da
afetividade, significando que o candidato deve ter cuidado com arroubos sentimentais. O joelho
direito é aquele que se põe em terra durante a genuflexão, ato de submissão. Deste modo, estando
descoberto, o joelho torna-se sensível e isso incita o Recipiendário a realizar a genuflexão com
circunspecção. Estando com o pé esquerdo descalço, o Recipiendário é obrigado a apoiar-se mais
no pé direito, lado ativo e positivo do corpo, significando a preponderância da razão sobre o
sentimentalismo.
Para muitos povos antigos, a matéria é constituída por quatro elementos fundamentais: Ar;
Água; Fogo; e Terra. Estes são os elementos primordiais na Filosofia Grega. Estes quatro elementos
estão associados à Esfinge tetramorfa, que tem pés de Touro (Terra), corpo de Leão (Fogo), asas de
Águia - uma forma antiga do signo de Escorpião - (Água) e cabeça de Homem - o signo de Aquário,
o carregador de água – (Ar). Os elementos também podem ser associados ao deus Amon do Antigo
Egito, pois ele podia assumir a aparência de um touro, um leão, uma águia ou um anjo. Estes são os
seres da visão de Ezequiel: “E a semelhança dos seus rostos era como o rosto de homem; e do lado
direito todos os quatro tinham rosto de leão, e do lado esquerdo todos os quatro tinham rosto de boi;
e também tinham rosto de águia todos os quatro.” (Ezequiel 1:10). Eles são os quatro animais
descritos no livro do Apocalipse: “E havia diante do trono um como mar de vidro, semelhante ao
cristal. E no meio do trono, e ao redor do trono, quatro animais cheios de olhos, por diante e por
detrás. E o primeiro animal era semelhante a um leão, e o segundo animal semelhante a um bezerro,
e tinha o terceiro animal o rosto como de homem, e o quarto animal era semelhante a uma águia
voando.” (Apocalipse 4:6-7).
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
A Tabela seguinte apresenta as correlações das viagens e das provas com os quatro
elementos e outros aspectos:
Da mesma forma, o Nome de Deus dos judeus, o Tetragrama, YHVH, possui quatro letras,
como os quatro elementos, no entanto uma delas é repetida. Muitos sistemas esotéricos consideram
a Terra um elemento derivado, não primordial. Os três elementos restantes são os que correspondem
às três provas feitas durante cada uma das três viagens do Apr.'.: a Prova do Ar; a Prova da Água; e
a Prova do Fogo. Muitos estudiosos afirmam que a permanência do candidato na Câmara de
Reflexões representa a prova associada ao elemento Terra, pois o simbolismo da Câmara de
Reflexões remete ao interior da terra, onde encontram-se os vermes e as sementes. Assim sendo,
alguns argumentam que deveriam ser consideradas quatro e não apenas três viagens, pois são quatro
elementos e quatro provas.
Após permanecer algum tempo na Câmara de Reflexões, onde deverá assinar seu
Testamento e alegoricamente morrer, o candidato enfrenta as três provas vendado, pois ainda é um
profano que vive nas trevas. Ainda não lhe foi dada a LUZ, quando então será um “Filho da Luz”.
Em preparação às provas que serão enfrentadas durante as três viagens, ao candidato é
oferecido o Cálice da Amargura, uma bebida inicialmente doce, que torna-se amarga. O Cálice da
Amargura significa que os prazeres e doçuras da vida, em excesso, acabam tornando-se
desagradáveis e amargos. Muitos autores maçônicos associam este Cálice com o Santo Graal, o
segredo mais sagrado da Cavalaria Mística e da Maçonaria. Em alguns ritos o Cálice da Amargura é
oferecido após as três viagens.
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
Irm.'. Exp.'., desviando-se de obstáculos imaginários. Esta primeira é a mais conturbada de todas as
viagens, suas dificuldades representam as atribulações da vida e o sofrimento resultante das paixões
humanas. O candidato é incitado a vencer seu temor e com coragem enfrentar todos os desafios para
vencer a prova.
A 2ª Viagem é muito mais tranquila que a primeira pois, a medida que aprendemos a superar
os obstáculos que surgem em nosso caminho, estes progressivamente desaparecem. A Água tem
função purificadora, sendo a prova uma espécie de batismo filosófico que lava toda a sujeira do
candidato. O Batismo de Água precede o Batismo de Fogo, preparando para o alicerçamento da
Verdade.
A 3ª Viagem tem duas etapas. Na primeira o candidato apenas faz o percurso de olhos
vendados por um caminho sem obstáculos, representando a serenidade. Na segunda etapa o
candidato enfrenta a Prova do Fogo. Nesta prova o candidato enfrenta alegoricamente as paixões,
simbolizadas pelo Fogo, saindo-se vitorioso e purificado. Mas o Fogo também simboliza a própria
divindade, como a Sarça Ardente no alto do Monte Sinai, onde Moisés conversou com Deus. O
Fogo representa a Chispa Sagrada, Chama Interna, a Essência Espiritual ou Princípio Universal do
Ser, a Energia Primordial que habita o Homem e lhe confere o seu aspecto divino. O Fogo é o
purificador final, quando então o candidato está preparado para a vida maçônica.
As provas enfrentadas pelo candidato durante a Iniciação são atos simbólicos, sem
significado se consideradas apenas em sua exterioridade, e o candidato deve nelas participar em
espírito, caso contrário continuará sendo apenas um profano que, por curiosidade, delas tomou
conhecimento. Só assim ele emergirá das provas da Iniciação como um “nascido duas vezes”.
A Iniciação contém, nas quatro provas, o Enigma da Esfinge, pois o verdadeiro iniciado
deve: Saber com inteligência (Homem); Querer com ardor (Leão); Ousar com audácia (Águia); e
Calar-se com força (Touro).
O iniciado é aquele que desenvolveu suas capacidades ocultas, a compreensão que provem,
não da inteligência discursiva, o “inteligir”, mas do saber que é obtido pelo poder da intuição. Esta
intuição é o método para sintonizar nosso EU INTERIOR, EU SOU, o CRISTO INTERNO ou
CONSCIÊNCIA BÚDICA, nosso SER REAL ou CENTELHA DIVINA, que só pode ser alcançado
por meio da contemplação. Huberto Rohden reforça esta ideia ao dizer que: “Para além de todo o
'inteligir' está o 'intuir', que é uma vivência íntima; está o 'saber', que é um 'saborear' direto e
imediato. Em última análise, o homem só sabe aquilo que ele vive e o que ele é. Para essa vivência
íntima do espírito do Cristo necessitamos de um grande silêncio — silêncio material, mental e
emocional; e, mais do que isto, de uma profunda contemplação interior.”
