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Resumo e considerações pessoais sobre o capítulo A Lógica do Excesso, do livro

Tempos Compulsivos de Sandra Edler.

1.1 Resumo

Este capítulo foca no consumo para analisar o nível excessivo das rotinas atuais, sob a
perspectiva da busca infindável de resultados instantâneos e a ostentação de bens
materiais na forma de status.
A autora primeiro compara os dias atuais com a obra "As Cidades Invisíveis" de Ítalo
Calvino e, mais especificamente, com a cidade fictícia de Leônia, onde apenas as coisas
novas dispendiam valor, as coisas não novas, por sua vez, eram consideradas lixo.
Depois de citar obras e ideias de autores conhecidos, como "The Society of Spectacles"
de Guy Debord, o texto faz uma abordagem mais diligente sobre a falta de coerência
que orientam os padrões atuais, sob as quais os seres humanos, como um produto social,
não conseguem escapar. Parece que por mais que se consuma, sempre haverá mais
demanda. Aquilo que não tem serventia é imediatamente descartado, sem chance de ser
reutilizado.
Ao longo do capítulo, a autora põe o leitor sob a perspectiva do surgimento das redes
sociais e outras tecnologias que inflamam o narcisismo e o eu, que determinam a
autoestima. Consequentemente, os seres humanos passam a enxergar suas vidas como
algo desvalorizado, como uma mercadoria, algo mensurável.
A autora começa a desenvolver e estabelecer ideias sobre a experiência de Amanda,
uma compradora compulsiva, apontando os possíveis gatilhos e sequência de eventos
que poderiam ter levado àquele ponto. Ao final, é concluído que grande parte dessas
práticas de Amanda é oriundo da sociedade contemporânea e todo o estilo de vida
presente nela.
Na sequência, é abordado sobre os problemas presentes na vida de pessoas compulsivas.
O texto expõe a dificuldade de uma pessoa com esse quadro de se curar sozinha, uma
vez que elas mesmas criam suas próprias armadilhas.
Posteriormente, Sandra cita o autor Türcke, que defende a ideia de que estamos em um
processo constante de busca por excitação e anseio contínuo por sensações, onde estes
seriam os pilares das compulsões presentes na sociedade atual, pois explicitam
inacabáveis e insaciáveis desejos. Nessa cultura, tudo precisa ser convertido
rapidamente em prazer, a sociedade é alvo fácil e frequente para realizar tarefas que
deem satisfação.
Sandra defende que as compulsões podem ter aspectos positivos, desde que sejam
devidamente controladas. Podem até passar uma boa impressão, como empenho e
determinação ao realizar uma tarefa.
Em um trecho do capítulo, é traçado uma relação entre a cultura compulsiva da
sociedade atual e a tragédia grega de Apolo e Dionísio. Neste, já se havia o anseio da
civilização de fugir da vida pacata e alcançar algo superior à vida do humano cotidiano,
a qual era possível através do vinho e culto à Dionísio, símbolo do “viver a vida”.
Ao final do capítulo, a autora apresenta o depoimento de Carlos, um compulsivo em
jogos de computador. É dito que Carlos era alcóolatra e que seu vício em jogos apenas
substituiu sua antiga compulsão, exaltando assim as consequências das pulsões naturais
e cultura do consumo na sociedade do século XXI.

1.2 Considerações pessoais

No capítulo A lógica do excesso, a autora discorre sobre a enorme quantidade de


informações e a insaciabilidade da humanidade de adquirir bens e coisas novas.
Desde o início dos anos 1970, quando o capitalismo cresceu exponencialmente, temos
presenciado aumentos significativos em toda as áreas do consumo. Podemos evidenciar
isso em nosso dia a dia, na arte e na mídia em geral, enfim, em tudo a nossa volta.
A principal característica das compulsões é um estado de inércia diante de obrigações a
que o sujeito é submetido por uma inquestionável força maior que exige uma obediência
cega.
Na minha opinião, o foco deste capítulo está mais no aspecto sociológico da lógica
capitalista, e seu impacto na vida dos indivíduos modernos, que tem desencadeado
inúmeras práticas ilícitas relacionadas aos fatores psicológicos impostos pela formação
social atual.
Adiante, me chamou a atenção quando a autora relatou a infantilização de adultos por
meio do consumo, lembrei-me de uma passagem do livro em que a autora dizia que
adultos com pensamentos de crianças se tornam um perigo.
Outro destaque neste capítulo foram os testemunhos das pessoas compulsivas que
trouxeram à prática ideias discutidas anteriormente. Também permitiu-me notar
pequenos traços compulsivos em mim e em pessoas de meu convívio, bem como ajudou
a começar a entender os motivos dessas compulsões. Concluí que podemos ter
compulsões, desde que saibamos equilibrá-las com nossas vidas sociais e atividades de
trabalho e lazer.
A partir da leitura do capítulo, percebi que em algum momento podemos ultrapassar
uma linha tênue e o que poderia parecer apenas um hábito pode passar a tomar conta de
nossa personalidade. Dessa forma, talvez consigamos parar e refletir sobre nosso o dia a
dia e vivências, rever atitudes e posicionamentos e talvez tomarmos outro caminho,
contrário ao desânimo, ao anseio desequilibrado e à angústia.

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