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Psicopatologia Infanto-Juvenil - AV1

O NORMAL E O PATOLÓGICO

Todo grupo social, de uma família à sociedade, tem regras de conduta que estipulam como cada um de seus
membros devem se comportar. O comportamento de uma criança ou adolescente pode ser considerado patológico
quando:

- Ignora ou infringem regularmente as regras e expectativas de seu meio.

- Limita de maneira significativa seu desenvolvimento

- Quando causa sofrimento para si ou família

- Quando apresenta dificuldades adaptativas

 Considera comportamento anormal quando a frequência /intensidade diferem claramente da maneira como
a maioria se comporta.

Um campo em plena expansão: esses conhecimentos são muito recentes porque:

- Acreditou-se que os problemas de saúde mental não atingiam esta fase

- Os transtornos psicopatológicos são em geral comórbidos (Ex. crianças que apresentam transtorno de ansiedade,
em geral enfrentam também um transtorno de humor)

- Os transtornos psicopatológicos da infância e da adolescência são mais ou menos crônicos

- Os transtornos que só aparecem na idade adulta, em sua maioria, têm origens na infância.

- é preciso conhecer o quanto antes os transtornos para permitir a implantação de programas de prevenção ou de
intervenção (políticas públicas mais eficazes).

Dois sistemas de classificação e de diagnóstico são bastante utilizados hoje em dia CID 10 e DSM- IV

ABORDAGEM MULTIAXIAL (tem vários eixos) – permite descrever não apenas as dificuldades específicas da saúde
mental, mas também o contexto em que estas se manifestam.

FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO

‘Os dados científicos são unânimes em mostrar que não existe um fator que, por si só, explique o porquê de certos
jovens desenvolverem problemas de saúde mental.”

Quanto maior a incidência de fatores de risco e quanto menores forem os índices de fatores de proteção, maiores
são as chances de que um transtorno se desenvolva.
Fator de Proteção: Fator de Risco:

Bom envolvimento afetivo Renda familiar baixa

Bom rendimento escolar Pais autoritários e muito exigentes

Estabelecer regras e condutas Pais que sofrem doença mental

... ...

 Raras vezes esses transtornos são a consequência de 1 ou 2 causas diretas. Eles são muito mais resultado de
um acúmulo de riscos.

Equifinalidade – Diferentes circunstâncias podem ter a mesma consequência

Multifinalidade – a mesma circunstância pode ter diferentes consequências.


O MODELO BIOPSICOSSOCIAL

Os fatores de risco pessoais, familiares, sociais e culturais que aumentam a probabilidade de transtornos
psicopatológico, são os elementos constitutivos do modelo biopsicossocial preconizado no DSM-IV.

TODA CRIANÇA ENCONTRA-SE NO CENTRO DE CIRCULOS DE INFLUÊNCIAS QUE CHAMA DE:

MICROSSISTEMA: pessoas e objetos que fazem parte do cotidiano da criança (a família é o principal
microssistema, mas com o passar da idade passa a incluir a escola, pares, atividades que participa fora de
casa...).

MESOSSISTEMA: os microssistemas se relacionam entre si. Ex. uma criança que testemunha regularmente
conflitos conjugais em casa, costuma ter problemas na escola.

EXOSSISTEMA: diferentes sistemas sociais que influenciam direta e indiretamente a criança. Ex. um bairro pobre
e perigoso onde os serviços de saúde, oportunidade de lazer, segurança são inacessíveis é menos propício a um
desenvolvimento harmonioso.

 A RELAÇÃO ENTRE HEREDITARIEDADE E AMBIENTE

O desenvolvimento de cada pessoa se dá na interação de duas realidades inseparáveis: uma chamada de


“endógena” (características genéticas) e uma “exógena” (o ambiente, relações familiares, sociais, língua,
cultura...)

A abordagem biopsicossocial também deve levar em consideração as diferenças individuais.

 Perspectiva desenvolvimental: observa /analisa os diferentes cursos de desenvolvimento do funcionamento


humano.
 Perspectiva relacional: os transtornos aparecem em um contexto relacional (trama social, histórica, cultural
são inevitavelmente entrelaçadas).

DEFICIÊNCIA INTELECTUAL - DI

Não é propriamente um transtorno psicopatológico isolado, mas um conjunto de condições diversas com 3 fatores
afins:

- Funcionamento intelectual inferior à média (=70)

- Prejudica sua adaptabilidade em diferentes aspectos importantes

- O transtorno manifesta-se antes dos 18 anos.

D.I. CARACTERIZA-SE, NA VERDADE, POR UM DESENVOLVIMENTO LIMITADO DAS FACULDADES INTELECTUAIS E DO


FUNCIONAMENTO ADAPTATIVO.

 Quatro níveis de gravidade do retardo mental: leve, moderado, grave e profundo. Em função das
capacidades intelectuais, manifestam-se no comportamento social, na linguagem, na autonomia pessoal e
na motricidade.

A diversidade é a característica mais marcante na D.I. manifesta-se na autonomia, na capacidade de deslocamento


sem auxílio e no desempenho na escola/trabalho.

Nos sujeitos acometidos pela D.I. é possível perceber um CONTINUUM DE FUNCIONAMENTO INTELECTUAL E
ADAPTATIVO

 No limite inferior: um retardo profundo, desenvolvimento limitado em todas as esferas, necessidade de


vigilância e cuidados para atender as necessidades (ex. hidrocefalia)
 No centro: necessidade de um enquadramento específico, mas são capazes de adquirir alguma autonomia
pessoal, vida social, executar tarefas simples (ex. síndrome de down – trissomias)
 No limite superior: em geral, não manifestam maiores dificuldades nos primeiros anos de vida, na maioria só
é descoberto quando ingressam na escola. Sem dificuldades adaptativas.

- Quando o retardo mental é leve ele não é exclusivamente um fenômeno psicopatológico é também social. Esse não
reflete somente critérios para definir o retardo mental em determinado contexto (escola, cultura, comunitário) mas
também os serviços oferecidos (política de educação, saúde e assistência) às crianças em dificuldade e famílias.

História da D.I.

Durante muito tempo as pessoas com retardo mental suscitaram em seus familiares uma ambivalência de
sentimentos de medo e rejeição por ser “diferente”, pena e benevolência por ter necessidade de ser cuidado.

 Na Idade Média: eram objeto de rejeição social, castigo divino e um medo de contágio.
 Até a Rev. Francesa: eram mantidos a distância, internados em hospícios.
 A Rev. Francesa levou a uma mudança fundamental (despertou uma consciência social)

INTELIGÊNCIA HEREDITARIEDADE

Um potencial genético que predispõe a uma inteligência elevada requer sempre um ambiente propício para se
manifestar. Só atingiria seu máximo em um contexto favorável.

 O mais importante é avaliar as capacidades adaptativas através da escuta e observação.

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