Segundo Jorge Adoum: “EU SOU é a CHISPA DIVINA emanada da CHAMA SAGRADA.
É o FILHO do DIVINO PAI. É IMORTAL, ETERNO, INDESTRUTÍVEL, INVENCÍVEL. Possui
em Si os mesmos atributos do ABSOLUTO: PODER, SABEDORIA E REALIDADE.”
Aquele que, passando pela Iniciação e ingressando na Maçonaria, permitiu-se que a
Maçonaria ingresse em seu coração, psicologicamente impactado que foi pelos símbolos e
arquétipos presentes nas Provas da Iniciação, deve sempre lembrar das palavras de Jean Mourgues:
“Ninguém pode ser reconhecido como maçom enquanto continuar servo das suas paixões, escravo
das suas crenças e cego pelos bens deste mundo.”
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O SINAL DE APRENDIZ
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AS FERRAMENTAS DO APRENDIZ
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passivo. A forma do Malho é a Tau grega, uma forma de Cruz. Da mesma forma que o Esquadro, o
Nível e o Prumo, o Malho é uma insígnia do Ven.'. e dos dois VVig.'.
O Nível é a insígnia do 1º Vig.'. Ele é o instrumento usado para determinar a horizontal.
Como representa uma horizontal, é um símbolo do passivo e do feminino, uma das polaridades
universais. Segundo Ragon, por determinar uma linha horizontal, o Nível é o símbolo da igualdade
social, base do direito natural.
A Perpendicular ou o Fio de Prumo é a insígnia do 2º Vig.'. Ele é o instrumento usado para
determinar a vertical. Como representa uma vertical, é um símbolo do ativo e do masculino.
Segundo Gédalge, o Fio de Prumo “é o emblema da busca – em profundidade – da verdade, do
aprumo, do equilíbrio”.
Mas, por que o Nível é a ferramenta do 1º Vig.'. e a Perpendicular a do 2º Vig.'.?
Pode parecer estranho que o instrumento passivo, o Nível, seja atribuído ao 1º Vig.'. e um
instrumento ativo, a Perpendicular, seja atribuído ao 2º Vig.'. No entanto, como o Nível contém uma
Cruz, ele contém em si ambos, o masculino e o feminino, sendo uma ferramenta mais completa que
a Perpendicular. O Apr.'. deve, ao final de seu período de três anos de trabalho, compreender o
significado da Perpendicular, a reta vertical na qual o Homem ascende para níveis superiores. Ao
final desse período de trabalho, ele deve passar da Perpendicular ao Nível, comprovando que
cumpriu seu período de trabalho, e tornando-se um Comp.'. O Nível simbolicamente nos ensina que
devemos pautar nossa vida pelo equilíbrio. Esse equilíbrio é representado na Cruz que aparece no
Nível.
Figura: O Nível
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
O AVENTAL DO APRENDIZ
O Apr.'. M.'. recebe do Ven.'. Mestr.'., ao final da Iniciação, o avental que deverá ser sempre
usado por ele em seu Trab.'. Maçônico. O avental é a única peça de vestimenta cujo uso é
obrigatório ao Maçom, e sem ele o Maçom não está maçonicamente trajado. O avental é o símbolo
distintivo do Maçom e sua adoção vem desde o tempo da Maçonaria Operativa.
O avental é um símbolo do trabalho e da atividade profissional e seu uso é disseminado em
diversos ramos da atividade produtiva. Seu uso pelos operativos para proteger a roupa durante o
trabalho mudou com sua adoção pela Maçonaria Especulativa, quando então revestiu-se de uma
natureza simbólica. Cada grau maçônico implica em um avental específico, com cor e adornos que
denotam o grau do Maçom que o usa.
A cor do avental do Apr.'. é branca, representando a pureza e inocência do Apr.'. M.'. Nas
Escolas de Mistério da Roma antiga os candidatos apresentavam-se para a Iniciação usando uma
túnica branca, com o mesmo significado simbólico de pureza. A palavra latina Candida traduz-se
por “branco”, e por isso o profano que se apresenta para a Iniciação é chamado de candidato. O
avental do Apr.'. M.'. não apresenta nenhum adorno.
O avental é feito de lã de cordeiro, significando a pureza e referenciando o Cordeiro de
Deus, o símbolo do Salvador que sacrifica-se pelo bem da humanidade.
O avental é retangular, tendo acima uma abeta triangular que deve ser mantida levantada.
Uma explicação esotérica sobre a abeta levantada é que os antigos acreditavam que o centro das
emoções humanas localizava-se no epigástrio, sendo a abeta levantada uma proteção para o Apr.'.
em seus TTrab.'., porque ele ainda não está preparado para dominar suas paixões.
O avental cobre a região sexual e o plexo solar, as regiões do corpo que se relacionam com a
sensualidade, e as paixões e emoções humanas. Sendo assim, o avental sugere o domínio destas
paixões.
O retângulo é associado ao mundo material e o triângulo ao mundo espiritual. Assim, o fato
da abeta estar levantada no avental denota que o Apr.'. não recebeu completamente o influxo
espiritual em sua vida, pois ainda não se cruzaram o material e o espiritual.
De acordo com W. L. Wilmshurst, “Lembrai-vos de que usais o Avental, primeiro com a
abeta levantada, sendo assim uma insígnia de cinco ângulos, indicando os cinco sentidos, por meio
dos quais entramos em relações com o mundo material que circunda nossos 'cinco pontos de
fidelidade' ou 'perfeição', mas indicando também pela porção triangular em cima, em conjunção
com a porção quadrangular embaixo, que a natureza do homem é uma dualidade de alma e corpo. O
trilateral emblema no alto adicionado ao quadrilateral emblema formam ambos o sete, que é o
número perfeito, pois está escrito numa antiga doutrina hebraica, à qual a Maçonaria está
intimamente aliada: 'Deus abençoou e amou o número sete mais que todas as coisas sob o Seu
trono', pelo que significa que o homem, sétuplo ser, é a mais dileta das obras do Criador. Daí
também que a Loja, para ser perfeita, requeira sete irmãos como oficiais principais.”
