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Introdução à Gestão Financeira

1º ano – Negócios Internacionais


2ºTeste

Programa
4. Critérios de avaliação de projetos de investimento

5. Decisões de investimento

6. Custo de capital

4. Critérios de avaliação de projetos de investimento


Porquê utilizar o VAL – Valor Líquido Atual?
Por exemplo: A empresa Alpha está a considerar o investimento num projeto sem risco.
O custo inicial do projeto é de 100€. O projeto gerará um fluxo de caixa único no valor
de 107€ no final do primeiro ano. A taxa de atualização é 6%. Qual o VAL deste projeto?

Valor Atual Líquido (VAL) = Total do VA dos fluxos de caixa futuros – Investimento Inicial

1. Critério de aceitação:
✓ VAL < 0 → rejeitar o projeto
✓ VAL > 0 → aceitar o projeto
2. Critério de ordenação: escolher o projeto que tem maior VAL.

1 INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA


→ Aceitar projetos com maior VAL beneficia os acionistas
→ A utilização da VAL respeita três regras importantes:
o Utiliza fluxos de caixa
o Considera todos os fluxos de caixa originados pelo projeto
VAL o O VAL atualiza os fluxos de caixa corretamente
→ Estimar VAL:
o Estimar os fluxos de caixa futuros: quanto? e quando?
o Estimar a taxa de atualização
o Estimar os custos iniciais

Período de recuperação (Payback): nº de anos para recuperação do investimento


inicial.
→ Quanto tempo demora o projeto a “pagar” (Payback) o projeto inicial?
→ Critério mínimo de aceitação: definido pela Gestão.
→ Critério de ordenação: definido pela Gestão.

Exemplo: Qual o período de recuperação da seguinte sequência de fluxos de caixa?

No final do 2º ano, o valor do


investimento inicial de 50000€
foi recuperado

Limitações do critério Payback: → Comparando os projetos A e B: de


acordo com o PayBack (3), são
igualmente desejáveis e atrativos.
Ainda assim, o projeto B é preferível
porque se o atualizarmos ao momento
zero, o seu valor é maior (os maiores
valores vencem-se mais cedo, isto é, é
preferível receber 50€ hoje do que
daqui a 3 anos);
→ Comparando os projetos B e C: o
projeto C é preferível uma vez que o
cash-flow no 4º ano é muito superior
ao do projeto C. (NOTA: o PayBack
ignora os cash-flows depois do período
de recuperação)

2 INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA


Exemplo: (taxa de atualização considerada 10%)

NOTA: Um projeto cuja


aceitação se baseie no
critério de payback pode
não ter um VAL positivo.
(a)

(a)

Desvantagens: Vantagens:
→ Timing dos fluxos de caixa (ignora o valor do → Investimentos de pequena escala;
dinheiro no tempo); → Empresas com restrições de capital;
→ Ignora os fluxos de caixa posteriores ao período → Fácil de perceber;
de recuperação;
→ Critério arbitrário de aceitação;

PayBack atualizado:
→ Quanto tempo demora o projeto a “pagar” o investimento inicial, considerando
o valor do dinheiro no tempo?
→ Critério de decisão: aceitar o projeto se o seu período de recuperação atualizado
está dentro de um período específico;
→ Ao atualizar os fluxos de caixa, está a um pequeno passo de calcular o VAL;

Critério de PayBack atualizado – Exemplo: (recuperando um dos exemplos


anteriores e descontando os fluxos de caixa à taxa de 10%)

(a)

(a)

3 INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA


Taxa Interna de Rendibilidade (TIR): é a taxa de atualização que iguala o VAL a zero.
→ Critério mínimo de aceitação: aceitar se a TIR exceder a taxa de rendibilidade
exigida (TIR > r);
→ Critério de ordenação: selecionar a alternativa que tiver a maior TIR.

Exemplos:
Qual é a taxa de rendibilidade dos seguintes projetos?

1.

VAL à taxa de 10% (A TIR é a taxa que iguala a VAL a zero):

2.

