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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ESCOLA DE ARTES E ARQUITETURA


GOIÂNIA, 23 DE NOVEMBRO DE 2018
TEOLOGIA
ALUNA: SARA CARMO CONCEIÇÃO

ATIVIDADE 001: RESENHA DO CAPÍTULO “O ANIMAL TOTÊMICO E O


HOMEM” DO LIVRO “AS FORMAS ELEMENTARES DA VIDA RELIGIOSA”.
DURKHEIM, EMILÉ. SÃO PAULO: ED. PAULINAS, 1986.

No capítulo II de seu livro, Durkheim narra as relações dos “fiéis” para


com seus totens no plano material, Para tanto, os totens materializam-se, para
além de desenhos, em animais e plantas com os quais a sociedade terá
atitudes e relações específicas uma vez que, enquanto imagem totêmica, a
planta ou o animal adquire um caráter sagrado que contradiz seu papel profano
comum; se, normalmente, plantas e animais servem de alimentos (profano),
torna-se proibido seu consumo (caráter sagrado).
A medida passa por pequenas ressalvas quando observada em
contextos de diferentes tribos, mas torna-se notório que, nos casos em que se
tem acesso ao totem como alimento, um “procedimento” de acesso é
necessário, como um rito, uma necessidade, uma condição etc que, mesmo
justificando o acesso, também o dificulta, ressaltando sua sacralidade.
A sociedade comum se sustenta em uma hierarquia simples; mais
velhos > homens > animais > plantas. A atribuição de um caráter sagrado a
animais ou plantas subverte tal hierarquia. - A mulher, tida como profana, é
excluída dos ritos e, portanto, não tem, aqui, lugar. – A relação entre homem e
animal/planta não será proveniente de um sentimento de adoração, exaltação,
mas sim um prestígio, um reconhecimento do passado, em um sinal de
respeito. Daí, a instituição de determinados cultos representativos (ritos) à
plantas/animais.
Durkheim observa que os animais/plantas totêmicos, ao mesclarem um
caráter tanto sagrado quanto profano em si, uma vez que “vivem em território
profano e estão misturados à vida comum” (p. 128) são menos sagrados do
que as representações feitas de tais plantas/animais (churinga, nurtunja,
waninga).
Para além do totem, o homem também se vê como uma forma humana
de seu animal/planta totêmico, adquirindo uma natureza dupla – seu sangue e
seus cabelos são sagrados, por exemplo.
É importante ressaltar que a relação do homem para com seu
animal/planta totêmico não é de adoração ou submissão; se assemelha mais á
uma relação de fraternidade, familiar, de respeito, não sendo, portanto, uma
“zoolatria”.
Por fim, o homem se relaciona com seu totem tanto de forma exterior,
material (com animais/plantas) quanto em seu interior, vendo a si mesmo como
seu totem. Assim, o sagrado detém ramificações físicas, materiais, expressas
pelos ritos e pela relação diária do homem para com a representação física de
seu totem, mas também ramificações pessoais, mentais, da ordem mística e
que dizem respeito apenas ao indivíduo, mantendo-se firme à realidade da
comunidade.

ATIVIDADE 002: RESENHA DO CAPÍTULO “A NOÇÃO DE ESPÍRITOS E DE


DEUSES” DO LIVRO “AS FORMAS ELEMENTARES DA VIDA RELIGIOSA”.
DURKHEIM, EMILÉ. SÃO PAULO: ED. PAULINAS, 1986.