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O DELTA LUMINOSO
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
Luminoso, representa, no plano físico, o Sol visível, de onde emana a luz e a vida; no plano
intermediário, o Sol espiritual, o Verbo, o Logos, o poder criador; e no plano espiritual ou divino, o
G.'.A.'.D.'.U.'. O Olho Onividente remete-nos a Presença de Deus no mundo e no Homem.
Existem variações do Delta Luminoso, por exemplo, substituindo-se o Olho Onividente pela
letra G.'. ou pela letra hebraica Iud. A letra G.'. é a primeira letra do G.'.A.'.D.'.U.'. e da palavra
“Geometria”. A letra Iud é a primeira letra do Nome de Deus dos antigos Hebreus, YHVH, que
representa a manifestação transcendente de Deus e é a síntese das dez Sefirót.
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
OS CARGOS EM LOJA
I. LUZES
1. Venerável Mestre
Ele é a primeira Luz, o M.'. M.'. que preside a Loja e a ilumina com sua Sabedoria. Ele deve
ser reto e justo para que possa liderar a Loja. Por isso sua joia é o Esquadro, símbolo da retidão. O
Ven.'. Mestr.'. é a Vontade da Loja. Seu planeta é Júpiter, que representa a Sabedoria. Ele também
está associado com Minerva, deusa das artes e da sabedoria. Por estar no Oriente, o Ven.'. Mestr.'. é
associado ao sol nascente.
2. 1º Vigilante
A segunda Luz da Loja, e primeiro substituto do Ven.'. Mestr.'. em seus impedimentos. Ele é
o responsável pela Instr.'. dos CComp.'. e sua joia é o Nível. Ele é quem paga salário aos Obreiros,
que é a força e manutenção de sua existência. O 1º Vig.'. relaciona-se ao planeta Marte, que era o
senhor da guerra dos gregos, e ao semideus Hércules, ambos representando a Força. Ele senta-se no
Oeste, sendo assim associado ao sol poente.
3. 2º Vigilante
Completa, junto com o Ven.'. Mestr.'. e o 1º Vig.'. o que se chama de “as Três Pequenas
Luzes da Oficina”, sendo o segundo substituto do Ven.'. Mestr.'. O 2º Vig.'. é o responsável pela
Instr.'. dos AApr.'. e sua joia é o Prumo. Ele faz repousar os Obreiros e fiscaliza-os em seu trabalho.
Seu planeta é Vênus, deusa da fertilidade e do amor, representando a Beleza. Por sentar-se ao Sul, o
2º Vig.'. é associado ao sol em seu meridiano.
II. DIGNITÁRIOS
1. Orador
O Orad.'. é o guardião das Leis Maçônicas e responsável por faze-las cumprir dentro da
Loja. Ele é o defensor do Direito e da Justiça, ou seja, é o “Ministério Público Maçônico” dentro da
Loja. Sua joia é um Livro Aberto, que representa a Lei. O Orad.'. é associado à Inteligência.
2. Secretário
O Secr.'. é o responsável pela memória da Loja. Sob sua responsabilidade ficam os livros e a
correspondência da Loja. Por isso, em sua joia, figuram duas penas cruzadas, indicando o registro
do passado e do presente. O Secr.'. é associado à Sabedoria.
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
3. Tesoureiro
O Tes.'. é o cargo administrativo responsável pelas finanças da Loja. Em sua joia figuram
duas chaves cruzadas, indicando que ele é o depositário das reservas monetárias da Loja e as
manipula.
III. OFICIAIS
1. Chanceler
Ele possui a guarda do Timbre e do Selo da Loja e tem a seu cargo a manutenção do Livro
de Frequência da Loja. Sua joia ilustra um Timbre. Em alguns ritos ele é considerado um
Dignitário.
2. Mestre de Cerimônias
3. Hospitaleiro
4. Experto
Sua joia é um punhal, já que o Irm.'. Experto representa o castigo da justiça. Ele é aquele
que guia o profano durante a Iniciação ao Gr.'. de Apr.'. M.'.
5. Cobridor/Guarda do Templo
A joia do Cob.'. é formada por duas espadas cruzadas. O Cob.'. é o responsável por garantir a
segurança do Templo e é o elo de ligação da Loja com o mundo profano, por isso sua posição em
Loja é ao lado do Portal na Parede do Ocidente.
6. Diáconos
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
OS TRÊS PILARES
Segundo o REAA, três Pilares devem circundar o Altar dos Juramentos no centro do
Ocidente, formando a figura de um triângulo. O grande autor maçônico Ragon diz que “o nome dos
três pilares, sustentáculos misteriosos de nossos Templos são Sabedoria (para inventar), Força (para
dirigir) e Beleza (para adornar).” Segundo o mesmo autor, o simbolismo dos três Pilares é idêntico
aos das duas Colunas J.'. e B.'. do Templo, sendo que ele aplica também a elas os epítetos de
Sabedoria e Força.
Estabelecem-se as seguintes correlações com os três Pilares:
Jules Boucher discorda das atribuições das Sefirót da Cabala aos Pilares, substituindo Tiferet
por Chesed. Para ele as Colunas J.'. e B.'. devem ser atribuidas às Sefirót Netsach e Hod.
Cada um dos Pilares representa também uma das três principais ordens da arquitetura grega:
a dórica; a jônica; e a coríntia.
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A CORDA DE 81 NÓS
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GEOMETRIA SAGRADA
A Geometria é a quinta das Sete Ciências ou Artes Liberais do Mundo Antigo. A Geometria
é o conhecimento das dimensões e proporções dos corpos. Para a Maçonaria ela assume um papel
central, pois a alegoria fundamental de nossa Ordem é a da “arte de construir”, e o construtor deve
planejar sua obra usando a matemática e a geometria.
Na verdade, a letra G.'., símbolo da Maçonaria, é uma referência ao G.'.A.'.D.'.U.'. e à
Geometria. A Maçonaria considera Deus como o Grande Geômetra. Para a sabedoria antiga, Deus
cria o mundo por meio dos números abstratos e das figuras geométricas.
