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INGENIEROS, José – O homem medíocre, 2. Ed., São Paulo: Ícone Editora Ltda.

,
2012.

“O homem medíocre” é um livro que discorre sobre a natureza humana. Ingenieros


instiga o leitor a pensar sobre a mediocridade que marca as sociedades modernas,
com homens que possuem rotinas sem nenhum ideal. São seres humanos
“normais” que passam a vida sem vivê-la, que apenas reproduzem e vegetam. São
homens e mulheres imersos em seus pequenos mundinhos, excessivamente
prudentes, pragmáticos e sem idéias, que se recusam a sonhar. Os seus horizontes
não vão além dos instintos e necessidades imediatas.
Os homens medíocres são aqueles rotineiros, honestos e mansos, que pensam com
a cabeça dos outros, ajustam seu caráter às domesticidades convencionais. Eles
têm horror ao desconhecido, o que os ata a diversos preconceitos com o objetivo de
manter a tradição, de conservar as coisas como já são. Precisam de iniciativa para
sair do passado em que vivem. Eles não têm virtudes, são frios, apáticos e muito
acomodados.
A mediocridade, no texto, também pode ser interpretada como um mecanismo de
defesa. A falta de liberdade plena impede as pessoas de opinarem, de agirem sem
reservas.

A obra é considerada um ensaio filosófico sobre a natureza humana e, apesar de ter


sido escrita há muitos anos, ela não poderia ser mais atual. Para Ingenieros o
homem medíocre é aquele cuja ausência de caracteres pessoais impede que se
possa distinguir entre o mesmo e a sociedade, vivendo sem que se note sua
existência individual, permitindo que a sociedade pense e deseje por ele. O homem
medíocre é sinônimo de homem domesticado, se alinhando com exatidão às filas do
convencionalismo social. O que importa não é o que ele pensa a respeito do
assunto, mas como a coletividade enxerga o assunto, ele vai com a opinião da
maioria, são escravos das opiniões externas.

Por pensarem com a cabeça social, ou seja como uma coletividade e não como
indivíduos, o homem medíocre é normalmente a base dos preconceitos existentes
nas sociedades, possuem uma aversão a tudo aquilo que difere do que já
conhecem e não aceitam mudanças. O homem medíocre associa-se aos milhares
para oprimir os que não comungam com a sua rotina.

O homem medíocre que, porventura, se aventura, tem apetites urgentes: o êxito.


Não suspeita da existência de outra coisa que não o brilho do momento. O êxito é
triunfo efêmero, a glória é definitiva, perene. O êxito se mendiga, a glória se
conquista. O autor diz que a mediocridade é mais contagiosa do que o talento. Pela
simples razão que o talento incomoda, ninguém gosta nem procura o desconforto. O
homem sem ideais e visões faz da sorte um ofício, da ciência um comércio, da
filosofia um instrumento, da virtude uma empresa, da caridade uma festa, do prazer
sensualismo. Conduz à ostentação, à avareza, à falsidade, à avidez, à simulação. O
medíocre gosta das crises, pois só aí ele pode brilhar.

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