Vantagens: Desvantagens:
→ Fácil de entender e interpretar; → Problemas relacionados com
→ VAL e TIR conduzem ao mesmo resultado projetos de investimento
quando os projetos são convencionais e mutuamente exclusivos;
independentes;
→ É útil perante limitações financeiras de
investimento inicial;

4 INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA


Projetos mutuamente exclusivos vs Projetos independentes:

→ A decisão de aceitação de um → Aceitar ou rejeitar um


investimento implica a processo não afeita a decisão
rejeição de outros relativa aos outros projetos;
investimentos concorrentes; → Deve exceder o critério
→ Ordenar todas as alternativas mínimo de aceitação;
e selecionar a melhor;

1. Problemas com a utilização da TIR - Investimento ou Endividamento:


→ Projeto A → Projeto B

O projeto A apresenta fluxos de caixa típicos de


O projeto B apresenta fluxos de caixa típicos de
um investimento: fluxos de caixa convencionais.
endividamento.
TIR = 30%
TIR = 30%
Condição de aceitação:
Condição de aceitação:
o Taxa de juro de mercado < 30%
o Taxa de juro de mercado > 30%
o TIR (30%) > Taxa de juro de mercado

2. Problemas com a utilização da TIR – TIRs múltiplas


→ Projeto C

Mudanças de sinal: o projeto C apresenta um


fluxo de caixa inicial negativo, seguido de um
positivo e de outro negativo, o que pode
significar TIRs múltiplas.
TIR = 10% e TIR = 20%

5 INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA


VAL e TIR
1. 1º Fluxo de caixa negativo 2. 1º Fluxo de caixa positivo 3. Mistura de fluxos de caixa
Restantes fluxos de caixa positivos Restantes fluxos de caixa negativos positivos e negativos
Nº de TIRs: 1 Nº de TIRs: 1 Nº de TIRs: normalmente mais do
que 1 TIR não válida
Aceitar se a TIR > r; Rejeitar se TIR < r Aceitar se a TIR < r; Rejeitar se TIR > r
Aceitar se VAL > 0;
Aceitar se VAL > 0; Rejeitar se VAL < 0 Aceitar se VAL > 0; Rejeitar se VAL < 0
Rejeitar se VAL < 0;

3. Problemas com a utilização da TIR – Investimentos mutuamente exclusivos: o


problema da escala

→ O principal critério a ser verificado é o VAL: o projeto com maior VAL é o B.


→ Por outro lado, o projeto que tem maior TIR é o A. Contudo, a TIR é uma medida
relativa, por não ter em consideração a escala. Já o VAL é uma medida absoluta,
pelo que considera a escala. Neste sentido, de facto, existe um investimento
superior para o projeto B, o que o torna o projeto mais desejável.

4. Problemas com a utilização da TIR – Investimentos mutuamente exclusivos: o


problema do timing

→ Pela análise da tabela, conclui-se que, no caso do projeto B, o VAL decresce mais
rapidamente em função da taxa de atualização. Neste sentido, quanto maior for
a taxa de atualização, maior será a erosão sobre os cash-flows.
→ Segundo a TIR, o projeto A é o mais desejável e segundo o VAL, é preferível o B.

6 INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA


Para a taxa de atualização de 10,55%, os VALs
são iguais – Interseção de Fisher.
→ Para taxas de atualização superiores a
10.55 % 10,55%, não há qualquer conflito com a
16.04 % TIR, pelo que o projeto A é preferível,
quer pelo VAL, quer pela TIR.
→ Para taxas de atualização inferiores a
10,55%, acontece a situação inversa: há
12.94 % conflito entre o VAL e a TIR, pelo que se
tem sempre em consideração o VAL uma
vez que é mais robusto. Neste sentido, o
projeto A é preferível pela TIR e pelo VAL
é preferível o projeto B.

Cálculo da taxa de interseção

Ano A B A-B B-A


0 -10000 -10000 0 0
1 10000 1000 9000 -9000
2 1000 1000 0 0
3 1000 12000 -11000 11000
TIR 16,04% 12,94% 10,55% 10,55%

VAL VERSUS TIR → O VAL e a TIR geralmente conduzem à mesma decisão.


Exceções: → Projetos não convencionais
→ Projetos de investimento mutuamente exclusivos
Índice de Rendibilidade: também conhecido como rácio benefício/custo:
VA Cash Flows
Investimento Inicial

Exemplo:

Projetos independentes:
→ Aceitar se IR > 1
→ Rejeitar se IR < 1

7 INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA


Critérios de avaliação – resumo

VAL
→ Condição de aceitação: VAL > 0 Rácio B/C
→ Não apresenta desvantagens significativas → Condição de aceitação: Rácio > 0
→ Critério mais robusto para a tomada de → Não deve conduzir o processo de
decisão decisões relativas com projetos de
investimento mutuamente exclusivos
→ Útil e adequado no caso de escassez
TIR de fundos
→ Taxa de desconto que iguala o VAL a 0
→ Condição de aceitação: TIR > r
→ Conduz à mesma decisão que o VAL se os
PayBack
projetos forem independentes e convencionais; → Prazo de recuperação do
→ Em contexto de mútua exclusividade, pode investimento inicial
entrar em conflito com o critério VAL → Não tem em consideração o valor
do dinheiro no tempo
→ Critério de aceitação e ranking:
PayBack Atualizado definido pela Gestão