A Cabala nos ensina que a criação divina inicia com a manifestação das Sefirót, entidades
abstratas que são a ligação entre Deus e Sua criação. De acordo com Lazarus Goldsmith, as Sefirót
são “os números abstratos os quais são algo e nada ao mesmo tempo”. Os números a que ele se
refere não são os números da matemática, mas representam os mais elevados princípios da
manifestação da atividade de Deus.
A Geometria fornece ao Iniciado a MEDIDA de todas as coisas, que é a sua própria Medida,
ou como diz Protágoras, “O Homem é a Medida de todas as coisas, dos seres vivos que existem e
das não-entidades que não existem.”
Entre as figuras geométricas e sólidos, os de maior interesse de estudo para o Apr.'. M.'. são:
o Círculo; o Triângulo; o Quadrado; o Hexágono; o Octaedro; o Icosaedro e o Cubo.
O Círculo é uma das mais antigas formas usadas pelo homem em suas construções. Ele é a
única figura geométrica que não possui nenhum ângulo, representando o completamento e a
totalidade. O Círculo contém, circunscrita, a medida do homem, como no famoso desenho de
Leonardo da Vinci. A Pedra dos Filósofos, a súmula de todas as coisas e a chave para o
conhecimento, é representada por esta figura, com a qual, usando um Compasso, podemos
descrever todas as outras figuras geométricas.
O Triângulo é uma forma perfeita, pois é o polígono com o menor número de lados. O
Triângulo simboliza o misterioso Número Três. Denota uma relação dialética tese─antítese─síntese.
Na Maçonaria é um emblema do Mundo Espiritual, em oposição ao Quadrado, emblema do Mundo
Material. Por sua forma piramidal, o triângulo equilátero, assim como a própria pirâmide, é um
emblema do Fogo. O triângulo retângulo ou pitagórico é um emblema idêntico ao esquadro, o
símbolo do Ven.'. Mestr.'.
O Quadrado representa o microcosmo e é um emblema da estabilidade do mundo. Foi a
figura geométrica escolhida pelos antigos egípcios para a base de suas Pirâmides. Se dividido em
quatro quadrados iguais, forma a figura de uma Cruz circunscrita nele. Tomando-se estas quatro
direções, as quatro direções cardeais, e adicionando-se as quatro formadas pelas diagonais do
Quadrado, os “quatro cantos do mundo”, constrói-se a divisão óctupla do espaço, venerada pelos
budistas.
O Hexágono é uma figura natural produzida pela divisão da circunferência de um círculo
por meio de seu raio. É uma figura que aparece com frequência na Natureza. Um exemplo é o favo
das abelhas, tendo a propriedade de otimizar o uso de material para sua construção, contendo mais
mel que qualquer outra figura geométrica. No Hexágono pode ser inscrita a figura do Hexagrama, a
estrela de seis pontas, conhecida como Selo de Salomão.
O Hexagrama é formado por dois triângulos equiláteros que se interpenetram, um apontando
para cima, outro para baixo, representando os princípios opostos ativo─passivo,
masculino─feminino, positivo─negativo. O Esquadro sobreposto ao Compasso, símbolo da
Maçonaria, forma exatamente esta figura.
O Octaedro, poliedro de oito faces, é o sólido platônico formado por oito triângulos
equiláteros. Era, para os platônicos, um emblema do Ar. Já o Icosaedro, poliedro convexo de vinte
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
faces, é um emblema do elemento Água. Finalmente, o Cubo é a figura sólida formada por seis
faces, oito vértices e doze arestas iguais que, para os platônicos, representa o elemento Terra.
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
O Templo Maçônico inspira-se no Templo que Salomão construiu em Jerusalém e onde era
guardada a Arca da Aliança e outras relíquias do Judaísmo. O Templo tem o formato de um
quadrado oblongo ou quadrilongo, ou seja, um retângulo com dois lados paralelos sendo maiores
que os outros dois lados. O Templo Maçônico é dividido em três partes: Sala dos Passos Perdidos;
Átrio; e Templo Interno. O Templo Interno é dividido em duas partes: Oriente; e Ocidente. As
dimensões do Templo devem ser tais que o Oriente seja um quadrado e que o Ocidente tenha como
comprimento uma vez e meia a sua largura.
“Templo” é uma palavra derivada do latim tempus (tempo). Todos os Templos, dedicados ao
G.'.A.'.D.'.U.'., que as civilizações antigas construíram, foram feitos com o propósito de
representarem ao mesmo tempo o Homem e o Universo. E assim também é com o Templo
Maçônico. Os Templos em todas as eras sempre foram alegorias do próprio corpo físico do Homem.
Para entender isso, basta ver no Templo Maçônico, assim como nos Templos dos antigos,
nas Escolas de Mistérios da Grécia, Egito e Roma, onde suas dimensões, forma e proporções de
suas medidas são idênticas às do corpo humano. Sabemos que a Câmara do Rei localizava-se bem
ao centro da Grande Pirâmide, representando o coração. A entrada do candidato à Iniciação Egípcia,
na Câmara do Rei, era uma metáfora para a entrada no coração, sede da emoção e residência da
Alma Imortal. Quando nos dias de hoje o Maçom entra no Templo Maçônico, repete o simbolismo
de entrar dentro de si próprio, por meio da oração e meditação, para encontrar-se com o reflexo da
Divindade que habita dentro do Homem. Ambos, o Homem (microcosmo) e o Universo
(macrocosmo) estão representados no Templo Maçônico, já que o preceito hermético diz que “assim
em cima como embaixo.” Isso significa que o corpo humano é a contraparte do Universo.
Devemos refletir sobre a necessidade que os homens têm de representar estas ideias no
Templo. Desde que a Alma do Homem caiu na matéria e deixou-se aprisionar nela, as ideias
abstratas do mundo espiritual lhe são difíceis de compreender, e ele tem a necessidade de
representar concretamente suas aspirações espirituais e seu desejo de retornar ao estado natural de
contato com o mundo espiritual. Para os antigos, o corpo humano é o recipiente dentro do qual jaz a
Chama Sagrada, o Espírito Divino que anima ao Homem, por isso ele é sagrado. Desse fato deriva a
importância que os antigos atribuíam à representação alegórica do Homem no Templo. O Iniciado,
ou Filho da Luz, compreende que seu corpo é o Templo de Deus, assim como o Universo inteiro.