O capítulo referido faz parte de um estudo sobre as religiões primitivas


como base para análise de uma teoria da religião como um todo. Durkheim,
para elaborar seu estudo, opta por dissertar sobre o totemismo – religião
ancestral australiana. No trecho aqui pertinente, o autor observa as relações
dos indivíduos dos clãs e tribos para com as “personalidades míticas de ordem
superior”; os espíritos, os heróis civilizatórios, os deuses etc.
De início, Durkheim relembra o que define e o que limita uma alma,
partindo dela como uma “unidade básica” para se entender os demais
personagens míticos observados. A alma se difere, e muito, do espírito, uma
vez que é limitada e prisioneira da matéria, do corpo. Seu raio de ação e de
influência é limitado e só escapa de sua dependência do organismo que a
detém com a morte. A morte cede à alma determinadas características de
espíritos. Os espíritos, por sua vez, podem agir sobre qualquer indivíduo que
se aproxime, possuindo um maior raio de ação, também não sendo prisioneiro
de um lugar, pode se movimentar de forma mais livre, ainda que detenha laços
com algum organismo ou matéria.
Com a morte, é passível à alma que adquira ambivalência de espírito.
Durkheim cita os espíritos antepassados e os espíritos da natureza como
almas que passaram por esse “processo” de adquirirem diversas
características espirituais a ponto de se tornarem, de fato, um espírito.
A figura da alma serve de unidade básica à concepção de demais
personagens míticos dentro do totemismo uma vez que é ela que insere a idéia
de personalidade dentro do domínio religioso. No entanto, as demais
personalidades não necessariamente são oriundas da alma, uma vez que
possuem um caráter sobre-humano.
Os espíritos possuem identificações variadas; podem ser espíritos da
natureza (associados a animais, vegetais, minerais, lugares específicos etc),
espíritos antepassados (parentes que se mantém atrelados a fim de cooperar
na criação, proteger, ensinar etc), antepassados especiais (os fundade
ores/protetores dos ritos em si), entre outros. Além disso, podem ser tidos
como malfeitores ou benfeitores, possuindo uma polarização definida – há,
sempre, um caráter de “tutela”, de “responsabilidade” do espírito para com o
indivíduo, o que direciona a sociedade totêmica a manter um laço moral com
seus antepassados, buscando sua “aprovação”, mantendo a estrutura por eles
ensinada. Com o tempo, o caráter sagrado é intensificado e a relação da
comunidade com seus antepassados se torna o sagrado comum de toda a
comunidade, cedendo-lhe força e estrutura.
Ao longo do texto, é notório que tais personalidades influenciam
diretamente a sociedade totêmica como um todo, transpassando clãs ou tribos;
através dessa devoção coletiva, a sociedade desenvolve e perpetua uma
consciência moral que lhes cede um caráter de unidade. Assim, Durkheim vê,
no reconhecimento coletivo do sagrado a força do sagrado em si; uma força
derivada da coletividade, que mantém a comunidade em inércia.
Durkheim vê, portanto, que o caráter sagrado da sociedade totêmica tem
por fim a unidade para que seja mantido. É através da unidade moral que o
sagrado é renovado através de ritos e mitos repassados de geração à geração.
No capítulo, Durkheim também aborda aspectos relativos ao totem
individual, que “é a forma exterior e visível do eu, da personalidade da qual a
alma é a forma invisível e interior”(p. 341) também trazendo uma dupla
natureza ao homem, tal qual no capítulo anterior. A dualidade da natureza
humana, aqui, consiste na existência de duas almas; uma que está no corpo e
uma que está velando sob o corpo, assistindo-o.
Com a existência dos espíritos propriamente ditos, acima das almas, foi
possível a identificação de personalidades míticas de ordem superior,
determinando uma “hierarquia” dentro do sagrado. Em alguns casos,
determinadas religiões australianas chegaram à concepção de um deus único e
supremo às demais castas hierárquicas possíveis. Quando isso ocorre, o deus
se torna o ponto central/focal de toda a religião, cedendo-lhe uma estrutura
deveras rígida para que a religião possua uma unidade moral sólida. Por vezes,
não-praticantes da religião em si (de outras tribos, por exemplo) diante da
complexidade da estrutura que sustenta a religião alheia e seu deus uno,
reconhece-o, também, como uma divindade a ser respeitada.
O capítulo percorre, sempre a relação das personalidades com os ritos
referentes a elas. Por fim, Durkheim aborda a existência das representações
religiosas como questões inseparáveis dos ritos propriamente ditos. Assim, faz-
se necessário observá-los melhor para compreender tais estruturas religiosas,
introduzindo o capítulo seguinte do livro.

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