→ Prazo de recuperação do investimento inicial,


com atualização dos fluxos de caixa
→ Critério de aceitação e ranking: definido pela
Gestão

5. Decisões de investimento
Fluxos de caixa incrementais: ao avaliar um projeto, só é realmente relevante os fluxos
de caixa incrementais que derivam da aceitação desse projeto.
→ Cash-flows gerados diretamente pela aceitação do projeto;
→ Interessa comparar os cash-flows da empresa com o projeto e os cash-flows da
empresa sem o projeto;
1. Sunk Costs – Custos afundados: é um gasto/custo que já ocorreu antes do início
do projeto.
2. Custos de oportunidade: são receitas que se perdem em resultado da realização
do investimento proposto.
→ Regra: os custos de oportunidade devem ser sempre considerados em Finanças.

8 INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA


3. Efeitos Colaterais: um efeito colateral pode ser classificado como:
→ Erosão: ocorre quando um novo produto reduz os fluxos de caixa dos produtos
atuais
→ Sinergia: ocorre quando um novo produto aumenta os fluxos de caixa dos
produtos atuais
Regra: incluir os efeitos colaterais
4. Custos imputados: é uma medida contabilística que imputa despesas gerais aos
projetos individuais.
→ NOTA: só deve ser considerado como fluxo de caixa se for incremental.

Fluxos de caixa incrementais – Resumo


→ Utilizar fluxos de caixa
→ Utilizar apenas fluxos de caixa incrementais
→ Ignorar custos afundados
→ Considerar custos de oportunidade e custos colaterais
→ Ignorar custos que não correspondam a fluxos de caixa (ex. depreciações) –
considerar apenas para efeito de cálculo de impostos
→ Ignorar custos de financiamento (serão considerados aquando da estimação do
custo de capital)
Custos de financiamento: são considerados, independentemente da sua fonte, na
respetiva taxa de desconto dos cash flows, daí também se designar por taxa de custo de
capital. Assim, juros e outras despesas de financiamento não entram diretamente como
cash outflows, mas estão refletidas na taxa de desconto/custo de capital.

Fluxos de caixa totais do projeto

Estrutura dos fluxos de caixa de investimento

9 INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA


Estrutura dos fluxos de caixa operacionais

Exemplo – Whair Balls


A Whair Balls está a considerar a aquisição de uma nova máquina de fabrico de bolas de
bowling.

• Líder na produção de bolas desportivas


• Um possível novo produto: bolas de bowling coloridas brilhantes
• Forças de Whair:
→ Vantagens em termos de custos
→ Capacidades de marketing muito desenvolvidas
• Estudo de Mercado
→ Mercados estudados: Glasgow, Newcastle e Londres.
→ Feedback positivo muito forte
→ As bolas coloridas brilhantes podem captar uma quota de mercado de 10
a 15%
→ Custo do estudo de mercado: £250000
• As bolas serão produzidas num edifício que está atualmente livre. O edifício
pode ser vendido por £150000 líquidos de impostos.
• O custo da máquina para produzir as bolas é de £100000. A máquina tem um
valor de mercado previsto no final dos 5 anos de £30000.b
• A produção anual (em unidades) prevista para os 5 anos de vida da máquina
é: 5000, 8000, 12000, 10000 e 6000.
• O preço das bolas de bowling será no 1º ano de £20, aumentando 2% por ano,
em comparação com uma taxa de inflação de 5%
• Prevê-se que os custos de produção cresçam 10% ao ano, sendo no 1º ano de
£10 por unidade.
• O investimento em fundo de maneio no ano 0 é de £10000. Prevê-se que o
fundo de maneio cresça nos anos iniciais e se reduza a £0 no final do projeto.
• A taxa de imposto é de 28%
• As depressões são pelo método das quotas degressivas com uma taxa de 25%

10 INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA


Cálculo das depreciações Fundo de Maneio

Fluxos de caixa de investimento Fluxos de caixa operacionais

Fluxos de caixa totais

Abordagens alternativas do fluxo de caixa operacional (FCO)

A taxa de imposto é de 28%

11 INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA


Top Down Tax – Shield

A relação entre a taxa de juro e a inflação reflete-se na equação de Fisher:

ou

Exemplo:

aquilo que eu
espero,
efetivamente,
receber em
cada ano

sem efeito da inflação

12 INTRODUÇÃO À GESTÃO FINANCEIRA

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