Por isso a Bíblia diz: “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em
vós?” (1 Coríntios 3:16). O Alcorão diz que “Deus está mais perto de ti que a tua artéria jugular"
(Alcorão 50:16).
As similaridades e paralelos entre o corpo humano e o Templo Maçônico são bastante
evidentes. A disposição do Templo Maçônico atribui ao Or.'. e ao Ven.'. a posição da cabeça, sede
do pensamento e da vontade, já que é o Ven.'. o responsável por toda a administração da Loja e pela
instrução dos IIr.'. da Loja. Os AApr.'. e CComp.'., posicionados ao Norte (Setentrião) e ao Sul do
Templo, correspondem aos braços que são os responsáveis por executar as obras, assim como os
Obreiros da Loja. No Ocidente, as duas Colunas J.'. e B.'. correspondem às pernas e aos pés,
responsáveis pela sustentação do Templo e do corpo humano. Assim, basta imaginar a alegoria do
Templo como sendo um homem deitado de costas sobre o Templo, tendo a cabeça sobre o Altar do
Ven.'., os braços direito ao Sul e esquerdo ao Norte, os pés ao Ocidente. O Ocidente representa o
peito ou tronco, sede da emoção e por isso ai ficam os MM.'. MM.'. (na Câmara do Meio). Ao
centro do Ocidente, onde encontra-se o Piso Mosaico, os três Pilares (Sabedoria, Força e Beleza)
com velas e o Altar dos Juramentos, corresponde ao coração, o lugar onde brilha a Luz Divina.
As doze colunas que ladeavam o Templo de Salomão em Jerusalém, e que ladeiam também
o Templo Maçônico, dentro do Templo Interno, correspondem às doze constelações e às doze partes
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
ou órgãos do Homem: Áries domina a cabeça; Touro, a garganta e o pescoço; Gêmeos, os pulmões
e os braços; Câncer, o estômago; Leão, o coração; Virgem, os intestinos; Libra, os rins; Escorpião,
os órgãos sexuais; Sagitário, os quadris e os músculos; Capricórnio, os joelhos; Aquários, os
tornozelos; e Peixes, os pés. As doze constelações são também uma referência ao Universo
(macrocosmo). Devemos observar que o sentido horário usado em todas as viagens dos AApr.'.
representa o movimento do Sol no céu no hemisfério norte. O fato dos AApr.'. ficarem no Norte
(Setentrião) deve-se ao fato que no hemisfério norte, a luz do Sol é mais intensa na direção do sul e
mais fraca na direção do norte. Os antigos sempre cultuaram o Sol, fonte de Vida e reflexo do Sol
Espiritual, atribuindo ao norte a escuridão e o mal. A Bíblia diz que “do norte se derramará o mal
sobre todos os habitantes da terra” (Jeremias 1:14). Assim, escolheu-se no Templo Maçônico o
Norte para ser o lugar onde ficam os AApr.'. porque esses ainda não estão preparados para a Luz
maior ao Sul (meio-dia), onde ficam os CComp.'.
Disposição similar aparece também nos Templos das religiões e nos Templos dos antigos
com os mesmos significados. Basta ver as grandes catedrais cristãs da Europa, onde o altar
corresponde também à cabeça, a nave central ao tronco do corpo humano e as naves colaterais aos
braços de um homem deitado em cruz. Os egípcios antigos sabiam muito bem que a Grande
Pirâmide era ao mesmo tempo uma alegoria do corpo físico do Homem e de todo o Universo. O
mesmo ocorre com a Kaaba em Meca, centro de peregrinação dos muçulmanos. Kaaba quer dizer
“cubo”, e um cubo tem seis faces, representando as seis direções do espaço físico, e doze arestas,
representando as doze constelações no Universo. Significado semelhante tem também a Arca da
Aliança na tradição hebraica. Na tradição religiosa dos antigos Hebreus, o Templo, durante a
peregrinação no deserto, era móvel, chamado de Tabernáculo, sendo uma alegoria para o Homem,
peregrino neste mundo, e cercado pelas doze tribos (as doze constelações). Tanto o Tabernáculo
quanto o Templo de Salomão tinham três partes: Vestíbulo (em hebraico: ulam); Santuário (em
hebraico: kodesh); e Sanctum Sanctorum (Santo dos Santos; em hebraico: devir) – essa última uma
sala perfeitamente cúbica com 11m de lado. Cada um deles representa um dos três aspectos do
Homem: Corpo físico, Alma Vivente e Espírito. Esta mesma divisão encontra-se no Templo
Maçônico: Sala dos Passos Perdidos; Átrio; e Templo Interno.
O significado disso é que o verdadeiro Sanctum Sanctorum encontra-se no interior do
Homem, em sua Alma Imortal, na Luz Divina que habita no Homem e é o reflexo de Deus em nós,
porque o Homem foi feito “a imagem e semelhança de Deus” (Gênesis 1:26-27). O Coração é
considerado como o local onde jaz o Verbo Divino e é por isso que diversas tradições religiosas
consideram que Deus habita em nosso coração. Basta ver a insistência da Igreja Católica no culto ao
Sagrado Coração de Jesus e ao Sagrado Coração de Maria. Sri Ramana Maharshi, sábio vedântico
da Escola Advaita diz que “o ego (a mente) cria o abismo, o coração o cruza.” O coração é o farol
de onde vem a Luz que nos guia e ilumina, e é por isso que no Templo Maçônico os Pilares, com
velas a iluminar, são postos no centro do Ocidente.
Quando o candidato a Apr.'. M.'. entra no Templo, adentra alegoricamente ao seu próprio
interior em busca da Luz Divina, o Verbo que se fez carne (veja João 1:1-14). Porém, estando
vendado, simboliza que o novato ainda não está preparado para receber esta Luz, devendo antes
passar pelas provas para que se mostre preparado para recebe-la. Na Iniciação Egípcia, o candidato
também adentrava a Grande Pirâmide com o mesmo objetivo, e passava também por provas. A
porta estreita de entrada na Câmara do Rei é a mesma porta de que falam os Evangelhos: “porque
estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida” (Mateus 7:14). Para entrar na
Câmara do Rei da Grande Pirâmide do Egito por esta porta baixa, o candidato devia inclinar-se,
como faz hoje o candidato na Iniciação de Apr.'. M.'., dobrando-se a si mesmo e conduzindo-se ao
mundo interno. A seguir, na Iniciação Egípcia, o candidato deveria ser purificado pelos elementos: a
prova do ar; a prova da água; e a prova do fogo. O mesmo que ocorre hoje em nossa Ordem.
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
Semelhantes elementos podem ser também identificados nos Mistérios da Grécia, do Egito e da
Roma antiga.
O Templo Interno tem formato semelhante aos da Arca de Noé e da Arca da Aliança, assim
como ao Argha dos Hindus, símbolos fálicos, pois representam o poder gerador, o Útero. Dentro da
Arca de Noé eram guardadas as sementes da vida, e foi em torno da Arca da Aliança que o Rei Davi
dançou nu perante as filhas de Israel (veja 2 Samuel 6:12-22), numa reedição judaica dos festivais
dedicados a Baco. Assim, representam as Arcas o poder criador de Deus refletido no Homem e na
Natureza, a sobrevivência da vida, e a supremacia do espírito sobre a matéria.
A Abóbada Celeste tem função tanto decorativa quanto simbólica. Não devemos esperar que
haja concordância entre a Abóbada Celeste no Plano do Teto, como descrita nas regulamentações do
Rito, e o plano celeste real. Como bem citado pelo Irm.'. Adair Paulo Modena, Carl Sagan, em
Cosmos, já afirmava que os homens são “filhos das estrelas”. Afirma o Irm.'. Adair “que o teto
estrelado das lojas escocesas é uma reminiscência do Antigo Egito que cultuou sobremodo tal
conhecimento, acolhido e normatizado no texto inicial do ritual.” Para os povos antigos, os astros
do céu exercem influência sobre o mundo. Sabemos que as estações do ano e as colheitas são
determinadas pelos astros, como o sol e a lua, e é a lua que dá estabilidade ao nosso planeta.
É importante também compreender o significado do Pavimento Mosaico do Templo
Maçônico. Devemos perceber que, ao inverso do mundo espiritual que é uno, nosso mundo físico
caracteriza-se pela pluralidade. Toda a pluralidade da criação de Deus deriva da Unidade Divina,
quando a dualidade emerge da Unidade. A dualidade é uma Lei deste mundo e rege a vida do
Homem: Quente—frio; masculino—feminino; ativo—passivo; bem—mal; vida—morte; e assim
por diante. Esta dualidade da vida humana está expressa no Pavimento Mosaico do Templo e nas
Colunas J.'. e B.'. A primeira Coluna tem como significado “estabilidade” e a segunda “força”. Isso
significa que a utilidade das Colunas é sustentar e tornar o Templo estável. Estas colunas são
também a representação simbólica da sustentação do corpo humano.
Mas não seria mais correto que a sustentação do corpo humano fosse representada apenas
por uma coluna, já que a fisiologia do corpo físico apresenta uma única coluna vertebral?
Sabemos que na tradição mística da Índia, considera-se que a coluna vertebral é ladeada por
dois canais que se enroscam ao longo de todas as vértebras, chamados de Ida e Pingala. As duas
colunas J.'. e B.'. podem ser referências a estes canais sutis que conduzem a energia psíquica ao
longo do corpo. Outra explicação dada sobre este assunto, diz que estas duas colunas são o reflexo
das colunas de nuvens, durante o dia, e de fogo, durante a noite, que guiavam os hebreus no deserto
(Êxodo 13:21-22). Esta também é uma referência às duas provas da água e do fogo. Na Árvore da
Vida da Cabala judaica (tema de outra instrução de grau), os dois VVig.'. e as Colunas J.'. e B.'.
correspondem às Sefirót Netsach (Vitória) e Hod (Esplendor). Assim, as Colunas J.'. e B.'. e os dois
VVig.'. correspondem às colunas direita e esquerda da Árvore da Vida, associadas à Água e ao
Fogo.
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
A CABALA JUDAICA
Assim como nossa civilização fez grandes progressos materiais e científicos, as civilizações
antigas obtiveram grandes progressos na compreensão do mundo espiritual. Embora estas
civilizações tenham desaparecido, parte deste conhecimento foi passado para as gerações que a eles
se seguiram, chegando até nós. No mundo ocidental, estes conhecimentos chegaram a nós
principalmente por meio do povo judeu. Estes conhecimentos foram sistematizados na Cabala, que
é a tradição mística do Judaísmo. O estudo da Cabala é muito importante para o Apr.'. M.'. pois,
segundo diversos estudiosos, os graus simbólicos da Maçonaria foram parcialmente baseados na
Cabala judaica.
Um dos mais importantes fundamentos da Cabala judaica é a existência de uma Realidade
Absoluta, eterna, incriada e autocontida, onde toda a criação tem sua raiz, e que os cabalistas judeus
chamam Ain Sóf. Dessa Raiz sem Raiz emana a manifestação divina, que é representada por uma
hierarquia abstrata chamada de Árvore da Vida. A Árvore da Vida é formada por dez entidades
abstratas e espirituais chamadas de Sefirót (singular: Sefirá): Keter (Coroa); Chokmá (Sabedoria);
Biná (Inteligência); Chesed (Misericórdia); Gueburá (Coragem, Força); Tiferet (Beleza); Netsach
(Vitória); Hod (Glória); Yesod (Fundação); e Malkut (Reino). A Árvore da Vida é uma
representação simbólica de Adão Kadmon, O Homem Celestial, a que a Bíblia se refere quando diz
que Deus fez o Homem a Sua imagem e semelhança (Gênesis 1:26). As dez Sefirót representam
uma restrição dos infinitos atributos de Deus a apenas dez atributos que são considerados números
arquetípicos. A relação entre as Sefirót e os números indica que os princípios metafísicos da criação
são especialmente caracterizados por seus valores numéricos. As dez Sefirót estão sintetizadas no
Nome de Deus, YHVH. A Cabala ensina que toda a Criação se origina das permutações das letras
do Nome de Deus.
Observe que a Árvore da Vida da Cabala apresenta-se invertida, com as raízes no alto e as
folhas na parte baixa, da mesma forma que a figueira-de-bengala mencionada no Capítulo 15 do
Bhagavad-gita, livro sagrado dos Hindus, como sendo uma árvore do conhecimento.
A estrutura da Árvore da Vida possui três colunas, onde se distribuem as Sefirót. A coluna da
direita é masculina, ativa, associada à Misericórdia e à Água e a da esquerda é feminina, passiva,
associada à Justiça e ao Fogo. Ambas estão em oposição e conflito, já que a Misericórdia se opõe à
Justiça rigorosa. A coluna do meio é harmonizadora, neutra, associada à Temperança e ao Ar, e é
considerada a conciliadora das duas primeiras. Isso forma uma estrutura dialética, onde os dois
opostos, tese—antítese, são conciliados pelo terceiro elemento, síntese. As três colunas da Árvore
da Vida são associadas a Sabedoria (coluna direita), Força (coluna esquerda) e Beleza (coluna do
meio).
A tríade Misericórdia—Justiça—Temperança ou Água—Fogo—Ar faz paralelo com as
letras hebraicas Mêm—Shin—Álef, associadas às colunas na mesma ordem (Mêm é associada à
coluna da direita, Shin à da esquerda e Álef à coluna do meio). A Cabala associa o lado direito da
Árvore da Vida ao Sul, Misericórdia e Bem, e o lado esquerdo ao Norte, Justiça e Mal. Em nossa
Ordem, interpretamos de forma semelhante os lados Norte e Sul do Templo Maçônico, já que o
Norte (Setentrião) é o lado “escuro”, pois a luz maior fica ao Sul. Sobre isso, a Bíblia diz que “do
norte se derramará o mal sobre todos os habitantes da terra” (Jeremias 1:14). Esta relação
conflituosa entre os lados opostos da Árvore da Vida é a chave para entender o mundo físico.
O equilíbrio entre elementos opostos, que são conciliados por um terceiro elemento, é a
origem e caracterização dos fenômenos do mundo (coincidentia oppositorum). Essa ideia aparece
também na filosofia indiana, que define três propriedades da natureza, chamadas de Gunas. Os três
Gunas são: Sattwa (neutro); Rajas (ativo, positivo); e Tamas (passivo, negativo). As três colunas da
Árvore da Vida podem ser comparadas a Ida, Shushumna e Pingala, os canais do sistema da ioga
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
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LIVRO DE INSTRUÇÕES DO APRENDIZ MAÇOM
podem ser definidos pois escapam a compreensão humana. No entanto, a Existência Negativa é a
Raiz, o Substrato da Existência Positiva e da Vida. Assim, segundo a Cabala judaica, Deus
apresenta-se por meio de dois aspectos principais: o Deus Não Manifestado, deus absconditus
(aspecto transcendente de Deus); e o Deus em Suas Manifestações (aspecto imanente de Deus).
As Raízes Negativas da Árvore da Vida são a origem e fundamento do mundo material, que
é sua sombra. Para os cabalistas judeus, fazendo uso de uma metáfora sobre uma condição
vaporosa, o mundo material, sensível ou fenomênico, é considerado uma ilusão transitória. Apenas
o Mundo Espiritual, Divino e Imutável é real, correspondendo à Existência Negativa. O conceito de
ilusão da Cabala é semelhante ao conceito hindu de maya.
Durante os três anos, em recordação às três viagens, o Apr.'. M.'. deve compreender a
unidade, a dualidade e a trindade. Esses são os três primeiros números e que encerram um mistério.
O Um é a Unidade do Todo. Antes do Um existia apenas o Zero (Deus antes de auto-manifestar-se).
No princípio, o Um manifestou-se. Uma vez que o Um tenha se manifestado, a Unidade inicial
imediatamente torna-se Dualidade e aparece o número Dois que é o mundo: macho e fêmea; luz e
trevas; positivo e negativo; e assim por diante. No céu esta dualidade está expressa no Sol, que é
positivo e na Lua que é negativa. No Templo Maçônico esta dualidade está expressa no Pavimento
Mosaico. Manifestada a Dualidade, tese—antítese, imediatamente produz-se a síntese, que é o
número Três, princípio perfeito porque é equilibrado.
O Nome de Deus é a síntese das dez Sefirót. Na Torá, o livro sagrado dos Hebreus, Deus é
referenciado por meio de diversos nomes, sendo os principais: El; Eloah; Elohim; e YHVH. Esse
último, conhecido como Tetragrama, é considerado como o mais sagrado e misterioso. Ele é
formado pelas letras hebraicas Iud—Hei—Váv—Hei, sendo impronunciável. Esse Nome está
associado ao aspecto transcendente de Deus. A Cabala ensina que a manifestação divina divide-se
em quatro mundos: Atsilut (Mundo Arquetípico); Briá (Mundo da Criação); Yetsirá (Mundo da
Formação); e Assiá (Mundo da Ação). Cada um desses quatro mundos é associado a uma das quatro
letras do Tetragrama. Iud é a letra associada à Chokmá, tendo a forma de uma vírgula. É dito que o
ponto que encima a letra Iud pode ser associado à Keter, a mais elevada das Sefirót, o ponto inicial
da criação divina. O primeiro Hei é associado à Biná. O Váv é associado às Sefirót Chesed,
Gueburá, Tiferet, Netsach, Hod e Yesod. Finalmente, o segundo Hei, a última letra do Nome
YHVH, é associada à Malkut. A Cabala ensina que as permutações das letras do Nome de Deus são
as responsáveis por toda a Criação, e práticas místicas dos judeus usam a vocalização destas letras
em diversas combinações como uma prática meditativa. Interessante também observar o paralelo
que existe entre as quatro letras do Nome de Deus e os quatro elementos dos antigos: Ar; Água;
Fogo; e Terra. Como a última letra do Nome está repetida, os cabalistas afirmam que isso significa
que o elemento Terra não é um elemento primordial, mas sim um elemento derivado.
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LEITURA COMPLEMENTAR
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2. O que está Abaixo corresponde ao que está Acima, e o que está Acima corresponde ao que está
Abaixo, para realizar os milagres da Entidade Única.
3. E assim como todas as coisas vem da Entidade Única, através da mediação de sua Mente Única,
assim também todas as coisas criadas se originam desta Entidade Única por transformação.
4. Seu pai é o Sol. Sua mãe é a Lua. O Vento carrega-o em seu ventre. Sua enfermeira é a Terra. A
origem de todas as perfeições do mundo está aqui. Seu poder é pleno, se é convertido na Terra.
5. Separe a Terra do Fogo, o sutil do grosseiro, suavemente e com grande criatividade. Ele ergue-se
da Terra para o Céu, e desce novamente para a Terra, recebendo a força de ambas as coisas, superior
e inferior. Desta forma, você obterá a glória do mundo e toda a obscuridade se afastará de você.
6. Esta é a força, fortaleza com todo poder, que superará toda coisa sutil e penetrará toda coisa
sólida.
8. Disto surgirão muitas admiráveis adaptações, cujos meios estão aqui descritos.
9. Desta forma eu me chamo Hermes, o Três Vezes Grande, tendo as três partes da filosofia
universal.
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1. Todas as coisas que são, são móveis; somente as coisas que não são, são imóveis.
11. Aquilo que é feito somente uma vez, nunca é corrompível, nem tornase qualquer outra coisa.
14. Da Alma, a parte que é Sensível é mortal, mas a que é Racional é imortal.
19. Nem todas as coisas são movidas pela Alma, mas toda coisa que é, é movida pela Alma.
20. Toda coisa que sofre é Sensível, toda coisa que é Sensível sofre.
21. Toda coisa que é triste também se alegra, e é uma Criatura viva mortal.
22. Nem toda coisa que alegra é também triste, mas é uma coisa viva eterna.
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23. Nem todo Corpo é doente; todo Corpo que é doente é dissolúvel.
45. Todas as coisas no Céu são incensuráveis, todas as coisas sobre a Terra são sujeitas a
Repreensão.
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47. O que é plantado, nem sempre é gerado; mas o que é gerado, sempre é plantado.
48. Para os Corpos dissolvíveis, existem dois Tempos, um de plantar para gerar, e outro de gerar
para morrer.
51. Matéria dissolúvel é alterada em contrários; para saber, Corrupção e Geração, mas matéria
Eterna o é em si própria, e como ela própria.
53. Aquilo que gera ou pari outro, é ele próprio um gerado ou parido por outro.
54. Das coisas que são, algumas são em Corpos, algumas em suas Ideias.
56. Aquilo que é imortal, não partilha nada com aquilo que é mortal.
57. Aquilo que é mortal, não vai para um Corpo imortal, mas aquilo que é imortal, vai para aquilo
que é mortal.
58. Operações ou Trabalhos não são transportados para cima, mas descem para baixo.
59. As coisas sobre a Terra não geram benefício para o Céu, mas todas as coisas no Céu beneficiam
e ajudam as coisas sobre a Terra.
60. O Céu é um receptáculo capaz e adequado para os Corpos definitivos, a Terra dos Corpos
corrompíveis.
62. Estas coisas que estão no Céu são sujeitas e postas abaixo dele, mas as coisas da Terra, são
postas sobre ela.
66. Fortuna é a produção ou efeito daquilo que é sem Ordem; o Ídolo da operação, uma fantasia
mentirosa ou opinião.
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I.
1. Luz Suprema, que é arte do Divino na Natureza e habita em suas partes mais íntimas como no
céu, santificado sejam tuas qualidades e leis!
2. Onde quer que tu estejas, tudo é levado à perfeição; pode o reino do teu conhecimento tornar-se
sujeito a ti.
3. Que a nossa vontade, em todo o nosso trabalho seja apenas teu, auto-movente Poder da Luz ! E
como em toda a Natureza tu realizas todas as coisas, por isso realiza todas as coisas em nosso
trabalho também.
4. Dê-nos do orvalho do céu e a gordura da terra, os frutos do Sol e da Lua a partir da Árvore da
Vida.
5. E perdoa-nos todos os erros que cometemos no nosso trabalho sem o conhecimento de ti, à
medida que procuramos converter dos seus erros aqueles que ofenderam os nossos ensinamentos. E
deixe-nos não para a nossa própria escuridão e nossa ciência, mas livrai-nos de todo o mal através
da perfeição da tua obra, Amen.
II.
Salve, pura auto-movente Fonte, Oh Forma, pura para receber a Luz! A Luz de todas as coisas se
une a ti sozinha.
Mais bendita és tu entre todas as formas receptivas, e bendito é o fruto que tu concebeu, a Essência
da Luz unida com substância quente.
Forma pura, Mãe do Ser mais perfeito, levante-te até a Luz para nós, agora em que nós labutamos e
na hora em que terminar o trabalho!
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LEITURAS RECOMENDADAS
ADOUM, Jorge, Grau do Aprendiz e Seus Mistérios, Editora Pensamento-Cultrix, São Paulo, 2012.
BOEHME, Jacob, A Revelação do Grande Mistério Divino, Polar Editorial e Comercial, São Paulo.
BOUCHER, Jules, A Simbólica Maçônica, Editora Pensamento-Cultrix, São Paulo, 1979.
CAMPANI, Carlos A. P. Fundamentos da Cabala: Sêfer Yetsirá, Edição revisada e ampliada,
Editora Universitária, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2011.
CASTELLANI, José, As Origens Históricas da Mística Maçônica, Editora Landmark, São Paulo,
2011.
DESCARTES, René, Discurso do Método, LP&M Editora, 2005.
GRANDE ORIENTE DA FRANCO MAÇONARIA MISTA DO SUL DO BRASIL, Regulamento
Geral, Porto Alegre, 2013.
GRANDE ORIENTE DA FRANCO MAÇONARIA MISTA DO SUL DO BRASIL, Ritual do
Aprendiz Maçom: Gr.'. 1, Porto Alegre, 2013.
LEADBEATER, C. W. Pequena História da Maçonaria, Editora Pensamento-Cultrix, São Paulo,
2012.
LORENZ, F. V. Cabala: A tradição esotérica do ocidente, Editora Pensamento-Cultrix, São Paulo.
MACNULTY, W. K. A Maçonaria: Símbolos, segredos, significado, Editora Martins Fontes, 2012.
PLATÃO, Fédon, Coleção Os Pensadores, Nova Cultural.
PLOTINO, Tratados das Enéadas, Polar Editorial e Comercial, São Paulo, 2002.
ROHDEN, Huberto, O Sermão da Montanha, Ed. Martin Claret, 2000.
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